FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO IN VITRO DA INFILTRAÇÃO MARGINAL EM RETROBTURAÇÕES UTILIZANDO DIFERENTES MATERIAIS OBTURADORES

" In vitro" evaluation of marginal leakage of different sealing materials used for retrofilling



 
 
 
  

José Roberto Miziara Yunes

Orientadora: Profa. Dra. Izabel Cristina Fröner


 

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Odontologia, junto ao Departamento de Odontologia Restauradora, na sub-área de Endodontia. RIBEIRÃO PRETO, 1999


RESUMO | SUMMARY | INTRODUÇÃO | REVISÃO | PROPOSIÇÃO | MATERIAL E MÉTODO | RESULTADOS | DISCUSSÃO | CONCLUSÕES| REFERÊNCIAS


 
 
 

1- INTRODUÇÃO
 
 
 
 

Um dos objetivos do tratamento endodôntico é a manutenção do dente em função no sistema estomatognático, proporcionando uma completa obliteração de todo sistema dos canais radiculares, para impedir que microrganismos e/ou endotoxinas atinjam os tecidos apicais e periapicais. Em muitas situações, onde já se tem estabelecido uma lesão periapical, o tratamento endodôntico convencional é complementado por outro recurso terapêutico de grande valor, qual seja a cirurgia parendodôntica.

BERBERT et al. ( 1974 ) definiram a cirurgia parendodôntica, como todo procedimento cirúrgico que envolvesse as áreas do endodonto ou as raízes dentárias, visando a resolver complicações decorrentes de um tratamento endodôntico ou do seu insucesso.

De acordo com SZEREMETA-BROWAR et al. ( 1985 ) a utilização de procedimentos cirúrgicos em Endodontia teve início em 1884 com FARRAR, que descreveu um tratamento radical de abscesso alveolar por amputação de raízes de dentes. Em 1886, BLACK também defendeu a amputação total da raiz quando um dente bi ou trirradiculado apresentava doença periodontal avançada ( apud INGLE & BEVERIDGE, 1979 ).

Os procedimentos cirúrgicos na região periapical são basicamente de três tipos: curetagem, apicectomia e apicectomia com obturação apical.

A obturação retrógrada foi introduzida como recurso cirúrgico por Rhein, em 1890 ( apud SZEREMETA-BROWAR et al., 1985 ). O termo apicectomia foi introduzido por Partsch em 1896, para caracterizar o procedimento que tinha como finalidade terapêutica a resolução de processos patológicos pela amputação da porção apical da raiz ( apud DINIZ & GREGORI, 1974). Em 1916, Widman discutiu procedimentos de apicectomia ( apud SZEREMETA-BROWAR et al., 1985 ). Em 1919, Garvin já demonstrava radiograficamente retrobturações (apud SZEREMETA-BROWAR et al., 1985 ). Roy, em 1925, descreveu a curetagem apical como entidade cirúrgica ( apud DINIZ & GREGORI, 1974 ).

Em 1934, Duclos, descreve uma técnica de tratamento de canal via retrógrada, para solucionar os casos cujos tratamentos endodônticos não poderiam ser realizados por via convencional ( apud ALONSO VERRI, 1981 ).

Durante anos, foram registradas inúmeras referências a respeito da cirurgia parendodôntica, a maioria preocupada com as indicações e os princípios cirúrgicos.

A cirurgia parendodôntica é geralmente indicada quando o clínico encontra sérias dificuldades para atingir a área lesionada, bem como para remoção dos agentes causadores da doença através do canal radicular ( INGLE & BEVERIDGE, 1979 ).

Dentre estes agentes podem ser citados os canais com obturação parcial ou inadequada e que não apresentam condições para o retratamento convencional; canais calcificados; variações anatômicas complexas; lesões apicais que persistem ou que aumentam após o tratamento endodôntico convencional; presença de contenções intra-radiculares extensas ou volumosas; instrumentos fraturados no canal; degraus intransponíveis e, ainda, extravasamento de materiais obturadores, com sintomatologia dolorosa persistente.

As observações clínicas demonstram que a obturação do canal radiular, quando insatisfatória, não permite a regeneração do tecido ósseo, mesmo quando a lesão periapical foi integralmente removida. Postula-se que o selamento deficiente, permitindo a atuação constante dos irritantes, é capaz de perpetuar o estado patológico. Quando a terapia conservadora não demonstra cura após um tempo razoável de proservação, esse insucesso pode ser indicação de que a lesão periapical permaneceu sem mudanças, porque o canal não foi adequadamente tratado e obturado. Por outro lado, se a lesão aumentou pode tratar-se de um cisto, capaz de crescer independentemente da causa que o originou ( ALONSO VERRI & AGUIAR, 1991 ). Nesses casos a cirurgia parendodôntica mostra-se um valioso recurso terapêutico.

Da mesma maneira que a Endodontia convencional pode apresentar insucessos, a cirurgia parendodôntica também pode mostrar fracassos. A maioria dos insucessos nos tratamentos cirúrgicos com retrobturações está diretamente relacionada com a falta de capacidade de vedação dos diferentes materiais utilizados com essa finalidade, e que não permitem obter uma obturação hermética.

A infiltração marginal em retrobturações é uma das propriedades mais pesquisadas em todos materiais utilizados e indicados para esta finalidade

Inúmeros são os materiais indicados para serem utilizados nas obturações retrógradas; dentre todos, o que tem recebido maior preferência dos clínicos e pesquisadores é o amálgama de prata.

O uso do amálgama de prata em ápices radiculares teve início com Ottesen, em 1915 ( apud GARVIN,1942 ). SZEREMETA-BROWAR et al.( 1985 ) referem-se a Garvin ( 1919 ), que apresentou acompanhamento de casos clínicos usando esta técnica e material Em 1956, LUCKS salientava ser o amálgama um excelente material retrobturador.

Em 1962, NICHOLLS comparava as facilidades de inserção e manipulação do óxido de zinco e eugenol com as do amálgama em obturações retrógradas.

O amálgama de prata tem sido avaliado comparativamente com outros materiais odontológicos usados em retrobturações quanto à sua capacidade de promover selamento marginal ( CUNNIGHAM, 1975; BARRY et al., 1976; DELIVANIS & TABIBI, 1978; TANZILLI et al., 1980; KAPLAN et al., 1982; PALANIAK, 1984; BRAMWELL & HICKS, 1986; ESCOBAR et al., 1986 ).

A infiltração marginal em retrobturações com amálgama pode ou não ser influenciada pela aplicação de verniz cavitário no preparo apical ( TRONSTAD et al., 1983; MATTISON et al., 1985; VERTUCCI & BEATTY, 1986; CALLIS & MANNAN, 1994 ).

Alguns materiais restauradores têm sido avaliados comparativamente ao amálgama quanto às suas propriedades como materiais retrobturadores. Tais materiais, como as resinas ( ABDAL et al., 1982 ), com ou sem agente de união

( McDONALD & DUMSHA, 1987 ), cimentos à base de óxido de zinco e eugenol ( SZEREMETA-BROWAR et al., 1985; KING et al., 1990; PANTSCHEV et al., 1994; TORABINEJAD et al., 1995; BIGGS et al., 1995 ), cimentos de ionômero de vidro ( ZETTERQVIST et al., 1987; THIRAWAT & EDMUNDS, 1989; ALHADAINY et al., 1993; JESSLÉN et al., 1995 ), pasta zincoenólica (DUTRA & HORTA, 1994; CUSTÓDIO & COSTA , 1994 ), apresentam resultados conflitantes quanto às suas propriedades e as do amálgama, podendo ou não ser indicados para substituí-lo.

BERNABÉ (1994), observou que após apicectomias e retrobturações podem ocorrer reabsorções radiculares, algumas vezes comprometendo a eficiência do selamento marginal obtido com o material retrobturador. Salientou que, nestes casos, o emprego do amálgama deve ser reavaliado, e se possível substituído por outro material que possua melhor comportamento biológico.

O amálgama é o material mais utilizado em retrobturações por apresentar bom desempenho clínico, baixo custo e fácil manipulação, porém há a necessidade de se recorrer a algum outro material quando se tratar de pacientes alérgicos ao mercúrio; ZETTERQVIST et al. (1987) indicava o ionômero de vidro nestes casos.

Outra preocupação quanto ao uso do amálgama está no fato de que em muitos países está proibida a sua utilização em Odontologia devido à presença do mercúrio ( FRIEDMAN, 1991).

Estes fatos têm levado os pesquisadores a intensificar a procura por materiais que possam ser utilizados nas retrobturações.

Mais recentemente, TORABINEJAD et al. (1993, 1995) observaram que o MTA ( trióxido mineral agregado ) apresenta infiltração marginal menor que o amálgama, com baixa toxicidade e pequena ação antimicrobiana. MacDONALD et al. (1994) utilizando do cimento de apatita (G-5) sugeriu que este poderia substituir o amálgama em retrobturações, pois apresenta biocompatibilidade e selamento apical.

Os compostos de cianoacrilato de etila associados à guta-percha apresentam infiltração marginal significantemente menor que o amálgama (BARKHORDAR et al., 1988 ); que o cimento à base de óxido de zinco e eugenol (JACOBSEN & SHUGARS, 1990 ) ou que alguns cimentos endodônticos ( HEROD, 1990 ).

O polímero derivado do óleo de mamona tem apresentado bons resultados quanto à sua biocompatibilidade ( OHARA, 1995; IGNÁCIO, 1995; VILARINHO et al., 1996; LAMANO CARVALHO et al., 1997 a, b; COSTA et al., 1997 ) e resistência à tração ( VIANNA, 1997 ). Este material tem sido avaliado intensamente na área de ortopedia médica, porém sua aplicabilidade na área odontológica está se iniciando.

Nas últimas décadas, tem havido acentuado progresso na Endodontia, tanto nas técnicas, como nos materiais e no instrumental , o que tem elevado o índice de sucesso do tratamento endodôntico convencional e exigido critérios específicos na indicação e cuidados especiais na realização de procedimentos cirúrgicos na região apical e periapical dos dentes.

Mediante a necessidade de uma cirurgia parendodôntica, modalidade retrobturação, deve-se utilizar as melhores técnicas para o preparo da cavidade apical, bem como os melhores materiais obturadores.

Visando a obter mais conhecimentos nesse campo de atuação profissional, e seguindo a tendência mundial de pesquisar novos materiais que possam substituir aqueles tradicionalmente usados em retrobturação, objetivamos neste trabalho avaliar comparativamente a infiltração marginal entre alguns retrobturadores.



 
 
 

2 - RETROSPECTIVA DA LITERATURA
 
 

Com o objetivo de alcançar a limpeza efetiva e o selamento hermético dos canais radiculares, a Endodontia vem conseguindo desde o século passado grandes avanços com técnicas de instrumentação eficientes e de fácil domínio, cimentos obturadores biocompatíveis, com grande capacidade de penetrar nos espaços entre os cones de guta-percha e as paredes dentinárias, bem como boas soluções irrigantes e curativos germicidas.

As pesquisas têm sido intensas e os trabalhos publicados demonstram um aumento significante dos sucessos endodônticos, ficando a cirurgia parendodôntica como alternativa para a reparação de casos não solucionados pelas técnicas endodônticas convencionais.

De acordo com ANTONIAZZI & FREITAS (1982), na ocorrência do insucesso do tratamento endodôntico, sempre que possível, um novo tratamento estaria indicado, aguardando-se o tempo necessário à proservação. Na impossibilidade desse retratamento ou na persistência do processo patológico, estariam indicados os recursos de ordem cirúrgica. Ressaltaram que o sucesso cirúrgico depende em grande parte do tratamento endodôntico correto, sendo que na sua impossibilidade estaria indicada a obturação retrógrada, concomitantemente ao ato cirúrgico.

Estes recursos de ordem cirúrgica aplicados ao caso, são denominados cirurgias parendodônticas e são basicamente apresentados sob as formas de: curetagem, que consiste na remoção cirúrgica de tecidos ou materiais da área periapical, sem reduzir o comprimento da raiz; apicectomia, ou seja, a amputação e a ablação da porção apical da raiz; obturação apical, correntemente denominada obturação retrógrada, que consiste no fechamento ou selamento do extremo radicular por via apical. De acordo com ALONSO VERRI (1981), esse tipo de cirurgia apical foi proposto por Duclos em 1936.

Os resultados biológicos desejados pela execução desta cirurgia são três: fechamento do novo ápice; reinserção do periodonto e regeneração do osso alveolar. Estes são alcançados quando o reparo ideal se processa, havendo aposição de cemento secundário sobre a dentina exposta pela amputação e formação de tecido conjuntivo fibroso sobre a superfície do material obturador ( RIES CENTENO, 1964).

Como condição para esse sucesso, SILVA ( 1958 ) afirmou que o material utilizado na retrobturação deve possuir histo-compatibilidade e, também, como nos tratamentos endodônticos convencionais, obturar hermeticamente a última porção do canal, promovendo selamento impermeável, tanto aos fluidos orgânicos, como aos microrganismos.

CARVALHO et al. ( 1981 ) publicaram os resultados da avaliação clínica e radiográfica de 55 dentes submetidos a cirurgias parendodônticas. Destes dentes, 16 receberam obturações retrógradas, sendo que os autores verificaram 9 sucessos e 7 insucessos, entre os quais 3 casos resultaram na extração do dente operado.

ABDAL & RETIEF (1982) salientaram que os materiais para retrobturação deveriam apresentar as seguintes propriedades: compatibilidade com os tecidos periapicais, estabilidade dimensional, insolubilidade aos fluidos bucais, fácil manipulação, serem bacteriostáticos, radiopacos, não carcinogênicos e permitir acentuado vedamento apical.

Em 1985 NEHAMMER, avaliou que há ocasiões em que a cirurgia deve ser indicada porque os acessos ao sistema canal radicular e à área afetada não são possíveis usando técnicas não cirúrgicas. Dependendo das circunstâncias, a cirurgia pode ser necessária para criar drenagem, selar a contento o canal e reparar defeitos das raízes. Um dos passos da apicectomia é a resseccão apical e o objetivo é exibir a superfície da raiz para que o limite apical do canal radicular possa ser examinado e promover acesso para a preparação de uma cavidade apical. O bisel feito com brocas é de aproximadamente 45 graus em relação ao longo eixo do dente.

TIDMARSH & ARROWSMITH (1989), por meio de microscopia eletrônica, avaliaram a presença de um caminho para a infiltração nos ápices de dentes apicectomizados. A 3 mm do ápice, no nível típico da apicectomia, e entre a junção dentina-cemento, foram encontrados 13.000 túbulos dentinários por milímetro quadrado. Em conseqüência, acreditaram ser necessário desenvolvimento de melhores métodos e materiais para o selamento do orifício do canal e da superfície de dentina exposta.

LEAL ( 1991 ) salientou que, por mais perfeito que fosse o preparo biomecânico do canal, associado a substâncias irrigadoras, haveria sempre a possibilidade da permanência de microrganismos nos túbulos dentinários e nas ramificações do canal principal. Isso evidencia a necessidade de selar esses canalículos e ramificações, impedindo a passagem de toxinas e de microrganismos para o periápice. Esse objetivo pode tornar-se mais acessível pela cirurgia parendodôntica, uma vez que a apicectomia, que precede a obturação apical, remove a área que contém o maior número de canais secundários.

Em 1993, TANOMARO FILHO et al. avaliaram a capacidade de selamento apical em função das técnicas: I- apenas obturação retrógrada, II- retroinstrumentação mais retrobturação do canal e III- retroinstrumentação mais retrobturação complementada com obturação retrógrada. A apicectomia foi realizada num ângulo de 45 graus em relação ao longo eixo da raiz. As cavidades apicais dos grupos I e II foram obturadas com N-Rickert de 6,25 g/ml. Os canais retroinstrumentados dos grupos II e III foram obturados com N-Rickert de 3,25 g/ml e cones de guta-percha brunidos. Para detectar infiltrações usaram o azul de metileno a 2 por cento, por um período de sete dias. Concluíram que as técnicas de obturação retrógrada somente, e de retroinstrumentação com retrobturação mais obturação retrógrada, ofereceram o melhor selamento apical que aqueles que foram retrobturados, porém não receberam obturação apical retrógrada.

Em 1994, GILHEANY et al. determinaram o efeito de diferentes ângulos de corte nas apicectomias, e da profundidade da obturação retrógrada em relação à infiltração marginal e à permeabilidade da dentina. Os ápices foram cortados perpendicularmente à raiz e em 30 e 45 graus em relação ao longo eixo do dente. A infiltração foi medida com um aparelho de condutância hidráulica e foi determinada seguindo o aumento incremental de profundidade da obturação retrógrada com Ketac Silver. Observaram que aumentando a profundidade da obturação retrógrada, a infiltração marginal diminuía significantemente. Houve também um aumento significativo da infiltração à medida em que o ângulo de inclinação aumentava. O corte perpendicular ao longo eixo da raiz diminuiu a infiltração porque expôs menos túbulos dentinários. A permeabilidade da dentina apical amputada e a microinfiltração ao redor do material obturador tiveram uma influência significativa sobre a infiltração apical .

O’CONNOR et al. ( 1995 ) avaliaram a inclinação ideal para o corte apical e o tipo de preparo para retrobturação. Utilizaram cortes apicais perpendiculares e em bisel de 45 graus em relação ao longo eixo da raiz, com preparos apicais realizados com pontas do aparelho de ultra-som e com brocas em peça de mão. Os preparos apicais foram obturados com amálgama mais verniz cavitário e com Super-EBA. Os dentes foram imersos em solução de azul de metileno a 1 por cento por duas semanas pela técnica de pressão hidrostática. Os resultados submetidos a análise estatística demostraram que o Super-EBA infiltrou significantemente menos que o amálgama com verniz, independentemente do tipo de preparo apical ( ultra-som ou broca ). Não houve diferença significante entre os cortes realizados perpendicularmente ou em bisel de 45 graus em relação ao longo eixo do dente.

Em 1997 KUGA et al., avaliaram os percentuais de sucesso, de reparo duvidoso e de fracasso, em função das indicações das técnicas cirúrgicas de curetagem, obturação apical com retrobturação do canal e obturação simultânea dos canais radiculares. Os tempos de controle foram de 6 a 12 meses, entre 12 e 24 meses, e após 24 meses. Concluíram que o percentual de sucesso nas cirurgias parendodônticas foi de 45,31 por cento; o de reparo duvidoso foi de 32,81 por cento e o de fracassos totalizaram 21,87 por cento dos casos. A obturação simultânea dos canais apresentou a maior porcentagem de sucesso ( 66,70 por cento). A obturação retrógrada revelou maior tendência de reparo duvidoso ( 60,00 por cento ) e o melhor período de controle foi de 12 meses.

Vários materiais odontológicos têm sido indicados, empregados e estudados como obturadores apicais, como alternativas ou coadjuvantes da terapia endodôntica convencional. Dentre estes o amálgama de prata tem sido o material mais intensivamente empregado e investigado clínica e/ou laboratorialmente, uma vez que sua importância é reconhecida até nos dias atuais

A cirurgia apical utilizando o amálgama como material obturador de ápices radiculares foi demonstrada por Ottesen em 1915 ( apud GARVIN, 1942 ). Em 1919, Garvin apresentou 964 casos documentados ( apud SZEREMETA-BROWAR et al., 1985 ),

Também LUKS ( 1956 ) usou o amálgama como material retrobturador em dentes apicectomizados com broca, num ângulo de 45 graus, nos quais preparou cavidades com brocas cone invertido em contra-ângulo. Concluiu que o amálgama é um excelente material retrobturador.

Entre outros autores, MOODNICK et al. (1975) usaram o microscópio eletrônico de varredura para examinar retrobturações com amálgamas. Observaram falhas na adaptação do amálgama à raiz preparada, mas não estabeleceram a significância clínica desses defeitos.

Em 1975, CUNNINGHAM demonstrou por meio de microscopia eletrônica de varredura, o uso de materiais obturadores usados em apicectomia, comparando os resultados nas técnicas mais comumente usadas. Concluiu que as retrobturações de amálgama foram consideradas satisfatórias, apesar da superfície rugosa observada após a brunidura, mas cones de guta-percha usados antes e depois da redução do ápice mostraram consideráveis defeitos.

Assim, TANZILLI et al. ( 1980 ) examinaram as adaptações de retrobturações com amálgama, guta-percha brunida a quente e a frio, utilizando a microscopia eletrônica de varredura. Concluíram que o selamento obtido com a guta-percha brunida a frio foi 90 por cento melhor que o das outras técnicas investigadas.

Em 1982, KAPLAN et al. avaliaram comparativamente a infiltração marginal pela infiltração do azul de metileno a 2 por cento, por uma semana, nas retrobturações realizadas com amálgama, guta-percha brunida a frio e a quente. Concluíram que a menor infiltração ocorreu nas retrobturações realizadas com guta-percha brunida a frio.

TRONSTAD et al. (1983) avaliaram pela auto-radiografia com isótopo radioativo, o selamento apical de diferentes tipos de limalhas de amálgamas utilizados em retrobturações, com ou sem aplicação de verniz cavitário. Raízes dentais com obturações apicais foram implantadas no tecido subcutâneo de ratos, para avaliar se a resposta tecidual seria similar à dos tecidos periapicais frente à obturação de amálgama. Após os períodos de observação de 7, 30 e 90 dias, os animais foram sacrificados. Concluíram que o melhor resultado foi obtido com a limalha de amálgama esférica rica em cobre ( Cupralloy-ESP ) e o selamento foi significantemente melhor quando da utilização do verniz cavitário no preparo apical.

MATTISON et al. (1985) estudaram in vitro a microinfiltração apical em dentes com retrobturações de amálgama, com limalhas de espessuras e composições diferentes. Para avaliar a habilidade seladora desses amálgamas foram confeccionadas cavidades com profundidades de 1 e 3mm. Utilizaram teste eletro-químico para avaliar a infiltração marginal apical. Os resultados demonstraram não haver diferenças estatísticas entre os amálgamas com ou sem zinco em sua composição. Salientaram que o preparo apical de 3 mm e o uso de verniz promoveram menor infiltração apical, independentemente da composição da limalha do amálgama.

BRAMWELL & HICKS (1986), verificaram em macacos Rhesus a habilidade seladora do amálgama e da guta-percha em retrobturações. Foi utilizada a técnica de apicectomia e retrobturação com amálgama, guta-percha condensada à quente e a frio. Após seis meses os dentes foram extraídos e imersos em solução de azul de metileno a 2 por cento, por 48 horas. Os dentes foram então avaliados quanto à infiltração, usando uma escala milimétrica e microscópio estereoscópio. Não houve diferença significativa entre os grupos experimentais e os resultados demonstraram que os procedimentos de retrobturação com amálgama ou com as guta-perchas produziram vedações apicais de qualidade comparável entre si.

ESCOBAR et al. (1986) avaliaram a infiltração marginal em retrobturações apicais, comparando o amálgama sem zinco com a guta-percha. A apicectomia foi realizada em um ângulo de 45 graus em relação ao longo eixo da raiz. Os dentes foram impermeabilizados externamente com esmalte de unha e cianoacrilato. Utilizaram como indicador o corante azul de metileno a 4 por cento, por 7 dias. Após a análise das infiltrações, não constataram diferenças estatísticas significantes entre o amálgama e a guta-percha.

VERTUCCI & BEATTY (1986), verificaram in vitro, a extensão da microinfiltração apical após obturações retrógradas, utilizando o azul de metileno a 1 por cento, por 2 semanas. Foram realizadas apicectomias em ângulo de 45 graus e cavidades preparadas com brocas a 3mm de profundidade. Avaliaram os seguintes materiais: guta-percha brunida a frio, amálgama com e sem verniz cavitário. Ocorreu menor penetração de corante quando, preparo cavitário e superfície biselada, foram cobertos com verniz antes da retrobturação com amálgama.

YOSHIMURA et al. ( 1990 ) estudaram in vitro o selamento apical de obturações retrógradas com amálgama em diferentes tempos de avaliação, usando um método quantitativo. Foram realizados cortes com 45 graus em relação ao longo eixo do dente e preparadas cavidades com 1mm de profundidade As microinfiltrações, coronária e apical, foram determinadas usando filtração de fluido pressurizado após 90 minutos, 6 , 24 e 48 horas e 1, 2, 4 e 8 semanas da obturação com amálgama. A infiltração coronária e apical diminuiu marcadamente após os 90 minutos iniciais e no intervalo entre 90 minutos e 6 horas. Nos intervalos entre 24 horas e 8 semanas, apenas pequenas mudanças foram notadas.

FRIEDMAN ( 1991 ), fez uma revisão dos conceitos e trabalhos de pesquisa sobre as técnicas e materiais utilizados em retrobturações nos dez anos anteriores. Salientou que a técnica de retrobturação era clinicamente válida. O amálgama usado com o verniz cavitário foi o material de escolha na obturação retrógrada, pois apresentou os melhores resultados nos trabalhos in vivo e in vitro, todavia, em alguns países o uso do amalgama é proibido, e esforços continuam a ser feitos no sentido de criar alternativas para substituí-lo em retrobturações.

FRANK et al. ( 1992 ) publicaram um estudo clínico avaliando a curto e longo prazo (10 anos ), os resultados das retrobturações com amálgama. Após avaliação clínica e radiográfica de 104 casos realizados antes de 1981, concluíram que 57,7 por cento deles foram considerados como sucessos e 42,3 por cento insucessos.

Em 1993, FERRETE & CAMPOS, revisando a literatura, mostraram as diversas técnicas cirúrgicas utilizadas para sanar as patologias periapicais não resolvidas com o tratamento endodôntico convencional. Quanto aos materiais utilizados para obturações apicais, concluíram que o amálgama de prata rico em cobre era o mais indicado, seguido da guta-percha brunida a quente.

TORABINEJAD et al. ( 1994 ), avaliaram a adaptação marginal de obturações retrógradas de amálgama, em casos clínicos com sucesso e insucesso radiográfico com microscopia eletrônica de varredura, usando a infiltração do azul de metileno a 2 por cento por 48 horas. Apesar de radiograficamente a retrobturação indicar sucesso clínico, a avaliação microscópica mostrou que houve penetração do corante através do forame apical em raízes não tratadas cirurgicamente e a presença de pequenas fendas entre o material obturador e a parede dentinária. As fendas entre a cavidade apical e o amálgama apresentaram variações de tamanho. Exames similares nas radiografias que mostraram insucesso, também constataram a presença de fendas entre o amálgama e as paredes dos preparos cavitários.

BERNABÉ ( 1994 ) estudou o comportamento dos tecidos periapicais de dentes de cães após apicectomia e obturação retrógrada com amálgama de prata ou guta-percha, verificando ainda a influência da contaminação dos canais radiculares. Para isto 26 dentes foram obturados com óxido de zinco/eugenol e cones de guta-percha. Outros 26 dentes, após abertura coronária, foram expostos ao meio ambiente bucal por 30 dias. Decorrido esse prazo, as câmaras pulpares desses dentes foram seladas com óxido de zinco/eugenol e amálgama. Em seguida realizou obturações apicais com amálgama de prata sem zinco e com guta-percha. A avaliação histológica permitiu concluir que o amálgama induziu resultados menos favoráveis do que a guta-percha, especialmente em canais contaminados. Relatou ainda que após a realização da apicectomia e retrobturações podem ocorrer reabsorções radiculares que, algumas vezes comprometem a eficiência do selamento marginal obtido com o material de obturação apical.

JOHNSON et al. ( 1995 ), avaliaram as qualidades do selamento apical oferecido por vários amálgamas comerciais, com e sem zinco. Apicectomias foram realizadas perpendicularmente ao longo eixo do dente e cavidades com 3mm de profundidade, secas ou com a presença de sangue humano, foram preenchidas com amálgama. As raízes foram imersas em solução de Ringer e utilizaram o método de filtração de fluídos. Os resultados mostraram que o amálgama esférico sem zinco teve infiltração significantemente maior que todos os outros avaliados. A contaminação com sangue não afetou o selamento com amálgama.

O amálgama tem sido pesquisado comparativamente com outros materiais restauradores também utilizados nas cirurgias parendodônticas.

Em 1962, NICHOLLS, analisou as vantagens e as desvantagens da retrobturação, a técnica cirúrgica proposta com essa finalidade, e os materiais usados para esse fim como: amálgama, cimento de óxido de zinco e eugenol e cimento de fosfato de zinco. Defendeu o emprego do cimento de óxido de zinco e eugenol, por requerer menor habilidade em sua manipulação quando comparado ao amálgama de prata e, ainda, pela maior facilidade de inserção na porção apical do canal.

BARRY et al. (1975) compararam o selamento apical oferecido por um cimento de policarboxilato com o de outros materiais. Utilizaram o azul de metileno a 2 por cento, nos períodos de 1, 2 ou 3 semanas, para determinar a infiltração marginal em retrobturações com amálgama, guta-percha à temperatura ambiente, ou aquecida e o cimento de policarboxilato ( Durelon ). A apicectomia foi feita removendo 1mm do ápice, perpendicularmente ao longo eixo do dente, após o que prepararam cavidades de 2mm de profundidade, com brocas. Verificaram que o cimento de policarboxilato apresentou maior infiltração marginal que os outros materiais testados. Não houve diferença estatisticamente significante entre o amálgama e a guta-percha, com ou sem aquecimento.

Em 1976, BARRY et al. avaliaram comparativamente os resultados obtidos em retrobturações com diferentes cimentos de policarboxilato ( Durelon, PCA e Poli C ) e com o amálgama. A apicectomia foi realizada num ângulo de 45 graus em relação ao longo eixo do dente, a 5mm do ápice. As cavidades foram preparadas com brocas, na profundidade de 1mm e as raízes foram imersas em solução de azul de metileno a 2 por cento, por uma semana. Concluíram que o amálgama apresentou infiltração marginal estatisticamente menor que os três cimentos de policarboxilato avaliados.

DELIVANIS & TABIBI (1978) compararam as propriedades seladoras do Cavit e do cimento de policarboxilato de zinco com as do amálgama, quando usados como materiais retrobturadores. Decorridos 6 meses das obturações, os dentes foram extraídos e realizadas auto-radiografias pelo método de infiltração de isótopo (C14). Na avaliação da infiltração marginal in vitro foi utilizado o mesmo método. Concluíram que o amálgama proporcionou menor infiltração marginal que o cimento de policarboxilato ou o Cavit. O amálgama apresentou melhor vedamento marginal com o passar do tempo.

OYNICK & OYNICK ( 1978 ) realizaram avaliações clinica, radiográfica e histológica de retrobturações com Stailine (combinação de óxido de zinco e eugenol, dióxido de silicone e ácido etoxibenzóico ) e amálgama. Os autores salientaram que esse material apresentava vantagens como: fácil de manipulação, aderência às paredes de dentina seca e não necessitava preparo cavitário retentivo; seu tempo de endurecimento permitia um intervalo adequado de trabalho, pH neutro, tem baixa solubilidade e radiopacidade. Os ápices dos dentes foram removidos 12 anos após as retrobturações. Comparando com o amálgama observaram que o Stailine adaptou-se melhor e não se expandiu. Histologicamente apresentou crescimento de fibras colágenas na região. Concluíram que o Stailine é biologicamente compatível com os tecidos periapicais.

MATLOFF et al. (1982) compararam vários métodos usados para detectar infiltração marginal em canais obturados. Os dentes instrumentados e selados foram divididos em grupos e colocados em soluções de azul de metileno a 2 por cento com: 45C, com 14C e com iodine 125 albumina, por 48 horas. O azul de metileno foi mais solúvel em água, teve grande poder de penetrabilidade nos espaços vazios e não foi absorvido pela matriz dentária ou cristais de apatita. Concluíram que o azul de metileno penetrou mais profundamente no canal que os outros isótopos. O 45C e a albumina penetraram aproximadamente metade que o azul de metileno.

Valendo-se de outro corante, ABDAL et al. ( 1982 ) compararam o selamento apical em retrobturações, quando da utilização de guta-percha aquecida, com o Adaptic, ASPA, amálgama Cupralloy com ou sem verniz cavitário (Copalite), e amálgama Spheralloy com ou sem verniz. A integridade do selamento apical foi avaliada quantitativamente por uma técnica de corante fluorescente. Concluíram que o verniz cavitário deveria ser usado junto com os retrobturadores convencionais ou amálgamas com alto teor de cobre. A mínima microinfiltração obtida com Adaptic e com ASPA sugeriu que estes materiais restauradores podem ser considerados materiais indicados para retrobturações.

PALANIAK ( 1984 ), revisou a literatura que se reportava à adaptação, infiltração marginal e biocompatibilidade de vários materiais: guta-percha, Cavit, cimentos de policarboxilato, ionômero de vidro, resinas compostas e amálgamas de prata, com ou sem zinco. Concluiu que o amálgama sem zinco era o melhor material para ser usado nas retrobturações.

MANIGLIA ( 1984 ) estudou comparativamente, em dentes humanos recém-extraídos, o selamento apical de retrobturações com amálgama de prata e com composto de Aguiar, por meio da infiltração de solução de sulfato de níquel a 10 por cento e uma solução alcoólica reveladora de dimetilglioxima a 1 por cento, que forma o complexo Ni-dimetilglioxima. Concluiu que ambos os materiais apresentaram comportamento similar.

Também SZEREMETA-BROWAR et al. ( 1985 ), compararam as propriedades de selamento in vitro de diferentes materiais retrobturadores por meio de estudos auto-radiográficos. Os dentes foram obturados com guta-percha por condensação lateral e cimento de Grossman e apicectomizados transversalmente à raiz. As cavidades apicais foram obturadas com: amálgama sem zinco, guta-percha brunida a frio e a quente, e cimento Super-EBA. Usaram a solução 45Ca e as análises estatísticas indicaram que a condensação lateral de guta-percha sem apicectomia produziu um selamento significantemente melhor, exceto quando comparada com o Super-EBA. O pior selamento foi obtido com o amálgama, quando comparado com os outros materiais retrobturadores, exceto a guta-percha brunida a frio, seguida de apicectomia. Não houve diferença estatisticamente significante entre as outras combinações de grupos.

Em 1985 STABHOLZ et al. avaliaram in vitro, utilizando a microscopia eletrônica de varredura, a adaptação marginal das obturações retrógradas e correlacionaram-na com o selamento apical. Após tratamento endodôntico, os dentes foram apicectomizados a 4 mm do ápice em ângulos de 40 a 45 graus, e preparadas cavidades nos ápices radiculares com 2 mm de profundidade. Os dentes foram divididos em cinco grupos e obturados com os seguintes materiais: Restodent, cimento de fosfato de zinco, Cavit-W, Durelon e amálgama. Os resultados foram comparados com os de estudo anterior in vitro, utilizando a avaliação de um modelo radionucleídico para comparar a vedação desses materiais em obturações retrógradas. O Restodent vedou significantemente melhor do que os outros quatro materiais e mostrou melhor adaptação às paredes da cavidade e vedamento apical. O amálgama foi significantemente inferior aos outros quatro materiais, tanto em adaptação marginal como em vedação.

A resina composta foi estudada anteriormente com essa finalidade em 1987, quando McDONALD & DUMSHA, avaliaram comparativamente, in vitro, a sua capacidade seladora, com e sem um agente de união dentinária, com o Cavit, o amálgama sem verniz, com a guta-percha aquecida e/ou brunida a frio, quando usados como materiais retrobturadores. As raízes foram biseladas a 45 graus utilizando brocas, e a infiltração marginal avaliada pela penetração de nitrato de prata a 50 por cento em peso, por 2 horas. A menor infiltração ocorreu com a resina composta com agente de união de dentina, e a diferença foi significante quando esse resultado foi comparado com os dos outros grupos testados.

Em 1989 THIRAWAT & EDMUNDS compararam a microinfiltração em retrobturações realizadas com guta-percha, amálgama e verniz cavitário, os cimentos EBA, ionômero de vidro, resina composta fotopolimerizável, resina composta mais agente de união e somente agente de união dentinária. As cavidades apicais foram preparadas com 2mm de profundidade após a apicectomia realizada perpendicularmente ao longo eixo do dente. A infiltração marginal foi avaliada utilizando a solução aquosa de eosina a 5 por cento. Concluíram que nenhum dos materiais produziu um perfeito selamento, mas que o cimento ionômero de vidro, a resina fotopolimerizavel, a resina composta mais agente de união dentinária e somente o agente de união dentinária produziram melhores selamentos que a condensação lateral convencional de guta-percha, o amálgama com verniz cavitário e o cimento EBA.

Em 1989, GOLDMAN et al. investigaram se o método de remoção de ar por bomba a vácuo poderia evidenciar melhor os resultados obtidos pela penetração de corantes de cristais de violeta a 1 por cento nos canais. Quando a colocação do corante foi precedida da remoção do ar, a penetração foi total em todos os casos. Quando o ar não foi removido, a penetração não foi total e variou amplamente.

Em 1990, KING et al. examinaram a qualidade do selamento obtido com vários materiais para retrobturações, usando o método de filtração de fluidos. Os dentes foram seccionados a 2 mm do ápice, perpendicularmente ao longo eixo do dente, com broca em alta rotação. Os preparos para retrobturações eram de 3 mm de profundidade. Os materiais retrobturadores foram: amálgama, amálgama com verniz cavitário, cimento Super-EBA e ionômero de vidro ( Ketac-Silver ). Em outro grupo, foram cortados 2 mm do ápice e a guta-percha exposta foi brunida. A microinfiltração foi medida nos seguintes tempos de observação: 24 horas, 1, 2 e 3 semanas, 1, 2 e 3 meses após a retrobturação. Concluíram que o ionômero de vidro apresentou os maiores valores de infiltração em todos os períodos avaliados. Não houve diferença estatisticamente significante entre o cimento Super-EBA e o amálgama com ou sem verniz. Houve uma tendência do grau de infiltração da guta-percha brunida a frio, do amálgama e do amálgama com verniz, aumentar com o passar do tempo.

PETERS & HARRISON (1992) compararam a infiltração marginal dos materiais obturadores sob condição com e sem vácuo e avaliaram o efeito da desmineralização pela aplicação do ácido cítrico nos ápices radiculares. Os materiais foram o IRM, amálgama e guta-percha. Os dentes foram impermeabilizados com esmalte para unha. No grupo que foi aplicado o vácuo por 10 minutos, os dentes permaneceram no azul de metileno a 2 por cento por 3 horas. No outro grupo os dentes não foram submetidos ao vácuo. A infiltração foi medida em estereoscópio com lente micrométrica. Concluíram que a aplicação do ácido cítrico não afeta a capacidade de selamento do amálgama, do IRM ou da guta-percha. Diferença significante foi encontrada no IRM quando da aplicação ou não do vácuo, sendo que houve maior penetração do corante no grupo à vácuo, porém não houve diferenças em relação ao amálgama e à guta-percha.

AL-AJAM & McGREGOR ( 1993 ) compararam a capacidade seladora do ionômero de vidro ( Ketac-Silver ) e do amálgama com cobre, quando usados como materiais de retrobturação. Os ápices foram cortados a 3 mm, num ângulo de 45 graus em relação ao longo eixo da raiz, com brocas em alta velocidade. Foram preparadas cavidades com 4mm de profundidade. A infiltração do azul de metileno a 1 por cento, nos períodos de 24 e 48 horas, foi medida utilizando um analisador de imagens. Os resultados demonstraram que não houve diferenças estatísticas significantes entre o ionômero de vidro e o amálgama de cobre.

Em 1993, ALHADAINY et al. estudaram comparativamente in vitro o selamento apical obtido com amálgama, guta-percha, cimento de policarboxilato de zinco e cimento de ionômero de vidro. A microinfiltração foi medida usando uma técnica eletroquímica, em cavidades com 3 mm de profundidade. A análise estatística indicou que o ionômero de vidro selou significantemente melhor que os outros materiais, seguido do amálgama, guta-percha brunida a quente e cimento de policarboxilato.

CHONG et al. ( 1993 ), avaliaram a adaptação e a habilidade seladora do cimento de ionômero de vidro fotopolimerizável, quando usado como obturador de cavidades em retrógradas e como obturador diretamente na face apicectomizada. Foi usado um microscópio óptico confocal para verificar a adaptação e a habilidade seladora, e tinta fluorescente para verificar quantitativamente a infiltração. No grupo onde o ionômero de vidro fotopolimerizável foi usado na cavidade apical, o material estava bem adaptado numa parede da cavidade, mas fendas foram encontradas na parede oposta. Tanto o cimento fotopolimerizável como o de ionômero de vidro convencional, estavam bem adaptados na superfície da raiz, indiferentemente da espessura do material usado. O cimento de ionômero de vidro fotopolimerizável foi aceitável como material selador em obturações apicais mesmo quando de uma fina camada ( 1mm ).

TORABINEJAD et al. ( 1993 ) avaliaram comparativamente in vitro o selamento apical através da penetração do corante Rodamina B fluorescente em retrobturações com amálgama, cimento Super-EBA e trióxido mineral agregado ( tricálcio de silicato, tricálcio de alumínio, e tricálcio de óxido e o óxido de silicato ). Os ápices foram cortados numa extensão de 3 ou 4 mm, num ângulo de 90 graus em relação ao longo eixo da raiz, com brocas em alta velocidade e os preparos apicais tinham 3 mm de profundidade. Após as obturações as raízes foram imersas em solução aquosa de Rodamina B fluorescente por 24 horas, e a penetração do corante avaliada em microscópio confocal. Os resultados demostraram que o mineral trióxido agregado apresentou menor infiltração, estatisticamente significante, que o amálgama e o Super-EBA.

DUTRA & HORTA ( 1994 ) avaliaram em cães, a capacidade de vedamento da pasta zincoenólica ( Lysanda ) em retrobturações, comparando-a com o amálgama de prata. A apicectomia amputou 2 mm da raiz e foi realizada com broca, num ângulo de 45 graus. As cavidades foram preparadas com 2 mm de profundidade. Após trinta dias, os cães foram sacrificados, os incisivos extraídos e submersos em solução de azul de metileno a 2 por cento por uma semana, para observação através de microscópio óptico. Concluíram que a pasta Lysanda apresentou menor infiltração marginal que o amálgama de prata.

Em 1994 CUSTÓDIO & COSTA avaliaram in vitro, a capacidade de vedamento apical de quatro materiais para obturações apicais: amálgama com zinco, ionômero de vidro, resina composta mais adesivo e pasta zincoenólica. Utilizaram para aferição, o azul de metileno a 2 por cento, por 60 horas, em dentes apicectomizados perpendicularmente ao longo eixo. A avaliação com microscópio óptico indicou que a pasta zincoenólica foi superior aos demais materiais, sendo as diferenças estatisticamente significantes.

Em 1994, PANTSCHEV et al. compararam os resultados clínicos e radiográficos do restabelecimento da normalidade de lesões periapicais após obturações retrógradas, usando óxido de zinco e eugenol ( EBA ) e amálgama. Todos os pacientes foram observados durante 3 anos após as cirurgias. A regeneração completa do osso ocorreu em 57 por cento dos casos usando EBA e em 52 por cento dos casos com amálgama. Observaram um certo grau de formação óssea em 24 por cento dos casos com EBA e em 19 por cento com o amálgama. O insucesso na regeneração óssea ocorreu em 20 por cento dos casos com EBA e em 29 por cento nos obturados com amálgama. Os resultados indicaram que obturação retrógrada com EBA tem um prognóstico similar ao do amálgama.

CALLIS & MANNAN (1994) analisaram a microinfiltração em obturações apicais realizadas com vários materiais, usando um novo método para medí-la. As cavidades apicais foram preparadas com 3 mm de profundidade e seladas com amálgama, amálgama com verniz, amálgama com sealer, Cavit G e Ultrafil com sealer. A microinfiltração foi medida por um sistema que consistia de um reservatório de pressão constante e um sensor de micropressão. O material que melhor selou foi o amálgama com sealer, particularmente na primeira semana. Nesse estudo o verniz cavitário não indicou nenhum benefício na redução da microinfiltração.

MacDONALD et al. ( 1994 ) compararam in vitro as propriedades seladoras do cimento de apatita (G-5) como retrobturador, com as do amálgama e do EBA, pela técnica de filtração de fluidos e corante. As raízes foram cortadas com broca a 3 mm dos ápices e perpendicularmente ao seu longo eixo. Cavidades apicais foram preparadas na profundidade de 2 mm. O grupo A recebeu amálgama sem zinco com verniz; os grupos B e C receberam cimento Alumina EBA, sendo que no grupo B as cavidades estavam secas e no grupo C, úmidas. Os grupos D e E receberam cimento de apatita ( G-5 ), porém no grupo D as cavidades foram secas e no grupo E estavam úmidas. Quando da obturação, dois grupos controles receberam material restaurador temporário e guta-percha com cimento. A microinfiltração foi medida a 6 e 24 horas, 7 dias, e 1 e 3 meses. Foram também submetidos a teste de infiltração após três meses, usando corante Procion Green. Os resultados indicaram que o cimento de apatita promoveu um selamento comparável ao do amálgama e ao do cimento EBA. Esses achados, aliados à excelente biocompatibilidade, permitiram sugerir que o cimento de apatita seria uma alternativa aceitável como material para obturação retrograda nos dias de hoje. Os resultados sugeriram ainda que os materiais avaliados não sofreram influência da presença de umidade nas cavidades, quanto à sua capacidade seladora nas retrobturações.

Em 1995, RODA & GUTMANN investigaram os resultados de dois métodos de avaliação da capacidade de selamento usando corantes, e determinaram se a aplicação ou não do vácuo antes da imersão no corante teria diferença estatisticamente significante na confiabilidade quando cada método é repetido. Metade dos dentes foi colocada em tinta da Índia sob pressão atmosférica normal e a outra metade foi imersa em corante após a remoção do ar por 24 horas. Não houve diferença significante entre o grupo a ar e a vácuo, indicando que a aplicação da redução da pressão de ar não interfere nos resultados. A grande maioria dos dentes colocados parcialmente sob vácuo, mostraram evidência de artefato vácuo-induzido que pode negar o valor do vácuo como instrumento de pesquisa.

JESSLÉN et al. ( 1995 ), em estudos clínicos, verificaram se o amálgama poderia ser substituído pelo cimento de ionômero de vidro como selante apical, sem diminuição do índice de sucesso a longo prazo. A avaliação mostrou que não houve diferença na capacidade de regeneração tecidual entre os dois materiais e o índice de sucesso em ambos foi de 90 por cento em 1 ano e de 85 por cento em 5 anos.

WISCOVITCH & WISCOVITCH ( 1995 ), apresentaram uma alternativa de reparo cirúrgico apical com Super-EBA no tratamento de ápice aberto. Em uma mesma sessão o canal foi obturado com guta-percha termoplastificada a seguir removida cirurgicamente na extensão 2 a 3mm do ápice, com pontas ultra-sônicas e esse espaço preenchido com o cimento Super EBA. Os resultados clínicos foram muito promissores, mas os autores relataram que o sucesso somente poderia ser comprovado com o passar do tempo.

Em 1995, TORABINEJAD et al. investigaram e compararam o efeito antibacteriano do amálgama, cimento de óxido de zinco e eugenol, cimento super EBA e trióxido mineral agregado, sobre algumas bactérias orais facultativas e anaeróbias selecionadas. O amálgama não mostrou efeito antibacteriano para nenhum tipo de bactéria testada. O trióxido mineral teve efeito antibacteriano sobre algumas bactérias facultativas e nenhum efeito sobre bactérias anaeróbias. O cimento de óxido de zinco e eugenol e o Super EBA mostraram algum efeito antibacteriano em ambos os tipos de bactéria testadas.

BIGGS et al. (1995), avaliaram in vitro as condições das retrobturações de amálgama, cimento de ionômero de vidro e cimento EBA, após 10 anos de estocagem em solução salina. As cavidades foram feitas com 2,5 mm de profundidade. Os resultados foram avaliados por fotos e os autores concluiriam que o cimento EBA e o amálgama mantiveram melhor índice que o cimento Ketac em relação a manchas, lacunas e aspereza, com exceção de fendas na raiz. Sugeriram que o cimento EBA poderia substituir o amálgama como material retrobturador de escolha.

TROPE et al. (1996), avaliaram histologicamente a reparação de lesões apicais em cães após apicectomia e compararam vários materiais obturadores ( amálgama com verniz, Super EBA, IRM, resina composta e ionômero de vidro ). Na condição periapical avaliada o Super EBA foi o melhor, apesar de estatisticamente não haver diferença com o IRM. O IRM foi superior ao cimento de ionômero de vidro mas não aos outros materiais. Quanto à reparação óssea, Super EBA foi melhor que o ionômero de vidro, a resina composta e o grupo controle, mas não diferente do amálgama e do IRM, e foi superior também em relação ao menor número de células inflamatórias presentes.

Em 1996 RUD et al. publicaram resultados de investigação in vivo para verificar se a resina composta com adesivo, demonstraria sucesso após 8-9 anos de aplicação clínica nos ápices radiculares. A avaliação radiográfica permitiu concluir que o adesivo utilizado manteve-se estável durante o período de observação e que o material obturador não foi nocivo aos tecidos adjacentes ocorrendo completa reparação óssea.

GERHARDS & WAGNER ( 1996 ) verificaram a habilidade seladora de 5 diferentes materiais, por meio de uma técnica de penetração de corante. As raízes foram cortadas e cavidades preparadas com 2 mm de profundidade. Os dentes foram estocados em solução de azul de metileno a 1 por cento, por 72 horas, e avaliados por estereomicroscopia. O Ketac-Endo ( ionômero de vidro ) mostrou infiltração significantemente menor comparada com a do amálgama. Não houve diferença entre o amálgama e o grupo Diaket ( base de resina ). A habilidade seladora do cimento Harvard ( fosfato de zinco ) e do ouro foi menor que a do amálgama. Concluíram que o Ketac-Endo ou o Diaket podem ser considerados alternativas para o amálgama.

Em 1997 LLOYD et al. estudaram in vitro, a habilidade seladora do Diaket quando usado como retrobturador, comparado-o com o amálgama, usando microinfiltração linear por tinta da Índia, por 2 semanas. Algumas raízes foram biseladas em ângulo de 45 graus e outras amputadas sem bisel, e as cavidades preparadas com 3 mm de profundidade, usando brocas e pontas retro-sônicas no MicroMega. Os resultados mostraram que o Diaket promoveu um selamento superior ao do amálgama, independentemente do tipo de preparo. O grau do bisel não influenciou a infiltração. A instrumentação sônica resultou numa cavidade mais larga do que as preparadas com brocas.

FITZPATRICK & STEIMAN ( 1997 ), sob microscopia eletrônica de varredura, avaliaram a interface dentina/material retrobturador, quando usaram IRM e Super EBA em três técnicas. As raízes foram amputadas perpendicularmente ao longo eixo dos dentes e cavidades preparadas com ultra-som com 3mm de profundidade. Os materiais foram brunidos com instrumento esférico, bolas de algodão úmido ou com broca de acabamento sob nebulização de água. Foram fotomicrografadas para a avaliação. Retrobturações polidas com brocas tiveram melhor adaptação marginal quando comparadas com as outras técnicas. Não observaram diferenças significantes entre os resultados obtidos com o instrumento esférico e as bolas de algodão ou entre os materiais usados.

O conhecimento da biocompatibilidade desses materiais obturadores endodônticos tem sido preocupação para vários autores, cujos trabalhos procuraram trazer luzes para o problema.

Assim, ZETTERQVIST et al. ( 1987 ) analisaram a biocompatibilidade dos tecidos periapicais ao cimento de ionômero de vidro e ao amálgama, quando empregados como materiais para retrobturações. Quando da utilização do cimento de ionômero de vidro, aplicaram nas cavidades o ácido cítrico a 50 por cento. Os dentes foram avaliados após duas semanas, 1, 3 e 6 meses. Os resultados demostraram que a biocompatibilidade do amálgama e do cimento ionômero de vidro eram similares. Consideraram que o cimento de ionômero de vidro poderia ser usado como uma alternativa valiosa nas retrobturações para substituir o amálgama, em pacientes com reações alérgicas ou tóxicas ao mercúrio. A propriedade da união química do cimento de ionômero de vidro à dentina sugeriu que a microinfiltração marginal poderia ser eliminada, permitindo a sua indicação em substituição ao amálgama em retrobturações.

Em 1993 BRUCE et al. investigaram o efeito citotóxico de vários materiais retrobturadores em culturas de células VERO, como: amálgama, Super EBA e alguns materiais de união dentinária. As amostras dos materiais preparados sem e com seus respectivos agentes de união dentinária foram colocadas em meio de cultura com agarose contendo 1 por cento do corante. A citotoxidade foi determinada pela medida da área de morte das células ao redor da amostra, quando decorridas 24 horas e 7, 15 e 30 dias depois de colocadas sobre a agarose. Inicialmente todos os materiais foram considerados tóxicos, exceto o amálgama e os compostos de Tenure ( agente de união ), porém o amálgama apresentou toxicidade aos 30 dias, o que não ocorreu com o Tenure. Os adesivos dentinários e o Super-EBA apresentaram citotoxidade inicial que reduziu com o tempo.

CHONG et al. (1994), usando um método de filtro millipore, avaliaram biologicamente a citotoxicidade de vários materiais propostos para retrobturações: cimento de ionômero de vidro fotopolimerizável, Vitrebond, cimento de óxido de zinco e eugenol, Kalzinol, IRM e EBA , comparando-os com o amálgama. O IRM recém espatulado exibiu o maior efeito citotóxico e a diferença foi estatisticamente significante quando comparado com os outros materiais. Quanto mais passou o tempo o Kalzinol mostrou maior toxicidade, se comparado com os outros. A citotoxicidade do Vitrebond, EBA e do amálgama não diferiram significantemente entre si.

Em 1995, TORABINEJAD et al. compararam a citotoxicidade do amálgama, Super EBA, IRM e trióxido mineral agregado (MTA), usando o método de camada de ágar e radiocrômio. A técnica de ágar mostrou que o amálgama recentemente triturado e endurecido apresentou menor toxicidade que os outros materiais ensaiados. O método radiocrômio de células de rato indicou que o MTA apresentou menor toxicidade seguido do amálgama, do Super EBA e do IRM.

LAGE MARQUES ( 1997 ) avaliou o efeito da irradiação laser sobre a permeabilidade dentinária e marginal da superfície apical de dentes retrobturados com amálgama, ionômero de vidro e resina fotopolimerizável. A análise da infiltração do azul de metileno a 0,5 por cento, em microscopia óptica e eletrônica, permitiu concluir que a irradiação aplicada na superfície dentinária produziu uma alteração morfológica capaz de diminuir a média de infiltração marginal

Dentre os materiais obturadores de canais radiculares, de uso bastante difundido entre nós, está o cimento N-Rickert. Trata-se de uma variação do cimento de Rickert ( Kerr Pulp Canal Sealer ), introduzido em Endodôntia em 1931 ( LEAL, 1991 ).

SAMPAIO ( 1979 ) partiu do princípio de que a adição de um corticosteróide ao cimento obturador determinaria uma menor resposta inflamatória, quando do contato com os tecidos apicais e periapicais. Recomendou a adição de 1 por cento de delta-hidrocortisona à fórmula original do cimento de Rickert, passando a denominá-la de N-Rickert.

A ação antimicrobiana do cimento N-Rickert foi estudada por OGATA et al. ( 1982 ) e mostrou-se menos intensa que a do óxido de zinco e eugenol e a do Fill Canal. Observaram que pastas mais fluidas induzem maior ação antimicrobiana.

Em 1990 KUGA et al. analisaram diversos cimentos semelhantes ao cimento de Rickert e os compararam ao amálgama convencional quanto à infiltração marginal, objetivando qualificar o melhor selador retroapical. Os dentes foram seccionados num ângulo de 45 graus e as cavidades preparadas com 3 mm de profundidade. Usaram azul de metileno a 2 por cento e concluíram que houve diferença estatisticamente significante entre o pó de N-Rickert mais eugenol e o pó do Endofill mais líquido do N-Rickert. O amálgama mostrou bastante infiltração e os derivados do cimento de Rickert foram considerados seladores satisfatórios.

Ainda de acordo com LEAL ( 1991 ), vários trabalhos foram realizados para testar se a adição do corticosteróide não alteraria as propriedades físico-químicas da fórmula original de Rickert. Foram observadas semelhanças de resultados quando ambos cimentos ( Rickert e N-Rickert ) foram submetidos à penetração de radioisótopos. Ambos mostraram-se impermeáveis ao azul de metileno e semelhantes quanto à infiltração marginal. Frente a testes de desinfecção o N-Rickert mostrou-se mais solúvel que a formula original.

BAMPA & VINHA (1994) avaliaram algumas técnicas retrobturadoras com novos materiais, individuais e/ou associados, quanto à infiltração marginal. Removeram 3mm dos ápices radiculares em ângulo de 45 graus, e as cavidades foram preenchidas com: amálgama, amálgama protegido com adesivo dentinário, resina composta, resina composta protegida com adesivo dentinário e cimento endodôntico N-Rickert. Os dentes foram imersos em rodamina B a 0,2 por cento. Concluíram que com todos os materiais houve infiltração marginal mas, nas obturações com amálgama protegido com adesivo e com o cimento de N-Rickert houve menor infiltração.

Os cianoacrilatos são materiais que vem sendo ensaiados como adesivos cirúrgicos, hemostáticos, protetores de feridas cirúrgicas e forradores de cavidades dentais, dentre outros usos em Odontologia e em Medicina.

Assim BHASKAR et al. ( 1967 ) fizeram estudo microscópico usando o butil-cianoacrilato como cobertura cirúrgica de feridas de extrações dentais em ratos. Quando os animais foram mortos no período de 1 a 21 dias após as exodontias, constataram que as feridas protegidas por nebulização de cianoacrilato tinham menor infiltrado inflamatório que as feridas-controle.

Para estimar a toxicidade dos cianoacrilatos aos tecidos, em 1970 DeRENZIS & ALEO avaliaram uma série de compostos de cianoacrilatos, usando um sistema de cultura de tecidos, e correlacionaram esses dados com prévios estudos in vivo. Verificaram que a resposta citotóxica foi maior para o metil-cianoacrilato e menos severa para o isobutil e o octil-cianoacrilatos.

Os efeitos antimicrobianos dos cianoacrilatos já haviam sido demonstrados anteriormente. Com efeito, JANDINSKI & SONIS ( 1971 ), analisaram in vitro, as ações do isobutil-cianoacrilato em quatro tipos de bactérias. Foi observada inibição do crescimento em a-Streptococcus, N. catarrhalis, Gaffkya e S. aureus. O mecanismo dessa ação não foi esclarecido, embora pareça que alguma substância difusa contendo um agente bacteriostático esteja presente no polímero. A inibição do crescimento de colônias depois da aplicação do polímero, foi observada só com a-Streptococcus.

BEECH (1972 ) examinou o potencial do metil, do etil e do isobutil 2-cianoacrilatos como adesivos para estruturas dentárias sólidas, em particular como adesivo forrador, em conjunto com materiais restauradores convencionais. Concluiu que esses materiais formaram adesivos fortes com a dentina, esmalte tratado com ácido e os materiais restauradores polimerizáveis sob condições aquosas, provavelmente pela combinação química com os constituintes orgânicos.

EKLUND & KENT (1974), usaram o isobutil 2-cianoacrilato ( bucrilato ) como curativo em exodontias. Relataram que o bucrilato mostrou-se um excelente agente hemostático, capaz de induzir hemostasia inicial dentro de 5 segundos. O monômero polimerizou em contato com os tecidos orais e selou efetivamente a cavidade até que o filme que se formou sobre o coágulo se desprendeu.

Em 1980, FUKUSHI & FUSAYAMA, usaram dois tipos de cianoacrilato para reforçar a retenção e prevenir a infiltração marginal em restaurações, por adesão química sem ataque ácido, e o efeito foi analisado in vitro e in vivo. Faltou adesão nas restaurações quando úmidas, mas o vedamento marginal melhorou nos dois casos. O etil-cianoacrilato foi superior ao metil-cianoacrilato com respeito à adesão, infiltração e resposta pulpar.

Em 1984, TORABINEJAD et al. avaliaram o cianoacrilato isopropílico como cimento endodôntico, comparando-o com os cimentos de Grossman, AH-26 e Hidron. A avaliação foi feita com tinta da Índia e os resultados mostraram que os condutos obturados com guta-percha em conjunto com cianoacrilato não diferiram significantemente na extensão da infiltração daqueles do grupo controle, obturados com cera. Em contraste, os obturados com cimentos comerciais, apresentaram infiltração significantemente maior.

BARKHORDAR et al. ( 1988 ) avaliaram comparativamente o cianoacrilato com o amálgama com ou sem verniz cavitário, e a guta-percha com ou sem aquecimento como materiais retrobturadores. A infiltração do azul de metileno a 1 por cento demonstrou que os dentes retrobturados com cianoacrilato tiveram infiltração significantemente menor, seguidos dos obturados com amálgama e verniz e os sem verniz cavitário. Salientaram que o cianoacrilato pode ser potencialmente indicado para retrobturações.

HEROD ( 1990 ) fazendo uma revisão da literatura sobre os cianoacrilatos em Odontologia mostrou que em Endodontia, especificamente em retrobturações, o grupo isopropil cianoacrilato selou melhor que três cimentos comerciais.

JACOBSEN & SHUGARS (1990 ), compararam in vitro a habilidade seladora do cimento de óxido de zinco e eugenol, do cianoacrilato e do verniz cavitário em canais obturados com guta-percha. Foi usado azul de metileno a 1 por cento por uma semana nos ápices das raízes. As infiltrações foram medidas por um micrômetro e analisadas estatisticamente. Concluíram que os dentes obturados com óxido de zinco e eugenol e cianoacrilato, assim como com a guta-percha, tiveram menor infiltração quando comparados com o grupo de verniz cavitário e com o controle. Não houve diferença estatisticamente detectada entre os grupos óxido de zinco e cianoacrilato.

CHONG et al. ( 1995 ) avaliaram a habilidade seladora do Vitrebond ( ionômero de vidro ), do Kalzinol ( óxido de zinco e eugenol ) comparando-as com a do amálgama, usando três diferentes métodos: infiltração bacteriana, microscopia confocal e tinta da Índia. No grupo controle, metade das cavidades apicais foram seladas com cianoacrilato. Concluíram que a infiltração bacteriana ocorreu mais com o amálgama do que com o Vitrebond e o Kalzinol, porém entre os dois não houve diferença . Na microscopia, as fendas marginais foram maiores no amálgama do que no Vitrebond. Houve maior penetração da tinta no amálgama, comparada com Vitrebond e Kalzinol, mas não houve diferenças entre os dois últimos. No grupo controle com cianoacrilato não houve infiltração de bactéria e nem de tinta da Índia.

Seu uso foi também proposto para reduzir a sensibilidade dentinária, formando um filme isolante e protetor contra os extero-estímulos.

Nesse sentido, JAVID et al. ( 1987 ) compararam o efeito dessensibilizante do fluoreto de sódio a 33 por cento com o do cianoacrilato, por 6 semanas. Para secagem, o ar foi dirigido à dentina exposta ou ao cemento por um segundo. Os dados indicaram que o cianoacrilato foi mais efetivo que o fluoreto de sódio e causou uma imediata redução da hipersensibilidade, embora a avaliação estivesse condicionada à resposta sobre uma sensação subjetiva do paciente.

Dentre os materiais que têm sido estudados para verificação de seu possível uso em Medicina, estão os polímeros da mamona e seus derivados. Nesse sentido, um dos aspectos que tem recebido a atenção dos pesquisadores, reside no conhecimento de sua biocompatibilidade.

Em 1995 OHARA et. al. estudaram a biocompatibilidade do polímero poliuretana de mamona, implantado intra-óssea e intra-articular em coelhos, na forma de corpos de prova com cálcio e em gel. Concluíram que a resina não é tóxica, não produz reação inflamatória tardia da camada sinovial e que, quando implantada no osso, produziu reação fibrosa que evoluiu para neoformação óssea, sem sinais de rejeição.

IGNÁCIO ( 1995 ) utilizou cimento derivado do polímero de mamona, no preenchimento de falha óssea produzida em coelhos. Na quase totalidade dos casos, observou radiograficamente a união sólida das interfaces cimento-osso, proximal e distal. O osso neoformado praticamente uniu-se na região central do enxerto nos períodos finais do estudo. Histologicamente não verificou a presença de células gigantes e reação do tipo corpo estranho que indicasse toxicidade do material. O processo de neoformação óssea foi gradual, progressivo e organizado a partir das interfaces cimento-osso, em direção à região central do material, iniciando-se por um processo inflamatório decorrente da agressão produzida pelo ato cirúrgico, que diminuiu paulatinamente. Houve a formação de uma cortical fina e de periósteo cobrindo o tecido ósseo neoformado.

Em 1996, VILARINHO et al. estudaram histologicamente o comportamento dos tecidos da câmara anterior do olho de camundongo, frente aos implantes de resina de poliuretana vegetal, acrescida ou não de carbonato de cálcio, com a finalidade de verificar sua biocompatibilidade, possível reação inflamatória e indução de ossificação pela presença ou não de carbonato de cálcio. Os resultados mostraram que a resina foi bem tolerada pelos tecidos, havendo uma reação inflamatória inicial que diminuiu com o passar do tempo. A reação dos tecidos foi semelhante em ambas as formulações, com carbonato e sem carbonato. Acreditaram que presença de células multinucleadas poderia propiciar a reabsorção do material, que seria muito lenta.

O potencial de osteocondução, osteoindução, incorporação e a toxicidade da poliuretana como cimento, foi investigado por IGNÁCIO et al. ( 1996 ). Os autores avaliaram experimentalmente esses aspectos do material em coelhos. Seus resultados mostraram radiograficamente a sólida união do polímero com os cotos distal e proximal do osso rádio, suficiente para estabilizar o conjunto, mas em alguns casos não houve integração perfeita. Houve neoformação óssea com o surgimento de uma cortical delgada. Esses fenômenos foram progressivos, tornando-se mais evidentes nos períodos mais tardios. O exame macroscópico direto evidenciou que os corpos de polímero, embora estivessem firmemente adaptados ao invólucro de osso neoformado, não estavam a ele aderidos, sendo facilmente destacados. O estudo histológico confirmou a formação da nova cortical provida de um neo-periósteo, mas não demonstrou crescimento ósseo nos poros ou internamente no corpo de polímero. Não houve evidência de processos inflamatórios, de reações de corpo estranho e nem de fagocitose do polímero. No mesmo trabalho demonstraram, por meio de ensaios bacteriológicos, o potencial bactericida do poliol ( derivado do polímero de mamona ) e da própria poliuretana, contra cepas multirresistentes de Stafilococcus aureus. Não detectaram esse potencial frente à Pseudomonas aeruginosa, cujo crescimento nas placas de cultura não se alterou pela presença do poliol.

