Danilo M. Zanello Guerisoli
C.D., Especialista em Endodontia, Pós-graduando em Endodontia
pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - Universidade de São
Paulo.
e-mail
Prof. Dr. Manoel D. Sousa Neto
Professor Titular de Endodontia da Faculdade de Odontologia da
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP.
e-mail
Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora
Professor Titular de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto - Universidade de São Paulo.
e-mail
IntroduçãoInstrumentos
manuais em aço
Instrumentos rotatórios em aço
Instrumentos mecânicos
em aço
Instrumentos sônicos e ultra-sônicos
As ligas de níquel-titânio
Instrumentos manuais
em nitinol
Instrumentos rotatórios em nitinol
Características dos instrumentosSistema
Lightspeed
Sistema Quantec
Sistema ProFile
Técnicas de instrumentaçãoSistema
Lightspeed
Sistema Quantec
Sistema ProFile
O
espírito inovador dos pesquisadores ainda não foi capaz de
modificar o paradigma endodôntico, baseado na limpeza, desinfecção
e obturação dos canais radiculares. O refinamento de técnicas,
criação de novos instrumentos e aperfeiçoamento de
materiais representam um inegável progresso, porém os preceitos básicos
que regem a Endodontia continuam os mesmos há séculos.
A
obturação hermética do sistema de canais radiculares por
meio de materiais biologicamente toleráveis continua sendo a meta do
tratamento endodôntico. A idéia de preencher os condutos
radiculares com algum material inerte é anterior à invenção
do primeiro instrumento intracanal (GROSSMAN, 1976), havendo relatos de
tentativas de vedar os canais com chumbo e ouro em folhas no século XVIII
(FAUCHARD, 1745).
Supõe-se
que o índice de sucesso de tal procedimento era um tanto limitado, visto
a dificuldade em compactar de forma satisfatória estes materiais em
condutos estreitos como são os canais. Além disso, a remoção
da polpa radicular não era prática comum, o que dificultava ainda
mais o processo de cura.
Os
dentistas e estudiosos da época perceberam que limpar, ampliar e dar
forma cônica aos canais radiculares era condição sine qua
non para a obturação satisfatória dos condutos e, conseqüentemente,
do sucesso do tratamento. Na tentativa de promover esta limpeza, escultura e
ampliação, Maynard criou a primeira lima endodôntica a
partir de uma mola de relógio, em 1838. Este foi o passo inicial que deu
origem à infinidade de diferentes instrumentos hoje disponíveis no
mercado (GROSSMAN, 1976).
Na
literatura consultada, observamos uma evolução do instrumental
endodôntico e, para facilitar o seu entendimento, será feita uma
retrospectiva abordando os principais tipos de instrumentos criados durante
estes dois últimos séculos.
Em
1889, Auguste Maillefer fundou a Fabrique D'Instruments Dentaires em
Baillaigues, Suíça, produzindo extirpa-polpas em diversos tamanhos
(SAQUY & PÉCORA, 1996).
Logo
percebeu-se que tais instrumentos não eram eficientes na ampliação
dos condutos radiculares, pois não possuíam ação de
corte, servindo apenas para remover a polpa radicular em canais amplos à
maneira como é feito atualmente.
COHEN
& BURNS (1998) relatam que, em 1915, surgiu o primeiro instrumento manual
realmente útil na remoção de dentina, a lima tipo K (Kerr
Manufacturing Co.). Esta lima é confeccionada através da torção
de um fio de aço de secção quadrada, de modo a produzir
espiras. Sua cinemática é de introdução, ¼ de
volta e tração. Seu desenho deve respeitar as especificações
ANSI nº 28 ou ISO nº 3630/1.
A
lima Hedströem é produzida através da microusinagem de um fio
de aço de secção circular, de modo a criar sulcos e lâminas
longitudinais que cortam de maneira eficiente a dentina. As especificações
ANSI nº 58 ou ISO 3630/1 normatizam a manufatura desta lima, que deve ser
usada em movimentos de vai-e-vem, sem executar qualquer tipo de rotação
no interior do canal sob risco de fratura.
Outros
tipos de limas e alargadores disponíveis no mercado, chamados híbridos,
são variações de uma das duas limas supracitadas, não
dispondo de um padrão específico porém respeitando as
especificações das limas tipo K ou Hedströem.
