DISSERTAÇÃO
DE MESTRADO
ESTUDO "IN VITRO" DO EFEITO DO AUMENTO DA TEMPERATURA DAS SOLUÇÕES DE HIPOCLORITO DE SÓDIO SOBRE SUAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS ANTERIORES E POSTERIORES À DISSOLUÇÃO DO TECIDO PULPAR BOVINO.
SANTOS, T.C. ESTUDO "IN VITRO" DO EFEITO DO AUMENTO DA TEMPERATURA DAS SOLUÇÕES DE HIPOCLORITO DE SÓDIO SOBRE SUAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS ANTERIORES E POSTERIORES À DISSOLUÇÃO DO TECIDO PULPAR BOVINO. Ribeirão Preto, 1999, 108p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
Summary | Resumo | Introdução | Retrospectiva da Literatura | Proposição | Material e Método | Resultados | Discussão | Conclusões | Referências Bibliográficas
Estudou-se, "in vitro", o efeito do aumento da temperatura das soluções de hipoclorito de sódio sobre suas propriedades físico-químicas (potencial hidrogeniônico, tensão superficial, a condutividade iônica e o teor de cloro), anteriores e posteriores à dissolução do tecido pulpar bovino.
Secionou-se fragmentos da porção central da polpa de incisivos centrais inferiores de bovinos e o peso desses foi anotado.
Para a realização do teste de dissolução, confeccionou-se um dispositivo conectado a uma bomba peristáltica (que promovia a agitação da solução) interligado a um banho-maria que tinha por finalidade produzir o aumento de temperatura (24°C, 37°C e 50°C) das soluções. Assim que o fragmento de polpa era colocado no interior desse dispositivo, ligava-se a bomba peristáltica e acionava-se um cronômetro.
O tempo de dissolução era tido como o tempo decorrido entre a colocação do fragmento de polpa nas soluções e o seu total desaparecimento (dissolução). Com base no tempo de dissolução da polpa e de sua respectiva massa, calculava-se a velocidade de dissolução. Após a dissolução, o líqüido remanescente era submetido a análise do potencial hidrogeniônico, da tensão superficial, da condutividade iônica e de cloro remanescente.
Os dados obtidos foram submetidos ao tratamento estatístico e observou-se que:
a) a velocidade de dissolução dos fragmentos de polpa bovina é diretamente proporcional à concentração da solução de hipoclorito de sódio, ou seja, quanto maior a concentração mais rápido foi a dissolução. Com a elevação da temperatura de utilização da solução de hipoclorito de sódio, mais rápido se processou a dissolução do tecido pulpar bovino; b) a redução porcentual do potencial hidrogeniônico das soluções de hipoclorito de sódio testada, após a dissolução, foi inversamente proporcional à concentração inicial da solução, ou seja, quanto maior a concentração inicial das soluções de hipoclorito de sódio, menor a redução de seu potencial hidrogeniônico. A elevação da temperatura da solução causou maior redução porcentual do potencial hidrogeniônico; c) as soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações estudadas apresentaram reduções dos valores da condutividade iônica, após o processo de dissolução do tecido pulpar bovino, de modo estatisticamente semelhantes entre si. Quanto mais elevada a temperatura de utilização da solução, maior foi a redução porcentual da condutividade iônica ; d) o estudo da tensão superficial das soluções, antes e após a dissolução tecidual, evidenciou que esta propriedade variou de modo diretamente proporcional à concentração, ou seja, quanto maior a concentração inicial da solução de hipoclorito de sódio, tanto maior a redução da tensão superficial. Quanto maior a temperatura de utilização da solução, menor foi a redução porcentual da tensão superficial ; e) o teor de cloro remanescente das soluções de hipoclorito de sódio, após o processo de dissolução do tecido pulpar bovino, apresentou-se de modo diretamente proporcional em relação à concentração. Aumentando-se a temperatura de utilização da solução, verificou-se uma redução no teor de cloro residual.
O sucesso da intervenção no canal radicular consiste na cura e na reparação dos tecidos envolvidos, estando condicionado ao respeito à tríade: preparo biomecânico, controle microbiológico e obturação do canal radicular.
