FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

TESE DE DOUTORADO
 
 

Avaliação da ação dos quelantes EDTAC, CDTA e EGTA sobre a microdureza da dentina radicular
Study of the action of EDTAC, CDTA and EGTA solutions on radicular dentine microhardness



 
 
 
 

ANTONIO MIRANDA DA CRUZ FILHO
Orientador: Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora
pecora@forp.usp.br
Ribeirão Preto, 1998, 98p
Este trabalho foi realizado no laboratório de Pesquisa em Endodontia do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo



Resumo | Summary | Introdução | Revisão | Proposição | Material e Método | Resultados | Discussão | Conclusões | Referências


 
 

INTRODUÇÃO
 
 

O tratamento endodôntico consiste, fundamentalmente, no preparo químico mecânico com o objetivo de se obter a modelagem e sanificação dos canais radiculares para sua posterior obturação.

A biomecânica é realizada com auxílio dos instrumentos e das soluções irrigantes.

Enquanto o instrumento atua excisionando a dentina e modelando a forma do canal radicular, as soluções irrigantes atuam sobre os componentes orgânicos presentes no interior do sistema de canais radiculares, bem como sobre os componentes orgânicos e inorgânicos do "smear layer" e "smear Plug" formado. As soluções irrigantes agem, também, pela ação hidráulica, pois sua simples circulação (irrigação e aspiração) eliminam "debris" dos canais radiculares.

A ação simultânea dos instrumentos e a química e hidráulica das soluções irrigantes têm como objetivo principal o preparo, a limpeza e a sanificação dos canais radiculares.

Esse conjunto de atos que preparam a cavidade pulpar para a obturação tem sido estudado por um número muito grande de pesquisadores nestes últimos cem anos, e tem recebido várias denominações. Dentre os inúmeros pesquisadores que tiveram sua atenção voltada para a biomecânica dos canais radiculares, ressaltam-se CALLAHAN (1894), GROSSMAN (1943-1960) e STEWART (1955).

O emprego de uma solução irrigante no preparo dos canais radiculares é incontestável e os pesquisadores têm buscado uma solução auxiliar ideal da instrumentação.

Uma solução irrigante ideal seria aquela que apresentasse as seguintes propriedades: a) biocompatibilidade aos tecidos do coto pulpar e periapicais; b) baixa tensão superficial; c) atuar em matéria orgânica em decomposição; d) atuar em matéria inorgânica desprendida e ou compactada durante a instrumentação ("smear layer" e "smear plug"); e) não manchar as estruturas dentinárias; f) reduzir ou eliminar os microrganismos presentes no interior do sistema de canais radiculares e canalículos dentinários; g) não interferir quimicamente com os materiais obturadores dos canais radiculares, e h) baixo custo operacional.

Sabe-se que nenhuma das soluções irrigantes usadas no passado e em uso presente preenche todas essas propriedades e, assim, muitas vezes faz-se necessária a utilização de materiais ou associações de soluções irrigantes para se obterem os efeitos desejáveis.

A instrumentação de canais radiculares atrésicos sempre constituiu uma tarefa mais difícil e trabalhosa para os endodontistas e, desde o final do século passado, soluções irrigantes mais específicas para esse assunto foram pesquisadas e indicadas.

Em 1894, CALLAHAN preconizou o uso de um ácido forte, o ácido sulfúrico a 40 por cento para a instrumentação dos canais atresiados. O ácido sulfúrico atua descalcificando a dentina, formando o sulfato de cálcio. A descalcificação da dentina deixa o colágeno exposto, que é facilmente cortado pelos instrumentos. A ação desse ácido forte exigia sua neutralização com uma solução básica e para isso o autor preconizava o bicarbonato de sódio. A ação do ácido sulfúrico com o bicarbonato promovia uma forte reação efervescente (com eliminação gasosa), que eliminava "debris".

A proposta de CALLAHAN (1894) foi aceita e iniciaram-se pesquisas para investigar a possibilidade de se obterem outras soluções que poderiam auxiliar na instrumentação dos canais atrésicos.

Assim, em 1912, PRINZ propôs o uso de um ácido menos agressivo, o orto-fenol-sulfúrico e, a seguir, BUCKLEY (1926) preconizou para irrigação de canais atrésicos o ácido fenolsulfônico a 80 por cento. A neutralização desses ácidos era comumente feita com uma solução de bicarbonato de sódio 10 por cento.

GROSSMAN, em seu livro de Endodontia publicado em 1946, preconizou o uso de um outro ácido forte, o ácido clorídrico, baseado no fato de que esse ácido, ao reagir com o cálcio da dentina, formava o cloreto de cálcio, que é um sal mais solúvel do que o sulfato de cálcio obtido da reação do ácido sulfúrico com a dentina.

Assim, pode-se dizer que, durante 64 anos, os cirurgiões-dentistas utilizavam um ácido forte para a instrumentação de canais atrésicos. Esse período poderia ser chamado de período do ácido forte ou período empírico, pois a biocompatibilidade não era fato preocupante para a maioria dos profissionais. Essa fase ácida teve seu fim, após a publicação do marcante trabalho de ØSTBY (1957).

NYAGAARD ØSTBY (1957), com base nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNEY (1953) e de JUSSILA & PHOTO (1954) propôs o uso de uma solução quelante constituída de um sal dissódico derivado de um ácido orgânico fraco, o etilenodiaminotetraacético, EDTA. Esse autor salientou e mostrou que o sal dissódico do ácido orgânico fraco (EDTA) era capaz de promover a quelação de ions metálicos (cálcio da dentina) em pH próximo ao neutro (7,3), de modo eficaz.

Após o trabalho de ØSTBY (1957), o EDTA passou a ser difundido, amplamente divulgado e pesquisado.

As controvérsias surgidas foram normais, pois havia a preocupação de que o agente quelante (EDTA) atuasse de modo contínuo e ininterrupto.

PATTERSON (1963) verificou, em suas pesquisas, que a aplicação do EDTA sobre a dentina reduzia sua microdureza e constatou que esse efeito redutor continuava por um período de até 5 dias após sua aplicação no interior do canal radicular.

HILL (1959) e FEHR & ØSTBY (1963) verificaram que a adição de um tensoativo catiônico quaternário de amônia (cetavlon) aumentava a ação do EDTA, pois a redução da tensão superficial possibilita a ocorrência de maior umectação de dentina. Essa associação passou a ser conhecida como EDTAC.

A polêmica instalada sobre a auto-limitação do EDTA começou a diminuir após o trabalho de SLIDBERG & SCHILDER (1974), que demonstraram a ação limitada do EDTA.

Coube, realmente, à química explorar e demonstrar que a solução de EDTA seqüestra de modo definitivo os ions metálicos Pb++, Zn++, Co++, Ni++, Cd++, Sn++, Ca++, Sr++, Ba++, Mg++, Bi+++ e Fe+++. O EDTA tem efeito auto-limitante, pois 1 mol de EDTA quela 1 mol de íon metálico (VOGEL, 1981).

O EDTA foi adicionado na fórmula do RC-Prep® proposta por STEWART et al (1969) com o objetivo de associar a ação quelante do EDTA com a ação antisséptica do peróxido de uréia.

Quanto à ação do EDTA sobre a permeabilidade dentinária, observa-se que MARSHALL et al (1960) verificaram uma redução, e PÉCORA (1985 e 1992) constatou que essa solução promove aumento da permeabilidade.

A instrumentação de canais radiculares com a solução de hipoclorito de sódio alternado com a solução de EDTA promove canais radiculares mais limpos com a remoção completa da camada de "smear". Este fato foi observado por YAMADA et al (1983), BAUMGARTENER & MADER (1987) e GENGIZ et al (1990).

SAQUY (1991) investigou a capacidade quelante do EDTA e da associação EDTA + líqüido de Dakin e concluiu que, tanto a solução de EDTA como a associação do EDTA com líqüido de Dakin, e capaz de quelar ions de cálcio e demonstrou que o líquido de Dakin não inativa a ação quelante do EDTA.

PÉCORA (1992) demonstrou que a ação do EDTA sobre a permeabilidade dentinária é aumentada quando se alterna essa solução com uma solução de hipoclorito de sódio.

Preocupado com o tempo necessário que uma solução de EDTAC precisava para iniciar sua ação de quelação, CRUZ FILHO (1994) estudou a ação dessa solução sobre a microdureza da dentina nos tempos zero, 01, 02, 03, 05, 07 e 10 minutos. Observou-se que a solução de EDTAC inicia a quelação assim que entra em contato com a dentina, e a microdureza é reduzida em função do tempo de aplicação. Assim, quanto maior o tempo de contato, maior a redução da microdureza.

A fim de esclarecer como as soluções de EDTA, EDTAC (EDTA + cetavlon) e EDTA-T (EDTA + Tergentol®) atuam sobre a microdureza da dentina, FAIRBANKS (1995) realizou este estudo e concluiu que, dentre essas soluções, a de EDTAC era a mais eficaz na redução da microdureza da dentina.

Na Endodontia, usa-se até hoje a solução quelante proposta por ØSTBY (1957), ou seja, o EDTA.

Nas áreas médicas, as preocupações e estudos das soluções quelantes são bem maiores e os quelantes têm muito uso.

Assim, a desintoxicação dos metais pesados que contaminam as pastas são realizadas com uso de agentes quelantes.

Em pesquisas onde se investiga a ação dos ions cálcio, magnésio e outros em células e líqüidos intersticiais, faz-se uso de agentes quelantes.

SÁNCHEZ et al (1995) estudaram a quelação do manganês em camundongos utilizando as seguintes soluções quelantes: CDTA (ácido Trans-1,2- diaminociclohexano-N,N,N’,N’-tetraacético); EGTA (ácido Bis(2- aminoetil) etilenoglicol-N,N,N’,N’-tetraacético); HEDTA (ácido N-(2 hidroxietil) etilenodiaminotetraacético); INH (isonicotinil Hidrazine); l-DOPA, Tiron (sódio 4,5-dihidroxi 1,3-benzenodisulfonado); PAS (ácido p-aminosalicílico) e solução controle (solução salina). Os autores observaram que apenas o CDTA foi capaz de quelar os ions de manganês nos camundongos estudados.

Com o intuito de se obterem meios completamente livres de ions cálcio, a solução de EGTA tem sido utilizada por vários pesquisadores (HARDIE, 1995; KABAKOV & HILGEMANN, 1995; MATHES & THOMPSON, 1995; RODEBERG & BABCOCK, 1996; CARINI et al, 1997). Essa solução tem sido empregada em baixas concentrações, variando de 100µM a 1mM.

O trabalho de YAMAMOTO et al (1995) esclarece que as contrações do músculo liso vascular dos coelhos são compostos por dois componentes distintos, um relacionado ao cálcio e outro ao magnésio. Eles salientaram que a solução de EDTA empregada quelava tanto os ions cálcio quanto os ions magnésio, e que a solução de EGTA quela apenas os ions de cálcio.

Mais recentemente, JOHNSON et al (1997) estudaram "in vitro" a modulação de cálcio transitório e tensão intracelular em fibras de sapo. Esses autores utilizaram a solução de EGTA para remoção de todo cálcio extracelular.

Considerando que as clínicas médicas utilizam várias soluções quelantes além do EDTA e que hoje existem potentes agentes quelantes específicos para ions cálcio em pH neutro, faz-se necessário estudar se esses quelantes agem sobre a dentina e se podem ser introduzidos para uso na Endodontia.



 

RETROSPECTIVA DA LITERATURA
 
 

Incansáveis trabalhos de investigação foram realizados para se obter uma solução irrigante ideal, desde o final do século passado e durante o presente século.

Em 1893, KIRK preconizou a irrigação de canais radiculares com o dióxido de sódio. Esta solução, em contato com a umidade do canal radicular, produz hidróxido de sódio e libera oxigênio nascente. Este potente agente oxidante também foi indicado como agente clareador de dentes tratados endodonticamente.

Ainda neste ano, SCHEREIER (1893) apresentou durante o Congresso Odontológico realizado em Columbia, nos Estados Unidos da América do Norte, uma técnica de irrigação de canais radiculares na qual se utilizava o sódio e o potássio metálicos. Essas soluções, em contato com a umidade do canal, produzia o hidróxido de cálcio e o hidróxido de potássio com grande liberação de calor e hidrogênio. A fórmula estequiométrica dessa reação é a seguinte: K + Na + 2H2O ® KOH + NaOH + H2. Essa técnica era perigosa e foi logo abandonada.

Um ano mais tarde, CALLAHAN (1894) preconizou a irrigação dos canais radiculares com solução aquosa de ácido sulfúrico a 40 por cento. Segundo o autor, a solução apresentava três efeitos: primeiro, possibilitava o alargamento dos canais radiculares atresiados; segundo, limpava; e terceiro, desinfetava. A solução de ácido sulfúrico, em conseqüência da sua neutralização pelo bicarbonato de sódio, produzia uma reação efervescente que eliminava os "débris". Na segunda fase, os canais eram irrigados com água destilada, ou álcool, ou água oxigenada, a fim de remover o excesso de bicarbonato de sódio aderido às paredes dos canais radiculares.

Até o final do século passado, as substâncias químicas utilizadas eram por demais agressivas aos tecidos periapicais, trazendo injúrias e danos irreparáveis aos tecidos vivos. A preocupação em se obter uma solução biocompatível era um fator ainda remoto. Assim, essa época constituiu-se num período bastante empírico. Entretanto, o trabalho de CALLAHAN (1894), em última análise, parece mais criterioso, uma vez que já vislumbrava os atuais objetivos do tratamento endodôntico, ou seja, a instrumentação, a sanificação e a obturação dos canais.

PRINZ (1912), colaborando com as investigações sobre a instrumentação de canais radiculares atrésicos, preconizou o ácido orto-fenol-sulfúrico. Para o autor, este ácido era um descalcificador suave e deixava a estrutura de colágeno intacta.

Neste mesmo ano, ZSIGMONDY (1912) estudou, com muita propriedade, a ação de soluções irrigantes ácidas e alcalinas. Em seu trabalho, chama a atenção para o fato de que os ácidos, quer orgânicos ou inorgânicos, têm ação sobre a dissolução de sais de cálcio da dentina, deixando a massa colágena mais fácil de ser removida pela ação mecânica dos instrumentos. Observa, ainda, que a ação dos álcalis é diferente, ou seja, que essa solução destrói a matriz orgânica e, desse modo, os sais de cálcio são eliminados. Nesse trabalho, o autor é favorável à utilização dos álcalis como solução irrigante, uma vez que os ácidos atuam diretamente sobre os tecidos vivos e sobre os instrumentos endodônticos.

No ano de 1917, várias revelações foram feitas na área das soluções irrigantes de canais radiculares, como a de BARRETT (1917), que relatou a eficiência da solução de Dakin como antisséptico. A sua solução baseava-se na fórmula proposta por DAKIN (1915), e correspondia à associação de uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5 por cento com ácido bórico, o qual tinha objetivo de diminuir o pH da primeira solução. De acordo com o propositor, a solução tinha a capacidade antisséptica derivada da sua reação química com as proteínas presentes nos tecidos, permitindo a formação de cloramina.

Além das tentativas de se fórmularem soluções irrigantes para o tratamento endodôntico, meios físicos, como a eletrólise e a diatermia, foram também desenvolvidos com o mesmo objetivo de promover a desinfecção dos canais radiculares. Dessa forma, PRINZ (1917) comunica a eficiência do uso da eletrólise, com cloreto de sódio como eletrólito, na esterilização do canal radicular pela liberação do cloro nascente. Por outro lado, enfatiza a necessidade da instrumentação químico-mecânica dos canais radiculares, onde o autor cita também a ação germicida da solução de Dakin (1915).

HANAZAWA (1917) realizou uma exaustiva investigação sobre a dentina, constatando a presença de prolongamentos de odontoblastos no interior dos canalículos dentinários. Esse autor afirmou que a ação de ácido sobre a dentina, mesmo por pouco tempo, era capaz de promover um aumento extraordinário nos diâmetros dos canalículos dentinários.

Tudo parece indicar que McCLELLAND & WASS (1922) foram os autores que se preocuparam com a capacidade desinfetante e germicida de vários agentes. Eles estudaram o poder germicida de algumas substâncias à base de cloro em diferentes concentrações, a partir do iodeto de cloro, ou seja, da dicloramina T, e da solução de Dakin. Verificaram que a solução de Dakin mostrava-se muito instável, perdendo seu poder germicida. Para amenizar esta instabilidade provocada pela oxidação, aconselham que a solução deva ser protegida da luz e do ar, devendo ser armazenada em vidro âmbar e hermeticamente fechado. Os autores afirmam que, apesar das soluções estudadas destruírem microrganismos, aquelas à base de iodeto de cloro têm a sua ação de penetração diminuída em presença de albumina e, em conseqüência, concluem que elas devem ser substituídas pela solução de dicloramina T a 5 por cento.

BUCKLEY (1926) escreveu, em seu livro, que a solução de hipoclorito de sódio (Licor de Labarraque) deve ser usada somente para clarear os dentes. Nos casos de polpa mortificada, ele utilizava o ácido fenolsulfônico a 80 por cento e o neutralizava com uma solução de bicarbonato de sódio a 10 por cento. No mesmo livro, o autor fez ainda severas críticas a respeito da utilização do ácido sulfúrico como irrigante de canais radiculares devido aos violentos danos que provoca aos tecidos periapicais, ressaltando que o ácido por ele proposto era menos irritante.

COOLIDGE (1929) pesquisou a ação de soluções germicidas sobre os microrganismos mais comumente encontrados nos canais radiculares infectados. Demonstrou, assim, a penetração do cloro nascente até em espaços inacessíveis dos canais radiculares, o qual neutralizava tanto os produtos tóxicos como os gases formados pela putrefação. A conclusão do autor foi de que a desinfecção de um canal contaminado é conseguida pela ação química de soluções irrigantes capazes de destruir os microrganismos e neutralizar seus produtos tóxicos, auxiliadas pela ação mecânica de instrumentos endodônticos que removem materiais durante o processo de alargamento desses canais.

HODGE & McKAY (1933) fizeram um estudo da microdureza da dentina, esmalte e cemento de dentes humanos em cortes transversal e longitudinal. Os autores observaram que o tecido mais duro era o esmalte e o mais mole o cemento. A dentina mostrou dureza intermediária entre o esmalte e o cemento, sendo que a dentina da porção coronária era pouca coisa mais dura que a dentina da porção radicular. Na lesão de cárie, a dentina era bem mais mole em comparação com os demais tecidos.

WALKER (1936) preconizou o uso de uma solução de hipoclorito de sódio a 5,0 por cento (soda clorada) para a irrigação de canais radiculares de dentes despolpados. Em seu trabalho, esclarece que essa solução foi utilizada após a indicação feita pelo Dr. Blass, da Universidade de New York. Quanto ao ato operatório, explica que o tratamento endodôntico é um procedimento especializado, exigindo uma atenção especial para todos os detalhes como, por exemplo, a esterilização e a manipulação dos canais radiculares, desde que a proteção do paciente e do operador sejam rigorosamente observadas, pois o canal radicular infectado aloja microrganismos de ação contaminante.

Em 1938, WRIGHT & FENSKE analisaram alguns fatores que podem influir na microdureza das estruturas dos dentes. Quanto à posição anatômica dos dentes, os autores não observaram nenhuma relação desta com a microdureza. Já a idade foi um fator que aumentou consideravelmente a dureza dos dentes nas mulheres e, em menor escala, nos homens. Os valores médios de microdureza de dentes com abrasão não apresentaram diferenças significantes entre as medidas obtidas em ambos os sexos.

GROSSMAN & MEIMAN (1941), após o estudo dos vários agentes químicos aplicados em técnicas endodônticas, tais como a solução aquosa de ácido sulfúrico - CALLAHAN (1894), o sódio e o potássio metálicos - SCHEREIER (1893), o dióxido de sódio - KIRK (1893), o metilato de sódio, a papaína e a soda clorada (hipoclorito de sódio a 5 por cento) - WALKER (1936), ratificaram a afirmativa de WALKER (1936), no sentido de que a solução de soda clorada seria a mais eficiente como solvente do tecido pulpar. Essa afirmativa de GROSSMAN & MEIMAN (1941), em última análise, permitiu um tratamento endodôntico mais disciplinado quanto ao uso das soluções irrigantes.

GROSSMAN (1943) sugeriu uma técnica de irrigação para o tratamento de canais radiculares que, por um período de cinqüenta anos, resistiu às críticas. Resumidamente, essa técnica consiste na irrigação alternada, primeiro com hipoclorito de sódio a 5,0 por cento, depois com peróxido de hidrogênio a 3,0 por cento e novamente com o hipoclorito de sódio. O objetivo dessa associação é somar a capacidade solvente do hipoclorito de sódio com a liberação de oxigênio nascente do peróxido de hidrogênio. Como justificativa para sua técnica, o autor cita o seguinte axioma: "antes de uma ferida estar pronta para receber o agente quimioterápico, todo resto necrótico e sujeira devem ser removidos."

Em 1944, é editado o livro de PUCCI & REIG sobre o tratamento de canais radiculares. No capítulo sobre química dos canais radiculares, relatam que o ácido clorídrico é superior ao ácido sulfúrico para a instrumentação de canais atresiados, porque forma sais solúveis de cálcio, o que facilita a instrumentação dos canais.

Dois anos depois, GROSSMAN (1946) seguindo a mesma conduta de PUCCI & REIG (1944), preconizou o ácido clorídrico para irrigação dos canais radiculares. O autor, mesmo utilizando um ácido forte, justificou que esse ácido, ao reagir com a dentina, forma o cloreto de cálcio, que é um sal mais solúvel do que o sulfato de cálcio resultante da descalcificação com o ácido sulfúrico.

NIKIFORUK & SREEBNY (1953) estudaram as propriedades químicas de um sal de ácido orgânico fraco - ácido etilenodiaminotetraacético sal dissódico (EDTA) - e também o melhor método de se utilizar esta solução como agente desmineralizante de tecido duro. O poder de desmineralização era determinado através da aplicação do EDTA sobre fêmures, tíbias e mandíbulas de ratos com 120 dias de vida. Os autores observaram que a ação do EDTA dava-se pela reação de quelação com o cálcio. Desse estudo, pode-se concluir que este sal de ácido orgânico tem ampla capacidade de ação desmineralizante, estabelecendo-se inclusive novas bases para a aplicação dessa substância na instrumentação dos canais radiculares.

Com a preconização do uso dessa substância como agente desmineralizador, inúmeros pesquisadores se interessaram em estudá-lo. O objetivo era conseguir maiores informações, para melhor conhecer essa nova solução irrigante que poderia ser a grande revelação da época, frente às propriedades negativas das outras soluções ácidas até então empregadas como solução irrigante.

JUSSILA & PHOTO (1954) analisaram o efeito de várias soluções de EDTA sobre o tecido dentinário, e observaram que uma solução de EDTA a 10 por cento e pH 11 dissolvia dentina de modo considerável no espaço de tempo de 10 a 15 minutos. Notaram também que esta solução de EDTA a 10 por cento em pH 11 apresentava efeito hidrolisante sobre as proteínas e, portanto, deveria ser considerada uma solução danosa aos tecidos vitais.

Em 1957, ØSTBY, baseado nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNY (1953) e de JUSSILA & PHOTO (1954), propõe o ácido etilenodiaminotetraacético sal dissódico (EDTA) para instrumentação dos canais radiculares, uma vez que, pela sua ação quelante, permite fórmular uma solução auxiliar para a instrumentação do canal radicular. O EDTA em pH 7,3 é biologicamente compatível com tecidos pulpares e periapicais. Por essa razão, foi preconizado o seu emprego em substituição aos ácidos inorgânicos até então utilizados. O autor propôs o uso de uma solução de EDTA a 15 por cento com pH 7,3. Esse pH é obtido pela adição de hidróxido de sódio 5N.

CRAIG & PEYTON (1958) fizeram um estudo da microdureza do esmalte e da dentina de dentes permanentes, íntegros e recém-extraídos. Os autores cortaram os dentes em várias direções e observaram que a maior variação da microdureza no esmalte foi exatamente abaixo da superfície oclusal, embora os valores médios para este tipo de secção não apresentassem diferenças estatísticas em relação aos valores médios de outras secções.

CRAIG et al (1959) estudaram a microdureza da dentina na região da coroa e raiz de dentes humanos recém-extraídos. Os autores chegaram às seguintes conclusões: 1- a microdureza da dentina na região da junção dentina-esmalte da coroa e da raiz do dente é menor que a da dentina adjacente, ou seja, a dentina dessa região é mais mole que a dentina ao seu redor; 2- a microdureza da dentina adjacente à câmara pulpar é menor do que a da dentina ao seu redor; 3- a dentina no centro da coroa tem a mesma microdureza que a dentina em volta da junção dentina-cemento na porção radicular; 4- a dentina subjacente à lesão de cárie é mais dura do que a dentina normal, enquanto a microdureza no centro da lesão é muito menor; 5- a dentina translúcida é mais dura que a dentina normal.

HILL (1959) adicionou o tensoativo amônio quaternário - Cetavlon (brometo de N-cetil – N,N,N-trimetilamônio) - à solução de EDTA. O autor verificou que esta associação dava capacidade bacteriostática ao EDTA e observou também que esse novo produto amolecia a parede dentinária do canal radicular após o tempo de 3 a 5 minutos de aplicação.

MARSHALL et al (1960) dividiram as amostras de dentes em quatro grupos, a fim de estudarem a permeabilidade da dentina radicular após instrumentação, associada ou não à várias soluções irrigantes. Os dentes foram assim separados: grupo um, formado por dentes controles, que não recebiam a instrumentação mecânica, mas somente a remoção de toda a polpa com o uso do extirpa-nervos, tendo inclusive seus ápices selados com cera; grupo dois, formado por dentes que recebiam a instrumentação mecânica dos canais radiculares e eram irrigados com água corrente; grupo três, composto por dentes que recebiam o tratamento mecânico, isto é, instrumentação com auxílio de soluções irrigantes - EDTA (ØSTBY, 1957), soda clorada 5,25 por cento alternada com água oxigenada a 3,0 por cento (GROSSMAN, 1943), nitrato de prata amoniacal (HOWE, 1917), e solução aquosa de ácido sulfúrico neutralizada após um minuto de ação com bicarbonato de sódio (CALLAHAN, 1894). Finalmente, o quarto grupo, composto de dentes que tinham os seus canais radiculares instrumentados com auxílio das soluções de água oxigenada a 3,0 por cento (3,0 ml durante cinco minutos), soda clorada a 5,25 por cento (3,0 ml durante cinco minutos), nitrato de prata amoniacal (um minuto), ácido sulfúrico (um minuto) e eugenol (cinco minutos). A permeabilidade era indicada pelo uso dos radioisótopos S35, Na22, I131 e P32, sob a forma de soluções marcadas de sulfato de sódio, cloreto de sódio, iodeto de sódio isotônico e fosfato de sódio, respectivamente. Os autores concluíram que as áreas cervical e média da dentina radicular apresentavam-se permeáveis a todos os isótopos testados. Entretanto, as soluções de EDTA, eugenol e bicarbonato de sódio diminuíram a permeabilidade da dentina aos isótopos.

Von FEHR & ØSTBY (1963) recomendaram o uso de uma associação composta de EDTA e Cetavlon (tensoativo catiônico quaternário de amônio). Essa associação tinha o objetivo de diminuir a tensão superficial da solução de EDTA, facilitando sua ação no interior dos canais radiculares. Essa nova solução era mais bacteriostática e ficou conhecida como EDTAC.

PATTERSON (1963) realizou um exaustivo trabalho "in vivo" e "in vitro" sobre o efeito do EDTA e do EDTAC sobre a microdureza da dentina, usando teste de dureza "Knoop". Ele constatou que a superfície da dentina tinha sua microdureza gradualmente reduzida após a aplicação do EDTAC e que essa solução era mais eficaz do que o EDTA na limpeza do canal radicular e em relação à sua capacidade antimicrobiana. Além dessa observação, ele também constatou que a solução de EDTAC não era injuriosa aos tecidos periapicais. A diferença entre as duas substâncias, em relação às suas composições, é que o EDTAC (Cetavlon) contém uma amônia quaternária associada ao EDTA.

NAUMOVICH (1963), baseado no fato de que a tensão superficial é um dos mais importantes fatores que determinam o poder de uma determinada substância de penetrar e se espalhar sobre uma superfície, estudou duas propriedades químicas, a tensão superficial e o pH, de vinte e duas substâncias utilizadas na terapêutica endodôntica. O EDTA apresentou pH 7,28 e tensão superficial 54,0 dinas/cm; para a solução de EDTAC, o pH foi de 7,4 e a tensão superficial foi de 39,7dinas/cm. O pesquisador ainda sugere que as drogas que apresentam o pH muito baixo ou muito alto deveriam ser neutralizadas após o uso.

CAUDURO (1964), professor de Odontologia de Porto Alegre, publicou um Manual de Endodontia e, no capítulo destinado ao preparo dos condutos radiculares, cita que o EDTA é utilizado em condutos constritos e obstruídos e, às vezes, facilita a remoção de instrumentos fraturados. Diz, também, que os componentes do EDTA têm efeito dissolvente sobre a dentina, promovendo dessa forma a sua desmineralização; portanto, deveria ser usado durante a instrumentação do canal radicular para reduzir o tempo necessário para o seu alargamento, facilitando a remoção dos componentes inorgânicos. Segundo o mesmo autor, a solução de EDTA é neutralizada pelos hipocloritos e pela água oxigenada e, por tal razão, não devem ser utilizadas alternadamente. Comenta que o EDTA, para fazer efeito, deve permanecer no interior dos canais radiculares por pelo menos 15 minutos.

