Sobre a Educação de Novos Professores

 Valdemar Vertuan


A observações destacam a falta de conhecimentos preventivos em nossa população. Em pesquisa recente, ainda não publicada, notou-se muita desinformação de uma parcela importante de educadores - os professores primários, sobre as medidas e os métodos de prevenção da cárie dentária e das doenças gengivais. Os professores, que estão diariamente em contato com muitos jovens, poderiam receber instruções sobre algumas das ações preventivas, que deveriam ser transmitidas aos seus alunos, aproveitando principalmente as faixas etárias onde o conhecimento e o desenvolvimento de atitudes preventivas trazem respostas positivas. Há de se convir, entretanto, que poucos são os cirurgiões dentistas que atuam em escolas e que estão interessados em desenvolver programas permanentes de educação para a saúde bucal e prevenção. Muitos limitam-se, quando muito, a fazer algumas palestras, apenas nas chamadas semanas de saúde embutidas nos calendários escolares. Feliz ou infelizmente, isto não acontece só no Brasil. Mesmo nos Estados Unidos, vê-se situação semelhante na formação de seus professores.

Algo poderia ser melhorado, ao menos aumentando as informações sobre prevenção de doenças bucais impressas nos livros didáticos que são utilizados na formação do estudante. O que se vê são somente uma ou duas folhas dos vários livros, que trazem informações apenas sobre dentes.

Entre as atuações preventivas e educativas que os professores poderiam estar envolvidos, dentro das escolas e junto às crianças, destacam-se as instruções de higiene bucal, orientando quanto à correta e adequada técnica de escovação e do uso de meios auxiliares de higiene dental, visando combater a placa bacteriana, que é o principal agente etiológico da cárie e das inflamações gengivais. Outro programa preventivo que poderia ser desenvolvido é o de bochecho de soluções fluoretadas, pois para sua execução é dispensável a formação profissional de um dentista, bastando apenas um indivíduo consciente e bem treinado.

Alguns programas foram implantados pelo Ministério e Secretaria da Saúde, mas muitos foram desativados ou nem saíram do papel. Nossa classe de profissionais deveria amalgamar-se, aproveitando este momento nacional e contar com a colaboração dos políticos para obrigar-se a iniciação e continuação permanente de programas educativos e preventivos de saúde bucal em nossas escolas, voltados tanto aos estudantes quanto aos professores, para que num futuro próximo, os próprios educadores se tornassem capacitados a desenvolvê-los.
 



Valdemar Vertuan - é professor Titular de Odontologia Preventiva e Sanitária da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP.