FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
 
 

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
 
 

AÇÃO DO EDTAC SOBRE A MICRODUREZA DA DENTINA RADICULAR, APÓS DIFERENTES TEMPOS DE APLICAÇÃO.

ANTONIO MIRANDA DA CRUZ-FILHO

ORIENTADOR: JESUS DJALMA PECORA

RIBEIRÃO PRETO, 1994, 86p.


RESUMO | SUMMARY | INTRODUÇÃO | REVISÃO | PROPOSIÇÃO | MATERIAL E MÉTODO | RESULTADOS | DISCUSSÃO | CONCLUSÕES | REFERÊNCIAS

RESUMO

Estudou-se a ação da solução de EDTAC sobre a microdureza da dentina radicular, nos terços cervical, médio e apical.

Utilizaram-se 5 incisivos centrais superiores recém-extraídos. Os dentes foram seccionados transversalmente na junção esmalte/cemento e as coroas foram desprezadas. As raízes foram incluídas em blocos de resina acrílica de rápida polimerização, colocadas em uma máquina de corte e seccionadas transversalmente de 1 em 1 milímetro. De cada terço da raiz, selecionou-se um corte, que foi montado em um bloco de acrílico de modo a deixar uma superfície de dentina voltada para a sua parte externa. Após o polimento da dentina, ela foi submetida à ação da solução de EDTAC em diferentes tempos de aplicação (00, 01, 02, 03, 05, 07 e 10 minutos).

Para medir a microdureza da dentina, utilizou-se um aparelho de dureza Vickers com 50 gramas de carga e 15 segundos de aplicação. Leram-se as microdurezas da dentina nos terços cervical, médio e apical, bem como em toda a extensão do corte, da sua parte interna até a periférica (junção dentina/cemento).

A análise estatística dos resultados mostrou que a microdureza da dentina é diminuída em função do tempo de aplicação da solução de EDTAC. A redução da microdureza faz-se sentir no primeiro minuto de aplicação.

A dentina cervical é mais dura que a dentina do terço médio e apical e as microdurezas dos terços médio e apical são estatisticamente semelhantes entre si.

A dentina da região central é mais mole que a dentina localizada próximo ao cemento.

A microdureza da dentina está relacionada de modo inversamente proporcional com o tempo experimental de aplicação do EDTAC.


SUMMARY

The action of EDTAC solution on root dentine microhardness was studied in the cervical, middle and apical thirds.

Five recently extracted upper central incisors were used. The teeth were sectioned crosswise at the enamel/cementum junction and the crowns were discarded. The roots were embedded in fast-polymerizing acrylic resin, placed in a cutting machine and sectioned crosswise at 1-mm intervals. One section was selected from each third and mounted in an acrylic block in such a way that one dentine surface would look towards its outer part. After polishing, dentine was submitted to the action of EDTAC solution for different periods of time (00, 01, 02, 03, 05, 07 and 10 minutes).

Dentine microhardness was measured with a Vickers hardness apparatus with a 50-g load for a period of 12 seconds. Dentine microhardness was determined for the cervical, middle and apical thirds as well as throughout the extension of the section from its inner part to the peripheral part (dentine/cementum junction).

Statistical analysis of the results showed that dentine microhardness decreases as a function of time of application of EDTAC solution, and this reduction can be observed as early as during the first minute of application.

Cervical dentine is harder than the dentine of the middle and apical thirds the hardness of the middle and apical thirds is statistically similar.

The dentine of the central region is softer than the dentine located close to the cementum.

The dentine microhardness is indirectly proportional to the experimental time of EDTAC application.



 

INTRODUÇÃO

A Endodontia é uma ciência recente que, neste século, tem procurado incansavelmente buscar novos conhecimentos, visando à obter maiores sucessos terapêuticos e melhores técnicas, graças aos esforços de inúmeros profissionais e pesquisadores.

A terapêutica endodôntica necessita de um ato operatório, realizado com instrumentos (limas/alargadores/brocas) e com soluções químicas para alargar, limpar e desinfetar os canais radiculares. Este ato tem recebido várias denominações durante o decorrer do tempo e de acordo com cada linha de pesquisa: instrumentação, preparo químico-mecânico, preparo dos canais, limpeza e forma, biomecânica, etc.

O termo "biomecânica" foi introduzido na II Convenção Internacional de Endodontia em 1953, para designar o conjunto de atos que preparam a cavidade pulpar para a sua posterior obturação.

A biomecânica, fase que consiste na ação de instrumentos e soluções químicas no interior dos canais radiculares, contitui uma das etapas de fundamental importância no tratamento endodôntico, que sempre foi minuciosamente pesquisada (CALLAHAN, 1894; GROSSMAN, 1943,1960; STEWART, 1955; INGLE & ZELDON, 1958; NICHOLLS, 1962; SCHILDER, 1973; WEYNE, 1982; PAIVA & ANTONIAZZI, 1988; De DEUS, 1992; LEONARDO & LEAL, 1992).

As variações da anatomia interna do canal radicular dificultam a ação dos instrumentos em todas as suas paredes e exige, portanto, a utilização de uma solução química que auxilie nessa tarefa. Além disso existem outras fortes razões para o emprego de substâncias químicas durante a instrumentação dos canais radiculares. A dentina excisada deve ser englobada pela substância química, a fim de impedir a formação do "magma" dentinário e sua deposição na porção terminal do canal, obstruindo-o, e também essas substâncias devem remover restos orgânicos, contaminados ou não, e combater os possíveis germes existentes.

Cumpre ressaltar que um dos requisitos que as substâncias químicas devem possuir é ser biocompatível com os tecidos pulpares e periapicais, não lesando os tecidos vivos do "coto" pulpar ou do periodonto apical quando desempenhar suas funções.

Convém salientar que não se pode separar procedimentos químicos e mecânicos, quer conceitualmente, quer na sua execução prática, visto que o resultado final - a obtenção do trinômio almejado (limpeza, desinfecção e modelagem do canal radicular) - decorre da interação de instrumentos e substâncias químicas que se interdependem, ou melhor, que se completam.

A instrumentação deve ser feita alternada ou simultânea com a irrigação apropriada do canal radicular. A irrigação constitui um elemento auxiliar de inestimável valia no preparo do canal radicular. Além do uso obrigatório das substâncias irrigadoras, pode também ser desejável o emprego de uma substância destinada a facilitar a instrumentação, em casos de canais atresiados e/ou calcificados.

Em vista disso, os pesquisadores têm dirigido seus estudos não só às soluções químicas utilizadas durante a instrumentação, como também às soluções auxiliares que de alguma forma facilitam o preparo do canal radicular.

Essas soluções auxiliares da instrumentação de canais radiculares têm sido propostas e estudadas desde o século passado (KIRK, 1893). Muitas desapareceram, restando delas apenas registros na literatura; porém outras continuam em uso.

A instrumentação de canais radiculares atresiados sempre foi uma grande preocupação para os profissionais que se dedicavam ao tratamento endodôntico.

Umas das primeiras tentativas de se utilizar uma solução química que auxiliasse a instrumentação de canais atrésicos foi realizada por CALLAHAN (1894). Esse autor preconizou o uso de um ácido forte, o ácido sulfúrico a 40 por cento, na instrumentação desse tipo de canais radiculares, uma vez que esse ácido reage com o cálcio da dentina, formando o sulfato de cálcio, desmineralizando o tecido dentinário.

BUCKLEY (1926) recomendava o uso de uma solução de ácido fenolsulfônico a 80 por cento para a instrumentação dos canais radiculares. Essa técnica de instrumentação de canais atresiados, com auxílio de um ácido forte, perdurou por muitas décadas.

GROSSMAN (1946) indicava uma solução de um outro ácido forte, o ácido clorídrico a 20 por cento, e justificou que essa solução, ao reagir com o cálcio da dentina, formava o cloreto de cálcio, que era mais solúvel que o sulfato de cálcio. Todos os ácidos propostos até então eram danosos aos tecidos vivos e aos instrumentos endodônticos.

ØSTBY (1957), com base nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNY (1953), propôs a instrumentação de canais atresiados com uma solução de ácido etilenodiaminotetracético sal dissódico (EDTA) capaz de promover a quelação de ions de cálcio da dentina, em pH neutro.

A proposta de ØSTBY (1957) foi logo aceita, uma vez que a instrumentação do canal radicular passou a ser realizada por um excelente agente descalcificador, sem os inconvenientes dos ácidos fortes (ácido sulfúrico e ácido clorídrico concentrado).

O uso do EDTA foi rapidamente difundido e, a seguir, inúmeras pesquisas foram realizadas não só para dirimir certas dúvidas como também para estudar as vantagens das associações de outras soluções com este produto.

Para facilitar a ação da solução de EDTA, ØSTBY (1957) recomendava a adição de um agente tensoativo catiônico a essa solução, capaz de conferir propriedades antissépticas a ela.

A ação do EDTA sobre a dureza da dentina foi estudada por PATTERSON (1963). Esse autor verificou que a descalcificação causada pelo EDTA prolongava-se por um longo período, de até cinco dias, após ter sido colocado no interior do canal radicular, reduzindo a dureza da dentina radicular.

Pairavam, nesta época, dúvidas a respeito da ação contínua da solução de EDTA colocada no interior do canal radicular.

SEIDBERG & SCHILDER (1974) verificaram em suas pesquisas que a solução proposta por  STBY (1957) apresentava propriedade auto-limitante.

O problema de sua ação contínua foi, também, resolvido pela química, que explicou o fato de o EDTA seqüestrar de modo definitivo os ions metálicos Pb++, Zn++, Co++, Ni++, Cd++, Sn++, Ca++, Sr++, Ba++, Mg++, Bi+++ e Fe+++. O EDTA tem ação auto-limitante, pois um mol de EDTA quela um mol de íon metálico (VOGEL, 1981).

FEHR &  STBY (1963), com muita propriedade, recomendaram o uso de uma associação composta de EDTA mais Cetavlon (tensoativo catiônico quaternário de amônio), com o objetivo de reduzir a tensão superficial da solução de EDTA e dar poder antisséptico à solução. Essa associação ficou conhecida como EDTAC.

STEWART et al (1969) preconizaram o uso do peróxido de uréia, sob a forma de um creme que possuía EDTA e carbowax. Esses autores quiseram associar a ação antisséptica do peróxido de uréia à ação quelante do EDTA. Esse produto é conhecido comercialmente como RC-Prep  e é utilizado associado com o hipoclorito de sódio a 5 por cento.

PAIVA & ANTONIAZZI (1973) recomendaram o uso do creme de Endo-PTC  no interior dos canais radiculares, associado à solução de Dakin. Esses autores substituíram o EDTA presente na fórmula de STEWART et al (1969) pelo Tween 80. A justificativa para tal fato é explicada pelos autores deste creme em 1984, relatando que o EDTA seria inativado pelo hipoclorito de sódio, deixando o quelante sem função.

Quanto à ação do EDTA sobre a permeabilidade dentinária, MARSHALL et al (1960) verificaram que essa solução reduzia a permeabilidade, e PÉCORA (1985) constatou que essa solução promovia aumento da permeabilidade dentinária, tanto quanto as soluções de hipoclorito de sódio, em diferentes concentrações.

YAMADA et al (1983), BAUMGARTNER & MADER (1987) e GENGIZ et al (1990) verificaram que o uso de irrigação alternada feita com uma solução de hipoclorito de sódio com uma solução de EDTA durante a instrumentação de canais radiculares removia completamente o "magma" dentinário.

PASHLEY et al (1985) estudaram a correlação entre a microdureza da dentina e a densidade dos canalículos dentinários, e constataram uma correlação inversa entre a microdureza da dentina e o número de canalículos por unidade de área.

ZUOLO et al (1987) investigaram a ação do EDTA e do EDTAC sobre a permeabilidade dentinária e constataram que o EDTAC provoca mais eficazmente o seu aumento.

GUIMARÃES et al (1988) estudaram a tensão superficial de várias soluções utilizadas em Endodontia e observaram que a tensão superficial do EDTA, 69,25 dinas/cm ( STBY, 1957), caía em quase 50 por cento, ou seja, para 33,92 dinas/cm, com a adição de cetavlon (EDTAC).

SAQUY (1991) fez um extenso trabalho avaliando a capacidade quelante do EDTA e da associação EDTA mais a solução de Dakin, por métodos químicos e pela análise da microdureza da dentina. O autor concluiu que tanto a solução de EDTA como a associação dessa solução com a solução de Dakin são capazes de quelar ions níquel e de cálcio, sendo que a ação quelante do EDTA não é inativada pela sua associação com a solução de Dakin na proporção de 1:1. A associação EDTA com solução de Dakin reduz a microdureza da dentina.

PÉCORA (1992) estudou o efeito das soluções de Dakin e de EDTA, isoladas, alternadas e misturadas, sobre a permeabilidade da dentina radicular. As misturas e associações foram utilizadas na proporção de 1:1. Ele verificou que o uso do EDTA durante a instrumentação dos canais radiculares promove aumento da permeabilidade de modo estatisticamente semelhante ao uso da solução de Dakin. Porém, o uso misturado ou alternado dessas duas soluções aumenta significantemente a permeabilidade da dentina radicular.

Verifica-se, atualmente, grande utilização do agente quelante EDTA ou da associação EDTAC na instrumentação de canais atrésicos. Mas há poucos trabalhos relacionados com a sua ação sobre a dureza da dentina radicular, em função do tempo de aplicação.



 

RETROSPECTIVA DA LITERATURA

O preparo biomecânico, é realizado pelos seguintes meios: a) mecânico - que compreende a ação dos instrumentos no interior dos canais radiculares, e b) físico-químico - que consiste na ação física, movimentação do líqüido irrigante (irrigação/aspiração) e na ação química da solução sobre os tecidos, orgânicos ou inorgânicos. A ação das soluções irrigantes sobre os tecidos orgânicos ou inorgânicos depende das características químicas de cada solução. O profissional deve escolher a solução química a ser utilizada em função do estado em que se encontra o canal radicular a ser operado. Associações ou misturas de soluções químicas podem ser realizadas para se obter somatória de efeitos químicos desejados.

No final do século passado, os profissionais da Odontologia que se dedicavam ao tratamento endodôntico estavam preocupados em conseguir uma solução auxiliar da instrumentação que promovesse não só a limpeza mas também a desinfecção dos canais radiculares.

KIRK (1893) introduziu o dióxido de sódio como solução irrigante de canais radiculares. Esta substância, segundo o autor, teria uma dupla função, ou seja, de clarear a coroa dental e de limpar os canais radiculares, pois atua como um potente agente oxidante. Quando em contato com a umidade do canal radicular, forma o hidróxido de sódio e libera oxigênio nascente.

No Congresso Odontológico realizado em Columbia, nos Estados Unidos da América, SCHREIER (1893) relatou o sucesso por ele alcançado com o uso de sódio e potássio metálicos introduzidos nos canais radiculares. A reação química pode ser representada da seguinte forma: K + Na + 2H2O   KOH + NaOH + H2. Essa reação é explosiva e, portanto, foi logo abandonada pelos profissionais.

Um ano mais tarde, CALLAHAN (1894), professor de Odontologia da Escola de OHIO, preconizou a irrigação dos canais radiculares com solução aquosa de ácido sulfúrico a 40 por cento. Segundo o autor, a solução apresentava três efeitos: primeiro, possibilitava o alargamento dos canais radiculares atresiados; segundo, limpava; e terceiro, desinfetava. A solução de ácido sulfúrico, em conseqüência da sua neutralização pelo bicarbonato de sódio, produzia uma reação efervescente que eliminava os "débris". Na segunda fase, os canais eram irrigados com água destilada, ou álcool, ou água oxigenada, a fim de remover o excesso de bicarbonato de sódio aderido às paredes dos canais radiculares.

A análise das substâncias químicas utilizadas por KIRK (1893), SCHREIER (1893) e CALLAHAN (1894) esclareceu que estes autores não se preocupavam com os efeitos negativos sobre os tecidos vivos. Assim, essa época constituiu-se num período bastante empírico. Entretanto, o trabalho de CALLAHAN (1894), em última análise, parece mais criterioso, uma vez que já vislumbrava os atuais objetivos do tratamento endodôntico, ou seja, a instrumentação, a esterilização e a obturação dos canais.

Em 1900, HARLAN, tomando como referência o estudo de VAN ANTWERP (1881), preconizou o uso de uma nova solução para a irrigação de canais radiculares, tendo como base a papaína. Ele observou a ação eficaz dessa enzima na liquefação e digestão de tecidos orgânicos em putrefação.

PRINZ (1912) concluiu que o ácido orto-fenol-sulfúrico atuava como agente descalcificador suave sobre as estruturas do dente, deixando a matriz de colágeno intacta.

ZSIGMOND (1912) estudou com muita propriedade, a ação de soluções irrigantes ácidas e alcalinas. Em seu trabalho, chama a atenção para o fato de que os ácidos, quer orgânicos ou inorgânicos, têm ação sobre a dissolução de sais de cálcio da dentina, deixando a massa colágena mais fácil de ser removida pela ação mecânica dos instrumentos. Observa ainda que a ação dos álcalis é diferente, ou seja, que essa solução destrói a matriz orgânica e, desse modo, os sais de cálcio são eliminados. Nesse trabalho, o autor é favorável à ação dos álcalis como solução irrigante, uma vez que os ácidos atuam diretamente sobre os tecidos vivos e sobre os instrumentos endodônticos.

BARRETT (1917) relatou a eficiência da solução de Dakin como antisséptico. A sua solução baseava-se na fórmula proposta por DAKIN (1915), e correspondia à associação de uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5 por cento com ácido bórico, o qual tinha objetivo de diminuir o pH da primeira solução. De acordo com o propositor, a solução tinha a capacidade antisséptica derivada da sua reação química com as proteínas presentes nos tecidos, permitindo a formação de cloramina.

Nesse mesmo ano, PRINZ (1917) comunica a eficiência do uso da eletrólise, com cloreto de sódio como eletrólito, na esterilização do canal radicular pela liberação do cloro nascente. Por outro lado, enfatiza a necessidade da instrumentação químico-mecânica dos canais radiculares, onde o autor cita também a ação germicida da solução de Dakin (1915).

HANAZAWA (1917) realizou uma exaustiva investigação sobre a dentina, constatando a presença de prolongamentos de odontoblastos no interior dos canalículos dentinários. Esse autor afirmou que a ação de ácido sobre a dentina, mesmo por pouco tempo, era capaz de promover um aumento extraordinário nos diâmetros dos canalículos dentinários.

McCLELLAND & WASS (1922) estudaram o poder germicida de algumas substâncias à base de cloro em diferentes concentrações, a partir do iodeto de cloro, ou seja, da dicloramina T, e da solução de Dakin. Verificaram que a solução de Dakin mostrava-se muito instável, perdendo seu poder germicida. Para amenizar esta instabilidade provocada pela oxidação, aconselham que a solução deva ser protegida da luz e do ar, devendo ser armazenada em vidro âmbar e hermeticamente fechado. Os autores afirmam que, apesar das soluções estudadas destruírem microrganismos, aquelas à base de iodeto de cloro têm a sua ação de penetração diminuída em presença de albumina e, em consequência, concluem que elas devem ser substituídas pela solução de dicloramina T a 5 por cento.

BUCKLEY (1926) escreveu, em seu livro, que a solução de hipoclorito de sódio (Licor de Labaraque) deve ser usada somente para clarear os dentes. Nos casos de polpa mortificada, ele utilizava o ácido fenolsulfônico a 80 por cento e o neutralizava com uma solução de bicarbonato de sódio a 10 por cento. No mesmo livro, o autor fez ainda severas críticas a respeito da utilização do ácido sulfúrico como irrigante de canais radiculares devido aos violentos danos que provoca aos tecidos periapicais, ressaltando que o ácido por ele proposto era menos irritante.

COOLIDGE (1929) pesquisou a ação de soluções germicidas sobre os microrganismos mais comumente encontrados nos canais radiculares infectados. Demonstrou assim, a penetração do cloro nascente até em espaços inacessíveis dos canais radiculares, o qual neutralizava tanto os produtos tóxicos como os gases formados pela putrefação. A conclusão do autor foi de que a desinfecção de um canal contaminado é conseguida pela ação química de soluções irrigantes capazes de destruir os microrganismos e neutralizar seus produtos tóxicos, auxiliadas pela ação mecânica de instrumentos endodônticos que removem materiais durante o processo de alargamento desses canais.

HODGE & McKAY (1933) fizeram um estudo da microdureza da dentina, esmalte e cemento de dentes humanos em cortes transversal e longitudinal. Os autores observaram que o tecido mais duro era o esmalte e o mais mole o cemento. A dentina mostrou uma dureza intermediária entre o esmalte e o cemento, sendo que a dentina da porção coronária era pouca coisa mais dura que a dentina da porção radicular. Na lesão de cárie, a dentina era bem mais mole em comparação com os demais tecidos.

WALKER (1936) preconizou o uso de uma solução de hipoclorito de sódio a 5,0 por cento (soda clorada) para a irrigação de canais radiculares de dentes despolpados. Em seu trabalho, esclarece que essa solução foi utilizada após a indicação feita pelo Dr. Blass, da Universidade de New York. Quanto ao ato operatório, explica que o tratamento endodôntico é um procedimento especializado, exigindo uma atenção especial para todos os detalhes como, por exemplo, a esterilização e a manipulação dos canais radiculares, desde que a proteção do paciente e do operador sejam rigorosamente observadas, pois o canal radicular infectado aloja microrganismos de ação contaminante.

Em 1938, WRIGHT & FENSKE analisaram alguns fatores que podem influir na microdureza das estruturas dos dentes. Quanto à posição anatômica dos dentes, os autores não observaram nenhuma relação desta com a microdureza. Já a idade foi um fator que aumentou consideravelmente a dureza dos dentes nas mulheres e, em menor escala, nos homens. Os valores médios de microdureza de dentes com abrasão não apresentaram diferença significante entre as medidas obtidas em ambos os sexos.

GROSSMAN & MEIMAN (1941), após o estudo dos vários agentes químicos aplicados em técnicas endodônticas, tais como a solução aquosa de ácido sulfúrico - CALLAHAN (1894), o sódio e o potássio metálicos - SCHREIER (1893), o dióxido de sódio - KIRK (1893), o metilato de sódio, a papaína e a soda clorada - WALKER (1936), ratificaram a afirmativa de WALKER (1936), no sentido de que a solução de soda clorada seria a mais eficiente como solvente do tecido pulpar. Essa afirmativa de GROSSMAN & MEIMAN (1941), em última análise, permitiu um tratamento endodôntico mais disciplinado quanto ao uso das soluções irrigantes.

GROSSMAN (1943) sugeriu uma técnica de irrigação para o tratamento de canais radiculares que, por um período de cinqüenta anos, resistiu às críticas. Resumidamente, essa técnica consiste na irrigação alternada, primeiro com hipoclorito de sódio a 5,0 por cento, depois com peróxido de hidrogênio a 3,0 por cento e novamente com o hipoclorito de sódio. O objetivo dessa associação é somar a capacidade solvente do hipoclorito de sódio com a liberação de oxigênio nascente do peróxido de hidrogênio. Como justificativa para sua técnica, o autor cita o seguinte axioma: "antes de uma ferida estar pronta para receber o agente quimioterápico, todo resto necrótico e sujeira devem ser removidos."

Em 1944, é editado o livro de PUCCI & REIG sobre o tratamento de canais radiculares onde, no capítulo sobre química dos canais radiculares, relatam que o ácido clorídrico é superior ao ácido sulfúrico para a instrumentação de canais atresiados, porque forma sais solúveis de cálcio, o que facilita a instrumentação dos canais.

NIKIFORUK & SREEBNY (1953) estudaram as propriedades químicas de um sal de ácido orgânico fraco - ácido etilenodiaminotetracético sal dissódico (EDTA) - e também o melhor método de se utilizar esta solução como agente desmineralizante de tecido duro. O poder de desmineralização era determinado através da aplicação do EDTA sobre fêmures, tíbias e mandíbulas de ratos com 120 dias de vida. Os autores observaram que a ação do EDTA dava-se pela reação de quelação com o cálcio. Desse estudo, pode-se concluir que este sal de ácido orgânico tem ampla capacidade de ação desmineralizante, estabelecendo-se inclusive novas bases para a aplicação dessa substância na instrumentação dos canais radiculares.

Com a preconização do uso dessa substância como agente desmineralizador, inúmeros pesquisadores se interessaram em estudá-lo. O objetivo era conseguir maiores informações, para melhor conhecer essa nova solução irrigante que poderia ser a grande revelação da época, frente às propriedades negativas das outras soluções ácidas até então empregadas como solução irrigante.

JUSSILA & PHOTO (1954) analisaram o efeito de várias soluções de EDTA sobre o tecido dentinário, e observaram que uma solução de EDTA a 10 por cento e pH 11 dissolvia dentina de modo considerável no espaço de tempo de 10 a 15 minutos. Notaram também que esta solução de EDTA a 10 por cento em pH 11 apresentava efeito hidrolisante sobre as proteínas e portanto, deveria ser considerada uma solução danosa aos tecidos vitais.

Em 1957, ØSTBY, baseado nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNY (1953) e de JUSSILA & PHOTO (1954), propõe o ácido etilenodiaminotetracético sal dissódico (EDTA) para instrumentação dos canais radiculares, uma vez que pela sua ação quelante, permite formular uma solução auxiliar para a instrumentação do canal radicular. O EDTA em pH 7,3 é biologicamente compatível com tecidos pulpares e periapicais. Por essa razão, foi preconizado o seu emprego em substituição aos ácidos inorgânicos até então utilizados. O autor propôs o uso de uma solução de EDTA a 15 por cento com pH 7,3. Esse pH é obtido pela adição de hidróxido de sódio 5N.

CRAIG & PEYTON (1958) fizeram um estudo da microdureza do esmalte e da dentina de dentes permanentes, íntegros e recém-extraídos. Os autores cortaram os dentes em várias direções e observaram que a maior variação da microdureza no esmalte foi exatamente abaixo da superficie oclusal, embora os valores médios para este tipo de secção não apresentassem diferença estatística em relação aos valores médios de outras secções.

CRAIG et al (1959) estudaram a microdureza da dentina na região da coroa e raiz de dentes humanos recém-extraídos. Os autores chegaram às seguintes conclusões: 1- a microdureza da dentina na região da junção dentina-esmalte da coroa e da raiz do dente é menor que a da dentina adjacente, ou seja, a dentina dessa região é mais mole que a dentina ao seu redor; 2- a microdureza da dentina adjacente à câmara pulpar é menor do que a da dentina ao seu redor; 3- a dentina no centro da coroa tem a mesma microdureza que a dentina em volta da junção dentina-cemento na porção radicular; 4- a dentina subjacente à lesão de cárie é mais dura do que a dentina normal, enquanto a microdureza no centro da lesão é muito menor; 5- a dentina translúcida é mais dura que a dentina normal.

HILL (1959) adicionou o tensoativo amônio quaternário - Cetavlon (cetyltrimethylammonium bromide) - à solução de EDTA. O autor verificou que esta associação dava capacidade bacteriostática ao EDTA e observou também que esse novo produto amolecia a parede dentinária do canal radicular após o tempo de 3 a 5 minutos de aplicação.

MARSHALL et al (1960) dividiram as amostras de dentes em quatro grupos, a fim de estudarem a permeabilidade da dentina radicular após instrumentação, associada ou não à várias soluções irrigantes. Os dentes foram assim separados: grupo um, formado por dentes controles, que não recebiam a instrumentação mecânica, mas somente a remoção de toda a polpa com o uso do extirpa-nervos, tendo inclusive seus ápices selados com cera; grupo dois, formado por dentes que recebiam a instrumentação mecânica dos canais radiculares e eram irrigados com água corrente; grupo três, composto por dentes que recebiam o tratamento mecânico, isto é, instrumentação com auxílio de soluções irrigantes - EDTA (ØSTBY, 1957), soda clorada 5,25 por cento alternada com água oxigenada a 3,0 por cento (GROSSMAN, 1943), nitrato de prata amoniacal (HOWE, 1917), e solução aquosa de ácido sulfúrico neutralizada após um minuto de ação com bicarbonato de sódio (CALLAHAN, 1894). Finalmente, o quarto grupo, composto de dentes que tinham os seus canais radiculares instrumentados com auxílio das soluções de água oxigenada a 3,0 por cento (3,0 ml durante cinco minutos), soda clorada a 5,25 por cento (3,0 ml durante cinco minutos), nitrato de prata amoniacal (um minuto), ácido sulfúrico (um minuto) e eugenol (cinco minutos). A permeabilidade era indicada pelo uso dos radioisótopos S35, Na22, I131 e P32, sob a forma de soluções marcadas de sulfato de sódio, cloreto de sódio, iodeto de sódio isotônico e fosfato de sódio, respectivamente. Os autores concluíram que as áreas cervical e média da dentina radicular apresentavam-se permeáveis a todos os isótopos testados. Entretanto, as soluções de EDTA, eugenol e bicarbonato de sódio diminuíram a permeabilidade da dentina aos isótopos.

Von FEHR & ØSTBY (1963) recomendaram o uso de uma associação composta de EDTA e Cetavlon (tensoativo catiônico quaternário de amônio). Essa associação tinha o objetivo de diminuir a tensão superficial da solução de EDTA, facilitando sua ação no interior dos canais radiculares. Essa nova solução era mais bacteriostática e ficou conhecida como EDTAC.

PATTERSON (1963) realizou um exaustivo trabalho "in vivo" e "in vitro" sobre o efeito do EDTA e do EDTAC sobre a microdureza da dentina, usando teste de dureza "Knoop". Ele constatou que a superfície da dentina tinha sua microdureza gradualmente reduzida após a aplicação do EDTAC e que essa solução era mais eficaz do que o EDTA na limpeza do canal radicular e em relação à sua capacidade antimicrobiana. Além dessa observação, ele também constatou que a solução de EDTAC não era injuriosa aos tecidos periapicais. A diferença entre as duas substâncias, em relação às suas composições, é que o EDTAC (Cetavlon) contém uma amônia quaternária associada ao EDTA.

NAUMOVICH (1963), baseado no fato de que a tensão superficial é um dos mais importantes fatores que determinam o poder de uma determinada substância de penetrar e se espalhar sobre uma superfície, estudou duas propriedades químicas a tensão superficial e o pH de vinte e duas substâncias utilizadas na terapêutica endodôntica. O EDTA apresentou pH 7,28 e tensão superficial 54,0 dinas/cm; para a solução de EDTAC, o pH foi de 7,4 e a tensão superficial foi de 39,7dinas/cm. O pesquisador ainda sugere que as drogas que apresentam o pH muito baixo ou muito alto deveriam ser neutralizadas após o uso.

CAUDURO (1964), professor de Odontologia de Porto Alegre, publicou um Manual de Endodontia e, no capítulo destinado ao preparo dos condutos radiculares, ele cita que o EDTA é utilizado em condutos constritos e obstruídos e às vezes facilita a remoção de instrumentos fraturados. Diz também, que os componentes do EDTA têm efeito dissolvente sobre a dentina, promovendo dessa forma a sua desmineralização; portanto, deveria ser usado durante a instrumentação do conduto para reduzir o tempo necessário para o seu alargamento, facilitando a remoção dos componentes inorgânicos. Segundo o mesmo autor, a solução de EDTA é neutralizada pelos hipocloritos e pela água oxigenada e, por tal razão, não devem ser utilizadas alternadamente e, ainda comenta que o EDTA, para fazer efeito, deve permanecer no interior dos canais radiculares por pelo menos 15 minutos.

HAMPSON & ATKINSON (1964), ratificando parte dos resultados alcançados por WACH et al (1955), observaram que a região apical é a que apresenta menor penetração de radioisótopos S35 e I131. Eles observaram que a estrutura dentinária dessa região tem um aspecto mais transparente. Nesse trabalho, foram utilizadas as seguintes soluções irrigantes: cloramina, EDTA a 15 por cento, cetrimide, clorexidina, nitrato de prata amoniacal, eugenol, solução de nitrato de prata seguida de eugenol, e tricresol. Além dessas soluções, utilizaram o que poderia ser chamado de teste em branco, ou seja, a instrumentação do canal radicular sem emprego de soluções irrigantes. Resultados comparativos entre as instrumentações com e sem auxílio de soluções irrigantes, possibilitaram aos autores concluírem que a instrumentação a seco não provocava o aumento da permeabilidade, enquanto que o uso de soluções promovia aumento da permeabilidade dentinária.

WEINREB & MEIER (1965) utilizaram 160 dentes anteriores humanos para comparar a eficiência do EDTA e do ácido sulfúrico utilizados isoladamente e em associação com a instrumentação no alargamento dos canais radiculares. O resultado desse experimento mostrou que a solução de EDTA utilizada isoladamente ou em combinação com a instrumentação é muito mais eficaz que o ácido sulfúrico no processo de alargamento do canal. Os autores aconselham a troca constante do EDTA a cada três minutos, para que ele seja mais eficaz no preparo do canal radicular.

HELING et al (1965) também fizeram um estudo comparativo entre duas soluções. A pesquisa comparava a ação do EDTA e do ácido clorídrico a 20 por cento na remoção de cálcio das paredes dos canais radicualres. Observaram que a solução de EDTA preconizada por ØSTBY (1957) era tão efetiva quanto a solução de ácido clorídrico a 20 por cento na instrumentação do canal radicular.

GUTIÉRREZ & GARCÍA (1968) analizaram micro e macroscopicamente o resultado da instrumentação dos canais radiculares. Durante a instrumentação, foram utilizadas as seguintes soluções irrigantes: solução salina, hipoclorito de sódio e solução de EDTA. Os autores relataram que essas soluções irrigantes cristalizam no interior do canal radicular durante a instrumentação e interferem na espessura da obturação.

STEWART et al (1969), aproveitando as características quelantes do EDTA e a propriedade antisséptica do peróxido de uréia, preconizam uma nova solução auxiliar de instrumentação, com a consistência de creme. Os autores identificaram-na comercialmente com o nome de RC-Prep . Contém 15 por cento de EDTA, 10 por cento de peróxido de uréia e carbowax em quantidade suficiente para chegar à consistência de creme. O RC-Prep  é introduzido na câmara pulpar, e sobre ele é adicionada a soda clorada (hipoclorito de sódio a 5 por cento). Disso resulta uma reação de efervescência, com liberação de oxigênio nascente. Testes bacteriológicos mostraram que, após a instrumentação, 97,6 por cento das culturas bacteriológicas apresentavam resultados negativos ao crescimento de microrganismos.

STEWART et al (1969) verificaram, ainda, que o peróxido de uréia não permanecia estável em solução aquosa, e que o EDTA era insolúvel em água. Dessa forma, o Carbowax (polietilenoglicol) foi utilizado como veículo, pois permitia formar um creme, ao qual eram incorporados tanto o peróxido de uréia como o EDTA, em forma de pó. Esse creme constituído de peróxido de uréia , EDTA e Carbowax, apresenta-se solúvel em água, amolece à temperatura do corpo e apresenta-se estável.

Logo a seguir, COHEN et al (1970) compararam a eficiência de várias soluções, entre elas o hipoclorito de sódio a 5 por cento, o hipoclorito de sódio a 5 por cento associado à água oxigenada a 3 por cento, o peróxido de uréia em glicerina anidra (Gly-Oxide ) associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, o creme RC-Prep  associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, e o Zefirol  a 1:1000, usadas como auxiliares na instrumentação do canal radicular. O objetivo era avaliar suas ações em relação à permeabilidade dentinária. Assim, após a instrumentação, o corante azul de metileno em solução aquosa a 2 por cento era introduzido no canal radicular. A avaliação foi feita segundo o método do Índice de Permeabilidade Dentinária, preconizado por MARSHALL et al (1960). Os autores chegaram à conclusão de que a permeabilidade dos canalículos dentinários aumentava significantemente com o uso do RC-Prep  associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, tanto no terço médio do canal como na região apical.