HAMPSON & ATKINSON (1964), ratificando parte dos resultados alcançados por WACH et al (1955), observaram que a região apical é a que apresenta menor penetração de radioisótopos S35 e I131 quando do estudo da permeabilidade dentinária. Eles verificaram que a estrutura dentinária dessa região tem um aspecto mais transparente. Nesse trabalho, foram utilizadas as seguintes soluções irrigantes: cloramina, EDTA a 15 por cento, cetrimide, clorexidina, nitrato de prata amoniacal, eugenol, solução de nitrato de prata seguida de eugenol, e tricresol. Além dessas soluções, utilizaram o que poderia ser chamado de teste em branco, ou seja, a instrumentação do canal radicular sem emprego de soluções irrigantes. Resultados comparativos entre as instrumentações com e sem auxílio de soluções irrigantes possibilitaram aos autores concluírem que a instrumentação a seco não provocava o aumento da permeabilidade, enquanto que o uso de soluções promovia aumento da permeabilidade dentinária.

WEINREB & MEIER (1965) utilizaram 160 dentes anteriores humanos para comparar a eficiência do EDTA e do ácido sulfúrico utilizados isoladamente e em associação com a instrumentação no alargamento dos canais radiculares. O resultado desse experimento mostrou que a solução de EDTA utilizada isoladamente ou em combinação com a instrumentação é muito mais eficaz que o ácido sulfúrico no processo de alargamento do canal. Os autores aconselham a troca constante do EDTA a cada três minutos, para que ele seja mais eficaz no preparo do canal radicular.

HELING et al (1965) realizaram estudo comparativo entre a solução de EDTA e a do ácido clorídrico a 20 por cento na remoção de cálcio das paredes dos canais radiculares. Eles concluíram que a solução de EDTA preconizada por ØSTBY (1957) era tão efetiva quanto a de ácido clorídrico a 20 por cento. Assim, o uso de um sal de ácido orgânico fraco capaz de realizar a quelação de ions cálcio e vantajoso para substituir os ácidos fortes e corrosivos. A biocompatibilidade do EDTA salienta sua preferência como agente descalcificador.

Após os trabalhos de WEINREB & MEIER (1965) e de HELING et al (1965), os ácidos fortes (clorídrico e sulfúrico) não foram mais utilizados no tratamento dos canais radiculares.

GUTIÉRREZ & GARCÍA (1968) analisaram micro e macroscopicamente o resultado da instrumentação dos canais radiculares. Durante a instrumentação, foram utilizadas as seguintes soluções irrigantes: solução salina, hipoclorito de sódio e solução de EDTA. Os autores relataram que essas soluções irrigantes cristalizam no interior do canal radicular durante a instrumentação e interferem na espessura da obturação.

STEWART et al (1969), aproveitando as características quelantes do EDTA e a propriedade antisséptica do peróxido de uréia, preconizam uma nova solução auxiliar de instrumentação, com a consistência de creme. Os autores identificaram-na comercialmente com o nome de RC-Prep®. Contém 15 por cento de EDTA, 10 por cento de peróxido de uréia e carbowax em quantidade suficiente para chegar à consistência de creme. O RC-Prep® é introduzido na câmara pulpar, e sobre ele é adicionada a soda clorada (hipoclorito de sódio a 5 por cento). Disso resulta uma reação de efervescência, com liberação de oxigênio nascente. Testes bacteriológicos mostraram que, após a instrumentação, 97,6 por cento das culturas bacteriológicas apresentavam resultados negativos ao crescimento de microrganismos. Os autores verificaram, ainda, que o peróxido de uréia não permanecia estável em solução aquosa, e que o EDTA era insolúvel em água. Dessa forma, o Carbowax (polietilenoglicol) foi utilizado como veículo, pois permitia formar um creme, ao qual eram incorporados tanto o peróxido de uréia como o EDTA, em forma de pó. Esse creme apresenta-se solúvel em água, amolece à temperatura do corpo e apresenta-se estável.

Logo a seguir, COHEN et al (1970) compararam a eficiência de várias soluções, entre elas o hipoclorito de sódio a 5 por cento, o hipoclorito de sódio a 5 por cento associado à água oxigenada a 3 por cento, o peróxido de uréia em glicerina anidra (Gly-Oxide®) associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, o creme RC-Prep® associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, e o Zefirol® a 1:1000, usadas como auxiliares na instrumentação do canal radicular. O objetivo era avaliar suas ações em relação à permeabilidade dentinária. Assim, após a instrumentação, o corante azul de metileno em solução aquosa a 2 por cento era introduzido no canal radicular. A avaliação foi feita segundo o método do Índice de Permeabilidade Dentinária, preconizado por MARSHALL et al (1960). Os autores chegaram à conclusão de que a permeabilidade dos canalículos dentinários aumentava significantemente com o uso do RC-Prep® associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, tanto no terço médio do canal como na região apical.

Com base no trabalho de STEWART et al (1969), PAIVA & ANTONIAZZI (1973) preconizaram o uso de um composto cremoso, substituindo a solução de EDTA do antigo creme RC-Prep® pelo Tween 80 na mesma porcentagem, ou seja, 15 por cento. Os demais componentes permaneceram como na fórmula original: 10,0 por cento de peróxido de uréia e 75,0 por cento de Carbowax. Esse novo composto é identificado como Endo-PTC®. A vantagem de incluir um detergente na fórmula do Endo-PTC®. Segundo os autores, este auxiliaria o processo de limpeza das paredes do canal radicular, diminuindo a tensão superficial do creme, permitindo que ele se espalhe de maneira mais rápida e uniforme por toda superfície do canal radicular, favorecendo o processo de limpeza pela multiplicação das superfícies de contato. De outro lado, o arranjo característico da molécula do detergente lhe confere propriedades umectantes e emulsionantes, de modo que a contaminação gordurosa do canal é adsorvida e mantida em suspensão. Além disso, também, segundo os autores, a ação do EDTA seria anulada quando associado ao hipoclorito de sódio. Eles indicaram o uso desse creme associado à solução de Dakin para a instrumentação de canais radiculares.

SEIDBERG & SCHILDER (1974) realizaram um estudo com o objetivo de determinar a propriedade química auto-limitante da solução de EDTA. Eles observaram que, quando uma quantidade em excesso da solução de EDTA era colocada sobre a dentina, aproximadamente 73 por cento dos seus componentes inorgânicos eram quelados e que a velocidade de reação era mais rápida dentro da primeira hora de aplicação, atingindo o equilíbrio em aproximadamente 7 horas. Verificaram também que, apesar de existir uma quantidade excessiva de matéria inorgânica, somente parte de toda dentina disponível poderia ser quelada quando reagindo com uma quantidade conhecida da solução de EDTA, comprovando dessa forma a propriedade química auto-limitante.

A biocompatibilidade das soluções irrigantes sobre o "coto" pulpar foi estudada por NERY et al (1974). Os autores selecionaram o soro fisiológico, a solução saturada de hidróxido de cálcio, a água oxigenada a 10 volumes, o Tergentol®, a solução de Dakin, a soda clorada, o EDTAC, o EDTA, o EDTA mais peróxido de uréia, o EDTA recém-preparado, incluindo também a água destilada. Dos resultados obtidos, os autores, após exame histológico, admitiram que todas as substâncias estudadas, quando seladas no interior dos canais radiculares por 48 horas, produzem necrose do "coto" pulpar e processo inflamatório nos tecidos periapicais, de intensidade e extensão variáveis. Dentre as substâncias testadas, as menos irritantes foram: a água destilada, a água de cal, o EDTA e o EDTAC.

BAKER et al (1975) estudaram a eficácia de várias soluções irrigantes em remover os "débris" nos terços apical, médio e cervical do canal radicular através da microscopia eletrônica de varredura. As soluções testadas foram: soro fisiológico, peróxido de hidrogênio, hipoclorito de sódio alternado com peróxido de hidrogênio, Gly-oxide® associado ao hipoclorito de sódio, RC-Prep® associado ao hipoclorito de sódio, EDTA e EDTA alternado com hipoclorito de sódio. Os autores observaram que não havia diferença na eficácia em remover os "débris" de uma solução para a outra e que a remoção desse "débris" e dos microrganismos se deve principalmente à quantidade e não ao tipo de solução irrigante utilizada.

ABRAMOVICK & KALUZA (1976) estudaram, em esmalte, se a aplicação do fluoreto estanhoso modificava a ação quelante do EDTA sobre esse tecido. Essa pesquisa elucidou que a aplicação do fluoreto estanhoso no esmalte antes do tratamento com EDTA não interferia na sua ação quelante.

FRASER & LAWS (1976), pesquisando a ação do EDTA sobre a permeabilidade dentinária, verificaram que as regiões cervical e média do canal radicular sofriam ação quelante, mas a dentina da região apical permanecia inalterada.

ROBAZZA & ANTONIAZZI (1976) analisaram o índice de permeabilidade dentinária após o uso das seguintes soluções auxiliares da instrumentação de canais radiculares: EDTA, água oxigenada a 10 volumes e Tergentol®. A permeabilidade dentinária radicular foi evidenciada por uma solução de azul de metileno a 0,5 por cento durante um período de 24 horas. A quantificação da permeabilidade foi realizada pelas duas formas propostas por MARSHALL et al (1960). Os autores concluíram que existe diferença estatística na obtenção do índice da permeabilidade dentinária pelas formas propostas e que a zona apical dos canais radiculares é menos permeável ao corante azul de metileno.

O efeito da solução de EDTAC nas paredes do canal radicular foi investigado por GOLDBERG & ABRAMOVICH (1977). Eles instrumentaram o canal radicular de seis dentes incisivos centrais superiores e, em seguida, fizeram um corte no sentido longitudinal dividindo o dente ao meio, obtendo, dessa forma, 12 secções. Uma secção de cada dente era tratada com a solução de EDTAC durante 15 minutos e a outra secção, utilizada como controle. As hemi-secções utilizadas como controle não recebiam nenhum tipo de solução após a instrumentação. Concluída essa fase, os dentes eram lavados e analisados em um microscópio eletrônico de varredura. Os autores observaram que as secções controle apresentavam, na superfície da dentina, uma grande quantidade de fendas e fissuras, geralmente cobertas por um material amorfo e granular. Esse material obliterava parcialmente ou totalmente os canalículos dentinários. Já nas hemi-secções que sofreram a ação do EDTAC, a superfície dentinária apresentava-se com uma textura lisa. Os canalículos dentinários eram bem circulares e regulares, com o diâmetro bem maior do que aqueles do grupo controle.

KAUFMAN et al (1978), baseados em suas pesquisas anteriores, compararam as propriedades quimioterápicas do Salvizol® e EDTAC. A conclusão desse experimento é que o Salvizol® se sobressai em relação à solução de EDTAC no que diz respeito à ação bactericida, fungicida, biocompatibilidade com os tecidos e, principalmente, no poder de ação no terço apical do canal radicular.

Nova pesquisa comparando as ações quelantes do EDTA, RC-Prep® e Salvizol® foi realizada por RAM (1980). Ele dividiu os dentes em dois grupos. No primeiro grupo, os dentes eram seccionados ao meio e tratados com as soluções quelantes testadas. No segundo grupo, antes dos dentes serem seccionados, eles eram instrumentados utilizando os agentes quelantes como solução irrigante. O Salvizol® foi a solução que melhor quelou ions no primeiro grupo, ou seja, sem instrumentação. No segundo grupo, o melhor efeito quelante foi obtido pela solução de EDTA.

BRÄNNSTRÖM et al (1980) estudaram o efeito do EDTA na morfologia da dentina humana em diferentes concentrações, associado ou não a uma solução bactericida (cloreto de benzalcônio). Para isso, eles utilizaram 132 dentes que foram extraídos para tratamento ortodôntico. Os dentes, antes da extração, eram preparados com pontas diamantadas em alta rotação sob refrigeração a água ou a ar. O resultado mostrou que a combinação do EDTA com a solução bactericida foi eficaz na remoção da maioria da camada de "smear" produzida durante o preparo. Isso acontecia sem excessiva abertura dos canalículos dentinários e sem remover dentina pericanalicular. A limpeza do canal radicular era melhor quando as substâncias eram usadas em combinação do que quando usadas separadamente. Não foi observada diferença estatística entre a capacidade de limpeza sob refrigeração a ar e a água. As soluções contendo 0,15 e 0,20 por cento de EDTA foram mais efetivas na remoção do "smear" que a solução contendo 0,10 por cento. Ótimos resultados foram obtidos com a solução de EDTA a 0,2 por cento.

CURY et al (1981) estudaram a ação desmineralizadora do EDTA em diferentes pH. Nesse estudo, usaram uma solução de EDTA a 0,3 M, preparada com diferentes pH (5,0 - 6,0 - 7,0 - 8,0 e 9,0). Essas soluções atuaram em dentina, da qual, a seguir, analisou-se a quantidade de fósforo liberado. Como conclusão, verificaram que a ação desmineralizadora do EDTA é influenciada pelo pH da solução. O maior efeito desmineralizador foi observado entre pH 5 e 6.

GOLDMAN et al (1981) verificaram a eficiência em remover a camada de "smear" de três soluções irrigantes utilizadas em Endodontia. As soluções testadas foram: hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, EDTA e um tensoativo. A microscopia eletrônica de varredura evidenciou que somente a solução de EDTA foi capaz de remover a camada de "smear".

CRABB (1982) investigou, por meio da microscopia eletrônica de varredura, a capacidade de várias soluções irrigantes em promover a limpeza dos canais radiculares, quando das suas instrumentações com auxílio de uma unidade ultra-sônica. Eles observaram que a solução de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento foi a mais efetiva na remoção de "débris" dos canais radiculares do que a solução de Salvizol® a 0,5 por cento e o EDTA a 15,0 por cento.

GOLDBERG & SPIELBERG (1982), também por meio da microscopia eletrônica de varredura, analisaram o efeito da solução de EDTAC nas paredes do canal radicular em diferentes tempos de atuação. Os pesquisadores concluíram que o EDTAC começa a surtir efeito após 5 minutos de atuação, alcançando seu efeito máximo em 15 minutos. Após esse tempo, mesmo mantendo a solução em contato com a dentina, não aumentava o seu efeito quelante.

GOULART et al (1982) realizaram experiências "in vitro" para estudar a atividade antimicrobiana dos seguintes agentes quelantes de uso endodôntico: RC-Prep®, Endo-PREPSEM® e três diferentes marcas comerciais de EDTA. O paramonoclorofenol canforado (PMCFC) foi utilizado como padrão. A avaliação da atividade antimicrobiana foi feita pelo método de difusão em ágar (MOLLER, 1966). Para avaliar a atividade antimicrobiana dessas substâncias, foram utilizadas amostras de cinco microrganismos isolados de canais radiculares humanos. Foi determinada também a relação existente entre "tempo" e "atividade antimicrobiana" em intervalos de 10, 15, 20 e 30 minutos. Os resultados obtidos permitiram concluir que, nas condições experimentais, os quelantes comumente utilizados na realização do tratamento endodôntico têm ação antimicrobiana semelhante à do PMCFC e que essa atividade é "tempo-dependente".

YAMADA et al (1983), com auxílio da microscopia eletrônica de varredura, correlacionaram a instrumentação com diferentes volumes de diversas soluções irrigantes, como a solução salina (controle), o hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, o EDTA a 17,0 por cento e a 8,5 por cento, e o ácido cítrico a 25,0 por cento. Os resultados mostraram que, quando a solução salina foi usada antes e depois da instrumentação, a presença de "débris" era grande, tanto na região coronária como na apical; quando foram empregados 20 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento na irrigação final, a superfície das paredes do canal apresentou-se limpa e lisa. Entretanto, a fotomicrografia obtida com grande ampliação revelou a presença da camada de "smear" típica, de uma estrutura amorfa, preenchendo os canalículos dentinários; o uso de 20 ml de EDTA a 17,0 por cento evidenciou a presença de "débris" na região apical; o uso de 20 ml de ácido cítrico a 25,0 por cento apresentou resultados variáveis em função do número de canais. A associação de 10 ml de EDTA a 17 por cento com 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento revelou-se mais eficiente na remoção da camada de "smear", apresentando inclusive grande eficiência na remoção de "débris" superficiais. Além disso, as fotomicrografias mostram uma real limpeza do canal principal na região apical. Porém, com pequena quantidade de "débris" nos canalículos dentinários; uma segunda combinação, de 10 ml de EDTA a 8,5 por cento seguida por 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, também se mostrou eficiente na remoção da camada de "smear". Contudo, essa combinação não foi tão eficiente quanto a anteriormente citada. As fotomicrografias mostraram inclusive a presença de cristais. A análise desse trabalho evidencia que o estudo das soluções quanto às suas capacidades de limpeza não é inédito, mas apresenta riqueza de detalhes mostrados pelas fotomicrografias.

BRANCINI et al (1983) analisaram o poder de limpeza de algumas soluções irrigantes, com o auxílio da microscopia eletrônica de varredura. Utilizaram, para essa investigação, 26 caninos humanos recém-extraídos. Os canais foram instrumentados e irrigados com as seguintes soluções: EDTA, ácido cítrico a 1,0 por cento, Tergentol®, Dehyquart A® e solução de Dakin. Após esses procedimentos, os dentes foram seccionados longitudinalmente e preparados para análise em microscópio de varredura. Os autores concluíram que a eficiência de limpeza das soluções irrigantes obedece à seguinte ordem decrescente: EDTA, ácido cítrico, Dehyquart A®, Tergentol® e solução de Dakin. Não foi constatada diferença estatística em relação ao poder de limpeza das soluções irrigantes nos terços cervical, médio e apical.

CAMERON (1984), através da instrumentação ultra-sônica, preparou trinta e dois dentes humanos com canais atrésicos. A instrumentação dos canais foi auxiliada com a mistura do creme RC-Prep® e hipoclorito de sódio a 3 por cento. A microscopia eletrônica de varredura mostrou que a solução irrigante testada não foi capaz de remover os "débris" e nem a camada de "smear" das paredes do canal radicular.

DOW (1984) fez uma breve revisão da literatura com o título "EDTA- tempo para reavaliação". Nesse artigo, o autor comenta que a solução de EDTA é, sem dúvida, um eficiente agente quelante e a reação química auto-limitante ocorre independentemente da quantidade utilizada. Ele ainda expõe sua opinião dizendo que, com o tempo, as pesquisas têm demonstrado a eficiência da solução de EDTA como agente quelante na prática odontológica.

PAIVA & ANTONIAZZI (1984) afirmaram que, para a utilização do EDTA, "deve-se ter em conta que não pode existir na cavidade do dente qualquer traço de substância química que possua pH diferente do neutro, já que alteraria a capacidade de quelação desejada". Afirmaram ainda que o EDTA deve ser neutralizado com solução de Dakin ou de Milton®, fazendo uma irrigação lenta, despendendo cerca de 5 ml da solução.

GOLDBERG et al (1984) compararam, por meio da microscopia eletrônica de varredura, as ações das soluções de EDTAC e Salvizol® sobre as paredes do canal radicular. O tempo de ação para cada solução foi de 15 minutos. Os resultados demonstraram que a solução de EDTAC possui maior capacidade de remover a camada de "smear" das paredes do canal radicular do que a solução Salvizol®.

BYSTRON & SUNDQVIST (1985) verificaram a ação antimicrobiana da solução de hipoclorito de sódio e EDTA em 60 casos de tratamento endodôntico em dentes infectados. Observaram que não havia diferença entre a ação antimicrobiana das soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5 e 5 por cento. O uso combinado de uma solução de EDTA e hipoclorito de sódio a 5 por cento apresentava-se mais eficaz do que quando se usava somente a solução de hipoclorito de sódio.

PÉCORA (1985) estudou a permeabilidade da dentina radicular em caninos humanos, após a instrumentação manual dos canais radiculares com o uso de diversas soluções irrigantes, tais como a solução de Dakin, a solução de Milton®, a soda clorada, a soda clorada alternada com água oxigenada, o EDTA, o RC-Prep® mais soda clorada, o Tergentol®-Furacin®, o Endo-PTC® neutralizado com solução de Dakin e água como controle. A permeabilidade da dentina radicular foi estudada por meio de cortes transversais dos dentes, com a adoção de um método histoquímico proposto por ROSELINO (1983) para a sua evidenciação. A quantificação dos níveis de permeabilidade foi realizada pela análise morfométrica. Com base nos resultados, concluiu-se que as soluções halogenadas e a de EDTA foram as que mais aumentaram a permeabilidade da dentina radicular

LINDEMANN et al (1985) estudaram a permeabilidade dentinária e a resposta do tecido pulpar à solução de EDTA. Eles observaram que a solução de EDTA possui toxicidade desprezível ao tecido pulpar quando aplicada sobre a dentina intacta. Isso porque o EDTA não se difunde pelos canalículos dentinários. Porém, os autores recomendam cautela quando aplicar o EDTA em dentes com suspeita de exposição do tecido pulpar.

SOARES et al (1986) realizaram "in vivo" avaliação do EDTA como solução irrigante de canais radiculares em dentes humanos com mortificação pulpar e comprovadamente contaminados. Cinqüenta dentes unirradiculares foram instrumentados e irrigados exclusivamente com uma solução de EDTA a 15 por cento. Os controles microbiológicos foram realizados imediatamente depois da preparação cirúrgica e apresentaram 80 por cento de culturas negativas. A permanência de EDTA como medicação temporária durante 24 horas promoveu 96 por cento de culturas negativas. Nenhum caso apresentou dor pós-operatória. Eles recomendaram o EDTA como solução irrigante de canais radiculares.

BERG et al (1986) compararam a ação de cinco soluções irrigantes sobre as paredes do canal radicular através da microscopia eletrônica de varredura. Vinte e cinco dentes foram instrumentados e irrigados com as seguintes soluções: Salvizol®, hipoclorito de sódio, Gly-Oxide® em combinação com hipoclorito de sódio e EDTA. Uma solução salina foi utilizada como controle. Para avaliação, os dentes foram seccionados ao meio e analisados no microscópio. Os resultados, baseados na análise estatística de variância, demonstraram que as soluções de Salvizol®, hipoclorito de sódio, solução salina e a mistura de Gly-Oxide® com hipoclorito de sódio não removeram a camada de "smear" das paredes dos canais radiculares. O EDTA foi a solução irrigante mais eficiente para essa tarefa.

NUNEZ et al (1987) investigaram a presença de restos inorgânicos e orgânicos no interior do canal radicular de 30 dentes extraídos, depois de serem submetidos à instrumentação ultra-sônica e de serem irrigados com três soluções distintas: solução fisiológica, irrigação alternada com hipoclorito de sódio a 5 por cento e água oxigenada a 3 por cento, e com EDTAC. Os autores concluíram que a instrumentação ultra-sônica com o hipoclorito de sódio alternado com água oxigenada e o EDTAC foram efetivos na remoção de restos orgânicos e inorgânicos do interior do canal radicular.

ZUOLO et al (1987) estudaram o efeito do EDTA e sua associação com tensoativos aniônicos e catiônicos na permeabilidade da dentina radicular de incisivos superiores humanos extraídos, e utilizaram o método histoquímico de ROSELINO (1983). A associação mais eficiente na promoção do aumento da permeabilidade foi a do EDTAC.

BAUMGARTNER & MADER (1987) verificaram, por meio da microscopia eletrônica de varredura, a capacidade de quatro soluções irrigantes em promover a limpeza de canais radiculares. Eles constataram que a camada de "smear" estava presente nas superfícies de canais radiculares irrigados com solução salina e com hipoclorito de sódio. O EDTA apresentou-se eficaz na remoção da camada de "smear" e em expor os orifícios dos canalículos dentinários. O hipoclorito de sódio removeu polpa remanescente e pré-dentina das superfícies de canais radiculares que não foram instrumentados, enquanto que o EDTA e a solução salina deixavam polpa remanescente e pré-dentina. Eles concluíram que a combinação de hipoclorito de sódio com a solução de EDTA removia completamente a camada de "smear" e a polpa remanescente de canais radiculares durante a instrumentação, e a polpa e pré-dentina das superfícies de canais radiculares não instrumentados.

GUIMARÃES et al (1988) realizaram pesquisa sobre a tensão superficial de várias soluções auxiliares na instrumentação dos canais radiculares, pelo método de ascensão capilar. Das substâncias analisadas, o lauril-sulfato-de-sódio a 0,1 por cento apresentou a mais baixa tensão superficial. A adição de tensoativos ao EDTA reduziu sensivelmente sua tensão superficial. A solução de EDTA proposta por ØSTBY (1957) apresenta tensão superficial de 69,25 dinas/cm. A adição de 0,1 por cento de Cetavlon fez com que esta tensão superficial caísse para 33,92 dinas/cm.

MOURA et al (1988) avaliaram "in vitro" a permeabilidade dentinária radicular em dentes irrigados com hipoclorito de sódio a 1 por cento associado ao creme de Endo-PTC® durante a instrumentação e lavagem final com solução de Tergentol®-Furacin®, seguida ou não do emprego final de EDTAC. Os autores constataram que não houve diferença estatística significante em relação à permeabilidade dentinária frente ao uso ou não do EDTAC.

PEREZ et al (1989) analisaram o processo dinâmico da desmineralização da dentina por meio do EDTA. Eles observaram que o pH da solução de EDTA no interior da cavidade pulpar diminui à medida que ocorre a desmineralização. O aumento na concentração do EDTA de 0,1 mol/l para 0,5 mol/l causa maior acumulação ácida e maior taxa de desmineralização. A eficiência da solução de EDTA diminui com o aumento do tempo de contato com a dentina, provavelmente pela liberação ácida do EDTAHNa (que é a forma predominante no pH neutro). Nenhum EDTA estudado reage após poucas horas. Trata-se da propalada "auto-limitação" do EDTA, que pode ser devida à acidificação da sua solução.

CIUCCHI et al (1989) compararam a eficiência de diferentes procedimentos de irrigação na remoção da camada de "smear" por meio da microscopia eletrônica de varredura. Foram utilizados nos experimentos 40 canais curvos preparados manualmente "in vitro" e irrigados copiosamente com hipoclorito de sódio a 3 por cento. Dez canais foram usados como controle. Os 30 restantes foram distribuídos em três grupos que foram subseqüentemente irrigados do seguinte modo: ultra-som com hipoclorito de sódio, EDTA, e ultra-som com EDTA. Os autores observaram que a irrigação com hipoclorito de sódio deixa camada de "smear" nas paredes dos canais radiculares. O uso do aparelho de ultra-som com hipoclorito de sódio remove moderadamente essa camada, enquanto que a irrigação com EDTA produz, quase sempre, superfícies livres de "smear". Eles notaram que a associação do uso de EDTA com ultra-som não aumentou a capacidade do agente quelante em remover a camada de "smear".

PROKOPOWITSCH et al (1989) analisaram as possíveis variações da porcentagem de penetração dentinária radicular do corante azul de metileno no terço apical em cinqüenta dentes humanos extraídos. Os dentes foram instrumentados manualmente, utilizando-se como coadjuvante as seguintes soluções irrigantes: soro fisiológico, Tergentol®-Furacin®, hipoclorito de sódio a 1,0 por cento (solução de Milton®), Endo-PTC® e EDTA-T (ácido etilenodiaminotetraacético associado ao Tergentol®). Após, os dentes foram seccionados no sentido longitudinal para avaliação do grau de infiltração. Dentro das condições experimentais estabelecidas, os autores concluíram que não houve diferença estatisticamente significante entre os valores das médias de penetração do corante em relação à hemissecção do terço apical, entre a associação de Tergentol® e Furacin® e o EDTA-T, como também entre o Endo-PTC® e o EDTA-T.

GENGIZ et al (1990) investigaram "in vitro" e por meio de microscopia eletrônica de varredura a capacidade da remoção da camada de "smear" proporcionada pelas seguintes soluções: salina, EDTA a 15 por cento e do EDTA a 15 por cento seguido de irrigação de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento. Eles utilizaram 20 mililitros de cada solução irrigante, sendo que para a irrigação com EDTA seguida de hipoclorito de sódio, utilizaram 10 mililitros de cada solução com o objetivo de manter a mesma quantidade de líqüido irrigante. Essa investigação possibilitou as seguintes conclusões: a) a camada de "smear" é formada durante a instrumentação dos canais radiculares; b) a irrigação do canal radicular com a solução de EDTA seguida da irrigação com a solução de hipoclorito de sódio possibilitou a obtenção de canais radiculares com menos "smear" do que quando irrigados somente com EDTA.

PÉCORA et al (1990) apresentaram um método histoquímico para detectar a ação quelante do EDTA na dentina radicular. Para isso, eles instrumentaram incisivos centrais superiores humanos extraídos, irrigando-os com uma solução de Dakin. Na realização do ensaio histoquímico, procedeu-se à adaptação do método de FEIGL (1958). Os dentes foram imersos em uma solução de sulfato de níquel a 5 por cento durante 30 minutos. Após serem secos, foram divididos em dois grupos: a) grupo controle - onde eram imersos em um recipiente contendo uma solução alcoólica de Dimetilglioxima a 1,0 por cento; b) grupo experimental - os dentes eram imersos em uma solução de EDTA por 30 minutos e, em seguida, em uma solução de Dimetilglioxima. Finda essa etapa, os dentes de ambos os grupos eram removidos do recipiente e secados, para serem seccionados sagitalmente de milímetro em milímetro. Os autores concluíram que a solução de EDTA penetra no interior dos canalículos dentinários quelando ions de níquel e pode ser revelado pela reação Níquel-Dimetilglioxima.

