CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA RESTAURADORA

SUBÁREA: ENDODONTIA

Ribeirão Preto Dental School

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DOS CIMENTOS ENDODÔNTICOS

Nível: Mestrado Disciplina: 804714

Jesus Djalma Pécora

Prof.Titular de Endodontia da FORP-USP

Ricardo Gariba Silva

Prof. Associado de Endodontia da FORP-USP


OBJETIVOS

RELAÇÃO PÓ/LIQUIDO

ESCOAMENTO

ESPESSURA DO FILME

TEMPO DE ENDURECIMENTO

ESTABILIDADE DIMENSIONAL

SOLUBILIDADE E DESINTEGRAÇÃO

AVALIAÇÃO DO pH

ADESIVIDADE

Objetivo do Curso

Consiste em colocar o Pós-Graduando em contato com a metodologia de pesquisa utilizada para a avaliação das propriedades físicas dos cimentos obturadores de canais radiculares e de modo especial às preconizadas pela Norma 57 da American Dental Association.

Esta disciplina possibilita o desenvolvimento de espírito crítico e da curiosidade científica necessária e imprescindível aos futuros pesquisadores.

Conhecendo os métodos de pesquisa, o iniciante poderá utilizá-los, no futuro, bem como adaptá-los à suas necessidades e, se necessário, criar outros.

Esta disciplina espera acrescentar mais elementos de pesquisa na vida dos pós-graduandos, de modo a torná-los mais criativos e independentes.

O Pós-Graduando deverá freqüentar o Laboratório de Pesquisa nas horas estabelecidas no calendário e deverá estar vestido com avental branco e limpo.

NOTA!!

Antes dos testes práticos os alunos realizarão uma monografia sobre as propriedades físicas dos cimentos obturadores.

A avaliação será feita com base na participação do pós-graduando nos trabalhos práticos, monografias, interesse e frequência

RELAÇÃO PÓ/LÍQÜIDO

A determinação da relação pó/líqúido do material a ser testado constitui o primeiro passo dos procedimentos de pesquisa.

Para realizar esta tarefa, os passos são os seguintes:

Primeiro: Pesa-se 3 gramas do pó do cimento a ser testado e coloca-o sobre uma placa de vidro. Com auxílio de uma pipeta graduada, pega-se 0,20 mililitros do líqüido apropriado e deposita-se no centro da placa.

Segundo: Proceda-se a espatulação do cimento com auxílio de uma espátula flexível número 24. O tempo de espatulação do cimento deve ser anotado e corresponde o tempo decorrido desde o início da mistura até o momento em que o cimento adquire a consistência desejada. A consistência desejada de um cimento obturador de canal radicular é a preconizada por Grossman (1974).

Terceiro: Alcançada a consistência desejada, pesa-se o pó remanescente na placa de vidro e, por subtração, determina-se a quantidade de pó efetivamente utilizada durante a espatulação.

Quarto: Repetir esse procedimento por cinco vezes, anote os resultados e obtenha a média aritmética de cada um dos fatores, ou seja, do pó utilizado e do tempo de espatulação. Desse modo, o pesquisador tem à sua disposição dados que serão utilizados nos demais teste de propriedades físicas dos cimentos. Uma vez conhecido a quantidade do pó que deve ser misturado com 0,20 ml do líqüido do cimento em um tempo determinado para alcançar a consistência desejada, por uma simples regra de três pode-se determinar a quantidade de pó necessário pra misturar a 1 ml de líqüido, num tempo determinado.

Anotações:

Relação pó/ líqüido:

Fazer as devidas anotações para o relatório final

Repetições Peso Inicial Peso da sobra Peso do pó usado Tempo gasto

1

x gramas y gramas

x-y

minutos

2

3

4

ESCOAMENTO

O escoamento de um cimento obturador de canal radicular, quando determinado de acordo com a Norma 57 da ADA deve apresentar um diâmetro do disco de pelo menos 25 milímetros.

Materiais necessários:

Duas placas de vido de dimensões mínimas de 30 X 30 mm com uma carga de 20 ± 2gramas.

Um dispositivo de carga ou um meio equivalente pelo qual possa ser aplicada uma força de 0,98 ± 0,02N (100gf). Uma seringa Luer preparada para liberar 0,5 ± 0,2 ml de cimento.

Procedimento:

Um volume de 0,5 ml do material, misturado de acordo com as orientações do fabricante, deve ser colocada sobre uma placa de vidro usando uma seringa preparada para este fim.

Após 180 ± 5 segundos do início da mistura, uma massa de 120 gramas (o peso da placa mais o peso colocado sobre ela) deve ser colocada cuidadosamente e centralmente sobre o material amolecido.

Dez minutos após o início da mistura, o peso deve ser removido e os diâmetros médios maiores e menores do disco formado pelo material comprimido devem ser anotados, desde que a diferença entre eles seja de 1 milímetro no máximo.

Se o disco não for uniformemente circular ou se os diâmetros maior e menor variam de mais de 1 milímetro, o teste será desprezado.

Aquiescência:

Deve ser tomada a média de três determinações e o resultado, aproximado para o milímetro mais próximo, deve ser considerado como o escoamento do material

Anotações:

O pós-graduando deve realizar os cálculos dos diâmetros encontrados.

ESPESSURA DO FILME

Os cimentos devem possuir uma espessura do filme de não mais do que 50 micrometros, de acordo com a Norma 57 da ADA.

Materiais:

Duas placas de vidro achatadas, tendo uma superfície de contato de aproximadamente 200 mm2 e de espessura uniforme não excedendo 5 mm. Um aparelho de carga ou um meio equivalente, através do qual uma força de 147 ± 1N (15 Kgf) possa ser aplicada. Um micrômetro ou instrumento similar de medida que leia com precisão de 1 micrometro.

Procedimento:

Deposita-se uma porção do cimento, previamente manipulado seguindo as orientações do fabricante, no centro de uma placa de vidro e a seguir coloca-se uma outra placa sobre o cimento obturador de canais radiculares. Após 180 ± 10 segundos do início da espatulação, aplica-se cuidadosamente a carga de 15 Kgf verticalmente sobre a placa de cima, assegurando-se que o cimento ocupe totalmente a área entre as placas. Dez minutos após o início da espatulação, faz-se a mensuração da espessura das placas de vidro, com o filme de cimento interposto entre elas.

Aquiescência:

A diferrença em espessura das duas placas de vidro com e sem o cimento obturador interposto é a espessura do filme. A média de três medidas, aproximadadas para os 5 micrometros mis próximos, deve ser tomada como espessura do filme do material.

Anotações:Não esquecer de anotar os resultados para colocar no relatório final.

TEMPO DE ENDURECIMENTO

O tempo de endurecimento mínimo do material,determinado pelo método descrito, deve estar dentro de ± dez (10) por cento daquele preconizado pelo fabricante.

Materiais:

Um local mantido à temperatura de 37 ± 1 grau centígrado e umidade relativa do ar de não menos do que 95%. Uma agulha do tipo Gillmore, com massa de 100 ± 5gramas, possuindo uma extremidade achatada de 2,0 ± 0,1 milímetro de diâmetro.

O final da agulha deve ser plano e em ângulos retos em relaçãqo ao eixo da vareta, e deve ser mantido em uma perfeita condição de limpeza.

Uma placa de vidro plana com aproximadamente 1 mm de espessura por 25 mm de largura e 75 mm de comprimento (uma lâmina de microscópio)

Procedimento:

Coloca-se o molde sobre a placa de vidro e faz-se o seu preenchimento com o cimento previamente espatulado de acordo com as orientações do fabricante, até o nível da superfície.

Após decorrido 120 ± 10 segundos do início da espatulação, coloca-se esse conjunto na câmara a 37 graus centígrados e UR 95%.

Após decorridos 150 ± 10 segundos do início da espatulação, abaixa-se cuidadosamente a agulha de Gillmore verticalmente sobre a superfície horizontal do material, o qual é mantido na câmara a 37 graus centígrados e UR 95%.

Mede-se de tempos em tempos até que a agulha não marque mais o cimento.

Aquiescência:

O tempo de endurecimento deve ser gravado como sendo o tempo decorrido entre o início da espatulação até o momento em que as identações da agulha tipo Gillmore deixam de ser visíveis na superfície do cimento.

Deve-se fazer três repetições e a média dessas tr6es determinações deve ser considerada como o tempo de endurecimento

Anotações: Não esquecer de fazer as anotações para usar no relatório final.

ESTABILIDADE DIMENSIONAL

De acordo com a Norma 57 da American Dental Association, a alteração dimensional de um cimento obturador de canais radiculares não deve sofrer contração além de 1,0%

Materiais:

Procedimento:

Coloca-se o molde sobre uma lâmina de fina de papel de celofane suportada por uma placa de vidro e a seguir procede-se o seu preenchimento com cimento manipulado até a consistência desejada A colocação do cimento é feita com ligeiro excesso de material.

Com outra placa de vidro envolvida por outra folha de papel de celofane preciona o conjunto. O molde e as placas devem ser mantidos unidos firmemente com o grampo "C".

Cinco minutos após o início da mistura, o molde com o cimento e o grampo devem ser transferido para uma atmosfera de 95% de umidade relativa (UR) e a 37 ± 1.graus centígrados.

Para os materiais que possuem tempo de endurecimento de moderado a curto (2 horas a 10 minutos), deve-se esperar três vezes o tempo de endurecimento antes que a amostra seja removida do seu molde. Imediatamente após o endurecimento do material, as extremidades do cimento devem ser removidos, lixando o molde que contém a mostra com uma lixa molhada de granulação 600.

A amostra deve esntão ser removida do molde e medida com um paquímetro e, a seguir, colocada em um recipiente contendo água destilada e deionizado.

Trinta dias após, a amostra deve ser novamente medida .

Aquiescência:

Três determinações de alteração dimensional devem ser realizadas e o cálculo é feito do seguinte modo: Medida inicial após endurecimento = L Medida após 30 dias = L30 L comprimento da amostra

L30 dias - L endurecimento X 100 L endurecimeto

A média aritmética de três determinações deve ser o valor da alteração dimensional.

Anotações: Não esquecer de realizar as anotações para serem utilizadas no relatório final.

SOLUBILIDADE E DESINTEGRAÇÃO

De acordo com a Norma 57 da American Dental Association a solubilidade do cimento obturador não pode exceder três por cento em peso e a mostra não pode apressentar evidências de desintegração.

Materiais:

Para a realização deste testes serão necessários os seguintes materiais:

Dois moldes circulares e cada um deles com 1,5 mm de espessura e 20 mm de diâmetro interno. Quatro placas de vidro planas e polidas com dimensões maiores do que os moldes circulares.

Folhas de polietileno ou papel de celofane.

Um recipiente de vidro ou plástico de aproximadamente 40 mm de diâmetro e volume que exceda 50 ml.

Dois fios de diâmetro aproximado de 0,5 mm, com peso aproximado para os 0,001 g mais próximos.

Uma estufa possível de ser mantida à 37 ± 1 graus centígrados e umidade relativa de não menos do que 95%.

Procedimento:

Colocam-se os moldes sobre a folha de polietileno ou papel de celofane que é mantido pela placa de vidro, e fazem-se os seus preenchimentos com ligeiro excesso de material (cimento), manipulado de acordo com as indicações do fabricante.

Insere-se um fio em cada molde e pressiona-se com a placa revestida com as lâminas de polietileno sobre o material.

Colocam-se os moldes assim preenchidos na estufa com as temperartura e UR já descrito por um tempo superior a três vezes o tempo de endurecimento do material.

A seguir, remover as amostras dos moldes e, após remover quaisquer resíduos ou partículas perdidas, anota-se a massa de cada amostra, aproximando o resultado para os 0,001 g mais próximos.

Suspendem-se tais amostras no recipiente, de modo que não haja contato com nenhuma superfície. Colocar 50 ± 1 ml de água destilada e deionizada e fechar o recipiente.

Guarda-se o recipiente e seu conteúdo na estufa a 37 graus centígrados por uma semana e, então, removem-se as amostras, enxaguam-nas com um pouco de água destilada deionizada e removem-se o excesso de água com um filtro de papel.

Colocar as amostras em um desidratador de pentóxido de fósforo ou outro desidratante apropriado por 24 horas.

A seguir pesar as amostras, aproximando para os 0,001g mais próximos.

Aquiescência:

A perda em massa de cada par de amostras deve ser expressa em porcentagem e este resultado deve ser anotado como sendo a solubilidade do cimento.

Pode-se aproximar os resultados para o 0,1% mais próximo.

Anotações: Por favor, anote e calcule os resultados.

Peso inicial - Peso final = Diferença e porcentagem

AVALIAÇÃO DO pH

Para realizar este teste serão utilizados moldes de teflon com 20 milimetros de diâmetro interno e 1,5 milimetros de espessura.

Coloca-se esses moldes sobre uma fina lâmina de celofane sustentada por uma placa de vidro.

Manipula-se o cimento a ser testado, obedecendo a relação pó/líquido ou pasta/pasta e, a seguir, preencher os moldes.

Após isto, insere-se um fio de nylon ou similar com diâmetro aproximado de 0,5mm, na massa do material amolecido. posteriormente, coloca-se outra lâmina de celofane sobre o molde preenchido com o cimento. Sobre esse conjunto, coloca-se uma massa de 100 gramas.

O conjunto é levado à um ambiente a 37 graus centígrados e com UR de 95%.

Uma vez decorrido três vezes o tempo de endurecimento, que deve ser previamente conhecido, remove-se a amostra do molde e, após a retirada de quaisquer resíduo ou partículas perdidas, os corpos de prova estão prontos para o teste do pH.

Em um recipiente com 40 mm de diâmetro e com 50 mililitros de água destilada e deionizada com pH previamente medido.

Colocar as amostras dos cimentos no interior do recipiente, de tal maneira que o mesmo fique imerso na água.

O recipiente é fechado cuidadosamente. O corpo de prova não deve entrar em contato com as paredes do recipiente.

O conjunto é levado à uma estufa a 37 graus centígrados e, após 3 horas faz-se a primeira medidada do pH.

As medidas subseqüentes serão tomadas com intervalo de 24 horas, durante uma semana.

Deve-se fazer duas medições para cada cimento utilizado e tirar a média.

Para avaliar o pH do cimento imediatamente após a sua manipulação deve-se proceder do seguinte modo:

Anotações:

Marca o nome do cimento e as avaliações em horas e dias, depois construir um gráfico.

ADESIVIDADE

Para realizar o teste de adesividade serão utilizados cilindros de alumínio de 10 milímetros de comprimento por 6 milímetros de diâmetro interno, dotado de uma alça de aço inox.

Plataforma de dentina devem ser preparados cortando molares permanentes integros e com raízes divergentes.

Depois de preparar um plano de dentina, as raízes divergentes deste molares serão fixadas em uma base de acrílico com a finalidade de fixar o conjunto na máquina de tração.

Os dentes, após preparados serão colocados em UR de 100% e em uma estufa a 37 graus centígrados, até o momento de uso.

Os cilindros serão fixados nas superfícies da dentina e a seguir, preenchidos com cimentos manipulados.

Após o preenchimento dos cilindros com os ciemntos a serem testados, os conjuntos serão levados à estufa a 37 graus centígrados e UR 95%, por um tempo superior a três vezes o tempo de endureciemnto de cada cimento.

Decorrido este tempo, o conjunto é fixado em uma máquina de tração.

Uma corrente que está diretamente ligado a um prato será conectado ao cilindro contendo o cimento e, a seguir, massas serão colocados sobre o prato, até que o cilindro romper da dentina.

Anota-se a massa em quilogramas que foi necessária para romper o conjunto.

Para avaliar a Força de Tração necessária para o deslocamento, aplica-se a segunda lei de Newton:

[R]= m.d,

onde [R] é a intensidade resultante de força, "m" é a massa aplicada e d é a aceleração da gravidade (10m/s2).

Assim temos: Força em Newton, aceleração em m/s2 e massa em quilogramas.

Como os cilindros que contém os cimentos apresentam um diâmetro de 6 mm, ou seja 0,006 metros, a área de secção transversal é calculada com base na seguinte equação:

S=p. R2

onde "S" é a área da secção transversal; "R"é o raio(0,003 m) e o p = 3,1416.

Logo a área da secção transversal será uma constante igual a 2,82.10-5 m2.

Para calcular a Tensão de Tração, aplica-se a equação: d = T/S

Onde: d é a tensão de tração em Mega Pascal (Mpa) T = Tração em Newtom S = área em m2

NOTA!!!!

Anotações: Realize os teste, anote os resultados, faça gráfico e relatório.

Não esqueça: Massa (Kg) Força (Newton) Tensão de Tração MPa

ESTUDE, FAÇA OS EXPERIMENTOS E OBRIGADO PELA ATENÇÃO

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Department Webmaster: Júlio César Spanó & J. D. Pécora
Copyright 1997 Department of Restorative Dentistry
Esta página foi elaborada com apoio do Programa Incentivo à Produção de Material Didático do SIAE - Pró-Reitorias de Graduação e Pós-Graduação da USP
Update 29 de julho de 1997