SCHILDER49 (1974) introduziu o conceito (expressão) "Limpeza e Modelagem". Segundo esse autor, a Endodontia do futuro seria melhor distinguida pelas técnicas de limpeza e modelagem. A limpeza refere-se a remoção de todo o conteúdo do sistema de canais radiculares antes e durante a modelagem: substratos orgânicos, microrganismos, produtos tóxicos microbianos, alimentos, cáries, cálculos pulpares, remanescentes pulpares, material obturador anterior e raspas de dentina resultantes do preparo do canal. A modelagem refere-se a uma forma específica de cavidade que permita uma obturação tridimensional o mais hermética possível.
Assim, para a realização dessa fase há a necessidade de utilização de instrumentos (limas, alargadores e brocas), bem como, o uso de soluções químicas auxiliares da instrumentação e preparo dos canais radiculares.
O sucesso do tratamento endodôntico repousa no completo respeito as diferentes fases: preparo biomecânico, controle da desinfecção e obturação dos canais radiculares (MACHTOU30, 1980).
O preparo biomecânico, fase que consiste na ação de instrumentos e soluções químicas no interior do canal radicular, constitui uma das etapas de máxima importância no tratamento endodôntico e foi minuciosamente estudado por muitos pesquisadores dentre os quais, pode-se citar: CALLAHAM6 (1894), GROSSMAN18 (1943), STEWART55 (1955), INGLE & ZELDOW24 (1958), GROSSMAN19 (1960), NICHOLLS40 (1962), SCHILDER49 (1974), WEINE65 (1976), PAIVA & ANTONIAZZI41 (1988), DE DEUS13 (1992) e LEONARDO & LEAL29 (1991).
Dessa forma, a biomecânica é constituída por uma fase mecânica, uma fase química e uma fase física simultâneas. A fase mecânica atua preparando, modelando e alargando o canal radicular, a fase física corresponde o ato de irrigar e aspirar simultaneamente a solução e a fase química atua sobre os componentes presentes no interior do sistema de canais radiculares realizando a dissolução de tecidos orgânicos, vivos ou necrosados, removendo "débris" e eliminando microrganismos.
Portanto, as soluções auxiliares devem apresentar propriedades físico-qímicas, que as qualifiquem para esse ato.
A busca de uma solução química ideal, vem de longa data. Inúmeras soluções químicas auxiliares da instrumentação tem sido defendidas e empregadas. Muitas delas não preenche todos os requisitos exigidos para tal fim, tornam-se obsoletas, ficando apenas registradas na literatura especializada e outras ainda estão em uso.
Muitas soluções auxiliares fazem parte do arsenal endodôntico, porém, as soluções de hipoclorito de sódio, em diferentes concentrações, são as mais usadas e mundialmente aceitas pelas suas propriedades de clarificação, dissolução de tecido orgânico, saponificação, transformação de aminas em cloraminas, desodorização e ação antimicrobiana.
Segundo PUCCI44 (1945) o uso do hipoclorito de sódio como anti-séptico teve início no final do século XVIII, com a água de Javelle em 1792, uma solução contendo sódio e hipoclorito de potássio, e em 1820, o químico francês La Barraque introduziu o hipoclorito de sódio a 2,5% que ficou conhecido com o nome de licor de La Barraque.
Em 1915, no decorrer da primeira grande guerra, o químico americano H. D. DAKIN12 realizou um estudo com as soluções de hipoclorito de sódio e ressaltou seu valor anti-séptico salientando, porém, a sua capacidade de irritar tecidos vivos em virtude de sua alta concentração de hidroxilas. Assim, propôs uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5% com potencial hidrogeniônico próximo ao neutro. A redução do potencial hidrogeniônico foi realizada com a adição do ácido bórico. Essa solução ficou conhecida como líqüido de Dakin em sua homenagem.
Em 1917, BARRETT5 relatou a eficiência do líqüido de Dakin como anti-séptico, difundindo seu uso na Odontologia.
No ano seguinte, em 1918, TAYLOR & AUSTIN58 demonstraram a ação solvente do líqüido de DAKIN em tecidos necrosados, e observaram, também, que essa solução era pouco irritante aos tecidos normais.
Porém, a base científica e o uso de uma solução de hipoclorito de sódio mais concentrada, isto é, a 5,0% data do ano de 1936, quando WALKER64 a preconizou para irrigação de canais radiculares. Em seu trabalho, esclareceu que essa solução foi utilizada após a indicação do Dr. Blass, da Universidade de Nova Iorque. Quanto a parte experimental, WALKER deu ênfase ao explicar que o tratamento Endodôntico era um procedimento especializado e, assim, exigia uma atenção especial para todos os detalhes , mormente, a esterilização e a manipulação do sistema de canais radiculares, pois, o canal radicular infetado aloja microrganismos.
GROSSMAN & MEIMAN17 (1941), após o estudo de vários agentes químicos aplicados em técnicas endodônticas, tais como, solução aquosa de ácido sulfúrico-CALLAHAN6 (1894); sódio e potássio metálicos-SCHREIER50 (1893); dióxido de sódio-KIRK26 (1893); e soda clorada-WALKER64 (1936); ratificaram a afirmativa de Walker, de que a solução de soda clorada (hipoclorito de sódio a 5,0%) foi a mais efetiva como solvente de tecido pulpar.
GROSSMAN18 (1943) sugere uma técnica para tratamento de canais radiculares, que sem dúvida, perdura até os dias de hoje, em resumo, tem base na irrigação alternada com soda clorada duplamente concentrada e água oxigenada a 3,0%. A reação química entre essas duas soluções dá como resultado final a formação de água, cloreto de sódio e oxigênio nascente. A reação é efervescente e favorece a eliminação de débris do interior do canal radicular. Essa neutralização é importante, pois caso contrário, se o dente for fechado, o paciente poderar sofrer dores, em decorrência da penetração de gás na região periapical (enfisema).
Inúmeros trabalhos foram realizados com o intuito de observar a ação do hipoclorito de sódio sobre a limpeza, desinfecção, dissolução de tecido, biocompatibilidade, aumento de permeabilidade dentinária, dentro do pequeno ambiente radicular, e dentre eles, pode-se citar: MARSHALL32 et al (1960), STEWART56 et al. (1969), SHIH52 (1970), SENIA51 et al. (1971), ROBAZZA46 (1973), MARTIN33 et al.(1975), McCOMB & SMITH34 (1976), TREPAGNER61 et al. (1977), HAND21 et al. (1978), CUNNINGHAM & BALEKJIAN10 (1980), WENNBERG66 (1980), CUNNINGHAN & JOSEPH11 (1980), ABOU-RASS & PICCININO2 (1982), MOORER & WESSELINK36 (1982), NERY39 et al. (1982), PÉCORA42 (1985), FOGEL & PASHLEY14 (1990), CHEUNG & STOCK8 (1993), SAVIOLI48 et al. (1993), BARBOSA4 et al. (1994) e PEREZ43 et al. (1996).
Assim, o hipoclorito de sódio, em diferentes concentrações, tem aplicação em Endodontia de modo seguro e aceito internacionalmente.
De acordo com os autores ( THÉ59.(1979); CUNNINGHAN & BALEKJIAN10 (1980); ABOU-RASS & OGLESBY1 (1981) e NAKAMURA38 et al, (1985) fatores como: a) aumento de temperatura, b) aumento de concentração e c) longo tempo de reação proporcionam uma maior eficácia da solução de hipoclorito de sódio quanto à sua capacidade de dissolução tecidual e quanto à sua ação antimicrobiana.
A multiplicidade de ação simultânea do hipoclorito de sódio - detergente, necrolítica, antitóxica, bactericida, desodorizante, dissolvente e neutralizante - justifica a complexidade das reações químicas desse produto.
Observa-se, porém, poucas investigações quanto à capacidade do hipoclorito de sódio dissolver tecido pulpar, bem como, os fatores que aumentam essa capacidade de dissolução e, em especial, não há informação sobre as condições físico-químicas dessa solução após realizar sua ação solvente.
Na tentativa de obter uma solução irrigante ideal, um grande número de pesquisadores têm estudado e proposto, desde o século passado, as mais diversas soluções auxiliares da instrumentação.
Assim, KIRK26 (1893) difundiu o uso do dióxido de sódio para a irrigação dos canais radiculares. Essa solução não só limpava o canal radicular como clarificava a dentina, por ser um potente agente oxidante.