SAQUY (1991) investigou, por meio de dois métodos químicos e um físico, o efeito quelante da uma solução de EDTA, associado ou não à solução de Dakin. O primeiro método químico constatou a quelação de ions metálicos pelo EDTA; o segundo determinou a concentração de cálcio complexado pelo EDTA através de espectrofotometria de chama. O método físico utilizado foi o de avaliar a microdureza da dentina após a aplicação das soluções testadas. Os resultados obtidos possibilitaram ao autor concluir que, tanto a solução de EDTA como a associação dessa solução com a solução de Dakin, são capazes de quelar ions cálcio e diminuir a microdureza da dentina. Esse trabalho deixa claro que a ação quelante do EDTA não é inativada pela sua associação com o hipoclorito de sódio.

PÉCORA (1992) estudou as ações das soluções de Dakin (hipoclorito de sódio a 0,5 por cento) e de EDTA a 15 por cento usadas de forma isoladas, alternadas e misturadas durante a instrumentação de canais radiculares, sobre a evidenciação da permeabilidade dentinária radicular. A água destilada foi usada como controle. Utilizaram-se 10 incisivos centrais superiores humanos recém-extraídos para cada solução irrigante e os dentes foram irrigados com 10,8 ml de cada uma delas. Nos casos de uso alternado, utilizaram-se 5,4 ml de cada solução e, no caso de mistura na proporção de 1:1, utilizaram-se 10,8 ml. O indicador da permeabilidade dentinária radicular foram os ions cobre de uma solução de sulfato de cobre a 10 por cento e o revelador dos ions cobre foi o ácido rubeânico. A análise estatística dos resultados mostrou que a água tem menor efeito sobre a evidenciação da permeabilidade dentinária que as demais soluções. As soluções de Dakin e EDTA promoveram aumentos da evidenciação da permeabilidade dentinária de modo estatisticamente semelhante entre si, porém maior que a água. Os usos das soluções de Dakin e de EDTA, quer alternadas, quer misturadas, promoveu aumento da evidenciação da permeabilidade dentinária maior do que os usos dessas soluções de modo isolado, porém de forma estatisticamente semelhante entre si.

AKTENER & BILKAY (1993) investigaram, por meio da microscopia eletrônica de varredura, o efeito do EDTA e de uma mistura de EDTA com etilenodiamina sobre a remoção da camada de "smear", durante a instrumentação dos canais radiculares. Os autores concluíram que a mistura do EDTA com o solvente orgânico etilenodiamina favorece a remoção da camada de "smear", pois enquanto o EDTA atua nos componentes inorgânicos, o etilenodiamino atua sobre os componentes orgânicos do magma dentinário.

CRUZ FILHO (1994) estudou a ação do EDTAC sobre a microdureza da dentina radicular nos terços cervical, médio e apical e em diferentes tempos de aplicação (00, 01, 02, 03, 05, 07 e 10 minutos). Os resultados evidenciaram que a microdureza é diminuída em função do tempo de aplicação. O autor observou, também, que a dentina do terço cervical é mais dura que a dentina do terço médio e apical. Salientou que a microdureza da dentina está relacionada de modo inversamente proporcional com o tempo de aplicação do EDTAC.

FAIRBANKS (1995) avaliou a capacidade quelante do EDTA, EDTAC e do EDTA-T pela análise da microdureza da dentina radicular. No experimento, foi utilizado volume padronizado de 50 µl para cada solução a ser testada com tempo de ação de cinco minutos. Os resultados mostraram que todas as soluções quelantes analisadas reduzem a microdureza da dentina e que as soluções de EDTA e EDTA-T atuam de modo semelhante. A solução de EDTAC, conclui a autora, é a mais efetiva em reduzir a microdureza da dentina em relação às demais soluções estudadas.

Na Medicina, e em especial na Fisiologia, a utilização das soluções quelantes é muito difundida e, nesta década, um grande número dessas soluções foi estudado.

SÁNCHEZ et al (1995) pesquisaram, com auxílio de um grande número de soluções quelantes (CDTA, EGTA, HEDTA, INH, l-DOPA, Tiron, PAS), a eficácia desses agentes na quelação do manganês em camundongos. Os animais eram submetidos à injeção com solução tetrahidratada de cloreto de manganês durante quatro semanas. Após, os camundongos recebiam a injeção dos agentes quelantes com dosagem igual a 1/8 da dose letal. A urina e fezes dos camundongos eram coletadas no período de aplicação das injeções. Um dia após o término das aplicações, os animais eram sacrificados e a concentração de manganês era determinada em vários tecidos. Os autores observaram que apesar do CDTA, EGTA e HEDTA aumentarem significantemente a eliminação de manganês na urina, nenhum dos agentes quelantes aumentou a eliminação nas fezes. A concentração de manganês nos tecidos, concluíram os pesquisadores, foi significantemente reduzida apenas pelo CDTA. Portanto, dentre os agentes quelantes testados, apenas o CDTA deveria remover efetivamente o manganês nos camundongos tratados.

HARDIE (1995) estudou o efeito da quelação de cálcio intracelular na resposta à luz em fotoreceptores de drosófilas. Os tecidos fotoreceptores eram banhados em diversas soluções e, em seguida, os resultados eram avaliados. Em uma das soluções, a de Ringer, era adicionados 100 m M de EGTA. Com isso, o autor obtinha uma solução totalmente livre de íon cálcio, ou seja, todo o cálcio intracelular era quelado pelo EGTA.

YAMAMOTO et al (1995) pesquisaram a ação das soluções de EDTA e EGTA separadamente na contração de músculos lisos da aorta de coelhos induzida por tramboxana A2 (STA2) e porbol ester (PDBu).A musculatura, antes de sofrer a contração, era tratada com 4mM de cada solução quelante separadamente. Na primeira parte do trabalho, na qual a musculatura era estimulada pela solução de STA2, os autores verificaram que o EDTA promovia inibição potente da contração. Já o EGTA não conseguia inibir totalmente a contração. Observaram também que a musculatura contraída relaxava rapidamente com a adição posterior de EDTA ou EGTA. Porém, com um novo estímulo de STA2, os músculos tratados com EGTA contraíam e, com o EDTA, isso não ocorria. Numa segunda fase, o músculo era estimulado pela solução de PDBu. O EDTA mostrou-se eficaz em atenuar as contrações provocadas por esse estimulador mas o EGTA, não. Os pesquisadores concluíram que as contrações do músculo liso vascular de coelhos são compostas por dois componentes distintos: uma contração de "vida" curta relacionada ao cálcio e outra de "vida" longa relacionada ao magnésio. As soluções de EDTA e EGTA são boas ferramentas para discriminar a fase tônica das contrações induzidas pelas soluções de STA2 e ou PDBu, uma vez que o EDTA possui afinidade em quelar tanto ions cálcio como os de magnésio e o EGTA, apenas íon cálcio.

KLEVETS’MIU & MAN’KO (1995) estudaram a modificação que ocorre quando da remoção do íon cálcio dos canais de células de glândulas salivares de larva Chironomus. As soluções empregadas na quelação do íon foram o EGTA e EDTA. Uma nota importante do trabalho diz: "Os canais não sofreram nenhuma alteração de metabolismo e nem farmacológica com a ação dos agentes quelantes".

RUBIN et al (1995) constataram "in vitro" que 100µM de Furosemide (agente quelante) reduziu pela metade a concentração de íon cálcio intracelular no miocárdio. O mesmo teste feito com uma solução de EDTA (2,5 mM) reduziu a concentração a zero.

MATHES & THOMPSON (1995), em seus experimentos sobre a inativação de sítios de cálcio intracelular e ativação da corrente de cálcio por receptores muscarínicos em células de neuroblastoma, diminuíram a concentração de cálcio intracelular em 25 a 50 por cento por meio de uma solução de EGTA (10µM) agindo durante 30 minutos.

KABAKOV & HILGEMANN (1995) investigaram o efeito do EGTA nas trocas de corrente de sódio e cálcio na membrana cardíaca de cobaias. A concentração de cálcio livre era monitorada com um eletrodo e um indicador fluorescente de cálcio. Os autores promoviam um meio totalmente livre de cálcio com o uso de uma solução quelante de 10 mM de EGTA em pH = 7,0. Eles concluíram que não havia evidências de que o tamponamento por EGTA tivesse efeito direto nas trocas de sódio e cálcio na membrana cardíaca de cobaias.

RODEBERG & BABCOCK (1996) avaliaram o papel do cálcio durante a estimulação de lipopolissacarídios de neutrófilos. Durante o experimento, os autores utilizaram-se de 1 mM de EGTA para a quelação total de cálcio extracelular.

XIE et al (1996) compararam os efeitos de cinco agentes quelantes na toxicidade pulmonar causada por níquel sistêmico em camundongos. As soluções testadas foram: BDG (N-benzil D-glucaminoditiocarbamida), DDTC (dietilditiocarbamida), DHED (dihidroxietilditiocarbamida), DMSA (ácido meso-2,3-dimercaptosucinico) e CDTA. Trinta minutos após a injeção de níquel nos pulmões, notava-se a diminuição da concentração de níquel causada pela ação quelante das soluções. A análise comparativa mostrou que o tratamento com as soluções de DMSA e BGD eram mais eficazes em quelar o níquel dos pulmões dos camundongos do que as demais soluções testadas.

CARINI et al (1997) estudaram o papel da bomba de sódio e cálcio na prevenção de sobrecarga de sódio e lesão dos hepatócitos, observando o efeito adverso da quelação de cálcio extracelular e intracelular. O objetivo do experimento era verificar se aumentando a concentração de sódio intracelular, reduzia-se por completo a concentração de cálcio extracelular. O cálcio extracelular foi quelado totalmente, colocando-se os hepatócitos em uma solução de 25 m M/l de EGTA durante 15 minutos. Os autores observaram que a quelação de todo cálcio extracelular inibiu a extrusão de sódio para fora da célula devido à atividade reversa da bomba de sódio e cálcio, aumentando assim, a concentração de sódio intracelular.

JOHNSON et al (1997), em seus estudos sobre a modulação de cálcio transitório e tensão intracelular em fibras musculares de sapo, utilizaram para a remoção de todo cálcio extracelular, uma solução de EGTA.

Essas citações de uso de novos agentes quelantes na área médica indica grande progresso da Química na tentativa de se obter novas soluções com a propriedade de quelar ions metálicos.

Na área odontológica, poucas tentativas foram realizadas no sentido de se empregar novas soluções quelantes, a não ser a proposta de ØSTBY (1957) com as variações propostas por HILL (1959) e Von FEHR & ØSTBY (1963) o EDTAC e, mais recentemente, a proposta de PAIVA & ANTONIAZZI (1984) o EDTA-T (EDTA + tergentol).

Assim, após essa retrospectiva da literatura, nossa atenção foi dirigida para estudar a ação dos agentes quelantes CDTA e EGTA em comparação com o quelante EDTAC.

A observação e a curiosidade levam o pesquisador a invadir outras áreas, trazendo dúvidas para serem desvendadas, abrindo, dessa forma, novos horizontes.



 
 

PROPOSIÇÃO
 
 

O objetivo do presente trabalho consiste em avaliar a ação dos quelantes CDTA e EGTA a 1 por cento e da solução de EDTAC a 15 por cento, sobre a microdureza da dentina radicular humana.



 
 

MATERIAL E MÉTODO
 
 

1-Preparo dos corpos de prova para a leitura da microdureza.
 
 

Foram utilizados cinco incisivos centrais superiores humanos extraídos e conservados em timol a 0,1 por cento e a 9 graus centígrados até o momento do uso. Esses dentes tiveram suas coroas seccionadas na junção esmalte-cemento, medindo-se, em seguida, o comprimento das raízes com a ajuda de um paquímetro digital (Tesa, Suiça). Os valores obtidos eram divididos por três, a fim de determinar o comprimento dos terços cervical, médio e apical.

Após delimitado o comprimento relativo a um terço da raiz, seccionavam-se as raízes na linha de demarcação entre os terços cervical e médio, para separar o terço cervical.

A porção referente aos terços cervicais eram então incluídos em acrílico de rápida polimerização, a fim de formar um bloco (Figura 01-1) que possibilitasse sua adaptação em uma máquina de corte (Figura 02). Os demais terços foram desprezados.

Figura 01 – 1) terço cervical da raiz incluído em acrílico de rápida polimerização; 2) corte do terço cervical com a camada de acrílico, após secção transversal.

Figura 02 – Máquina de tecido duro para a secção das raízes.

Os terços cervicais foram seccionadas no sentido transversal em uma máquina de corte dotada de um disco diamantado com 500 micrômetros de espessura. Durante a secção dos terços, o disco diamantado e o bloco de acrílico que os continha eram refrigerados com jatos constantes de água, a fim de evitar a queima do acrílico e da dentina. Um marcador micrométrico, acoplado à máquina de corte, permitia o avanço de 1 em 1 milímetro, obtendo-se assim cortes do tecido radicular com essa espessura e, ainda, inclusos em acrílico (Figura 01-2). Cada terço possibilitou, em média, a obtenção de 03 cortes. Nessa fase, removia-se a camada de acrílico que permanecia em volta dos cortes dos terços e os colocava em uma placa de Petri que continha uma gaze umedecida em água. Os cortes externos foram desprezados, utilizando-se o corte intermediário para o estudo.

Figura 03 – 1) disco de dentina, mostrando a sua divisão em quatro partes, ou fragmentos; 2) corpo de dentina incluído em acrílico, para a medida da microdureza (corpo de prova).

Esse corte foi dividido em quatro partes, cada qual utilizada para cada um dos tratamentos programados (Figura 03-1).

Cada quadrante foi incluído em um corpo de prova de acrílico, de modo que sua superfície cervical ficasse voltada para o exterior, obtendo-se, assim, para cada corte da raiz, quatro corpos de prova (Figura 03-2).

Após a inclusão, o conjunto foi lixado com lixas d'água de granulações 400, 500 e 600 sob água corrente e, em seguida, polido em uma politriz (Struers-Dinamarca), dotada de disco de feltro (Figura 04), associada a uma pasta de alumínio (Alpha micropolish 10 - Union Carbide).

O polimento da superfície dentinária era controlado pelo exame visual através de uma lupa, com aumento de 30X. Esse polimento só era considerado adequado à realização do teste de microdureza dentinária quando sua superfície apresentava-se sem riscos ou irregularidades. Os corpos de prova da dentina incluídos nos dispositivos de acrílico eram então colocados em um recipiente com água destilada e deionizada, ali permanecendo até o momento da leitura de microdureza.

