Arthur Belem Novaes Jr.
Uma vez concluído o tratamento periodontal, a responsabilidade pela manutenção do resultado é bilateral: do paciente espera-se que cumpra as instruções relativas ao controle de placa; do profissional espera-se que estabeleça a freqüência ideal de visitas para sessões de manutenção.
É geralmente aceito que a Terapia Periodontal de Suporte (TPS) é fundamental para o sucesso do tratamento periodontal. Há alguns que acreditam que o tratamento apenas retarda o processo da doença e que a manutenção periódica é a parte mais importante do tratamento.
Certamente, todos os periodontistas concordam que a TPS, como sugerido no último Workshop mundial, é fundamental para o tratamento; mas o que pensam os pacientes? Eles concordam? Como reagem à orientação profissional?
Em um trabalho junto com colaboradores (ainda não publicado), avaliamos, entre outras coisas, a concordância de 1280 pacientes, os quais foram acompanhados por um período de até 20 anos com a TPS. Verificamos que do total apenas 40,1% compareceram com regularidade e nos prazos recomendados, 34,7% compareceram de forma irregular e 25,2% nunca retornaram.
Nosso resultado, apesar de ligeiramente superior aos de Wilson Jr. nos EUA e aos de Mendoza na Austrália, mostra que a concordância dos pacientes com TPS é baixa, apesar do intenso trabalho de motivação feito durante o tratamento.
Se esse é o resultado obtido com pacientes de clínicas
particulares, como seria com a população em geral? Somente
um intenso programa de saúde pública na educação
da população, em saúde bucal, poderia melhorar estes
resultados.
Arthur Belem Novaes Jr. é Coordenador do Curso de Mestrado em
Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro.