FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

TESE DE DOUTORADO

ESTUDO DE ALGUMAS DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DOS CIMENTOS OBTURADORES DOS CANAIS RADICULARES

Study of some physical properties of root canal sealers

RICARDO GARIBA SILVA
ORIENTADOR: JESUS DJALMA PÉCORA
RIBEIRÃO PRETO, 1992, 190p.

SUMMARY | RESUMO | INTRODUÇÃO | REVISÃO | PROPOSIÇÃO |MATERIAL E MÉTODO | RESULTADOS E DISCUSSÃO | CONSIDERAÇÕES FINAIS | CONCLUSÕES | REFERÊNCIAS


 

SUMMARY

The physical properties of the following Grossam-type root canal filling cements avaiable in Brazil were studied: FORP-USP, Grosscanal, Fillcanal, Endofill and Inodon.

specification No 57 of the American Dental Association (1983) for endodontic filling materials was used as a guide for this study.

The following physical properties were evaluated: flow, working time, setting time, fil thickness, dimensional stability, solubility and disintegration, and radiopacity.

All of the cements studied presented flow compatible with the specification of the ADA, with values varying from 27 to 42 mm.

The cements could not be evaluated in terms of working time according to the DA because their manufacturers did not give information. the working time varied from 4 to 6 minutes, with Grosscanal and Fillcanal cements having the lower values.

Setting times varied from 14 minutes (Inodon) to 3 hours and 35 minutes (Fillcanal).

Film thickness of the cements fit the ADA specifications; in other words, less than 50 micrometers, with the exception of Inodon which presented a fim thickness of 70 micrometers.

All of the cements studied presented slight expansion when tested for their dimensional stability, meeting the requirements of the ADA.

None of the cements met the ADA requirements for the solubility and disintegration; all presented values superior to 3 percent.

Radiopacity was in accordance with the ADA specifications, being superior to that referring to 4 mm of the aluminum step-wedge used for this test.


RESUMO

Estudaram-se as propriedades físicas dos cimentos obturadores do canal radicular do tipo Grossman presentes no mercado odontológico brasileiro, das marcas FORP-USP, Grosscanal, Fillcanal, Endofill e Inodon.

Para a realização do presente trabalho, usou-se como guia a especificação Número 57 pra materiais obturadores endodônticos da American Dental Association (1983).

As propriedades físicas avaliadas foram: escoamento, tempo de trabalho, tempo de endurecimento, espessura do filme, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração e, por fim, a radiopacidadde.

Todos os cimentos estudados apresentaram escoamento compatível com a especificação seguida, com valores que variaram de 27 a 42 mm.

Quanto aos seus tempos de trabalho, os cimentos não puderam ser enquadrados nas exigências da ADA, pois os seus fabricantes nada informaram a esse respeito. Os tempos de trabalho aferidos variaram de 4 a 6 minutos, sendo os valores menores apresentados pelos cimentos Grosscanal e Fillcanal.

Os tempos de endurecimento dos cimentos variaram, indo de muito curto (Inodon, 14 minutos) a extremamente longo (Fillcanal, 3 horas e 35 minutos).

As espessuras do filme dos cimentos testados estão de acordo com a especificação seguida, ou seja, foram menores que 50 micrometros, com exceção do Inodon, que apresentou espessura do filme de 70 micrometros.

Todos os cimentos testados apresentaram ligeira expansão quando testaram-se as suas estabilidades dimensionais, enquadrando-se nas exigências da ADA.

Quanto às suas solubilidades e desintegrações, todos os cimentos testados não atendeream as exigências da especificação seguida ao apresentaram valores superiores a 3 por cento.

As radiopacidades apresentadas pelos cimentos estudados estão de acordo com as exigências da ADA, com radiopacidade superiores àquelas referentes aos 4mm de alumínio da escada utilizada para a realização deste teste.



 

INTRODUÇÃO

O objetivo da obturação de um canal radicular consiste em manter o tecido periapical sadio ( BUCKLEY, 1929 ). Como é impossível esterilizar toda a massa canalicular da dentina, as extremidades internas dos canalículos devem ser hermeticamente seladas para prevenir a infecção ou reinfecção dos tecidos periapicais. Isso não significa que não se deve tomar cuidado e obturar os canais pela metade porque, caso isso ocorra, os canalículos dentinários não serão vedados, o que permitirá a ocorrência de reinfecção.

Segundo PRINZ (1912), a obturação dos canais radiculares está registrada na História da Odontologia desde os tempos remotos da prática conservadora dessa ciência. Esse autor escreve terem FAUCHARD (1728), BOURDET (1757) e HUNTER (1778) informado que toda vez que um nervo de um dente é exposto e se torna doente, ele deve ser destruido pela cauterização real ou potencial, a qual, entretanto, não é sempre possível ( HUNTER ). Esses autores também se referem ao tratamento medicinal dispensado aos dentes, sendo os dentistas franceses parciais quanto ao uso do óleo de cravo como medicamento para os referidos fins.

HUNTER (apud PRINZ, 1912) fez uma abordagem que seria posteriormente confirmada nos tempos atuais quando a Odontologia em geral, e a Endodontia em particular, vivem na era da comprovação científica, ou na busca desta, para os fatos a elas relacionados. Ele enfatizou a necessidade da realização de procedimentos antissépticos de qualquer natureza como sendo essenciais à preservação futura do dente. O algodão saturado com um óleo essencial era normalmente selado no interior do canal antes da obturação final da cavidade dental.

Assim, em 1840 já existia o conceito de obturação do canal radicular que McELROY (1955) definiu posteriormente como sendo moderno na sua época.

Em sua retrospectiva histórica a respeito do assunto em tela, esse autor escreveu uma lista parcial dos materiais que já haviam sido utilizados para esse fim: ouro em folha, ouro em folha com uma superfície resinada, fosfato tricálcico com eugenol, óxido de zinco e ácido hidroclórico, carvão animal pulverizado com iodofórmio, pontas de madeira de laranjeira associadas a uma pasta de iodofórmio e fenol, oxicloreto de zinco e lã mineral, estanho em folha, chumbo em folha coberto com uma pasta de fenol e iodo, pontas de madeira embebidas em bicloreto ou mercúrio a 1:200, madeira avermelhada (cedro) associada à parafina, partes iguais de óxido de zinco e iodofórmio transformadas em pasta com creosoto, pontas de algodão saturadas com óleo de canela ou Campho-Phenoque, iodeto de timol e parafina misturados com a ajuda de calor brando, fenil salicilato e bálsamo em um formato cônico, amálgama de cobre, pasta de óxido de zinco e eugenol, dentina de cachorros, marfim pulverizado e dentina humana.

Posteriormente, introduziu-se a maioria dos materiais que, após pesquisas e aperfeiçoamentos, estariam disponíveis no mercado como materiais obturadores de canais radiculares até os dias atuais. Usou-se então a placa de guta-percha associada ao clorofórmio (CALLAHAN, 1914). Houve uma modificação rápida, preconizando-se o uso de um cone sólido de guta-percha associado a essa solução.

A guta-percha, esse material que faz parte da maioria das técnicas de obturação do canal radicular universalmente utilizadas, é um derivado vegetal. McELROY (1955) escreve ter a comunidade internacional ficado atenta a ela após a publicação, em meados do século passado, de um artigo de utilidade e valor por JOSE D'ALMEDIA, um habitante de Singapura que observou os nativos usando esse material. A guta-percha tem uma coloração próxima ao branco, é difícil de cortar e não possui resistência quando esta' em seu estado natural. Plastifica-se a uma temperatura de 50 a 70 graus centígrados. É insolúvel em água, soluções salinas ou alcalinas e ácidos diluídos, sendo atacada pelos ácidos concentrados nítrico e sulfúrico. O ácido nítrico provoca a sua efervescência e faz com que ela perca as suas propriedades. Absorve o oxigênio lentamente quando exposta ao ar e à luz, tornando-se uma resina endurecida porém quebradiça. Quimicamente, a guta-percha é um politerpeno e é um hidrocarboneto polimerizado.

Em um momento muito próximo, 1856, SOREL introduziu o uso do cimento de oxicloreto de zinco na Odontologia (MOLNAR & SKINNER, 1942) que, em etapa posterior, foi utilizado na obturação final do canal radicular, associado a substâncias que modificam as suas características, adequando-o para a referida finalidade.

Os nossos colegas do passado tinham ciência do fato de que o canal radicular, uma vez esvaziado, deve ser obturado com uma substância que previna a infiltração de plasma no seu interior e provoque os distúrbios que adviriam disso. Essa visão, embora com modificações, forma a base da nossa concepção moderna de obturação do canal radicular.

LATIMER (1867) escreveu o seu pronunciamento proferido nas discussões da Sociedade dos Cirugiões-Dentistas da cidade de Nova Iorque. Quando perguntado se ele obturava as raízes dos dentes, o porquê, como e com o quê, ele respondeu que obturava as raízes quando ele conseguia fazê-lo, porque ele acreditava estar o canal desobturado sujeito a tornar-se ocupado com pus ou outro fluido, o qual, por sua decomposição, produz um gás que, por pressão pneumática, causa irritação e inflamação.

WEBB (1882) enfatiza a necessidade do fechamento do forame apical onde a mortificação pulpar tiver imediatamente ocorrido, ou naqueles casos onde o tecido não se tornou putrefeito. O fechamento deve ocorrer logo após o término do sangramento, da exsudação de sangue que normalmente ocorre durante a remoção da polpa do final da raiz. Se o forame não for convenientemente obliterado, a obturação dos dentes despolpados será insatisfatória, e a operação será sem utilidade.

SEYMOUR (1890) afirmou ser absolutamente essencial o selamento hermético do forame apical, para prevenir o acúmulo e a irritação pericementária causada pela saída de gases através dele.

PRINZ (1912) escreveu que o objetivo principal da obturação do canal radicular consiste na reposição perfeita da polpa, que foi artificial ou patologicamente destruida, por um material sólido, que não sofra alterações e que constitua um material inerte. Quando o canal não é completamente obturado, há a infiltração de plasma que servirá de substrato para os microrganismos presentes nos canalículos dentinários de um canal inicialmente infectado. Em canais estéreis, a infecção pode ocorrer por via endógena, por meio da circulação. O autor, citando MILLER, DUNNING e outros pesquisadores, lista uma série de características que os cimentos obturadores devem possuir. Posteriormente, com a colaboração de GROSSMAN (1958), BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982) e outros autores, essa lista ficou assim: 1. não deve ser agente putrefativo; 2. deve ter qualidades antissépticas permanentes; 3. deve ser de fácil introdução no canal; 4. deve ser biocompatível; 5. não deve descolorir as estruturas dentais; 6. não deve ser poroso e deve manter-se estável dimensionalmente; 7. deve ser de fácil remoção se necessário for; 8. deve obturar hermeticamente os canalículos dentinários e o forame apical contra a invasão bacteriana; 9. deve ser radiopaco; 10. deve apresentar boa adesão com as paredes do canal radicular; 11. deve possibilitar uma consistência satisfatória

GROSSMAN (1976) estudou algumas propriedades físicas dos cimentos obturadores do canal radicular, estabelecendo correlações muito importantes entre essas propriedades e o desempenho clínico dos cimentos. De posse dessas informações, os usuários podem entender melhor os materiais que estão utilizando e poderão, também, otimizar os resultados dos seus tratamentos, buscando melhorias que apontem na direção do sucesso do tratamento endodôntico.

WOLLARD et al. (1976) analisaram, por meio de microscopia eletrônica de varredura, a adesão e a adaptação dos materiais obturadores às paredes dos canais radiculares. Foram analisados os canais de 133 dentes anteriores recém-extraídos, obturados com materiais e técnicas variadas. Os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol aderiram bem, ao passo que os cones de prata e de guta-percha não apresentaram adesão, requerendo um cimento para obturar a interface entre os cones e a dentina. Nenhuma técnica de inserção de guta-percha no interior do canal radicular foi eficiente na obliteração do espaço do canal radicular.

BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982) escreveram que os materiais obturadores do canal radicular, usados sozinhos ou em associações com materiais obturadores sólidos, pretendem alcançar um selamento hermético do forame apical. Para alcançar um selamento eficiente, e então promover a cura, um material obturador do canal radicular deve possuir certas características: ser não-irritante aos dentes e tecidos periapicais, ter capacidade seladora hermética, possuir atividade bactericida ou bacteriostática, não provocar alterações de cor nos dentes, ser insolúvel nos fluidos tissulares, ser radiopaco, possuir boa adesividade ao dente no interior do canal radicular, ter tempo de trabalho e de endurecimento longos para facilitar a sua inserção, não contrair durante o endurecimento, possuir boa consistência de manipulação e, por fim, ser solúvel em um solvente comum. Inevitavelmente, nenhum material isoladamente satisfaz todas essas características, embora vários deles atuem adequadamente em uso clínico.

Percebe-se que é praticamente impossível que um material obturador dos canais radiculares enquadre-se em todas as exigências. O que normalmente ocorre é a satisfação de algumas delas em detrimento de outras.

Mesmo assim, a presença de informações, estudos e depoimentos que envolvem a obturação do canal é marcante na literatura. Os autores propõem técnicas, materiais e discorrem sobre a parte filosófica do tratamento (LEVIN, 1902; TAYLER, 1902; HART, 1903; GIBBS, 1911; ABRAHAM, 1915; CRANE, 1926; GROVE, 1931; MOFFITT, 1932; ORBAN, 1932; CONRAD & RIDGWAY, 1934).

RICKERT (1927) escreveu toda a sua preocupação em relação ao controle da infecção dental. O autor discorre sobre o tratamento de uma maneira geral, e cita a composição do cimento obturador do canal radicular que ele utilizava naquela época, e que, nos dias atuais, ainda é muito utilizado e leva o seu nome. Esse material possui prata na sua composição, o que parece contrariar a propriedade desejada de não manchar as estruturas dentais remanescentes.

GROSSMAN, no decorrer de toda a sua vida como pesquisador, clínico e acadêmico, prestou grandes serviços à Odontologia. Um deles foi o desenvolvimento de um cimento obturador do canal radicular que leva o seu nome. A trajetória, até que a fórmula utilizada nos dias atuais fosse elaborada, possui algumas etapas. Em 1936, esse autor preconizou a utilização de um cimento à base de óxido de zinco e eugenol que contém prata, e ressaltou as propriedades oligodinâmicas desta última. Em 1958, já sensibilizado pelo problema de que os cimentos que contém prata oxidam-se e formam sulfetos que escurecem os dentes, GROSSMAN preconizou o uso de um outro cimento, cuja fórmula elimina o uso da prata. Sempre dedicado ao estudo e à pesquisa, ele fez modificações na fórmula de 1958 e propôs, em 1974, a fórmula que é utilizada até os dias atuais, sob diferentes marcas comerciais. Esse cimento é amplamente utilizado pelo profissional brasileiro para a obturação dos canais radiculares.

SAQUY (1989) coletou dados que lhe permitiram detectar a ampla utilização do cimento de Grossman pelos cirurgiões-dentistas da cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, Brasil. Assim, esse tipo de cimento assume uma importância muito grande, devido ao grau de abrangência do seu uso pelos nossos colegas.

De posse do perfil ideal que um material obturador deve possuir, podemos dividir as suas propriedades e qualidades desejadas, para efeito didático, em físico-químicas, antimicrobianas e biológicas.

As características físico-químicas dos cimentos obturadores dos canais radiculares foram estudadas por HUMPHRY (1914), BUCHBINDER (1931), WALLACE & HANSEN (1939), MOLNAR & SKINNER (1942), GROSSMAN (1946), SKINNER & ZIEHM (1950), MCELROY (1955), ZERLOTTI FILHO (1956), BRAUER (1958),NORMAN et al. (1958), MESSING (1961), PHILLIPS & LOVE (1961), BRAUER et al. (1962), NORMAN et al. (1964), COLEMAN & KIRK (1965), LEAL (1966), HIGGINBOTHAM (1967), BRAUER (1967), BRAUER et al. (1968), BATCHELOR & WILSON (1969), SIMÕES FILHO (1969), WEISSMAN (1970), WILSON & BATCHELOR (1970), EL-TAHAWI & CRAIG (1971), WIENER & SCHILDER (1971), GROSSMAN (1976), McCOMB & SMITH (1976), BENATTI et al. (1978), BOSCOLO et al. (1979), FRAGOLA et al. (1979), FRAUNHOFER & BRANSTETTER (1982), GROSSMAN (1982), BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982), SAMPAIO et al. (1982), 0RSTAVIK (1983), ZYTKIEVITZ et al. (1985), HYDE (1986) e WENNBERG et al. (1990).

Preocuparam-se com as propriedades e qualidades antimicrobianas os pesquisadores BARTELS (1947), 0RSTAVIK (1981), MOORER & GENET (1982), OGATA et al. (1982) e 0RSTAVIK (1988), dentre outros.

O aspecto biológico foi tema dos trabalhos dos pesquisadores HOLLAND et al. (1971), RODRIGUES et al. (1975), MOHAMMAD et al. (1978), HOLLAND et al. (1983), HENSTERN-PETTERSEN et al. (1985) e outros mais.

Porém, verifica-se uma carência na avaliação das propriedades físicas dos materiais presentes no mercado nacional.



 

REVISTA DA LITERATURA

Os cimentos à base de óxido de zinco têm sido utilizados na Odontologia nas últimas seis décadas. Esses cimentos nada mais são do que fórmulas adaptadas às circunstâncias e às necessidades vigentes na época do seu uso, derivadas do cimento inicialmente introduzido em 1855 por SOREL (apud MOLNAR & SKINNER, 1942).

A necessidade da obturação do canal radicular é conhecida há muito tempo (PRINZ, 1912). Pesquisadores preocuparam-se com esse problema e tentaram resolvê-lo, desenvolvendo técnicas e materiais para esse fim durante o decorrer dos anos.

TOMES (1893), tecendo comentários escritos sobre um método de obturação da raiz, faz abordagens sobre algumas características que os cimentos obturadores devem possuir. Eles devem ser de fácil inserção no interior do canal radicular, pois eles têm que ser introduzidos no interior de canais estreitos e tortuosos. Ao mesmo tempo, devem ser de fácil remoção, uma vez que é impossível assegurar sucesso constante da terapia em dentes necrosados. Eles devem selar completamente a câmara pulpar, de modo que os fluidos não possam penetrar pelo forame apical. Continuando, os materiais devem ser suaves, de características não-irritantes, uma vez que, mesmo com todo o cuidado, o extravasamento de material pelo forame pode ocorrer.

O primeiro cimento contendo eugenol foi introduzido por WESSLER em 1894 (MOLNAR & SKINNER, 1942).

A utilização do bálsamo do Peru como material obturador do canal radicular foi preconizada por MAYRHOFER (1908). A técnica apregoada por esse autor foi duramente criticada pelos pesquisadores contemporâneos seus, devido às dificuldades que os profissionais tinham em introduzir esse material obturador no interior do canal radicular.

PRINZ (1912) preconizou a obturação do canal radicular com um composto que contém parafina. O autor descreve a técnica para o seu uso e enumera as vantagens do referido material como cimento obturador do canal radicular.

CALLAHAN (1914) preconizou o uso de uma solução de resina dissolvida em clorofórmio para o selamento dos canalículos dentinários e como um coadjuvante na obturação dos canais radiculares. Ele diz ser a técnica simples, fácil, rápida e tem certeza do selamento de todos os canalículos e foramens que se encontram abertos. O autor enfatiza também a necessidade de um correto preparo do canal radicular para a melhor realização dos procedimentos.

HUMPHRY (1914) estudou a ação do óleo de cravo e de outros óleos sobre as pontas de guta-percha, encontrando o seguinte: o óleo de eucalipto e o creosoto dissolvem a guta-percha, o óleo de cravo e o óleo de caju não causam nenhuma alteração.

RICKERT (1927) mostra-se preocupado com os problemas que afligem a nossa profissão. Em relação à obturação do canal radicular, o autor comenta sobre a necessidade imediata, com evidências inquestionáveis, de se melhorar a técnica de obturação do canal radicular. Caso contrário, deveríamos abandonar a prática profissional. O autor, nesse mesmo documento, registra a composição da massa após o endurecimento do cimento obturador do canal radicular que ele utilizava: prata 24.74 %, óxido de zinco 34.00 %, bi-iodo de bi-timol (Aristol). 10.55 %, oleoresinas 30.71 % .

FISHER (1927) fez veicular um artigo de sua autoria na principal publicação destinada à literatura odontológica de sua época: o Dental Cosmos. O autor aborda alguns fatores a serem considerados na determinação do tipo ideal de material obturador do canal radicular, com resultados práticos. Continuando, foram listadas algumas necessidades clínicas de um material a ser utilizado com essa finalidade: o material deve ser capaz de selar a extremidade da raiz, deve ser não irritante, estável volumetricamente, de fácil adaptabilidade, capaz de ser esterilizado, deve ser insolúvel e impermeável nos fluidos tissulares, deve ser radiopaco, não deve provocar alteração de cor na estrutura dental, deve ser capaz de ser rapidamente removido. Parece que essas necessidades são reais até o atual momento.

PUTERBAUGH (1928) publicou um texto muito importante a respeito de materiais obturadores dos canais radiculares, abrangendo conceitos que são atuais mesmo nos dias de hoje. O autor tece considerações sobre a necessidade de um correto preparo da região cervical do canal para que se possa ter um acesso adequado à sua região apical. Depois, ele enfatiza a necessidade de uma obturação hermética do canal radicular. Posteriormente, são abordadas as características que um material obturador deve possuir, tais como biocompatibilidade e serem de fácil remoção caso haja necessidade. A não incorporação de agentes antissépticos é defendida pelo autor, defendendo ele a manutenção de uma rigorosa cadeia asséptica a fim de evitar essa necessidade. Concluindo o seu trabalho, PUTERBAUGH diz que os materiais devem ser inteligentemente escolhidos para se adaptarem às condições de cada caso.

BUCHBINDER (1931) investigou a contraçào de alguns materiais obturadores. O método utilizado no estudo consistia em preencher tubos de vidro com os materiais a serem testados e imergi-los em água com corante. À medida que o material deslocava-se das paredes dos tubos de vidro, formavam-se bolhas de ar visíveis e ocorria a penetração de água corada ali. Os materiais testados foram a combinação eucaliptol/fragmentos de guta-percha/calor, como preconizada por BLACK; a associação clorofórmio/guta-percha preconizada por RHEIN; a associação clorofórmio/resina/guta-percha preconizada por CALLAHAN e o cimento, com algumas combinações de fórmula, preconizado por RICKERT. Este último apresentou uma contração bem menor do que os outros métodos de obturação citados anteriormente. O autor escreve também que um material obturador, para ser utilizado no interior do canal radicular, deve ser radiopaco, não deve apresentar contração, deve ser capaz de ser introduzido e adaptado no interior do canal sem sobreobturação, deve ser solúvel em clorofórmio e xilol. Ele deve também ser antisséptico e não-irritante. Segundo a ótica de BUCHBINDER, parece que o cimento desenvolvido pelo Dr. U. G. RICKERT, de Michigan, satifaz a maioria dessas necessidades.

GROSSMAN (1936) inicia a sua trajetória de preconização do uso de substâncias para serem utilizadas como cimentos obturadores do canal radicular. Inicialmente, ele propõe o uso de um cimento que contém prata na sua composição, discorrendo sobre as propriedades oligodinâmicas desse metal. Seguindo, lista os requisitos que um material obturador do canal radicular deve possuir e aponta as vantagens da utilização do cone de prata associado a um cimento obturador adequado. O autor preconiza a utilização de um cimento que deu a ele resultados satisfatórios, após testes clínicos: Pó: prata pulverizada (malha 300) 2 partes, resina pulverizada (malha 300) 3 partes, óxido de zinco 4 partes; Líquido: Eugenol 9 partes, Solução de cloreto de zinco 4 % 1 parte.

Agitar vigorosamente antes de usar. O cimento endurece após 6 a 8 horas.

WALLACE & HANSEN (1939) realizaram estudos que representaram, a seu ver, os estudos iniciais para determinar as propriedades de endurecimento e o mecanismo como isso se processa, dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, de misturas compostas essencialmente de óxido de zinco, resina e eugenol. Realizada a parte experimental, os pesquisadores fizeram constatações pertinentes. O aumento da umidade ou da temperatura no momento da manipulação dos materiais tende a diminuir o tempo de endurecimento. O endurecimento é dependente, até certo ponto, das qualidades físicas e químicas da resina e outros constituintes dos cimentos.

MOLNAR & SKINNER (1942) estudaram algumas variáveis que afetam o tempo de endurecimento dos cimentos à base de óxido de zinco-resina-eugenol: composição do pó, composição do líquido e o uso de vários aceleradores. Ficou demonstrado que se faz necessário o uso de um acelerador no material, uma vez que os vários líquidos utilizados não conseguiram proporcionar um tempo de endurecimento suficientemente curto. Vários sais metálicos foram aceleradores eficientes, tais como acetatos, cloretos e nitratos. Sugeriu-se que os sais de baixa solubilidade reduziriam a solubilidade do cimento endurecido. As resinas, naturais ou sintéticas, não podem ser substituidas por resina hidrogenada natural. A resina apresentou-se como sendo necessária para que ocorra um tempo de endurecimento curto.

PUCCI (1945) marcou a sua época, publicando um livro considerado até hoje como um marco histórico da Odontologia latino-americana. Nele, encontramos as informações que se seguem. O óxido de zinco é um pó branco ou branco-amarelado, amorfo, finíssimo e inodoro. É obtido pela combustão do zinco metálico na presença de ar, ou por calcinação do hidróxido de zinco, carbonato de zinco e nitrato de zinco. É insolúvel em água e em álcool. O óxido de zinco para uso odontológico deve ser quimicamente puro, livre de impurezas como o arsênico. Sobre o eugenol, o autor escreve ser ele um fenol aromático, que se obtém do óleo de cravo. Trata-se de um líquido incolor ou ligeiramente amarelado, sendo pouco solúvel em água e solúvel em álcool, clorofórmio e éter. Possui baixa tensão superficial. Apresenta afinidade pelas gorduras.

GROSSMAN (1946), a exemplo de PUCCI no ano anterior, publicou um excelente livro sobre a terapia dos canais radiculares. Ali pudemos encontrar algumas informações sobre a guta-percha. Ela é obtida por meio da coagulação dos exsudatos das árvores encontradas no arquipélago da Malásia. Assemelha-se à borracha tanto na composição química como em algumas características físicas.

A qualidade da guta-percha usada na Odontologia depende dos seus processos de refinamento e da adição de outras substâncias químicas, tais como óxido de zinco, sulfato de bário e corantes. É flexível à temperatura ambiente e torna-se plástica à temperatura de 60 graus centígrados. A adição de óleos essenciais tal como o eucaliptol torna-a ligeiramente solúvel, deixando a sua superfície plastificada. O material em foco é, ainda, muito solúvel em clorofórmio, éter e xilol. Esses solventes são utilizados durante a remoção das obturações de canais radiculares previamente obturados com cones de guta-percha.

BARTELS (1947) realizou uma importante pesquisa investigando a ação do eugenol, do óxido de zinco e do cimento de óxido de zinco e eugenol sobre os microrganismos Staphylococcus citreus, Staphylococcus aureus, Staphylococcus albus, Monilia albicans, B. subtilis, B. proteus, B. pyocianeus e E. coli, constatando ter o eugenol um efeito inibitório contra o crescimento desses microrganismos, com exceção do B. pyocianeus. O cimento de óxido de zinco e eugenol apresentou ação semelhante. Porém, o óxido de zinco em pó não apresentou ação de inibição contra o crescimento dos microrganismos utilizados.

BADAN (1949) escreveu o seu nome na história da Odontologia nacional. Ele utilizou um cimento obturador de canais radiculares denominado comercialmente de Alfa Canal, cuja fórmula se segue: Pó: Óxido de zinco tolubalsamizado 80 g., Óxido de zinco (Farmacopéia brasileira) 90 g ,Líquido: Timol 5 g., Hidrato de Cloral 5 g., Básamo de Tolu 2 g., Acetona 10 g.

SKINNER & ZIEHM (1950) estudaram algumas propriedades físicas das pastas de moldagem à base de óxido de zinco e eugenol. Embora esse material não seja especificamente aquele ao qual dedicamos os nossos estudos e trabalhos, os autores tecem considerações que, guardadas as devidas proporções, poderiam ser transportadas para o estudo que iríamos realizar. Inicialmente, eles escrevem que a combinação do óxido de zinco, eugenol, resina e um acelerador é aparentemente essencial aos compostos desse tipo que devem endurecer após decorrido um intervalo de tempo razoável e estar de acordo com as condições clínicas desejadas de manipulação. As conclusões que os pesquisadores chegaram são de que, geralmente, o tempo de manipulação tornou-se menor com um aumento na temperatura e quantidade de umidade. Os tempo de endurecimento das pastas foram menores, salvo exceções, à temperatura corporal do que quando comparados àqueles ocorridos à temperatura ambiente.

McELROY (1955) estudou as propriedades físicas de alguns dos materiais obturadores do canal radicular, listados a seguir: guta-percha, composto obturador de WACH, Kerr sealer, cloropercha, clorofórmio-resina de CALLAHAN, Silv-o-dent, Neo-balsam, Perma-fix, composto de RICKERT, Sterident e Cargenon. Pesquisou-se as suas alterações volumétricas e porosidades. A guta-percha bem condensada, e nos casos de sua combinação com os produtos de WACH, Neo-balsam e de RICKERT, apresentou alteração volumétrica mínima. Os materiais que empregaram a guta-percha modificada pelo clorofórmio, denominada cloropercha, e a sua associação com clorofórmio e resina apresentaram a maior alteração em volume. O composto de WACH foi o menos poroso e a cloropercha a mais porosa dos materiais testados.

INGLE (1956) enfatiza a importância da qualidade da obturação do canal radicular como fator de sucesso do tratamento empreendido e relaciona a maioria dos fracassos do tratamento endodôntico com a falha na obturação adequada do canal. Parece, assim, ficar evidente o papel da obturação do canal em relação ao sucesso do tratamento.

ZERLOTTI FILHO (1956) realizou um estudo visando obter melhores informações sobre as propriedades dos cimentos e pastas empregadas nas obturações dos condutos radiculares. Foram realizados diversos testes em laboratório, envolvendo os seguintes produtos comerciais: Alfacanal, Banifoco-Eugenol-Werni, Banifoco-Eugenol White, Iodo-Argentol, Óxido de Zinco-Eugenol-White, Óxido de Zinco Titan-Eugenol Werni, Oxpara, Piocidina, Piocedere, ProcoSol, Postolene e Septocanal. O estudo foi dividido em cinco etapas: 1. Teste de coagulação Protoplasmática ,2. Permeabilidade, 3. pH, 4. Poder germicida, 5. Tempo de endurecimento. Os óxidos de zinco, nas suas respectivas associações, apresentaram pH entre 4.8 e 5. Esses materiais apresentaram tempo de trabalho, determinado subjetivamente, sem rigor metodológico, maior do que 2 horas. O tempo de endurecimento foi de 42-43 horas para o Óxido de Zinco-Eugenol-White e de 29-32 horas para o Óxido de Zinco Titan-Eugenol Werni.

NORMAN et al. (1958) estudaram a solubilidade de uma série de cimentos odontológicos. Dentre os estudados, encontra-se o óxido de zinco e eugenol. Verificou-se que a adição de acetato de zinco na proporção de 1 por cento não teve efeito apreciável na solubilidade desse material, quando comparado com o cimento de óxido de zinco e eugenol puro.

BRAUER et al. (1958) afirmaram que as misturas à base de óxido de zinco e eugenol formam uma massa dura, consistente, que têm sido útil em um certo número de aplicações dentais. A massa endurecida consiste de óxido de zinco envolvido por uma matriz de um quelato eugenolato de zinco, que possui a seguinte fórmula : (C10H11O2)2Zn.

GROSSMAN (1958) preconiza o uso de um cimento que não mancha as estruturas dentais e que preenche, em grande parte, as propriedades esperadas de um cimento obturador do canal radicular: deve selar o canal hermeticamente; não deve alterar-se volumetricamente durante o endurecimento; deve aderir à superfície do canal, mesmo na presença de um pouco de umidade; deve ser bem tolerado pelos tecidos periapicais se extruído através do ápice; deve ter boas qualidades de trabalho quando manipulado; deve ser introduzido facilmente no interior do canal; deve dar ao operador tempo suficiente para fazer ajustes que forem necessários no cone de guta-percha ou cone de prata, antes do seu endurecimento inicial; deve endurecer no interior do canal radicular; não deve descolorir a estrutura dental; deve possuir algum efeito bactericida ou bacteriostático. A fórmula do cimento é a seguinte: Pó: Óxido de zinco 40 partes, Resina Staybelite 30 partes, Subcarbonato de Bismuto 15 partes, Sulfato de Bário 15 partes. Líquido: Eugenol 5 partes, Óleo de Amêndoas Doces 1 parte.

Esse cimento possui suavidade quando se trabalha com ele, plasticidade, adesividade e radiopacidade. A resina Staybelite confere adesividade ao cimento. O subcarbonato de bismuto dá suavidade à mistura. O sulfato de bário proporciona maior radiopacidade ao material. O óleo de amêndoas doces retarda o endurecimento, de modo que o cimento demora 20 minutos, após o início da sua inserção no interior do canal, para que ocorra o seu endurecimento inicial. O eugenol deve ser novo e transparente. Quando ele está escurecido, encontra-se oxidado, absorveu umidade do ar e tende a acelerar o endurecimento do cimento. Quando misturado corretamente, o cimento é branco, de aspecto cremoso, suave e sem grânulos grandes. Deve-se enfatizar que a qualidade final do material depende da pureza dos ingredientes utilizados, da sua formulação, e do cuidado dispensado durante a manipulação do cimento.

KUTTLER (1960) enfatiza a importância da obturação do canal radicular para o sucesso do seu tratamento. Estabelece correlações com as outras áreas de conhecimento envolvidas no tratamento endodôntico, citando alguns aspectos que contribuiam para um resultado final menos satisfatório.

MESSING (1961) escreve que a resistência à compressão de um cimento varia consideravelmente, dependendo do método de mistura, da natureza dos constituintes e do tempo decorrido da mistura. O cimento à base de óxido de zinco e eugenol não possui adesividade e tende a ser friável, de modo que ele pode fraturar sob estresse. O autor investigou algumas propriedades de um cimento à base de óxido de zinco e eugenol reforçado com poliestireno. Essas propriedades estão escritas a seguir: tempo de endurecimento, resistência à compressão, solubilidade, dureza, estrutura cristal, propriedades seladoras e eficiência clínica.

PHILLIPS & LOVE (1961) estudaram o efeito que a adição de certas substâncias provocam nas propriedades físicas das misturas à base de óxido de zinco e eugenol. Avaliaram-se a resistência à compressão, de acordo com a Especificação Número 8 da American Dental Association para cimento fosfato de zinco, solubilidade, espessura do filme e tempo de endurecimento. A adição do ácido o-etoxibenzóico (EBA) em partes iguais com o eugenol produziu significantes aumentos na resistência à compressão do material estudado. Ele aumentou simultaneamente a solubilidade e diminuiu o tempo de endurecimento. As adições de acetato de zinco e de sílica aumentaram ligeiramente a solubilidade. O acetato de zinco acelerou o endurecimento de todos os materiais. Concluindo, os autores estabeleceram que o efeito exato dos agentes adicionados às misturas de óxido de zinco e eugenol depende da combinação particular empregada e da propriedade que está sendo avaliada.

GROSSMAN (1962) fez algumas observações sobre a obturação do canal radicular. Detectando algumas deficiências no cimento de RICKERT que, a seu ver, endurecia muito rápido e provocava coloração escura no dente, o autor elaborou um cimento de endurecimento mais lento em 1936, cuja fórmula sofreria alterações para que houvesse um retardamento no tempo de endurecimento, e tinha também a vantagem de não colorir o dente. Posteriormente, o autor diz ter publicado a fórmula seguinte: Pó: Óxido de zinco P.A.20.0 g; Resina "staybelite" 12.5 g, Sulfato de bário. 7.5 g; Subnitrato de bismuto.7.5 g ,Borato de sódio 2.5 g. Líquido : Eugenol 5 partes e óleo de amendoas doce 1 parte.

Nas instruções para a correta manipulação do produto, GROSSMAN recomenda que o pó deve ser incorporado ao líquido muito lentamente, demorando em torno de 3 minutos na mistura de cada gota. Quando a espatulação for realizada de forma correta, a consistência do cimento deve ser tal que, ao levantar a espátula, o cimento a ela aderido demore de 10 a 15 segundos para cair; ainda mais, quando a superfície plana da espátula for colocada sobre a mistura e levantada lentamente da placa de vidro, deverá formar um fio de cimento de pelo menos uma polegada, que une a espátula à massa de cimento que está sobre essa placa.

BRAUER et al. (1962) constataram que a incorporação de resina, resina hidrogenada, quartzo fundido, e/ou óxidos metálicos, tais como óxido de mercúrio ou óxido de chumbo, com o pó do óxido de zinco na mistura óxido de zinco-ácido o-etoxibenzóico (EBA)-eugenol reduziu em grandes proporções a solubilidade e desintegração na água dos cimentos. Os cimentos que possuiam uma relação pó-líquido mais alta proporcionaram rápidos tempos de endurecimento e resistências à compressão melhoradas. As composições mais favoráveis utilizaram uma relação pó-líquido de 2.80-3.70 g de pó por 0.40 ml de líquido e endureceram em poucos minutos, dando cimentos com solubilidade e desintegração desprezíveis e resistência à fragmentação variando de 8000 a 11700 psi. Para chegar a esses dados, os autores utilizaram os procedimentos recomendados pela Especificação Número 9 da American Dental Association.

NORMAN et al. (1964) investigaram o efeito de uma variável específica, ou seja, do tamanho das partículas do pó, sobre o tempo de endurecimento, resistência à compressão, solubilidade e resistência à abrasão do cimento de óxido de zinco e eugenol. Incluiu-se no trabalho também a pesquisa sobre os efeitos da proporção pó/líquido e de alguns aditivos sobre os cimentos. O tamanho das partículas do pó de óxido de zinco teve efeito considerável sobre o tempo de endurecimento e pouca influência sobre a resistência à compressão, solubilidade e resistência à abrasão do óxido de zinco e eugenol. Partículas menores endurecem mais rapidamente do que as maiores. O tamanho das partículas e a relação pó-líquido não afetaram a resistência à compressão do material, sendo que nesse particular, os maiores valores foram obtidos com as partículas menores. As partículas maiores proporcionaram cimentos com maior desintegração, o mesmo ocorrendo em relação à solubilidade dos cimentos com aditivos.

COLEMAN & KIRK (1965) testaram as propriedades de alguns cimentos à base de óxido de zinco e eugenol modificados e as compararam com aquelas do cimento de óxido de zinco e eugenol normal e com o fosfato de zinco. Isso foi feito devido a esses tipos de cimento estarem sendo propostos para a utilização em várias situações, incluindo como cimentos obturadores de canal. Avaliou-se, no trabalho, as propriedades como manipulação, tempo de endurecimento, espessura do filme, solubilidade, resistência à compressão e tolerância tecidual dos materiais. Segundo os autores, os cimentos provaram ser satisfatórios para o uso, dentre outras coisas, como obturadores do canal radicular. Os resultados mostraram também que os tamanhos das partículas do pó dos cimentos de óxido de zinco e eugenol são diretamente proporcionais ao tempo de endurecimento desses cimentos.

LEAL (1966) estudou a influência que a variação da proporção pó-líquido e o tempo de armazenagem podiam ter sobre a infiltração de uma solução corante ocorrida em alguns materiais usados na obturação de canais radiculares. Os materiais testados foram: Alfa Canal, Cimento de Óxido de Zinco e eugenol, Oxpara e Piocidina. Analisou-se também o efeito que as mesmas variáveis poderiam ter sobre o comportamento dimensional desses materiais. Eles se mostraram permeáveis, em graus variados, à solução corante utilizada nos trabalhos.

A profundidade de penetração da solução corante foi influenciada de modo significante pela proporção pó-líquido. Essa profundidade aumentou à medida que o tempo passava, embora tivesse sido mais acentuada nas primeiras horas. Os materiais Alfa Canal e Oxpara apresentaram contração durante a realização dos experimentos, que diminuiu paralelamente com o aumento da proporção pó-líquido, e intensificou com o correr do tempo. O Óxido de Zinco e eugenol e a Piocidina mostraram-se razoavelmente estáveis quanto à estabilidade dimensional.

HIGGINBOTHAM (1967) investigou as propriedades físicas relativas de um grupo de materiais obturadores do canal radicular disponíveis no comércio. Analisou-se as propriedades tempo de endurecimento, espessura do filme, solubilidade, radiopacidade e capacidade seladora dos materiais. Utilizou-se para a realização dos trabalhos os seguintes materiais: Antiseptic pulp canal sealer (Kerr), Tubliseal (Kerr), Diaket (Premier), ProcoSol (ProcoSol) e Kloroperka N-0 (Union Broach). O tempo de endurecimento e a espessura do filme foram determinados de acordo com a Especificação Número 8 da American Dental Association. Houve diferenças no tempo de endurecimento dos materiais, porém todos apresentaram um tempo de trabalho suficiente.

A espessura do filme variou de 0.083 mm (Tubliseal) a 0.433 mm (Diaket). A solubilidade dos materiais em água variou de 0.11 % a 0.72 %. Para se determinar a capacidade seladora dos materiais, utilizou-se o método de detecção da infiltração do Ca45 por meio de autorradiografias. Os resultados sugeriram a importância do uso de uma técnica cuidadosa de condensação quando da obturação do canal para se alcançar um selamento eficiente.

BRAUER (1967) explica que os estudos detalhados sobre o mecanismo de endurecimento dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol foram realizados apenas durante os últimos 20 anos. Estudos prévios indicam que o corpo endurecido resultante de misturas equimolares de óxido de zinco e eugenol consistem de óxido de zinco envolvido em uma matriz de cristais longos, à semelhança de uma cobertura, do quelato eugenolato de zinco, com qualquer excesso de eugenol sendo sorvido por ambos, ou seja, tanto pelo eugenolato como pelo óxido de zinco.

O eugenol, continua o autor, reage não apenas com o óxido de zinco, mas também com óxidos de outros elementos do Grupo II da tabela periódica (MgO, CaO, BaO, CdO, HgO) e com o chumbo (PbO) para formar materiais cimentantes. A formação dos cimentos é acelerada pela substituição do MgO ou CaO pelo ZnO. Entretanto, os produtos resultantes são bastantes solúveis em água. Cimentos de propriedades físicas melhoradas são obtidos com CdO, HgO, BaO ou PbO, mas o efeito desses óxidos, geralmente biologicamente indesejáveis, sobre os tecidos não foi determinado. Quando mistura-se os cimentos de óxido de zinco e eugenol, a incorporação da quantidade máxima de pó com o líquido, dentro de uma consistência passível de utilização, é uma boa prática.

Assim, o pó estará em grande excesso no cimento endurecido. Concluindo, os cimentos de óxido de zinco e eugenol modificados (contendo EBA), que tiveram algumas propriedades físicas estudadas, parecem ser satisfatórios para o uso como cimentos obturadores do canal radicular, dentre outras coisas.

BRAUER et al. (1968) realizaram um estudo para determinar se o reforço de alumina melhoraria as propriedades dos cimentos dentais que contém o ácido o-etoxibenzóico (EBA). A adição dos derivados de resina aumentou a solubilidade e diminuiu a resistência à compressão dos produtos resultantes. A adição de resina hidrogenada até 8 % melhorou as características da mistura, reduziu os valores da solubilidade e desintegração, mas aumentou o tempo de endurecimento de 5 para 10 minutos. A resistência à compressão diminuiu quando o conteúdo de resina hidrogenada foi maior do que 2 %.

BATCHELOR & WILSON (1969) estudaram os efeitos da temperatura e umidade presentes durante a preparação dos cimentos de óxido de zinco e eugenol sobre a consistência e tempo de endurecimento desses cimentos. Estudou-se seis marcas comerciais diferentes. A consistência dos materiais foi determinada seguindo-se uma especificação da FDI para cimentos de silicato.

Estudou-se a influência da temperatura e da umidade da sala de manipulação dos cimentos sobre a consistência, utilizando duas relações pó/líquido diferentes. Segundo os autores, os cimentos de óxido de zinco e eugenol são um grupo diversificado de materiais, possivelmente devido aos métodos utilizados na preparação do pó de óxido de zinco e na variação de outros aditivos empregados.

A consistência e o tempo de endurecimento são relacionadas. Ambas são medidas do desenvolvimento de resistência e são mutuamente afetadas por fatores que afetam a velocidade da reação de endurecimento. O óxido de zinco hidratado é essencial para a produção de um cimento de óxido de zinco e eugenol. A hidratação ocorre facilmente com a presença da umidade do ar. Deduziu-se então que a hidratação do óxido de zinco constitui uma parte integral do processo de endurecimento. O papel e a influência da água no curso da reação deve ser atribuido à natureza iônica da reação de quelação entre os íons eugenolato e zinco em alguma forma para produzir eugenolato de zinco.

A água é necessária para a geração da reação iônica e também para agir como um solvente dessa reação. Os íons eugenolato serão gerados a partir do eugenol em contato com a umidade porque o eugenol possui um grupo fenólico. A água também é necessária à hidratação do pó de óxido de zinco e a subsequente hidrólise do hidrato ativo para uma forma iônica. Uma vez que o óxido de zinco é de caráter mais básico do que ácido, a sua cadeia irá adquirir uma carga positiva devido à ionização dos grupos superficiais hidroxilas.

A adição de ácidos ao eugenol tem o mesmo efeito, uma vez que a taxa de hidrólise depende da concentração do íon hidrogênio. Concluindo o seu estudo, os autores afirmam que, em qualquer trabalho com os cimentos de óxido de zinco e eugenol, as condições atmosféricas do laboratório no momento da manipulação do material devem ser rigidamente controladas, se desejarmos obter resultados com significado, comparativos e quantitativos. As permissões de variação da temperatura e da umidade relativa do ar devem estar entre mais ou menos 1 grau centígrado e 2 %, respectivamente, diferindo dos outros cimentos odontológicos. Isso se deve ao efeito combinado da temperatura e umidade.

SIMÕES FILHO (1969) estudou os níveis de solubilidade e desintegração em água destilada, dos seguintes materiais utilizados na obturação do canal radicular: pasta Alpha Canal, Pyocidina, cimento de óxido de zinco e eugenol e Fillcanal. As influências que as variáveis "variação da proporção pó-líquido" e fator "tempo de espatulação" possam ter sobre a solubilidade e desintegração dos materiais estudados foram avaliadas. Os estudos revelaram que os materiais apresentaram níveis variáveis de solubilidade e desintegração, tendo a proporção pó-líquido influido de modo significante sobre as propriedades dos materiais. Geralmente, o aumento dessa proporção provocou uma queda na solubilidade e desintegração dos materiais estudados. Ela foi mais acentuada nas primeiras 24 horas para a Pyocidina, e nos primeiros sete dias para os demais materiais. A partir desses tempos e nos respectivos materiais, a solubilidade e desintegração mostrou uma tendência a diminuir e estabilizar-se.

WEISSMAN (1970) comparou o escoamento de dez cimentos obturadores do canal radicular. O estudo "in vitro" utilizou uma pipeta de vidro ultra-fina, de 0.19 mm de diâmetro, que simulou um canal radicular. Os materiais testados foram: AH 26, Diaket, Grossman's sealer n. 811 (Roth), Grossman's sealer n. 812 (Roth), Kerr's pulp canal sealer - Rickert's Formula, Kerr's Tubliseal, Kloroperka N-0, ProcoSol root canal sealer, Pulpdent root canal sealer - Greenberg Formula e "ZOC" Root Canal Mixture. Todos os dez materiais escoaram, analisados sob as condições do estudo empreendido. As taxas de escoamento variaram de 0.36 mm a 2.2 mm por segundo.

Os resultados obtidos com os cimentos de fómulas de Grossman, que diferenciaram entre si apenas quanto ao tamanho das partículas, permitiram ao autor concluir que o tamanho das partículas desempenha um papel importante na capacidade do cimento escoar. Parece haver uma relação entre a espessura do filme e a taxa de escoamento. As taxas de escoamento, expressas em milímetros por segundo, estabeleceram uma ordenação de materiais, em valor ascendente: ProcoSol, Diaket, AH 26, Roth's 812, Kerr's sealer, Kloroperka N-0, Roth's 811, Kerr's Tubliseal, "ZOC" e Pulpdent. O escoamento, medido em milímetros, que representou o quanto o cimento penetrou na pipeta, permitiu a elaboração de uma outra ordem ascendente de materiais, determinada pelos valores médios: ProcoSol, Diaket, Roth's 812, AH 26, Kerr's pulp canal sealer, Kloroperka N-0, Roth's 811, Kerr's Tubliseal, "ZOC" e Pulpdent.

WILSON & BATCHELOR (1970) escreveram que a desintegração dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol no meio aquoso e' consequência da perda contínua do eugenol da matriz do cimento. Isso ocorre por lixiviação. O quelato eugenolato de zinco é de baixa estabilidade, e o equilíbrio entre ele, o eugenol, e o óxido de zinco contidos no cimento é transtornado quando o eugenol é removido por lixiviação aquosa. Consequentemente, a matriz hidrolisa progressivamente o eugenol e o óxido de zinco. O cimento então perde a força mecânica e se desintegra. Os autores avaliaram o teste de determinação da solubilidade e desintegração para esse cimento dental e concluiram que ele dá uma visão incompleta da durabilidade do cimento, porque o eugenol volátil é perdido e, por conseguinte, não é mensurado. Vale mencionar que o teste avaliado pelos autores difere daquele integrante na Especificação Número 57 da American Dental Association.

EL-TAHAWI & CRAIG (1971) estabeleceram as transições térmicas características dos materiais à base de óxido de zinco e eugenol, para compará-las àquelas do eugenolato de zinco, e para estudar o efeito da adição de ácido o-etoxibenzóico (EBA), de grandes quantidades de acelerador, e de resina na formação do eugenolato de zinco. O endurecimento das misturas de óxido de zinco e eugenol sem aceleradores, ou daquelas com acelerador em concentração menor do que 1 % de acetato de zinco, resultou na formação de apenas traços, quando eles existiam, dos cristais de eugenolato de zinco, concluindo que o endurecimento dos cimentos não era devido à essa fase cristalina. O endurecimento das misturas tinha duas exotermias na região de exotermia do eugenolato de zinco, o que pode indicar a formação de uma massa amorfa de eugenolato de zinco. A adição de resina aos cimentos que continham EBA interferiu na formação do eugenolato de zinco cristalino.

HOLLAND et al. (1971) estudaram a reação tecidual do tecido conjuntivo subcutâneo de rato quando realizaram-se implantes de tubos de polietileno, preenchidos parcial ou totalmente com os materiais Alfa Canal, Trim-Canal, Fillcanal, Composto de Wach, Óxido de zinco e eugenol, N2 e Pyocidina. Os resultados obtidos quando os tubos foram preenchidos totalmente com os materiais testados evidenciaram a presença de processo inflamatório, sendo o mais extenso aquele apresentado pelo óxido de zinco e eugenol. Quando preencheu-se parcialmente os tubos, os processos inflamatórios resultantes foram mais suaves em todos os casos estudados. Concluiu-se que a obturação do canal radicular deve ficar aquém do forame apical.

WEINER & SCHILDER (1971) investigaram as alterações dimensionais após o endurecimento de nove cimentos. Avaliaram-se, em um estudo qualitativo e quantitativo, os seguintes materiais: Kerr antiseptic pulp canal sealer, Kerr Tubliseal, Roth N. 501, Roth N. 511, Roth N. 601, ProcoSol nonstaining root canal cement, ProcoSol radiopaque silver root canal cement, Roth N. 801 e o AH 26.

Os autores salientaram que as condições dos estudos não tinham o objetivo de simular as condições clínicas. Nenhum dos resultados poderia ser interpretado como um comentário direto do desempenho clínico de qualquer cimento testado. Os tempos de endurecimento dos materiais apresentaram grandes variações, sob condições idênticas de temperatura e umidade relativa do ar. As alterações das condições ambientais, ou seja, da temperatura e da umidade relativa do ar, provocaram alterações marcantes nos tempos de endurecimento dos cimentos. Os aumentos da temperatura provocaram diminuição do tempo aferido. Todos os cimentos apresentaram contração, observada qualitativamente e quantificada por meio de perda de volume. Concluindo, os pesquisadores enfatizam a necessidade da padronização dos métodos para estudar-se os cimentos obturadores do canal, com a adoção de especificações pela American Dental Association.

SAMPAIO (1972) preconizou o uso do cimento de Rickert, em cuja fórmula é acrescida a delta-hidrocortisona a 2 por cento. Esse novo material é chamado de N-Rickert e, segundo o pesquisador, apresenta boa tolerância tecidual e não sofre mudanças volumétricas apreciáveis.

GROSSMAN (1974) publicou a fórmula do cimento que leva o seu nome e que, após promover alterações sucessivas a partir da primeira composição que preconizou, apresenta os seguintes constituintes: Pó: Óxido de Zinco 42 partes, Resina Staybelite 27 partes, Subcarbonato de Bismuto 15 partes, Sulfato de Bário 15 partes, Borato de Sódio anidro 1 parte. Líquido: Eugenol.

Esse cimento, comenta o autor, apresenta a maioria das propriedades desejáveis que um material obturador deve possuir, mas não todas. Essa composição proporciona ao profissional o tempo adequado para realizar uma radiografia e ajustar o cone quando for necessário. A qualidade da resina utilizada influencia o tempo de endurecimento do cimento. Ele não começa a endurecer antes de decorridos 10 minutos após a sua manipulação, propiciando um tempo amplo para a obturação do canal. O cimento endurece sobre a placa após 6 a 8 horas.

O seu endurecimento no interior do canal tem início passados 10 minutos do início da manipulação, atingindo o endurecimento total após 30 minutos, devido à umidade existente nos canalículos dentinários.

O material em pauta é bem tolerado pelo tecido periapical mesmo quando extruído através do forame apical, mas deve-se evitar a sobreobturação. A propriedade endurecedora do cimento variará com os componentes utilizados, com a quantidade de umidade presente no pó de óxido de zinco, e até com a quantidade de umidade da atmosfera no momento da preparação do pó ou quando o cimento é manipulado. Quanto maior for a umidade, mais rapidamente o cimento endurece. Não se deve utilizar mais do que duas gotas de líquido de uma única vez. Isso proporcionará uma quantidade de cimento suficiente para obturar os canais de um dente multirradicular. O cimento é manipulado sobre uma placa de vidro lisa, espatulando-o durante três minutos para cada gota de eugenol utilizada, até que se obtenha uma consistência espessa uniforme.

O material, após manipulado e ajuntado na espátula, não deve cair dela durante 10 a 15 segundos. Quando se coloca a espátula sobre a massa amolecida que se encontra sobre a placa e a levanta, o cimento deve proporcionar a formação de um "fio" de material que une a espátula à massa, de uma polegada, que se rompe e cai sobre si mesmo. Pode haver, acidentalmente, uma pequena quantidade de umidade no interior do canal, o que acelerará o endurecimento do material em discussão, mas não interferirá com a sua adesividade ou endurecimento. Obviamente, todo o esforço deve ser empreendido para se obter a secagem do canal antes de obturá-lo.

RODRIGUES et al. (1975) avaliaram a citotoxicidade, utilizando células HeLa, de três cimentos à base de óxido de zinco e eugenol mais utilizados no Brasil. Os autores verificaram que o óxido de zinco e eugenol são, per se, altamente tóxicos, provocando morte celular. O óxido de zinco em água destilada foi atóxico, concluindo ser o eugenol o principal irritante, mas outros componentes podem aumentar a toxidez dos materiais estudados.

Autoridade no assunto, novamente GROSSMAN (1976) estudou algumas propriedades físicas dos cimentos obturadores do canal radicular, ou seja, o tamanho das partículas, escoamento, tempo de endurecimento, adesão e alteração dimensional.

O tamanho das partículas foi avaliado para determinar o seu efeito sobre o tempo de endurecimento e escoamento.

O escoamento, ou seja, a consistência do cimento manipulado que irá capacitá-lo a penetrar nas pequenas irregularidades da dentina, é um fator importante na obturação dos canais laterais e ou acessórios.

O tempo de endurecimento foi estudado para determinar se o operador vai ter tempo suficiente para ajustar o(s) cone(s) de guta-percha ou de prata no interior do(s) canal(is) radicular(es), se necessário for. Isso é particularmente importante quando se obtura dentes multirradiculares.

A adesão, ou seja, a ligação física do cimento com a parede do canal, foi determinada porque ela é uma propriedade desejável de um cimento.

Finalmente, a alteração dimensional do cimento foi determinada pela infiltração de um corante ao seu redor.

Os materiais testados foram: AH26, Diaket, Kerr sealer, Mynol, N2, N2 no-lead, ProcoSol (non-staining), RC2B, Roth 801, Roth 811, Tubliseal e cimento de óxido de zinco e eugenol. Continuando, o autor faz revelações de grande valia para qualquer estudioso das propriedades físicas dos cimentos obturadores do canal radicular.

Os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, na sua maioria, possuem uma certa porcentagem de resina sintética ou natural. Vários deles contém subnitrato de bismuto para acelerar o seu endurecimento, enquanto outros contém borato de sódio para retardá-lo. Há ainda aqueles outros que contém ambos os ingredientes para conseguir um balanceamento entre um tempo de endurecimento muito rápido e outro muito lento.

Nesse estudo, não houve correlação entre o tamanho das partículas e o tempo de endurecimento. Quanto menor o tamanho da partícula, mais fácil é de se manipular o cimento, tomando menor tempo, e a mistura é mais suave e escoa melhor.

As propriedades de escoamento de um cimento dependem em parte dos ingredientes que o compõem, e em parte do tempo de endurecimento. Isso é particularmente pertinente ao escoamento dos cimentos no interior do canal radicular, onde o tempo de endurecimento é grandemente acelerado, quando comparado ao tempo de endurecimento do cimento sobre a placa de vidro.

O óxido de zinco comercial afeta variavelmente o tempo de endurecimento dos cimentos, dependendo do método da sua preparação química e da sua fonte de obtenção - se mineral ou a partir de misturas. A absorção do vapor do ar, tanto pelo óxido de zinco como pelo cimento obturador do canal, acelerará o tempo de endurecimento da mistura. Esse tempo não apresenta relação com o mesmo tempo medido no interior do canal radicular. Não apenas a temperatura e a umidade da boca aceleram o endurecimemto do cimento no interior do canal, mas a pouca espessura do filme do cimento desempenha um papel importante.

Um cimento que endurece no interior do canal radicular em poucos minutos pode ser um ponto desfavorável para o operador que necessitar de ajustes na obturação. Por outro lado, um cimento que endurece muito lentamente pode irritar os tecidos periapicais, devido a um excesso de eugenol que resulta em uma quelação incompleta ou pode servir de causa da contração do cimento.

Segundo GROSSMAN, o tempo de endurecimento ideal, se é que ele existe, ainda não foi determinado. Concluindo, ele acha que as informações do seu trabalho podem ajudar o dentista clínico-geral ou o endodontista a entender melhor o material que estão utilizando.

McCOMB & SMITH (1976) avaliaram "in vitro" algumas propriedades físicas de nove cimentos obturadores do canal radicular e as compararam com as propriedades de dois cimentos endodônticos especialmente preparados, ambos com fórmulas à base de policarboxilato.

As propriedades examinadas foram: escoamento, tempo de endurecimento, radiopacidade, adesão à dentina radicular, resistência à compressão e solubilidade. Usou-se a Especificação Número 8 da American Dental Association para cimentos fosfato de zinco para a avaliação do escoamento, tempo de endurecimento, resistência à compressão e solubilidade.

Os cimento avaliados foram: Kerr antiseptic pulp canal sealer; Kerr Tubliseal; ProcoSol non-staining root canal cement; ProcoSol silver cement; PCA root canal sealer; Roth root canal cement n. 801; Roth root canal cement n. 511; Diaket root filling material e o AH 26.

Os cimentos obturadores do canal radicular à base de óxido de zinco e eugenol foram tipicamente de baixa resistência e alta solubilidade, não apresentando ainda adesão à dentina, fato este que ocorreu também com o cimento à base de resina polivinílica Diaket. O cimento à base de resina epóxi AH 26 apresentou propriedades superiores em relação à resistência, escoamento, radiopacidade e adesão, embora tenha demonstrado uma alta solubilidade. Os cimentos à base de policarboxilato apresentaram uma adesão à dentina duas vezes maior do que aquela apresentada pelo AH 26. Uma grande variação nas propriedades dos materiais comerciais testados demonstrou a natureza empírica desses materiais obturadores.

COHEN & BURNS (1976) contra-indicam o uso de cimentos obturadores de canais radiculares que apresentam ions de metais pesados nas suas composições, bem como corticosteróides e paraformaldeido. Sobre os corticosteróides, eles afirmam ser esse tipo de agente farmacológico utilizado desnecessariamente para suprimir sintomas clínicos do pós-operatório. O paraformaldeido tem ação necrótica sobre os tecidos.

MOHAMMAD et al. (1978) estudaram a citotoxidade de alguns materiais obturadores do canal radicular, a saber: AH 26, RC-2B, GROSSMAN, ProcoSol, Tubliseal, Diaket, Wach, N2, Luk e Óxido de zinco e eugenol. Os cimentos RC-2B e N2 apresentaram-se como sendo os mais tóxicos e o cimento de GROSSMAN exibiu uma forte resposta citotóxica no início. Após noventa e seis horas, a reação diminuiu para um grau moderado. O ProcoSol e o AH 26 comportaram-se de modo semelhante. Os cimentos de óxido de zinco e eugenol, Diaket e Luk apresentaram uma reação inicial moderada, tornando-se menos tóxicos após noventa e seis horas. Os autores verificaram que as reações citotóxicas foram devidas mais às ações dos pós dos cimentos do que aos líquidos.

BENATTI et al. (1978) propuseram-se a estabelecer um critério para a obtenção da "consistência clínica ideal" de alguns materiais obturadores do canal radicular, a estabelecer um tempo de endurecimento e a verificar as alterações dimensionais desses materiais na "consistência clínica ideal" e em outras consistências.

Os testes foram realizados a partir de adaptações da Especificação Número 8 do Grupo Brasileiro de Materiais Dentários para Materiais de Moldagem que utilizam como base o óxido de zinco e o eugenol. Os materiais estudados foram: Fillcanal, Endomethasone, Trimcanal, Alpha Canal e óxido de zinco e eugenol.

Os autores concluiram ser a consistência clínica ideal alcançada após a completa homogeneização da mistura, devendo haver uma ligeira resistência durante a sua realização. Essa consistência referida é também alcançada quando a mistura, uma vez ajuntada pela espátula e mantida por ela longe da placa de vidro, ali permanece por 10 segundos sem cair. Ao colocar-se a espátula sobre a mistura, a consistência clínica ideal permite à mistura fazer com que haja uma aderência entre a placa e a espátula que, uma vez afastada esta última, permite que seja formado um fio de material de aproximadamente 2 cm antes de ele se romper.

O tempo de endurecimento deu amplo tempo de trabalho para todos os materiais testados, exceção feita ao Alpha Canal. A alteração dimensional (contração) não foi significante quando usou-se a consistência clínica ideal. Apenas o Alpha Canal apresentou uma contração maior, quando comparado aos demais.

Finalizando suas conclusões, os pesquisadores escrevem que quanto mais fluida for a mistura, maior a contração. Isto claramente indica que quanto mais espessa a mistura, menor será a alteração dimensional.

BOSCOLO et al. (1979) estudaram a radiopacidade de oito cimentos obturadores dos canais radiculares: AH 26; Endomethasone; Tubliseal; ZOE (SS White); Fillcanal; Diaket-A; Trimcanal e Alphacanal. O método de avaliação utilizado é muito diferente daquele que posteriormente seria preconizado pela American Dental Association em 1983. O AH 26 apresentou a maior radiopacidade entre os estudados. O Endomethasone, Tubliseal e ZOE apresentaram uma maior radiopacidade do que os cimentos Fillcanal, Diaket-A, Trimcanal e Alpha Canal, diferença essa detectada junto ao fotodensitômetro.

FRAGOLA et al. (1979) investigaram o efeito do tamanho das partículas do cimento sobre o tempo de endurecimento, escoamento, densidade radiográfica e aspecto microscópico do cimento de Grossman. Os resultados mostraram que quanto menor o tamanho das partículas do pó, mais rápido ocorre o endurecimento. As partículas menores foram compactadas mais próximas umas das outras e apresentaram um alto grau de densidade.

A reação de endurecimento do óxido de zinco e eugenol é essencialmente uma reação iônica ácido-base, com o eugenol servindo como doador de próton e o óxido de zinco-eugenol como o seu receptor. O hidrogênio fenólico no eugenol dimérico é substituido pelos íons de zinco para formar um quelato óxido de zinco-eugenol. A água é necessária para manter o eugenol hidratado e também para formar Zn(OH)2 , o qual é a fonte de íons de zinco.

A velocidade da reação é afetada pelo conteúdo de vapor e umidade do ambiente. A capacidade do óxido de zinco de se hidratar está relacionada com o tamanho da partícula.

À medida que o seu tamanho aumenta, a superfície do mesmo volume diminui. Em outras palavras, quanto maior o tamanho das partículas, menor é a superfície, que resulta em uma diminuição da reatividade e solubilidade da mistura. Partículas maiores dos cimentos à base de óxido de zinco endurecem mais vagarosamente, são menos reativas e proporcionam uma matriz menos homogênea do que os cimentos que contém partículas menores.

ØRSTAVIK (1981) publicou um trabalho que faz parte de uma série de estudos realizados pelo Instituto NIOM sobre as propriedades físicas, biológicas e clínicas dos materiais obturadores dos canais radiculares.

As propriedades antibacterianas de 28 cimentos e pastas foram estudadas. Todos eles apresentaram alguma atividade antibacteriana, que foi altamente variável entre os diferentes materiais, os quais estão listados a seguir: AH 26, Biocalex, Cohen-Luks, Cresopate, Diaket, Diaket-A, Endomethasone, Eucaryl, Forfenan, Formocresol, Hermetic, Hydron, Kerr pulp canal sealer, Kloroperka N-0, Kloroperkka, Kri 1 paste, Mynol C-T, N2 Normal, N2 Universal, ProcoSol, Pulp dent root canal sealer, Tubliseal, UP, Óxido de Zinco e Eugenol e outras quatro modificações do cimento de óxido de zinco. A atividade antibacteriana foi maior quando os materiais encontravam-se no estado de mistura recente, do que quando a mistura era estocada e, por conseguinte, endurecia. Os compostos contendo formaldeído e paraformaldeído apresentaram o maior efeito testado.

BEYER-OLSEN & ØRSTAVIK (1981) apresentaram um novo método padronizado, reproduzível, de mensuração da radiopacidade dos materiais dentários. Essa mensuração faz comparações densitométricas de amostras padronizadas dos materiais com uma escada de alumínio, sob condições controladas de exposição e processamento do filme. Os autores constataram que a avaliação visual das densidades das imagens não proporciona resultados reproduzíveis, ao contrário do observado quando do uso do fotodensitômetro.

MOORER & GENET (1982) realizaram uma pesquisa com o intuito de: identificar o princípio que inibe o crescimento bacteriano que se encontra presente nos cones de guta-percha; identificar alguns fatores relacionados com esse princípio; e discutir o seu possível significado. O componente identificado foi o óxido de zinco, sob a forma de pequenas partículas sólidas, a partir das quais os ions ativos solúveis Zn são mobilizados por hidrólise. Concluiu-se que o óxido de zinco não é um material inerte.

OGATA et al. (1982) investigaram a ação antimicrobiana de alguns cimentos de uso endodôntico, sobre diferentes espécies microbianas. As maiores inibições ao crescimento microbiano foram, em ordem decrescente, produzidas pelo Alfa Canal, Vedacanal, Fillcanal, Óxido de zinco e eugenol e N-Rickert.

FRAUNHOFER & BRANSTETTER (1982) estudaram as propriedades físicas de quatro cimentos obturadores do canal radicular, ou seja, dos materiais ProcoSol, Diaket, Tubliseal e Nogenol. As propriedades avaliadas foram resistência à compressão, absorção de água e solubilidade, alteração dimensional, pH e condutividade elétrica. As resistências à compressão do ProcoSol, Diaket e Tubliseal pareceram satisfatórias. A alteração dimensional encontrada com o ProsoSol e o Tubliseal sugere que a capacidade seladora desses materiais aumenta com o passar do tempo. O Diaket foi o cimento obturador mais estável, permanecendo virtualmente inalterado durante o período dos testes. A ausência de alteração dimensional indica que a eficiência seladora é dependente principalmente de uma boa técnica de obturação. O Nogenol diferiu significantemente dos outros materiais, apresentando uma consistência borrachóide por um longo período.

GROSSMAN (1982) determinou o tempo de endurecimento do cimento que introduziu em 1974, porém com modificações no líquido. Ele substituiu o eugenol por outros óleos essenciais de anethole, erva-doce, eucaliptol e óleo de pimenta em folhas. Este último foi o único a possibilitar a formação de um cimento que apresentou resultados que o compararam favoravelmente ao cimento manipulado com o eugenol, podendo assim ser considerado o seu substituto.

GROSSMAN (1982) ressaltou a importância do conteúdo resinoso dos cimentos, escrevendo poder ele influenciar o tempo de endurecimento desses materiais e afetar os tecidos periapicais. Assim, o autor realizou um estudo para determinar o pH de seis resinas, naturais e sintéticas, e também para determinar o efeito dessas substâncias sobre o tempo de endurecimento dos cimentos obturadores. As resinas estudadas foram: Amend, Hakusui, Penresina, Primavera, Staybelite e WW. A adição de resina ao pó de óxido de zinco deu a ele corpo e consistência, e permitiu ao material endurecer após decorrido um tempo razoável. O cimento de óxido de zinco e eugenol sem resina não endureceu em 24 horas e, após o endurecimento, era friável.

Geralmente, quanto menor o pH da resina, menor o tempo de endurecimento observado. Segundo o autor, sabia-se que os ácidos aceleram o tempo de endurecimento do cimento de óxido de zinco e eugenol. O ácido benzóico e o acetato de zinco têm sido recomendados como aceleradores do tempo de endurecimento. Entretanto, o fato de que a adição de uma resina ao cimento obturador do canal à base de óxido de zinco e eugenol afeta o tempo de endurecimento, acelerando-o ou retardando-o, não tinha sido relatado na literatura até então.

BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982) publicaram uma revisão de literatura sobre as propriedades físicas e ação seladora dos cimentos obturadores endodônticos. Vários estudos têm sido feitos sobre a resistência à compressão, absorção de água e solubilidade, propriedades reológicas, alterações dimensionais, tamanho das partículas, tempo de endurecimento, pH, radiopacidade e espessura do filme. Várias diferenças nas propriedades dos materiais têm sido relatadas na literatura, sendo que algumas delas ocorrem devido à alterações dos fabricantes e melhorias nos materiais, mas outras se devem aos vários métodos de se testá-las usados nas avaliações.

SAMPAIO et al. (1982) realizaram um trabalho para determinar uma proporção pó/líquido padrão para o cimento N-Rickert, capaz de oferecer ao profissional boas condições de trabalho. A proporção básica encontrada foi de 0.3762 g de pó para quatro ou cinco gotas de líquido.

HOLLAND et al. (1983) estudaram os efeitos de materiais obturadores de canais radiculares quando a região apical de dentes de macacos foram obturadas com raspas de dentina. Os materiais avaliados foram o Tubliseal, pasta antisséptica de Maisto, Pulp Canal sealer, cimento de Grossman, AH 26, Endomethasone, Diaket e Óxido de zinco e eugenol. Os resultados obtidos sugerem que a técnica de obturação apical com raspas de dentina parece boa, desde que essas raspas estejam isentas de debris e microrganismos.

ØRSTAVIK (1983) realizou um importante trabalho onde analisou o escoamento, tempo de trabalho e resistência à compressão de vários materiais endodônticos. Os materiais estudados foram: AH 26, Diaket, Endomethasone, Estésone, Eucaryl Poudre, Forfénan, Formocresol, Formule G. Ivanhoff, Kerr's pulp canal sealer, Kloroperka N-0, Kri 1 paste, Merpasone, Mynol C-T, N2 Normal, N2 Universal, ProcoSol, Propylor, Pulp-dent root canal sealer, Roth 811, Traitement SPAD, Tubliseal e Zinc oxide-eugenol. Dentre as conclusões do autor, destacam-se que as propriedades de escoamento dos cimentos obturadores do canal radicular variaram grandemente, sendo, para várias marcas, altamente dependentes da proporção pó-líquido do material manipulado. A determinação do tempo de trabalho é preferivelmente feita com as medidas do escoamento como uma função do tempo. Os resultados apontaram a necessidade dos fabricantes fornecerem uma proporção pó-líquido ótima para o uso clínico dos materiais estudados.

O mesmo autor, ØRSTAVIK (1983), estudou a perda de peso de dez materiais endodônticos, empregando a metodologia proposta pelo documento ISO. Essa metodologia, com modificações apenas no tempo em que o corpo de prova permanecia imerso na água, extendendo-o para uma semana, seria adotada pela Especificação Número 57 da American Dental Association no mesmo ano.

Em 1984, efetiva-se uma série de normas e testes para a avaliação dos materiais obturadores endodônticos, divulgada no ano anterior pela American Dental Association. Tal fato reveste-se de muita importância, passando então a existir procedimentos padronizados, com finalidade específica para a avaliação das propriedades físicas dos materiais em pauta.

HENSTERN-PETTERSEN et al. (1985) verificaram o potencial sensibilizante de quatro cimentos obturadores do canal radicular : AH 26, ProcoSol, Endomethasone e Kloroperka N-0. Todos os materiais testados induziram sensibilidade ao organismo. As respostas de reações de hipersensibilidade após o tratamento endodôntico são raras. Os autores chamam a atenção para a possibilidade de ocorrência de reações alérgicas em certos pacientes, ocorrendo então complicações no pós-operatório.

ZYTKIEVITZ et al. (1985) estudaram o escoamento e o tempo de endurecimento inicial e final de seis materiais obturadores do canal radicular: N-Rickert, Trim-Canal, Alpha Canal, Endomethasone, Óxido de zinco e eugenol e AH 26. O N-Rickert apresentou o maior escoamento, seguido pelo Trim-Canal e AH 26. O Endomethasone e o Alpha Canal apresentaram resultados equivalentes entre si. O Óxido de zinco e eugenol apresentou o menor escoamento e o maior tempo de endurecimento, seguido, nesse particular, pelo AH 26. O menor tempo foi apresentado pelo Trim-Canal.

HYDE (1986) estudou o escoamento, tempo de trabalho, tempo de endurecimento, pH, solubilidade, adesão e radiopacidade de alguns cimentos obturadores do canal radicular: Sealapex, CRCS, Tubliseal e Roth 801. Os testes foram realizados segundo a Especificação 57 da ADA. Verificou-se que os cimentos que continham hidróxido de cálcio nas suas fórmulas (Sealapex e CRCS) apresentaram um aumento significante do pH da água que os continham, ocorrendo o oposto com os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol. O Sealapex apresentou maior solubilidade e desintegração do que o Roth 801, que é um cimento cuja fórmula segue Grossman.

DE DEUS (1986) ressaltou que as fórmulas à base de óxido de zinco e eugenol para a obturação do canal radicular possuem um tempo de endurecimento, dependendo do método de manipulação, da temperatura, da umidade e da proporção pó/líquido. Esses compostos obedecem, proporcionalmente, aos mesmos princípios de manipulação da pasta de óxido de zinco e eugenol.

ØRSTAVIK (1988), grande conhecedor do assunto, fez considerações sobre as propriedades antibacterianas dos materiais endodônticos. Escreve ele terem sido os aditivos antibacterianos dos materiais obturadores dos canais radiculares muito debatidos durante o último século. Ao passo que a biocompatibilidade e a não-toxicidade foi considerada importante durante muito tempo, a filosofia terapêutica/antibacteriana foi revitalizada pela introdução dos materiais que contém hidróxido de cálcio. Deve ficar claro, segundo o pesquisador, que os materiais tradicionalmente tidos como biocompatíveis podem apresentar considerável atividade antibacteriana.

MARGELOR et al. (1989) avaliaram quatro cimentos do tipo Grossman produzidos na Grécia. Por meio de raios-X de difração atômica e espectrometria de absorção, eles detectaram a presença de chumbo em altas doses nos materiais estudados - 80 a 150 ppm. O produto controle apresentou apenas 2 ppm de chumbo. Os autores sugerem a necessidade de se fazer um controle de qualidade rigoroso nos materiais obturadores dos canais radiculares, com o intuito de evitar a presença de metais pesados nas suas composições.

SAQUY (1989) realizou uma importante pesquisa para determinar algumas características dos tratamentos endodônticos realizados por cirurgiões-dentistas de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo - Brasil, e constatou a ampla utilização do cimento de Grossman pelos profissionais consultados.

WENNBERG & 0RSTAVIK (1990) estudaram a adesividade de oito cimentos obturadores do canal comercialmente encontrados, quando o material é aplicado como uma fina camada entre a superfície da dentina e a da guta-percha. Os materiais avaliados foram: AH 26, CRCS, Diaket, Hartskloroform (5 por cento), Kloroperka N-0, ProcoSol, Sealapex e Tubliseal. Todos os materiais testados apresentaram adesividade mensurável à dentina e à guta-percha. A melhor adesão foi a do AH 26 e a pior a do Sealapex. O tratamento prévio da dentina com EDTA causou um significante aumento na adesividade do ProcoSol, clorofórmio-resina, Sealapex e Tubliseal.

SAVIOLI (1992) estudou as relações existentes entre cada um dos componentes químicos do pó do cimento do tipo Grossman e as propriedades físicas: escoamento, tempo de endurecimento, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração, espessura do filme e radiopacidade.

A especificação seguida para os testes foi a de número 57 da American Dental Association (1983). Para isso, aviaram-se sete fórmulas diferentes, iniciando-se com o óxido de zinco puro, acrescentando-se as seguintes substâncias químicas: tetraborato de sódio anidro, resina natural, subcarbonato de bismuto, sulfato de bário e, por fim, o cimento cuja fórmula é exatamente a proposta por GROSSMAN (1974).

Segundo o autor, a resina natural é um excelente acelerador do tempo de endurecimento e responsável pelo aumento do escoamento, bem como pela expansão do cimento.

O tetraborato de sódio é responsável pelo aumento da solubilidade e desintegração do cimento de óxido de zinco e eugenol. O subcarbonato de bismuto é muito superior ao sulfato de bário como agente radiopaco e, ainda, possibilita a obtenção de um cimento obturador de canais radiculares com menor alteração dimensional, menor solubilidade, bom escoamento, boa espessura do filme e tempo de endurecimento normal.

Os cimentos que continham apenas o subcarbonato de bismuto ou somente o sulfato de bário como agente radiopaco, ou ainda esses dois elementos balanceados, em iguais proporções, apresentaram propriedades físicas que se enquadram nas exigências da Especificaçào 57 da American Dental Association (1983).



 

PROPOSIÇÃO
 

Com base nos conhecimentos e informações que se encontram na literatura consultada, delineou-se o objetivo do presente trabalho: estudar as propriedades físicas de alguns cimentos obturadores do canal radicular presentes no mercado, cujas fórmulas seguem aquela preconizada por GROSSMAN (1974). A investigação basear-se-á na Especificação Número 57 da American Dental Association para materiais obturadores endodônticos . As propriedades a serem testadas são as seguintes:
 

Escoamento
Tempo de trabalho
Tempo de Endurecimento
Tempo de Endurecimento
Estabilidade dimensional
Solubilidade e desintegração
Radiopacidade.


MATERIAIS E MÉTODOS
 

As propriedades físicas dos materiais testados foram avaliadas segundo a Especificação Número 57 para materiais obturadores endodônticos da American Dental Association. Essa especificação foi aprovada em 30 de maio de 1983 e efetivada em 30 de maio de 1984, ou seja, decorrido um ano da sua aprovação. Ela determina que todos os testes sejam realizados nas condições ambientais de 23 mais ou menos 2 graus centígrados de temperatura e 50 mais ou menos 5 por cento de umidade relativa do ar, o que foi rigidamente obedecido. Os materiais testados foram submetidos às condições ambientais exigidas 48 horas antes do início dos procedimentos.

Preliminarmente, realizou-se teste para determinar se os materiais testados realmente obedeciam à fórmula preconizada por GROSSMAN (1974). Assim, pequenas quantidades de cada material foram submetidas à microanálise espectográfica feita com o aparelho LMA-10 Microanalyzador Spectral Laser. O teste consistiu em levar cerca de 1 g de cada pó a ser analisado ao local destinado a recebê-lo no aparelho, acionando-o a seguir.

Os cimentos obturadores testados pertencem aos seguintes lotes de fabricação:
Grossman FORP-USP: 01/91; Grosscanal: não fornecido; Fillcanal: 630; Endofill: 91001; Inodon: não fornecido.

TABELA I Cimentos obturados testados

Figura 1. Foto dos cimentos testados

Determinação da relação pó/líquido dos cimentos estudados

O passo inicial para a realização dos testes consistiu na elaboração de uma relação pó/líquido, específica para cada material testado, que seria rigorosamente seguida durante a realização de todos os testes. O objetivo era de estabelecer uma quantidade exata de pó que, manipulada com o líquido fornecido pelo fabricante ou com o Eugenol, pudesse nos fornecer um cimento obturador que possuisse a consistência clínica ideal preconizada por GROSSMAN (1974). Esse procedimento fez-se necessário por que as instruções fornecidas pelo fabricante, quando existentes, são omissas quanto à informação sobre qual a quantidade de pó que deveria ser misturada a outra determinada de líquido.

Obteve-se essa relação como será descrito a seguir. Inicialmente, pesou-se 3 gramas de pó do cimento que estava sendo estudado. A seguir, colocou-se, com a ajuda de uma pipeta graduada, 0.20 ml do líquido que iria ser misturado ao pó sobre uma placa de vidro lisa e limpa, de 20 mm de espessura. O pó era incorporado ao líquido aos poucos, com a ajuda de uma espátula metálica número 24 flexível, e submetido a uma espatulação vigorosa. Vale salientar que todas as determinações, bem como todos os testes realizados que serão descritos posteriormente, foram realizados pelo mesmo operador, a fim de evitar que a energia dispensada durante a manipulação dos materiais fosse a menor variável possível.

Durante a realização desses procedimentos e dos demais, fazia-se apenas um teste por dia, envolvendo um único material, a fim de evitar o cansaço físico do operador. Isso poderia influenciar os resultados obtidos.

Uma vez obtida a consistência clínica ideal, pesava-se a quantidade de pó remanescente, que não havia sido utilizada durante a manipulação, e determinava-se, por simples subtração, o quanto de pó havia sido efetivamente utilizado. O tempo dispendido durante a espatulação do cimento também foi anotado.

Assim, para cada cimento obturador foi elaborada uma relação de algumas gramas de pó/0.20 ml de líquido fornecido pelo fabricante ou Eugenol, e que levou um certo número de segundos para que a consistência clínica ideal fosse alcançada. Isso foi repetido cinco vezes para cada material testado. Obtinha-se uma média aritmética desses valores e, por uma simples regra de três, determinava-se o quanto de pó era necessário para que, quando misturado a 1 ml de líquido fornecido ou Eugenol, manipulados durante o tempo médio determinado, fosse obtida a consistência ideal desejada. Segundo GROSSMAN (1974), o cimento obturador do canal radicular está na consistência clínica ideal quando, após manipulado e ajuntado na espátula e levantado da placa de vidro, demora de 10 a 15 segundos para cair

Quando a espátula é colocada sobre a massa amolecida do cimento manipulado e é levantada da placa de vidro, forma-se um fio de mais ou menos 2.5 cm, sem se romper, unindo a espátula à massa que ficou sobre a placa (Figura 2).

O uso de apenas 0.20 ml de líquido do fabricante ou de Eugenol deve-se ao fato de que a quantidade de cimento, obtida decorrente da sua mistura com os respectivos pós, era acomodada com segurança na área da placa de vidro e dava para realizar grande parte dos testes. As variações de quantidades que se fizeram necessárias não implicavam em grandes variações em relação aos valores utilizados para obter-se as relações pó/líquido. Essas relações, os respectivos pós e líquidos utilizados durante os testes, bem como o tempo de espatulação que foi necessário para obter-se a consistência clínica ideal, estão listados na TABELA I. Os materiais utilizados nos testes estão na Figura 3.

Figura 1 -Cimentos obturadores do canal radicular utilizados na pesquisa

Figura 2 - Teste de consistência do cimento obturador. Fio de 2.5 cm aproximadamente que deve formar-se entre a massa do cimento e a espátula.

Estabelecidas as relações pó/líquido, passou-se então à realização dos testes preconizados pela Especificação Número 57 da American Dental Association.

Figura 3 - Teste de consistência do cimento obturador. Após espatulado e ajuntado na espátula, ele devia demorar de 12 a 15 segundos para cair.

Os materiais estudados, segundo essa especificação, classificam-se como sendo do tipo II, Classe 1, o que permite que as suas propriedades sejam avaliadas de acordo com o que se segue.

Tabela I. Relação dos cimentos obturadores do canal radicular testados

Os testes que se seguem foram realizados obedecendo essas proporções pó/líquido estabelecidas.

Escoamento

Manipulado o material a ser testado, pegava-se um volume de 0.5 ml do material e colocava-se sobre uma placa de vidro limpa. Para isso, usou-se uma seringa de vidro que teve a sua extremidade seccionada e cujo volume exigido foi determinado a partir de testes prévios, tendo sido confeccionada uma parada para o êmbolo, de modo que quando ele estivesse naquela posição determinada, o volume de material que a seringa carregaria seria sempre de 0.5 ml (Figura 4).

Figura 4 - Seringa ajustada para carregar o volume de 0.5 ml de cimento.

Após ter colocado o referido volume de material sobre a placa de vidro (Figura 5) e decorridos 180 mais ou menos 5 segundos do início da mistura, uma massa de 120 gramas era colocada cuidadosamente e centralmente por sobre o material amolecido. Essa massa era composta por uma placa de vidro, de dimensões 60 por 60 mm e 20 gramas de massa, e por um peso, fazendo com que a carga total fosse aquela anteriormente descrita, ou seja, 120 gramas (Figura 6).

Figura 5 - Colocação do cimento testado sobre a placa de vidro, conforme o realizado nos testes de escoamento e tempo de trabalho.

Dez minutos após o início da mistura, removia-se o peso e anotavam-se os diâmetros médios maiores e menores do disco formado pelo material comprimido, desde que a diferença entre eles fosse de 1 mm no máximo (Figura 7).

Figura 6 - Conjunto utilizado nos testes de escoamento e tempo de trabalho. A - placa de vidro superior. B - Carga. A massa total de A e B é 120 gramas.

Figura 7 - Disco circular obtido durante a realização do teste de escoamento.

Para a medição dos diâmetros, usou-se um paquímetro marca TESA (Figura 8), de procedência suíça. Se o disco obtido não fosse uniformemente circular ou se os diâmetros maiores e menores variassem de mais de 1 mm, o teste era desprezado e repetido. Era tomada a média de três determinações e os resultados eram aproximados para o milímetro mais próximo. Essa média era considerada como o escoamento do material estudado. O escoamento de um material, segundo a especificação seguida, deve apresentar um diâmetro do disco de pelo menos 25 mm. Os valores originais obtidos para cada material encontram-se no apêndice desse trabalho.

Tempo de Trabalho

Um volume de 0.5 ml do material estudado manipulado era colocado sobre uma placa de vidro limpa, usando a seringa de vidro. Decorridos 210 mais ou menos 5 segundos do início da mistura, colocava-se uma massa de 120 gramas sobre o material amolecido, composta por outra placa de vidro de dimensões 60 por 60 mm e massa de 20 gramas, mais o peso, à semelhança dos procedimentos executados durante a realização dos testes de escoamento.

O tempo de trabalho do material testado era o tempo decorrido a partir do começo da mistura até que o diâmetro do disco obtido com a compressão do material atingisse um valor que fosse 10 por cento menor do que o valor obtido pelo escoamento do mesmo material que estava sendo testado. Assim, obtinha-se a média de três determinações e o resultado, que era aproximado para os 30 segundos mais próximos, era tido como o valor do tempo de trabalho do material em questão. O tempo de trabalho mínimo de um material, segundo a especificação seguida, deveria estar dentro de mais ou menos 10 por cento daquele preconizado pelo fabricante.

Tempo de Endurecimento

Realizada a manipulação do material, este era colocado no interior de um molde circular, de 10 mm de diâmetro interno e 2 mm de espessura, que estava colocado sobre uma lâmina de vidro de microscópio, até que o molde fosse preenchido atingindo o nível superior da sua superfície (Figura 9).

Passados 120 mais ou menos 10 segundos do início da mistura, colocava-se o conjunto lâmina de vidro-molde preenchido pelo cimento sobre um bloco metálico de dimensões 10 por 20 por 10 mm, sendo que este bloco estava condicionado dentro de um recipiente plástico com vedação hermética, que era mantido a uma temperatura constante de 37 graus Celsius, dentro de uma estufa. No interior desse recipiente, mantinha-se uma atmosfera com 97 por cento de umidade relativa do ar, devidamente constatada por um aparelho HYGRO-HAAR-SYNTH, de procedência alemã, ali instalado. Assim, o conjunto formado pelo corpo de prova/lâmina de vidro/bloco metálico ficava dentro da câmara até o final do teste. Decorridos 150 mais ou menos 10 segundos do início da mistura, abaixava-se verticalmente uma agulha tipo Gillmore sobre a superfície horizontal do material (Figura 10).

Figura 9 - Molde circular de dimensões 10 mm de diâmetro interno e 2 mm de espessura. A - molde vazio. B - molde preenchido pelo material testado.

Essa agulha possui uma massa de 100 g, uma extremidade achatada de 2.0 mm de diâmetro, tornando-se cilíndrica nos seus 5 mm finais. Repetia-se regularmente a colocação da agulha sobre o material, após decorridos intervalos de 60 segundos, até que ela não provocasse mais indentações no material que estava sendo testado. O tempo de endurecimento de um material era tido como sendo o tempo decorrido entre o início da mistura e o tempo no qual as indentações da agulha tipo Gillmore deixassem de ser visíveis na superfície do material testado.

Para se chegar a um número final, faziam-se três determinações, não diferindo de mais ou menos 5 por cento entre si, e obtinha-se a média aritmética dessas determinações, que era considerada como sendo o tempo de endurecimento do material em questão. O tempo de endurecimento mínimo de um material, determinado por esse método, deveria estar dentro de mais ou menos 10 por cento daquele preconizado pelo fabricante, segundo a especificação seguida para a realização deste trabalho.

Espessura do Filme

Após manipulado o material em estudo, pegava-se um volume de 0.5 ml, com a ajuda da seringa de vidro. Depositava-se esse material sobre uma placa de vidro quadrada de 14.2 por 14.2 mm e com uma espessura de 6 mm, envolta em lâmina de papel celofane. Colocava-se uma segunda placa, de características semelhantes, sobre o material depositado.

Decorridos 180 mais ou menos 10 segundos do início da mistura, aplicava-se verticalmente uma carga de 15 Kgf sobre a placa de cima. Para que isso fosse possível, utilizou-se um aparelho MLW, de procedência alemã (Figura 11).

O material ocupava totalmente a área entre as placas de vidro. Decorridos 10 minutos do início da mistura, media-se a espessura das duas placas de vidro, juntamente com o material interposto entre elas.

A diferença da espessura das duas placas de vidro com e sem o filme de cimento obturador interposto entre elas é a medida da espessura do filme daquele cimento obturador estudado.

Fazia-se a média de três determinações e aproximava-se para os 5 micrometros mais próximos, chegando-se finalmente ao valor que era representativo como sendo a espessura do filme daquele material estudado. A espessura do filme de um material deve ser de não mais do que 50 micrometros.

Figura 11 -Aparelho de carga utilizado nos testes de espessura do filme.

Estabilidade Dimensional

Para se realizar esse teste, usaram-se moldes de Teflon seccionados ao meio, que possibilitaram a obtenção de corpos de prova cilíndricos, com dimensões de 12 mm de altura por 6 mm de diâmetro (Figura 12).

Manipulado o material a ser testado, o passo seguinte consistia no preenchimento do molde, que deveria estar sobre uma fina lâmina de celofane sustentada por uma lâmina de microscópio. O preenchimento do molde dava-se de tal modo que se pudesse verificar um ligeiro excesso de material na sua extremidade superior. Feito isso, pressionava-se outra lâmina de microscópio que estava envolvida por outra lâmina de celofane sobre a superfície superior do molde.

Obtinha-se então um conjunto formado pelas lâminas de microscópio, lâminas de celofane e, no meio, o molde contendo o material. Esse conjunto mantinha-se firmemente unido com a ajuda de um grampo em forma da letra C, que vinha a integrar-se a ele. Decorridos 5 minutos do início da mistura, transferia-se o conjunto para uma câmara hermética que possuia uma atmosfera de 97 por cento de umidade relativa do ar e temperatura de 37 graus centígrados, que já foi devidamente descrita no teste anterior.

Mantinham-se nesse local os corpos de prova até que decorresse um lapso de tempo que fosse igual a três vezes mais do que o tempo de endurecimento determinado anteriormente para o material testado.

O passo seguinte consistia em pegar-se o molde contendo a amostra e lixar as extremidades do material, sob irrigação com água destilada e deionizada, com a ajuda de uma lixa de granulação 600, para a regularização da sua superfície.

Removia-se então a amostra do molde, media-se o seu eixo longitudinal com um paquímetro (Figura 8), guardava-se a amostra em um recipiente de vidro que suportava um volume total de 50 ml. Dentro desse recipiente continha 30 ml de água destilada deionizada a uma temperatura de 37 graus centígrados.

Figura 12 - Molde cilíndrico, de dimensões 12 mm de altura por 6 mm de diâmetro, utilizado para confeccionar corpos de prova empregados nos testes de estabilidade dimensional.

Mantinham-se essas condições durante 30 dias, após o que mediam-se novamente as amostras.

Faziam-se três determinações de alteração dimensional ocorrida entre o tempo decorrido desde a mistura inicial do material mais três vezes o tempo de presa, e após decorridos 30 dias.

Calculava-se a alteração dimensional percentual usando a fórmula seguinte:

C30 - CI/ CI .100 onde C30 é a medida após 30 dias e CI é a medida inicial.

A média aritmética dessas três determinações expressa a alteração dimensional percentual do material testado. Segundo a especificação seguida, o material testado não deveria apresentar alteração que excedesse a 1 por cento.

Solubilidade e Desintegração

Os moldes utilizados durante a realização desse teste eram circulares, com 1.5 mm de espessura e 20 mm de diâmetro interno (Figura 13). Colocava-se esses moldes sobre uma fina lâmina de celofane sustentada por uma placa de vidro de 40 X 80 X 5 mm. Manipulava-se o material a ser testado e o colocava dentro do molde. A seguir, inseria-se um fio de nylon de diâmetro de aproximadamente 0.5 mm na massa do material amolecido.

Posteriormente, colocava-se outra placa de vidro, de dimensões iguais às daquela que estava sob o material, envolvida por outra lâmina de celofane, sobre o molde preenchido de material. Sobre esse conjunto, colocava-se um peso de 100 g que vinha a fazer parte do sistema.

Transportava-se todo esse conjunto para um ambiente hermético com características de temperatura e umidade relativa do ar iguais aos dois últimos testes descritos.

Decorridos três vezes mais o tempo de endurecimento medido anteriormente para aquele material testado, removia-se a amostra do molde e, após retirar quaisquer resíduos ou partículas perdidas, anotava-se a massa da amostra aproximando para os 0.001 g mais próximos.

Feito isso, suspendia-se a amostra no interior de um recipiente de vidro de aproximadamente 40 mm de diâmetro e volume total de 80 ml, que continha 50 ml de água destilada e deionizada no seu interior, fechando-a cuidadosamente. Tomava-se o cuidado para que não houvesse qualquer tipo de contacto entre a amostra e as paredes do recipiente.

Figura 13 - Molde circular, com 1.5 mm de espessura e 20 mm de diâmetro interno, utilizado no teste de solubilidade e desintegração. A - molde. B - corpo de prova pronto.

Guardava-se o recipiente e seu conteúdo em uma estufa a 37 graus centígrados por uma semana. Após isso, removia-se a amostra, enxaguava-a com 20 ml de água destilada e deionizada, removendo-se o excesso com a ajuda de um lenço de papel absorvente. Na etapa seguinte, colocava-se a amostra no interior de um desidratador contendo ácido sulfúrico concentrado por 24 horas. Decorrido esse tempo, retirava-se a amostra do desidratador e fazia-se uma segunda pesagem, aproximando-se novamente para os 0.001 g mais próximos.

Anotava-se a perda média em massa de cada par de amostras por material estudado, expressa como a porcentagem da massa original do material. Essa perda consiste na solubilidade do material, aproximada para os 0.1 percentuais mais próximos. Seguindo a especificação que norteou a realização desses trabalhos, a solubilidade e desintegração de um material não deve exceder 3 por cento em peso da massa original.

Radiopacidade

Para a obtenção das amostras com o intuito de realizar esse teste, usaram-se moldes metálicos circulares iguais àqueles utilizados para a realização do teste de tempo de endurecimento dos materiais (Figura 9).

Embora a especificação seguida durante a realização dos trabalho não exigisse assim, obtiveram-se três amostras por material estudado, perfazendo um total de 15 amostras. Durante as suas confecções, teve-se o cuidado para que cada amostra tivesse rigorosamente a espessura uniforme de 2 mm, não apresentasse irregularidade nem bolhas no seu interior.

Observou-se posteriormente que isso não foi sempre possível. Para que o resultado de uniformidade de espessura de cada amostra fosse possível, fez-se o seguinte: colocou-se o molde sobre uma lâmina de celofane fina e sustentada por uma lâmina de microscópio. Preencheu-se o mesmo e, por cima, pressionou-se outra lâmina de vidro envolta por outra lâmina de celofane. Sobre esse conjunto, colocou-se um peso de 100 g. Esperou-se até o endurecimento do material.

Posteriormente, colocaram-se as 15 amostras, devidamente identificadas, sobre um filme oclusal da marca AGFA, do grupo D . Ainda sobre esse mesmo filme, colocou-se uma escada de alumínio 99 por cento (liga 1100), cuja espessura variava de 1 a 10 mm, aumentando em incrementos uniformes de 1 mm por degrau (Figura 14). O objetivo era de permitir a comparação entre os degraus da escada e as respectivas amostras.

A etapa seguinte consistiu na obtenção da radiografia das amostras e da escada. Para isso, utilizou-se um aparelho de raios-x marca RITTER, de procedência norte-americana. Esse aparelho foi regulado para emitir radiação com 65 KVp e 10 mA. A distância foco-objeto, que o separou dos corpos de prova a serem radiografados, foi de 400 mm. Sua filtração inerente do raio era de 2.5 mm de alumínio. O tempo de exposição foi de 1 segundo.

Figura 14 - Escada de alumínio utilizada no teste de radiopacidade.

Obtida a radiografia, ela foi revelada durante 1 minuto, lavada em água corrente, e fixada durante 15 minutos. As soluções reveladora e fixadora eram da marca KODAK. Posteriormente, fez-se a sua lavagem final em água durante 30 minutos. Todas essas soluções, bem como a água utlizada para lavagem, foram mantidas a uma temperatura constante de 26 graus centígrados. Seguindo-se, fez-se a sua secagem em um dispositivo próprio para isso, de modo a evitar manchas.