Figura 04 – Politriz (Struers), dotada de disco de feltro para polimento.

2- Preparo das soluções:

As soluções utilizadas neste experimento foram aviadas no Laboratório de Pesquisa de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP-USP). A solução de EDTAC foi preparada a partir da solução de EDTA proposta por ØSTBY (1957):

- ácido etilenodiaminotetracético sal dissódico 17,0 g

- água destilada 100,0 ml

- hidróxido de sódio 5 mol/l 9,8 ml

A solução de EDTA foi aviada como segue:

Em uma balança, pesaram-se 17 gramas do sal dissódico do ácido etilenodiaminotetracético (Merck) e colocava-se em um béquer para 200 ml, no qual adicionaram-se 100 ml de água destilada deionizada. A solução formada, de cor branca, foi agitada com um bastão de vidro, gotejando-se lentamente o hidróxido de sódio 5 mol/l (Merck), até se obter pH 7,3, quando a solução branca se tornava límpida e transparente. O pH foi aferido por meio de um pH-meter Digimed.

O preparo da solução de EDTAC foi realizada do seguinte modo:

Pesou-se 0,1 grama de cetavlon (brometo de N-cetil – N,N,N – trimetilamônio - Merck) e colocou-se em 1 béquer de 10 ml e, a seguir adicionou-se 1 ml de álcool 96 GL, o suficiente para a total dissolução do pó.

Esta solução foi adicionada à solução de EDTA, previamente preparada. Obtendo-se assim, a solução de EDTAC, com pH 7,3.

A seguir, a solução foi filtrada em papel e colocada em um recipiente plástico, dotado de batoque e tampa, sendo posteriormente guardada em local isento de luz, até o momento do uso.

Para preparar a solução de CDTA (Figura 05), pesou-se 1 grama do ácido Trans-1,2- diaminociclohexano-N,N,N’,N’-tetraacético (SIGMA) e colocou-se em um béquer de 200 ml. Adicionaram-se 100 ml de água destilada deionizada. A solução foi agitada com um bastão de vidro, gotejando-se lentamente o hidróxido de sódio 5 mol/l (Merck), até se obter pH 7,0. O pH foi aferido por meio de um pH-meter Digimed. Após, a solução foi embalada em um frasco plástico, armazenado em lugar apropriado até o momento de sua utilização.

A solução de EGTA (ácido Bis(2- aminoetil) etilenoglicol-N,N,N’,N’-tetraacético) da SIGMA (Figura 05), foi aviada de forma semelhante a de CDTA, obtendo-se uma solução de pH 7,0 e concentração de 1 por cento.

Utilizou-se a água destilada e deionizada como solução controle.

Figura 05 – Frascos contendo o pó de CDTA e EGTA.

3- Medida da microdureza

Para medir a microdureza da dentina, usou-se um aparelho de dureza Vickers, marca Wolpert, de procedência alemã (Figura 06).

A carga utilizada foi de 50 gramas, aplicada durante 15 segundos de acordo com SAQUY (1991); CANEPA et al (1993); CRUZ FILHO (1994) e FAIRBANKS (1995).

Os corpos de prova de dentina preparados eram levados ao aparelho de medição. Inicialmente, determinava-se a microdureza no quadrante de dentina submetido à ação da solução controle, ou seja, água destilada e deionizada.

Figura 06 – Aparelho para a medida da microdureza Vickers (Wolpert – Alemanha).

Posteriormente, determinava-se a microdureza do segundo corpo de prova de dentina do mesmo corte, após a aplicação da solução de EDTAC por cinco minutos (CRUZ FILHO, 1994). Na mesma seqüência, procedia-se à determinação da microdureza do terceiro corpo de prova do mesmo corte, após a aplicação da solução de CDTA, por cinco minutos. E, por último, determinava-se a microdureza da dentina do quarto corpo de prova de dentina do mesmo corte cervical, após a aplicação da solução de EGTA na superfície por cinco minutos.

Para que todos os corpos de prova recebessem o mesmo volume de soluções a serem testadas, utilizou-se uma micropipeta automática. O volume padronizado foi de 50m l.



 

RESULTADOS
 
 

Os 100 dados amostrais utilizados neste estudo representam os valores da microdureza da dentina (dureza Vickers). Esse número total de dados resulta do produto fatorial de quatro soluções (Água, EDTAC, CDTA e EGTA), cinco dentes e cinco médias por dente: 4 x 5 x 5 = 100.

Foram obtidas 12 medidas de dureza para cada corpo de prova, das quais se calcularam cinco médias. Essas médias eram calculadas anotando-se cada medida em um pedaço de papel de tamanho padronizado. Os papéis eram então colocados em uma caixa pequena de papelão, para que se pudesse realizar um sorteio. A cada medida sorteada era anotado o seu valor e o papel recolocado na caixa de papelão para novo sorteio. A cada cinco medidas sorteadas estabelecia-se uma média, até completar cinco médias para cada dente. Essas cinco médias obtidas representavam a dureza da dentina em diferentes pontos de toda a área de dentina estudada.

As médias foram obtidas dessa forma, para que o fator região da dentina não fosse um dado dependente (vinculado), uma vez que as medidas de microdureza eram lidas da região interna, ou seja próxima a luz do canal para a região externa. A região externa refere-se à região próxima ao cemento. Dessa forma, a análise comparativa seria somente entre as soluções testadas.

Os valores médios de dureza Vickers da dentina estão expressos na Tabela I.

TABELA I – Valores da dureza Vickers da dentina.
Dentes
Soluções
Água (controle)
EDTAC
CDTA
EGTA
01
42,26

42,94

42,94

42,26

42,94

37,58

36,16

36,10

36,58

36,16

35,98

37,10

35,98

37,70

37,10

33,78

33,54

34,30

34,04

33,78

         
02
44,76

44,76

44,36

44,52

44,52

39,26

39,88

39,26

38,34

38,30

36,54

37,40

36,54

37,16

36,24

36,28

35,68

35,90

35,72

36,50

         
03
45,40

43,12

45,04

44,28

44,88

39,60

39,96

40,96

40,60

40,96

40,24

40,24

40,60

41,72

40,60

37,46

38,06

38,38

38,62

36,88

         
04
45,68

45,10

45,70

45,70

45,64

40,02

40,38

40,38

39,62

41,02

37,48

37,26

36,66

35,22

37,20

36,32

35,78

36,88

35,78

35,71

         
05
45,84

45,70

44,12

45,72

44,70

39,06

39,00

39,98

40,02

40,34

37,52

39,06

37,52

37,18

39,38

38,30

38,32

36,88

35,32

35,76

Usando um arquivo de dados feito a partir da Tabela I, realizaram-se testes preliminares, por meio de um programa de computador "software" estatístico, elaborado pelo Prof. Dr. Geraldo Maia Campos, do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, USP (GMC "software", versão 7.3), visando a verificar a normalidade e a homoscedasticidade da distribuição amostral, a fim de definir o tipo de análise estatística a ser utilizada (paramétrica ou não paramétrica).

Para se chegar a um resultado, foram necessárias várias etapas, nas quais calculavam-se os parâmetros amostrais, fazia-se a distribuição das freqüências acumuladas das curvas experimental e normal matemática, além de traçar o histograma de freqüências em intervalos de classe medidos pelo desvio padrão da amostra. Esses testes serão expostos a seguir:

1- Parâmetros amostrais.

Pela Tabela II, observa-se que houve uma quantidade considerável de valores situados no intervalo de classe a que pertence a média amostral (35), e uma quase simetria da distribuição dos dados em torno da média (34 dados abaixo e 31 acima da média). Esses parâmetros apontam em favor de uma distribuição normal.

TABELA II - Parâmetros amostrais dos dados originais.

Soma dos erros amostrais: 0,0000
Soma dos quadrados dos dados: 37,7491
Termo de correção: 0,0000
Variação Total: 37,7491
Média geral dos erros da amostra: 0,0000
Variância da amostra: 0,3813
Desvio padrão da amostra: 0,6175
Erro padrão da média: 0,0617
Mediana (dados agrupados): 0,0265
Dados abaixo da média: 34,0000
Dados iguais à média: 35,0000
Dados acima da média: 31,0000

2- Distribuição de freqüências.

A Tabela III mostra que a distribuição das freqüências absolutas por intervalo de classe apresenta tendência central: 02, 05, 27, 35, 24, 07, 00.

O gráfico da figura 07 foi traçado a partir dos percentuais acumulados de freqüências, que constam na tabela III.

Esse gráfico registra duas linhas superpostas, uma correspondente à curva normal matemática e a outra à curva experimental.

O grau de concordância, de ajuste, ou de aderência entre essas duas curvas é avaliado pela maneira como ambas se ajustam. A discrepância relativamente pequena entre elas traduz uma boa possibilidade de a distribuição amostral ser normal.
 
 

TABELA III - Distribuição de freqüências, absolutas e acumuladas dos dados originais.

A. Freqüências por intervalo de classe
Intervalos de classe:
M-3s
M-2s
M-1s
Med.
M+1s
M+2s
M+3s
Freqüências absolutas:
2
5
27
35
24
7
0
Freqüências percentuais:
2,0
5,0
27,0
35,0
24,0
7,0
0,0
B. Freqüências acumuladas
Intervalos de classe:
M-3s
M-2s
M-1s
Med.
M+1s
M+2s
M+3s
Freqüências absolutas:
2
7
34
69
93
100
100
Freqüências percentuais:
2,0
7,0
34,0
69,0
93,0
100,0
100,0

 

FIGURA 07 - Sobreposição das curvas dos percentuais acumulados de freqüências relativas às curvas experimental e normal matemática.

3- Teste de aderência à curva normal.

A tabela IV apresenta os resultados do teste de aderência da distribuição de freqüências por intervalos de classe da distribuição normal em relação à mesma distribuição dos dados amostrais. Verifica-se que a probabilidade de a distribuição experimental ser normal é de 83,92 por cento.

TABELA IV - Teste de aderência da distribuição de freqüências acumuladas dos dados originais à sua correspondente normal matemática.

A. Freqüências por intervalos de classe:
Intervalos de classe: M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s
Curva normal: 0,44 5,40 24,20 39,89 24,20 5,40 0,44
Curva experimental: 2,00 5,00 27,00 35,00 24,00 7,00 0,00
B. Cálculo do Qui-quadrado
Graus de liberdade: 4
Interpretação
Valor do Qui-quadrado: 1,43
A distribuição amostral testada
Probabilidade de Ho: 83,92 %
é normal

4- Histograma de freqüências.

A Figura 08 mostra o histograma das freqüências dos dados originais. Nessa figura, observa-se a distribuição central dos dados experimentais e uma certa simetria em relação à média, com números mais ou menos equivalentes abaixo e acima dela. Uma distribuição, portanto, que pode ser aceita como normal, para fins estatísticos.
 
 


FIGURA 08 - Histograma de freqüências dos dados originais.

5- Teste de homogeneidade de Cochran.

TABELA V – Teste de homogeneidade de Cochran.

Teste de homogeneidade de Cochran
Número de variâncias testadas: 20
Número de graus de liberdade: 4
Variância maior: 1,9429
Soma das variâncias: 9,4373
Valor calculado pelo teste: 0,2059

Este teste compara a maior variância, individualmente considerada, contra a soma de todas as variâncias envolvidas nas amostras.

O valor calculado resulta da divisão da variância do maior valor pela soma de todas as variâncias utilizadas no estudo estatístico (Dixon, W. & Massey Jr., F.J., 1969).

O valor crítico tabelado para 20 variâncias com 4 graus de liberdade é de 0,2288 para o nível de 1 por cento de significância. O teste realizado apresentou um valor calculado de 0,2059, menor que o valor crítico, indicando uma homogeneidade das variâncias envolvidas na amostra, podendo afirmar que as amostras são homocedásticas (Tabela V).

A análise do conjunto de resultados obtidos nesses testes preliminares levou à conclusão de que a distribuição amostral era normal e homogênea, o que autorizava a aplicação de estatística paramétrica. O teste paramétrico que melhor se adaptava ao modelo experimental era a análise de variância.

6- Análise de variância.

TABELA VI - Análise de variância (Valores originais)

Fonte de variação
Soma de Quadrados
G. L.
Quadrados médios
(F)
Prob. H0
Entre soluções 979,9863 3 326,6621 692,15 0,000 %
Entre dentes 129,2312 4 32,3078 68,46 0,000 %
           
Interação sol. x dentes 47,9012 12 3,9918 8,46 0,000%
           
Resíduo  37,7562 80 0,4720    
           
Variação total 1194,8750 99      

A análise de variância acusou alta significância, ao nível de 0,01 por cento de probabilidade para a hipótese de igualdade entre as soluções, mostrando haver diferenças relevantes entre as atuações das soluções sobre a microdureza da dentina.

Esta análise, ainda, evidenciou que também há diferença estatística significante, ao nível de 0,01 por cento, entre os dentes e na interação dentes x soluções. Isto significa que os dentes não são uniformes, ou seja, possuem durezas da dentina diferentes umas das outras.

A fim de esclarecer quais soluções testadas envolvidas na análise de variância seriam significantemente diferentes entre si, efetuou-se teste de Tukey complementar (Tabela VII), para comparação entre as médias.
 
 

TABELA VII - Teste de Tukey: Entre soluções

SOLUÇÕES
MÉDIAS
VALOR CRÍTICO a = 0,05
Água
44,5152 *
4,86621
EDTAC
39,1808 w
CDTA
37,8248 w
EGTA
36,1588 w
Símbolos iguais junto às médias representam valores estatisticamente não diferentes.

O teste de Tukey acusou diferença estatística entre a solução controle (água) e as demais soluções testadas. As soluções de EDTAC, CDTA e EGTA reduziram a microdureza da dentina de modo estatisticamente semelhante.



 
 

DISCUSSÃO
 
 

ØSTBY (1957), ao propor a utilização de uma solução aquosa composta de um sal derivado de um ácido orgânico fraco (etilenodiaminotetraacético sal dissódico) em pH 7,3 para a instrumentação de canais radiculares atrésicos, possibilitou aos que se dedicam à Endodontia, a eliminação do uso dos ácidos fortes e concentrados.

Essa proposta esta alicerçada cientificamente nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNY (1953) e de JUSSILA & PHOTO (1954), que estudaram a ação do EDTA na descalcificação de estruturas ósseas e também as propriedades físico-químicas desta solução.

Após quase meio século de emprego no arsenal endodôntico, o EDTA tem sido constantemente pesquisado. Suas associações com tensoativos quer catiônicos, quer aniônicos, possibilitam a redução de sua tensão superficial, facilitando a umectação das paredes dentinárias (HILL, 1959; Von FEHR & ØSTBY, 1963; NAUMOVICH, 1963; PAIVA & ANTONIAZZI, 1984; ZUOLO et al, 1987; GUIMARÃES et al, 1988; CRUZ FILHO, 1994 e FAIRBANKS, 1995).

A solução de EDTA em pH 7,3 não só facilitava a instrumentação de canais radiculares como também possibilita paredes dentinárias com menor quantidade de "smear" ("layer" e "plug") (GOLDMAN et al, 1981) e, se essa solução for alternada com uma solução de hipoclorito de sódio, têm-se canais radiculares mais limpos tanto no que concerne aos "debris", como na camada de "smear" (YAMADA et al, 1983).

Ao utilizar o EDTA alternado com hipoclorito de sódio, somam-se efeitos químicos dessas soluções, ou seja, o EDTA quela ions de cálcio e o hipoclorito dissolve tecido orgânico.

Enquanto que, na Odontologia, o EDTA preconizado por ØSTBY (1957) e suas associações com tensoativos vêm sendo utilizados há várias décadas para quelar cálcio, a área médica desenvolveu outro ácido derivado do EDTA mais específico para quelar ions cálcio (EGTA).

Sabe-se que o EDTA quela de modo geral ions metálicos (Pb++, Zn++, Co++, Ni++, Cd++, Sn++, Ca++, Sr++, Ba++, Mg++, Bi+++ e Fe+++), e que a quelação é mais específica para um ou outro íon, dependendo do pH. Assim, segundo VOGEL (1981), a quelação do íon cálcio pelo EDTA começa a ser eficiente acima do pH 8, isto é, em pH alcalino, devido à estabilidade do complexo formado.

A área médica, preocupada com um quelante específico ao cálcio desenvolveu pesquisas e, hoje, trabalha com quelantes mais precisos, como o CDTA e EGTA (SÁNCHES et al ,1995; YAMAMOTO et al, 1995; HARDIE, 1995; KABAKOV & HILGEMANN, 1995; MATHES & THOMPSON, 1995; RODEBERG & BABCOCK, 1996; CARINI et al, 1997; JOHNSON et al, 1997).

No presente trabalho, para verificar a ação do EDTAC (EDTA + Cetavlon – brometo de N-cetil-N,N,N-trimetilamônio) a 15 por cento, do CDTA a 1 por cento e do EGTA a 1 por cento sobre a microdureza da dentina, utilizamos uma carga de 50 gramas aplicada no aparelho de microdureza Vickers em um tempo de 15 segundos por propiciar identificações (mossas) nítidas na dentina, com base nos trabalhos de SAQUY (1991), CANEPA et al (1993), CRUZ FILHO (1994) e FAIRBANKS (1995).

A adoção do tempo de ação de 5 minutos das soluções quelantes baseou-se no tempo médio encontrado por CRUZ FIHO (1994). Esse autor estudou a ação quelante do EDTAC sobre a microdureza da dentina nos tempos que variam de zero a dez minutos.

A utilização da solução de EDTAC baseou-se no trabalho de FAIRBANKS (1995), que demonstrou ser essa solução mais eficiente em quelar cálcio do que o EDTA, diminuindo a microdureza da dentina radicular.

As soluções de EDTAC, CDTA e EGTA foram aviadas em pH neutro com base no trabalho de ØSTBY (1957). A água destilada e deionizada foi utilizada como controle, pois não atua sobre a dentina no que concerne à microdureza.

A tabela VII (teste de Tukey) evidencia que as soluções quelantes estudadas EDTAC a 15 por cento, CDTA a 1 por cento e EGTA a 1 por cento, reduzem a microdureza da dentina radicular de modo estatisticamente semelhante entre si, porém diferente da água. Em outras palavras, as soluções quelantes reduzem a microdureza da dentina radicular do mesmo modo.

O que se observa entre essas soluções quelantes é a diferença de concentração (mol/l). Enquanto a do EDTAC é utilizada a 15 por cento, a do CDTA e EGTA são a 1 por cento cada. Esta diferença de concentração, na ordem de 15 vezes, proporciona os mesmos resultados.

Assim, em virtude da concentração molar (EDTAC 15 por cento = 0.419 mol/l; CDTA 1 por cento = 0,0274 mol/l e EGTA 1 por cento = 0,0263 mol/l), pode-se dizer que as soluções de CDTA e EGTA a 1 por cento agem do mesmo modo que uma solução de EDTAC a 15 por cento.

Em Medicina, de uma forma geral, as soluções de CDTA e EGTA são utilizadas em baixíssimas concentrações, na ordem de m M (micromolar) e de mM (milimolar), pois são utilizadas para quelar ions cálcio em meio líqüido.

Como o cálcio está embricado no colágeno da dentina, o líqüido (quelante) tem que agir no sólido e a quelação dependerá da solubilidade da dentina em meio aquoso. Mas, mesmo assim, as soluções 15 vezes menor (CDTA e EGTA) foram tão efetivas quanto o EDTAC.

A nosso ver, se as soluções quelantes menos concentradas fazem o mesmo efeito que as soluções mais concentradas, devem ser preferidas, em termos de custo.

No que concerne ao CDTA e EGTA, novas investigações devem ser realizadas para verificar o que segue:

    Qual a concentração mínima necessária das soluções de EGTA e CDTA para produzir o mesmo efeito que a solução de EDTAC?
    Qual a biocompatibilidade das soluções de CDTA e EGTA sobre os tecidos pulpares e periapicais?
    Qual a concentração ideal para essas soluções (CDTA e EGTA) para serem utilizadas no canal radicular?
    Qual seria a ação dessas soluções (CDTA e EGTA) sobre os microorganismos presentes nos canais radiculares?
    Comparar a ação das soluções de CDTA e EGTA com a solução de EDTAC sobre as camadas de "smear" e "smear plug".
Inúmeras questões podem ser fórmuladas para testar as soluções quelantes EGTA e CDTA e isto se faz necessário, pois uma solução não pode ser colocada em uso sem que várias pesquisas comprovem sua eficiência. Assim, a cada resposta conseguida, novas propostas são fórmuladas, fazendo com que a ciência avance sempre.




 

CONCLUSÕES

Com base na metodologia empregada e na análise dos resultados obtidos, parece lícito concluir que:

1- Todas as soluções quelantes estudadas (EDTAC a 15 por cento, CDTA a 1 por cento e EGTA a 1 por cento) têm efeito redutor sobre a microdureza da dentina radicular.

2- As soluções de EDTAC a 15 por cento, CDTA a 1 por cento e EGTA a 1 por cento atuam de modo estatisticamente semelhante sobre a microdureza da dentina, no tempo de cinco minutos.

3- As soluções de CDTA e EGTA reduzem a microdureza da dentina na mesma proporção que a solução de EDTAC, embora menos concentradas.
 



 

RESUMO
 

Estudou-se a ação das soluções de EDTAC, CDTA e EGTA sobre a microdureza da dentina radicular, no terço cervical de dentes humanos.

Utilizaram-se 5 incisivos centrais superiores recém-extraídos. Os dentes foram seccionados transversalmente na junção esmalte/cemento e as coroas foram desprezadas. As raízes foram incluídas em blocos de resina acrílica de rápida polimerização, colocadas em uma máquina de corte e seccionadas transversalmente de 1 em 1 milímetro. O segundo corte do terço cervical da raiz de cada dente foi selecionado para o experimento. Cada corte foi dividido em quatro partes sendo que cada parte foi colocada sobre um disco de acrílico, que servia de suporte para a medida de microdureza.

Aplicou-se 50µl da solução teste durante cinco minutos sobre cada superfície de dentina. A microdureza da dentina foi medida em um aparelho de dureza Vickers com 50 gramas de carga e 15 segundos de aplicação. A análise estatística dos resultados mostrou que as soluções quelantes testadas reduziram a microdureza da dentina. As soluções de EDTAC 15%, CDTA 1% e EGTA 1% agiram de modo semelhante, não apresentando diferença estatística significante.


SUMMARY
 

The action of EDTAC, CDTA and EGTA solutions on the microhardness of radicular dentine of the cervical third of human teeth was studied.

Five newly extracted maxillary incisors were sectioned transversely at the cemento-enamel junction and the crowns were discarded. The roots were included in blocks of high-speed polymerization acrylic resin and cut transversely in 1 mm sections. The second cut of the cervical third of the root of each tooth was sectioned for the experiment. Each cut was divided into four parts and each part was placed on an acrylic disc, that was used as a base for microhardness measurement.

Fifty microliters of the tested solutions were applied to the surface of the dentine. The microhardness of the dentine was then measured with a Vicker’s microhardness apparatus with a load of 50 grams for 15 seconds.

Statistical analysis showed that the chelating solutions tested reduced the microhardness of the dentine. The solutions, 15% EDTAC, 1% CDTA and 1% EGTA, had the similar effects, not presenting any significant statistical difference.



 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
 

ABRAMOVICK, A.; KALUZA, J.J. Effect of EDTA on fluoride - treatment dental enamel. J. Dent. Res., v.55, n.2, p.316-20, 1976.

AKTENER, B.O.; BILKAY, U. Smear layer removal with different concentration of EDTA - Ethylenediame maixturer J. Endod., v.19,n.5,p.228-231, 1993.

BAKER, N.A.; ELEAZER, P.D.; AVERBACH, R.E.; SELTZER, S. Scanning electron microscopic study of the efficacy of various irrigating solutions J. Endod., v.1, n.4, p.127-35, 1975.

BARRETT, M.T. The Dakin carrel antiseptic solution. Dent. Cosmos, v.59, n.4, p.446-8, 1917.

BAUMGARTNER, J.C.; MADER, C.L. A scanning electron microscopic evaluation of four root canal irrigation regimens. J. Endod., v.13, n.4, p.147-57, 1987.

BERG, M.S.; JACOBSEN, E.L.; BEGOLE, E.A.; NIJOLE, A.R. Acomparison of five irrigating solutions: a scanning electron microscopic study. J. Endod., v.12, n.5, p.192-7, 1986.

BRANCINI, M.R.; BRAMANTE, C.M.; BERBET, A. Poder de limpeza de algumas soluções irrigadoras analisado pelo microscópio. Rev. paul. Endodont., v.4, n.1-4, p.116-23, 1983.

BRÄNNSTRÖM, M.; NORDENVALL, K.J.; GLANTZ, P.O. The effect of EDTA - containing surface - active solutions on the morphology of prepared dentin: an in vivo study. J. dent. Res., v.59, n.7, p.1127-31, 1980.

BUCKLEY, J.P. Matéria Médica, farmacologia terapeutica, clínica dental. Editorial Labor S.A. Barcelona, p.97, 1926.

BYSTRON, A.; SUNDQVIST, G. The antibacterial action of sodium hypochorite and EDTA in 60 cases of endodontic therapy. Int. Endodont. J., v.18, n.2, p.35-40, 1985.

CALLAHAN, J.R. Sulfuric acid for opening root-canals. Dent. Cosmos, v.36, n.12, p.957-9, 1894.

CAMERON, J.A. The use of ultra sound and an EDTA-urea peroxide compound in the cleansing of root canals. An SEM study. Austr. Dent. J., v.29, n.2, p.80-5, 1984.

CANEPA, R.; SOUZA NETO, M.D.; SAQUY, P.C.; ROMANI, N.F.; PÉCORA, J.D. Estudo "in vitro" da ação do agente clareador (perborato de sódio + peróxido de hidrogênio + calor) sobre a microdureza da dentina. Rev. Paul. Odont., v.15, n4, p.18-24, 1993.

CARINI, R.; De CESARIS, M.G.; BELLOMO, G.; ALBANO, E. Role of Na+/Ca2+ exchanger in preventing Na+ overload and hepatocyte injury: opposite effects of extracellular and intracellular Ca2+ chelation. Bioch. Biophy. Res. Commun., v.232, p.107-10, 1997.

CAUDURO, H. Manual de Endodontia. p.44-51, 1964.

CIUCCHI, B.; KHETTABI, M.; HOLZ, J. The effectiveness of different endodontic irrigation procedures on the removal of the smear-layer: a scanning electron microscopic study. Int. Endod. J., v.22, n.1, p.21-8, 1989.

COHEN, S.; STEWART, G.G.; LASTER, L.L. The effects of acids, alkalies and chelating agents on dentine permeability. Oral Surg., v.29, n.4, p.631-4, 1970.

COOLIDGE, E.D.; Studies of germicides for treatement of root canals. J. Am. Dent. Assoc., v.16, n.4, p.698-712, 1929.

CRABB, H.S.M. The cleansing of root canals. Int. Endodont. J., v.15, n.3, p.62-6, 1982.

CRAIG, R.G.; GEHRING, P.E.; PEYTON, F.A. Relation of structure to the microhardness of human dentin. J. Dent. Res., v.38, n.3, p.624-30, 1959.

CRAIG, R.G.; PEYTON, F.A. The microhardness of enamel and dentin. J. Dent. Res., v.37, n.4, p.661-8, 1958.

CRUZ FILHO, A.M. Ação do EDTAC sobre a microdureza da dentina radicular, após diferentes tempos de aplicação. Ribeirão Preto, 1994, 86p., Dissertação de Mestrado – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

CURY, J.A.; BRAGOTTO, C.; VANDRIGHI, L. The demineralizing efficiency of EDTA solutions on dentin. Oral Surg., v.52, n.4, p.446-8, 1981.

DAKIN, H.D. In the use of certain antiseptic substances in the treatment of infected wounds. Brit. Med. J., v.2, n.2, p.318-20, 1915.

DIXON, W.J.; MASSEY Jr., F.J. Introduction to statistical analysis. 4 ed., McGraw-Hill Co, São Paulo, 1969.

DOW, P.R. EDTA - Time for Re-evaluation?. Int. Endod. J., v.17, p.2-5, 1984.

FAIRBANKS, D.C.O. Avaliação da capacidade quelante do EDTA, do EDTAC e do EDTA-T pela análise da microdureza da dentina radicular. Rio de Janeiro, 1995, 82p., Dissertação de Mestrado – Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

FEHR, F.R.; ØSTBY, N.B. Effect of EDTAC and sulfuric acid on root canal dentine. Oral Surg., v.16, n.2, p.199-205, 1963.

FEIGL, F. Spot test in inorganic analysis. Amsterdan, El sevier, p.87-8, 1958.

FRASER, J.G.; LAWS, A.J. Chelating agents: their effect on the permeability of the root canal dentin. Oral Surg., v.41, n.4, p.534-40, 1976.

GENGIZ, T.; AKTENER, B.O.; PISKIN, B. The effect of dentinal tubules orientation on the removal of smear-layer by root canal irrigant. A scanning electron microscopic study, Int. Endod. J., v.23, n.3, p.163-71, 1990.

GOLDBERG, F.; ABRAMOVICH,A. Analysis of the effect of EDTAC on the dentinal walls of the root canal. J. Endod., v.3, n.3, p.101-5, 1977.