Com base no trabalho de STEWART et al (1969), PAIVA & ANTONIAZZI (1973) preconizaram o uso de um composto cremoso, substituindo a solução de EDTA do antigo creme RC-Prep  pelo Tween 80 na mesma porcentagem, ou seja, 15 por cento. Os demais componentes permaneceram como na fórmula original: 10,0 por cento de peróxido de uréia e 75,0 por cento de Carbowax. Esse novo composto é identificado como Endo-PTC . A vantagem de incluir um detergente na fórmula do Endo-PTC , segundo os autores, é que este auxiliaria o processo de limpeza das paredes do canal radicular, diminuindo a tensão superficial do creme, permitindo que ele se espalhe de maneira mais rápida e uniforme por toda superfície do canal radicular, favorecendo o processo de limpeza pela multiplicação das superfícies de contato. De outro lado, o arranjo característico da molécula do detergente lhe confere propriedades umectantes e emulsionantes, de modo que a contaminação gordurosa do canal é adsorvida e mantida em suspensão. Além disso, também, segundo os autores, a ação do EDTA seria anulada quando associado ao hipoclorito de sódio. Eles indicaram o uso desse creme associado à solução de Dakin para a instrumentação de canais radiculares.

SEIDBERG & SCHILDER (1974) realizaram um estudo com o objetivo de determinar a propriedade química auto-limitante da solução de EDTA. Eles observaram que, quando uma quantidade em excesso da solução de EDTA era colocada sobre a dentina, aproximadamente 73 por cento dos seus componentes inorgânicos eram quelados e que a velocidade de reação era mais rápida dentro da primeira hora de aplicação, atingindo o equilíbrio em aproximadamente 7 horas. Verificaram também que, apesar de existir uma quantidade excessiva de matéria inorgânica, somente uma quantidade proporcional de toda dentina disponível poderia ser quelada quando reagindo com uma quantidade conhecida da solução de EDTA, comprovando dessa forma a propriedade química auto-limitante.

A biocompatibilidade das soluções irrigantes sobre o "coto" pulpar foi estudada por NERY et al (1974). Os autores selecionaram o soro fisiológico, a solução saturada de hidróxido de cálcio, a água oxigenada a 10 volumes, o Tergentol , a solução de Dakin, a soda clorada, o EDTAC, o EDTA, o EDTA mais peróxido de uréia, o EDTA recém-preparado, incluindo também a água destilada. Dos resultados obtidos, os autores, após exame histológico, admitiram que todas as substâncias estudadas, quando seladas no interior dos canais radiculares por 48 horas, produzem necrose do "coto" pulpar e processo inflamatório nos tecidos periapicais, de intensidade e extensão variáveis. Dentre as substâncias testadas, as menos irritantes foram: a água destilada, a água de cal, o EDTA e o EDTAC.

BAKER et al (1975) estudaram a eficácia de várias soluções irrigantes em remover os "débris" nos terços apical, médio e cervical do canal radicular através da microscopia eletrônica de varredura. As soluções testadas foram: soro fisiológico, peróxido de hidrogênio, hipoclorito de sódio alternado com peróxido de hidrogênio, Gly-oxide  associado ao hipoclorito de sódio, RC-Prep  associado ao hipoclorito de sódio, EDTA e EDTA alternado com hipoclorito de sódio. Os autores observaram que não havia diferença na eficácia em remover os "débris" de uma solução para a outra e que a remoção desse "débris" e dos microrganismos se deve principalmente à quantidade e não ao tipo de solução irrigante utilizada.

ABRAMOVICK & KALUZA (1976) estudaram, em esmalte, se a aplicação do fluoreto estanhoso modificava a ação quelante do EDTA sobre esse tecido. Essa pesquisa elucidou que a aplicação do fluoreto estanhoso no esmalte antes do tratamento com EDTA não interferia na sua ação quelante.

FRASER & LAWS (1976), pesquisando a ação do EDTA, sobre a permeabilidade dentinária, verificaram que as regiões cervical e média do canal radicular sofriam ação quelante, mas a dentina da região apical permanecia inalterada.

ROBAZZA & ANTONIAZZI (1976) analisaram o índice de permeabilidade dentinária após o uso das seguintes soluções auxiliares da instrumentação de canais radiculares: EDTA, água oxigenada a 10 volumes e Tergentol . A permeabilidade dentinária radicular foi evidenciada por uma solução de azul de metileno a 0,5 por cento durante um período de 24 horas. A quantificação da permeabilidade foi realizada pelas duas formas propostas por MARSHALL et al (1960). Os autores concluíram que existe diferença estatística na obtenção do índice da permeabilidade dentinária pelas formas propostas.

O efeito da solução de EDTAC nas paredes do canal radicular foi investigado por GOLDBERG & ABRAHAM (1977). Eles instrumentaram o canal radicular de seis dentes incisivos centrais superiores, e em seguida fizeram um corte no sentido longitudinal dividindo o dente ao meio, obtendo dessa forma 12 secções. Uma secção de cada dente era tratada com a solução de EDTAC durante 15 minutos e a outra secção era utilizada como controle. As hemissecções utilizadas como controle não recebiam nenhum tipo de solução após a instrumentação. Concluída essa fase, os dentes eram lavados e analisados em um microscópio eletrônico de varredura. Os autores observaram que as secções controle apresentavam, na superfície da dentina, uma grande quantidade de fendas e fissuras, geralmente cobertas por um material amorfo e granular. Esse material obliterava parcialmente ou totalmente os canalículos dentinários. Já nas hemis-secções que sofreram a ação do EDTAC, a superfície dentinária apresentava-se com uma textura lisa. Os canalículos dentinários eram bem circulares e regulares, com o diâmetro bem maior do que aqueles do grupo controle.

KAUFMAN et al (1978), baseados em suas pesquisas anteriores, compararam as propriedades quimioterápicas do Salvizol  e EDTAC. A conclusão desse experimento é que o Salvizol  se sobressai à solução de EDTAC no que diz respeito à ação bactericida, fungicida, biocompatibilidade com os tecidos e principalmente no poder de ação no terço apical do canal radicular.

Nova pesquisa comparando as ações quelantes do EDTA, RC-Prep  e Salvizol  foi realizada por RAM (1980). Ele dividiu os dentes em dois grupos. No primeiro grupo, os dentes eram divididos ao meio e tratados com as soluções quelantes testadas. No segundo grupo, antes dos dentes serem seccionados, eles eram instrumentados utilizando os agentes quelantes como solução irrigante. O Salvizol foi a solução que melhor quelou ions no primeiro grupo, ou seja, sem instrumentação. No segundo grupo, o melhor efeito quelante foi obtido pela solução de EDTA.

BRÄNNSTRÖM et al (1980) estudaram o efeito do EDTA na morfologia da dentina humana em diferentes concentrações, associado ou não a uma solução bactericida (cloreto de benzalcônio). Para isso, eles utilizaram 132 dentes que foram extraídos para tratamento ortodôntico. Os dentes, antes da extração, eram preparados com pontas diamantadas em alta rotação sob refrigeração a água ou a ar. O resultado mostrou que a combinação do EDTA com a solução bactericida foi eficaz na remoção da maioria da camada de "smear" produzida durante o preparo. Isso acontecia sem excessiva abertura dos canalículos dentinários e sem remover dentina pericanalicular. A limpeza do canal radicular era melhor quando as substâncias eram usadas em combinação do que quando usadas separadamente. Não foi observada diferença estatística entre a capacidade de limpeza sob refrigeração a ar e a água. As soluções contendo 0,15 e 0,20 por cento de EDTA foram mais efetivas na remoção do "smear" que a solução contendo 0,10 por cento. Ótimos resultados foram obtidos com a solução de EDTA a 0,2 por cento.

CURY et al (1981) estudaram a ação desmineralizadora do EDTA em diferentes pH. Nesse estudo, usaram uma solução de EDTA a 0,3 M, preparada com diferentes pH (5,0 - 6,0 - 7,0 - 8,0 e 9,0). Essas soluções atuaram em dentina, da qual, a seguir, analisou-se a quantidade de fósforo liberado. Como conclusão, verificaram que a ação desmineralizadora do EDTA é influenciada pelo pH da solução. O maior efeito desmineralizador foi observado entre pH 5 e 6.

GOLDMAN et al (1981) verificaram a eficiência em remover a camada de "smear" de três soluções irrigantes utilizadas em Endodontia. As soluções testadas foram: hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, EDTA e um tensoativo. A microscopia eletrônica de varredura evidenciou que somente a solução de EDTA foi capaz de remover a camada de "smear".

CRABB (1982) investigou, por meio da microscopia eletrônica de varredura, a capacidade de várias soluções irrigantes em promover a limpeza dos canais radiculares, quando das suas instrumentações com auxílio de uma unidade ultra-sônica. Eles observaram que a solução de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento foi a mais efetiva na remoção de "débris" dos canais radiculares do que a solução de Salvizol  a 0,5 por cento e o EDTA a 15,0 por cento.

GOLDBERG & SPIELBERG (1982), também através da microscopia eletrônica de varredura, analisaram o efeito da solução de EDTAC nas paredes do canal radicular em diferentes tempos de atuação. Os pesquisadores concluíram que o EDTAC começa a surtir efeito após 5 minutos de atuação, alcançando seu efeito máximo em 15 minutos. Após esse tempo, mesmo mantendo a solução em contato com a dentina, não aumentava o seu efeito quelante.

GOULART et al (1982) realizaram experiências "in vitro" para estudar a atividade antimicrobiana dos seguintes agentes quelantes de uso endodôntico: RC-Prep , Endo-PREPSEM  e três diferentes marcas comerciais de EDTA. O paramonoclorofenol canforado (PMCFC) foi utilizado como padrão. A avaliação da atividade antimicrobiana foi feita pelo método de difusão em agar (MOLLER, 1966). Para avaliar a atividade antimicrobiana dessas substâncias, foram utilizadas amostras de cinco microrganismos isolados de canais radiculares humanos. Foi determinada também a relação existente entre "tempo" e "atividade antimicrobiana" em intervalos de 10, 15, 20 e 30 minutos. Os resultados obtidos permitiram concluir que, nas condições experimentais, os quelantes comumente utilizados na realização do tratamento endodôntico têm ação antimicrobiana semelhante à do PMCFC e que essa atividade é "tempo-dependente".

YAMADA et al (1983), com auxílio da microscopia eletrônica de varredura, correlacionaram a instrumentação com diferentes volumes de diversas soluções irrigantes, como a solução salina (controle), o hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, o EDTA a 17,0 por cento e a 8,5 por cento, e o ácido cítrico a 25,0 por cento. Os resultados mostraram que, quando a solução salina foi usada antes e depois da instrumentação, a presença de "débris" era grande, tanto na região coronária como na apical; quando foram empregados 20 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento na irrigação final, a superfície das paredes do canal apresentou-se limpa e lisa. Entretanto, a fotomicrografia obtida com grande ampliação revelou a presença da camada de "smear" típica, de uma estrutura amorfa, preenchendo os canalículos dentinários; o uso de 20 ml de EDTA a 17,0 por cento evidenciou a presença de "débris" na região apical; o uso de 20 ml de ácido cítrico a 25,0 por cento apresentou resultados variáveis em função do número de canais. A associação de 10 ml de EDTA a 17 por cento com 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento revelou-se mais eficiente na remoção da camada de "smear", apresentando inclusive grande eficiência na remoção de "débris" superficiais. Além disso, as fotomicrografias mostram uma real limpeza do canal principal na região apical, porém com pequena quantidade de "débris" nos canalículos dentinários; uma segunda combinação, de 10 ml de EDTA a 8,5 por cento seguida por 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, também se mostrou eficiente na remoção da camada de "smear". Porém, essa combinação não foi tão eficiente quanto a anteriormente citada. As fotomicrografias mostraram inclusive a presença de cristais. A análise desse trabalho evidencia que o estudo das soluções quanto às suas capacidades de limpeza não é inédito, porém apresenta riqueza de detalhes mostrados pelas fotomicrografias.

BRANCINI et al (1983) analisaram o poder de limpeza de algumas soluções irrigantes, com o auxílio da microscopia eletrônica de varredura. Utilizaram, para essa investigação, 26 caninos humanos recém-extraídos. Os canais foram instrumentados e irrigados com as seguintes soluções: EDTA, ácido cítrico a 1,0 por cento, Tergentol , Dehyquart A  e solução de Dakin. Após esses procedimentos, os dentes foram seccionados longitudinalmente e preparados para análise em microscópio de varredura. Os autores concluíram que a eficiência de limpeza das soluções irrigantes obedece à seguinte ordem decrescente: EDTA, ácido cítrico, Dehyquart A , Tergentol  e solução de Dakin. Não foi constatada diferença estatística em relação ao poder de limpeza das soluções irrigantes nos terços cervical, médio e apical.

