UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO

ESTUDO “IN VITRO” DA INFILTRAÇÃO MARGINAL CORONÁRIA EM CANAIS RADICULARES OBTURADOS.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Yasmine Maria Elias Mamere de Almeida
Orientador: Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para a obtenção do grau de Mestre em Odontologia, Programa Odontologia Restauradora, opção Endodontia.


RESUMO | INTRODUÇÃO | RETROSPECTIVA DA LITERATURA | PROPOSIÇÃO | MATERIAL E MÉTODO

RESULTADOS | DISCUSSÃO | CONCLUSÃO | REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS | SUMMARY


RESUMO

 O objetivo do presente trabalho consistiu em avaliar, “in vitro”, a infiltração marginal coronária de canais radiculares obturados com observância dos seguintes fatores: efeito da remoção da “smear layer” durante a instrumentação dos canais e utilização de dois tipos de cimentos obturadores.
 Evidenciou-se a infiltração marginal coronária pela tinta Nanquim. Para isto, utilizou-se sessenta e quatro caninos de estoque, dotados aproximadamente do mesmo tamanho. Lavavam-se os dentes, antes estocados em solução de timol a 0,1%, durante 24 horas em água corrente, para a remoção de resíduos desta solução. Realizou-se a instrumentação dos canais radiculares com limas do tipo K (Moyco Union Broach® - USA) e com adoção da técnica “step-back”. Utilizou-se hipoclorito de sódio a 1% como solução irrigante, num volume de 10 ml por canal. Dois dentes compuseram o grupo controle positivo e dois, o negativo.
 Dividiram-se os demais dentes em 3 grupos iguais. Grupo I, tiveram 10 dentes obturados com cimento Sealer 26Ò e 10 dentes com cimento do tipo Grossman, com cones de guta-percha e com adoção da técnica da condensação lateral. Grupo II, os canais radiculares receberam uma irrigação final com 15 ml de solução de EDTA a 17%, por 10 minutos e a seguir tiveram os seus canais obturados, de modo idêntico ao Grupo I. Grupo III, os canais radiculares receberam a aplicação adicional de Laser Er:YAG com os parâmetros de 140mJ, 15Hz e energia total de 42J e, a seguir, obturaram-se os canais radiculares conforme o Grupo I.
 A seguir, selaram-se os dentes com CimpatÒ e estocados a 37ºC em umidade relativa de 95%, por uma semana. Após este tempo, romoveu-se o selador provisório e as superfícies externas dos dentes foram impermeabilizadas com três camadas de cianoacrilato. Imergiram-se os dentes em tinta Nanquim onde permaneceram à 37ºC por 60 dias.
 Decorrido o tempo de armazenagem, os dentes foram descalcificados em ácido clorídrico a 5%, desidratados em bateria de álcool ascendente e diafanizados em salicilato de metila. Após a diafanização mediu-se a infiltração coronária. Os resultados evidenciaram que o cimento Sealer 26Ò permitiu menor infiltração coronária que o cimento tipo Grossman, de modo estatísticamente significante (p<0,01). A utilização de procedimentos que removem a “smear layer” (hipoclorito de sódio a 1% + EDTA a 17% e hipoclorito de sódio a 1% + Laser Er:YAG) não apresentaram diferença estatisticamente significante entre si (p>0,05), e propiciaram menor infiltração marginal coronária que os canais irrigados somente com a solução de hipoclorito de sódio a 1% (p<0,01).


1 INTRODUÇÃO

 O sucesso do tratamento endodôntico é determinado pelo preparo, limpeza, desinfecção e obturação hermética e tridimensional de todo o sistema de canais radiculares.
 Assim, um canal radicular adequadamente selado é imprescindível para que ocorra êxito na terapia, e isto pode ser constatado por uma quantidade de trabalhos onde a eficiência seladora das obturações foi analisada nas mais diferentes condições experimentais (HOLLAND et al., 1974, 1991a e b, e 1997; ESTRELA et al., 1994; PESCE et al., 1995, 1997; FERRAZ 1999).
 A maioria das pesquisas que analisam a qualidade seladora das obturações dos canais radiculares, e via de regra, o fazem por via apical. Porém, nas últimas duas décadas, especial atenção foi dada à infiltração marginal coronária.
 Entendeu-se que o sucesso do tratamento endodôntico, ao longo do tempo, é, também, resguardado pelo selamento coronário, preservando o canal radicular de possíveis contaminações reincidentes. A infiltração marginal coronária vem se destacando como uma das mais importantes e preocupantes causas do insucesso endodôntico, por comprometer o selamento hermético dos canais radiculares (SWANSON & MADISON 1987; MADISON et al. 1987; TORABINEJAD et al. 1990; SAUNDERS & SAUNDERS 1994; TAYLOR et al., 1997).
 A infiltração coronária é a passagem de fluidos, microorganismos e substâncias na interface entre o material de preenchimento e as paredes do canal radicular, podendo provocar a contaminação do periápice. Por esse motivo, a infiltração coronária é considerada um dos fatores determinantes para o insucesso do tratamento endodôntico.
 A fase final do tratamento endodôntico consiste em obturar todo o sistema de canais radiculares, de modo completo e compacto, com agentes não irritantes, com boas propriedades físico-químicas, capazes de assegurar um selamento hermético, dificultando a microinfiltração, impedindo a reinfecção e criando um ambiente biológico favorável para que se processe a cicatrização dos tecidos periapicais (COHEN & BURNS 1994).
 O selamento hermético é um dos aspectos que gera maior controvérsia, pois faz parte de um ideal ainda não alcançado, sempre em busca de um material que preencha todos os requisitos físicos, químicos e biológicos determinados pelo meio científico.
 HOVLAND & DUNSHA (1985), demonstraram que a infiltração ocorre nas interfaces da dentina e cimento; entre o cimento e os cones de guta-percha, por entre o cimento e pela dissolução e ou desintegração deste material.
 A recontaminação do tratamento endodôntico, comprometendo o selamento obtido, pode ocorrer em algumas circunstâncias como: cárie recorrente, expondo o material de obturação; fraturas de estruturas dentárias e de material obturador; deslocamento e ou queda da restauração; demora na colocação da restauração definitiva e queda do cimento selador provisório.
 Alguns fatores podem influir na infiltração coronária, tais como: a) preparo e limpeza dos canais radiculares; b) técnica usada para obturar os canais radiculares; c) cimentos obturadores utilizados e d) tempo para que ocorra a percolação total da obturação dos canais.
 No que diz respeito à limpeza dos canais radiculares, há grande preocupação de que a presença da “smear layer” nas paredes dentinárias dos canais radiculares favoreça a infiltração marginal (SAUNDERS & SAUNDERS, 1992; BEHREND et al., 1996; VASSILIADES et al., 1996 e TAYLOR et al., 1997).
 A remoção da “smear layer” pode ser conseguida, além do uso de soluções ácidas (ácido cítrico), com o uso do EDTA, preconizado por ØSTBY (1957). A ação do EDTA na remoção da “smear layer” foi, pela primeira vez, observada por McCOMB & SMITH (1975) e, a seguir, constatada por inúmeros pesquisadores (YAMADA et al. 1983; MADER et al. 1984; GARBEROGLIO & BECCE 1994, SEN et al.,1995).
 Atualmente, com o desenvolvimento de vários aparelhos de Laser (Er:YAG, Nd:YAG, CO2 e Argônio), que podem ser utilizados no interior dos canais radiculares, muitas pesquisas foram realizadas e comprovaram a eficiência dessa nova tecnologia em promover canais radiculares mais livres de “débris” e “smear layer” (TANI & KAWADA, 1987; LEVY, 1992; MACHIDA et al.; 1995; AZAN KHAN et al., 1997; BLUM & ABADIE, 1997; COBB et al., 1997; MATSUOKA et al.; 1998; TAKEDA et al., 1998 a, b e c, 1999; CECCHINI et al., 1999).
 Quanto ao emprego das técnicas de obturação de canais radiculares, observou-se que a técnica da condensação lateral foi utilizada em muitos trabalhos e tem sido empregada com uma técnica controle, em trabalhos comparativos (MADISON et al., 1987; MADISON & WILCOX, 1988; KHAYAT et al., 1993; WU et al., 1993; SAUNDERS & SAUNDERS, 1992 e 1994; TROPE et al., 1995 e BAUNGARDNER et al., 1995).
 Uma grande variedade de cimentos obturadores de canais radiculares foi objeto de estudo frente à infiltração marginal coronária. Essas pesquisas evidenciaram que a infiltração marginal coronária ocorre em maior ou menor grau, em todos os tipos de cimentos testados (MADISON et al., 1987; CHOW et al., 1993; KHAYAT et al., 1993; WU et al., 1993; SAUNDERS & SAUNDERS, 1994; TIDSWELL et al., 1994; MOSHONOV et al., 1995; e LEONARD et al., 1996).
 Outro fator bastante controvertido no estudo da infiltração marginal coronária é o tempo necessário para que ocorra a percolação total no canal obturado. Os resultados não são semelhantes, pois o tempo necessário para que a infiltração ocorra é dependente de várias condições e, dentre elas, podem-se citar: a) tamanho da molécula do corante utilizado; b) viscosidade, densidade e tensão superficial da solução identificadora empregada e c) microorganismos utilizados. Assim, TORABINEJAD et al. (1990) relataram ser necessário tempo entre 24 a 48 dias, dependendo do tipo de microorganismo; KHAYAT et al. (1993) constataram contaminações totais de canais obturados em 30 dias; WU et al. (1993) evidenciaram contaminação total em apenas sete por cento dos canais obturados no tempo de cinqüenta dias.
 As contradições são próprias das pesquisas, pois cada metodologia empregada tem suas particularidades. Porém, um fato é inconteste e está presente em todos as pesquisas aqui citadas: a ocorrência da infiltração marginal coronária em canais obturados.
 Nos dias atuais, o Laser de Er:YAG vem sendo cada vez mais aplicado como coadjuvante na limpeza dos canais radiculares por ser capaz de remover “débris” e “smear layer” sem causar danos térmicos às paredes dos canais e à superfície externa dos dentes (MATSUOKA et al.; 1998; TAKEDA et al., 1998 a, b e c, 1999; CECCHINI et al., 1999 e PÉCORA et al., 2000a) e ainda não foi pesquisado o seu efeito sobre as circunstâncias que evitam a infiltração marginal coronária de canais obturados, dentre elas a remoção da “smear layer”.
 Assim, propõe-se, neste trabalho, investigar a infiltração marginal coronária com observância da ação do Laser Er:YAG e da solução de EDTA a 17%, aplicados após a instrumentação dos canais radiculares com solução de hipoclorito de sódio a 1% e posterior obturação com cimentos do tipo Grossman e cimento à base de resina epóxica.