Até
o início da década de 60, não existia um padrão a
ser seguido pelos fabricantes de instrumentos endodônticos. Em 1962, a
Associação Americana de Endodontia aceitou as sugestões
feitas por INGLE & LEVINE (1958) na tentativa de padronizar os instrumentos,
criando uma nova escala de numeração para as limas vigente até
hoje. Esta escala numerada representa o diâmetro da ponta ativa do
instrumento, expresso em décimos de milímetros.
O
aço carbono, matéria-prima das limas confeccionadas nesta época,
foi substituído pelo aço inoxidável, de propriedades muito
superiores. Atualmente não existem mais limas confeccionadas em aço
carbono, muito suscetível à corrosão pelo hipoclorito de sódio.
O
guia de penetração das limas endodônticas também foi
motivo de discussão. Segundo WEINE et al. (1975), o efeito abrasivo da
ponta ativa do instrumento tem um efeito importante no controle do preparo do
canal radicular. Atualmente, o mais aceito é um guia passivo, ou seja,
sem capacidade de corte evitando assim transportes ou perfurações.
A rigidez inerente do aço inoxidável tende a promover um maior
desgaste no lado anti-curvatura, levando ao insucesso do preparo.
Um
dos maiores desafios da Endodontia continua sendo justamente a instrumentação
de canais curvos com um mínimo de alteração do seu trajeto
original. A grande maioria dos erros de procedimento que podem ocorrer durante o
preparo de canais curvos tem uma origem comum, a rigidez das ligas de aço
inoxidável (WALIA et al., 1988).
Na
tentativa de diminuir a fadiga do operador e acelerar o preparo dos condutos
radiculares, foram desenvolvidos instrumentos mecânicos, que utilizam
brocas ou limas acopladas e funcionam por princípios de rotação,
imitação dos movimentos manuais ou oscilação (sônica
ou ultra-sônica).
O
uso de instrumentos rotatórios para uso intracanal é quase tão
antigo quanto os instrumentos manuais, e OTOLLENGUI (1892) e CALLAHAN (1894) já
relatavam o uso de brocas como auxiliares no preparo dos condutos radiculares.
Entretanto, apesar de disponíveis há mais de um século, as
brocas de Gates-Glidden permaneceram muito tempo sendo usadas somente no preparo
de espaço intra-radicular para ancoragem de pinos protéticos
(LASFARGUES et al., 1986).
GROSSMAN
(1963) afirmava que os instrumentos rotatórios deveriam ser usados no
interior dos canais radiculares somente em último caso. Na sua opinião,
o risco de fratura da broca era muito maior que os benefícios trazidos
por estes instrumentos, além da dificuldade em seguir o curso dos canais.
Com
a evolução da metalurgia e modificações no desenho
da broca, seu uso ficou bem mais seguro. O aço inoxidável
empregado atualmente em tais brocas é do tipo ferrítico (teor de
ferro acima de 80%), contribuindo para sua resistência (ESTRELA et al.,
1993).
Em
caso de fratura da broca de Gates-Glidden, esta se dará no início
da haste, facilitando a remoção da broca do interior do canal
radicular. Esta característica se deve ao menor diâmetro da haste
nesta região (LOPES et al., 1994).
SCHILDER,
em 1974, publicou um trabalho de grande impacto recomendando o uso de brocas de
Gates-Glidden no preparo dos canais radiculares. Segundo este autor, o formato
final do canal instrumentado deve apresentar, como característica
principal, maior ampliação no terço cervical e um
afunilamento contínuo e acentuado em direção apical. Este
formato acentuadamente cônico preconizado por Schilder contrastava com a
filosofia vigente até então, de um canal com discreta conicidade.
A
idéia foi bem aceita, e vários autores passaram a adotar o emprego
das brocas de Gates-Glidden no preparo do canal radicular, modificando as técnicas
de instrumentação visando obter o máximo de eficiência
possível. Técnicas desenvolvidas pelas equipes das Universidades
de Ohio e Oregon (EUA) foram pioneiras no emprego sistemático desta broca
(LEONARDO & LEAL, 1998).
Autores
como LEEB (1983), CANZANI et al. (1984) e MORGAN & MONTGOMERY (1984) concluíram
que, além de contribuir efetivamente para melhorar a qualidade final do
preparo dos canais radiculares, os instrumentos rotatórios diminuem o
tempo de trabalho e a fadiga do operador.
