TERAPÊUTICA
ENDODONTICS - ENDODONCIA
Antonio Miranda da Cruz Filho Pós-Graduando da FORP-USP |
Jesus Djalma Pécora Prof. Titular de Endodontia FORP-USP pecora@forp.usp.br |
ANTIBIÓTICOS | ANALGÉSICOS | ANTIINFLAMATÓRIOS | REFERÊNCIAS
A antibioticoterapia trouxe para o campo das doenças infecciosas, a mais revolucionária mudança já ocorrida em toda a história da medicina.
A potencialidade dos microrganismos como agentes terapêuticos já era conhecida desde 1877. Fleming, em 1929, descobre a penicilina sendo largamente empregada durante a segunda guerra mundial.
Podemos definir os antibióticos como sendo substâncias químicas produzidas por microrganismos vivos ou obtidas em laboratório por sintese, capazes de inibir ou destruir germes patogênicos. Além da atividade antimicrobiana, outras características deverão ser consideradas para que se considere um antibiótico como ideal:
Até hoje não existe um antibiótico ideal, mas sim, grupos de medicamentos que preenchem certo número de requisitos acima citados.
Dos diversos grupos de antibióticos, vamos nos ater aos utilizados no campo odontológico e mais especificamente à Endodontia.
Podemos classificá-los através de seu espectro de ação em:
1- Ativos sobre bactérias.
a) Pequeno espectro - São antibióticos que atingem pequeno número de microrganismos nas doses terapêuticas. Ex.: penicilinas de pequeno espectro, eritromicina, lincomicina, etc
b) Largo espectro - São antibióticos que atingem grande número de microrganismos nas doses terapêuticas. Ex.: penicilinas de largo espectro, tetraciclinas, cefalosporinas, etc.
c) De uso essencialmente tópico - São antibióticos que devido à sua grande toxicidade, não podem ser utilizados por outras vias que não a tópica, pelo menos na forma pura. Ex.: neomicina, tirotricina, etc.
2- Ativos sobre fungos.
Este grupo não possui ação antibacteriana, pois os fungos apresentam determinadas substâncias como certos esteróides, que lhes conferem maior resistência, fato que não ocorre com as bactérias. Ex.: griseofulvina, nistatina, etc.
ESCOLHA DO ANTIBIÓTICO
Utilizamos um antibiótico toda vez que necessitamos prevenir (profilaxia antibiótica) ou combater uma infecção causada por um determinado microrganismo.
Para que se faça uma escolha correta de um antibiótico, é necessário que inicialmente se identifique o microrganismo (bactéria, fungos e vírus) que está causando a infecção, as quais poderão ser classificadas em específicas e não especificas.
Por específicas entende-se as infecções que apresentam uma evolução e sintomatologia bem definida e são provocadas por uma espécie determinada de microrganismo. Como exemplo temos a tuberculose, sífilis, herpes simples, blastomicose e outras. Já as inespecíficas são infecções que podem ser originadas por diferentes tipos de microrganismos. Nesse caso temos as infecções periapicais, a doença periodontal, os abscessos, as osteomielites, etc.
Dependendo do tipo de microrganismos causador da infecção, as provas de laboratório ou antibiograma podem ser dispensáveis. Porém, em certos casos há necessidade de primeiro identificarmos o microrganismo chegando a um diagnóstico para fazermos uso posteriormente de um antibiótico.
Este antibiótico sempre que possível deve ser de pequeno espectro diminuindo os perigos de uma superinfecção. Os efeitos adversos ao paciente devem ser avaliados, bem como dar preferência sempre a um antibiótico bactericida do que a um bacteriostático. Importante também salientar que não se deve associar grupos de antibióticos desnecessariamente e dar preferência a utilização de medicamentos que estejam com resultados clínicos comprovados.
COMO INDICAR OS ANTIBIÓTICOS
Uma vez escolhido o antibiótico, importante se torna que este seja prescrito pela via oral. No campo odontológico esta é a via preferida. A via intramuscular e endovenosa poderão ser utilizadas em casos de infecções mais graves.
Independente da via de administração, é de boa norma administrar-se de ínicio, uma dose de ataque um pouco maior ou igual ao dobro da dose de manutenção. A dose de ataque visa estabelecer níveis sanguíneos ideais, o mais rapidamente possível.
O período de administração não deve ser restrito somente enquanto persistam os sinais e os sintomas que justificaram a sua utilização.
Recomenda-se para qualquer tipo de infecção, a utilização de no mínimo 5 a 7 dias.
A idade do paciente deve ser levado em consideração uma vez que os diversos grupos de antibióticos, normalmente são prescritos em esquemas posológicos, determinados pela relação mg/dia e peso corporal do paciente. Em idosos devido a menor capacidade de excreção renal, não administrar grupos de antibióticos que possam elevar demasiadamente os seus níveis sanguíneos.
No caso de gestantes, cabe informar que quase todos os grupos de antibióticos atravessam a barreira placentária. Como regra geral, aconselha-se cautela principalmente nos três primeiros meses de gravidez, onde nesta fase maiores consequências de mal-formações poderam ser encontradas, como por exemplo, pigmentação irreversível nas estruturas dentárias causada pelas tetraciclinas.
Antes de iniciarmos o tratamento endodôntico há necessidade de se fazer a profilaxia antibiótica, prevenindo uma bacteriemia, toda vez que o paciente apresentar um dos itens a seguir: válvulas cardíacas protéticas, malformações cardíacas congênitas, história prévia de endocardite bacteriana, prolapso de válvula mitral, febre reumática, distúrbios sanguíneos ou diabete. Em regra geral, na profilaxia antibiótica utilizamos as seguintes dosagens:
PENICILINA ORAL:
Para adultos e crianças acima de 27 kg - 2g uma hora antes da intervenção e 1g seis horas mais tarde.
Crianças com menos de 27 kg - 1g uma hora antes da intervenção e 500 mg seis horas mais tarde.
OBS: Algumas penicilas possuem suas dosagens em Unidades, portanto segue a relação onde 1mg = 1.595 Unidades.
ERITROMICINA ORAL:
Adulto - 1g uma hora antes da intervenção e 500 mg seis horas mais tarde.
Criança - 2mg/kg uma hora antes da intervenção e 1mg/kg seis horas mais tarde.
CEFALOSPORINA ORAL:
Adulto - 1g uma hora antes do procedimento mais 500 mg seis horas mais tarde.
Nos casos de abscessos periapicais agudos, geralmente administramos um antibiótico toda vez que uma drenagem cirúrgica for realizada, independente da fase em que se encontra o abscesso, ou ainda, quando o paciente apresentar-se em estado febril. O uso desnecessário do antibiótico na fase de abscesso pode provocar o encapsulamento do mesmo dificultando a sua drenagem.
PRINCIPAIS GRUPOS DE ANTIBIÓTICOS UTILIZADOS NA ODONTOLOGIA
1 - PENICILINAS
Na atualidade, encontra-se disponíveis para uso clínico, além das penicilinas naturais, inúmeros compostos semi-sintéticos e alguns biossintéticos, de atividade bactericida.
As penicilinas possuem atividade bactericida de mais alta toxidade seletiva, sendo atoxica as células humanas.
a) Penicilinas naturais
As penicilinas naturais são representadas por letras que são G, X, F e K, porém destas somente a G se revelou de utilidade terapeutica. Essas penicilinas são destruidas pelo pH do estômago, razão pela qual sua administração é feita pelas vias intramuscular e endovenosa.
Nomes comerciais: Anginopen 20 (suposit.), Pentid (compr.), Benzetacil (inj.), etc.
b) Penicilinas biossintéticas.
Também conhecida por penicilina V. É usada somente por via oral, não é resistente à penicilinase e seu espectro de ação é idêntico ao da penicilina G, porém de potência muito inferior a esta.
Nomes comerciais: Cliacil (compr./susp.), Meracilina (compr.), Penicilina V (compr.), Pen-ve-oral (compr./susp.), etc.
Desse grupo um dos antibióticos mais utilizados nos casos de abscesso dento-alveolar agudo é o Pen-ve-oral.
Pen-ve-oral
Administração e posologia: crianças com menos de 12 anos, recomenda-se a utilização de 25.000 a 90.000 unidades/kg/dia, divididas em 3 a 6 administrações. Para adulto e crianças acima de 12 anos, um comprimido de 6/6 horas durante 10 dias.
Contra-indicação: pacientes que tenham apresentado reação prévia de hipersensibilidade a qualquer forma de penicilina.
Apresentação: comprimidos - caixa com 12.
Sol. oral - caixa contendo frasco com pó para preparação. Após reconstituição, a solução conterá 60 ml.
c) Penicilinas semi-sintéticas.
O advento dos derivados semi-sintéticos das penicilinas, veio reduzir as lacunas deixadas pelas penicilinas naturais (destruídas pelo pH do estômago e pelas penicilinases) e biossintéticas (destruídas pelas penicilinases).
Os produtos semi-sintéticos podem ser de pequeno e de largo espectro. Os de pequeno espectro são resistentes à penicilinase, já os de largo espectro somente as metampicilinas são resistentes às penicilinases (nome comercial: Pravacilin).
Dentre os derivados semi-sintéticos podemos encontrar os grupos das oxacilinas, dicloxacilinas, ampicilinas, hetacilinas, metampicilinas, amoxicilinas e epicilina.
Nomes comerciais: Ampicil (cáp./compr./inj./susp.), Ampicilina (cáp.), Amplacilina (cáp./inj./susp./compr.), Binopen (inj.), Binotal (cáp./xarope/inj.), Cilipen (cáp./inj.), Amoxicilina majer (cáp./ susp.), Amoxil (cáp./xarope), Larocin (cáp./susp.), etc.
Desses antibióticos a Amplacilina (ampicilina) e o Amoxil (amoxilina) são os mais utilizados em abscessos dento-alveolares agudos. A amoxicilina é melhor absorvida que a ampicilina, dando níveis sangüíneos e concentrações tissularesmais altos, permitindo a administração com intervalos maiores.
AMPLACILINA
Posologia: adulto - 250-500 mg a cada 6 horas (durante 10 dias).
Criança - 25-50 mg/kg/dia em doses iguais a cada 6 a 8 horas.
Apresentação: Inj., susp., compr. e cáp.(caixas contendo 12 cápsulas de 250 ou 500 mg de ampicilina).
AMOXIL
Posologia: adulto - 500 a 1000 mg, 3 vezes ao dia (de 8/8 horas).
Crianças - 125 a 250 mg, 3 vezes ao dia (de 8/8 horas)
Apresentação: suspensão, cápsulas (caixa com 15 cáps. de 500 mg).
2- MACROLÍDEOS
São drogas bacteriostáticas, bastante utilizada, embora sejam de pequeno espectro, apresentando facilidade de administração, boa tolerância e baixa toxidade.
Ao grupo dos macrolídeos pertecem a eritromicina, espiramicina, oleandomicina e kitasamicina.
A eritromicina pode ser utilizada por via oral e parenteral e embora menos eficaz que as penicilinas contitui-se em uma boa alternativa quando não se pode utilizar as penicilinas devido a problemas de sensibilidade.
Nomes comerciais:
ILOSONE
Posologia: adulto - 1 cápsula de 250 mg de 6/6 horas durante 10 dias.
Crianças - idade, peso e gravidade da infecção são fortes fatores importantes na determinação da dose adequada. Trinta a cinqüenta mg/kg diários divididos em 3 ou 4 doses a intervalos iguais é o esquema usual.
Apresentação: suspensão, gotas, cápsulas 250 mg (caixas de 20 cáps), drágeas 500 mg (caixa com 10 e 48 drágeas).
PANTOMICINA
Posologia: adulto - 1 ou 2 g/dia dividida em 3 ou 4 administrações.
Crianças - 40 a 50 mg/kg/dia dividida em 3 ou 4 administrações.
Apresentação - drágeas 500 e 250 mg (caixa com 10 e 20), suspensão 250 mg = 1 medida = 5 ml (frasco com 50 ml).
3- CEFALOSPORINA
Todas as Cefalosporinas são bactericidas e de largo espectro. Possuem baixa toxicidade e seu principal efeito adverso é poder provocar danos renais. É uma boa opção como substituto das penicilinas de largo espectro, para pacientes sensíveis a mesma, ou em infecções com germes produtores de penicilinase.
KEFLEX
Adulto - 1 a 2g/dia dividida em 2 tomadas.
Crianças - 25 a 50 mg/kg/dia divididas em 4 administrações (de 6/6 horas).
Apresentação - drágeas 500 mg (caixa com 8), líquido 5ml = 1 medida = 250 mg (frasco com 60 ml), gotas 20 gotas = 100 mg.
Existem também as cefalosporinas de terceira geração, cuja principal característica e atuar em germes anaeróbicos. Porém possuem preços bastante elevados e são muito poptentes sendo indicados para infecções graves. Nomes comerciais: Claforan, Fortaz, etc.
4- TETRACICLINA
As tetraciclinas são antibióticos de largo espectro e bacteriostático. Em odontologia não são os antibióticos de primeira escolha, mas são normalmente efetivos. A sua distribuição no organismo se faz com facilidade para o interior das células e demonstra especial afinidade pelo fígado, baço, ossos e dentes. Merece especial atenção a impregnação dos dentes por estes antibióticos (o que é mais acentuado para alguns grupos), causando com grande frequência manchas amareladas ou castanhas, quando administrados durante a gravidez e crianças até os 12 anos de idade. Se as doses forem elevadas ou o antibiótico administrado por muito tempo, pode-se observar hipoplasia do esmalte com predisposição à cárie dental.
Dos diversos grupos de tetraciclinas, os nomes comerciais mais utilizados na Odontologia são: Parenzyme tetraciclina (cáps.), Tantum-ciclina (cáps.), Tetrex (cáps./susp.), Terramicina (cáps.), Vibramicina (drág./xarope), etc.
5- LINCOMICINA/CLINDAMICINA
É bacteriostático e o seu espectro de ação é praticamente idêntico ao da eritromicina, sendo empregado tanto por via oral como parenteral. Distribui-se bem pelos tecidos, chamando a atenção sua elevada concentração no tecido ósseo.
Para casos de germes sensíveis, este antibiótico é tão eficaz quanto a penicilina G, sendo uma ótima alternativa quando está não puder ser usada. Não é recomendado para recém-nascido e portadores de disfunção renais e hepáticas.
Nomes comerciais: Frademicina (inj./xarope), Dalacin C (cáps.), etc.
ANTIBIÓTICOS ANTIFÚNGICOS
Os antibióticos incluidos neste grupo não apresentam ação antibacteriana. Podem ser fungicidas e fungistáticos e dentre os mais importantes temos a nistatina, griseofulvina e a anfotericina B.
Para os analgésicos e antipiréticos, comentaremos os medicamentos do grupo não narcóticos ou não entorpecentes, visto que os medicamentos analgésicos narcóticos ou entorpecentes não apresentam aplicabilidade sistemática no dia a dia do Cirurgião Dentista.
As odontalgias, sendo classificadas como uma dor superficial, são perfeitamente combatidas com o uso dos analgésicos não narcóticos ou não entorpecentes, bem como as produzidas pelos nossos pós-operatórios.
Os analgésicos são administrados toda vez que o paciente apresentar dor como nos casos de abscesso dento-alveolar agudo, principalmente nas fases inicial e em evolução, pericementite seja ela traumática, bacteriana ou medicamentosa. Nas pupites os analgésicos surtem pouco efeito, sendo que a dor só será aliviada após a pulpectomia realizada.
Os analgésicos-antipiréticos possuem características próprias. Como analgésico, tem valor nas dores de média intensidade e como antipirético, abaixam a temperatura anormalmente elevadas, dificilmente baixando a temperatura normal. As principais drogas deste grupo são:
1- Salicilatos
2- Paraminofenol
3- Pirazolônicos
1- SALICILATOS
O grupo de salicílilicos é constituído de derivados do ácido salicílico ou ácido orto-hidroxibenzóico. São em geral, irritantes da mucosas, possuindo também uma leve ação antisséptica.
Constituem o grupo mais em uso no mundo como antitérmicos-analgésicos e em relação a toxidade, não provocam reações dignas de nota, desde que observemos suas naturais contra-indicações: úlcera gástrica ou duodenal, fenômenos hemorrágicos e reações alérgicas à droga.
Nomes comerciais: AAS (compr.), Aspirina (compr.), Cibalena (compr.), Ecasil (compr.), Ronal (compr.), etc.
2- PARAMINOFENOL
O grupo da acetanilida e acetofenetidina é constituído por derivados da anilina e do p-aminofenol. São drogas facilmente absorvidas pelo trato digestivo e de baixa toxicidade.
Suas propriedades analgésicas e antipiréticas são qualitativamente as mesmas das dos salicílicos.
Nomes comerciais: Acegripe (compr.), Dôrico (compr.), Parenzyme analgésico (drágeas), Sinutab (compr./xarope), Tylenol (compr./gotas), Tylex (compr.), etc.
O grupo do paraminofenol é o mais indicado para crianças e gestantes.
3- PIRAZOLÔNICOS
Seus principais derivados são a dipirona, aminopirina e fenilbutazona. São os mais ativos antipiréticos-analgésicos conhecidos. A absorção é geralmente rápida através do tubo digestivo.
Uma das muitas reações indesejáveis dos derivados da pirazolona é a alergia, ficando o profissional sem elementos para detectar a sensibilidade à droga, tomando conhecimento dela após o fato consumado, pois não existem testes cutâneos para preveni-la.
Nomes comerciais:
Dipirona
Anador (compr./gotas), Baralgin (compr./inj.), Beserol (compr.), Buscopan (drág./suposit./inj./gotas), Magnopyrol (compr./inj./suposit./gotas), Novalgina (compr./inj./gotas/xarope/suposit.), Conmel (compr./gotas/inj.), Dipirona (compr./gotas/inj.), Dorflex (compr./gotas), etc.
Aminopirina
Cibalena (compr.).
Os antiinflamatórios podem ser divididos em hormonais, enzimáticos e não hormonais não enzimáticos. Estão indicados principalmente nas pericementites e após as cirurgias periapicais. Não é comum receitarmos um analgésico ou antiinflamatório após as pulpectomias, porém ha casos em que o paciente apresenta uma moderada sensibilidade dolorosa sendo então necessário o emprego de um antiinflamatório.
ANTIINFLAMATÓRIOS HORMONAIS (CORTICOSTERÓIDES)
Os corticosteróides são substâncias hormonais, naturais ou sintéticas, dotadas de ações biológicas em praticamente todos os setores da economia orgânica.
Quando utilizado sistemicamente, a via oral é a preferida, estabelecendo uma dose de ataque em torno de 8 a 12 comprimidos diários sendo que de acordo com a gravidade do caso esta dose poderá aumentar ou diminuir. Esta dosagem deverá ser mantida até que se obtenha uma atenuação dos sintomas clínicos agudos, quando se começa a administrar uma posologia de manutenção, a qual deverá ser reduzida gradativamente a cada três dias. Os corticosteróides possuem uma ação antiinflamatória, porém não possuem ação analgésica.
Os efeitos colaterais surgem principalmente nos tratamentos sistêmicos de longa duração e nada mais são do que exageros de suas funções fisiológicas. Na maioria dos casos quando suspensa a administração do medicamento esses efeitos desaparecem.
Estes hormônios estão contra-indicados para indivíduos portadores de úlcera pépticas, indivíduos portadores de infecções e nos diabéticos.
Nomes comerciais: Dermon (pomada), Otosporin (gotas), Fonergin (pastilhas), Rifocort (pomada), Decadron (compr./inj./creme), etc.
O Otosporin é uma associação entre corticosteróide, antibiótico e antifúngico, utilizado no curativo de demora em casos de biopulpectomia, quando por algum motivo não foi possível realizar o tratamento do canal radicular em uma única sessão.
ANTIINFLAMATÓRIOS ENZIMÁTICOS
As enzimas são também conhecidas como catalisadores biológicos ou substâncias capazes de acelerar determinadas reações químicas, sem interferir no produto final das mesmas. A classificação dessas substâncias pode ser feita de acordo com seu substrato ou de acordo com sua origem. Clinicamente são utilizadas quimiotripsina, tripsina, bromelina, papaína, estreptoquinase (são denominadas de endopeptidases, pois hidrolisam uniões peptídicas internas e polipeptídeos), estreptodornase (exopeptídases, pois hidrolisam dipeptídeos em aminoácidos terminais), alfa-amilase (hidrolisam os polissacárides em dissacárides) e hialuronidase.
Quando a administração dos antiinflamatórios enzimaticos é feita pela via oral, raramente tem-se observado efeitos colaterais. Este grupo de medicamentos possuem apenas ação antiinflamatória sendo praticamente despresível sua ação analgésica.
Estas drogas estão contra-indicadas em pacientes com relato de sensibilidade alérgica à medicação ou discrasias sanguíneas.
Nomes comerciais: Parenzyme (drág./inj.), Parenzyme ampicilina (cáp.), Parenzyme tetraciclina (cáp.), Realgin (drág.), Varidase (compr.), etc.
ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO HORMONAIS E NÃO ENZIMÁTICOS
Dentro deste grupo encontramos os antiinflamatórios mais utilizados, tanto no campo odontológico como no médico. Fazem parte deste grupo: os salicilatos, os derivados pirazolônicos, os derivados do ácido antranílico, a benzidamina, os derivados arilcanóicos e os derivados do ácido propiônico.
SALICILATOS
Dentre os vários grupos de salicilatos, o ácido acetil salicílico é o que mostra ser mais efetivo como droga analgésica e antiinflamatória. Como efeitos colaterais, a utilização deste grupo, poderá trazer irritação do trato gastro-intestinal, podendo produzir náuseas, vômitos e ativação de úlceras pépticas. Estas drogas também interferem no mecanismo de agregações plaquetárias, trazendo como consequência alterações no mecanismo de coagulação.
Nomes comerciais: AAS (compr.), Buferin (compr.), Cibalena A (compr.), Doloxene A (cáp.), Ronal (compr.), etc.
DERIVADOS PIRAZOLÔNICOS
Pertencendo a este grupo de medicamentos encontramos a dipirona e aminopirina, a fenilbutazona e a oxifenilbutazona. Os dois primeiros representantes apresentam uma maior tendência em apresentar uma resposta mais satisfatória como analgésico e antitérmico, enquanto os dois últimos, uma tendência em produzir respostas antiinflamatórias.
Nomes comerciais: Butazona (pomada), Mioflex (compr.), Tandrex (drág.), etc.
DERIVADOS DO ÁCIDO ANTRANÍLICO
Dentre os efeitos colaterais indesejáveis mais comuns destes medicamentos encontram-se, mal-estar gástrico, anorexia, náuseas, vômitos e diarréias.
Nome comercial: Ponstan 500 (compr.).
BENZIDAMINA
Considerada como um dos melhores e mais valiosos medicamentos nos estados inflamatórios. A benzidamina apresenta poucos efeitos colaterais.
Nomes comerciais: Benflogin (drág.), Flogoral (colutório), Benzitrat (comprimidos e gotas), etc.
DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO
Neste grupo encontramos dois medicamentos bastante utilizados nos casos de pericementite.
1 - Flanax 275 mg (compr./susp.)
O Flanax é um antiinflamatório e antiexudativo, de ação analgésica e antipirética.
Posologia: adulto - 2 comprimidos como dose inicial, seguidas de 1 comprimido a cada 8 horas. Em casos que requerem ação mais intensa do medicamento, reduzir os intervalos para 6 horas.
Criança - para uso a curto prazo (não mais de 14 dias) a dose não deve ultrapassar de 16,5 mg/kg/dia.
2 - Profenid (inj./supos./cáp.)
É um antiinflamatório com ação analgésica e antipirética.
Posologia: 1 cápsula de 8/8 horas ou 2 cápsulas de 12/12 horas.
DERIVADOS ARILCANÓICOS
São agentes antiinflamatórios não esteróides cujo perfil farmacológico são semelhantes aos dos salicilatos, por isso, podem produzir distúrbios gastrointestinais (dor epigástrica, náuseas, vômitos, hemorragias e diarréias). O principal composto deste grupo no campo odontológico é o Diclofenaco.
Nomes comerciais: Voltaren (compr./inj./supos.), Cataflam (drág./supos./inj.), etc.
Tanto o Voltaren como o Cataflam possuem ação antiinflamatória e analgésica.
PIROXICAM
São antiinflamatórios bem efetivos não esteróides qie possuem também propriedades analgésicas. A vantagem de sua utilização é que podem ser administradas uma vez por dia. Contra indicação - não deve ser administrado em pacientes que tenham demonstrado hipersensibilidade à droga ou ao ácido acetil-salicilico.
Nomes comerciais: Feldene (cápsulas, supos., compr. E ampolas), Piroxene (cápsulas, supos., gotas e ampolas).
FELDENE
Adulto - cápsulas de 20 mg ao dia.
Crianças - 0,4 mg/kg/dia em uma única administração. Não existe forma farmacêutica para uso infântil.
Aconselhamos aos leitores que qualquer dúvida a respeito da apresentação, indicação e contra indicação, efeitos colaterais ou posologia, que consultem o DEF (Dicionário de Especialidades Farmacêuticas) mais atual.
01- DE DEUS, Q.D. - Endodontia. MEDSI Editora Médica e Científica Ltda. Rio de Janeiro, R.J., Quarta edição, 1986.
02- TORTAMANO, N. - Guia Terapêutico Odontológico. Livraria e Editora Santos, 1995.
03- DICIONÁRIO DE ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS. Editora de Publicações Médicas Ltda. 1995/1996.