CAMERON (1984), através da instrumentação ultra-sônica, preparou trinta e dois dentes humanos com canais atrésicos. A instrumentação dos canais foi auxiliada com a mistura do creme RC-Prep  e hipoclorito de sódio a 3 por cento. A microscopia eletrônica de varredura mostrou que a solução irrigante testada não foi capaz de remover os "débris" e nem a camada de "smear" das paredes do canal radicular.

DOW (1984) fez uma breve revisão da literatura com o título de "EDTA- tempo para re-avaliação". Nesse artigo, o autor comenta que a solução de EDTA é sem dúvida um eficiente agente quelante e a reação química auto-limitante ocorre independentemente da quantidade utilizada. Ele ainda expõe sua opinião dizendo que com o tempo, as pesquisas têm demonstrado a eficiência da solução de EDTA como agente quelante na prática odontológica.

PAIVA & ANTONIAZZI (1984) afirmaram que, para a utilização do EDTA, "deve-se ter em conta que não pode existir na cavidade do dente qualquer traço de substância química que possua pH diferente do neutro, já que alteraria a capacidade de quelação desejada". Afirmaram ainda que o EDTA deve ser neutralizado com solução de Dakin ou de Milton , fazendo uma irrigação lenta, dispendendo cerca de 5 ml da solução.

GOLDBERG et al (1984) compararam, por meio da microscopia eletrônica de varredura, as ações das soluções de EDTAC e Salvizol  sobre as paredes do canal radicular. O tempo de ação para cada solução foi de 15 minutos. Os resultados demonstraram que a solução de EDTAC possui uma maior capacidade de remover a camada de "smear" das paredes do canal radicular do que a solução Salvizol .

BYSTRON & SUNDQVIST (1985) verificaram a ação antimicrobiana da solução de hipoclorito de sódio e EDTA em 60 casos de tratamento endodôntico em dentes infectados. Observaram que não havia diferença entre a ação antimicrobiana das soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5 e 5 por cento. O uso combinado de uma solução de EDTA e hipoclorito de sódio a 5 por cento apresentava-se mais eficaz do que quando se usava somente a solução de hipoclorito de sódio.

PÉCORA (1985) estudou a permeabilidade da dentina radicular em caninos humanos, após a instrumentação manual dos canais radiculares com o uso de diversas soluções irrigantes, tais como a solução de Dakin, a solução de Milton , a soda clorada, a soda clorada alternada com água oxigenada, o EDTA, o RC-Prep  mais soda clorada, o Tergentol -Furacin , o Endo-PTC  neutralizado com solução de Dakin e água como controle. A permeabilidade da dentina radicular foi estudada por meio de cortes transversais dos dentes, com a adoção de um método histoquímico proposto por ROSELINO (1983) para a sua evidenciação. A quantificação dos níveis de permeabilidade foi realizada pela análise morfométrica. Com base nos resultados, concluiu-se que as soluções halogenadas e a de EDTA foram as que mais aumentaram a permeabilidade da dentina radicular

LINDEMANN et al (1985) estudaram a permeabilidade dentinária e a resposta do tecido pulpar à solução de EDTA. Eles observaram que a solução de EDTA possui toxicidade desprezível ao tecido pulpar quando aplicada sobre a dentina intacta. Isso porque o EDTA não se difunde pelos canalículos dentinários. Porém, os autores recomendam cautela quando aplicar o EDTA em dentes com suspeita de exposição do tecido pulpar.

SOARES et al (1986) realizaram "in vivo" avaliação do EDTA como solução irrigante de canais radiculares em dentes humanos com mortificação pulpar e comprovadamente contaminados. Cinqüenta dentes unirradiculares foram instrumentados e irrigados exclusivamente com uma solução de EDTA a 15 por cento. Os controles microbiológicos foram realizados imediatamente depois da preparação cirúrgica e apresentaram 80 por cento de culturas negativas. A permanência de EDTA como medicação temporária durante 24 horas promoveu 96 por cento de culturas negativas. Nenhum caso apresentou dor pós-operatória. Eles recomendaram o EDTA como solução irrigante de canais radiculares.

BERG et al (1986) compararam a ação de cinco soluções irrigantes sobre as paredes do canal radicular através da microscopia eletrônica de varredura. Vinte e cinco dentes foram instrumentados e irrigados com as seguintes soluções: Salvizol , hipoclorito de sódio, Gly-Oxide  em combinação com hipoclorito de sódio e EDTA. Uma solução salina foi utilizada como controle. Para avaliação, os dentes foram seccionados ao meio e analisados no microscópio. Os resultados, baseados na análise estatística de variância, demonstraram que as soluções de Salvizol , hipoclorito de sódio, solução salina e a mistura de Gly-Oxide  com hipoclorito de sódio não removeram a camada de "smear" das paredes dos canais radiculares. O EDTA foi a solução irrigante mais eficiente para essa tarefa.

NUNEZ et al (1987) investigaram a presença de restos inorgânicos e orgânicos no interior do canal radicular de 30 dentes extraídos, depois de serem submetidos à instrumentação ultra-sônica e de serem irrigados com três soluções distintas: solução fisiológica, irrigação alternada com hipoclorito de sódio a 5 por cento e água oxigenada a 3 por cento, e com EDTAC. Os autores concluíram que a instrumentação ultra-sônica com o hipoclorito de sódio alternado com água oxigenada e o EDTAC foram efetivos na remoção de restos orgânicos e inorgânicos do interior do canal radicular.

ZUOLO et al (1987) estudaram o efeito do EDTA e sua associação com tensoativos aniônicos e catiônicos na permeabilidade da dentina radicular de incisivos superiores humanos extraídos, e utilizaram o método histoquímico de ROSELINO (1983) para avaliar a permeabilidade dentinária radicular. A associação mais eficiente na promoção do aumento da permeabilidade foi a de EDTA associado a um tensoativo catiônico (EDTAC).

BAUMGARTNER & MADER (1987) verificaram, por meio da microscopia eletrônica de varredura, a capacidade de quatro soluções irrigantes em promover a limpeza de canais radiculares. Eles constataram que a camada de "smear" estava presente nas superfícies de canais radiculares irrigados com solução salina e com hipoclorito de sódio. O EDTA apresentou-se eficaz na remoção da camada de "smear" e em expor os orifícios dos canalículos dentinários. O hipoclorito de sódio removeu polpa remanescente e pré-dentina das superfícies de canais radiculares que não foram instrumentados, enquanto que o EDTA e a solução salina deixavam polpa remanescente e pré-dentina. Eles concluíram que a combinação de hipoclorito de sódio com a solução de EDTA removia completamente a camada de "smear" e a polpa remanescente de canais radiculares durante a instrumentação, e a polpa e pré-dentina das superfícies de canais radiculares não instrumentados.

GUIMARÃES et al (1988) realizaram pesquisa sobre a tensão superficial de várias soluções auxiliares na instrumentação dos canais radiculares, pelo método de ascensão capilar. Das substâncias analisadas, o lauril-sulfato-de-sódio a 0,1 por cento apresentou a mais baixa tensão superficial. A adição de tensoativos ao EDTA reduziu sensivelmente sua tensão superficial. A solução de EDTA proposta por  STBY (1957) apresenta tensão superficial de 69,25 dinas/cm e a adição de 0,1 por cento de Cetavlon fez com que essa tensão superficial caísse para 33,92 dinas/cm.

MOURA et al (1988) avaliaram "in vitro" a permeabilidade dentinária radicular em dentes irrigados com hipoclorito de sódio a 1 por cento associado ao creme de Endo-PTC  durante a instrumentação e lavagem final com solução de Tergentol -Furacin , seguida ou não do emprego final de EDTAC. Os autores constataram que não houve diferença estatística significante em relação à permeabilidade dentinária frente ao uso ou não do EDTAC.

PEREZ et al (1989) analisaram o processo dinâmico da desmineralização da dentina por meio do EDTA. Eles observaram que o pH da solução de EDTA no interior da cavidade pulpar diminui à medida que ocorre a desmineralização. O aumento na concentração do EDTA de 0,1 mol/l para 0,5 mol/l causa maior acumulação ácida e maior taxa de desmineralização. A eficiência da solução de EDTA diminui com o aumento do tempo de contato com a dentina, provavelmente pela liberação ácida do EDTAHNa (que é a forma predominante no pH neutro). Nenhum EDTA estudado reage após poucas horas. Trata-se da propalada "auto-limitação" do EDTA, que pode ser devida à acidificação da sua solução.

CIUCCHI et al (1989) compararam a eficiência de diferentes procedimentos de irrigação na remoção da camada de "smear" por meio da microscopia eletrônica de varredura. Foram utilizados nos experimentos 40 canais curvos preparados manualmente "in vitro" e irrigados copiosamente com hipoclorito de sódio a 3 por cento. Dez canais foram usados como controle. Os 30 restantes foram distribuídos em três grupos que foram subseqüentemente irrigados do seguinte modo: ultra-som com hipoclorito de sódio, EDTA, e ultra-som com EDTA. Os autores observaram que a irrigação com hipoclorito de sódio deixa camada de "smear" nas paredes dos canais radiculares. O uso do aparelho de ultra-som com hipoclorito de sódio remove moderadamente essa camada, enquanto que a irrigação com EDTA produz, quase sempre, superfícies livres de "smear". Eles notaram que a associação do uso de EDTA com ultra-som não aumentou a capacidade do agente quelante em remover a camada de "smear".

PROKOPOWITSCH et al (1989) analisaram as possíveis variações da porcentagem de penetração dentinária radicular do corante azul de metileno no terço apical em cinqüenta dentes humanos extraídos. Os dentes foram instrumentados manualmente, utilizando-se como coadjuvante as seguintes soluções irrigantes: soro fisiológico, Tergentol -Furacin , hipoclorito de sódio a 1,0 por cento (solução de Milton ), Endo-PTC  e EDTA-T (ácido etilenodiaminotetracético associado ao Tergentol ). Após, os dentes foram seccionados no sentido longitudinal para avaliação do grau de infiltração. Dentro das condições experimentais estabelecidas, os autores concluíram que não houve diferença estatisticamente significante entre os valores das médias de penetração do corante em relação à hemissecção do terço apical, entre a associação de Tergentol  e Furacin  e o EDTA-T, como também entre o Endo-PTC  e o EDTA-T.

GENGIZ et al (1990) investigaram "in vitro" e por meio de microscopia eletrônica de varredura a capacidade da remoção da camada de "smear" proporcionada pelas seguintes soluções: salina, EDTA a 15 por cento e do EDTA a 15 por cento seguido de irrigação de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento. Eles utilizaram 20 mililitros de cada solução irrigante, sendo que para a irrigação com EDTA seguida de hipoclorito de sódio, utilizaram 10 mililitros de cada solução com o objetivo de manter a mesma quantidade de líqüido irrigante. Essa investigação possibilitou as seguintes conclusões: a) a camada de "smear" é formada durante a instrumentação dos canais radiculares; b) a irrigação do canal radicular com a solução de EDTA seguida da irrigação com a solução de hipoclorito de sódio possibilitou a obtenção de canais radiculares com menos "smear" do que quando irrigados somente com EDTA.

PÉCORA et al (1990) apresentaram um método histoquímico para detectar a ação quelante do EDTA na dentina radicular. Para isso, eles instrumentaram incisivos centrais superiores humanos extraídos, irrigando-os com uma solução de Dakin. Na realização do ensaio histoquímico, procedeu-se à adaptação do método de FEIGL (1958). Os dentes foram imersos em uma solução de sulfato de níquel a 5 por cento durante 30 minutos. Após serem secos, foram divididos em dois grupos: a) grupo controle - onde eram imersos em um recipiente contendo uma solução alcoólica de Dimetilglioxima a 1,0 por cento; b) grupo experimental - os dentes eram imersos em uma solução de EDTA por 30 minutos e em seguida em uma solução de Dimetilglioxima. Finda essa etapa, os dentes de ambos os grupos eram removidos do recipiente e secados, para serem seccionados sagitalmente de milímetro em milímetro. Os autores concluíram que a solução de EDTA penetra no interior dos canalículos dentinários quelando íons de níquel e pode ser revelado pela reação Níquel-Dimetilglioxima.

