NOÇÕES DA INTERAÇÃO DO LASER COM OS TECIDOS VIVOS
 
 



 
 
 
 

Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora
Prof. Titular de Endodontia da FORP-USP
pecora@forp.usp.br
Prof. Aldo Brugnera Júnior 
Prof. Titular de Laser da Faculdade de Oodntologia da UCCB
Doutorando da Faculdade de Odontologia da UFRJ
brugnera@globo.com.br



 

Noções da interação do laser com os tecidos vivos.
 
 

Em primeiro lugar, devemos ressaltar que cada meio ativo produz luz laser de comprimento de onda específico e cada comprimento de onda reage de uma maneira diferente com cada tecido.

Além do comprimento de onda, outros fatores interferem na interação com os tecidos, tais como: densidade de potência; forma de emissão do laser (contínua, pulsátil, desencadeada); tempo de duração da pulsação; raio focado ou desfocado e contato direto ou a distância.

Além dos fatores inerentes aos lasers, devemos salientar as características próprias de cada tecido, principalmente, as que controlam as reações moleculares e bioquímicas.

As propriedades ópticas de cada tecido vai determinar a extensão e a natureza da resposta tecidual, que ocorre nos processos de absorção, transmissão, reflexão e difusão da luz laser.

Assim, a extensão da interação entre os diversos lasers e os tecidos é, geralmente, determinados pelos fatores comprimento de onda ( l ) e pelas características ópticas de cada tecido.

Além destes fatores, devemos aclarar que durante a penetração de uma luz laser, paralela a um material com textura heterogênea, por exemplo, os tecidos vivos, sofre reflexões múltiplas. Assim, o raio perde seu paralelismo e se expande, resultando em um efeito conhecido como difusão. Essa difusão da radiação laser nos tecidos é complexa e necessita, ainda, de muito estudo. (Ver Brugnera Júnior & Pinheiro, 1998).

A absorção da luz laser pelos tecidos pode resultar em quatro processos, a saber:
 

A) Fotoquímico;

B) Fototérmico;

C) Fotomecânico e

D) Fotoelétrico


 

A) Fotoquímico

Dentre os efeitos fotoquímicos, podemos incluir a bioestimulação.

A bioestimulação é o efeito da luz lasers sobre processos moleculares e bioquímicos que normalmente ocorrem nos tecidos (cicatrizações e reparo tecidual)

A terapia fotodinâmica é um processo pelo qual o uso terapêutico do laser induz reações tissulares e é utilizado no tratamento de processos patológicos.

A fluorescência tecidual é usada como um método de diagnóstico para detecção de tecidos que refletem luz.
 
 

B) Fototérmico
 

Fotoablação: A fotoablação é uma manifestação do efeito fototérmico promovido pelo laser. O processo se caracteriza pela remoção de tecido por sua vaporização e pelo superaquecimento dos fluídos tissulares, promovendo, também coagulação e hemostasia.

Fotopirólise: A fotopirólise consiste na queima do tecido por aquecimento.

Nota: Os lasers de CO2 e Nd-YAG tem capacidade de eliminar tecidos por vaporização e pirólise. Assim, esses lasers para atuar em tecidos duros dos dentes (esmalte e dentina) necessitam de altas temperaturas para atingir a temperatura de fusão desses tecidos e, assim, causam danos térmicos aos tecidos subjacentes.

Já, o laser Er-YAG produz uma ablação com eliminação de tecido duro (esmalte e dentina) sem aquecer os tecidos subjacentes, uma vez que a energia laser é aplicada em rápidas pulsações (milisegundos)e é absorvida pela água do tecido superficial, aquecendo-a até que ela alcance sua temperatura de vaporização. Esta vaporização da água produz uma expansão da mesma dentro do tecido. Essa expansão causa aumento da pressão no interior do tecido produzindo sua explosão. Assim, ocorre eliminação de tecido duro sem aquecimento dos tecidos subjacentes, uma vez que não precisa atingir temperatura de fusão tecidual.

No caso do Er-YAG o volume de tecido eliminado vai depender dos seguinte fatores:

A) Porcentagem de água no tecido: Para tecido que apresenta pouca água em sua composição vai ser necessário maior energia de trabalho. O esmalte exige mais energia de trabalho do laser, do que a dentina, pois o esmalte tem menos água em sua estrutura do que a dentina.

B) Alcançar a energia suficiente para produzir vaporização da água presente no tecido. Caso seja utilizado energia insuficiente para atingir a vaporização da água, no lugar de ablação, teremos aquecimento e dissecação tecidual.

C) Usar uma distância focal de 12 a 15 mm, dependedo do laser, com o feixe focado para obter maior rendimento e conseguir maior ablação. Com distância focal menor ou maior e com o foco desfocado, a quantidade de tecido eliminado será menor, para uma data quantidade de energia.

Fotomecânica

As interações fotomecânicas incluem a fotodisrupção e a foto dissociação, que consiste na quebra estrutural do tecido pela luz laser.

Fotoelétrico

O efeito fotoelétrico inclui a fotoplasmólise, que é resultado da remoção tecidual pela formação de ions e partículas carregadas eletricamente e que existem em um estado semi-gasoso de alta energia. O plasma é o quarto estado da matéria (nem sólido, nem líqüido e nem gasoso).

Antes de se iniciar qualquer procedimento clínico com um aparelho laser, devemos conhecer os mecanismos de interação do laser com os diferentes tipos de tecidos vivos.

Os efeitos dos lasers nos diferentes tecidos estão intimamente relacionados com a distribuição da energia depositada. O aumento da temperatura local, em cada ponto exposto é um resultado da distribuição energética. O aumento da temperatura é de fundamental importância na determinação da extensão das modificações morfológicas e químicas que ocorre nos tecidos irradiados.


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Atualizado em 27/09/99

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