De
acordo com ESTRELA & FIGUEIREDO (1999), as vantagens do uso de brocas de
Gates-Glidden são: 1) a maior remoção da contaminação
cervical, pela maior eliminação do conteúdo do canal; 2)
menor formação de degrau, desvio apical e fratura do instrumento
devido à diminuição da tensão do instrumento; 3)
maior controle sobre a parte ativa da lima; 4) permitir maior penetração
da cânula de irrigação, facilitando a movimentação
da solução irrigante e permitindo seu refluxo.
Embora
trabalhos afirmem que o risco de trepanações seja mínimo
(MONTGOMERY, 1985), o uso de tais instrumentos depende do bom senso do cirurgião-dentista.
Especial cuidado deve ser tomado em paredes dentinárias delgadas como do
canal mésio-vestibular de molares inferiores (ESTRELA & FIGUEIREDO,
1999).
Justamente
tentando simplificar ainda mais a fase de instrumentação dos
canais radiculares, foram desenvolvidos contra-ângulos que tentavam imitar
os movimentos do cirurgião-dentista operando as limas. Vários
aparelhos semelhantes foram desenvolvidos, com especial destaque para o
Giromatic (Micro-Mega S.A., Suíça), Canal Finder (Societé
Endo Technic, França), Dynatrak (Caulk Dentsply, EUA) e, mais
recentemente, o M4 (Kerr Corp, EUA) (LEONARDO & LEAL, 1998).
Dentre
estes aparelhos, o que mais recebeu atenção foi o Canal Finder,
desenvolvido na França por G. Levy em 1984 (LEVY, 1985).
O
contra-ângulo Canal Finder apresenta dois movimentos básicos. O
movimento longitudinal, com amplitude variável de 0,3 a 1 mm, e o
movimento de rotação. Ambos são determinados pela resistência
encontrada pela lima no interior do canal radicular.
A
opinião dos autores se divide quanto à eficácia e os benefícios
deste sistema de instrumentação. LAVAGNOLI & GENNARI (1985),
TRONSTAD & NIEMCZYK (1986), GOLDMAN et al. (1987) e WEINFELD (1991)
comprovaram a eficiência e segurança proporcionadas pelo Sistema
Canal Finder na instrumentação de canais radiculares,
especialmente os atrésicos e/ou curvos. HÜLSMANN (1990, 1994) relata
sucesso na remoção de instrumentos fraturados e cones de prata do
interior de canais radiculares utilizando o Canal Finder.
Outros
autores relatam que o sistema tende a provocar desvios em canais curvos (CAMPOS
& del RIO, 1990; HÜLSMANN & STRYGA, 1993; ABOU-RASS & ELLIS,
1996). Segundo COHEN & BURNS (1998), estes aparelhos provaram ser pouco úteis
na prática, nunca se tornando parte integrante do arsenal endodôntico.
Este
fato pode ser explicado pela base teórica errônea por trás
da filosofia destes instrumentos, a tentativa de imitar o movimento manual
combinado com rotação. As limas de aço inoxidável são
muito rígidas para serem usadas com movimentos rotatórios,
provocando o desvio do canal.
O
funcionamento destes instrumentos está baseado na transferência de
um movimento oscilatório à lima que, vibrando em determinadas freqüências,
promove o desgaste da dentina no interior do canal radicular.
A
principal diferença entre os sistemas sônico e ultra-sônico
está na freqüência do movimento oscilatório. O primeiro
sistema trabalha na faixa do som audível (20 a 20.000 Hz), enquanto o
segundo opera acima desta faixa. Historicamente, o sistema ultra-sônico
surgiu antes dos sistemas sônicos.
As
pesquisas pioneiras sobre a aplicação do ultra-som na odontologia
se iniciaram por volta de 1950. Em 1957, foi introduzida a primeira unidade
ultra-sônica profilática periodontal (De DEUS, 1992). RICHMAN
(1957) publicou o primeiro trabalho relatando a possibilidade do uso desta
unidade como auxiliar na instrumentação e limpeza do sistema de
canais radiculares.
Durante
os primeiros anos, a utilização do ultra-som na endodontia foi
negligenciada, devido à problemas inerentes aos primeiros aparelhos e
deficiências na técnica de instrumentação.
A
popularização de aparelhos baseados no sistema piezoelétrico,
a partir de 1984, contribuiu para o resgate e aperfeiçoamento da técnica
ultra-sônica. A vibração mais constante e menor produção
de calor e ruídos logo transformou este sistema em padrão na
manufatura de transdutores (parte responsável pela transformação
de corrente elétrica em movimento oscilatório).
Atualmente,
com o amadurecimento da técnica, o ultra-som deixou de ser utilizado como
uma "panacéia universal", capaz de executar com maestria todos
os tempos operatórios do tratamento endodôntico. É uma
ferramenta importante no arsenal do cirurgião-dentista, porém seu
uso deve ser racionalizado.
O
desejo de renovação e a competição comercial entre
as empresas levou à criação de sistemas de instrumentação
sônicos, que operam na faixa de som audível. Ao contrário
dos sistemas ultra-sônicos, utilizam ar comprimido na produção
do movimento oscilatório. Os modelos mais famosos são produzidos
pela MicroMega (França).
Bastante
populares na Europa, estes aparelhos conquistaram poucos adeptos nas Américas.
As
ligas metálicas de níquel-titânio foram desenvolvidas no
Laboratório de Artilharia Naval da Marinha Americana para aplicação
em peças e instrumentos dotados de propriedades anti-magnéticas e
resistência contra corrosão pela água salgada. Receberam o
nome genérico de nitinol (acrônimo de Nickel-Titanium Naval
Ordnance Laboratory). A produção de um lingote de nitinol e sua
usinagem são processos complexos, sendo poucos os centros capazes de fazê-los
(CIVJAN et al., 1975).
O
módulo de elasticidade de tais ligas é em torno de 41,4 x 103 Mpa,
enquanto as ligas comuns apresentam valores bem maiores, de 150 a 200 x103 Mpa
(PHILLIPS, 1986).
Os
dois tipos mais comuns de ligas de níquel-titânio são o
Nitinol-55, composto de 55% de níquel e 45% de titânio e o
Nitinol-60, contendo 60% de níquel e 40% de titânio (por peso).
Ambas possuem baixo módulo de elasticidade e propriedades martensíticas,
ou seja, "memória" (BUEHLER & CROSS, 1969).
O
Nitinol-55 apresenta alto grau de memória mecânica à
temperatura ambiente, porém não aceita tratamento térmico.
O Nitinol-60 pode ser tratado pelo calor, porém a recuperação
da forma inicial é menor do que a alcançada pelo Nitinol-55.
O
primeiro relato da possibilidade de uso destas ligas na Odontologia foi de
CIVJAN et al. (1975). Este autor, coronel-dentista do Instituto de Pesquisa
Odontológica da Marinha Americana, estudou o comportamento mecânico
das ligas de Nitnol-55 e Nitinol-60 sugerindo seu uso em diversas áreas,
como prótese, cirurgia, ortodontia, endodontia e implantodontia.
Com
a criação das ligas de níquel-titânio, novos e
revolucionários instrumentos foram desenvolvidos, visando aproveitar ao máximo
as propriedades superelásticas do nitinol.
O
primeiro instrumento endodôntico manual em níquel-titânio foi
confeccionado por WALIA et al. em 1988, a partir de um fio ortodôntico de
secção circular submetido à processo de microusinagem. A
fabricação de tais limas por processo de torção do
fio é impossível devido às propriedades superelásticas
do nitinol.
Neste
experimento, limas tipo K de tamanho e formato idênticos foram
confeccionadas em nitinol e aço inoxidável, para permitir uma
comparação em testes de cisalhamento, torção horária
e torção anti-horária.
Estes
autores concluíram que as limas confeccionadas em nitinol eram duas ou três
vezes mais flexíveis que as limas de aço inoxidável,
exibindo também maior resistência à fratura e pronunciada "memória
elástica".
A
impressionante flexibilidade destas limas é devido, segundo os autores,
ao baixo módulo de elasticidade das ligas de níquel-titânio.
Neste trabalho é sugerido, com muita propriedade, o emprego em larga
escala do nitinol para confecção de limas endodônticas
visando facilitar a instrumentação de canais curvos.
A
partir do início da década de 90, as empresas fabricantes de
instrumentos começaram a produzir comercialmente as limas manuais em
Ni-Ti, seguindo os mais diferentes desenhos que conferem a estes instrumentos
cinemática específica (SERENE et al., 1995).