SAQUY (1991) investigou, por meio de dois métodos químicos e um físico, o efeito quelante da uma solução de EDTA, associado ou não à solução de Dakin. O primeiro método químico constatou a quelação de íons metálicos pelo EDTA; o segundo determinou a concentração de cálcio complexado pelo EDTA através de espectrofotometria de chama. O método físico utilizado foi o de avaliar a microdureza da dentina após a aplicação das soluções testadas. Os resultados obtidos possibilitaram ao autor concluir que tanto a solução de EDTA como a associação dessa solução com a solução de Dakin são capazes de quelar íons cálcio e diminuir a microdureza da dentina. Esse trabalho deixa claro que a ação quelante do EDTA não é inativada pela sua associação com o hipoclorito de sódio.

PÉCORA (1992) estudou as ações das soluções de Dakin (hipoclorito de sódio a 0,5 por cento) e de EDTA a 15 por cento usadas de forma isoladas, alternadas e misturadas durante a instrumentação de canais radiculares, sobre a evidenciação da permeabilidade dentinária radicular. A água destilada foi usada como controle. Utilizaram-se 10 incisivos centrais superiores humanos recém-extraídos para cada solução irrigante e os dentes foram irrigados com 10,8 ml de cada uma delas. Nos casos de uso alternado, utilizaram-se 5,4 ml de cada solução e no caso de mistura, na proporção de 1:1, utilizaram-se 10,8 ml. O indicador da permeabilidade dentinária radicular foi os ions cobre de uma solução de sulfato de cobre a 10 por cento e o revelador dos ions cobre foi o ácido rubeânico. A análise estatística dos resultados mostrou que a água tem menor efeito sobre a evidenciação da permeabilidade dentinária que as demais soluções. As soluções de Dakin e EDTA promoveram aumentos da evidenciação da permeabilidade dentinária de modo estatisticamente semelhante entre si, porém maior que a água. Os usos das soluções de Dakin e de EDTA, quer alternadas, quer misturadas, promoveram aumento da evidenciação da permeabilidade dentinária maior do que os usos dessas soluções de modo isolado, porém de forma estatisticamente semelhante entre si.

AKTENER & BILKAY (1993) investigaram, por meio da microscopia eletrônica de varredura, o efeito do EDTA e de uma mistura de EDTA com etilenodiamina sobre a remoção da camada de "smear", durante a instrumentação dos canais radiculares. Os autores concluíram que a mistura do EDTA com o solvente orgânico etilenodiamina favorece a remoção da camada de "smear", pois enquanto o EDTA atua nos componentes inorgânicos, o etilenodiamino atua sobre os componentes orgânicos do magma dentinário.

As pesquisas citadas neste capítulo foram desenvolvidas com objetivos variados, grande parte deles com interesse maior centrado no problema da instrumentação de canais atrésicos, na investigação da ação quelante do EDTA e do EDTAC e na capacidade dessas soluções em promover a limpeza dos canais radiculares. Poucas pesquisas verificaram a capacidade dos agentes quelantes em alterar a microdureza da dentina.



 

PROPOSIÇÃO

A literatura consultada evidenciou poucos estudos sobre a ação de agentes quelantes sobre a microdureza da dentina radicular, apesar de ser grande o seu uso em Endodontia . Assim, o presente trabalho propõe-se a verificar a ação da solução de EDTAC sobre a microdureza da dentina radicular (cervical, média e apical) após decorridos os tempos de 00, 02, 03, 05, 07 e 10 minutos após a sua aplicação.
 


MATERIAL E MÉTODO

1-Preparo dos corpos de prova para a leitura da microdureza.

Foram utilizados cinco incisivos centrais superiores humanos extraídos e conservados em timol a 0,1 por cento e a 9 graus centígrados até o momento do uso. Esses dentes tiveram suas coroas seccionadas na junção esmalte-cemento e, a seguir, as raízes foram incluídas em acrílico de rápida polimerização, a fim de formar um bloco (Figura 01) que possibilitasse sua adaptação em uma máquina de corte (Figura 02).

As raízes foram seccionadas no sentido transversal em uma máquina de corte dotada de um disco diamantado com 500 micrometros de espessura. Durante a secção das raízes, o disco diamantado e o bloco de acrílico que as continha eram refrigerados com jatos constantes de água, a fim de evitar a queima do acrílico e da dentina. Um relógio micrométrico, acoplado à máquina de corte, permitia o avanço de 1 em 1 milímetro, obtendo-se assim cortes do tecido radicular com essa espessura e ainda inclusos em acrílico (Figura 01-2). Cada uma das raízes possibilitou, em média, a obtenção de 09 cortes (Figura 01-3), ou seja, três cortes para cada região (cervical, média e apical). Nessa fase, removia-se a camada de acrílico que permanecia em volta dos cortes da raiz e os colocava em uma placa de Petri que continha uma gaze umidecida em água. Os cortes eram dispostos em uma seqüência que começava pelo primeiro corte da região cervical e terminava no último corte da região apical.

Figura 01 1) raiz incluída em acrílico de rápida polimerização; 2) corte da raiz com a camada de acrílico, após secção transversal; 3) cortes da dentina de uma única raiz sem a camada de acrílico

Figura 02. Equipamento para secção das raízes: A) disco de separação diamantado; B) relógio micrométrico; C) garras para prender a peça acrílica com a raiz incluída; D) refrigeração a água; E) protetor; F) reservatório para captação e drenagem da água; G) motor de baixa e média rotação

Os cortes foram escolhidos de modo padronizado, ou seja, o segundo corte de cada região, obtendo-se assim um corte da região cervical, um da região média e outro da região apical. Após a escolha dos cortes, 3 de cada raiz, foram eles incluídos em um bloco de acrílico, com a superfície superior de cada corte, referente aos terços cervical, médio e apical respectivamente, voltada para o exterior, para formar um corpo de prova (Figura 03).

Figura 03 Corte da raiz incluído em acrílico, para a medida da microdureza

Após a inclusão do corte da raiz no bloco de acrílico, o conjunto foi lixado com lixas d'água de granulações 400, 500 e 600 sob água corrente e, em seguida, polido em uma politriz (Struers-Dinamarca), dotada de disco de feltro (Figura 04), associada a uma pasta de alumínio (Alpha micropolish 10 - Union Carbide).

O polimento da superfície dentinária era controlado pelo exame visual através de uma lupa, com aumento de 30X. Esse polimento só era considerado adequado à realização do teste de microdureza dentinária quando sua superfície apresentava-se sem riscos ou irregularidades. Os corpos de prova da dentina incluídos nos dispositivos de acrílico eram então colocados em um recipiente com água destilada e deionizada, ali permanecendo até o momento da leitura de microdureza.

Para cada dente, eram obtidos 3 corpos de prova adequados para serem levados ao aparelho de medição de microdureza. Os corpos de prova assim preparados apresentavam as suas superfícies lisas e planas.

Figura 04 Politriz (Struers), dotada de disco de feltro para polimento

2-Preparo da solução de EDTAC

A solução de EDTAC utilizada neste experimento foi aviada no Laboratório de Pesquisa de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP-USP), preparada a partir da solução de EDTA proposta por  STBY (1957): ácido etilenodiaminotetracético sal dissódico 17,0 g, água destilada 100,0 ml e hidróxido de sódio 5N 9,8 ml

A solução de EDTA foi aviada como segue:

Em um béquer para 200 ml, pesaram-se 17 gramas do sal dissódico do ácido etilenodiaminotetracético (Merck) e adicionaram-se 100 ml de água destilada deionizada. A solução formada, de cor branca, foi agitada com um bastão de vidro, gotejando-se lentamente o hidróxido de sódio 5N (Merck), até se obter pH 7,3, quando a solução branca se tornava límpida e transparente. O pH foi aferido por meio de um pH-meter Digimed.

O preparo da solução de EDTAC foi realizada do seguinte modo:

Em um béquer, pesou-se 0,1 grama de cetavlon (cetyltrimethylammonium bromide - Merck) e adicionou-se 1 ml de álcool 96 GL, o suficiente para a total dissolução do pó.

Esta solução foi adicionada à solução de EDTA, previamente preparada. Obtendo-se assim, a solução de EDTAC, com pH 7,3.

A seguir, a solução foi filtrada em papel e colocada em um recipiente plástico, dotado de batoque e tampa, sendo posteriormente guardada em local isento de luz, até o momento do uso.

3- Medida da microdureza

Para medir a microdureza da dentina, usou-se um aparelho de dureza Vickers, marca Wolpert, de procedência alemã
(Figura. 05).

A carga utilizada foi de 50 gramas, aplicada durante 15 segundos (CANEPA et al, 1993).

Os cortes preparados eram levados ao aparelho de microdureza e, para que eles se posicionassem sempre no mesmo lugar, de modo a se analisar sempre a mesma área, foi confeccionado um dispositivo de plástico com várias referências que deveriam coincidir com os referenciais feitos na mesa do aparelho de microdureza.

Inicialmente, lia-se a microdureza do corte de dentina submetido à ação da água destilada e deionizada, ou seja, sem o ataque do EDTAC, para se obterem os dados referentes à microdureza da dentina normal (controle - tempo zero).

Posteriormente, lia-se a microdureza após o tempo de ação de 01, 02, 03, 05, 07 e 10 minutos do EDTAC sobre essa dentina.

Para aplicar a mesma quantidade de EDTAC, em todos os corpos de dentina, utilizava-se uma micropipeta automática de 20 µl.

O EDTAC era aplicado por um minuto sobre o corte de dentina, o qual, em seguida, era lavado em água corrente por um minuto. Depois, o corte de dentina era seco com gaze e colocado no aparelho de microdureza, sempre no mesmo local, fato esse permitido pelo dispositivo de plástico já mencionado. Após essa leitura, aplicava-se mais um minuto de EDTAC, completando desse modo dois minutos de ação do agente desmineralizador. Seguia-se nova lavagem em água corrente, e lia-se a microdureza. Procedendo do mesmo modo, determinou-se a microdureza da dentina após todos os tempos de ação do EDTAC propostos neste experimento.

A aplicação da carga de 50 gramas fazia com que a ponta de diamante do aparelho de dureza penetrasse na dentina formando mossas, como as observadas na Figura 06.

Figura 05 Aparelho para medida da microdureza Vickers (Wolpert-Alemanha)

O comprimento das diagonais dessas mossas era anotado e, a seguir, transformado em dureza Vickers, segundo uma tabela de transformação. Quanto maior o comprimento das diagonais, tanto menor a microdureza da dentina.

A medida da microdureza começava na dentina próxima à luz do canal e caminhava em direção ao cemento.

A distância entre a luz do canal e o cemento foi dividida em três partes: a próxima a luz do canal radicular recebeu o nome de parte interna. A região próxima ao cemento recebeu o nome de parte periférica e a compreendida entre a parte interna e a parte periférica recebeu o nome de parte central.

Em todos os cortes, quer da região cervical, média ou apical, fizeram-se 15 leituras, ou seja, cinco para a parte interna, cinco para a parte central e cinco para a parte periférica, para cada tempo de ação do EDTAC. Obtendo-se ao final da leitura de todos os corpos de prova, 1575 medidas, sendo 315 de cada dente, portanto 105 medidas para cada terço estudado. De cada 5 medidas de microdureza da parte interna, central e periférica, tirou-se uma média aritmética para expressar a microdureza de cada parte.

Figura 06 Fotomicrografia do tecido dentinário mostrando as mossas decorrentes da aplicação da carga de 50 gramas.


RESULTADOS

Os dados experimentais desse trabalho consistiram em 1.575 valores numéricos resultantes das medidas da microdureza da dentina em diferentes tempos de ação do ácido diaminotetracético sal dissódico, associado ao Cetavlon (EDTAC).

As medidas obtidas diretamente no aparelho de microdureza eram transformadas com auxílio de uma tabela de dureza Vickers, nos valores numéricos originais (ver apêndice). Desses dados amostrais, agora já transformados, relativos às distâncias (interna, central e periférica), nos terços da raiz (cervical, médio e apical) e nos tempos de ação da solução de EDTAC (00, 01, 02, 03, 05, 07 e 10 minutos), era feita uma média para cada cinco leituras (Tabela I).

