A SAÚDE BUCAL DO PRÉ-ESCOLAR NO BRASIL

Ana Cristina B.Bezerra



 
 

Chegando ao final do século XX e no limiar do 3o milênio, a saúde bucal do escolar brasileiro é caótica. A criança abaixo de 4 ou 5 anos de idade continua sendo marginalizada dos programas de saúde coletiva. Com exceção de alguns esforços e pionei-rismo isolados, poucos são os serviços prestados a essa grande faixa populacional, da qual sequer sabemos em que condições se encontra ou suas principais características.

Dados da American Dental Association de 1987 relatam que nos Estados Unidos existem 140.000 dentistas dos quais 19.847 são especialistas e 2.700 odontopediatras. Somente 1,9% desse contingente dedica sua atenção a cerca de 10 milhões de crianças abaixo de 4 anos. E, é de fato conhe-cido que, naquele país, o índice de cárie em crianças e jovens foi reduzi-do significativamente, o que não se aplica no Brasil.

Educacional e culturalmente nosso país encontra-se ainda numa fase de não valorização da saúde bucal, com alimentação irregular, não balancea-da, por vezes pobre em nutrientes essenciais, gerando a formação de hábitos alimentares incorretos, que certa-mente são incorporados à "dieta familiar". Aliada a esse fato, a higiene bucal ausente ou deficiente, observada já em tenra idade, leva ao estabe-lecimento das doenças buco-dentárias ainda na primeira infância.

Sendo a cárie uma doença de alta complexidade etiológica, a conjunção de fatores, atuando simultaneamente sobre a criança, resulta em ações bem mais que aditivas. Na verdade, existe um sinergismo nessas ações, onde o resultado é a modificação da resistência do hospedeiro à agressão dos agentes atuantes.

Acreditamos que podemos e devemos reverter essa situação, tendo como objetivo principal uma geração integralmente mais saudável.



 

ANA CRISTINA B. BEZERRA é Professora Adjunto de Odontopediatria da UNB.