Primeiramente,
foi realizado o diagnóstico do caso. Paciente do sexo masculino, 16 anos,
negro, compareceu à Clínica da Faculdade de Odontologia da
Universidade de Ribeirão Preto com dor expontânea no dente 36.
Procedeu-se à anamnese, com le-vantamento da história médica
pregressa do paciente. Ao exame clínico intra-oral, constatou-se extensa
cárie no primeiro molar inferior esquerdo, que aos testes de vi-talidade
respondeu de forma positiva, com declínio lento, ao frio e negativa à
percus-são. O exame radiográfico (Figura 27) sugeriu que a lesão
cariosa já havia atingido a câmara pulpar, porém sem alterações
na lâmina dura da região apical. O diagnóstico foi de
pulpite irreversível, e o tratamento indicado foi a terapia endodôntica
em ses-são única;
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Figura 27. Exame radiográfico evidenciando extensa lesão por cárie no elemento 36, com integridade de lâmina dura e imagem sugerindo a presença de 4 canais radiculares. A seta indica a constricção cervical nos canais mesiais. |
Tendo
em vista a possibilidade de tratamento em sessão única e a
complexidade do caso (molar inferior com quatro canais), decidiu-se pela utilização
do Sistema Pro-File taper .04;
Após
anestesia por bloqueio do nervo alveolar inferior, foi feito o isolamento
absoluto do dente, remoção do tecido cariado e cirurgia de acesso,
localizando-se os canais radiculares (Figura 29);
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Figura 28. Fotografia evidenciando a cirurgia de acesso e visualização da entrada dos canais radiculares após a remoção da polpa coronária. |
Deve-se
utilizar uma solução irrigante auxiliar no preparo do canal
radicular, dotada de ação lubrificante, bactericida e capaz de
atuar sobre matéria orgânica, dissolvendo restos pulpares). A solução
que melhor atende a estes quesitos é o hipoclorito de sódio em
concentração variando de 0,5 a 5,0%, devendo ser usada em
quantidades generosas e dispensada no interior do canal radicular com o auxílio
de uma agulha fina, preferivelmente de anestesia (Figura 29). Neste caso,
utilizou-se o líquido de Dakin (hipoclorito de sódio a 0,5% com pH
reduzido por ácido bórico)
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Figura 29. Inundação da câmara pulpar e dos canais radiculares com hipoclorito de sódio, valendo-se do adaptador para seringa Luer-lock e utilização de agulha de anestesia. |
Para
facilitar a ação dos instrumentos e evitar a formação
de stress, que poderia levar à uma fratura da lima, as interferências
cervicais foram removidas com o auxílio de alargadores de orifício
(ou de Auerbach) e limas Hedströem (Figura 30);
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Figura 30. As fotografias evidenciam a eliminação das interferências cervicais. A) Utilização do alargador de orifício B) lima Hedströem. C) A radiografia mostra o desgaste dentinário promovido na constricção cervical do canal (setas), facilitando o acesso aos condutos (compare com a radiografia de diagnóstico, Figura 27). |
6.
Após a remoção das interferências cervicais,
efetuou-se a odontometria para determinação do comprimento de
trabalho, seguida por um alargamento dos condutos até uma lima nº 15
(Figura 31);
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Figura 31. A) Fotografia com as limas em posição para odontometria. B) Radiografia de odontometria em que se observa o limite determinado para o preparo do canal radicular. |
Realizado
o preparo cervical e a odontometria, os canais estão preparados para
receber as limas ProFile. Introduziu-se o instrumento nº 15, girando a uma
velocidade de 300 rpm, até o comprimento de trabalho, sem exercer pressão.(Figura
32);
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Figura 32. Fotografia evidenciando o contra-ângulo com a lima ProFile nº 15 sendo introduzida no canal mesial. |
Continuou-se
com o preparo, utilizando instrumentos maiores, até alcançar o
instrumento de memória, sempre irrigando com NaClO (Figura 33). Os canais
mesiais e o disto-vestibular foram alargados até a lima número 30;
o canal disto-lingual teve a lima número 35 como instrumento de memória;
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Figura 33. Preparo dos condutos utilizando-se as limas ProFile números 20, 25 e 30 (Figuras A, B e C, respectivamente). |
Findo
o preparo, os canais estarão prontos para receber os cones de
guta-percha;
Deve
ser feita a prova dos cones de guta-percha, com a devida confirmação
radiográfica (Figura 34). Caso haja travamento satisfatório dos
mesmos, pode ter início a seqüência de obturação;
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Figura 34. A) Cones de guta-percha no interior do canal radicular. B) Aspecto radiográfico evidenciando os cones de guta-percha preenchendo o espaço do comprimento de trabalho determinado. |
Confirmado radiograficamente o sucesso da obturação, foi feito o corte dos cones de guta-percha abaixo da linha cervical, com o auxílio de instrumento aquecido ao rubro. Em seguida, efetuou-se a condensação vertical da obturação e a limpeza da câmara pulpar;
Um material selador provisório foi utilizado (Cimpat®, Septodont, França) e executada uma radiografia final para proservação do caso (Figura 35).
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Figura 35. Aspecto radiográfico final em que se observa a adaptação precisa da obturação ao tamanho e forma do último instrumento utilizado. |
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Esta página foi elaborada com apoio do Programa Incentivo à Produção de Material Didático do SIAE - Pró-Reitorias de Graduação e Pós-Graduação da USP. Copyright 1999, Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.