Figura 15 - Radiografia final utilizada para o teste de radiopacidade.

Tendo-se a radiografia pronta em mãos (Figura 15), procedeu-se então à leitura das densidades ópticas das amostras e de cada degrau da escada de alumínio, com a ajuda de um fotodensitômetro marca Victoreen, modelo 07-424 (Figura 16).

Figura 16 - Fotodensitômetro utilizado para medir as densidades ópticas das imagens radiográficas dos corpos de prova e da escada de alumínio.

Cada material deu assim três números de densidades ópticas (D.Os.) que expressavam a sua radiopacidade. Fez-se a média aritmética desses números, obtendo-se um único valor que foi tido como o resultado final do teste para cada material.

Segundo a especificação seguida, o material deve apresentar uma radiopacidade equivalente, no mínimo, a 4 mm de alumínio.



 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Obtidos os valores resultantes da realização de todos os testes, eles foram submetidos à análise estatística. Para esse fim, utilizamos um programa de computador elaborado pelo Prof. Dr. Geraldo Maia Campos, cuja cortesia permitiu analisar os resultados de maneira rápida e sem muitas complicações.

Analisou-se cada teste individualmente. Carregava-se o programa com os valores pertinentes a determinado teste e fazia-se a análise. Assim, estabelecemos uma rotina de trabalho. Inicialmente, testávamos a normalidade dos valores resultantes. Se normal, fazia-se a análise paramétrica. Caso os valores obtidos apresentassem uma distribuição não-normal, fazia-se a análise não-paramétrica.

Para que fosse possível elaborar as análises com maior critério, fez-se um teste de microanálise espectográfica a laser para detectar se os pós dos cimentos ditos como sendo elaborados segundo a fórmula de GROSSMAN (1974) realmente possuiam todos os constituintes encontrados na referida composição. Realizou-se esse teste colocando-se uma pequena quantidade do pó a ser avaliado no aparelho LMA-10 Microanalyzador Spectral Laser.

Os resultados da análise encontram-se expostos na tabela II. Vale dizer que essa avaliação é qualitativa.

Assim, o cimento de Grossman FORP-USP apresentou a composição sugerida pelo pesquisador que emprestou o seu nome ao material, havendo porém a presença adicional do estrôncio. Todos os materiais que possuiam bário nas suas composições, apresentaram o estrôncio, sugerindo que este elemento químico poderia estar contaminando o sulfato de bário.

Tabela II. Constituintes dos pós dos cimentos.

A maioria dos pós examinados apresentou Mg, sugerindo uma possibilidade de contaminação do óxido de zinco.

Para elucidar essa dúvida, os testes foram repetidos utilizando apenas o sulfato de bário e o óxido de zinco P.A. O sulfato de bário analisado apresentou Sr (estrôncio), ficando então evidente a sua contaminação por esse elemento. O óxido de zinco P.A. não apresentou Mg. Assim, seguindo o raciocínio e as informações de BRAUER (1967), os fabricantes possivelmente acrescentaram óxido de magnésio nas fórmulas dos materiais que fabricam, o que explicaria a detecção de Mg pelo teste.

Todas as fórmulas comerciais apresentaram magnésio nas suas composições, sugerindo que ele poderia estar contaminando o óxido de zinco utilizado na elaboração dos materiais, ou então as indústrias colocaram-no nas fórmulas sob a forma de óxido de magnésio, que também reage com o eugenol (BRAUER, 1967).

A seguir, passamos a elaborar as respectivas análises.

Relação Pó-Líquido dos Cimentos Obturadores Testados

Inicialmente, fez-se um teste de aderência à curva normal com os valores obtidos . A interpretação revelou que a distribuição amostral testada não era normal (ver apêndice). Passamos então à análise não-paramétrica, utilizando o teste de Kruskal-Wallis para a comparação entre as médias dos postos das amostras (Tabela III). Os valores críticos utilizados foram: a=0.05, a=0.01 e a=0.001.

Tabela III. Comparação entre as médias dos postos das amostras

Os resultados revelaram que as diferenças existentes entre o cimento de Grossman FORP-USP, quando comparadas ao Grosscanal e ao Inodon, foram não-significantes nos três níveis pesquisados. O mesmo aconteceu quando comparou-se o Fillcanal ao Inodon.

Ao nível a igual a 0.05, o Grosscanal e o Endofill apresentaram diferenças significantes estatisticamente.

Analisados ao nível de alfa igual a 0.001, as diferenças encontradas foram significantes quando analisou-se os seguintes cimentos: FORP-USP quando comparado ao Grosscanal, ou ao Endofill. O Grosscanal apresentou diferença significante quando comparado ao Fillcanal ou ao Inodon. O Endofill apresentou diferença significante quando comparado ao Fillcanal ou ao Inodon.

Assim, os cimentos de Grossman FORP-USP, Fillcanal e o Inodon constituíram um grupo separado, cujas diferenças foram não-significantes entre si.

Como passo inicial e necessário para que os testes realizados pudessem ter credibilidade e reprodutibilidade, faz-se sempre necessária a determinação da relação pó/líquido para cada um dos materiais testados.

Essa relação é de suma importância, uma vez que pode influir nas propriedades físicas dos cimentos obturadores.

BRAUER et al. (1962) constataram que a maior incorporação de pó para uma mesma quantidade de líquido diminui o tempo de endurecimento do material e melhora a sua resistência à compressão, fato esse que não foi ratificado por NORMAN et al. (1964).

BRAUER (1967) recomenda a incorporação de uma quantidade máxima de pó para um determinado volume de líquido, desde que isso proporcione uma consistência passível de utilização.

BATCHELOR & WILSON (1969) realizaram estudos prévios à realização da sua pesquisa para determinar proporções pó/líquido para os cimentos testados e verificaram que essa relação influencia as propriedades reológicas dos materiais, o que também é informado por DE DEUS (1986).

Assim, parece óbvia a necessidade da determinação de relações pó/líquido para cada material que for submetido ao estudo das propriedades físicas. Isso foi seguido por BRAUER et al. (1962), LEAL (1966), BATCHELOR & WILSON (1969), SIMÕES FILHO (1969), BENATTI et al. (1978), SAMPAIO et al. (1982), HYDE (1986) e SAVIOLI (1992).

Vários são os métodos utilizados para se determinar essa relação em questão.

Neste trabalho, procurou-se determinar uma relação pó/líquido para cada material estudado, desde que o cimento testado, após manipulado, apresentasse-se na consistência clínica preconizada por GROSSMAN (1974).

O volume de líquido utilizado para a realização dos testes encontra-se fundamentado no fato de a massa de cimento resultante, na maioria das vezes, possibilitar a execução de todos os testes. Quando não, faziam-se pequenas alterações de massa e volume dos respectivos pós e líquidos , sempre com rigoroso respeito à relação obtida. Esse fato contraria GROSSMAN (1974), que aconselhou o uso de no máximo duas gotas de líquido por vez, espatulando-se o cimento por um tempo mínimo de três minutos para cada gota utilizada.

A determinação da relação pó/líquido para os materiais aqui realizada foi a mesma feita por SAVIOLI (1992), que dá ao operador tempo livre de manipulação. Mesmo assim, conseguiu-se massas homogêneas de cimento manipulado, na consistência almejada, antes de o tempo de espatulação alcançar os três minutos mínimos preconizados por GROSSMAN (1974).

Escoamento

Os resultados dos testes de escoamento dos materiais avaliados estão na Tabela IV.

Tabela IV. Escoamento dos cimentos obturadores testados.

A exemplo dos demais testes, inicialmente testou-se a normalidade da distribuição amostral dos valores originais obtidos após a realização dos testes. Fez-se o teste de aderência à curva normal, o que revelou ser a distribuição amostral não-normal (ver apêndice).

Procedeu-se então à realização do teste de Kruskal-Wallis para comparar as médias dos postos das amostras (Tabela V).

O cimento de Grossman FORP-USP e o Endofill não apresentaram diferenças significantes entre si, o mesmo acontecendo quando comparou-se o Grosscanal ao Fillcanal.

Para a = 0.001, as diferenças encontradas foram significantes quando comparou-se: 1- o FORP-USP ao Grosscanal ou ao Fillcanal, e 2 - o Endofill ao Fillcanal ou ao Grosscanal.

Tabela V. Comparação entre as médias dos postos das amostras

Quando analisados com o valor de a = 0.01, a diferença foi significante quando comparou-se o Grosscanal ao Inodon.

O Inodon apresentou diferenças significantes quando comparado ao FORP-USP, ao Fillcanal e ao Endofill, para alfa = 0.05.

Assim, pode-se dizer que o FORP-USP foi igual ao Endofill e o Grosscanal foi igual ao Fillcanal.

A especificação seguida determina que os materiais obturadores do canal radicular possuam escoamento mínimo correspondente ao diâmetro do disco obtido com valor igual a 25 mm, o que foi encontrado para todos os materiais estudados.

Vários foram os autores que pesquisaram essa propriedade física, os quais pode-se citar: WEISSMAN (1970), GROSSMAN (1976), MCCOMB & SMITH (1976), FRAGOLA et al. (1979), 0RSTAVIK (1983), HYDE (1986) e SAVIOLI (1992). Dentre eles, apenas HYDE (1986) e SAVIOLI (1992) seguiram a Especificação 57 da ADA e ambos não avaliaram materiais que pudessem ser comparados àqueles avaliados nesse estudo.

A propriedade de escoamento de um material é um fator muito importante para o seu desempenho clínico. Segundo GROSSMAN (1976), o escoamento, ou seja, a consistência do cimento manipulado torna-o capaz de penetrar em pequenas irregularidades na dentina, e constitui um fator importante na obturação de canais laterais ou acessórios. Essa propriedade depende em parte dos ingredientes que compõem o cimento e em parte do tempo de endurecimento. Segundo o autor, quanto menor o tamanho das partículas do pó, melhor o escoamento do cimento.

Segundo WEISSMAN (1970), as taxas de escoamento são influenciadas pelo tamanho das partículas do pó, fato este contestado por GROSSMAN (1976), que não encontrou essa correlação no seu trabalho. Esse mesmo autor, em 1982, escreveu que a adição de resina ao cimento de óxido de zinco e eugenol dá plasticidade ao material, favorecendo o seu escoamento.

Embora não se dispusesse de testes para determinar o tamanho das partículas de pó dos cimentos, verificou-se que o cimento Inodon apresentava partículas enormes em relação aos demais e que tornava mais difícil a sua manipulação. Apesar disso, o referido material apresentou um escoamento maior do que o Grosscanal e o Fillcanal, que aparentemente possuiam partículas menores e eram mais fáceis de serem manipulados.

Tempo de Trabalho

Os resultados obtidos com a realização dos testes de tempo de trabalho dos materiais avaliados estão na Tabela VI.

Tabela VI. Tempo de trabalho dos cimentos obturadores testados

Após detectada a não-normalidade da distribuição amostral dos valores originais (ver apêndice), realizou-se o teste de Kruskal-Wallis. Os resultados estão na tabela VII.

O Grosscanal e o Inodon apresentaram diferenças significantes entre si, quando o valor de alfa = 0.001.

Para o valor de alfa = 0.01, as diferenças foram significantes entre: _ FORP-USP e Grosscanal,; _ Grosscanal e Endofill; _ Fillcanal e Endofill; _ Fillcanal e Inodon.

O FORP-USP apresentou-se significantemente diferente do Fillcanal, com alfa = 0.05.

Tabela VII. Comparação entre as médias dos postos das amostras

Constituíram grupos à parte, com diferenças não-significantes entre si:

_ um grupo contendo o FORP-USP, Endofill e o Inodon,

_ outro grupo contendo Grosscanal e Fillcanal.

O tempo de trabalho não foi muito estudado pelos autores. Encontrou-se essa abordagem nos trabalhos de ZERLOTTI FILHO (1956), 0RSTAVIK (1983) e HYDE (1986), sendo que apenas os dois últimos seguiram a Especificação 57 da ADA. Talvez isso se deva ao fato de sua extrema proximidade com o teste de escoamento.

HYDE (1986) salientou muito bem o fato de que essa determinação do tempo de trabalho não reflete a situação rotineira de uso clínico dos materiais. O tempo de trabalho clínico real ocorre quando a superfície do material começa a endurecer, formando uma película superficial. Isso impede a transferência fácil do material para as pontas de guta-percha, bem como a inserção das pontas no interior do canal.

Tempo de Endurecimento

Os resultados obtidos a partir dos testes de endurecimento dos cimentos obturadores testados estão na Tabela VIII.

Tabela VIII. Tempo de endurecimento dos cimentos obturadores testados

Como etapa preliminar, à semelhança dos outros testes realizados, testou-se a normalidade da distribuição amostral composta pelos valores obtidos a partir da realização dos testes experimentais. Verificou-se ser essa distribuição não-normal.

Realizou-se então o teste de Kruskal-Wallis (Tabela IX), após o que pode-se afirmar o que se segue.

O FORP-USP e o Grosscanal constituíram um grupo à parte, com diferenças não-significantes entre si.

Para o valor de alfa = 0.001, as diferenças encontradas foram significantes quando comparou-se:

_ o Fillcanal ao FORP-USP, ou ao Grosscanal, ou ao Inodon;

_ o Inodon ao Endofill.

Tabela IX. Comparação entre as médias dos postos das amostras.

Com alfa = 0.01, as diferenças encontradas foram significantes quando comparou-se:

_ o FORP-USP ao Endofill ou ao Inodon,

_ o Grosscanal ao Endofill ou ao Inodon.

Quando o valor de alfa = 0.05, apenas o Fillcanal apresentou diferença estatisticamente significante quando comparado ao Endofill.

HYDE (1986) afirmou que a determinação do tempo de endurecimento de um material obturador depende de algumas variáveis, tais como: tipo do equipamento utilizado, espessura da amostra do material, o peso da agulha de Gillmore e as condições ambientais nas quais os testes são realizados. Baseados nisso, segui-se aqui rigorosamente as exigências da Especificação 57 da ADA, à semelhança de SAVIOLI (1992).

A necessidade de padronização dos métodos de estudos das propriedades físicas dos materiais obturadores também foi defendida por WEINER & SCHILDER (1971).

BATCHELOR & WILSON (1969) afirmaram que, para qualquer cimento, a consistência e o tempo de endurecimento são relacionadas, sendo ambas medidas do desenvolvimento de forças e são mutuamente afetadas pelos fatores que influem na velocidade da reação de endurecimento, tais como umidade e temperatura.

NORMAN et al. (1964) detectaram que o tamanho das partículas possui uma influência significante sobre o endurecimento do material, sendo que os cimentos de partículas menores endureceram mais rapidamente do que os de partículas maiores. Segundo os autores, a resina retardou a reação de endurecimento.

Os achados de FRAGOLA et al. (1979) concordam com aqueles de NORMAN et al. (1964) no que diz respeito à relação tamanho das partículas/tempo de endurecimento. As afirmações de GROSSMAN (1976) contradizem esses dois autores e negam a referida relação.

GROSSMAN (1974) afirma que a qualidade da resina influencia o tempo de endurecimento do material.

Esse mesmo autor, em 1976, afirmou que o aumento da temperatura e da umidade diminuíram o tempo de endurecimento, o que concorda com BATCHELOR & WILSON (1969). Continuando, GROSSMAN afirma que o fato da origem do óxido de zinco ser mineral ou misturado afeta também a propriedade aqui estudada. O endurecimento do material aferido na placa não guarda relação com o que ocorre clinicamente, onde a temperatura e a umidade da boca irão interferir no processo. A diferença da quantidade de material nas condições clínicas e laboratoriais são diferentes. Para minimizar os efeitos da umidade e da temperatura sobre os resultados, a ADA preconiza as condições ambientais descritas na sua Especificação 57.

SAVIOLI (1992) demonstrou claramente o efeito da resina natural sobre a reação de endurecimento do óxido de zinco e eugenol, demonstrando que GROSSMAN (1974) estava correto. A adição de resina natural (breu) ao pó do cimento funciona como acelerador, concordando com MOLNAR & SKINNER (1942). Continuando, SAVIOLI (1992) afirma que a resina natural tem em sua composição uma predominância de ácido abiético capaz de acelerar a reação de endurecimento do óxido de zinco e eugenol. A hidratação do borato de sódio também influi no processo.

Neste estudo, encontrou-se grandes diferenças entre os tempos de endurecimento determinados para os materiais, exceção feita entre o FORP-USP e o Grosscanal, o que faz supor que haja diferenças nas composições desses materiais, que foi qualitativamente detectada pelo teste de microanálise espectográfica a laser.

Espessura do Filme

Os resultados obtidos após a realização dos testes de espessura do filme estão contidos na Tabela X.

Tabela X. Espessura do filme dos cimentos obturadores testados

Os resultados obtidos após a realização dos testes apresentaram uma distribuição não-normal (ver apêndice). Realizou-se então o teste de Kruskal-Wallis, para comparar as médias dos postos das amostras, duas a duas (Tabela XI).