TABELA I - Tabela das médias gerais dos dados (Dureza Vickers)

EDTA C:

TEMPOS

TERÇOS DA RAIZ
(minutos) CERVICAL MÉDIO APICAL
  Distâncias Distâncias Distâncias
    I C P I C P I C P
  1 55,00 59,90 63,36 40,70 51,94 58,80 46,22 52,54 52,26
  2 51,52 59,60 62,52 40,86 50,66 58,08 36,80 48,36 51,78
00 3 53,00 66,90 72,84 46,10 53,12 58,48 37,94 44,62 48,08
  4 59,32 64,74 77,10 44,48 51,20 55,70 41,00 43,34 49,34
  5 54,08 61,32 62,14 38,56 42,56 45,86 41,20 43,82 48,88
                     
  1 50,96 43,68 52,36 37,18 47,16 56,80 41,62 47,32 52,46
  2 51,52 55,46 60,26 36,98 46,26 55,90 34,48 43,76 48,66
01 3 46,88 57,64 69,94 41,58 46,70 48,16 34,74 43,02 45,32
  4 57,74 63,52 68,26 42,74 46,40 50,48 35,44 42,48 46,40
  5 52,52 60,36 60,82 34,50 38,86 42,34 39,68 41,60 43,18
                     
  1 44,60 38,04 47,54 35,56 43,70 54,24 35,40 37,88 50,36
  2 49,82 57,38 59,14 34,66 40,74 49,14 29,92 36,08 42,30
02 3 38,94 53,96 62,98 41,90 45,68 49,22 33,92 40,04 44,06
  4 49,30 55,98 63,40 39,30 41,88 44,66 33,44 37,32 44,12
  5 49,78 58,24 59,76 31,60 38,04 41,70 35,22 38,58 41,06
                     
  1 36,52 39,64 47,06 31,62 40,78 48,26 32,46 36,06 41,96
  2 46,00 54,34 59,40 32,38 38,58 43,90 27,76 35,18 42,32
03 3 38,02 48,54 61,12 40,08 43,50 48,50 31,52 37,62 42,02
  4 48,44 55,28 62,98 35,68 38,62 43,42 31,00 35,80 41,12
  5 47,30 54,22 59,20 29,78 33,04 36,62 38,28 38,44 40,20
                     
  1 34,96 36,84 48,08 27,30 40,56 47,86 24,38 28,98 39,14
  2 42,80 50,60 59,66 26,64 31,58 38,66 30,82 33,58 42,28
05 3 29,84 43,94 57,98 38,50 41,56 45,62 30,36 36,78 40,14
  4 42,74 51,32 62,62 33,36 35,68 42,04 28,54 32,74 36,54
  5 39,42 50,56 56,20 26,86 29,58 34,44 25,48 28,80 34,40
                     
  1 24,78 28,38 42,68 22,24 36,18 46,74 22,94 25,10 31,20
  2 38,90 45,82 56,68 22,62 25,02 30,08 22,32 26,06 32,48
07 3 26,04 33,70 47,68 35,54 38,16 42,24 26,70 32,12 39,06
  4 37,18 49,86 56,34 26,50 31,34 35,76 24,78 27,14 32,60
  5 32,96 43,30 49,28 25,06 28,04 31,68 24,42 28,12 29,64
                     
  1 21,62 26,90 36,48 22,54 38,26 46,92 18,98 22,52 28,40
  2 35,18 35,02 45,78 18,06 21,56 24,80 19,32 22,80 30,10
10 3 20,38 31,52 45,24 30,74 35,96 39,62 21,12 23,80 36,00
  4 36,84 46,40 54,80 24,06 27,52 34,42 21,38 24,84 27,68
  5 30,68 36,48 43,62 23,28 25,58 28,04 22,68 25,32 28,10
Por se tratar de medidas de dureza, os valores com números quebrados foram aproximados, obtendo-se assim um arquivo de dados somente com números inteiros.

Usando esse arquivo de dados da Tabela I, foram realizados testes preliminares, por meio de um programa de computador "software" estatístico, elaborado pelo Prof. Dr. Geraldo Maia Campos, do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, USP (GMC "software", versão 6.0), visando verificar a normalidade e a homoscedasticidade da distribuição amostral, a fim de definir o tipo de estatística a ser utilizado (estatística paramétrica ou não paramétrica).

Para se chegar a um resultado foram necessárias seis etapas, nas quais se calculavam os parâmetros amostrais, fazia-se a distribuição das frequências acumuladas das curvas experimental e normal matemática, além de traçar o histograma de frequências em intervalos de classe medidos pelo desvio padrão da amostra, realizar a projeção aritmético-normal das frequências acumuladas em gráfico, e verificar a homoscedasticidade amostral pelo teste de Cochran. Esses testes serão expostos a seguir:

1- Parâmetros amostrais.

Pela Tabela II, observa-se que houve uma quantidade considerável de valores situados no intervalo de classe a que pertence a média amostral (143), e uma quase-simetria da distribuição dos dados em torno da média (80 dados abaixo contra 92 acima da média). Esses parâmetros falam em favor de uma distribuição normal.

TABELA II - Parâmetros amostrais dos dados originais.

Soma dos dados amostrais: 0,0000
Soma dos quadrados dos dados: 6230,3994
Termo de correção: 0,0000
Variação Total: 6230,3994
Mádia geral da amostra: 0,0000
Variancia da amostra: 19,8420
Desvio padrão da amostra: 4,4544
Erro padrão da média: 0,2510
Mediana (dados agrupados): 0,1869
Dados abaixo da média: 80,0000
Dados iguais à média: 143,0000
Dados acima da média: 92,0000
2- Distribuição de frequências.

A Tabela III mostra que a distribuição das frequências absolutas por intervalo de classe apresentam uma tendência central: 03, 23, 54, 143, 78, 13, 01.

O gráfico da figura 07 foi traçado a partir dos percentuais acumulados de frequências, que constam na tabela III.

Esse gráfico registra duas linhas superpostas, uma correspondente à curva normal matemática e a outra à curva experimental.

O grau de concordância, de ajuste, ou de aderência entre essas duas curvas é avaliado pela maneira como ambas se ajustam. A discrepância relativamente pequena entre elas traduz uma boa possibilidade de a distribuição amostral ser normal.

TABELA III - Distribuição de freqüências, absolutas e acumuladas dos dados originais.

A. Freqüências por intervalo de classe
Intervalos de classe: M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s
Freqüências absolutas: 3 23 54 143 78 13 1
Freqüências percentuais: 1,0 7,3 17,1 45,4 24,8 4,1 0,3
B. Freqüências acumuladas
Intervalos de classe: M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s
Freqüências absolutas: 3 26 80 223 301 314 315
Freqüências percentuais: 1,0 8,3 25,4 70,8 95,6 99,7 100,0

 

FIGURA 07 Sobreposição das curvas dos percentuais acumulados de frequências relativas às curvas experimental e normal matemática

3- Teste de aderência à curva normal.
A tabela IV apresenta os resultados do teste de aderência da distribuição de frequências por intervalos de classe da distribuição normal em relação à mesma distribuição dos dados amostrais. Verifica-se que a probabilidade de a distribuição experimental ser normal é de 43,36 por cento.
 
 

TABELA IV - Teste de aderência da distribuição de freqüências acumuladas dos dados originais à sua correspondente normal matemática.

A. Freqüências por intervalos de classe:
Intervalos de classe: M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s
Curva normal: 0,44 5,40 24,20 39,89 24,20 5,40 0,44
Curva experimental: 0,95 7,30 17,14 45,40 24,76 4,13 0,32
B. Cálculo do Qui-quadrado
Graus de liberdade: 4 Interpretação
Valor do Qui-quadrado: 3,80 A distribuição amostral testada
Probabilidade de Ho: 43,36% é normal

4- Histograma de frequências.
A Figura 08 mostra o histograma das frequências dos dados originais. Nessa figura, observa-se a distribuição central dos dados experimentais e uma certa simetria em relação à média, com números mais ou menos equivalentes abaixo e acima dela. Uma distribuição, portanto, que pode ser aceita como normal, para fins estatísticos.
 
 

FIGURA 08 Histograma de frequências dos dados originais.

5- Projeção aritmético-normal.

A Figura 09 mostra a projeçào aritmético-normal das frequências acumuladas, onde se observa que há um certo ajuste entre a linha relativa à distribuição experimental e a que representa a curva normal matemática. Esse dado fala também em favor de uma distribuição normal, para fins estatísticos.

Figura 09 - Projeçào aritmético-normal dos porcentuais acumulados de frequência relativas às curvas experimental e a normal matemática.

6- Teste de homogeneidade de Cochran.

Teste de homogeneidade de Cochran
Número de variâncias testadas: 63
Número de graus de liberdade: 4
Variância maior: 81,2000
Soma das variâncias: 1557,6002
Valor calculado pelo teste: 0,0521
OBS.: Para verificar a significância do valor calculado, consulte a tabela A-17, que ha no final do livro INTRODUCTION TO STATISTICAL ANALYSIS, de Dixon, W. & Massey Jr., F.J. (3rd. ed. , páginas 536-537)

De acordo com a tabela A-17 consultada, o valor crítico para o teste de Cochran é 0,0882. Portanto, como o valor calculado pelo teste é menor que o valor crítico, podemos concluir que a amostra é homoscedastica, podendo agora realizar a análise de variância.
7- Análise de variância.

Como já descrito no material e método os dentes utilizados no experimento foram divididos em 3 terços e cada terço dividido em 3 regiões (interna, central e periférica). Essas regiões são vinculadas aos terços (cervical, médio e apical), pois pertencem a mesma porção de dentina, e os terços são vinculados ao dente, pois os 3 terços per tencem ao mesmo dente. Sendo assim, temos 3 fatores diferentes (tempo, regiões e terços) vinculados entre si.

Por esse motivo, optou-se pela montagem da tabela da análise de variância no estilo tabela trincada (ou bloco partido).
 
 

TABELA V - Análise de variância (Valores originais)

Fonte de variação Soma de Quadrados G. L. Quadrados médios (F) Prob. Ho
Entre repetições 608,2787 4 152,0697 4,76 2,942%
Entre distâncias (D) 7501,1421 2 3750,5710 117,35 < 0,01%
Resíduo I 255,6833 8 31,9604    
           
Entre tempos (T) 16232,6152 6 2705,4358 417,61 < 0,01%
Interação T x D 82,2802 12 6,8567 1,06 40,760%
Resíduo II 466,4379 72 6,4783    
           
Entre terços (Tç) 10902,8564 2 5451,4282 186,91 < 0,01%
Interação Tç x D 239,6961 4 59,9240 2,05 8,798%
Interação Tç x T 188,0325 12 15,6694 0,54 11,178%
Interação Tç x D x T 165,4150 24 6,8923 0,24 0,017%
Resíduo III 4900,0000 168 29,1667    
           
Variação total 41542,4375 314      

A análise de variância acusou alta significância, ao nível de 1 por cento de probabilidade para a hipótese de igualdade, entre os tempos, mostrando haver diferenças relevantes entre os tempos de ação do EDTAC sobre a microdureza da dentina.

O mesmo ocorreu em relação ao fator terços da raiz (cervical, médio e apical), o que demonstra haver diferenças relevantes também entre os terços, quanto à microdurza dentinária.

A interação terços x distância x tempo, e a análise entre as distâncias (interna, central e periférica), mostraram-se também estatísticamente significante ao nível de 1 por cento de probabilidade, o que demonstra que existe diferença na dureza da dentina nas diferentes regiões em que foram divididos os terços das raízes.

As interações tempo x distância, terços da raiz x distância, tal como a interação terços da raiz x tempo, não apresentaram diferença estatística significante.

A fim de esclarecer quais entre os tempos de ação da solução testada envolvidos na análise de variância seriam significantemente diferentes entre si, efetuou-se um teste de Tukey complementar (Tabela VI), para comparação entre as médias.

Tabela VI - Teste de Tukey: Entre tempos

TEMPOS MÉDIAS VALOR CRÍTICO
00 52,178 •  
01 48,067  
02 44,467 #  
03 42,089 * 2,10
05 38,756 +  
07 33,667   
10 30,289   
Simbolos iguais junto às médias representam valores estatisticamente não diferentes.

Aplicou-se também o teste de Tukey complementar, a fim de esclarecer quais entre a distâncias envolvidas na análise de variância seriam significantemente diferentes entre si (Tabela VII).

TABELA VII - Teste de Tukey: Entre distâncias.