2 RETROSPECTIVA DA LITERATURA

 Para melhor entendimento, a revisão de literatura será abordada nos seguintes tópicos:

2.1 Infiltração coronária.

2.2 O Laser de Er:YAG na remoção da “smear layer” das paredes de dentina dos canais radiculares.

2.1 Infiltração coronária.

 A literatura tem enfocado, durante muitos anos, o estudo sobre a infiltração marginal apical, em canais obturados. Entretanto, o selamento coronário desses dentes pode ser tão importante quanto o selamento apical, resultando no sucesso ou insucesso da terapia endodôntica (MADISON & WILCOX, 1988).
 SWANSON & MADISON (1987) avaliaram a infiltração coronária, após a exposição dos canais radiculares à saliva artificial, por vários períodos de tempo. Foram utilizados setenta dentes unirradiculares, obturados pela técnica da condensação lateral e com o cimento Roth®. As aberturas coronárias foram seladas com cimento provisório e os dentes colocados em umidificador por 48 horas, até o endurecimento do cimento endodôntico. Em seguida, foram removidos os selamentos provisórios, e os dentes imersos, com as câmaras pulpares abertas, em saliva artificial por períodos de 3, 7, 14, 28 e 56 dias. Após decorrido o tempo experimental, para cada grupo, os dentes eram removidos da saliva e colocados em tinta Nanquim por 48 horas para evidenciar a infiltração. Os resultados mostraram, por meio de medidas lineares de corante, que todos os grupos expostos à saliva apresentaram considerável penetração do evidenciador, que variava de 79 a 85% do canal radicular. Não se observou diferença estatística significante entre os grupos expostos à saliva nos diferentes períodos de tempo.
 MADISON et al. (1987) compararam a infiltração coronária em canais obturados pela técnica da condensação lateral com guta-percha e três tipos de cimentos: Sealapex®, AH 26® e Roth®. Após a obturação, a cavidade de acesso endodôntico foi selada com cimento provisório e colocada em umidificador por 48 horas. Imediatamente após, foram removidos os selamentos provisórios e os canais obturados foram, expostos à saliva durante uma semana, em seguida foram imersos em tinta Nanquim, por 48 horas. Os resultados mostraram que o AH 26® apresentou infiltração coronária significantemente maior (p?0,02) quando comparado com os outros cimentos testados, e que não havia diferença significativa entre os cimentos Sealapex® e Roth®.
 WHITE et al. (1987) avaliaram a capacidade de penetração dos materiais obturadores (Phema®, Roth®, AH 26®) nos canalículos dentinários, com e sem a presença de “smear layer”. Os canais receberam, durante a sua biomecânica irrigação com hipoclorito de sódio a 5,25% e EDTA 17%. Por meio da microscopia eletrônica de varredura, os autores demonstraram que a remoção da “smear layer” melhorava a qualidade do selamento das obturações, permitindo o imbricamento mecânico dos cimentos nos canalículos dentinários, sem diferença estatística significante entre os cimentos. Os autores salientaram que a presença da “smear layer” tornava a penetração dos cimentos nos canalículos dentinários impraticável.
 MADISON & WILCOX (1988) realizaram um estudo “in vivo”, com o intuito de verificar a infiltração coronária de canais radiculares obturados. Para isso, eles utilizaram 64 dentes posteriores de macacos. Os dentes tiveram os canais obturados pela técnica da condensação lateral e três tipos de cimentos (AH26®, Roth®, Sealapex®). As aberturas coronárias foram seladas com cimento provisório até o endurecimento do cimento obturador. Após 72 horas, os selamentos coronários provisórios foram removidos, ficando os canais expostos à cavidade bucal durante uma semana. Os animais foram sacrificados e os dentes foram extraídos e imersos em tinta Nanquim por 48 horas. Os resultados demonstraram presença de infiltração ao corante em todos os grupos, porém sem diferença significativa entre os cimentos testados.
 Trabalhos de relevante importância para as pesquisas sobre infiltração apical e coronária foram realizados por GOLDMAN et al. (1989) e posteriormente por HOLLAND et al. (1990 e 1991a e b). Esses autores demonstraram, em seus estudos, a necessidade de utilizar a aplicação de vácuo, como etapa da metodologia de trabalho, em função da presença dos bolsões de ar como elemento de resistência à penetração do identificador empregado, seja ele um corante, um radioisótopo ou outro tipo qualquer de substância apropriada para verificação das infiltrações.
 TORABINEJAD et al. (1990) avaliaram o tempo necessário que a saliva artificial contaminada com duas espécies de bactérias (Sthaphylococcus epidermidis e Proteus vulgaris) pudessem penetrar em toda a extensão do canal radicular obturado, no sentido cérvico-apical. Para isso, foram utilizados 45 dentes com canais obturados pela técnica da condensação lateral e cimento Roth®. Os resultados demonstraram que, em um período médio de aproximadamente de 48 dias o P. vulgaris alcançava o ápice radicular, enquanto que o S. epidermidis necessitava de um tempo médio de 24 dias. Os autores salientaram que canais radiculares obturados expostos ao meio bucal por mais de trinta dias deveriam ser retratados.
 MAGURA et al. (1991) avaliaram “in vitro”, a infiltração coronária por meio de penetração de saliva humana, utilizando dois métodos de análise: exame histológico e penetração de corante. Utilizaram 160 dentes, obturados pela técnica da condensação lateral e cimento Roth’s®. As aberturas de acesso foram seladas com IRM e colocadas em umidificador por uma semana. Em seguida, 100 dentes tiveram as restaurações provisórias removidas, e juntamente com os demais que permaneceram com as coroas seladas, foram mantidos em saliva humana à 37ºC e 100% de umidade em períodos de 2, 7, 14, 28 e 90 dias. Os resultados mostraram que a penetração de saliva avaliada pelo corte histológico foi significantemente menor quando comparada com a análise da infiltração de corante. Quanto maior o tempo de exposição à saliva, maior era a infiltração coronária. Ao final de três meses de imersão dos dentes em saliva, ocorreu um aumento significante da infiltração marginal em todos os grupos, que permaneceram ou não com cimento provisório, sem diferença estatística significante entre eles. Os autores enfatizaram que canais radiculares obturados, não restaurados definitivamente no período de três meses, devem ser retratados.
 SAUNDERS & SAUNDERS (1992) estudaram o efeito da remoção da “smear layer” sobre a infiltração coronária em sessenta canais que foram obturados com dois tipos de cimentos: Tubliseal? e Vitrebond?. Para a remoção da “smear layer” foi utilizado uma solução de ácido cítrico a 40%. Após a obturação, as cavidades coronárias foram seladas, e os dentes permaneceram em umidificador por uma semana. Anteriormente ao teste de infiltração, foi realizada a termociclagem em temperaturas de 4?C, 37?C, 55?C, por um período de 8 horas. Em seguida, os dentes foram secados, isolados externamente com cianoacrilato, e colocados em tinta Nanquim, com o acesso coronário aberto, por noventa horas. Posteriormente, os dentes foram descalcificados, desidratados e diafanizados para permitir a visualização e a mensuração da penetração linear de corante. Os resultados mostraram que a remoção da “smear layer” reduzia significantemente a infiltração coronária, com os dois cimentos testados. Porém, quando comparados os cimentos entre si, a infiltração coronária com o cimento Tubliseal? foi significantemente maior que o Vitrebond? (p ? 0,001).
 PÉCORA (1992) estudou o efeito das soluções de Dakin e EDTA, isoladas, alternadas e misturadas, sobre a permeabilidade da dentina radicular. As misturas e associações foram utilizadas na proporção 1:1. Verificou que o uso do EDTA durante a instrumentação promove aumento da permeabilidade de modo estatisticamente semelhante ao uso da solução de Dakin. Porém, o uso misturado ou alternado dessas soluções aumenta significantemente a permeabilidade da dentina radicular.
 FIDEL (1993) estudou as propriedades físico-químicas (escoamento, tempo de trabalho, espessura do filme, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração, radiopacidade, adesividade e pH) dos cimentos (Sealer 26®, Apexit®, CRCS®, Fill Canal® e PR-Sealer®). Os testes foram realizados de acordo com a especificação número 57 da ADA (1983). Concluiu que os menores valores de adesividades à dentina eram obtidos quando a superfície dentinária não recebia a aplicação de EDTA. Após a aplicação do agente quelante sobre a dentina, os cimentos exibiram aumento de suas adesividades, com exceção do cimento Sealapex®.
 CHOW et al. (1993) avaliaram a penetração de endotoxina bacterianas através da porção coronária de canais radiculares, que foram obturados com o uso da técnica da condensação lateral. Eles utilizaram o cimento Roth®. Os autores observaram que endotoxina colocada no terço coronário do canal radicular atingiram a região apical num período de 20 dias.
 WU & WESSELINK (1993) realizaram uma extensa revisão de literatura sobre infiltração coronária e apical, analisando as metodologias empregadas para a realização dos experimentos. Eles concluíram que havia uma diversificação muito grande, tanto nas metodologias empregadas quanto nos resultados obtidos, e baseados nas suas conclusões, fizeram algumas recomendações tais como: a) emprego de vácuo; b) maior controle no comprimento e anatomia dos canais utilizados, sempre pertencentes ao mesmo grupo de dentes, levando-se em consideração a patência e diâmetro do forame; c) o pH da solução identificadora e d) uso de soluções identificadoras de peso molecular menor possível. Esses autores salientaram, ainda, que a infiltração coronária é, provavelmente, de maior importância do que a infiltração marginal apical, pois é mais fácil ocorrer a contaminação via coronária do que por anacorese.
 WU et al. (1993), estudaram a infiltração coronária em canais radiculares obturados com a adoção do método de propagação de água acionado por um mecanismo de ar comprimido com pressão de 1,2 atmosfera. Com o uso deste método os autores verificaram que a água penetrava nos espaços presentes nos canais radiculares obturados. Eles compararam a penetração da água com a penetração de um tipo de bactéria (Pseudomonas aeroginosas) e concluíram que a penetração de fluidos, na maioria das vezes, impedem a passagem das bactérias.
 KHAYAT et al. (1993) determinaram o tempo necessário para que bactérias da saliva humana contaminassem toda a extensão dos canais radiculares obturados por duas técnicas de obturação (condensação lateral e condensação vertical). Quarenta dentes foram instrumentados pela técnica “step-back”, e obturados com cimento Roth®. Os dentes permaneceram com o acesso coronário exposto em saliva humana, sendo verificados diariamente, até que houvesse a contaminação em toda a extensão do canal. Imediatamente após eram removidos da saliva e colocados em corante por 24 horas. Em seguida, foram descalcificados, desidratados, e diafanizados para análise dos resultados. Os autores concluíram que todos os canais, exceto o grupo controle negativo, foram contaminados em menos de 30 dias. Não houve diferença estatisticamente significante entre os dois métodos de obturação.
 VALERA (1993) avaliou a infiltração coronária após o corte mediato e imediato das obturações dos canais radiculares, em profundidades que variavam de terço médio até terço apical. Foram utilizados 108 dentes, obturados pela técnica da condensação lateral e cimento Sealapex®. Ao término das obturações, os dentes foram distribuídos em 9 grupos, de acordo com as condições em teste para a confecção dos preparos para núcleo. Após o armazenamento ou não em saliva artificial e imersão em corante os dentes foram desgastados longitudinalmente para medir a infiltração linear ocorrida. Os resultados mostraram que em relação aos cortes imediatos e mediatos não houve diferença estatística significante; a presença de saliva aumentou significantemente a magnitude da infiltração marginal, tanto nos cortes mediatos ou imediatos e numa análise comparativa em relação ao nível de corte pôde-se observar uma tendência a menores infiltrações no terço apical.