LAMANO CARVALHO et al. ( 1997 a ) determinaram histometricamente se a presença de resina de poliuretana, implantada imediatamente após a extração de dentes, interfere com o tempo de cura da ferida alveolar em ratos. A presença da resina poliuretana Ricimus communis no terço apical, levou a um retardamento no processo de cura da ferida, revelada pela demora na formação do osso alveolar, quando comparado com o controle.

KHARMANDAYAN ( 1997 ) estudou em coelhos a interface de contato entre osso e implantes de pinos de poliuretano, com e sem carbonato de cálcio, empregando microscopia eletrônica de varredura. Houve adesão do colágeno à superfície da resina o que provocou uma reparação na interface osso-pino. As trabéculas ósseas adjacentes revelaram uma disposição irregular tanto em cortes histológicos como nos aspectos tridimensionais vistos pela microscopia. A orientação das fibras colágenas foi vista nitidamente, envolvendo a superfície do implante. Após 360 dias houve formação de fibras colágenas de disposição ordenada, e presença de tecido conjuntivo denso, constituindo a interface osso-pino. Verificaram neoformação óssea bem evidente na porção próxima à superfície que se estendeu até a profundidade do canal de implante do pino. Os dados revelaram diferenças apenas de aspectos estruturais decorrentes da reparação tecidual nas fases examinadas, mais intensas no grupo de 360 dias e com implante de poliuretana com carbonato de cálcio.

Em 1997, COSTA et al. avaliaram histologicamente em ratos, implantes subcutâneos de tubos de polietileno contendo poliuretana vegetal derivada de óleo de mamona, comparando-a com o cimento de óxido de zinco e eugenol acondicionado em outros tubos. No período de até 15 dias o polímero de mamona promoveu moderada reação inflamatória, com predomínio de células mononucleares. Observaram a presença de novos vasos sangüíneos e degradação colágena. Esses eventos foram menores para o cimento de óxido de zinco e eugenol nesse período experimental. Com o passar do tempo, regrediram e houve reparação junto às aberturas do tubo de polietileno. Após 60 dias um tecido fibroso denso envolvia o tubo, sendo que para ambos materiais, o tecido conjuntivo adjacente, apresentava características histológicas de normalidade. O cimento de óxido de zinco e eugenol foi menos irritante que o polímero de mamona quando implantado, porém ambos materiais apresentaram aceitável biocompatibilidade.

LAMANO CARVALHO et al. ( 1997 b ) testaram a biocompatibilidade da R. communis, resina de poliuretana para uso em implantes na cirurgia maxilofacial. Colocaram o polímero de mamona em alvéolos de ratos e o exame histológico revelou que não houve reação de corpo estranho. A análise histométrica das áreas adjacentes ao material mostrou, quantitativamente, o adelgaçamento da cápsula conjuntiva e o aumento da neoformação óssea, paralelamente à diminuição do tecido conjuntivo com o passar do tempo. No período final de observação, a área-teste apresentou-se quase totalmente preenchida por tecido ósseo maduro. Os resultados sugeriram que o material é biocompatível, sendo progressivamente osseointegrado no decorrer do reparo da ferida de extração.

Em 1997 SUGUIMOTO, analisou histologicamente mentoplastias realizadas em macacos, valendo-se do implante do polímero de mamona. Concluiu que o material é biocompatível, porém não induziu a neoformação óssea nas suas áreas marginais e no seu interior.

Na mesma época SILVA et al. ( 1997 ) estudaram o comportamento do tecido ósseo frente ao implante do polímero de mamona em ossos de coelhos, pela análise quantitativa das radiopacidades em imagens radiográficas convencionais, em períodos de tempo de até 120 dias. O reparo ósseo é expressado radiograficamente com uma intensificação da radiopacidade resultante do aumento da densidade óptica da imagem do tecido ósseo. Seus resultados mostraram a intensificação da radiopacidade nas áreas dos defeitos ósseos induzidos usados como controle, em todos os períodos e na interface osso-polímero de mamona. As radiografias convencionais são um excelente meio para exame do comportamento biológico do tecido ósseo frente à implantes com materiais aloplásticos.

Além da biocompatibilidade, outros aspectos do polímero de mamona têm sido investigados e, entre eles, a resistência à tração.

Assim, VIANNA ( 1997 ) estudou comparativamente a resistência mecânica da poliuretana derivada do óleo de mamona, submetida à ensaios de tração, comparando-a com o elastômero de silicone e a espuma de borracha. Os resultados demonstraram que o silicone, com ou sem a alma tubular de poliamida, foi mais resistente, e que a poliuretana apresentou resistência próxima à da espuma de borracha quando pura, e próxima à do silicone puro, quando associada à malha tubular. O silicone puro foi o material com a maior capacidade de alongamento até a ruptura, sendo a poliuretana aquele de menor capacidade de alongamento mas, quando associados à alma de malha tubular, ambas passaram a ter a mesma capacidade de alongamento, portanto a poliuretana associada seria um material adequado para a confecção de luvas para revestimento de soquetes de próteses para amputação do membro inferior.

Em 1976, MARTIN, retomou o uso do ultra-som em Endodontia. Observou que o número de microrganismos e a quantidade de detritos removidos do interior dos canais radiculares é menor quando da utilização do ultra-som.

A partir dessa data muitos trabalhos foram desenvolvidos, avaliando as diferentes qualidades e a utilização do ultra-som na Endodontia.

Em 1988, AHMAD et al. estudaram o fenômeno da cavitação produzida por uma unidade ultra-sônica, na limpeza dos canais radiculares. Observações ao microscópio eletrônico de varredura revelaram que não houve diferença na limpeza entre os dois grupos estudados ( cavitação e controle ). Segundo os autores, a cavitação poderia resultar na formação de fissuras em alguns canais e não poderia ser considerada como um importante mecanismo na limpeza dos resíduos.

FONG ( 1993 ) indicou o uso de aparelhos sônicos para o preparo apical, devido a sua cabeça pequena facilitar o acesso ao forame apical, com menor desgaste de osso da região periapical, e simplificar o preparo para retrobturação mantendo a posição original do canal.

Em 1995 WAPLINGTON et al. estudaram a eficiência de aparelhos de ultra-som com pontas especiais para realização de cirurgias endodônticas. As pontas ultra-sônicas foram aplicadas por 1 minuto, usando uma carga de 20g. A profundidade do corte na superfície dentinária foi medida, usando as duas superfícies dimensionais na técnica profilométrica Seus resultados mostraram que o incremento da freqüência sônica produziu um aumento na amplitude e na capacidade de incisão, de todos os tipos de ponta. Esse aumento foi linear e o mínimo corte ocorreu na menor freqüência. Concluíram que as pontas ultra-sônicas seriam úteis para remover dentina, e que média e alta freqüências otimizam sua eficiência.

Além do preparo endodôntico, o ultra-som foi testado no sentido de verificar sua eficiência na limpeza ou remoção de detritos e sua ação sobre as paredes do preparo apical.

Em 1995 GORMAN et al. usaram o microscópio eletrônico de varredura para avaliar a topografia das cavidades preparadas com instrumentação ultra-sônica, quanto à sua uniformidade e lisura, a presença de detritos e camada de smear, comparando-as com preparos convencionais realizados com brocas. Todas as cavidades preparadas apenas com ultra-som ou combinando seu uso com instrumentação rotatória, em dentes apicectomizados em 45 graus, mostraram a presença de menor camada de smear e menos detritos que quando feitas só com brocas. Não houve diferença significante entre as técnicas quanto à lisura e a uniformidade das superfícies instrumentadas.

WAPLINGTON et al. ( 1997 ) verificaram sob microscopia eletrônica de varredura, a incidência de fendas nos ápices de raízes, após o preparo cavitário com brocas e com vários níveis de intensidade de vibrações do ultra-som. As raízes foram cortadas em ângulo de 90 graus. Os resultados mostraram que não surgiram fendas em todos os níveis de capacidade do ultra-som, apesar de notarem a margem cavo- superficial fragmentada. Não foram notadas fendas nos preparos com brocas.

BELING et al. ( 1997 ) avaliaram a presença de fendas antes e após o corte apical de raízes dentais, associadas ao uso de pontas ultra-sônicas para preparos apicais. Raízes foram instrumentadas e seladas com guta-percha e comparadas com raízes não instrumentadas, todas amputadas perpendicularmente ao seu longo eixo. Os dois grupos recebaram preparos apicais com pontas ultra-sônicas em baixa cavitação. Não houve diferença significante quando raízes seladas com guta-percha foram comparadas com raízes não instrumentadas, em relação ao número ou tipo de fendas após a amputação ou preparo apical. Não houve também diferença no número ou no tipo de fendas seguidas da amputação e preparo apical ultra-sônico quando comparado com os dentes somente amputados.

BRAMANTE et al. ( 1998 ) analisaram preparos de cavidades apicais para obturações retrógradas realizados com diferentes pontas de ultra-som das marcas Gnatus e Osada. Foram utilizadas pontas lisas e diamantadas e efetuaram dois tipos de preparo: um com forma circular e outro ovalada. Constataram que nos preparos realizados de forma circular, as pontas lisas foram mais regulares do que as pontas diamantadas. Dentre os preparos efetuados com as pontas diamantadas, aqueles realizados com as pontas da Gnatus foram mais regulares que os feitos com as pontas da Osada. Nos canais de forma ovalada, as pontas lisas também prepararam cavidades mais regulares quando comparadas com as diamantadas, e os melhores preparos foram com as pontas da Gnatus. Os preparos com pontas diamantadas foram mais regulares em dentes com canais de forma ovalada do que nos de forma circular. As pontas diamantadas apresentaram maior poder de corte que as pontas lisas.

Alguns trabalhos foram encontrados na literatura, relacionando diretamente o uso do ultra-som com as obturações apicais.

KELLERT et al. ( 1994 ) propuseram o uso do ultra-som, com pontas especialmente desenhadas para penetração no canal e preparo de cavidades apicais, em retrobturações. Segundo esses autores, o ultra-som desgastava menor quantidade de tecido, mantendo a direção do canal radicular e proporcionando uma profundidade ideal para obturação.

Em 1994 WUCHENICH et al. compararam os preparos de cavidades para retrobturações realizados com o ultra-som e com brocas. Os dentes foram preparados com pontas cirúrgicas de ultra-som Carr ( Amadent Ultrasonic ) e com brocas tipo cone invertido em baixa rotação, em ápices biselados a 45 graus, e avaliados por microscopia eletrônica de varredura. As cavidades preparadas com o ultra-som tinham paredes mais paralelas e eram mais profundas, oferecendo maior retenção para o material obturador, e apresentaram menor quantidade de resíduos no seu interior.

SAUNDERS et al. (1994) avaliaram in vitro, o selamento apical oferecido pelo cimento EBA em diferentes tempos de observação, em cavidades preparadas com brocas ou com ultra-som. A infiltração apical foi detectada usando tinta da Índia, após 7 dias e decorridos 7 meses, utilizando microscópio estereoscópico. Concluíram que a infiltração do retrobturador EBA ocorreu com ambos os métodos de preparo cavitário. Não houve diferença significante da infiltração entre os dois grupos após 7 dias mas foi observada após 7 meses. Os preparos cavitários com ultra-som mostraram um significante aumento do número de fendas na superfície da raiz.

ABEDI et al. (1995) estudaram os efeitos de preparações ultra-sônicas sobre as paredes cavitárias comparando-as com os produzidos por brocas. Usaram a técnica de réplicas de resina, sob a luz do microscópio eletrônico de varredura. Os resultados mostraram uma prevalência de fendas nas paredes das cavidades apicais preparadas com pontas de ultra-som, quando comparados com aqueles das preparações realizadas com brocas.

Em 1995 ENGEL & STEIMAN avaliaram o ultra-som para o preparo de ápices para a colocação de material obturador de canal durante a cirurgia periapical, comparado-o com a peça-de-mão tradicional e usando ainda a combinação dos dois métodos. Os espécimes foram avaliados quanto à medida e a limpeza do preparo e, ainda, quanto ao tempo requerido para a preparação. Concluíram que os resultados com o ultra-som foram significantemente melhores, sendo que apresentaram maior limpeza na região dos istmus nas raízes com preparos apicais. As técnicas combinadas resultaram em maiores quantidades de resíduos e necessidade de maior tempo para o preparo.

SULTAN & PITT FORD (1995) avaliaram comparativamente a infiltração marginal, a remoção de smear-layer, e a presença de microrganismos em cavidades apicais preparads com pontas ultra-sônicas e retrobturadas com amálgama rico em cobre, guta-percha termoplastificada e cimento de Grossman. As raízes foram cortadas em ângulo de 45 graus e imersas em Rodamina B fluorescente por 48 horas, para avaliação da infiltração marginal e a microscopia eletrônica para verificação da limpeza. Estatisticamente observaram que não houve diferença significante na infiltração marginal entre os materiais na observação com o microscópio óptico e confocal. O ultra-som promoveu melhores resultados em relação à limpeza e presença de microrganismos.

Em 1997 MEHLHAFF et al. também compararam preparos apicais realizados com ultra-som e com brocas. A média de profundidade mésio-distal para o preparo com ultra-som foi de 2,11mm e de 1,39mm para as brocas. A média buco-lingual foi de 2,51mm para o ultra-som e 2,05mm para as brocas. O corte apical da raiz requereu maior angulação para o preparo com brocas, 35,1 graus, versus 16,0 para o ultra-som. Os resultados indicaram que as pontas do ultra-som produziram uma preparação apical profunda e os preparos seguiram a direção do canal de forma melhor que as brocas.

Dentre os procedimentos técnicos usados no preparo do canal radicular para obturação está a irrigação. Com essa finalidade muitas soluções têm sido preconizadas e avaliadas nos casos de obturações apicais.

Em 1991 KUGA et al. analisaram a influência da irrigação do canal radicular com o EDTA e com o ácido cítrico a 2 por cento, em relação ao soro fisiológico, no vedamento apical de obturações retrógradas realizadas com o cimento de óxido de zinco e eugenol. As raízes foram seccionadas a 45 graus e as cavidades feitas com 3 mm de profundidade. Para evidenciar infiltrações usaram o azul de metileno a 2 por cento, por 7 dias, e concluíram que a irrigação com o soro fisiológico mostrou menor infiltração, com diferença significante em relação ao ácido cítrico a 2 por cento. Concluíram que o uso de agentes irrigadores desmineralizantes é questionável em obturações retrógradas.

Em 1994 GUTMANN et al., utilizando microscopia eletrônica de varredura, avaliaram a presença de detritos nas paredes dentinárias após preparos cavitários apicais feitos com ultra-som ou brocas e utilização de diferentes soluções irrigantes. Em raízes seccionadas em 45 graus foram realizados preparos apicais, com 3 mm de profundidade com: brocas em peça-de-mão sem irrigação; brocas irrigadas com ácido cítrico a 10 por cento e com cloreto férrico a 3 por cento e, ainda, com pontas ultra-sônicas ( ENAC ) ativadas pelo tempo de 3 a 5 minutos. Os resultados demostraram que os preparos com fresas deixaram detritos em todos os níveis. A irrigação com o ácido cítrico e com cloreto férrico promoveu uma boa limpeza, e o ultra-som removeu parcialmente os detritos, principalmente nos dois terços apicais das cavidades. Nenhuma das técnicas usadas removeu efetivamente os detritos do terço coronário das cavidades apicais.

Em 1995, BERNARDINELLI avaliou a adaptação e a infiltração marginal da pasta Lysanda, dos cimentos Coe Pak, ionômero de vidro com prata, Super EBA, N-Rickert e Renew fotopolimerizável, quando usados como materiais retrobturadores. Os ápices foram biselados e as cavidades preparadas com 2mm de profundidade sob irrigação com solução fisiológica, hipoclorito de sódio mais solução fisiológica e com EDTA mais solução fisiológica. Os dentes foram imersos em solução aquosa de azul de metileno a 2 por cento por 24 horas. A avaliação foi feita sob microscopia eletrônica de varredura. Observou que a solução de irrigação não teve efeito sobre a habilidade seladora dos materiais, mas estes sim, tiveram um significante efeito selador, ( Lysanda e Renew foram melhores ); as cavidades tratadas com solução salina tiveram menor infiltração que as tratadas com hipoclorito de sódio ou EDTA. Concluiu que em relação ao desajuste e infiltração, embora se observe diferença entre os materiais irrigadores, nas comparações individuais não houve significância. Quanto às infiltrações marginais, a solução fisiológica mostrou menores índices que as demais soluções. A pasta Lysanda e o cimento Renew foram melhores que os demais cimentos em relação ao desajuste e quanto à infiltração marginal o Renew, Lysanda e o Coe Pak se eqüivaleram e foram melhores que os demais. A correlação entre desajuste e infiltração marginal se mostrou positiva para solução salina, negativa para hipoclorito de sódio e não foi definida para as cavidades tratadas com EDTA mostrando uma tendência que quanto maior o desajuste, maior a infiltração.

Pela retrospectiva da literatura verifica-se que vários aspectos das cirurgias parendodônticas vem sendo estudados através dos tempos. No entanto, o surgimento de novas técnicas, novos materiais e equipamentos justificam a continuidade de estudos nesse importante setor terapêutico.



 

Proposição
 
 
 
 
 

Frente à literatura consultada, nos propusemos a avaliar comparativamente in vitro a infiltração marginal, através da penetração do azul de metileno a 0,5 por cento, em retrobturações realizadas com os materiais obturadores :

- amálgama convencional;

- cone de guta-percha e cimento N-Rickert;

- cone de guta-percha e cianoacrilato de etila;

- polímero derivado do óleo de mamona.
 
 
 
 
 
 
 
 
 



 
 

Material e Método
 
 

Foram utilizados 64 dentes humanos unirradiculares, com raízes retas, estocados no laboratório Endodontia da FORP-USP, em timol a 0,1 por cento.

Foram divididos em 4 grupos experimentais com 15 dentes cada, de acordo com o material utilizado para as retrobturações. Além desses grupos, foram usados mais 2 dentes para o grupo do controle positivo e outros 2 para o controle negativo.

A cirurgia de acesso à câmara pulpar foi realizada utilizando broca carbide nº 2 em alta rotação e o acabamento realizado com brocas de Batt n.º 14, em baixa velocidade.

O comprimento real do dente (CR) foi determinado introduzindo-se uma lima tipo K de n.º 10, dotada de cursor plástico, e que percorreu todo canal radicular até ser possível ver sua extremidade no forame apical, o que foi comprovado com o auxílio de uma lupa.

O cursor foi posicionado no ponto de referência determinado (face incisal do dente) e realizou-se a medida com auxílio de uma régua milimetrada. O comprimento real do dente, foi reduzido em 3mm, constituindo esse valor o comprimento de trabalho (CT).

A lima inicial (LI) para instrumentação do canal radicular foi o instrumento que percorreu todo o comprimento de trabalho e apresentou-se ajustado às paredes no terço apical. Independentemente da lima inicial todos os canais foram preparados até a lima n.º 50, ou seja, a lima final (LF). Durante o preparo químico-mecânico do canal radicular foi utilizado o hipocloríto de sódio a 0,5 por cento ( Laboratório de Endodontia da FORP-USP ) para irrigação e aspiração entre o uso de cada instrumento.

Após o preparo do canal radicular, este foi seco com cones de papel absorvente, selecionou-se o cone principal de guta-percha e obturou-se com cimento de Grossman (Fill Canal, Dermo Lab. Ltda, Rio de Janeiro, R.J.), cones acessórios e técnica de condensação lateral. A câmara pulpar foi preenchida com cimento fosfato de zinco (Figura. 1 A).

A seguir, o dente foi medido da ponta da cúspide até o ápice anatômico, com o auxílio de um paquímetro digital e, da medida obtida, foi recuado 1mm demarcado com um grafite de ponta fina na superfície externa da raiz. No local demarcado foi realizada a apicectomia, utilizando-se uma broca carbide n.º 700 em alta-rotação, em ângulo de zero grau ou seja, perpendicularmente ao longo eixo da raiz ( Fig 1B ).
 
 

Figura 1- (A) Radiografia da obturação final do canal radicular a 3mm do ápice e (B) radiografia após a apicectomia .

O dente foi mantido fixo pela coroa, preso em lâminas de cera utilidade. O preparo apical foi realizado utilizando-se em seqüência, pontas diamantadas ( Figura 2 ) do aparelho Multi-sonic ( Gnatus, Ribeirão Preto, S.P., Brasil ).

Figura 2 – Pontas (A) S12; (B) P15LD e (C) S13LD do aparelho de ultra-som Multi-sonic (Gnatus) utilizadas no preparo das cavidades apicais.
 
 

Usou-se um conjunto de pontas para cada 15 dentes e a profundidade do preparo foi estabelecida em 3 mm, correspondendo à medida das pontas, sob refrigeração com água destilada, com tempos de ativação de 15 segundos.

Após o preparo apical foram verificadas sua profundidade e diâmetro, utilizando-se uma lima tipo K n.º 50.

Um cone de prata de n.º 30 foi adaptado individualmente no forame apical, pincelado com propilenoglicol e a seguir introduzido sob pressão no forame apical, para promover seu adequado vedamento ( FIDEL, 1997 ).

Com o cone de prata inserido, a partir dele e por toda superfície externa da raiz aplicou-se, com o auxílio de aplicadores descartáveis ( Microbrush, K. G. Sorensen Ind. e Com. Ltda, São Paulo, Brasil ), uma camada de cianoacrilato de etila ( LAGE MARQUES, 1997 ). Estando seca a primeira camada do agente impermeabilizante, uma segunda camada foi aplicada, removendo-se o cone de prata após sua secagem. Com o auxílio de lupa verificou-se a ausência de impermeabilizante no interior do canal, na porção do forame apical. Cones de papel absorventes foram utilizados para secagem dos preparos apicais e remoção do propilenoglicol.

Os dentes foram separados em 4 grupos, de acordo com material utilizado para a realização da retrobturação ( Figura 3 ) sendo:
 
 

Grupo I- amálgama

Grupo II- cone de guta-percha + cimento N-Rickert 

Grupo III- cone de guta-percha + cianoacrilato de etila ( Super-Bonder )

Grupo IV- polímero derivado do óleo de mamona
 


 

Figura 3- Materiais utilizados: II- cimento de N-Rickert; I- amálgama; IV- polímero derivado do óleo de mamona; III – cianoacrilato de etila.

No grupo I foi utilizado o amálgama convencional, marca Velvalloy ( S. S. White Art. Dent. Ltda, Rio de Janeiro, Brasil ), preparado por meio de amalgamador mecânico Dentomat ( Degussa, Manaus, Brasil ) com trituração por 20 segundos .O amálgama foi inserido na cavidade com o auxílio de um condensador correspondente ao diâmetro do preparo e brunido com um brunidor tipo bola.

No grupo II, o cone de guta-percha previamente selecionado correspondente ao diâmetro do canal preparado, foi levado ao preparo apical juntamente com o cimento N-Rickert (Oficinalis Farmácia de Manipulação Ltda, São Paulo, Brasil) manipulado na proporção pó/líquido orientada pelo fabricante, e removido o excesso com instrumento aquecido.

No Grupo III foi realizada a seleção do cone de guta-percha, adaptando-o ao preparo apical até que se mostrasse com travamento. A seguir uma pequena quantidade de éster de cianoacrilato de etila (Super Bonder, Loctite Brasil Ltda, Itapevi, S.Paulo, Brasil ) foi colocada sobre uma lamínula de vidro, e o cone de guta-percha envolto nesse material foi levado ao preparo apical. Após a completa presa do cianoacrilato (10 minutos) removeu-se o excesso do cone de guta-percha com um instrumento de Hollemback aquecido em chama de lâmpada a álcool. Verificou-se com a lupa, o nível do corte e a manutenção do agente impermeabilizante.

No grupo IV o polímero de mamona (Instituto de Química de São Carlos-USP) foi preparado em dosagem recomendada pelo fornecedor, sendo substituído o carbonato de cálcio (1,4g) por igual quantidade de sulfato de bário, para obtenção de contraste radiográfico. O polímero foi manipulado misturando-se os dois líquidos pré-dosados pelo fornecedor com espátula de madeira em um frasco de Dappen de silicona e então foi acrescentado o sulfato de bário. Quando o material atingiu a consistência borrachóide, foi inserido no preparo apical. Para isso utilizou-se a ponta de uma sonda exploradora reta. O material foi então condensado gradativamente, com condensador previamente adaptado a essa finalidade. Após a polimerização do material, foi removido o excesso, utilizando-se lâmina de bisturi n.º 15.

Nos grupos controle, os dentes foram submetidos à mesma seqüência de preparo dos dentes dos grupos experimentais, porém não foram retrobturados. No controle negativo os dentes foram impermeabilizados em toda a superfície externa inclusive o preparo apical. Já no controle positivo só não foi impermeabilizada a área do preparo apical, que ficou exposta à ação do agente corante.

Os dentes foram imersos em corante, solução aquosa de azul de metileno 0,5 por cento, com pH ajustado de 7,0 a 7,3 e submetidos à vácuo por 5 minutos. A seguir foram levados à estufa a 37ºC, a 100 por cento de umidade, onde permaneceram em placa de Petri, imersos na solução corante, por 24 horas. Decorrido esse período, foram lavados em água corrente por uma hora.

Procedeu-se então o corte de parte da raiz, o que permitiu o acesso visual à interface cemento/retrobturação. Para isso o dente foi seccionado longitudinalmente no seu terço apical, ou seja, paralelamente ao seu longo eixo, com o auxílio de brocas diamantadas cilíndricas, em alta-rotação, sob refrigeração a água, sendo observado o desgaste com o auxílio de lupa, de maneira a expor as porções vestibular e lingual do canal radicular, conforme é mostrado esquematicamente na figura 4.

A B

Figura 4 – Representação esquemática da preparação do dente para mensuração da infiltração marginal. A – Face vestibular mostrando parte do terço apical removido. B – Face proximal com parte do terço apical removido, para possibilitar a visão da infiltração do corante.

Foram a seguir realizadas as leituras de cada espécime, medindo-se a distância em milímetros entre a borda externa do preparo apical e o ponto de maior penetração do corante, ou seja, o quanto a solução de azul de metileno penetrou na interface cemento/obturação, no sentido da porção final da retrobturação tanto na face vestibular como na lingual do preparo apical.

Para essa mensuração foi usado um perfilômetro ( Nikon, Japan ), aumento de 45X. Cada dente foi avaliado por dois examinadores, para estimativa da infiltração do corante nas margens vestibular e lingual da retrobturação.

Assim, cada examinador totalizou 120 valores, sendo 60 relativos às medidas nas faces vestibulares, e outros 60 obtidos nas faces linguais ( Tabelas 11 a 14 ). Com as medidas obtidas em cada dente por cada examinador, calculou-se a média final dos resultados de ambos os examinadores, totalizando então 60 valores numéricos ou médias presentes na tabela 1 que foram submetidos a análise estatística.

Na análise estatística usou-se um programa de informática denominado GMC, em sua versão 7.1, desenvolvido pelo Professor Doutor Geraldo Maia Campos, do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP.



 

RESULTADOS
 
 

Os valores individuais da penetração do corante na interface obturação/parede do preparo apical de cada dente, medidos em milímetros pelos examinadores, estão apresentados sob a forma de tabelas ( 11 a 14 ) no anexo e serviram para obtenção da Tabela 1, que expressa as médias da infiltração marginal em cada um dos dentes e dos materiais avaliados.

Tabela 1- Valores das médias, em mm, da infiltração marginal nos 15 dentes e a media final (X) e o desvio padrão (Sd) de cada grupo dos materiais utilizados nas retrobturações
 

Dentes/Material  Amálgama
N-Rickert
Cianoacrilato Polímero
01
2,21
2,33
0
0
02
1,08
1,23
1,24
0
03
1,13
2,11
0
0
04
0,61
1,76
0
0
05
0,59
2,47
0
0,28
06
1,28
1,64
0
0
07
0,93
1,53
0
0
08
1,83
2,35
0
0,25
09
1,20
2,39
0
0
10
1,81
2,43
0
0
11
1,67
1,88
0
0
12
2,15
2,41
0
0,46
13
0,97
2,29
0
0,17
14
1,22
1,84
0
0,38
15
1,70
1,73
0
0
X ± Sd
1,36 ± 0,51
2,02± 0,39
0,08± 0,32
0,10± 0,16

 

Os valores originais submetidos a testes estatísticos preliminares demonstraram, pelo teste de aderência à curva normal, que sua distribuição não era normal, apresentando um valor de Qui Quadrado de 10,76 para 4 graus de liberdade, como pode ser visto na Tabela 2.
 
 
 

Tabela 2 - Teste de aderência à curva normal : dados originais _________________________________________________________________________

A - Freqüências por intervalos de classe:

Intervalo de classe M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s

Curva normal 0,44 5,40 24,20 39,89 24,20 5,40 0,44

Curva experimental 0,00 6,67 13,33 58,33 21,67 3,33 1,67

____________________________________________________________________

B- Cálculo do Qui Quadrado

Graus de liberdade: 4 A distribuição amostral testada

Valor do Qui Quadrado 10,76 não é normal

Probabilidade de Ho: 2,94%

____________________________________________________________________

O teste de homogeneidade de Cohran por sua vez apresentou um valor de cálculo de 0,4762 para 4 variâncias e 14 graus de liberdade, que comparado com o valor crítico tabelado 0,5044, mostra que a distribuição é homocedástica ( Tabela 3 ).
 

Tabela 3 – Resultado do Teste de Cochran
 
Número de variância testadas :
4
Número de graus de liberdade :
14
Variância maior :
0,2612
Soma das variâncias :
0,5486
Valor calculado pelo teste :
0,4762

 

Uma vez que os testes estatísticos preliminares demonstraram que a amostra não era normal mas homogênea, pois o valor calculado ( 0,4762 ) para o Teste de Cochran foi menor que o valor crítico ( 0,5044 ), optou-se por realizar a transformação logarítmica dos dados ( dados +1 ) ( Tabela 4 ) e aplicar novamente os testes preliminares.
 
 

Tabela 4- Infiltração marginal- logarítmo dos dados, média final (X) de cada grupo avaliado
 

Amálgama.
N-Rickert.
Cianoacrilato
Polímero.
1
0,51
0,52
0,00
0,00
2
0,32
0,35
0,35
0,00
3
0,33
0,49
0,00
0,00
4
0,21
0,44
0,00
0,00
5
0,20
0,54
0,00
0,11
6
0,36
0,42
0,00
0,00
7
0,29
0,39
0,00
0,00
8
0,45
0,53
0,00
0,10
9
0,34
0,53
0,00
0,00
10
0,45
0,54
0,00
0,00
11
0,43
0,46
0,00
0,00
12
0,50
0,53
0,00
0,16
13
0,29
0,52
0,00
0,07
14
0,35
0,45
0,00
0,14
15
0,43
0,44
0,00
0,00
X
0,36 
0,48
0,02 
0,04 

Os dados transformados foram submetidos aos testes preliminares necessários, sendo inicialmente obtida a Tabela 5 com os parâmetros amostrais demonstrando a mediana dos dados agrupados e distribuição.
 
 

Tabela 5- Parâmetros amostrais: valores transformados

Soma dos erros dos dados amostrais 0,0000
Soma dos quadrados dos dados 0,3426
Termo de correção 0,0000
Variação total 0,3426
Média geral dos erros da amostra 0,0000
Variância da amostra 0,0058
Desvio padrão da amostra 0,0762
Erro padrão da média 0,0098
Mediana (dados agrupados) -0,0017
Dados abaixo da média 19,0000
Dados iguais à média 23,0000
Dados acima da média 18,0000

 

Inicialmente, determinou-se a distribuição de freqüência da amostra, que seria comparada com a distribuição de freqüência padrão da curva normal matemática, na qual os intervalos de classe se baseiam na média e no desvio padrão do erro amostral que são os pontos característicos da curva normal ( Tabela 6 ).
 
 

Tabela 6 Distribuição de freqüências: valores transformados

A. Freqüências por intervalos de classe:

Intervalos de classe M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s
Freqüências absolutas
0
3
16
23
14
3
1
Em valores percentuais
0,0
5,0
26,7
38,3
23,3
5,0
1,7
B. Freqüências acumuladas              
Intervalos de classe
M-3s
M-2s
M-1s
Med,
M+1s
M+2s
M+3s
Freqüências absolutas
0
3
19
42
56
59
60
Em valores percentuais
0,0
5,0
31,7
70,0
93,3
98,3
100,0

 

Uma vez calculadas as freqüências absolutas e percentuais por intervalos de classe e acumuladas, traçaram-se duas curvas superpostas, com base em percentuais acumulados de freqüência, correspondendo à curva normal matemática e a amostral experimental .
 

Submeteram-se os dados dos valores originais transformados ( Tabela 4 ) aos testes estatísticos preliminares, para verificar se a distribuição do erro amostral seria normal.

O teste de aderência à curva normal mostrou um valor do qui quadrado de 0,40 para 4 graus de liberdade, significando que após a transformação dos dados a distribuição passou ser considerada normal ( Tabela 7 ).

Tabela 7 - Teste de aderência à curva normal: logarítmo dos dados + 1

A. Freqüências por intervalos de classe:              
Intervalos de classe
M-3s
M-2s
M-1s
Med.
M+1s
M+2s
M+3s
Curva normal
0,44
5,40
24,20
39,89
24,20
5,40
0,44
Curva experimental
0,00
5,00
26,67
38,33
23,33
5,00
1,67
B. Cálculo do Qui quadrado:  
A distribuição amostral

Testada é normal

Graus de liberdade  4
Valor do Qui quadrado 0,40
Probabilidade de Ho 98,23%

 
 
 

A figura 5 mostra o histograma da freqüência da amostra experimental sobrepondo a ele o traçado da curva normal matemática.

Figura 5 – Histograma da distribuição de freqüência da amostra experimental e a curva normal matemática.
 
 

O teste de homogeneidade de Cochran apresentou um valor calculado 0,3736, que comparado com o valor crítico para 4 variâncias e 14 graus de liberdade que é 0,5044 mostra que a distribuição, depois de transformada, passou a ser homocedástica ( Tabela 8 ).
 
 

Tabela 8 - Teste de homogeneidade de Cochran:

Número de variâncias testadas 4
Número de graus de liberdade 14
Variância maior 0,0091
Soma das variâncias 0,0245
Valor calculado pelo teste

Valor critico tabelado para 1%

0,3736

0,5044

Como a distribuição amostral, após a transformação logarítmica dos dados, passou a ser considerada normal e homocedástica, requisitos para a utilização de testes paramétricos, tornou-se permitida a aplicação da análise de variância para análise estatística dos dados , com um fator de variação ( Tabela 9 ).

Tabela 9- Análise de variância: logarítmo dos dados + 1

Fonte de variação
Soma de quadrados
Grau de liberdade
Quadrados médios
( F )
Probabilidade (H0)
Entre materiais
2,3668
3
0,7889
128,96
0,00 %*
Resíduo
0,3426
56
0,0061
   
Variação total
2,7094
59
     
*Estatisticamente significante ao nivel de 1%.

Os valores constantes dessa tabela mostram que há significância estatística ao nível de 1% de probabilidade entre os materiais utilizados nas retrobturações.

A fim esclarecer quais dentre as médias referentes à infiltração marginal apresentada pelos materiais retrobturadores envolvidos na análise de variância seriam significantes entre si, efetuou-se o teste de Tukey ( Tabela 10 ).
 
 

Tabela 10 - Médias amostrais calculadas: valores em logarítmo

Materiais Médias Valor crítico de Tukey
Amálgama 0,36297 ·
N-Rickert 0,47656 ¨ 0,0756
Cianoacrilato 0,02335 #
Polímero 0,03844 #
Símbolos iguais, amostras estatisticamente iguais

O teste de Tukey indica que as médias correspondentes à infiltração marginal presente nas retrobturações com o cianoacrilato de etila mais cone de guta-percha e o polímero derivado do óleo de mamona são iguais entre si e diferentes do amálgama e do cimento de N-Rickert mais cone de guta-percha. O cimento de N-Rickert apresentou a maior média, portanto a maior infiltração marginal quando comparada a dos outros materiais avaliados. O amálgama apresentou infiltração marginal significante porém menor que o N-Rickert e maior que os outros dois materiais avaliados.

Verifica-se na Tabela 1, que o cimento N-Rickert ( grupo II) foi o material que possibilitou a maior infiltração marginal entre os estudados, com a média de 2,02 mm. Seguido pelo amálgama ( grupo I ) com a média de 1,36mm. Os dentes que receberam obturações apicais com o polímero de mamona ( grupo IV ) mostraram um índice de infiltração marginal bastante inferior, perfazendo a média de 0,10 mm, enquanto que dos dentes retrobturados com o cianoacrilato ( grupo III ), apenas 1 ( Fig 3F ) sofreu infiltração marginal ( 1,24mm ) o que conferiu a esse grupo a menor média de infiltração, ou seja, 0,08mm. Esse resultado mostra que em 93,30 por cento dos dentes deste grupo não houve infiltração marginal do corante.

Enquanto todos os dentes do grupo amálgama ( grupo I ) e do N-Rickert ( grupo II ) sofreram infiltração marginal, apenas 5, ou seja 33,33 por cento dos obturados com o polímero, mostraram a ocorrência de infiltrações.

Quanto às variações dentro do mesmo grupo, nas obturações com N-Rickert a infiltração variou de 2,47 a 1,23 mm ( Fig. 3C-D ). No grupo obturado com amálgama os resultados individuais variaram de 2,21 a 0,59 mm ( Fig. 3A-B ). No grupo do polímero a variação foi de 0,46 a 0,17 mm ( Fig. 3G-H ).

A Figura 6 mostra a penetração do azul de metileno a 5 por cento nas retrobturações com amálgama ( A e B ), cimento de N-Rickert e cone de guta-percha ( C e D ) , éster de cianoacrilato de etila e cone de guta-percha ( E e F ) e polímero derivado do óleo de mamona ( G e H ). Nas fotos da coluna da esquerda temos dentes das amostras que apresentaram menor infiltração e na coluna da direita as maiores infiltrações marginais dos grupos avaliados.

Figura 7- Penetração do azul de metileno a 0,5% no preparo apical do grupo controle negativo ( esquerda ) e controle positivo ( direita ).

Comparando os materiais que foram utilizados com o cone de guta-percha, ( cimento de N-Rickert e cianoacrilato de etila ), o cianoacrilato apresentou como agente cimentante uma grande capacidade de vedação marginal. O amálgama e o polímero derivado do óleo da mamona, foram condensados na cavidade apical, sendo que o polímero apresentou melhor adaptação às paredes cavitárias, resultando em menor infiltração marginal.

A Figura 8 demonstra a média de infiltração marginal em mm, nas retrobturações realizadas utilizando os diferentes materiais avaliados, permitindo uma visão geral dos resultados obtidos.

Assim, de acordo com os resultados analisados, os materiais estudados permitem apresentá-los, por ordem decrescente da média das infiltrações nas seguintes seqüência :

Cimento de N-Rickert e cone de guta-percha ( grupo II );

Amálgama ( grupo I );

Polímero derivado do óleo de mamona ( grupo IV ),

Ester de cianoacrilato de etila e cone de guta-percha ( grupo III ).

Figura 8 - Ordem decrescente dos valores médios da infiltração marginal, em
mm, nas retrobturações com os diferentes materiais avaliados.


DISCUSSÃO
 

A cirurgia parendodôntica associada a uma obturação retrógrada, visa a limpeza e o selamento da porção apical do canal radicular, eliminando a lesão periapical, os microrganismos e produtos metabólicos presentes. Não só a remoção dos tecidos periapicais comprometidos é importante, mas também a busca do hermetismo dessa região de anatomia complexa, para obtenção do sucesso no tratamento ( SILVA, 1958; TIDMARSH & ARROWSMITH,1989; LEAL, 1991, KUGA et al., 1997 ).

O selamento apical parece ser a maior preocupação dos pesquisadores, e este fato tem promovido a avaliação de diferentes materiais e técnicas para obturações apicais, visando ao controle da infiltração através da interface material e parede do preparo apical.

A procura do material obturador ideal ( ABDAL & RETIEF, 1982 ) com propriedades de vedamento hermético das cavidades apicais, continua sendo um desafio para a ciência odontológica. Com o avanço das pesquisas observa-se que o progresso nesse campo está aumentando e materiais novos tem proporcionado resultados satisfatórios em estudos realizados in vitro e in vivo.

Diferentes metodologias têm sido utilizadas na avaliação da infiltração marginal dos materiais retrobturadores tais como: teste eletro-químico ( MATTISON et al., 1985, MacDONALD et al., 1994 ), filtração de fluido pressurisado ( KING et al., 1990; YOSHIMURA et al., 1990 ); rádio nucleídico ( STABHOLZ et al., 1985 ), reação eletro-química ( ALHADAINY et al., 1993 ), técnica de pressão constante e sensores ( CALLIS & MANNAN, 1994 ) e pressão hidrostática ( O’CONNOR et al., 1995 ). Dentre todas, a metodologia mais utilizada nas avaliações de infiltração marginal nos materiais odontológicos é a penetração de corantes.

Para a avaliação da infiltração marginal de materiais para retrobturações, várias são as substâncias usadas, tais como: o azul de metileno em diferentes concentrações; tinta da Índia ( TORABINEJAD et al., 1984; SAUNDERS et al., 1994; CHONG et al., 1995; LLOYD et al., 1997 ); isótopos radiativos ( DELIVANIS & TABIBI, 1978; TRONSTAD et al., 1983; SZEREMETA-BROWAR et al., 1985; LEAL, 1991 ); nitrato de prata ( McDONALD & DUMSHA, 1987 ); solução de eosina a 5% ( THIRAWAT & EDMUNDS., 1989 ); solução de cristais de violeta ( GOLDMAN et al., 1989 ); corante fluorescente ( ABDAL & RETIEF, 1982; CHONG et al., 1993 ); rodamina B ( TORABINEJAD et al., 1993; BAMPA & VINHA, 1994; SULTAN & PITT FORD, 1995 ); solução de Ringer (JOHNSON et al., 1995 ).

O azul de metileno é o corante mais utilizado nos trabalhos de infiltração marginal, por ser uma substância de baixo peso molecular, mais solúvel em água, apresentar grande poder de penetrabilidade nos espaços vazios e não ser absorvido pela matriz dentária ou cristais de apatita ( MATLOFF et al., 1982 ). Este corante tem sido utilizado em concentração de 0,5% ( LAGE MARQUES, 1997 ); a 1% ( VERTUCCI & BEATTY, 1986; BARKHORDAR et al., 1988; JACOBSEN & SHUGARS, 1990; AL-AJAM & McGREGOR, 1993, O’CONNOR et al., 1995; GERHARDS & WAGNER, 1996 ); a 2 % ( KAPLAN et al., 1982; BRANWELL & HICKS, 1986; KUGA et al., 1990; CUSTÓDIO & COSTA, 1994; DUTRA & HORTA, 1994; TORABINEJAD et al.,1994 ) e a 4% ( ESCOBAR et al., 1986; GOLDMAN et al.,1989 ).

O corante azul de metileno a 0,5 por cento foi empregado neste trabalho sob condição à vácuo, o que está de acordo com GOLDMAN et al.( 1989 ), pois a presença do ar pode impedir a penetração do corante, embora PETERS & HARRISON ( 1992 ) e RODA & GUTMAN ( 1995 ) demonstraram não encontrar diferença estatisticamente significante entre os grupos com ou sem vácuo. O tempo de permanência dos dentes no corante também é variável: 24 hs ( BERNARDINELLI, 1995 ); 48 hs ( TORABINEJAD et al., 1994; LAGE MARQUES, 1997 ); 60 hs ( CUSTÓDIO & COSTA, 1994 ) 72 hs ( GERHARDS & WAGNER, 1996 ); 1 semana ( KAPLAN et al., 1982; JACOBSEN & SHUGARS, 1990; DUTRA & HORTA, 1994 ); 2 semanas ( VERTUCCI & BEATTY, 1986; O’CONNOR et al., 1995 ). Neste trabalho os dentes permaneceram no corante azul de metileno a 0,5 por cento durante 24 horas.

Para impermeabilização da superfície radicular externa necessária durante a metodologia de infiltração de corantes, tem sido utilizado esmalte para unha ( O’CONNOR et al.,1995 ); araldite ( BAMPA & VINHA, 1994 ), o cianoacrilato de etila ( LAGE MARQUES, 1997 ), e o cianoacrilato mais esmalte de unha ( ESCOBAR et al., 1986 ) . O cianoacrilato de etila foi aplicado sobre toda superfície radicular externa, exceto no preparo apical que foi devidamente protegido com a adaptação de um cone de prata ( FIDEL, 1997 ).

Quanto ao ângulo de corte, NEHAMMER ( 1985 ) define que o objetivo da resecção apical é exibir a superfície da raiz para que o limite apical do canal radicular possa ser examinado e promover acesso para preparação de uma cavidade retrógrada. TIDMARSH & ARROWSMITH ( 1989 ) observaram que os 3mm apicais apresentam grande quantidade de túbulos dentinários que dificultam o selamento desta área o que LEAL ( 1991 ) reforça, quando salienta a complexidade anatômica do terço apical com a presença de ramificações do canal principal e a possibilidade de passagem de toxinas e de microrganismos para o periápice.

Dentre as angulações usadas, o ângulo de 45 graus em relação ao longo eixo da raiz tem sido o mais comumente descrito ( LUCKS, 1956; BARRY et al., 1976; VERTUCCI & BEATTY, 1986; YOSHIMURA et al., 1990; KUGA et al., 1991; AL-AJAM & McGREGOR, 1993; TANOMARO FILHO et al., 1993; WUCHENICH et al., 1994; DUTRA & HORTA, 1994; GORMAN et al., 1995, LLOYD et al., 1997 ).

Autores como SZEREMETA-BROWAR et al. ( 1985 ); THIRAWAT & EDMUNDS ( 1989 ) e KING et al.( 1990 ) utilizaram a ressecção radicular em corte horizontal. GILHEANY et al. ( 1994 ) comparando os cortes em 0, 30 e 45 graus, também observaram melhores resultados com a ressecção radicular horizontal.

O`CONNOR et al. ( 1995 ) não encontraram diferenças estatisticamente significantes nas infiltrações ocorridas em retrobturações realizadas após o corte do ápice em plano inclinado ou perpendicular.

Entendemos que, com as técnicas do uso de brocas para preparos apicais as dificuldades são diminuídas quando os cortes apicais são realizados em angulações de 30 ou 45 graus. Nos preparos apicais realizados com o auxilio de pontas do ultra-som, estes são facilitados pois as pontas do aparelho tem angulações apropriadas que facilitam sua realização bem como o acesso ao forame apical, independentemente da angulação de corte da raiz ( KELLERT et al., 1994 ). Com base nessas observações, neste trabalho optou-se pela realização da apicectomia perpendicularmente ao longo eixo dos dentes

Os aparelhos de ultra-som foram utilizados mais intensamente na Endodontia a partir do trabalho de MARTIN ( 1976 ). Posteriormente AHMAD et al. ( 1988 ) avaliaram o fenômeno de cavitação que é promovido pelo ultra-som no interior dos canais radiculares. Em 1995, WAPLINGTON et al., avaliaram o uso do ultra-som nas cirurgias parendodônticas.

Os aparelhos ultrasônicos são mais eficientes na remoção do smear-layer nos preparos apicais ( WUCHENICH et al., 1994; GUTMANN et al., 1994; GORMAN et al., 1995; SULTAN & PITT FORD, 1995 ). Por outro lado ENGEL & STEIMAN ( 1995 ) salientaram que o ultra-som promove melhor limpeza nas áreas de istmos nas raízes com preparos apicais.

As pontas ultrasônicas acompanham a direção do conduto ( KELLERT et al., 1994; MEHLHAFF et al.,1997 ) e conseguem-se preparos com paredes paralelas ( WUCHENICH et al., 1994 ); facilitam o acesso ao forame apical ( FONG, 1993 ) e promovem maior desgaste de dentina ( WAPLINGTON et al., 1995 ).

Tem-se questionado a utilização do ultra-som nos preparos cavitários quanto à produção de fendas em suas paredes ( SAUNDERS et al., 1994; ABEDI et al., 1995 ) ou no ângulo cavo-superficial, quando comparada com as resultantes dos preparos realizados com brocas ( WAPLINGTON et al., 1997 ) ou após somente a ressecção radicular ( BELING et al., 1997 ), porém GORMAN et al.( 1995 ) salientam que essas fendas podem ser provenientes do preparo do dente para observação em microscopia eletrônica.

Neste trabalho foi usado o aparelho Multi-sonic ( Gnatus ), por ser de fácil manuseio, e dispor de pontas anguladas, que facilitam o acesso ao forame apical. Além disso, oferece pontas diamantadas com grande capacidade de corte e lisas para preparos mais regulares ( BRAMANTE et al., 1998 ).

A profundidade ideal para os preparos apicais varia entre 2 a 3 mm ( BARRY et al., 1975; MATTISON et al., 1985; VERTUCCI & BEATTY, 1986; KING et al.,1990; KUGA et al., 1991; CALLIS & MANNAN, 1994; MacDONALD et al.,1994; BIGGS et al., 1995; O’CONNOR et al., 1995; GERHARDS & WAGNER, 1996 ). Utilizou-se a profundidade do preparo apical de 3 mm, que é o comprimento da porção ativa das pontas do ultra-som.

Quanto aos materiais retrobturadores, o amálgama tem sido usado como parâmetro nos trabalhos de pesquisa. Foi o material de primeira escolha ( Ottessen, 1915 apud GARVIN, 1942; GARVIN, 1919 apud SZEREMETA-BROWAR et al., 1985 ), por seu emprego de rotina nas clínicas dentárias, e apresentar um grande índice de sucesso clínico ( FRANK et al., 1992; TORABINEJAD et al., 1994 ). Apesar de ser um material muito utilizado, vem sendo substituído por materiais como: cimento de óxido de zinco e eugenol, cimento de policarboxilato, ionômero de vidro, hidróxido de cálcio, resina composta, super- EBA, MTA e outros.