GOLDBERG, F.; MASSONE, E.J.; SPIELBERG, C. Estudio comparativo de la accion del EDTAC y el Salvizol sobre la pared del conducto radicular instrumentado. Rev. Esp. Endod., v.2, n.1, p.17-20, 1984.

GOLDBERG, F.; SPIELBERG, C. The effect of EDTAC and variation of its working time analyzed with scanning electron microscopy. Oral Surg., v.53, n.1, p.74-7, 1982.

GOLDMAN, L.B.; GOLDMAN, M.; KRONMAN, J.H.; LIN, P.S. The efficacy of several irrigation solutions for endodontic a scanning electron microscopic study. Oral Surg., v.52, n.2, p.197-204, 1981.

GOULART, S.P.S.; SOARES, I.J.; SANTOS, A.A.C.; SILVEIRA, N.L.; LOHMANN, I.M. Avaliação "in vitro" da atividade antimicrobiana de agentes quelantes auxiliares na instrumentação dos canais radiculares. Rev. paul. Endod., v. 3, n. 1, p. 3-7, 1982.

GROSSMAN, L.I. Endodontic treatment of pulpless teeth. J. Amer. dent. Ass., v.61, n.6, p.119-22, 1960.

GROSSMAN, L.I. Irrigation of root canals. J. Am. dent. Assoc., v.30, n.13, p.1915-7, 1943.

GROSSMAN, L.I. Root canal therapy. Philadelphia, 2 ed, Lea & Febiger, 353p., 1946.

GROSSMAN, L.I. ; MEIMAN, B.W. Solution of pulp tissue by chemical agents. J. Am. dent. Assoc., v.28, n.2, p.223-5, 1941.

GUIMARÃES, L.F.L.; ROBAZZA, C.R.C.; MURGEL, C.A.F.; PÉCORA, J.D.; COSTA, W.F. Tensão superficial de algumas soluções irrigantes dos canais radiculares. Rev. odont. USP, v.2, n.1, p.6-9, 1988.

GUTIÉRREZ, J.H.; GARCÍA, J. Microscopic and macroscopic investigation on results of mechanical preparation of root canals. Oral Surg., v.25, n.1, p.108-15, 1968.

HAMPSON, E.L.; ATKINSON, A.M. The relation between drugs used in root canal therapy and permeability of the dentine. Brit. dent. J., v.116, n.12, p.546-50, 1964.

HANAZAWA, K. A study of the minute structure of dentin, especially of the relation between the dentinal tubules and fibrils. Dent. Cosmos., v.59, n.3, p.271-300, 1917.

HARDIE, R.C. Effects of intracellular Ca2+ chelation on the light response in Drosophila photoreceptors. J. Comp. Physiol. A., v.177, p.707-21, 1995.

HELING, B.; SHAPIRO, S.; SCIAKY, I. An in vitro comparison of the amount of calcium removed by the disodium salt of EDTA and hydrochloric acid during endodontic procedures. Oral Surg., v.19, n.9, p.531-3, 1965.

HILL, P.K. Endodontics. J. Prosth Dent., v.9, n.3, p142, 1959.

HODGE, H.C.; McKAY, H. The microhardness of teeth. J.A.D.A., v.20, n.1, p.227-33, 1933.

HOWE, P.R. A method of sterelizeng and at the sometime impregnating with a metal, affected dentinal tissue. Dent. Cosmos, v.59, n.9, p.891-904, 1917.

JOHNSON, J.D.; JIANG, Y.; FLYNN, M. Modulation of Ca2+ transients and tension by intracellular EGTA in intact frog muscle fibers. Am. J. Physiol., v.272, n.5, Pt.1, p.1437-44, 1997.

JUSSILA, O.; PHOTO, M. Uber lie Esweitining von engen wurzelkanãlen mittels chemischer verfahren. Finska Tand. Forhandlingar, v.50, n.3, p.122, 1954.

KABAKOV, A.Y.; HILGEMANN, D.W. Modulation of Na+, Ca2+, exchange current by EGTA calcium buffering in giant cardiac membrane patches. Bioch. Biophy. Acta, v.1240, p.142-8, 1995.

KAUFMAN, A.Y.; TAL, M.; BINDERMAN, I.; GEDALIA, I.; PERETZ, G. A preliminary electron microscopic study on an in vivo and in vitro endodontically treated tooth. Oral Surg., v.46, n.2, p.283-95, 1978.

KIRK, E.C. Sodium peroxid (NaO). A new dental bleaching acent and antiseptic. Dent. Cosmos, v.35, n.2, p.192-8, 1893.

KLEVETS’MIU; MAN’KO, V.V. The modification of potential dependent calcium channels in the membrane of secretory cells in a calcium-free medium. Fiziol. Zh., v.41, n.3-4, p.29-33, 1995.

LINDEMANN, R.A.; HUME, W.R.; WOLCOTT, R.B. Dentin permeability and pulpal response to EDTA. J. Prosth. Dent., v.53, n.3, p.341-3, 1985.

McCLELLAND, J.R.; WASS, M.J. A contribution to the study of the chlorin disinfectanats. Dent. Cosmos, v.64, n.1, p.56-66, 1922.

MARSHALL, F.J.; MASSLER, M.; DUTE, H.L. Effects of endodontics treatment of root dentine. Oral Surg., v.13, n.2, p.208-23, 1960.

MATHES, C.; THOMPSON S.H. The relationship between depletion of intracellular Ca2+ stores and activation of Ca2+ current by muscarinic receptors in neuroblastoma cells. J. Gen. Physiol., v.106, n.5, p.975-93, 1995.

MOLLER, A.J.R. Microbiological examination of root canals and periapical tissies of human teeth. Goteborg, Ed. Elanders Boktrychkeri Aktiebolag, 1966. 380p., il. apud GOULART, S.P.S.; SOARES, I.J.; SANTOS, A.A.C.; SILVEIRA, N.L.; LOHMANN, I.M. Avaliação "in vitro"da atividade antimicrobiana de agentes quelantes auxiliares na instrumentação dos canais radiculares. Rev. paul. Endod., v.3, n.1, p.3-7, 1982.

MOURA, A.A.M.; PROKOPOWITSCH, I.; AUN, C.E.; LUTFI FILHO, M. Análise in vitro da permeabilidade dentinária radicular em dentes instrumentados com e sem uso de EDTAC. Rev. paul. Odont., v.10, n.6, p.18-24, 1988.

NAUMOVICH, D.B. Surface tension and of drugs in root canal therapy. Oral Surg., v.16, n.2, p.965-8, 1963.

NERY, M.J.; SOUZA, V.; HOLLAND, R. Reação do coto pulpar e tecidos periapicais de dentes de cães e algumas substâncias empregadas no preparo biomecânico dos canais radiculares. Rev. paul. Odont., v.10, n.6, p.18-24, 1974.

NIKIFORUK, G.; SREEBNY, L. Demineralization of hand tissues by organic chelating agents at neutral pH. J. Dent. Res., v.32, n.6, p.859-67, 1953.

NUNEZ, N.U.E.; BADANELLI, P.; MARTINEZ, A.; URIBE, J.E. Eliminacion del barro dentinário com aparatologia ultra-sonica y distintas solucines irrigadoras. Rev. Esp. Endod., v.6, n.1, p.1-9, 1987.

ØSTBY, N.B. Chelation in root canal therapy. Ethylenediamine tetra-acetic acid for cleasing and widening of root canals. Odont. Tidskrift, v.65, n.2, p.3-11, 1957.

PAIVA, J.G.; ANTONIAZZI, J.H. Endodontia, bases para a prática clínica. São Paulo, 1 ed. Artes médicas Ltda, 640p., 1984.

PAIVA, J.G.; ANTONIAZZI, J.H. O uso de uma associação de peróxido de uréia e detergente (Tween 80) no preparo químico mecânico dos canais radiculares. Rev. assoc. paul. Cirurg. Dent., v.27, n.7, p.416-22, 1973.

PATTERSON, S.A. In vivo and in vitro studies of the effect of disodium salt of ethylenediamine tetra-acetate on human dentine and its endodontic implications. Oral Surg., v.16, n.1, p.83-103, 1963.

PÉCORA, J.D. Contribuição ao estudo da permeabilidade dentinária radicular. Apresentação de um método histoquímico e análise morfométrica. Ribeirão Preto, 1985, 110 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

PÉCORA, J.D. Efeito das soluções de Dakin e de EDTA, isoladas, alternadas e misturadas, sobre a permeabilidade da dentina radicular, Ribeirão Preto, 1992, 147p., Tese (Livre-Docente) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

PÉCORA, J.D.; SAVIOLI, R.N.; VANSAN, L.P.; SILVA, R.G.; SAQUY, P.C.; COSTA, W.F. Apresentação de um método histoquímico para revelar a ação quelante do EDTA na dentina radicular. Rev. ass. paul. Cirurg. Dent., v.44, n.5, p.263-5, 1990.

PEREZ, V.C.; CARDENAS, M.E.M.; PLANELLS, S.P. The possible role of pH changes during EDTA demineralization of teeth. Oral Surg., v.68, n.2, p.220-2, 1989.

PRINZ, H. Electro-sterilization of root canals. Dent. Cosmos, v.59, n.4, p.373-94, 1917.

PRINZ, H. New method of irrigation during endodontic treatment. Dent. Cosmos, v.75, n.1, p.21-9, 1912.

PROKOPOWITSCH, I.; MOURA, A.M.A.; MUENCH, A. Análise ïn vitro"da permeabilidade dentinária radicular do terço apical, tendo como fonte de variação a substância química auxiliar da instrumentação. Rev. Odont. USP., v.3, n.2, p.345-53, 1989.

PUCCI, F.M.; REIG, R. Conductos Radiculares. Montivideo, Barreiro y Ramos, v.1, p.91-104, 1944.

RAM, Z. Chelation in root canal therapy. Oral Surg., v.49, n.1, p.64-74, 1980.

ROBAZZA, C.R.C.; ANTONIAZZI, J.H. Permeabilidade da dentina após o uso de substâncias de irrigação. Rev. Fac. Farm. Odont. Rib. Preto., v.13, n.2, p.185-92, 1976.

RODEBERG, D.A.; BABCOCK, G.F. Role of calcium during lipopolysaccharide stimulation of neutrophils. Infect. Immun., v.64, n7, p.2812-6, 1996.

ROSELINO, R.B. Método Histoquímico, 1983 - apud PÉCORA, J.D. Contribuição ao estudo da permeabilidade dentinária radicular. Apresentação de um método histoquímico e análise morfométrica. Ribeirão Preto, 1985, 110p. Dissertação (mestrado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

RUBIN, Y; KESSLER-ICEKSON, G.; NAVON, G. The effect of furosemide on calcium ion concentration in myocardial cells. Cell. Calcium, v.18, n.2, p.135-9, 1995.

SÁNCHEZ, D.J.; GÓMEZ, M.; DOMINGO, J.L.; LLOBET, J.M. Relative efficacy of chelating agents on excretion and tissue distribution of manganese in mice. J. Applied Toxicology, v.15, n.4, p.285-8, 1995.

SAQUY, P.C. Avaliação da capacidade quelante do EDTA e da associação EDTA mais solução de Dakin, por métodos químicos e pela análise da microdureza da dentina. Ribeirão Preto, 1991, 90p., Tese (Doutorado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

SCHEREIER, E. The treatment of infected roots-canals with kalium and natrium. Dent. Cosmos, v.35, n.9, p.863-9, 1893.

SEIDBERG, B.H.; SCHILDER, H. An evaluation of EDTA in Endodontics. Oral Surg., v.37, n.4, p.609-20, 1974.

SOARES, I.J.; BASSO, J.; SILVEIRA, N.L.; SOARES, I.M.L. Evalucion del EDTA en su empleo clinico como solucion irrigadora de los conductos radiculares. Rev. Esp. Endodoncia., v.4, n.2, p.41-6, 1986.

STEWART, G.G. The importance of chemomechanical preparation of the root. Oral Surg., v.8, n.9, p.993-7, 1955.

STEWART, G.G.; KAPSIMALIS, P.; RAPPAPORT, H. EDTA and urea peroxide for root canal preparation. J. Am. dent. Assoc., v.78, n.2, p.335-8, 1969.

VOGUEL, A. Análise Inorgânica quantitativa, 4 ed. Rio de Janeiro, Guanabara, p.197-8, 1981.

Von FEHR, F.R.; ØSTBY, N.B. Effect of EDTAC and sulfuric acid on root canal dentine. Oral Surg., v.16, n.2, p.199-205, 1963.

WACH, E.C.; HAUPTFUERHRER, J.D.; KESEL, R.G. Endodontic significance of the penetration of S labeled penialling in extracted human teeth. Oral Surg., v.8, n.1, p.639-49, 1955.

WALKER, A. A definite and dependable therapy for pulpless teeth. J. Am. dent. Assoc., v.23, n.2, p.1418-25, 1936.

WEINREB, M.M.; MEIER, E. The relative efficiency of EDTA, sulfuric and mechanical instrumentation in the enlargement of root canals. Oral Surg., v.19, n.2, p.247-52, 1965.

WRIGHT, H.N.; FENSKE, E.L. Factors involved in variability in hardness of tooth structures. J. Dent. Res., v.17, p.297, 1938.

XIE, J.; FUNAKOSHI, T.; SHIMADA, H.; KOJIMA, S. Comparative effects of chelating agents on pulmonary toxicity of systemicnickel in mice. J. Appl. Toxicicol., v.16, n.4, p.317-24, 1996.

YAMADA, R.S.; ARMAS, A.; GOLDMAN, M.; LIN, S.P. A scanning electron microscopic comparison of a high volume final flush with several irigating solutions. Part 3. J. Endodont., v.9, n.4, p.137-42, 1983.

YAMAMOTO, K.; NAKAHATA N.; EBINA, S.; NAKANISHI, H. ETDA and EGTA can discriminate tonic contractions induced by thromboxane A2 and phorbol ester in rabbit aortic smooth muscles. Res. Commun. Mol. Pathol. Pharmacol., v.87, n.3, p.297-305, 1995.

ZSIGMONDY, O. Enlargement of root-canals with sodium dioxid. Dent. Cosmos, v.54, n.1, p.126-7, 1912.

ZUOLO, M.; MURGEL, C.A.F.; PÉCORA, J.D.; ANTONIAZZI, J.H.; COSTA, W.F. Ação do EDTA e suas associações com tensoativos na permeabilidade da dentina radicular. Rev. Odont. USP, v.1, n.4, p.18-23, 1987.
 

COPYRIGHT 1999
Webmaster J.D. Pécora, Danilo Mathias Zanello Guerisoli, Júlio César Spanó
Update 01/sept, 1999

Esta página foi elaborada com apoio do Programa Incentivo à Produção de Material Didático do SIAE - Pró - Reitorias de Graduação e Pós-Graduação da Universidade de São Paulo