 SAUNDERS & SAUNDERS (1994) analisaram a influência da “smear layer” sobre a infiltração coronária em canais que foram obturados pela técnica Thermafil e condensação lateral e uso do cimento Ketac-Endo®. Para a remoção da “smear layer” foi utilizado uma solução de ácido cítrico a 40%. Após a obturação os dentes ficaram armazenados em água destilada deionizada 37?C, com as cavidades abertas, por período que variou de 7 dias ou 4 meses. Anteriormente ao teste de infiltração, foi realizada a termociclagem em temperaturas de 4?C, 37?C, 55?C, mantidos durante 8 horas. Para a verificação da infiltração coronária os dentes eram colocados em tinta Nanquim durante 90 horas, com o acesso coronário aberto, e suas superfícies externas isolada com cianoacrilato. Os resultados evidenciaram que, nos canais obturados onde havia sido romovida a "smear layer" e obturados com a técnica Thermafil, ocorria uma redução significante da infiltração coronária em um período de 7 dias. Entretanto, após decorridos quatro meses não encontrou diferença estatística de infiltração em todos os grupos observados (p? 0,005).
 FIDEL et al. (1994) estudaram a adesão de cimentos obturadores de canais radiculares que continham hidróxido de cálcio (Sealer 26®, CRCS®, Apexit® e Sealapex®) à dentina humana, com e sem aplicação de EDTA. Os autores concluíram que o Sealapex® e o Apexit® tiveram a menor adesão, e que a aplicação do EDTA aumentava a adesão dos cimentos à dentina radicular, à exceção do cimento Sealapex®.
 TIDSWELL et al. (1994) estudaram a influência da “smear layer” na infiltração coronária de canais radiculares obturados com duas técnicas e com um cimento à base de ionômero de vidro. Os dentes, após terem seus canais radiculares obturados foram mantidos em água à 37oC por seis semanas e depois, submetidos à termociclagem em temperaturas de 5 à 55oC por 24 horas. Após isto, os dentes foram imersos em tinta Nanquim por 90 horas. A seguir, os dentes foram descalcificados, desidratados e diafanizados em salicilato de metila a fim de medir a infiltração coronária. Os autores não observaram diferenças estatísticas significantes quanto à presença e ausência da “smear layer”, após uso de EDTA.
 TROPE et al. (1995) avaliaram a capacidade de penetração de endotoxina bacteriana através de canais obturados pela técnica da condensação lateral e cimento Roth’s 801®. Oito dentes foram obturados somente com guta-percha sem o cimento. As coroas dos dentes foram removidas na junção amelocementária, impermeabilizadas externamente, deixando o acesso coronário exposto, em contato com endotoxinas extraídas da Actinobacillus actinomycetimcomitans. Foi avaliada a presença de endotoxinas após 24 horas, e a cada 3 dias, por um período total de 21 dias. Para a análise da infiltração, os dentes foram colocados em azul de metileno a 2%. Os resultados mostraram que 31,5% dos dentes apresentaram penetração de endotoxina ao final de 21 dias, provando que as endotoxinas podem mover-se através da obturação radicular. Os autores relataram a importância do cimento como coadjuvante das obturações de canais, principalmente para a inibição da penetração de endotoxinas.
 MOSHONOV et al. (1995) estudaram a infiltração marginal coronária por meio do uso da bactéria Staphylococcus epidermis, em canais radiculares obturados com cimento AH 26®, Roth 801® e Ketac-Endo®. Os autores observaram a turbidez ou a mudança de coloração do meio de cultura colocada apicalmente em cada raiz, durante um período de 30 dias. O meio era incubado à 37oC. Os autores salientaram que os produtos metabólicos das bactérias podem induzir alteração do meio de cultura através da obturação do canal, antes das bactérias atingirem a região apical.
 SEN et al. (1995) realizaram ampla revisão de literatura sobre a presença da “smear layer” na terapia endodôntica e relataram várias conclusões, dentre elas se destacam: a) a “smear layer” interfere na adesão e penetração do cimento endodôntico dentro dos canalículos dentinários; b) quando não removida, a “smear layer” pode lentamente desintegrar-se e dissolver-se em torno do material obturador; c) uma vez removida a camada de “smear layer”, o selamento endodôntico deve ser bem realizado pois há o risco de reinfecção dos canalículos dentinários; d) o uso seqüencial de uma solução de hipoclorito de sódio e uma solução de EDTA é recomendado para uma boa remoção da “smear layer”.
 SAUNDERS & SAUNDERS (1995) investigaram a infiltração marginal coronária em canais obturados com duas técnicas e com dois cimentos à base de hidróxido de cálcio. Os dentes foram imersos em solução salina à 37oC, por um ano. Depois disto, os dentes sofreram termociclagem com variações de temperatura entre 5 e 55oC, por 24 horas e a seguir foram imersos em tinta da Índia por 2 horas sob vácuo e mais 90 horas sem vácuo. Os dentes sofreram diafanização e a infiltração foi analisada. Os autores puderam ordenar as interações, da melhor para o pior, da seguinte forma: condensação lateral x Apexit®; condensação lateral x Sealapex®; JS Quickfill® x Apexit® e JS Quickfill® x Sealapex®.
 PALLARÉS et al. (1995) compararam a adaptação da obturação à parede do canal radicular na presença ou não da “smear layer”. Um grupo foi irrigado com uma solução de ácido cítrico à 50% e uma solução de hipoclorito de sódio a 5,25% . Outro grupo foi irrigado somente com uma solução de hipoclorito de sódio a 5,25%. Todos os dentes foram obturados por meio da técnica da compressão mecânica de guta-percha e cimento AH 26®. Os grupos foram avaliados, por meio de microscopia eletrônica de varredura, e os resultados mostraram que o cimento obturador não penetrou nos canalículos dentinários, na presença da “smear layer”. Porém, constatou-se penetração do cimento nos canalículos dentinários nos canais onde a “smear layer” era removida, com uma profundidade de penetração variando de 10 a 15 ?m atingindo até 60 ?m de profundidade.
 BAUMGARDNER et al. (1995) estudaram “in vitro” a infiltração coronária de três diferentes técnicas de obturação. Utilizaram-se 64 dentes humanos unirradiculares que foram instrumentados e obturados com cimento Roth® utilizando as técnicas de compactação vertical, condensação lateral e Thermafil®. Os dentes tiveram suas câmaras pulpares seladas provisoriamente com Cavit e permaneceram em câmara umidificada à 40oC por 48 horas. Após a remoção do selador provisório, os dentes foram imersos em tinta Nanquim por um tempo de 48 horas. A seguir os dentes foram descalcificados, desidratados e diafanizados com salicilato de metila e a infiltração linear foi medida. Os resultados evidenciaram que a técnica condensação lateral + vertical mostrou-se superior no que diz respeito a permitir a infiltração do que as técnicas de condensação lateral e Thermafil®.
 BERUTTI (1996) investigou a possibilidade de recontaminação, por saliva, do canal radicular obturado, via coronária, na interface dentina/material obturador. Para a realização deste experimento, removeu-se um milímetro de cemento na região cervical por meio de raspagem manual e em seguida, foi aplicada uma solução saturada de ácido cítrico durante um minuto. Em seguida, após lavar e secar as raízes, as superfícies externas foram impermeabilizadas com cianoacrilato, com exceção da região cervical. Os dentes foram mantidos em saliva humana por um período de 20 a 80 dias, e, posteriormente imersos em tinta Nanquim para determinar a infiltração. Em todos os dentes ocorreu infiltração do corante na interface dentina/material obturador, aumentando em profundidade de modo diretamente proporcional ao tempo de exposição.
 MICHAILESCO et al. (1996) descreveram um novo método para verificação de infiltração utilizando bactéria fluorescente - Pseudomonas fluorescens ATCC 13525. A presença de bactéria foi detectada por meio de fluorímetro e microscopia eletrônica de varredura, possibilitando a mensuração em profundidade da penetração de bactérias em toda a extensão do canal radicular. Foram utilizados 70 dentes com canais obturados por três técnicas diferentes (condensação lateral, Schilder, McSpadden) e utilizou-se o cimento Roth®. Após as obturações, as aberturas coronárias foram seladas com cimento provisório e mantidas em umidificador por 72 horas. Imediatamente após, os selamentos provisórios foram removidos e os dentes foram colocados em contato com as culturas por um período de 15 dias até seis meses. A análise estatística dos resultados mostrou que não houve diferença estatística significante entre os grupos obturados pela técnica da condensação lateral e por termoplastificação da guta-percha.
 CHAILERTVANITKUL et al. (1996) investigaram “in vitro” o efeito da remoção da “smear layer” sobre a infiltração marginal coronária, por meio de penetração da bactéria (Streptococcus sanguis). Utilizaram-se cento e vinte dentes, que tiveram os canais obturados por duas técnicas (condensação lateral e Trifecta®) e com cimento Apexit®. Para a remoção da “smear layer” foi usado uma solução de ácido cítrico 40%. Após o endurecimento do cimento obturador, os dentes foram mantidos, com o acesso coronário exposto em contato com a cultura bacteriana durante 90 dias. Os resultados mostraram que não havia diferença estatística significante de penetração de bactérias em canais obturados com remoção ou não da “smear layer”.
 GUIGNES et al. (1996) analisaram “in vitro” as modificações ocorridas na permeabilidade dentinária após o preparo biomecânico dos canais radiculares com uso de uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5% e com a solução de EDTA e, também, com uso de diferentes técnicas de instrumentação (com limas tipo K, tipo H e ultra-sônica). Correlações foram feitas entre as variações encontradas na permeabilidade diante da presença ou não da “smear layer”. Os autores concluíram que existe uma relação inversamente proporcional entre permeabilidade dentinária e presença da “smear layer”. O uso da solução de EDTA permite um considerável aumento da permeabilidade dentinária.
 VASSILIADIS et al. (1996) estudaram o efeito da remoção da "smear layer" sobre a infiltração coronária de canais radiculares obturados com cones de guta-percha e cimento Roth®. Foram utilizados 52 dentes, divididos em dois grupos: no primeiro grupo, os canais radiculares foram irrigados com solução de hipoclorito de sódio e, no segundo, com solução de hipoclorito de sódio e solução de EDTA. Após a obturação dos canais radiculares e o endurecimento do cimento, os dentes foram imersos em solução de carante azul de metileno a 2% pelo tempo de 48 horas. Os resultados mostraram que o uso de solução que remove a "smear layer" promove canais radiculares obturados com menores índices de infiltração coronária.
 LEONARD et al. (1996) avaliaram a infiltração marginal apical e coronária de canais obturados com cimento à base de ionômero de vidro e um sistema adesivo associado a uma resina. Após o preparo biomecânico de 50 dentes unirradiculares a “smear layer” foi removida com irrigação com uma solução de EDTA, por um minuto e uso de 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25%. Em metade dos corpos de prova, foi realizado ataque ácido e colocado o adesivo dentinário nas paredes dos canais radiculares. A outra metade dos corpos de prova foi obturada pela técnica do cone de guta-percha único. O cimento utilizado foi o Ketac-Endo®. As raízes foram impermeabilizadas e os dentes imersos em tinta da Índia por um tempo de 90 horas. Decorrido este tempo, os dentes foram descalcificados, desidratados e diafanizados. Os autores concluíram que o melhor selamento, tanto apical como coronário foi observado com uso do adesivo e resina C & B Metabond®. Observaram, também, “microtags” nos canalículos dentinários,
 TAYLOR et al. (1997) avaliaram o efeito da remoção da “smear layer” sobre a infiltração coronária, utilizando 210 dentes com canais preparados pela técnica “step-back”, e obturados por diferentes técnicas (condensação lateral, condensação lateral com compactação vertical, Thermafil®, Thermafil® com compactação vertical, termoplastificada de SHILDER, Obtura, Ultrafil) e cimentos obturadores (AH26®, Roth's 811®, Ketac Endo®). A remoção da “smear layer” foi realizada com uma solução de REDTA. Após obturados, os dentes permaneceram 7 dias em estufa a 37?C. Em seguida, com os acessos coronários abertos e as superfícies externas impermeabilizadas com cianoacrilato, os dentes foram imersos em saliva artificial por 10 dias, e, posteriormente em tinta Nanquim, durante 10 dias. Os dentes foram descalcificados, desidratados e diafanizados para análise dos resultados. Os resultados demonstraram que a remoção da “smear layer” e obturação dos canais pela técnica de condensação lateral com compactação vertical e cimento AH26® tiveram efeito acumulativo significante, na redução da infiltração coronária.
 LEITE (1997) avaliou “in vitro” a capacidade de diferentes películas seladoras na prevenção da infiltração coronária após a obturação de canais radiculares. Nesses trabalho foi usado o Heliobond®, esmalte de unha, Super Bonder® e Scothbond multi Purpose Plus®, que foram aplicados sobre as obturações dos canais, na câmara pulpar de molares inferiores. Os dentes foram imersos por cinco dias em tinta Nanquim e depois foram descalcificados, desidratados e diafanizados. Observou-se, neste breve espaço de tempo, que nenhum dos materiais testados impediu a infiltração do corante, via coronária.
 CHAILERTVANITKUL et al. (1997) compararam “in vitro” a infiltração coronária, pós tratamento endodôntico, em dentes que tiveram a abertura coronária selada ou não com cimento de ionômero de vidro (Vitrebond®). Para esse experimento foram utilizados 40 molares superiores, com canais obturados pela técnica da condensação lateral e cimento Tubliseal®. Após a obturação 15 dentes receberam o selamento coronário com Vitrebond® e 15 dentes permaneceram com o acesso coronário aberto. Foram colocados em contato com cultura de Fusobacterium nucleatum, durante 60 dias. Os resultados mostraram que os dentes submetidos ao selamento coronário com Vitrebond® não apresentaram infiltração no período de 60 dias, enquanto 60% dos dentes que permaneceram com o acesso coronário aberto mostraram significativa infiltração no mesmo período.
 MALONE & DONNELLY (1997) avaliaram “in vitro” a contaminação, via coronária, em toda a extensão, de canais radiculares obturados. Os autores utilizaram as bactérias presentes na saliva humana, em canais obturados com cone único de guta-percha e dois tipos de cimentos: Super EBA® e Ketac-Endo®. Após a obturação dos canais e endurecimento do cimento obturador, os dentes tiveram seus materiais seladores provisórios removidos e os canais foram expostos a saliva humana, durante 60 dias. A seguir, os dentes foram imersos em azul de metileno a 2% para verificação da infiltração. Os resultados não mostraram penetração bacteriana até a região apical em nenhum dos grupos experimentais, durante o tempo do experimento.
 McROBERT & LUMLEY (1997) compararam o selamento coronário de quatro diferentes técnicas de obturação: Sytem B®, Obtura II®, Alphaseal® e condensação lateral. Para isto, eles utilizaram pré-molares inferiores cujos os canais radiculares foram instrumentados com limas Profile® e brocas Gates-Glidden. Os dentes obturados foram imersos em água até o endurecimento dos cimentos. Realizaram radiografias para análise visual da qualidade das obturações. A seguir todas as superfícies externas das raízes foram impermeabilizadas, com exceção do acesso coronário. A seguir, os dentes foram imersos em tinta da Índia por 65 horas e depois, descalcificados para o processo de diafanização. As infiltrações foram mensuradas. A técnica de condensação lateral evidenciou os piores resultados de infiltração coronária em comparação com as técnicas System B® e Obtura II®.
 ALVES et al. (1998) compararam o tempo necessário para a penetração de endotoxinas de bactérias, via coronária, em canais radiculares obturados por condensação lateral e cimento Roth®. Quatro espécies de bactérias anaeróbias, usualmente associadas com necrose pulpar, foram utilizadas no preparo das culturas (Campylobacter rectus, Peptostreptococcus micros, Fusobacterium nucleatum e Prevotella intermedia). Os dentes permaneceram com o acesso coronário aberto, em contato com as culturas durante 70 dias. Os resultados mostraram que houve penetração de endotoxinas mais rapidamente do que de bactérias, na interface material obturador/ dentina. Os autores ressaltaram a importância de uma restauração coronária adequada e imediata após o tratamento endodôntico.
 PINTO et al. (1998) avaliaram o tempo em que um dente, com canal radicular obturado pode ficar exposto a um meio aquoso até seu comprometimento total, pela infiltração do corante via câmara pulpar. Para isto, foram utilizados 24 caninos superiores obturados pela técnica da condensação lateral e dois tipos de cimentos: Sealer 26® e tipo Grossman. Após a obturação do canal, os dentes permaneceram em estufa à 37?C e 100% de umidade relativa, durante 48 horas. Em seguida, os selamentos provisórios foram removidos e os dentes colocados em corante Rodamina B. Após 300 dias de experimento, 50% das amostras obturadas com ambos os cimentos apresentaram infiltração até o terço médio e 50% até o terço apical. Somente 16% dos dentes obturados com Sealer 26® e 25% obturados com cimento tipo Grossman apresentaram infiltração até o terço apical. Os autores concluíram que a infiltração não ocorreu rapidamente pois os dois cimentos foram capazes de oferecer boa resistência à infiltração, e que o método utilizado não reproduziu todas as condições do ambiente bucal, e assim tornou-se difícil extrapolar os resultados obtidos “in vitro” para situações “in vivo”.
 PISANO et al. (1998) avaliaram “in vitro” a capacidade de alguns seladores temporários em proteger o canal radicular obturado. Assim, 74 dentes humanos unirradiculares tiveram seus canais radiculares instrumentados e obturados pela técnica da condensação lateral com cones de guta-percha e cimento Roth 801®. Após a obturação os cones foram seccionados de modo que os 3,5 mm coronários da obturação fossem removidos com auxílio de condensadores aquecidos. Esse espaço foi a seguir preenchidos com Cavit®, IRM® e Super EBA®. Saliva humana foi mantida em contato com a porção coronária, enquanto que a porção apical permanecia submersa em meio de cultura. Após um tempo experimental de 90 dias, a turbidez do meio de cultura apical evidenciou que 15% dos dentes selados com Cavit® e 35% dos selados com IRM® e Super EBA® apresentaram infiltração bacteriana. O grupo controle, ou seja, o que não recebeu nenhum tipo de selador temporário apresentou infiltração total em 49 dias.
 SOLUTI et al. (1998) investigaram “in vivo” a infiltração marginal coronária e o tempo necessário após exposição dos canais obturados ao meio bucal, por meio de análise histológica dos tecidos periapicais. Quarenta caninos inferiores de gatos foram utilizados, sendo que, dezesseis dentes receberam selamento coronário provisório após o tratamento endodôntico e outros dezesseis ficaram expostos à cavidade bucal em um período de 1 a 150 dias. Os animais foram sacrificados e os dentes removidos para análise dos resultados. O exame histológico dos tecidos periapicais mostrou não haver diferença estatística significante entre os dentes que permaneceram com os acessos coronários selados e não, no período de três meses. Entretanto, após cinco meses de experimento, houve diferença estatística significante na infiltração marginal coronária entre os grupos com e sem o selamento provisório. Com base nos resultados obtidos, os autores sugeriram que após cinco meses de exposição aos fluidos bucais os canais radiculares obturados devem ser retratados.
 OLIVER & ABBOTT (1998) compararam a infiltração coronária e apical em canais obturados com cimentos Ketac-Endo® e AH 26® pela técnica da condensação lateral. Após o endurecimento dos cimentos, as superfícies radiculares foram revestidas com cianoacrilato, exceto a região apical e o acesso coronário. A seguir, os dentes foram imersos em azul de metileno a 2%, submetidos a aplicação de vácuo e mantidos no corante por dois dias. As raízes foram seccionadas para visualização da infiltração. Os resultados desse estudo demonstraram que os selamentos apical e coronário obtidos com Ketac-Endo® e AH 26® não apresentaram diferença estatística significante entre si.
 SIQUEIRA et al. (1999) avaliaram a infiltração coronária em canais obturados pela técnica da condensação lateral com guta-percha e dois tipos de cimentos obturadores contendo hidróxido de cálcio (Sealapex® e Sealer 26®). Após a abturação dos canais e endurecimento dos cimentos obturadores, os dentes permaneceram com o acesso coronário aberto, em contato com saliva humana, que era coletada em laboratório e trocada à cada três dias, durante 60 dias. Os resultados mostraram que 35% dos dentes obturados com cimento Sealer 26® mostraram recontaminação em 60 dias e 80% dos obturados com Sealapex® mostraram recontaminação no mesmo período. O tratamento estatístico mostrou que o Sealer 26® apresentou menos infiltração do que o Sealapex® (p? 0,01).
 MILETIC et al. (1999) compararam “in vitro” a infiltração coronária e apical com a remoção da “smear layer”, por meio de penetração de corante e utilização de vácuo, em canais radiculares obturados com cinco cimentos endodônticos (Ketac Endo?, AH Plus?, Apexit?, Diaket?). Os canais foram instrumentados pela técnica “step-back” e obturados pela técnica da condensação lateral. A remoção da “smear layer” foi realizada com auxílio de uma solução de EDTA 17% e ácido cítrico 40%. Os resultados do trabalho mostraram que não houve diferença estatística significante (p?0,05) na infiltração ocorrida nos diferentes cimentos testados, mostrando todos um selamento satisfatório. Os autores concluíram que o resultado obtido foi em função da remoção da “smear layer”.
 BARTHEL et al. (1999) compararam “in vitro” a infiltração coronária utilizando bactérias (Stafilococcus epidermidis) e corantes (fuccina básica), objetivando determinar se o tamanho das moléculas, dessas diferentes soluções traçadoras, influenciavam na infiltração. Noventa e seis canais foram obturados pela técnica de condensação lateral com os seguintes cimentos: AH 26?, Ketac-Endo? e Roth 801?. Após o endurecimento dos cimentos e com o acesso coronário aberto, as raízes ficaram expostas em recipiente contendo bactérias durante 38 dias. Uma vez constatado que havia contaminação bacteriana em toda a extensão do canal radicular, o dente era imerso em fuccina básica por 48 horas. Os resultados mostraram que houve penetração de bactérias em todos os grupos experimentais, com os três diferentes cimentos obturadores, porém, sem diferença estatística significante. Quanto à penetração de corante, o cimento AH 26? apresentou significante aumento na infiltração corono-apical (p?0,05). Nenhuma correlação pôde ser feita entre os resultados dos dois testes. Segundo os autores, o tamanho da molécula pode ser um parâmetro incoerente, quando se quer avaliar a hermeticidade da obturação do canal radicular, pois não houve concordância nos resultados encontrados entre os dois testes utilizados para a verificação da infiltração.Também concluíram que um tempo muito curto de permanência no corante pode ser inadequado.
 FRIEDMAN et al. (2000) realizaram um estudo em dentes de cães, onde obturaram os canais radiculares pela técnica da condensação lateral com cones de guta-percha e cimentos KT-308® (ionômero de vidro) e Roth 801®. Duas semanas após a obturação, metade dos dentes tiveram o selamento coronário removido e a parte coronária da obturação foi contaminada com placa dos dentes do próprio cão e, a seguir, a cavidade foi, novamente, selada. Após seis meses, os animais foram sacrificados para a realização da análise histológica. Os autores constataram que havia mais presença de inflamação juntos aos tecidos periapicais dos dentes que sofreram a contaminação. Melhores resultados foram observados com os dentes cujos canais foram obturados com o cimento de ionômero de vidro.