As diferentes composições e tipos de limalha para amálgama têm sido avaliadas como material para retrobturações ( MATTISON et al., 1985; JOHNSON et al., 1995 ). PALANIAK ( 1984 ) revisando a literatura a respeito de retrobturações concluiu que o amálgama sem zinco é o melhor material retrobturador, enquanto FERRETE & CAMPOS ( 1993 ) acrescentaram também a indicação do amálgama rico em cobre.

MOODNICK et al. ( 1975 ) observaram que as retrobturações com amálgama apresentavam falhas de adaptação às paredes do preparo apical, porém não estabeleceram sua significância clínica. CUNNIGHAM ( 1975 ) salientou que o amálgama apresenta superfície rugosa mesmo após a brunidura porém com bom selamento marginal.

A infiltração marginal é menor quando da aplicação de verniz nas cavidades apicais, antes da condensação do amálgama ( ABDAL & RETIEF, 1982; TRONSTAND et al., 1983; VERTUCCI & BEATTY, 1986; FRIEDMAN, 1991 ), porém pode aumentar com o passar do tempo de observação ( KING et al., 1990 ) ou não influir nos resultados ( CALLIS & MANNAN, 1994 ).

Muitas pesquisas utilizaram a avaliação comparativa do amálgama com a guta-percha brunida a frio ou aquecida, por serem considerados os materiais mais comumente utilizados nas retrobturações, porém os resultados as vezes são conflitantes. Assim TANZILLI et al. ( 1980 ) e KAPLAN et al. ( 1982 ) salientaram que a guta-percha brunida a frio apresentou os melhores resultados. Já BERNABÉ ( 1994 ) concluiu que o amálgama apresenta reação dos tecidos periapicais mais acentuada que a guta-percha. ESCOBAR et al. ( 1986 ) e BRAMWELL & HICKS ( 1986 ) não encontraram diferenças na infiltração marginal após obturações com esses materiais.

Os cimentos a base de óxido de zinco e eugenol apresentam vantagens quanto ao custo, facilidade de manipulação e inserção na cavidade, quando comparados com o amálgama ( NICHOLLS, 1962 ). Quando em formulações modificadas ( IRM, super-EBA, Kalzinol ) estes cimentos apresentam bons resultados de compatibilidade com os tecidos apicais ( OYNICK & OYNICK, 1978 ) e melhor reparação da região periapical ( TROPE et al., 1996 ). PANTSCHEV et al. ( 1994 ) salientam que a regeneração periapical nesse caso é semelhante àquela verificada com o uso do amálgama. Entre os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, o super-EBA tem se mostrado menos citotóxico que o IRM e o Kalzinol, porém semelhante ao amálgama ( CHONG et al., 1994 ). Histologicamente o super-EBA apresenta melhor reparação óssea e menor número de células inflamatórias ( TROPE et al., 1996 ) o que já era comprovado pelo seu bom desempenho clínico ( WISCOVITCH & WISCOVITCH, 1995 ).

Quando avaliados no aspecto de infiltração marginal esses materiais apresentam resultados semelhantes aos do amálgama ( THIRAWAT & EDMUNDS, 1989; KING et al., 1990; TORABINEJAD et al., 1993 ) sendo indicados para substituí-lo ( BIGGS et al., 1995 ).

TORABINEJAD et al. ( 1995 ) salientaram o efeito antibacteriano dos compostos à base de óxido de zinco e eugenol, enquanto que BRUCE et al. ( 1993 ) já alertavam que a sua citotoxicidade é maior nos períodos iniciais porém reduz com o passar do tempo. CHONG et al . ( 1994 ) observaram a grande citotoxicidade do Kalzinol em comparação com o amálgama, EBA, ionômero de vidro e IRM. FITZPATRICK & STEIMAN ( 1997 ) não observaram diferenças significantes na adaptação marginal entre o IRM e o super-EBA.

Os cimentos de policarboxilato empregados como materiais retrobturadores apresentam grande infiltração marginal ( BARRY et al., 1975; BARRY et al., 1976; DELIVANIS & TABIBI, 1978; PALANIAK, 1984 ) quando comparados com outros materiais.

As resinas compostas, com ou sem os agentes de união, bem como as fotopolimerizadas têm apresentado bom vedamento marginal em retrobturações ( ABDAL & RETIEF, 1982; McDONALD & DUMSHA, 1987; THIRAWAT & EDMUNDS, 1989; RUD et al., 1996 ).

Os cimentos de ionômero de vidro apresentam infiltração marginal semelhante às resinas fotopolimerizadas, com ou sem agente de união ( THIRAWAT & EDMUNDS, 1989 ), ao amálgama rico em cobre ( AL-AJAM & McGREGOR, 1993 ) e ao cimento Diaket ( GERHARDS & WAGNER, 1996; LLOYD et al., 1997 ). Quando comparados com o amálgama com verniz cavitário e o super-EBA apresentaram maior infiltração marginal ( KING et al., 1990 ). Comparativamente com a guta-percha brunida a quente e o cimento de policarboxilato obteve melhor selamento apical ( ALHADAINY et al., 1993 ). O cimento de ionômero de vidro fotopolimerizavel apresenta excelente adaptação à cavidade apical ( CHONG et al., 1993 ). ZETTERQVIST et al. ( 1987 ) observaram que a biocompatibilidade do ionômero de vidro e o amálgama eram similares. Consideraram o ionômero como material alternativo para substituir o amálgama em retrobturaçòes de pacientes alérgicos ao mercúrio.

Clinicamente não houve diferença na capacidade de reparação apical de dentes retrobturados com amálgama ou ionômero de vidro em períodos de observação de 1 a 5 anos ( JESSLÉN et al., 1995 ).

Em 1993 TORABINEJAD et al. avaliaram o trióxido mineral agregado ( MTA ), comparando sua capacidade seladora em retrobturações com as do amálgama e do super-EBA. O MTA apresentou menor infiltração. Ainda TORABINEJAD et al. ( 1995 ) observaram o efeito antimicrobiano positivo desse material sobre algumas bactérias facultativas, porém não houve ação sobre as bactérias anaeróbias.

O cimento de apatita ( G-5 ) comparado com o amálgama e o super-EBA apresentou selamento apical semelhante, porém com excelente biocompatibilidade. Este fato permitiu sugerir seu uso como aceitável em retrobturações ( MacDONALD et al., 1994

A pasta zincoenólica também é utilizada como material retrobturador apresentando bom vedamento apical ( CUSTÓDIO & COSTA, 1994; DUTRA & HORTA, 1994 ).

O amálgama tem sido o material mais utilizado e pesquisado, porém como salienta FRIEDMAN ( 1991 ), em alguns países seu uso tem sido proibido e novos materiais devem ser avaliados no sentido de criar alternativas para substituí-lo nas retrobturações.

Os valores médios da infiltração marginal pelo azul de metileno em diferentes concentrações variam de 3,5mm a 1,2mm ( BARRY et al., 1975; BARRY et al., 1976; KAPLAN et al., 1982; BRAMWELL & HICKS, 1986; VERTUCCI & BEATTY, 1986; AL-AJAM & McGREGOR, 1993; TORABINEJAD et al., 1994 ), sendo que o valor médio obtido nos resultados deste estudo é de 1,36mm. Estes resultados, nos quais o amálgama apresentou infiltração marginal significante, média de 1,36mm, levaram-nos a pesquisar e avaliar outros materiais que apresentem menor infiltração marginal nas retrobturações.

O cimento obturador de canais radiculares, N-Rickert, apresenta boa ação antimicrobiana ( OGATA et al., 1982 ) porém com grande solubilidade ( LEAL, 1991 ). Como retrobturador tem apresentado bons resultados ( KUGA et al., 1990; BAMPA & VINHA, 1994 ) quanto à infiltração marginal. Os resultados encontrados por KUGA et al. ( 1990 ) e BAMPA & VINHA ( 1994 ) foram obtidos utilizando somente o cimento de N-Rickert, sem o emprego de cones de guta-percha nas retrobturações.

Na avaliação dos resultados, o cimento de N-Rickert com cones de guta-percha utilizado em retrobturações, apresentou a maior infiltração marginal ( média de 2,02mm ), entre os materiais testados, permitindo concluir não ser este material indicado para essa conduta clínica.

Os compostos de cianoacrilato ( butil, etil, metil, isopropil, octil ) tem sido avaliados na área odontológica e médica desde o final da década de 60.

Assim BHASKAR et al. ( 1967 ), já salientavam que após extrações dentais protegidas com o butil-cianoacrilato houve menor infiltrado inflamatório. EKLUND & KENT ( 1974 ) observaram que o isobutil-cianoacrilato promovia hemostasia nas feridas de exodontias.

A citotoxicidade dos compostos de cianoacrilato foi avaliada por DeRENZIS & ALEO ( 1970 ), sendo que o isobutil e octil apresentaram os melhores resultados. O cianoacrilato impede a penetração bacteriana ( CHONG et al., 1995 ) e o isobutil -cianoacrilato apresenta ação antimicrobiana para algumas bactérias, porém seu mecanismo de ação não foi ainda esclarecido ( JANDINSKI & SONIS, 1971 ).

Em estudos comparativos sobre a capacidade de vedamento marginal em restaurações, verificou-se que os cianoacrilatos formam adesivos fortes com a dentina e o esmalte tratados com ácido ( BEECH, 1972 ), e que o composto etil-cianoacrilato apresentou melhor adesão e resposta pulpar que o metil-cianoacrilato ( FUKUSHI & FUSAYAMA, 1980 ). Quando utilizado como desensibilizante de dentina ou de cemento exposto, apresentou ação mais efetiva que o fluoreto de sódio a 33% ( JAVID et al., 1987 ).

Na Endodontia os compostos de cianoacrilato foram avaliados comparativamente com cimentos obturadores e apresentaram menor infiltração marginal ( TORABINEJAD et al., 1984; JACOBSEN & SHUGARS, 1990 ). BARKHORDAR et al. ( 1988 ) salientavam que o cianoacrilato pode ser potencialmente indicado para retrobturações, opinião confirmada por HEROD ( 1990 ).

Os resultados das pesquisas têm demonstrado que os compostos de cianoacrilato são bem tolerados pelos tecidos e apresentam grande capacidade de vedamento marginal em cavidades para restaurações e retrobturações.

BARKHORDAR et al. ( 1988 ) utilizaram o cianoacrilato como retrobturador, sem cone de guta-percha , e observaram infiltração marginal de 0,22mm.

CHONG et al. ( 1995 ) utilizaram o cianoacrilato como controle negativo, sendo que não houve infiltração marginal, fato também observado em nosso grupo controle negativo.

Pode-se observar na literatura que há diferenças nos resultados quando da utilização de diferentes compostos à base de cianoacrilato de etila ( butil, etil, metil, isopropil, octil ). No entanto, não foi possível identificar qual destes compostos está presente na fórmula do Super-Bonder utilizado neste trabalho, já que é citado pelo fabricante somente como sendo um éster de cianoacrilato.

Os resultados deste trabalho vieram confirmar que o cianoacrilato de etila apresentou a menor infiltração marginal ( média de 0,08mm ) entre os materiais avaliados quando utilizado com cone de guta-percha em retrobturações, podendo vir a ser, após outras investigações, indicado como um material a ser utilizado nessa situação clínica.

Dentre os materiais que têm sido utilizados na área médica, em especial na ortopedia, os polímeros derivados do óleo de mamona têm sido intensamente avaliados no seu aspecto de biocompatibilidade ( OHARA et al., 1995; SUGUIMOTO, 1997; SILVA et al., 1997 ) assim como na área odontológica ( VILARINHO et al., 1996; COSTA et al. , 1997; LAMANO CARVALHO et al., 1997a, b ). O polímero apresenta capacidade de indução de formação óssea ( IGNÁCIO, 1995; IGNÁCIO et al., 1996; LAMANO CARVALHO et al., 1997b; KHARMANDAYAN, 1997 ) e grande resistência à tração ( VIANNA, 1997 ).

Pelos bons resultados apresentados pelo polímero derivado do óleo de mamona em outras investigações e pelo pequeno número de trabalhos de pesquisa utilizando este material na área odontológica, foi iniciado a avaliação de suas propriedades como material retrobturador.

Os resultados deste estudo demonstraram que o polímero derivado do óleo de mamona é um material passível de ser utilizado em retrobturações, pois apresentou uma pequena infiltração marginal ( média de 0,10mm ) estatisticamente semelhante aos resultados obtidos com o cianoacrilato de etila. Associado aos resultados de sua biocompatibilidade, como demonstrado na literatura, pode-se esperar que o polímero de mamona futuramente poderá ser utilizado como um material retrobturador em substituição ao amálgama, após outras investigações.

Os resultados em relação à infiltração marginal, avaliados pela penetração do corante azul de metileno a 0,5 por cento, permitem salientar que o cimento N-Rickert com cones de guta-percha não é indicado para retobturações. O amálgama apresenta significante infiltração marginal, porém o cianoacrilato de etila com o cone de guta-percha e o polímero derivado do óleo de mamona, apresentam excelente vedação marginal.

Novas pesquisas devem ser desenvolvidas para avaliar as diferentes propriedades, biológicas e físicas, do polímero derivado do óleo de mamona e do cianoacrilato de etila para serem utilizados como materiais para retrobturações.



 

CONCLUSÕES
 

Com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos é lícito concluir que:



 
 

RESUMO

O tratamento endodôntico tem como objetivo estabelecer um adequado selamento apical para impedir que microrganismos e/ou endotoxinas atinjam os tecidos apicais e periapicais, porém as vezes se faz necessária a complementação cirúrgica para obtenção do sucesso clínico. Uma das modalidades de procedimentos parendodônticos é a obturação retrógrada ou retrobturação.

Neste trabalho foi avaliada comparativamente in vitro a infiltração marginal em retrobturações com diferentes materiais, utilizando o azul de metileno a 0,5% como indicador.

Foram utilizados caninos superiores humanos, estocados em timol a 0,1%, que após a obturação dos canais radiculares foram apicectomizados perpendicularmente a 1mm do ápice radicular. Foram preparadas cavidades apicais com 3mm de profundidade, com pontas ativadas pelo ultra-som. Os dentes foram retrobturados utilizando: amálgama; cimento de N-Rickert e cone guta-percha; cianoacrilato de etila e cone de guta-percha e polímero derivado do óleo de mamona.

Os dentes foram impermeabilizados e imersos em solução de azul de metileno a 0,5%, submetidos à aplicação de vácuo por 5 minutos e mantidos no corante por 24 horas com temperatura e umidade controlada. As leituras foram realizadas por dois examinadores, utilizando um perfilômetro. Os resultados mostraram que o cimento de N-Rickert mais cone de guta-percha apresentou a maior infiltração marginal (média de 2,02 mm), seguido do amálgama (média de 1,36mm). O polímero de mamona (média de 0,10mm) e o cianoacrilato de etila com cone de guta-percha (média de 0,08mm) apresentaram resultados estatisticamente semelhantes. Concluiu-se que o polímero derivado do óleo de mamona e o cianoacrilato de etila mostraram resultados que permitem aceitá-los como materiais para retrobturações, quando considerados seus baixos índices de infiltração marginal.


SUMMARY

The objective of endodontic treatment is to establish an adequate apical seal to prevent microorganisms and/or endotoxins from reaching apical and periapical tissues. However, complementary surgery is sometimes necessary for clinical success. One of the parendondontic procedures is retrograde filling or retrofilling.

The effect of different materials used for retrofilling on the marginal leakage "in vitro" was compared using 0.5% methylene blue.

Maxillary human canines were used which had been conserved in 0.1% thymol. After root canal filling, the teeth were apicectomized perpendicularly 1 mm from the root apex. Three-millimeter deep apical cavities were prepared with points activated with ultrasound. The teeth were retrofilled using: 1) amalgam; 2) N-Rickert cement and gutta-percha cones; 3) ethyl cyanoacrylate and gutta-percha cones, and 4) a castor oil-derived polymer. The teeth were impermeabilized and immersed in 0.5% methylene blue, placed in a vaccum for 5 min and remained in the stain for 24 h with controlled temperature and humidity. Reading were made by 2 examiners using a perfilometer. The results showed that the N-Rickert cement and gutta-percha cones presented the greatest marginal leakage (mean 2.02 mm), followed by amalgam (mean 1.36 mm). The castor oil-derived polymer (mean 0.10 mm) and ethyl cyanoacrylate with gutta-percha cones (mean 0.08mm) presented statistically similar results. We conclude that the castor oil-derived polymer and ethyl cyanoacrylate can be indicated for retrofilling, in terms of marginal leakage.



 
 

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As referências e citações bibliográficas seguiram as orientações do Manual de Orientação do Serviço de Biblioteca e Documentação da PCNP/USP, baseado nas normas da ABNT com adaptações sugeridas pelo grupo de Estudos de Referências Bibliográficas do Sibi/USP ( 1996 )
 

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