SCHREIER50 (1893) preconizava a aplicação do sódio e potássio metálicos para a limpeza e desinfecção dos canais radiculares. Essas substâncias, ao entrarem em contato com a umidade do canal radicular, formavam o hidróxido e sódio e o hidróxido de potássio, respectivamente.
CALLAHAN6 (1894) propôs a utilização do ácido sulfúrico a 40,0% para a irrigação dos canais radiculares. Essa solução era neutralizada, a seguir, com uma solução de bicarbonato de sódio.
HARLAN22 (1900) indicava a papaína como solução irrigante dos canais radiculares por ser um excelente solvente de matéria orgânica. Essa teoria não teve defensores e, até hoje, merece ser estudada.
BARRETT5 (1917) difundiu o uso da solução de Dakin para a irrigação de canais radiculares e relatou a eficiência dessa solução como anti-séptico.
TAYLOR & AUSTIN58 (1918) mostraram a ação solvente da solução de Dakin sobre tecido não vital e observaram, ainda, que essa solução era pouco irritante aos tecidos normais.
COOLIDGE9 (1929) já concluía que o ato de limagem, irrigação e aspiração são artifícios mecânicos que retiram parte dos restos pulpares, raspas de dentina, tecidos necróticos e microrganismos. No entanto, necessita-se de um auxílio químico para melhorar a limpeza e a desinfecção do canal radicular.
A solução de hipoclorito de sódio tem sido empregada há muito tempo na instrumentação dos canais radiculares, mas sua grande divulgação ocorreu em 1936, quando WALKER64 publicou um artigo sobre a capacidade de limpeza promovida pelo hipoclorito de sódio a 5,0% na desinfecção de canais necrosados.
WALKER64 (1936) propôs o uso de uma solução de hipoclorito de sódio a 5,0 %(soda clorada) para a instrumentação dos canais radiculares de dentes despolpados. Em seu trabalho, esclareceu que essa solução fora utilizada após a indicação feita pelo Dr. Blass, da Universidade de Nova Iorque. Quanto à parte experimental, o autor deu ênfase à complexidade da terapêutica endodôntica ao explicar que esse procedimento era especializado e, assim, exigia uma atenção especial para todos os detalhes, como por exemplo a esterilização dos instrumentos, a manipulação dos canais radiculares e a proteção do paciente e do operador, pois o canal radicular infectado aloja microrganismos de ação contaminante.
Com base no trabalho de WALKER64 (1936), GROSSMAN & MEIMAN17 (1941) investigaram a ação de diversas soluções irrigantes sobre a capacidade de dissolução de tecido orgânico, e concluíram que o hipoclorito de sódio a 5,0% (soda clorada) era o mais efetivo.
GROSSMAN18 (1943), com base nos trabalhos de WALKER64 (1936) e GROSSMAN & MEIMAN17 (1941), preconizou uma técnica de irrigação de canais radiculares que utilizava o uso alternado do hipoclorito de sódio a 5,0% com o peróxido de hidrogênio a 3,0%. A reação química entre essas duas soluções dá como resultado final a formação de água, cloreto de sódio e oxigênio nascente. A reação é efervescente e favorece a eliminação dos resíduos do interior do canal radicular.
SENIA et al.51 (1971) observaram que o hipoclorito de sódio a 5,0% era eficiente na limpeza do canal radicular, exceto nos 3 milímetros apicais. Esses autores citaram três fatores responsáveis pelos seus achados: pouca superfície de contato, pouco volume de solução e pouca circulação do líqüido no local.
TREPAGNIER et al.61 (1977) estudaram, "in vitro", os efeitos de várias concentrações e tempo de reação da solução de hipoclorito de sódio a 5,0% como solvente de tecido, utilizando a mensuração do conteúdo de hidroxiprolina para verificar a eficiência da solução. Concluíram que o hipoclorito de sódio a 5,0% era um potente solvente de tecido, e que a diluição dessa solução com água, em partes iguais, não afetava apreciavelmente sua ação solvente.
HAND et al.21 (1978) verificaram que a diluição de uma solução de hipoclorito de sódio de 5,0% diminuía sua capacidade de dissolução de tecido necrótico, salientando ainda que quanto maior a área de superfície de contato entre o tecido e a solução de hipoclorito de sódio, melhor era a dissolução.
