Joel Martins
Esta é uma pergunta difícil de responder, quando se tem pouco tempo ou espaço para escrever, sobretudo se for para convencer alguém que não acredita em prevenção. Alguns fatos são importantes para que você comece a pensar no assunto antes de formar a sua própria opinião a respeito. Considere, como foi recentemente mostrado no levatamento de Gandini & Santos Pinto (Tese de Doutoramento - 1993) em Araraquara, que a mordida profunda do tipo moderada ou acentuada é prevalente em 48,8%, enquanto a mordida aberta moderada ou acentuada apresenta-se em 76,7% das crianças brasileiras de 6 a 12 anos. Isso só para se considerar o plano vertical, porque, como se sabe, cerca de 4, em cada 5 crianças, apresentam um ou mais problemas oclusais como apinhamento, rotação, overjet ou overbite etc, quando os dentes permanentes começam a irromper. Um outro dado importante é que quase 90% das crianças têm dentes decíduos alinhados, mas 60% delas terão apinhamento na dentição permanente. Como prevenir ou interceptar esses problemas? A consulta inicial com o ortodontista pode ser realizada com 4 anos de idade, e um procedimento preventivo para os problemas na dentadura decídua pode ser iniciado nessa época. Alguns tipos de aparelhos podem ser indicados. Para tanto, é bom dar uma lida em alguns resultados já publicados (Methenitou et al J. Pedodont., 14:219-230, 1990) sobre um tipo específico de aparelho chamado Nite-guide e que também está sendo pesquisado na Faculdade de Odontologia de Bauru. Isso é só para dar um exemplo. Se o tratamento é consistente, racional ou econômico, você pode descobrir com a leitura. Entretanto não se esqueça de que a possibilidade de tratar mais tarde pode ser uma boa decisão do ortodontista, porque os inúmeros fatores, ao serem analisados, podem apontar para essa alternativa como a mais indicada, num caso específico.
JOEL MARTINS, da FO Araraquara UNESP, é Professor Visitante no Departamento de Ortodontia da Baylor College of Dentistry