2.2 O Laser de Er:YAG na remoção da “smear layer” das paredes dentinárias dos canais radiculares.

 Com o desenvolvimento e aplicabilidade cada vez maior dos aparelhos de Laser na Endodontia, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas nas últimas décadas e os resultados são promissores, principalmente no que concerne a desinfecção e romoção da "smear layer".
 HIBST & KELLER (1989); KELLER & HIBST (1989) realizaram os primeiros estudos utilizando o Laser Er:YAG em esmalte e dentina com o objetivo de verificar o efeito da ablação e os efeitos térmicos causados aos tecidos adjacentes. Eles demonstraram que a ablação promovida pelo Laser Er:YAG foi bastante eficaz nos tecidos dentais duros, removendo esmalte e dentina, em parte por uma vaporização contínua e em parte, em forma de microexplosões. No entanto, concluíram que a dentina necessita de uma menor energia que o esmalte para ser removida. A ablação dos tecidos duros não causou danos térmicos aos tecidos adjacentes nos níveis de energia utilizados no experimento.
 Com base nos trabalhos de HIBST & KELLER (1989); KELLER & HIBST (1989), o Laser Er:YAG passou a ser mais difundidos para atuar em tecido duro por não produzir efeitos térmicos deletérios à polpa dental e aos tecidos periodontais. Sua aplicação como coadjuvante na limpeza e desinfecção dos canais radiculares vem sendo, regularmente, estudada nas últimas décadas.
 HIBST & KELLER (1990) conhecendo a eficácia do laser pulsátil de Er:YAG na remoção do esmalte e dentina (ablação), investigaram as alterações da temperatura que ocorriam no interior da câmara pulpar de dentes submetidos à irradiação com este tipo de laser. Eles utilizaram energia radiante entre 50 a 500 mJ e com freqüência de 0,5 a 2 Hz. Verificaram que há um aumento da temperatura nos tecidos irradiados e condução através destes tecidos, apesar do esmalte e a dentina serem tecidos com pobre condutibilidade térmica (9,3.10-3 W/cmK para o esmalte e 5,7.10-3W/cmK para a dentina). Para evitar ao máximo possível a condução de calor por esses tecidos, os autores recomendam estar atentos aos parâmetros a serem utilizados, com observância dos seguintes itens: 1) os diâmetros das crateras aumentam com a elevação da energia radiante (mJ); 2) a temperatura no interior do tecido aumenta com a ampliação dos números de pulsos, ou seja, com a freqüência (Hz); 3) o aumento da energia radiante (mJ) promove pouca elevação de temperatura, porém, o aumento da freqüência torna muito maior a temperatura no tecido irradiado Eles constataram que um aumento da energia radiante de 100 mJ para 300 mJ resultava numa elevação de 5oK (cinco graus kelvin), porém, um aumento de freqüência de 1 para 3 Hz promovia um acréscimo de 14oK; e 4) quando a energia radiante (mJ) e a freqüência (Hz) são mantidas constante e a largura do feixe útil do raio é aumentada, ampliando a cratera obtida.
 WIGDOR et al. (1993) comparam o aumento da temperatura promovido pelo uso dos Lasers de Nd:YAG, CO2 e Er:YAG sobre as estruturas dentais. Esses autores concluíram em suas pesquisas que o Laser de Er:YAG promoveu os menores danos térmicos que os demais Lasers, ou seja, de Nd:YAG e o de CO2. Este trabalho salienta que o Laser de Er:YAG produz menor dano térmico as tecidos dentais e os autores recomendam sua aplicação por ser mais seguro e promover ablação do esmalte e da dentina.
 VISURI et al. (1996) compararam a adesão de compósitos à dentina após o preparo da superfície dentinária com Laser Er:YAG, e uso de brocas em alta rotação. Posteriormente, foram divididos em grupos que receberam ou não condicionamento com ácido fosfórico a 10%. O objetivo deste estudo foi verificar se o laser produzia uma superfície desejada para adesão. Os resultados mostraram que os dentes irradiados com laser apresentaram melhor adesão do que os dentes que foram tratados com alta rotação e condicionamento ácido. A análise por meio da microscopia eletrônica de varredura mostrou que o Laser de Er:YAG propiciou canalículos dentinários desobstruídos, mostrando que a aplicação com Laser Er:YAG na dentina deixa a superfície apropriada para adesão dos compósitos e sem “smear layer”.
 ZEZELL et al. (1996) avaliaram um protótipo de um aparelho Laser Er:Tm:Ho:LiYF4 (Ho:YLF), que emite em comprimento de onda de 2,065 micrometros e largura de pulso de 250 microssegundos, sobre a elevação de temperatura no interior da câmara pulpar durante o preparo de cavidades. Com os parâmetros de 500 mJ, 5 Hz e 2,079J/cm2, o aumento da temperatura intrapulpar era de no máximo de 3,8ºC. Os resultados sugerem a possibilidade deste laser ser utilizado tanto no preparo cavitário como em preparo de canais radiculares.
 COBB et al. (1997) compararam “in vitro” as alterações ocorridas nas paredes dentinárias dos canais radiculares tratados à Laser Er:YAG com refrigeração de ar/água, e Lasers de CO2 e Nd:YAG, utilizados com e sem refrigeração. As amostras tratadas com Laser de CO2 foram submetidas à densidades de energia que variaram de 100 até 400 J/cm2; com Laser de Nd:YAG de 286 até 1857 J/cm2 e o Laser de Er:YAG com variação de 20 até 120 J/cm2. Foram utilizados 42 dentes, distribuídos em 7 grupos experimentais, dos quais o grupo controle que não foi irradiado. Os autores concluíram neste experimento que as alterações na estrutura das paredes dentinárias dos canais radiculares causadas pelo Laser de CO2 e Nd:YAG estavam diretamente relacionadas à densidade de energia e não com o uso de refrigeração. Esse dois Lasers induziram alterações de superfície como carbonizações, cavitações, remineralizações, fusões dentinárias e fissuras. Ao contrário, o Laser Er:YAG provocou alterações radiculares superficiais similares ao condicionamento ácido, isto é, removeu “smear layer” expondo os canalículos dentinários, sem evidência de fusão e carbonização.
 TANJI et al. (1997) avaliaram o aspecto micromorfológico das paredes do canal radicular irradiadas à Laser Er:YAG com diferentes níveis de energia (8,64J/cm2; 11,29J/cm2 e 14,11J/cm2). Foram utilizados 35 dentes com canais preparados convencionalmente e posteriormente, irradiados com as diferentes energias. O grupo controle foi tratado com ácido fosfórico a 35%. Os resultados mostraram que a remoção da “smear layer” com Laser de Er:YAG foi mais eficaz, deixando os canalículos dentinários totalmente desobstruídos em toda extensão do canal, com melhores resultados quando utilizaram energia de 14,11 J/cm2.
 TAKEDA et al. (1998a) avaliaram o efeito da irradiação com Laser Er:YAG na limpeza e remoção da “smear layer” das paredes dos canais radiculares. Os canais foram preparados de modo convencional e posteriormente receberam irradiação à Laser Er:YAG por seguintes parâmetros: 100mJ, 1W de potência e freqüência de 10Hz durante 3 segundos e o outro grupo foi irradiado com os mesmos parâmetros porém com 5 segundos. O grupo controle não recebeu irradiação. A microscopia eletrônica de varredura evidenciou uma grande quantidade de detritos e “smear layer” no grupo controle, em toda a extensão do canal radicular, obliterando os canalículos dentinários. As paredes dos canais irradiados com Laser Er:YAG não apresentaram detritos,os canalículos dentinários encontravam-se totalmente desobstruídos, demonstrando que o Laser de Er:YAG foi eficaz na limpeza e remoção da “smear layer” em toda a extensão do canal radicular. Não houve diferença estatística significante entre os resultados utilizando Laser de Er:YAG com os dois diferentes tempos de irradiação.
 TAKEDA et al. (1998b) avaliaram, por meio da microscopia eletrônica de varredura, a capacidade de remoção da “smear layer”, utilizando Laser Er:YAG após a instrumentação dos canais radiculares pela técnica “step-back”. Como substâncias irrigantes, utilizaram-se hipoclorito de sódio a 5,25% alternado com peróxido de hidrogênio a 3%, e irrigação final com água destilada. Utilizaram-se 36 dentes unirradiculares, divididos em três grupos. O primeiro grupo foi utilizado como controle, e não recebeu irradiação. Nos grupos dois e três, os dentes foram irradiados com Laser Er:YAG com potências de 1 W e 2 W, respectivamente. Os resultados evidenciaram que o grupo controle apresentava grande quantidade de “smear layer”, obstruindo os canalículos dentinários em toda extensão do canal radicular. Os dentes irradiados com Laser Er:YAG apresentaram-se livres da “smear layer” com canalículos dentinários abertos. Não houve diferença estatística significante entre os grupos irradiados com 1 e 2 W de potência.
 TAKEDA et al. (1998c) estudaram o efeito da utilização de 3 tipos de laser (Argônio, Nd:YAG e Er:YAG) na remoção da “smear layer” das paredes dos canais radiculares. Para isso, os canais radiculares foram preparados pela técnica “step-back” e divididos em quatro grupos. Grupo 1: os canais, após a instrumentação, foram irrigados com EDTA a 17%. Grupo 2: os canais foram irradiados com laser do Argônio nos parâmetros de 1W, 50mJ e 5Hz. Grupo 3: os canais foram irradiados com laser Nd:YAG com os parâmetros de 2W, 200mJ e 20Hz. Grupo 4: os canais foram irradiados com Laser Er:YAG com os parâmetros de 1W, 100mJ e 10Hz. Por meio de microscopia eletrônica de varredura, verificaram que o tratamento com EDTA a 17% removeu “smear layer” nos terços médios e coronários, porém não removeu no terço apical. Os grupos irradiados com Laser de Argônio e Nd:YAG apresentavam-se livre da “smear layer” em toda a extensão do canal, porém com fusão e recristalização nas paredes dentinárias, selando os canalículos dentinários. O grupo 4, irradiado com Laser Er:YAG, mostrou-se livre da “smear layer” em toda a extensão do canal, deixando os canalículos dentinários desobstruídos, sem causar fusão, trincas ou fraturas nas paredes dentinárias.
 MATSUOKA et al. (1998) investigaram “in vitro” o efeito do Laser Er:YAG na limpeza dos canais radiculares, principalmente na região apical. Avaliaram também a eficácia do fibroscópio para verificação da remoção de detritos nas paredes do canal radicular. Foram utilizados 80 dentes unirradiculares, e após o preparo convencional dos canais com limas tipo #K e pela técnica “step-back”, foram divididos aleatoriamente em 4 grupos. Os grupos 1, 2 e 3 foram irradiados com Laser Er:YAG com parâmetros de 1W, 2W e 3W respectivamente. O grupo 4 foi usado como controle e não foi irradiado. Após a secção longitudinal dos dentes, foram observados por estereoscópio e por meio de microscópio eletrônico de varredura. A avaliação feita pelos dois métodos, quanto à quantidade de resíduos no terço apical, foi similar. Os autores concluíram, que o Laser de Er:YAG, foi eficiente na limpeza da região apical dos canais radiculares e o uso do fibroscópio foi eficiente para avaliar os resíduos remanescentes nas paredes dos canais radiculares.
 CECCHINI et al. (1998) determinaram os efeitos do tratamento à Laser Er:YAG nas alterações de temperatura e estrutura das paredes dentinárias de canais radiculares irradiados nos seguintes parâmetros: 60mJ ou 120mJ (grupo 1 e 2, respectivamente) e 10Hz e 40mJ ou 80mJ e 40Hz (grupos 3 e 4, respectivamente). Os canais foram irradiados por quatro períodos, com duração de 3 segundos e com 20 segundos de intervalo entre ele, com movimentos helicoidais da fibra ótica, no sentido ápico-cervical, irradiando 2mm/s ou com a ponta de fibra ótica parada no terço apical durante 3 segundos. Os resultados mostraram, por meio de microscopia eletrônica de varredura, que a remoção da “smear layer” foi eficiente em toda a extensão do canal radicular, desobstruindo os canalículos dentinários principalmente com os parâmetros de 120mJ e 10Hz. A avaliação, por meio de par termoelétrico, mostrou que o aumento de temperatura variou de 2ºC a 4ºC, dependendo do nível de energia utilizado.
 TAKEDA et al. (1999) compararam “in vitro” a remoção da “smear layer”, após o preparo convencional dos canais radiculares de 60 dentes pela técnica “step-back”, com irrigação de hipoclorito de sódio a 5,25%, alternado com água oxigenada a 3% e posteriormente tratados com diferentes soluções irrigantes e dois tipos de laser. O grupo 1, 2 e 3 receberam irrigação final EDTA a 17%, ácido fosfórico a 6% ácido cítrico a 3% respectivamente. O grupo 4, após o preparo convencional, foi irradiado com Laser de CO2 e o grupo 5, com Laser Er:YAG. Os dentes foram seccionados longitudinalmente e avaliados por meio de microscopia eletrônica de varredura. Os resultados mostraram que os dentes irradiados com Laser Er:YAG apresentaram remoção da “smear layer” em toda a extensão dos canais, apresentando canalículos dentinários desobstruídos, com uma limpeza superior aos outros grupos experimentais. O Laser de CO2 removeu “smear layer”, porém causou áreas de carbonização, fusão dentinária, deixando os canalículos selados. Os grupos tratados com as soluções irrigantes não removeram totalmente a “smear layer” em toda extensão do canal, principalmente em terço apical.
 CECCHINI et al. (1999) determinaram “in vitro”, parâmetros seguros no preparo de canais radiculares com Lasers de Nd:YAG e Er:YAG. Sessenta canais que foram preparados convencionalmente até a lima K #45, e posteriormente irradiados por meio de fibra ótica de 375mm (Er:YAG) e 300mm (Nd:YAG). Os parâmetros utilizados foram de acordo com o tipo de laser, variando de 40-100mJ e 10-15Hz. Os canais foram irradiados de duas maneiras: a) por 4 vezes, com aplicação 3 segundos, com intervalo de 20 segundos entre cada aplicação e movimentos helicoidais de apical para cervical irradiando com velocidade de 2mm/s e b) com a ponta de fibra ótica estacionada à 1mm do forame apical irradiando por 3 segundos. A observação do aumento da temperatura mostrou, que para ambos os Lasers, quando utilizados com movimentos helicoidais, variou em média de 5ºC e, sem movimento, o aumento foi, em média, de 5ºC a 10ºC. Por meio da microscopia eletrônica de varredura, observou-se que o uso do Laser Er:YAG não evidenciava fraturas e fusão dentinária e mostrava uma efetiva remoção da “smear layer”, desobstruindo os canalículos dentinários, com melhores resultados com energia de 80mJ, 10Hz. Com o laser Nd:YAG, houve remoção da “smear layer” com fusão e recristalização da dentina, selando os canalículos dentinários.
 SOUSA-NETO (1999) avaliou “in vitro” o efeito da aplicação do Laser Er:YAG sobre a dentina humana, na adesividade de diferentes cimentos obturadores (Grossman, EndométhasoneÒ, N-RickertÒ e Sealer 26Ò). Os cimentos foram colocados em dentina após tratamento com soro fisiológico e Laser Er:YAG. Os resultados mostraram que aplicando os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol sobre a dentina, tratadas ou não com laser, não havia diferença estatística significante no que diz respeito à adesão. O autor explicou que esses resultados eram devidos ao fato da adesão desses cimentos ser dada pela carga elétrica da colofônia, usada em sua fórmula, e não por embricamento mecânico. Os resultados mostraram que a aplicação do Laser Er:YAG na dentina aumentou a adesão dos cimentos obturadores à base de resina epóxica.
 CUSSIOLI (1999) estudou “in vitro” a aplicação do Laser Er:YAG e da solução de EDTAC na superfície dentinária sobre a adesividade de cimentos à base de resina epóxica (AH PlusÒ, TopsealÒ, AH 26Ò, Saler PlusÒ). O cimento FillcanalÒ à base de óxido de zinco e eugenol foi utilizado como controle. A força de adesão foi detectada através de uma Máquina Universal de Ensaios. Os resultados mostraram haver diferença estatística ao nível de 1% de probabilidade entre as condições de tratamento da dentina e os diferentes cimentos endodônticos. A dentina tratada com Laser Er:YAG propiciou maior adesividade. A estatística mostrou que os cimentos testados podiam ser classificados em uma ordem decrescente de adesividade: TopsealÒ e Sealer 26Ò com valores estatisticamente semelhantes; AH 26Ò; Sealer PlusÒ; FillcanalÒ com menor valor de adesividade.
 PÉCORA et al. (2000b) analisaram “in vitro” a permeabilidade dentinária após o preparo dos canais radiculares com diferentes soluções irrigantes e irradiação com Laser Er:YAG. Para isso foram utilizados 25 dentes, divididos em 5 grupos, que receberam os seguintes tratamentos: grupo 1 - irrigação com água destilada deionizada; grupo 2 - hipoclorito de sódio; grupo 3 - água destilada deionizada mais irradiação com Laser Er:YAG; grupo 4 - hipoclorito de sódio mais irradiação com Laser Er:YAG e grupo 5 - irradiação com Laser Er:YAG. Os parâmetros do laser utilizados foram 15Hz, 14mJ, energia total de 42J, 300 pulsos. Os resultados mostraram que o uso de água destilada deionizada mais irradiação com Laser Er:YAG foi mais efetivo, aumentando consideravelmente a permeabilidade dentinária.
 Assim, com base na literatura especializada, observa-se que a aplicação da irradiação do Laser Er:YAG é eficiente para a remover a "smear layer" de canais radiculares infectados.