Com alfa = 0.01, a diferença encontrada entre o Grosscanal e o Inodon foi significante estatisticamente. Para alfa = 0.05, o Inodon foi diferente estatisticamente do Fillcanal e do Endofill.

Apresentaram diferenças não-significantes estatisticamente:

_ o FORP-USP, quando comparado aos demais,

_ o Grosscanal, quando comparado aos outros, com exceção do Inodon,

_ o Fillcanal, quando comparado ao Endofill.

Tabela XI. Comparação entre as médias dos postos das amostras

À exceção do Inodon, todos os outros cimentos constituíram um grupo, com diferenças estatisticamente não-significantes entre si.

A Especificação 57 da ADA determina que os cimentos obturadores dos canais radiculares devem ter uma espessura do filme máxima de 50 micrometros, quando determinada segundo as suas orientações. Sendo assim, apenas o cimento Inodon apresentou resultados que não obedecem a referida especificação.

Segundo WEISSMAN (1970), parece haver uma relação entre a espessura do filme e a taxa de escoamento, sendo esta influenciada pelo tamanho das partículas do pó dos cimentos. Embora não se tenha realizado testes específicos neste trabalho para determinar o tamanho das partículas dos pós dos materiais, percebeu-se que o cimento Inodon diferia dos demais, apresentando partículas grandes e difíceis de manipular. Em relação ao tamanho das partículas, os resultados aqui encontrados justificam as afirmações de WEISSMAN (1970). Porém, quando vincula-se escoamento/espessura do filme, os resultados deste trabalho contrariam o mesmo autor, pois apesar da sua grande espessura do filme, o cimento Inodon apresentou escoamento razoável, dentro dos padrões exigidos pela ADA.

SAVIOLI (1992) concluiu ser a relação de 42 por cento de óxido de zinco para 27 por cento de resina natural (breu) presente nos cimentos do tipo Grossman suficiente para que os cimentos apresentem espessura do filme compatível com as exigências da ADA. A diferença entre essa proporção desses dois componentes dos cimentos encontrados no mercado pode ser uma outra variável que influi nos resultados específicos para tentar confirmar a sua veracidade.

Estabilidade Dimensional

Os resultados obtidos a partir da realização dos testes de estabilidade dimensional estão contidos na Tabela XII.

Tabela XII. Alteração dimensional percentual dos cimentos obturadores testados.

Os procedimentos repetiram-se novamente aqui. Verificada a não-normalidade da distribuição amostral (ver apêndice), fez-se o teste de Kruskal-Wallis (Tabela XIII).

Para alfa = 0.001, o cimento Grosscanal apresentou diferença significante quando comparado aos cimentos Fillcanal e Endofill.

Com alfa = 0.01, encontrou-se as seguintes diferenças significantes:

_ FORP-USP diferente do Grosscanal e do Fillcanal,

_ Inodon diferente do Fillcanal e Endofill.

As diferenças encontradas entre o FORP-USP comparado ao Endofill ou Inodon foram não-significantes estatisticamente. Também o foram as encontradas entre o Grosscanal e Inodon e entre o Fillcanal e o Endofill.

Tabela XIII. Comparação entre as médias dos postos das amostras.

BUCHBINDER (1931) preocupou-se, já na sua época, em estudar a estabilidade dimensional dos cimentos obturadores do canal radicular, embora tenha utilizado um método de detecção visual da alteração.

MCELROY (1955) preocupou-se também com essa propriedade física, tentando estabelecer um método de estudo que mais se assemelhasse às condições clínicas.

LEAL (1966) constatou que o aumento da relação pó/líquido diminuiu a contração de dois dos materiais estudados, e foi intensificada à medida que se aumentou o tempo de investigação. Vale lembrar que os materiais avaliados pelo autor diferem daqueles aqui estudados.

BENATTI et al. (1978) concluíram que a alteração dimensional dos materiais utilizados no seu estudo, entre eles está o Fillcanal, não é significante quando a consistência clínica ideal é utilizada para manipular os cimentos avaliados.

SAVIOLI (1992) realizou testes verificou que o tipo de resina natural (breu) empregado na composição dos cimentos tipo Grossman tem grande influência na expansão dos materiais.

Apenas os cimentos Endofill e Grosscanal enquadraram-se nas exigências da ADA, com alterações dimensionais inferiores a 1 por cento.

Baseado no raciocínio de SAVIOLI (1992), pode-se especular que existem diferenças entre as resinas naturais encontradas nas fórmulas dos cimentos estudados. O breu é encontrado no mercado sob diferentes tipos e marcas, cada uma deles possuindo alterações dimensionais diferentes.

Solubilidade e Desintegração

Os resultados obtidos após a realização dos testes de solubilidade e desintegração com os materiais pesquisados estão na Tabela XIV.

Tabela XIV. Solubilidade e desintegração percentual dos cimentos obturadores testados.

Os resultados do teste de aderência à curva normal, calculado a partir dos valores originais, mostraram ser a distribuição amostral não-normal (ver apêndice).

Posteriormente, realizou-se o teste de Kruskal-Wallis (Tabela XV), que revelou o abaixo descrito.

Em nível de alfa = 0.001, as diferenças encontradas entre o Grosscanal e o Fillcanal foram significantes estatisticamente.

Já para alfa = 0.01, as diferenças significantes foram encontradas entre o FORP-USP e o Grosscanal, Grosscanal e Inodon, e entre o Fillcanal e o Endofill.

Quando alfa = 0.05, encontraram-se diferenças significantes entre o FORP-USP e o Fillcanal e entre o Endofill e o Inodon.

Tabela XV. Comparação entre as médias dos postos das amostras.

As diferenças encontradas foram não-significantes estatisticamente quando comparou-se o cimento FORP-USP ao Endofill e ao Inodon. O mesmo ocorreu quando da comparação entre o Fillcanal e o Inodon.

A Especificação 57 da ADA determina que os materiais obturadores do canal radicular do tipo II classe I não devem apresentar solubilidade e desintegração superior a 3 por cento do seu peso. Assim, os resultados aqui encontrados revelam que nenhum dos cimentos testados preenche os quesitos da American Dental Association quanto à propriedade avaliada neste tópico.

A solubilidade dos cimentos é um fato que tem preocupado os pesquisadores ao longo dos anos. MOLNAR & SKINNER (1942) afirmaram que os sais de baixa solubilidade reduziriam a solubilidade do cimento endurecido.

MESSING (1961) conseguiu uma ligeira redução da solubilidade do cimento de óxido de zinco com a associação de poliestireno ao eugenol em uma quantidade de 10 por cento.

PHILLIPS & LOVE (1961) também se preocuparam com o efeito da adição de certos agentes no cimento de óxido de zinco sobre as suas propriedades físicas. A solubilidade desse material foi aumentada com a adição de ácido o-etoxibenzóico (EBA), sílica e acetato de zinco.

BRAUER et al. (1962) constataram a redução da solubilidade e desintegração dos cimentos de óxido de zinco e eugenol, associado ao ácido o-etoxibenzóico (EBA), quando a ele foram acrescentados, respectivamente: resina, resina hidrogenada, quartzo fundido, e/ou óxidos metálicos.

NORMAN et al. (1964) verificaram que a adição de resina ao cimento de óxido reduziu a sua solubilidade. O mesmo efeito foi conseguido quando estudou-se o cimento que continha partículas menores de pó.

BRAUER et al. (1968) constatou que a adição de resina hidrogenada reduziu a solubilidade e desintegração dos cimentos estudados, acrescentando essa característica àquela já dita por GROSSMAN (1958), que é a de conferir adesividade ao material. SAVIOLI (1992) encontrou resultados consonantes com esses.

SIMÕES FILHO (1969) constatou que a relação pó/líquido e a solubilidade e desintegração de um material são inversamente proporcional, ou seja, esta diminui com o aumento daquela relação.

WILSON & BATCHELOR (1970) preocuparam-se em explicar a desintegração dos cimentos de óxido de zinco e eugenol. Ela e' consequência da perda contínua do eugenol da matriz do cimento por lixiviação, transtornando o equilíbrio existente entre essa matriz e o eugenol.

Comparando os resultados aqui obtidos e tentando justificá-los perante a literatura, embora HIGGINBOTHAM (1967) tenha afirmado que a que a propriedade em evidência não tem correlação com a capacidade seladora do material, verificou-se que o cimento Inodon apresentou baixa solubilidade e desintegração, embora possuísse partículas maiores. Isso contraria os achados de NORMAN et al. (1964) quanto a esse aspecto.

A correlação existente entre a relação pó/líquido e solubilidade e desintegração verificada por SIMÕES FILHO (1964) foi em parte aqui encontrada e, em parte, não verificada. A escala de relações pó/líquido, da maior para a menor, foi a seguinte para os materiais estudados: FORP-USP, Inodon, Fillcanal, Endofill e Grosscanal. A escala de solubilidade e desintegração, segundo o mesmo critério, foi: Fillcanal, Inodon, FORP-USP, Endofill e Grosscanal. Assim, verificou-se que o cimento FORP-USP, embora possuísse a maior relação pó/líquido, obteve o posto intermediário em relação à propriedade aqui discutida. Já o Grosscanal confirma plenamente a correlação estabelecida, com baixa relação pó/líquido e alta solubilidade e desintegração.

Radiopacidade

A radiopacidade dos materiais testados estão contidas na Tabela XVI.

Tabela XVI. Radiopacidade dos cimentos obturadores testados.

Os dados obtidos a partir dos valores obtidos após a realização do teste em pauta foram testados para verificar se apresentaram uma distribuição amostral normal.

O passo inicial consistiu no cálculo dos parâmetros amostrais, que revelou que o número de dados acima e o número abaixo da média eram iguais, apresentando uma suspeita de normalidade (TABELA XVII).

Tabela XVII. Parâmetros amostrais.

A seguir, fez-se a distribuição de frequências, por intervalos de classe e acumulados, que apontou também para a regularidade da distribuição amostral (Tabela XVIII).

O histograma, traçado a partir dos dados amostrais, com posterior sobreposição da curva normal matemática, evidenciou ainda mais a normalidade da distribuição amostral .

O teste de aderência à curva normal revelou definitivamente que a distribuição amostral testada era normal.

A partir dos percentuais acumulados de frequências, fez-se a sobreposição das curvas experimental versus curva normal, o que revelou grande coincidência de pontos (apêndice). O mesmo aconteceu quando fez-se a projeção aritmético normal.

A especificação seguida determina a utilização de apenas um corpo de prova por material investigado. Fez-se a opção pela confecção de três corpos de prova por material pesquisado devido ao fato de não podermos controlar a ocorrência de bolhas de ar no material. Aumentamos a amostragem para minimizar o erro. Tentávamos fazer a leitura com o fotodensitômetro em um local isento de bolhas no corpo de prova.

A radiopacidade de um material deve ser equivalente a não menos que 4 mm de alumínio. Isso corresponde, no presente trabalho, a 1,75 densidades ópticas. Segundo HYDE (1986), essa radiopacidade é importante porque o cimento obturador deve ser distinguido da dentina e do osso cortical nas radiografias.

TABELA XIX - Radiopacidade dos cimentos obturadores testados

A radiopacidade foi estudada por vários autores, listados a seguir: HIGGINBOTHAM (1967), MCCOMB & SMITH (1976), BOSCOLO et al. (1979), FRAGOLA et al. (1979), BEYER-OLSEN & 0RSTAVIK (1981), HYDE (1986) e SAVIOLI (1992), sendo que apenas os dois últimos obedeceram a Especificação 57 da American Dental Association, o que dificulta a comparação com os demais. Porém, os materiais avaliados por HYDE (1986) e SAVIOLI (1992) diferem daqueles utilizados no presente trabalho.

TABELA XX - Análise de variância: valores originais

GROSSMAN (1958) afirma que o sulfato de bário é o agente responsável pelo aumento da radiopacidade do seu cimento. SAVIOLI (1992) demonstrou que o óxido de zinco e o subcarbonato de bismuto também contribuem para o aumento da radiopacidade do material.

TABELA XXI -Comparação entre as médias dos postos das amostras dos cimentos

Todos os materiais avaliados neste trabalho preenchem os requisitos de radiopacidade exigidos pela Especificação 57 da American Dental Association.



 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os fabricantes dos cimentos obturadores de canais radiculares tipo Grossman aqui estudados não expressam em suas bulas qual a quantidade de pó que deve ser espatulada em uma determinada quantidade de líquido. Essa falta de critério da relação pó/líquido é compensada pelo operador, uma vez que ele consegue espatular o cimento até obter a consistência clínica preconizada por GROSSMAN (1974).

A não padronização de uma composição química do pó e do líquido e a falta de padronização no tamanho das partículas dos pós utilizados favorecem o aparecimento de discrepância dos dados dos testes de propriedades físicas realizados entre os cimentos testados.

A detecção da presença de magnésio em determinadas formulações de cimento faz supor a adição a elas de um sal ou de um óxido de magnésio. O óxido de magnésio reage com o eugenol da mesma forma que o óxido de zinco, porém apresenta maior solubilidade.

GROSSMAN (1962) adicionou tetraborado de sódio anidro ao pó do cimento. Posteriormente, em 1974, ele preconizou o uso simplesmente do eugenol e não a adição do óleo de amêndoas doces ao eugenol, pois o tetraborado de sódio anidro é um retardador da reação de endurecimento do cimento de óxido de zinco- eugenol. desse modo, a adição do óleo de amêndoas doce ao eugenol ficava sem sentido, pois também era adicionada para retardar o endurecimento do cimento.

Quanto à espessura do filme, o teste revelou que somente o cimento Inodon está fora das especificações e necessita de correção na sua fórmula.

Quanto à estabilidade dimensional, todos os cimentos testados preenchem essa especificação, pois todos apresentaram expansão em vez de contração.

Pode-se observar que nenhum dos cimentos testados preenchem a especificação de solubilidade e desintegração, pois todos apresentaram resultados além dos permitidos pela norma 57 da ADA. Isto leva a supor que os fabricantes devem corrigir suas fórmulas e remover ou balancear os componentes causadores de solubilidade, ou seja, o tetraborato de sódio anidro e os óxidos solúveis.

Em relação ao teste de radiopacidade, pode-se observar que todos os cimentos preenchem as exigências da ADA, com radiopacidade superiores a 4 mm de alumínio. Os agentes radiopacos sulfato de bário, subcarbonato de bismuto e óxido de zinco somam efeitos e possibilitam que essa propriedade seja facilmente superada.

Para elucidar melhor os resultados deste trabalho, construiu-se a Tabela XXII, onde se pode observar todos os testes agrupados.
Tabela XXII Enquadramento dos cimentos obturadores na especificação 57 da ADA
 

Propriedades

cimentos

Escoamento Tempo de Trabalho Tempo de endurecimento Espessura do Filme Estabilidade

dimensional

Solubilidade

e

desintegração

Radiopacidade
FORP-USP sim -- -- sim sim não sim
Grosscanal sim -- não sim sim não sim
Fillcanal sim -- não sim sim não  sim
Endofill sim -- não sim sim não sim
Inodon sim -- não não  sim não sim

 
 

Ainda resta inquirir qual seria a ação da adição dos óleos vegetais adicionados ao eugenol sobre as propriedades físicas dos cimentos obturadores dos canais radiculares à base de óxido de zinco-eugenol, qual seria o melhor tipo de breu (colofonia) para se adicionar ao pó do cimento e qual seria o melhor tamanho das partículas do pó.

Assim, esse trabalho inicia uma fase do que se pode chamar de controle de qualidade dos cimentos obturadores de canais radiculares.



 

CONCLUSÕES
 
 

Com base nos resultados obtidos e na metodologia empregada, parece lícito concluir o que se segue:
 
 

1. As propriedades físicas dos cimentos cujas fórmulas seguem GROSSMAN (1974) variaram bastante, o que permite as seguintes especulações:

A) há variações nos componentes das fórmulas

B) há variações nas quantidades dos componentes das fórmulas

C) há variações nos tamanhos das partículas dos componentes dos pós dos cimentos estudados.

2. As relações pó/líquido dos materiais foram desiguais.

3. Os escoamentos encontrados para os materiais apresentaram grandes discrepâncias, variando de 27 a 42 mm. Porém, todos estão dentro dos parâmetros estabelecidos pela American Dental Association.

4. Os tempos de endurecimento aferidos apresentaram variações, indo de extremamente curto (Inodon) a demasiadamente longo (Fillcanal).

5. Apenas o cimento Inodon não preencheu as exigências da especificação seguida quanto à espessura do filme.

6. Todos os materiais apresentaram solubilidade e desintegração maiores que as toleráveis pela especificação seguida.

7. Todos os cimentos estudados encontram-se dentro das exigências da American Dental Association quanto às suas radiopacidades.



 

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