DISTÂNCIAS MÉDIAS VALOR CRÍTICO
Interna 35,419   
Central 41,286  2,91
Periférica 47,371   
Simbolos iguais junto às médias representam valores estatisticamente não diferentes.
O teste de Tukey acusou uma diferença estatística significante entre as médias referentes às durezas da porção interna, central e periférica da dentina. O teste evidenciou que a dentina da região interna se apresenta menos dura que a dentina da região periférica. A dentina da região central permanece numa posição intermediária.

Aplicou-se, também, o teste de Tukey para verificar quais os terços da raiz envolvidos na análise de variância seriam significantemente diferentes entre si (Tabela VIII).

TABELA VIII - Teste de Tukey: Entre terços.

TERÇOS MÉDIAS VALOR CRÍTICO
Cervical 49,457   
Médio 38,962  10,27
Apical 35,657   
Simbolos iguais junto às médias representam valores estatisticamente não diferentes.

O teste de Tukey acusou diferença estatística entre as médias referentes à dureza da região cervical em relação as regiões média e apical. A dureza da dentina, após a ação do agente quelante é maior na região cervical e menor na região média e apical. O teste mostrou também que não há diferenca na dureza da região média da raiz para a região apical.

Estudando-se pelo gráfico da Figura 10, o comportamento das médias dos tempos em função das distâncias, observa-se que a dureza da dentina para as três regiões (interna, central e periférica), tende a diminuir com o tempo de ação do agente quelante. Essa diminuição é uniforme entre as distâncias, o que é evidenciado pelo traçado quase paralelo e regular.

Figura 10 - Interação distâncias x tempos

O comportamento da dureza da dentina sob ação do EDTAC nos terços da raiz, estudado no gráfico 11, mostrou também uma diminuição progressiva da microdureza em relação ao tempo. O traçado da região cervical apresenta-se numa posição bem superior do gráfico. Isso evidencia que essa região possui uma dureza maior que a das demais regiões. Porém, a dureza diminui com o tempo de ação da solução quelante do mesmo modo como acontece para a região média e apical.

Figura 11 - Interação terços x tempo.

No gráfico da Figura 12, estudou-se o comportamento da dureza sob ação da solução de EDTAC, nas regiões interna, central e periférica, nos três terços da raiz (cervical, médio e apical). Verifica-se que a dureza diminui a medida que caminhamos da região que circunda o conduto radicular para a região periférica. Isso acontece tanto no terço cervical como no médio e apical.

Figura 12 - Interação terços x distâncias.



 

DISCUSSÃO

O preparo de canais atrésicos sempre constituiu um problema para a terapia endodôntica. CALLAHAN (1894) propôs a utilização de um ácido forte, solução aquosa de ácido sulfúrico a 40%, para a instrumentação de canais atrésicos. Os ácidos fortes descalcificam a dentina, facilitando a instrumentação dos canais radiculares, mas apresentam ação deletéria sobre os tecidos dentais e periapicais, bem como corrói os instrumentos de aço.

Os ácidos fortes, quer o sulfúrico, quer o clorídrico, foram utilizados durante a primeira década desde século.

A ação quelante do EDTA como agente desmineralizador de tecidos duros, como ossos e dentes, foi estudada por NIKIFORUK & SREEBNY (1953). Esses autores verificaram que o ácido etilenodiaminotetracético sal dissódico era capaz de promover a desmineralização dos tecidos mineralizados tão bem como os ácidos fortes, mas com a vantagem de promover sua ação em pH neutro. Esses autores verificaram que a velocidade de desmineralização do EDTA aumentava de modo diretamente proporcional à sua concentração, entre a faixa de 0,1M a 0,5M, e que a temperatura também estava relacionada de modo direto, ou seja, quanto maior a temperatura, maior a velocidade de desmineralização promovida por essa substância.

A capacidade do EDTA em formar complexo com o cálcio em pH neutro possibilitou a indicação de um novo método para a desmineralização de tecidos duros, em histologia, sem sujeitar os tecidos a um pH ácido e à desnaturação de proteínas. Ainda, NIKIFORUK & SREEBNY (1953) verificaram que à medida que se aumenta o pH da solução de EDTA de 4 para 7,5, aumenta a sua capacidade de quelar ions cálcio. Acima do pH 7,5, a quelação se processa, porém não intensamente. Eles constataram que esse fato decorre de uma queda na solubilidade do tecido ósseo estudado e não em função da capacidade quelante.

JUSSILA & PHOTO (1954) analisaram o efeito de várias soluções de EDTA, em diferentes concentrações, sobre a dentina e concluíram que uma solução de EDTA a 10 por cento com pH 11 era capaz de desmineralizar esse tecido em um período de 10 a 15 minutos, porém com efeito deletério sobre os tecidos moles.

 STBY (1957), com base nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNY (1953) e JUSSILA & PHOTO (1954), preconizou, para a instrumentação de canais atrésicos, uma solução de EDTA sal dissódico a 15 por cento, com pH 7,3.

Para uma maior ação bacteriostática, HILL (1959) e FEHR &  STBY (1963) indicaram associar um tensoativo catiônico de amônio quaternário (Cetavlon) à solução de EDTA. Essa nova associação ficou conhecida como EDTAC.

PATTERSON (1963) estudou o efeito do EDTA e do EDTAC sobre a microdureza da dentina e constatou que a dentina tinha a sua microdureza gradualmente reduzida após a aplicação dessas duas soluções.

WEINREB & MEIER (1965) constataram que o EDTA é mais efetivo que o ácido sulfúrico na instrumentação de canais atrésicos.

HELING et al (1965) verificaram que a solução de EDTA era tão eficaz para descalcificar dentes que o ácido clorídrico a 20 por cento, porém sem os efeito deletérios da solução ácida.

GUIMARÃES et al (1988) verificaram que a tensão superficial da solução de EDTA proposta por  STBY (1957) é reduzida em 50 por cento com a simples adição de 0,1 por cento de Cetavlon. A diminuição da tensão superficial favorece a umectação das paredes dentinárias pelo agente quelante. O maior contato entre a solução e a dentina, favorece a ação quelante.

ZUOLO et al (1987), estudanto a permeabilidade dentinária promovida pelas soluções de EDTA e EDTAC, constataram que esta última solução promove um aumento de permeabilidade bem maior que a solução de EDTA.

SAQUY (1991) verificou que a dureza da dentina era reduzida com a aplicação da solução de EDTA e que essa redução era mais acentuada quando se associava EDTA com a solução de Dakin, pois o aumento do pH para 8, resultado da associação dessas soluções, favorecia uma quelação mais seletiva dos ions cálcio.

A opção de se utilizar, no presente trabalho, a solução de EDTAC foi devida ao fato de que essa solução apresenta menor tensão superficial do que o EDTA (NAUMOVICH, 1963 e GUIMARÃES et al, 1988), e possui a capacidade de aumentar a permeabilidade dentinária (ZUOLO et al, 1987) e, ainda, à necessidade de se conhecer o tempo necessário para que ela atue sobre a microdureza da dentina.

Neste experimento, para determinar a microdureza da dentina, utilizou-se a dureza Vicker com carga de 50 gramas e tempo de 15 segundos. Esta carga foi estabelecida por CANEPA et al (1993) após uma série de testes pilotos para se verificar qual carga marcava a dentina de modo mais claro, ou seja, deixar as margens das mossas bem definidas para a posterior leitura.

No presente estudo, observou-se que o EDTAC reduz a microdureza da dentina de modo que, após um minuto de contato, o efeito já é estatisticamente significante ao nível de 1 por cento. O EDTAC promove uma redução da microdureza da dentina. A relação matemática entre o tempo de aplicação do EDTAC e a microdureza da dentina é inversamente proporcional. Este fato foi observado dentro do tempo máximo de aplicação dessa solução, que foi de 10 minutos.

A ação do EDTAC sobre a estrutura da dentina no curto espaço de tempo observado neste trabalho pode ser explicada pelo fato de essa solução apresentar baixa tensão superficial (33,92 dinas/centímetro). Esta propriedade físico-química favorece a maior umectação da parede dentinária, possibilitando um contato mais íntimo e, portanto, mais rápida quelação de ions cálcio.

Uma solução com baixa tensão superficial apresenta menor força de coesão entre suas moléculas e maior força de adesão entre as moléculas do líqüido e a do sólido.

CAUDURO (1964) recomendava um tempo de ação mínimo do EDTA sobre a dentina radicular de 15 minutos e GOLBERG & SPIELBERG (1982) aconselhavam a aplicação do EDTAC por um tempo mínimo de 5 minutos para que esse agente quelante faça efeito. As diferenças de tempo mínimo para que o EDTAC faça efeito entre o encontrado por GOLBERG & SPIELBERG (1982) e o do presente trabalho devem-se às metodologias utilizadas.

A Tabela VII, Teste de Tukey entre as distâncias, evidenciou que a dentina próxima à câmara pulpar (interna) é menos dura que a dentina da porção central e que esta, por sua vez, é menos dura que a dentina periférica, ou seja, aquela situada próxima ao cemento. A ação do EDTAC reduz a microdureza da dentina em todas essas distâncias de modo uniforme. A relação tempo de aplicação e microdureza da dentina é inversamente proporcional, como pode ser elucidado pelo gráfico da Figura 10.

Os dados obtidos neste trabalho parecem estar de acordo com os encontrados por PASHLEY et al (1985), onde verificaram a correlação entre a microdureza da dentina e a densidade de canalículos por unidade de área.

Assim, como a região interna (próxima à câmara pulpar) apresenta maior quantidade de canalículos dentinários por unidade de área, era de se esperar que a microdureza fosse menor que a dentina periférica, onde há poucos canalículos dentinários.

Analisando a ação do EDTAC sobre a dureza da dentina nos terços cervical, médio e apical das raízes dos dentes estudados, verificou-se, pelo Teste de Tukey (Tabela III), que o terço cervical apresenta-se mais duro que os terços médio e apical, e que estes dois últimos apresentam dureza de modo estatisticamente semelhantes entre si.

Analisando a interação terços x tempo (Figura 11), observa-se que a solução de EDTAC reduziu de modo uniforme a dureza desses terços, porém em todos eles a relação entre os valores de dureza apresenta-se sempre do mesmo modo, ou seja, o terço cervical apresenta-se mais duro que os demais terços.

Este fato pode ser devido à presença de um número maior de canalículos dentinários, que implica em uma maior quantidade de dentina pericanalicular e esta, por sua vez, é menos dura que a dentina intercanalicular (PASHLEY, 1985).

Nossos achados diferem dos de FRASER & LAWS (1976), pois esses pesquisadores relataram que a ação do EDTAC se processa apenas no terço cervical e médio da raiz, ficando a região apical inalterada. Esta contradição pode ser explicada em virtude dos métodos utilizados, uma vez que eles utilizaram corantes para determinar a permeabilidade dentinária, e é conhecido o fato de que a dentina apical é menos permeável que a dentina da região cervical do canal radicular.

O presente estudo indica que se o EDTAC entra em contato com a parede de dentina, a quelação ocorre e a microdureza da dentina é reduzida. Quanto maior for o tempo de ação do EDTAC, menor será a microdureza da dentina.

A realização deste trabalho induziu novos raciocínios que abrem campo para novas investigações, com o intuito de responder as seguintes perguntas: a) Como se comportariam os diferentes tipos de dentina (primária, secundária e reparadora) submetidos à ação desse agente quelante?; b) Qual o tempo em que se esgota a reação de quelação no interior do canal radicular?; c) Como seria a ação resultante de uma mistura de EDTAC e hipoclorito de sódio sobre a dureza da dentina radicular?; e, finalmente, qual o modo mais eficaz de empregar o EDTAC no interior do canal radicular?



 

CONCLUSÕES

Com base na metodologia empregada e na análise dos resultados obtidos, pode-se concluir que:

1- A microdureza da dentina varia de modo inversamente proporcional ao tempo de aplicação do EDTAC.

2- Após 1 minuto de aplicação, já se verifica a ação do EDTAC, sobre a microdureza da dentina.

3- A redução da microdureza da dentina promovida pelo EDTAC ocorre nos três terços (cervical, médio e apical), sendo que o terço cervical apresenta maior microdureza que os terços médio e apical, e estes não apresentam diferença estatística significante entre si, em todos os tempos estudados.

4- A dentina periférica, ou seja, a que está localizada próxima ao cemento, é mais dura que a dentina central e esta é mais dura que a dentina próxima à câmara pulpar.


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