3 PROPOSIÇÃO

 O objetivo do presente trabalho consiste em estudar “in vitro” a infiltração marginal coronária em canais radiculares obturados, com observância dos seguintes fatores de variações:

3.1 dois modos de remoção da “smear layer” das paredes dentinárias dos canais radiculares (solução de EDTA a 17% e Laser Er:YAG);
3.2 dois cimentos obturadores de canais radiculares (Sealer 26Ò e tipo Grossman).


4 MATERIAL E MÉTODO

 Neste trabalho, utilizaram-se sessenta e quatro dentes humanos, unirradiculares, com canais retos, de estoque, obtidos do banco de dentes do laboratório de Pesquisas em Endodontia do Departamento de Odontologia Restauradora da FORP-USP, armazenados em solução de timol a 0,1% a nove graus centígrados até o momento de uso.
 Para serem utilizados, lavavam-se os dentes, que estavam armazenados em solução de timol, em água corrente por vinte e quatro horas, com o objetivo de eliminar traços dessa substância anti-séptica.
 Realizou-se a cirurgia de acesso endodôntico com broca carbide número 1557, acionada em alta rotação e refrigerada com “spray” de água e, também, com o uso de uma broca de aço (tipo Batt ) acoplada em um contra-ângulo acionado por micromotor de baixa rotação. Uma vez concluída esta etapa, os dentes tiveram suas câmaras pulpares irrigadas abundantemente com solução de hipoclorito de sódio a 1%, para remoção de tecido pulpar e raspas de dentina.
 Estabeleceu-se o comprimento de trabalho introduzindo-se uma lima tipo K #10 (Moyco Union Broach® - USA), até ser vista no forame apical de cada dente. Reduziu-se essa medida em um milímetro. Assim, estipulou-se o limite da instrumentação a um milímetro aquém do forame apical.
 Instrumentaram-se os canais pela técnica “step-back”, preconizada por MULLANEY (1979), por meio de instrumentação seriada, no comprimento de trabalho, estabelecida para cada dente até a lima tipo K #50 (Moyco Union Broach® - USA), e subseqüente recuo de 1 milímetro a cada instrumento, escalonando até o instrumento K #80. Durante todo o processo de instrumentação, utilizaram-se 10 mililitros de hipoclorito de sódio a 1% para a irrigação do canal, sendo que, durante a troca de cada lima, irrigou-se o canal com 1 mililitro dessa solução. Realizou-se a irrigação final com 10 mililitros de água destilada e deionizada.
 A solução de hipoclorito de sódio a 1% foi aviada e titulada no Laboratório de Pesquisa em Endodontia da FORP-USP.
 Após o preparo químico-mecânico dos canais radiculares de todos os dentes, estes foram distribuídos aleatoriamente em três grupos de 20 dentes cada.
 GRUPO I - Dividiram-se os vinte dentes deste grupo em dois subgrupos com 10 dentes cada. Os dentes do primeiro subgrupo tiveram seus canais radiculares obturados com cimento do tipo Grossman e os dentes do segundo subgrupo tiveram seus canais radiculares obturados com cimento Sealer 26®. Para a obturação, utilizou-se a técnica da condensação lateral da guta-percha.
 GRUPO II - Os vinte dentes deste grupo tiveram seus canais radiculares irrigados adicionalmente, após a instrumentação, com 15 ml de solução de EDTA a 17%, aplicados lentamente, de modo a perfazer dez minutos e, a seguir, foram irrigados com 10 ml de água destilada deionizada. Em seguida, dividiram-se os dentes, assim preparados, em dois subgrupos com dez dentes cada e obturados de modo idêntico aos do Grupo I.
 GRUPO III - Os vinte dentes deste grupo tiveram seus canais radiculares instrumentados como no Grupo I e irradiados com Laser Er:YAG. O laser foi aplicado no canal radicular e na superfície dentinária da porção coronária por meio de uma fibra óptica (E2055) com diâmetro de 350 micrometros. A fibra óptica era colocada no interior do canal radicular, no comprimento de trabalho e o laser era acionado. A fibra óptica era, então ,deslocada de apical para cervical com movimentos helicoidais de modo lento e com uma velocidade de 2 milímetros por segundo. Utilizou-se o Laser Er:YAG com os seguintes parâmetros: 140 mJ, 15Hz, 42J. A seguir, dividiram-se os dentes, assim preparados, em dois subgrupos, com dez dentes cada e foram obturados de modo idêntico aos do Grupo I.
 O Laser Er:YAG utilizado neste trabalho foi o modelo KAVO K E Y 1242 (Kavo Dental GmbH Vertriebsgesellschaft, Alemanha), que pode ser visto nas Figuras 1e 2.
 

Figura 1. Aparelho de Laser Er:YAG, modelo KAVO K E Y 1242, produzido pela Kavo Dental GmbH Vertriebsgesellschaft.

Figura 2. Visor do aparelho de Er:YAG mostrando os parâmetros usados para irradiação dos dentes.
 

4.1 Obturação dos canais radiculares.

 Uma vez realizado o preparo dos canais de acordo com cada grupo, secaram-se os dentes com pontas de papel absorvente (Dentsply® Petrópolis). A seguir, selecionou-se o cone principal de guta-percha de cor branca (Herpo® Rio de Janeiro), compatível com o calibre da lima memória de instrumentação, ou seja, lima tipo K#50, no comprimento de trabalho.
 Os cimentos obturadores utilizados foram: tipo Grossman (manipulado no Laboratório de Pesquisa em Endodontia da FORP-USP) e o Sealer 26® (Dentsply® Petrópolis), como mostra a Figura 3.

Figura 3. Cimentos utilizados: Sealer 26® e tipo Grossman.

 Espatularam-se os cimentos em uma placa de vidro até se obter a consistência preconizada por GROSSMAN (1974).
 O cimento do tipo Grossman (GROSSMAN, 1974) utilizado foi aviado no Laboratório de Pesquisa em Endodontia da FORP-USP com a seguinte formulação: Pó - Óxido de zinco 42% (Merck, Alemanha); Breu 27% WG; Subcarbonato de Bismuto 15% (Merck); Sulfato de Bário 15% (Merck) e Tetraborato de Sódio Anidro 1% (Merck). O líquido utilizado para a manipulação deste cimento foi o Eugenol (Diemberger, Barra Bonita).
 Obturaram-se os dentes pela técnica de condensação lateral com compactação vertical, de acordo com o preconizado por DE DEUS (1992). Nesta técnica, após a seleção do cone principal, levou-se o cimento obturador para o interior do canal radicular com auxílio de alargador endodôntico #25, e após introduziu-se o cone principal também envolvido em cimento. A seguir, colocaram-se cones secundários com o auxílio de espaçadores digitais (Finger plugs - Dentsply Maillefer® Suíça) para criar espaço no canal radicular, com movimento de compressão lateral.
 Os cones secundários eram também envolvidos em cimento obturador, levados aos espaços abertos, sendo que esta operação era repetida até que não se conseguisse mais inserir o espaçador. Realizou-se a compressão lateral de forma bastante suave, mas com o objetivo de preenchimento tridimensional do sistema de canais radiculares.
 Uma vez concluída a condensação lateral, um instrumento aquecido ao rubro era usado com objetivo de remover o excesso extracoronário de cones. O restante que permaneceu no interior do canal foi condensado com auxílio dos condensadores de Paiva.
 Concluída a obturação, limpou-se a câmara pulpar com um pequeno pedaço de esponja embebida em álcool para remoção do excesso de cimento obturador. Após a limpeza da câmara pulpar, colocou-se uma bolinha de algodão na entrada do canal e preecheu-se a câmara pulpar com cimento provisório (Cimpat®).
 A seguir, colocaram-se os dentes em estufa a 37 graus centígrados, com umidade relativa de 95 por cento durante uma semana, para endurecimento do cimento obturador.

4.2 Preparo dos dentes para a verificação da infiltração coronária.

 Uma vez completado este tempo, secaram-se os dentes em uma gaze e, em seguida, receberam um revestimento composto por três camadas de cianoacrilato (Super Bonder Loctite Brasil Ltda), realizado com pincel, em toda a superfície externa das raízes, de modo a impermeabilizá-las.
 Depois da polimerização do cianoacrilato, removeram-se os selamentos provisórios das câmaras pulpares e imergiram-se os dentes em tinta Nanquim (Fabber Castell®), e submetidos à uma câmara a vácuo por dez minutos. Para isso, utilizou-se uma bomba de vácuo (Pffiffer, Alemanha), com pressão negativa de 27 quilogramas por centímetro quadrado. A seguir, os dentes permaneceram imersos em tinta Nanquim, mantidos em estufa a 37 graus centígrados durante sessenta dias.
 Neste trabalho, utilizaram-se dois dentes como controle positivo e dois como controle negativo.
 Os dentes do controle positivo diferenciaram-se dos demais dentes dos Grupos I, II e III por serem obturados somente com cones de guta-percha sem a utilização de cimento obturador.
 Os dentes do controle negativo, por sua vez, distinguiram-se dos demais dentes dos Grupos I, II e III por terem sido totalmente revestidos por três camadas de cianoacrilato.
 Cumpre salientar que submeteram-se os dentes do controle positivo e negativo à imersão em tinta Nanquim de modo exatamente igual aos demais dentes do experimento.
 Ao final dos 60 dias de imersão, removeram-se os dentes do corante e lavados em água corrente durante uma hora. Retiraram-se as camadas de cianoacrilato (Super Bonder®Loctite Brasil Ltda) com auxílio de uma lâmina de bisturi número 15.
 Completada esta etapa, colocaram-se os dentes em um recipiente plástico, onde verteu-se solução de ácido clorídrico a 5% (Merck, Alemanha), para promover a descalcificação. Colocou-se este recipiente de plástico sobre um agitador magnético (Tecnal, São Paulo), que mantinha o ácido em agitação constante.
 Trocava-se o ácido clorídrico a cada vinte e quatro horas, até completar a descalcificação dos dentes.
 Uma vez descalcificados, lavavam-se os dentes em água corrente por vinte e quatro horas, com objetivo de se eliminarem traços da solução ácida.
 A seguir, desidratavam-se os dentes em bateria de álcool (Merck Alemanha) ascendente (70, 80, 96 e 100%), com banho de 4 horas em cada um deles.
 Obtida a desidratação, procedia-se à diafanização dos dentes em salicilato de metila (Vetec, Rio de Janeiro).
 Processada a diafanização, levavam-se os dentes em uma lâmina de vidro ao microscópio de mensuração (Nikon, Japão), para avaliar as profundidades de infiltração coronária (Figura 4).
 Mensuravam-se os valores de infiltração coronária tendo como ponto-de-referência o corte transversal da guta-percha, na embocadura do canal radicular, e o ponto de maior penetração longitudinal do corante. A medida da infiltração era dada em milímetros.
 Anotavam-se os valores da infiltração do corante (tinta Nanquim) e os submetiam-se dados obtidos à análise estatística.

