Ser escravo é mais fácil do que ser livre

Jesus Djalma Pécora

 

 

            É comum pensar em escravidão de uma raça por outra, como a escravidão dos negros que existiu em nosso país, ou ainda, nos dias de hoje, na escravidão de muitos miseráveis dispersos em grandes latifúndios perdidos na imensidão continental do Brasil.

            Estas formas de escravidão está de alguma forma em seu final, uma vez que a humanidade já não as aceita.

            Mas, a escravidão não é só este tipo de exploração. Existe um tipo de escravidão que abrange todos os tipos de pessoas, independente de ´países, de cultura, de posição social. É a escravidão proporcionada por nossas ilusões. As ilusões de crenças religiosas, de fanatismos, de patriotismo de consumismo e de egoísmo.

            Ser escravo, como diz Ana Vargas, é abdicar da liberdade de agir, abandonar seus ideais e  ser vencido pelos preconceitos.

            Esta escravidão é muito comum e permeia todas as pessoas que no lugar de ser, torna-se um membro bem adaptado e submisso, de forma irrestrita, às regras impostas pelas convenções sociais.

            Estas normas, muitas vezes, são imensamente fortes, que levam as pessoas a segui-las sem raciocinar, sem questionar se estão certas ou erradas.

            Muitas pessoas aceitam de modo inquestionáveis as convenções sociais, que não só adotam como alimentam e valorizam os preconceitos  ditados pela comunidade.

            No mundo pululam, por toda parte, os preconceitos religiosos, os preconceitos raciais, os preconceitos políticos, os preconceitos sobre as minorias, os preconceitos os menos favorecidos pela sorte. Esses preconceitos estão enraizados na alma humana, que são os alimentadores dos confrontos, das agressões e produzem a forma mais drásticas  da irracionalidade e da intolerância, que são os terrorismos e as guerras.

            As pessoas que se dedicam e só pensam nas satisfações de seus instintos não são capazes de olhar além de suas próprias vidas. São míopes de alma e não se libertam. Estão presos e são escravos de suas próprias ilusões.

            Ilusão de ser mais, ter mais e saber mais. São pessoas iludidas em seus próprios pensamentos e acreditam que são filhos únicos do universo. São, só eles bons, os demais, escórias.

            Aqueles que querem ter o que não pode, aqueles que querem ser o que não são, nutrem em suas almas o ódio, a inveja, o ciúmes e as vaidades. Essas pessoas são escravos de suas ilusões. A escravidão é forma de egoísmo

            O egoísmo nasce nas fontes do amor, mas um amor torturado e desmedido de si mesmo.  Um modo de se libertar do egoísmo e transformá-lo em altruísmo, ou seja, deixar de ver a si próprio como centro do universo e ver-se como um simples membro de uma coletividade.

            Ser livre é aceitar o que é, o que tem, o que pode e, em última instância, ser liberto das ilusões.

            A abnegação e o desprendimento pode fazer um bom trabalho para o nosso progresso e de nossos semelhantes, bem como para o engrandecimento do bem comum.

            Liberte-se de suas ilusões, seja livre!

 

 

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