ROSENFELD et al.47 (1978) dissolveram polpa dental com hipoclorito de sódio a 5,0% e 2,5% e concluíram que a solução atuava muito efetivamente em polpa fora da câmara pulpar e que a solução tinha pouca efetividade para dissolver polpa que estava confinada no canal radicular.
THÉ59 (1979) dissolveu tecido necrosado em hipoclorito de sódio e verificou que o tempo de contato, o volume e a concentração da solução eram parâmetros importantes na dissolução tecidual.
THÉ et al.60 (1980) estudaram as reações do tecido conjuntivo subcutâneo de Guinea pig expostos à solução salina fisiológica estéril, ao hipoclorito de sódio, nas concentrações de 0,9; 2,1; 4,1 e 8,4 por cento, e ao formocresol (fórmula de Buckley), com o objetivo de determinar qual concentração de hipoclorito de sódio deveria ser utilizada em procedimentos clínicos. Os autores concluíram que a determinação da concentração clínica ideal do hipoclorito de sódio não devia ser determinada pelo tipo e intensidade de resposta inflamatória do tecido conjuntivo, mas sim pela ação solvente desses hipocloritos, bem como pelo seu efeito antimicrobiano.
MACHTOU30 (1980) relatou que o sucesso da terapia endodôntica repousava sobre a tríade preparo biomecânico, controle da infecção e obturação dos canais radiculares. Esse autor salientou, de modo enfático, que se devia eliminar todos os resíduos e os microrganismos do interior dos canais radiculares e relatou que a ação da solução irrigante depende de dois fatores: o contato entre a solução e os resíduos e o tempo de ação.
CUNNINGHAN & BALEKJIAN10 (1980) estudaram a dissolução de colágeno pela ação do hipoclorito de sódio e constataram que o hipoclorito de sódio a 2,6% a 37ºC era tão efetivo quanto o hipoclorito de sódio a 5,0% à temperatura ambiente. A elevação da temperatura potencializava a ação solvente de tecido.
KOSKINEN et al.27, 28 (1980) verificaram que o hipoclorito de sódio dissolvia a pré-dentina das paredes do canal radicular e, estudando a dissolução do tecido pulpar bovino promovida pelo hipoclorito de sódio, observaram a eficácia da concentração a 5,0% e 2,5% na dissolução. Porém, salientaram que a solução de hipoclorito de sódio a 0,5% não era eficiente. Esses autores observaram que 3 mililitros de hipoclorito de sódio era uma quantidade excessiva para dissolver 100 miligramas de tecido.
ABOU-RASS & OGLESBY1 (1981) verificaram que o aumento da temperatura da solução de hipoclorito de sódio promovia aumento de sua capacidade de dissolução.
GORDON et al.16 (1981) estudaram o efeito solvente de soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 1,0; 3,0 e 5,0 por cento sobre o tecido pulpar bovino vital e não vital. Os autores observaram que, quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio, tanto menor seria o tempo de solvência dos tecidos vivos como, também, necróticos.
MOORER & WESSELINK36 (1982) estudaram o fluxo líqüido, o potencial hidrogeniônico e a área de contato, na capacidade de dissolução da solução de hipoclorito de sódio. Observaram que o princípio ativo do hipoclorito de sódio dependia da quantidade de moléculas de HOCl não dissociados. Esse ácido é responsável pela forte cloraminação e oxidação de matérias orgânicas, tais como tecido e microrganismos. O HOCl (ácido hipocloroso) é consumido na interação com matéria orgânica.
NAKAMURA et al.38 (1985) estudaram a ação solvente do hipoclorito de sódio a 2,0- 5,0 e 10,0 por cento sobre o colágeno do tendão, a polpa de dentes e a gengiva de bovinos, nas temperaturas de 4°C, 22°C e 37°C. Esses autores concluíram que o hipoclorito de sódio a 10,0%, à temperatura de 37°C, foi o mais eficiente em dissolver todos os tecidos estudados; os hipocloritos de sódio a 5,0% e a 2,0% mostraram diferença estatisticamente não-significante a 4°C, 22°C e a 37°C; e que a ação de dissolução do hipoclorito de sódio sobre tendão bovino foi mais forte do que sobre a gengiva bovina.