Figura 4. Microscópio de mensuração (Nikon).


5 RESULTADOS

 O modelo matemático do presente estudo é composto por dois fatores de variação independentes. O primeiro é chamado de Tratamento Prévio à Obturação do Canal Radicular, composto por três componentes (hipoclorito de sódio a 1%, EDTA a 17% e Laser Er:YAG) e o segundo, Cimentos Endodônticos, apresentando dois componentes: cimentos tipo Grossman e Sealer 26®. Cada uma das interações Tratamento Prévio à Obturação do Canal versus Cimentos Endodônticos apresentam 10 repetições. O número total de dados é de 60 valores numéricos correspondentes à infiltração coronária do corante, em milímetros. Estes dados são advindos do produto fatorial de três tratamentos prévios à obturação do canal radicular, dois cimentos endodônticos e dez repetições, 3x2x10=60. Os dados estão expressos na Tabela I.

TABELA I. Valores, em milímetros, da infiltração marginal coronária do corante.

 Realizaram-se testes preliminares utilizando os dados originais da Tabela I e um “software” estatístico (GMC 7.0), com a finalidade de verificar a normalidade e a homoscedasticidade da distribuição amostral, a fim de decidir sobre que tipo de estatística deveria ser empregada, paramétrica ou não-paramétrica.
 Esses testes iniciais compreendiam cinco testes, nos quais se calculavam os parâmetros amostrais, fazia-se a distribuição das freqüências acumuladas das curvas experimental e normal matemática, além de traçar o histograma de freqüências em intervalos de classe medido pelo desvio padrão da amostra e teste de aderência à curva normal. Por último, verificava-se a homoscedasticidade amostral pelo teste de Cochran. Os resultados desses testes serão expostos a seguir.

5.1 Parâmetros amostrais.

 Pela análise da Tabela II, observa-se que houve quantidade considerável de valores situados no intervalo de classe a que pertence a média amostral, e quase simetria da distribuição dos dados em torno da média (21 dados abaixo contra 17 acima da média). Estes parâmetros falam em favor de uma distribuição normal.

TABELA II. Cálculo dos parâmetros amostrais. Valores originais.

5.2 Distribuição de freqüências.

 A Tabela III mostra que a distribuição das freqüências absolutas por intervalo de classe apresenta tendência central: 0; 5; 16; 22; 13; 4; 0.

Tabela III. Distribuição de freqüências por intervalos de classe e acumuladas. Valores originais.

 A seguir, traçou-se o gráfico da Figura 5 a partir dos percentuais acumulados de freqüências, que constam na Tabela III.
 Esse gráfico registra duas linhas superpostas, uma correspondente à curva normal matemática e a outra à curva experimental.
 O grau de concordância ou de aderência entre essas duas curvas é avaliado pela maneira como ambas se ajustam. A discrepância relativamente pequena entre elas traduz uma boa possibilidade de a distribuição amostral ser normal.

5.3 Percentuais acumulados de freqüências.

Figura 5. Curva experimental e normal dos percentuais de freqüências acumulados.

 A Figura 6 mostra o histograma das freqüências dos dados originais. Nessa figura, observa-se a distribuição central dos dados experimentais e certa simetria em relação à média, com números mais ou menos equivalentes abaixo e acima dela.

5.4 Histograma de freqüências.

Figura 6. Histograma de freqüências da distribuição dos erros amostrais e curva normal.

5.5 Teste de aderência à curva normal.

 A Tabela IV apresenta os resultados do teste de aderência da distribuição de freqüências por intervalo de classe da distribuição normal em relação à mesma distribuição dos dados amostrais. Verifica-se que a probabilidade de a distribuição experimental ser normal é de 61,04%.

TABELA IV. Teste de aderência à curva normal. Valores originais.

5.6 Teste de homogeneidade de Cochran.

 Este teste compara a maior variância, individualmente considerada, contra a soma de todas as variâncias envolvidas na amostra. O valor calculado resulta da divisão da variância de maior valor pela soma de todas as variâncias utilizadas no estudo estatístico. Os valores críticos testados para 6 variâncias e 9 graus de liberdade para cada uma são 0,3682 e 0,4229, respectivamente para os níveis de 5 e 1% de significância. O teste realizado apresentou valor calculado de 0,3142, menor portanto do que qualquer dos dois valores tabelados citados, indicando a homogeneidade das variâncias envolvidas na amostra. Esses dados estão expressos na Tabela V.
 

TABELA V. Teste de homogeneidade de Cochran. Valores originais.

 A análise do conjunto de resultados obtidos nesses testes preliminares levou à conclusão de que a distribuição amostral era normal e homogênea, o que autorizava a aplicação da estatística paramétrica.

5.7 Análise de Variância.

 O teste estatístico que melhor se adaptava ao modelo experimental era a análise de variância. O resultado da análise de variância pode ser visto na Tabela VI.

TABELA VI. Análise de variância. Valores originais.

 A análise de variância acusou diferença estatística significante (p<0,01), tanto entre tratamentos aplicados previamente às paredes dos canais radiculares bem como entre os cimentos utilizados. Evidenciou, também, diferença estatística significante (p<0,05) na interação tratamentos x cimentos.
 Assim, a análise de variância esclarece que há diferença estatística significante entre os cimentos Sealer 26Ò e o cimento tipo Grossman. O cimento Sealer 26Ò promoveu menor infiltração marginal coronária do que o cimento tipo Grossman.

5.8 Teste de Tukey.

 A fim de esclarecer quais dos tratamentos envolvidos na análise de variância seriam significantemente diferentes entre si, efetuou-se um teste de Tukey complementar para comparar as médias referentes aos tratamentos realizados previamente à obturação dos canais radiculares (Tabela VII).

Tabela VII. Teste de Tukey: entre tratamentos.

 O teste de Tukey acusou diferença estatística entre as médias referentes ao tratamento prévio da dentina com hipoclorito de sódio a 1% (sem remoção da “smear layer”) e os tratamentos realizados com a remoção da “smear layer” ou seja, hipoclorito de sódio a 1% + Laser Er:YAG e hipoclorito de sódio + EDTA a 17% (p < 0,01), porém mostrou não haver diferença estatística significante entre os tratamentos (com remoção da “smear layer”), ou seja, com hipoclorito de sódio a 1% + EDTA a 17% e do hipoclorito de sódio a 1% + Laser Er:YAG.
 A fim de esclarecer quais das interações envolvidas na análise de variância seriam significantemente diferentes entre si, efetuou-se teste de Tukey complementar para comparar as médias referentes às interações (Tabela VIII).

Tabela VIII. Teste de Tukey: entre interações.

 O teste de Tukey entre interações esclareceu que as interações cimento tipo Grossmam versus tratamento prévio do canal com hipoclorito de sódio a 1% + EDTA a 17%, o cimento Sealer 26Ò versus tratamento prévio do canal com hipoclorito de sódio a 1% + EDTA a 17% e o cimento AH 26Ò versus tratamento prévio do canal com hipoclorito de sódio a 1% + Laser Er:YAG apresentavam-se estatisticamente semelhantes entre si e com os menores valores de infiltração marginal coronária que as demais interações estudadas.
 As interações cimento Sealer 26Ò versus tratamento prévio do canal com hipoclorito de sódio a 1% e cimento tipo Grossmam versus hipoclorito de sódio a 1% + Laser Er:YAG apresentavam-se estatisticamente semelhantes entre si e permitiam valores de infiltração marginal coronária maiores que as interações cimento tipo Grossman versus hipoclorito de sódio a 1% + EDTA a 17%, Sealer 26Ò versus hipoclorito de sódio a 1% + EDTA a 17% e Sealer 26Ò versus hipoclorito de sódio a 1% + Laser Er:YAG.
 A interação cimento tipo Grossman versus hipoclorito de sódio a 1% apresentou o maior valor de infiltração marginal coronária que as demais interações estudadas.
 O gráfico da Figura 7 ilustra de modo mais claro os resultados obtidos com os valores médios das interações tratamento versus cimentos.

Figura 7. Gráfico das interações entre tratamentos e cimentos.

 As Figuras 8, 9, 10, 11, 12 e 13 ilustram as infiltrações marginais coronárias da tinta Nanquim nos canais radiculares obturados. As Figuras 14 e 15 mostram os dentes com canais radiculares obturados e utilizados como controle positivo e negativo, respectivamente.

Figura 8. Infiltração coronária da tinta Nanquim em canais radiculares irrigados com hipoclorito de sódio a 1% e obturados com cimento tipo Grossman. Infiltração em toda a extensão do canal radicular obturado.

Figura 9. Infiltração coronária da tinta Nanquim em canais radiculares irrigados com hipoclorito de sódio a 1% e obturados com cimento Sealer 26Ò, com a menor e a maior infiltração (esquerda e direita, respectivamente).

Figura 10. Infiltração coronária da tinta Nanquim em canais radiculares que receberam irrigação final com uma solução de EDTA a 17% e obturação com cimento do tipo Grossman. Menor infiltração à esquerda e maior, à direita.

Figura 11. Infiltração coronária da tinta Nanquim em canais radiculares que receberam irrigação final com uma solução de EDTA a 17% e foram obturados com cimento Sealer 26Ò. Maior infiltração à esquerda e menor, à direita.

Figura 12. Infiltração coronária da tinta Nanquim em canais radiculares que receberam irradiação final com Laser Er:YAG e obturados com cimento tipo Grossman.

Figura 13. Infiltração coronária da tinta Nanquim em canais radiculares que receberam irradiação final com Laser Er:YAG e obturados com cimento Sealer 26®. Menor infiltração à esquerda e maior, a direita.

Figura 14. Dentes com canais obturados com cones de guta-percha evidenciando a infiltração total da tinta Nanquim (controle positivo).

Figura 15. Dentes com canais obturados com cones de guta-percha sem a infiltração da tinta Nanquim (controle negativo).


