PROGRESSOS: RÁPIDOS E LENTOS

Jesus Djalma Pécora

 

 

            A conquista e colonização de marte e da lua são objetivos do império americano para o século XXI. Os noticiários já informam os cronogramas desses programas espaciais. As novas tecnologias que estarão à disposição dos terráqueos num futuro próximo são coisas inimagináveis.

            Não podemos esquecer que há duas espécies de progresso que se apóiam mutuamente, porém não caminham lado a lado: o progresso intelectual e o progresso moral.

            O progresso intelectual vem sempre a frente, criando ciências, tecnologias, artes e, sem dúvida, modificando o comportamento social. Este progresso agiliza um dinamismo intenso, criando e abolindo profissões à medida que se faz necessário. Estão desaparecendo, rapidamente, os ferreiros, sapateiros, alfaiates, datilógrafos e estão, em franco desenvolvimento as novas profissões tais como: de engenheiros de petróleo, de informática, do meio ambiente, de águas profundas, de física-médica e tantos outros. Os datilógrafos, os gráficos, os desenhistas deram lugar aos digitadores, webmaster, programadores, analistas de sistemas, etc.

            O progresso intelectual é extremamente importante para o bem estar físico da humanidade e tem um alto custo e dotado de uma insensibilidade para com o indivíduo e para com o meio ambiente. Para equilibrar este progresso há que ter o desenvolvimento do progresso moral.

            O progresso moral desenvolve-se muito lentamente e só progride pelos indivíduos, que se aperfeiçoam e se esclarecem. As idéias da moral não se transformam senão com o tempo e jamais subitamente.

            Na humanidade, as idéias, que dizem respeito à moral, se modificam, pouco a pouco segundo os indivíduos e é preciso gerações para apagar, completamente, os traços dos velhos hábitos.

            A escravidão só foi abolida por força da lei e, em nosso país, em 1888, portanto há apenas 116 anos. A escravidão foi aceita como normal e correta, pela humanidade, por mais de quatro mil anos.

            Muito lentamente e somente após muitas lutas, a idéia de que todos os  seres humanos são iguais e tem os mesmos direitos, começou a prevalecer. Porém, ainda hoje, a escravidão com um aspecto diferente pode estar manifesta de forma sutil em muitos países e, possivelmente, no nosso.

            As mulheres conseguiram os mesmos direitos que os homens na sociedade produtiva, nas ciências, nas artes e na política, somente no século vinte e, ainda, em alguns países. Há, ainda, muitos povos que mantêm as mulheres como indivíduos inferiores.

            Todo avanço que as mulheres, do ocidente, conseguiram, foi após muitas lutas e trabalhos de conscientização e, porque o sistema capitalista assim desejou. Mudar hábitos milenares é muito difícil!  Para que todas as mulheres do planeta sejam livres e se libertem dos conceitos medievais, ainda vai demandar muita evolução moral.

            Em muitos países, mas não em todos, as leis que regem o direito humano foram aperfeiçoadas e algumas sociedades modernas estão se conscientizando de que os indivíduos devem ser respeitados e seus direitos garantidos.

            Abusos cometidos pelo domínio de estados totalitários ainda não deixaram de existir e será preciso muito trabalho de evolução moral para que se possa conseguir fazer sobrepor a justiça sobre a força bruta. Isto só será possível quando a sociedade tiver evoluído nas leis morais e impedir que os loucos e fanáticos preconceituosos atinjam o poder do Estado.

            Em muitos países, os senhores feudais, os coronéis do sertão, os donos das cidades desapareceram, porém, foram substituídos por políticos demagogos que, ainda hoje, compram votos nas democracias incipientes.  Compram votos não só no sentido  literal da palavra como compram por meio de trocas de favores e tráfico de influência.

            Como o avanço do progresso moral é lento e sempre está muito atrás do progresso intelectual. A educação moral deveria ser ensinada nas escolas, pois só a educação poderá salvar a humanidade.

            Quando o progresso intelectual e o moral estiverem caminhando lado a lado, a sociedade será justa e o bem comum será o ideal de todos.

 

 

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