DENTIFRÍCIOS FLUORETADOS NO BRASIL

Jaime Aparecido Cury



 
 

Mudanças qualiquantitativas ocorreram no Brasil com relação aos dentifrícios fluoretados. As informações têm chegado aos sócios da ABOPREV através dos nossos meios de comunicação. De acordo com os nossos arquivos, no Jornal da ABOPREV (Gestão 89-91), edição jan/fev/mar de 1990, a concentração de flúor solúvel ("ativo") de 19 dentifrícios encontrados no mercado de Piracicaba, SP, foi publicada demonstrando-se que 02 produtos não atendiam a especificação da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária (Portaria 22) de garantir, pelo menos, 600 ppm de flúor pelo prazo de 01 ano de fabricação. No quadro ao lado observa-se a situação atual da análise feita em 25 dentifrícios.

Algumas considerações devem ser feitas com relação aos resultados. Em primeiro lugar, admite-se, por questões analíticas, um erro de até 5%. Independente disso, os dentifrícios n. 02 e 19 estão com uma concentração de flúor solúvel ("potencialmente ativo contra cáries") abaixo do especificado pela Portaria 22 da SNVS. Por outro lado, a concentração média de flúor observada entre os 25 dentifrícios foi de 1040,3ppm, variando do mínimo de 463,0 ao valor máximo de 1392,0ppmF. Em princípio, esses dentifrícios de alta concentração não deveriam ser recomendados para crianças menores de 6 anos de idade, a não ser que a escovação fosse feita sob supervisão com uma quantidade mínima (0,5cm). A preocupação é reduzir ao mínimo o risco de fluorose dental. De todos esses 25 dentifrícios fluoretados do mercado brasileiro, atenção especial deve ser dada a, pelo menos, os nos 07 e o 18 (bisnaga) do ponto de vista de Saúde Pública. Isso porque eles sozinhos correspondem a aproximadamente 80% da venda total. Portanto, estando os mesmos adequadamente formulados, 80% da população que escova os dentes estará usando flúor para o controle da cárie dentária. Também deve ser dado destaque à análise do dentifrício nº 8. Ele tem sido visto por muitos como referencial, fazendo, inclusive, parte da bagagem alfandegária. Entretanto, poucos dos dentifrícios produzidos no Brasil poderiam ser considerados inferior ao mesmo. Excluindo o gosto, sejamos a esse respeito flúor nacionalistas. Por último, deve ser esclarecida a importância relativa da concentração de flúor no produto <M>versus efeito respectivo de redução de cárie. Assim, o efeito do flúor não é função direta da sua concentração, mas depende do logaritmo da mesma. Portanto, ao compararmos, por exemplo, um produto com 800ppm de flúor solúvel em relação a outro com 1000, a tendência seria concluirmos que o de 1000 teria um efeito anticárie 1,25 vezes maior que o de 800 (ou 25% maior), o que na realidade será muito menor. Desse modo, o mais importante em termos do conhecimento sobre mecanismos de ação do flúor e impacto do dentifrício fluoretado na melhoria da Saúde Bucal seria: 1º) é mais importante a freqüência de escovação do que a preocupação absoluta com a concentração; 2º) é preferível escovar os dentes mais vezes ao dia com quantidade pequena de pasta a uma quantidade grande uma vez ao dia; 3º) escovação dental fazer parte da vida da população.
 
 

Análise de Flúor em Dentifrícios do Mercado de Piracicaba,, SP - Julho/94, +, +


 
DENTIFRÍCIOS
*FLÚOR SOLÚVEL
**(ppm)
01- Aim
726,0
114,3
02- Anticárie Xavie
485,2
44,7 
03- Close-Up
1024,2
93,3
04- Colgate Ação Total
1382,7
93,8
05- Colgate Gel
1379,7
42,6
06- Colgate Jr
970,7
68,2
07- Colgate Menta MFP C
1031,5
40,4
08- Crest
1036,0
68,4
9- Emoform
1077,0
42,7
10- Fluotrat
1240,7
14,8
11- Gessy
1201,6
77,6
12- Kolynos Ação Total
977,3
37,6
13- Kolynos Antiplaca
1034,7
23,0
14- Kolynos Clorofila
873,5
62,1
15- Kolynos F2 Gel
1378,0
15,6
16- Kolynos Fresh
1007,0
12,5
17- Kolynos Star Gel
996,2
34,0
18- Kolynos Super Branco
881,7
67,8
19- Phillips
463,0
6,4
20- Prevent
1019,2
6,4
21- Sensodyne
834,2
20,1
22- Signal Ação Global
1393,0
37,0
23- Signal Flúor
1202,0
157,8
24- Signal Jr
1028,2
31,7
25- Tandy
996,7
43,9
*Média e desvio padrão da análise de 03 amostras;
** Mínimo Aceitável (Portaria 22 - SNVS) = 600