6 DISCUSSÃO

Um dos axiomas da Endodontia expressa que o selamento tridimensional do canal radicular, por meio da obturação, constitui um objetivo de fundamental importância para o sucesso do tratamento.
 A obturação hermética deve propiciar não só um selamento apical bem realizado como também em toda a extensão do canal e na sua porção coronária. Não há parte da obturação do canal radicular mais importante do que outra, pois só o conjunto todo permite obter o sucesso no tratamento. Falhas no selamento apical e ou no selamento coronário permitirão a passagem de líqüidos, substâncias e microorganismos de um meio para outro.
 Estudos desenvolvidos nestas últimas duas décadas têm demonstrado que canais radiculares expostos diretamente à saliva do meio bucal podem se tornar contaminados em poucos dias ou meses (TORABINEJAD et al., 1990; KHAYAT et al., 1993; Wu et al., 1993).
 No presente trabalho, avaliou-se a infiltração marginal coronária de canais radiculares obturados com dois tipos de cimentos após o preparo biomecânico, com adoção do hipoclorito de sódio a 1% como solução irrigante e de dois modos de se promover a remoção da “smear layer”, ou seja, com o uso de uma irrigação final de EDTA a 17% e da aplicação adicional do Laser Er:YAG
 O uso da solução de EDTA a 17%, preconizada por ØSTBY (1957), deveu-se ao fato de que esta solução quelante remove a “smear layer” das paredes dentinárias de canais instrumentados, como foi confirmado por diversos pesquisadores (McCOMB & SMITH, 1975; YAMADA et al., 1983; MADER et al., 1984; SEN et al., 1995; BEHREND et al., 1996; TAYLOR et al., 1997), dentre outros.
 O Laser Er:YAG foi utilizado neste experimento porque é um tipo de Laser que apresenta comprimento de onda de 2,94 µm (2940 nanometros) e interage bem com a água e permite ablação termomecânica dos tecidos duros sem causar danos térmicos deletérios à polpa e aos tecidos periapicais e, ainda, tem a propriedade de remover a “smear layer” das paredes dentinárias dos canais radiculares instrumentados (HIBST & KELLER, 1989; KELLER & HIBST, 1989; HOKE et al., 1990; TAKEDA et al., 1998a; TAKEDA et al., 1999; CECHINI et al., 1999; PECORA et al., 2000b).
 A técnica da condensação lateral da guta-percha foi escolhida por ser a técnica mais utilizada nas clínicas e ser utilizada como controle quando se comparam técnicas de obturação dos canais radiculares (MADISON et al., 1987; MAGURA et al., 1991; SAUNDERS & SAUNDERS, 1992, 1994 e 1995; CROW et al., 1993; KHAYAT et al., 1993; WU et al., 1993; TIDSWELL et al., 1994 e FERRAZ, 1999). Além disso, essa técnica preconiza a inclusão de cones acessórios adicionais, que obturam os espaços existente e oferecem resistência à infiltração coronária (BAUMGARDNER et al., 1995)
 O cone de guta-percha utilizado neste experimento foi o de cor branca para facilitar a visualização do identificador da infiltração, durante a mensuração no microscópio. No momento da imersão dos dentes obturados no identificador da infiltração, foi aplicado vácuo por 10 minutos com o objetivo de se remover os bolsões de ar de acordo com GOLDMAN et al. (1989) e HOLLAND et al. (1990 e 1991a e b).
 Como identificador da infiltração marginal, optou-se pela tinta Nanquim por ser insolúvel aos tratamentos com ácido, álcoois e salicilato de metila, soluções essas utilizadas no processo de diafanização dos dentes com os canais obturados. (PÉCORA et al., 1991).
 A técnica de diafanização foi adotada para a verificação da infiltração marginal coronária pelos seguintes motivos: a) permite visão tridimensional dos dentes clarificados b) permite leitura mais real da profundidade de penetração do identificador; c) não altera a anatomia interna dos dentes; d) baixo custo; e) apresenta baixo índice de erro (PÉCORA et al., 1991, 1992 e 1993) e, além disto, foi empregada por vários pesquisadores que estudaram a infiltração marginal coronária (SAUNDERS & SAUNDERS 1992, 1994 e 1995; TIDSWELL et al., 1994; BAUMGARDNER et al., 1995; LEONARD et al., 1996).
 Os dados da infiltração marginal coronária, obtidos neste trabalho, foram submetidos à análise dos parâmetros amostrais que indicaram sua normalidade e homocedasticidade e assim aplicou-se a análise de variância (Tabela VI), que evidenciou o seguinte: a) há diferença estatística significante entre os cimentos utilizados (p<0,01). O cimento Sealer 26® apresentou menor infiltração do que o cimento do tipo Grossman, com média de infiltração de 6,10 e 8,17 milímetros respectivamente; b) Há diferença estatística significante (p<0,01) entre os tratamentos prévios utilizados e c) Há diferença estatística significante (p<0,05) nas interações cimentos versus tratamentos.
 A diferença entre os cimentos pode ser explicada pelo fato de o cimento tipo Grossman ter sua adesão à dentina baseada em cargas eletrostáticas geradas entre a dentina e a resina vegetal (breu) presente em sua fórmula (SOUSA-NETO, 1997) e o cimento Sealer 26Ò, por ser um cimento à base de resina epóxica, imbrica nas irregularidades da dentina como também penetra nos canalículos dentinários (FIDEL, 1993; CUSSIOLI, 1999).
 O teste de Tukey entre tratamentos (Tabela VII) esclarece que a utilização do hipoclorito de sódio a 1% permitiu maior infiltração do identificador que os demais grupos testados de modo estatisticamente significante (p<0,01), com média correspondente a 9,47 milímetros. Os dentes tratados com irrigação final com EDTA a 17% e o grupo tratado com aplicação adicional do Laser Er:YAG apresentaram-se estatisticamente semelhantes entre si no que concerne à infiltração marginal coronária, com médias de 5,40 e 6,43 milímetros, respectivamente. Assim, observa-se que o uso de procedimentos que removem a “smear layer” promovem menor infiltração do identificador utilizado. A remoção da “smear layer” permite maior contato do cimento com as paredes dentinárias do canal radicular, dificultando a infiltração do identificador pela interface dentina/material obturador.
 Esses achados concernentes à remoção da “smear layer” dificultar a infiltração marginal coronária, estão de acordo com SAUNDERS & SAUNDERS (1992, 1994); BEHREND et al.(1996), LEONARD et al. (1996), TAYLOR et al. (1997).
 A fim de esclarecer as interações entre cimentos versus tratamento da dentina, realizou-se teste de Tukey complementar das interações (Tabela VIII). Para facilitar as explicações das interações dos tratamentos prévios das paredes dentinárias do canal radicular versus o cimento obturador, usamos as seguintes denominações. a) uso de hipoclorito de sódio a 1%; b) uso de EDTA a 17% e c) uso de Laser Er:YAG.
 Desse modo, pode-se afirmar que a interação hipoclorito de sódio a 1% versus cimento do tipo Grossman apresentou a maior infiltração coronária (média de 10,94 milímetros) em comparação com as demais interações e de modo estatisticamente significante (p<0,01).
 A interação hipoclorito de sódio a 1% versus cimento Sealer 26Ò e a interação Laser Er:YAG x cimento do tipo Grossman apresentaram-se me modo estatisticamente semelhantes entre si e com média de infiltração coronária na ordem de 8,19 e 8,16 milímetros respectivamente.
 As interações EDTA a 17% versus cimento do tipo Grossman, EDTA a 17% versus Sealer 26Ò e Laser Er:YAG versus Sealer 26Ò apresentaram-se infiltração coronária de modo estatisticamente semelhantes entre si e com os menores valores de infiltração em relação às demais interações estudadas: 5,40; 5,39 e 4,70 milímetros, respectivamente.
 Esses resultados, mostram de modo claro, que a utilização de procedimentos que removem a “smear layer” possibilitam maior resistência à infiltração marginal coronária. Neste trabalho, em nenhum caso, obteve-se valor zero de infiltração marginal coronária no tempo experimental de sessenta dias. Isto significa que os procedimentos utilizados não impedem a infiltração e, assim, recomenda-se que dentes com canais radiculares obturados devem receber, o mais rápido possível, a restauração definitiva. Estes dados vêm corroborar os achados de MADISON et al. (1987); MAGURA et al. (1991), KHAYAT et al. (1993), WU et al. (1993), TROPE et al. (1995), BEHREND et al. (1996).
 A infiltração marginal coronária ocorre de modo insofismável. Em nenhuma das interações estudadas, o Laser de Er:YAG, nos parâmetros aqui utilizados, foi superior à ação da solução de EDTA a 17% em impedir a infiltração marginal coronária.
 Novas tecnologias e novos procedimentos clínicos devem ser pesquisados com o intuito de se proteger os canais radiculares obturados contra a infiltração marginal coronária.
 Com base neste trabalho, pode-se afirmar que procedimentos operatórios que ajudem a remover a “smear layer” devem ser empregados, pois esta remoção propicia certa resistência à infiltração marginal coronária. Porém, o papel da remoção da “smear layer” deve ser mais estudada, uma vez que há contradições entre os pesquisadores, sendo que alguns são favoráveis à sua remoção (SAUNDERS & SAUNDERS 1992, BEHREND et al. 1996; VASSILIADES et al., 1996; TAYLOR et al., 1997), outros salientam que a presença ou não da “smear layer” não faz diferença (TIDSWELL et al., 1994; CHAILERTVANITKUL et al., 1996).
 A obturação hermética do canal radicular é uma utopia não atingida até o presente momento.
 Sabemos que o tipo de metodologia empregada é um fator importante para o estudo da infiltração de modo geral, porque os corantes, ions e isótopos apresentam tamanhos moleculares menores que as bactérias e seus subprodutos. Porém, se o corante identifica a infiltração, significa que há uma via de passagem e que a bactéria e ou seu subproduto poderão passará em menor ou maior tempo.
 Devemos salientar também que esses achados corroboram a afirmativa de que um canal radicular obturado deve receber, o mais rápido possível, a restauração definitiva e que esta seja bem realizada, pois defeitos de adaptação marginais, que permitam a infiltração de saliva, podem por a perder todo o tratamento endodôntico.
 RAY & TROPE (1995) mostraram que a qualidade de uma restauração permanente tem um papel significante para o sucesso do tratamento endodôntico.
 A maior função da obturação do canal radicular é evitar a penetração de microrganismos e seus subprodutos e proteger os tecidos perirradiculares de doenças (FRIEDMAN et al. 2000) Entretanto, hoje sabe-se que novos cimentos, novas técnicas e novos procedimentos endodônticos devem ser investigados, uma vez que as infiltrações marginais tanto apical como coronária são reais.
 O presente trabalho abre novas perspectivas de estudo, tais como: a) estudar novos parâmetros para ação do Laser Er:YAG no interior dos canais radiculares; b) analisar novos materiais e procedimentos capazes de impedir ou minimizar a infiltração marginal coronária;
c) criar novos métodos que possam simular as condições da cavidade bucal como o fluxo contínuo do identificador, pH, alterações térmicas que simulam as refeições, adotar pressão sobre os dentes que reproduzem as condições mastigatórias e d) realizar pesquisas “in vivo”, que são escassas na literatura.


7 CONCLUSÕES

Com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos, pode-se concluir que:

1 O cimento Sealer 26Ò promoveu menor infiltração marginal coronária que o cimento tipo Grossman;

2 O grupo de dentes irrigados exclusivamente com solução de hipoclorito de sódio a 1% (sem remoção da “smear layer”) apresentou maiores valores de infiltração marginal coronária do que aqueles irrigados com solução de hipoclorito de sódio a 1% e submetidos a aplicações adicionais de EDTA a 17% e de Laser Er:YAG,

2.1 Os grupos submetidos a aplicações adicionais de EDTA a 17% e de Laser Er:YAG apresentaram valores de infiltração marginal coronária estatisticamente semelhantes entre si;

3 A maior infiltração marginal coronária ocorreu com a interação hipoclorito de sódio a 1% (sem remoção da “smear layer”) versus cimento do tipo Grossman,

3.1 As interações hipoclorito de sódio a 1% (sem remoção da “smear layer”) versus cimento Sealer 26Ò, e hipoclorito de sódio a 1% + Laser Er:YAG versus cimento tipo Grossman, apresentaram valores intermediários de infiltração marginal coronária,

3.2 As interações hipoclorito de sódio a 1% + EDTA a 17% versus cimento tipo Grossman; hipoclorito de sódio a 1% + EDTA a 17% versus cimento Sealer 26Ò e hipoclorito de sódio a 1% + Laser Er:YAG versus cimento Sealer 26Ò apresentaram os menores valores de infiltração marginal coronária;

4 A solução de EDTA a 17% deve ser utilizada como irrigante final, bem como a aplicação do Laser Er:YAG deve preceder a obturação de canais radiculares com cimento Sealer 26Ò e cimento tipo Grossman, pois promovem diminuição da infiltração marginal coronária.


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SUMMARY

 The aim of this study was to determine, in vitro, coronal leakage of sealed root canals, evaluating the effect of smear layer removal during root canal instrumentation and the use of two sealers.
 Coronal leakage was measured by penetration of India ink. Therefore sixty four canines (with approximately the same size) obtained for laboratory stock and kept in 0.1% thymol were used. The teeth were washed in water during 24 hours to remove thymol residue. The root canals were instrumented with K files (Moyco USA) with the step back technique, and 10 ml of 1% sodium hypochlorite was used as an irrigating solution. Two teeth were used as positive controls and two teeth were used as negative controls.
 The teeth were divided into 3 groups. Group 1, 10 teeth were sealed with Sealer 26® and 10 teeth were sealed with Grossman cement. Group 2, the root canals received final irrigation with 15 ml of 17% EDTA during ten minutes and were then sealed as Group 1. Group 3, the root canals received additional Er:YAG laser application in the following parameters: 140 mJ, 15 Hz and total energy of 42J, and then sealed as in Group 1.
 The teeth were then sealed with Cimpat and kept at 37º C and 95% humidity during one week. Then the temporary sealer was removed and the external root surface was impermeabilized with three layers of cyanoacrylate. The teeth were then immerged in India ink at 37ºC during sixty days.
 After this storage period, the teeth were decalcified in 5% hydrochloric acid, dehydrated in increasing alcohol and clarified in methyl salicilite. Coronal leakage was then measured. Results show that Sealer 26® permitted less coronal leakage than Grossman cement (p<0.01). The different procedures of smear layer removal (1% Sodium Hypochlorite + 17% EDTA and 1% Sodium Hypochlorite + Er:YAG laser) did not show statistical significant difference (p>0.05) and permitted less coronal leakage than root canals irrigated only with 1% Sodium Hypochlorite (p<0.01).