Devido
às características de superelasticidade destas limas, não é
aconselhável seu uso para exploração dos canais radiculares
(cateterismo) ou para abrir espaço em direção apical. Para
tanto, devem ser usadas limas de aço inoxidável de pequeno calibre
(LEONARDO & LEAL, 1998).
Não
é necessário realizar o pré-curvamento das limas de níquel-titânio,
pois elas se acomodam no leito do canal radicular, respeitando sua anatomia.
Segundo CAMPS & PERTOT (1995b), a deformação permanente das
limas de Ni-Ti quando submetidas a um ângulo de 45º é nula.
Caso
sejam submetidas a forças de torção maiores que seu limite
elástico, sofrerão uma deflexão permanente em suas espiras,
devendo ser descartadas pois o risco de fratura torna-se iminente. ROWAN et al.
(1996) relatam que embora o número de torções necessárias
para ocorrer a fratura de limas de aço inoxidável e de nitinol
seja diferente, a força necessária para que isto ocorra é a
mesma.
Estudos
indicam que o níquel presente nestas ligas sofre ação
seletiva do hipoclorito de sódio, provocando uma corrosão
superficial nas limas. (SARKAR et al., 1983; BUSSLINGER, 1998). De acordo com
HAÏKEL (1998), que estudou as propriedades mecânicas das limas de níquel-titânio
tratadas ou não com hipoclorito de sódio, esta corrosão não
apresenta resultados estatisticamente significantes.
Quanto
à eficiência na instrumentação dos canais, ESPOSITO &
CUNNINGHAM (1995) e GAMBILL et al. (1996) relatam que as limas de níquel
titânio são mais eficientes na manutenção do formato
original do canal do que as limas de aço inoxidável. ZMENER &
BALBACHAN (1995), instrumentando canais de dentes unirradiculares, encontraram
canais mais centrados em dentes submetidos à instrumentação
com limas de níquel-titânio. PERTOT et al. (1995) afirmam que além
do Ni-Ti Canal Master "U" produzir canais mais uniformes e com menor índice
de transporte, o índice de fratura é menor quando comparado à
versão em aço deste instrumento.
ROYAL
& DONNELLY (1995) e ELLIOTT et al. (1998) afirmam que as limas de níquel-titânio
utilizadas na técnica de forças balanceadas são mais
eficientes na manutenção da curvatura original dos canais.
A
opinião dos autores sobre a eficiência do corte das limas em níquel-titânio
está dividida. CAMPS & PERTOT (1995a), GAMBILL et al. (1996) e
COLEMAN & SVEC (1997) acreditam que as limas de níquel-titânio
são menos eficientes no corte do que as limas de aço. KAZEMI et
al. (1996) e ZUOLO & WALTON (1997) relatam que as limas de nitinol são
tão ou mais agressivas no desgaste de dentina, demorando mais para
perderem o corte.
Com
o advento das ligas de níquel-titânio, a idéia de
instrumentos rotatórios que pudessem ser usados no interior de canais
radiculares, especialmente os curvos, floresceu. Não era mais necessário
tentar imitar o movimento manual, à semelhança de sistemas como o
Giromatic, pois a flexibilidade do nitinol permitia a introdução
dos instrumentos executando uma rotação de 360º em canais
curvos.
Logo
depois do aparecimento no mercado de limas manuais em nitinol, surgia o primeiro
conjunto de instrumentos rotatórios fabricados a partir desta liga, o NT
Sensor (NT Company, EUA). A base teórica do funcionamento desta lima está
no condensador de McSpadden, que passou a ser confeccionado em nitinol para
possibilitar sua utilização em canais curvos (LUMLEY, 1999).
Em
pouco tempo, vários outros instrumentos rotatórios em níquel-titânio
invadiram o mercado, como o Sistema Lightspeed (Lightspeed Technology Inc.,
EUA), ProFile .04 (Maillefer-Dentsply, EUA), Quantec (Tycom Inc., EUA) e Pow-R
(Moyco Union Broach, EUA).
A
proposta desta página é elucidar os mecanismos de ação
dos instrumentos rotatórios em níquel-titânio, enfatizando
suas vantagens e desvantagens. Será apresentado um experimento
evidenciando o padrão de desgaste destes instrumentos em canais simulados
e um caso clínico onde foram empregadas estas novas ferramentas.
Esta página foi elaborada com apoio do Programa Incentivo à Produção de Material Didático do SIAE - Pró-Reitorias de Graduação e Pós-Graduação da USP. Copyright 1999, Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.