HASSELGREN et al.23 (1988) avaliaram, "in vitro", os efeitos do hidróxido de cálcio e do hipoclorito de sódio, separadamente ou associados, na dissolução de tecido muscular necrosado. Observaram que o hidróxido de cálcio era capaz de dissolver tecido orgânico e que o efeito de dissolução tecidual do hipoclorito de sódio era grandemente aumentado com o pré-tratamento com hidróxido de cálcio.
MORGAN et al.37 (1991) analisaram o efeito do hidróxido de cálcio, utilizado isolado ou em combinação com o hipoclorito de sódio a 2,6%, sobre a dissolução do tecido pulpar bovino, com período de atuação de 32 minutos. Os autores relataram que não houve diferença significante entre o hidróxido de cálcio utilizado em combinação com o hipoclorito de sódio e o hipoclorito de sódio isolado, e que esses dois grupos foram significantemente mais efetivos em dissolver tecido pulpar bovino do que o hidróxido de cálcio e a solução salina.
MILANO et al.35 (1991) analisaram alguns aspectos do uso do hipoclorito de sódio em Endodontia. Um dos aspectos analisados por eles foi o tempo médio em que uma polpa era dissolvida pela solução de hipoclorito de sódio em diferentes concentrações. Os autores concluíram que as soluções de hipoclorito de sódio apresentavam capacidade de dissolução do tecido pulpar na razão direta de suas concentrações.
ANDERSEN et al.3 (1992) estudaram a solubilidade do tecido pulpar humano em hidróxido de cálcio e hipoclorito de sódio, a uma temperatura constante de 37°C, concluindo que o uso combinado do hipoclorito de sódio e de um curativo provisório com hidróxido de cálcio apresentava bom potencial para a remoção do tecido pulpar.
JOHNSON & REMEIKIS25 (1993) relataram que as propriedades solventes e antimicrobianas do hipoclorito de sódio eram devidas aos seguintes fatores: a) capacidade do hipoclorito de sódio em oxidar e hidrolisar proteínas celulares; b) liberar gás cloro e c) capacidade osmótica de retirar fluidos celulares.
YANG et al.67 (1995), utilizando fragmentos de polpa bovina, testaram a capacidade de dissolução do hidróxido de cálcio em solução aquosa e hipoclorito de sódio a 2,5% em ambiente anaeróbio e aeróbio. Salientaram que ambas as soluções dissolveram o tecido pulpar em ambiente anaeróbio, e que elas atuaram nos dois ambientes.
SÓ et al.53 (1997) avaliaram a habilidade de dissolução tecidual de soluções de hipoclorito de sódio de diferentes fabricantes, concluindo que a capacidade de dissolução tecidual era diretamente proporcional à concentração da solução de hipoclorito de sódio, e que o hipoclorito de sódio a 0,5% apresentava limitada capacidade de dissolução tecidual.
TÜRKÜN & GENGIZ62 (1997) estudaram os efeitos do hipoclorito de sódio e do hidróxido de cálcio, isolados ou combinados, com e sem a utilização de ultra-som, sobre a dissolução tecidual e sobre a limpeza do canal radicular. Os autores concluíram que o pré-tratamento com hidróxido de cálcio seguido pela utilização do hipoclorito de sódio a 0,5% juntamente com o ultra-som foi tão eficaz quanto o hipoclorito de sódio a 5,0% na dissolução tecidual e limpeza do canal radicular.
GUERISOLI et al.20 (1998) investigaram a ação das soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5; 1,0; 2,5 e 5,0 por cento sobre a estrutura dentinária mineralizada e desmineralizada, pelo tempo de uma hora. Esses autores constataram que a dentina mineralizada apresentava perda de massa tecidual de modo estatisticamente semelhante para todas as concentrações das soluções estudadas. Porém, a dentina desmineralizada (colágeno) sofria perda de massa de modo diretamente proporcional à concentração da solução, ou seja, quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio, tanto maior a perda de massa da dentina desmineralizada.
WADACHI et al.63 (1998) estudaram a dissolução do tecido mole das paredes do canal radicular promovida pelo hidróxido de cálcio, hipoclorito de sódio e pela associação hidróxido de cálcio/hipoclorito de sódio, à luz da microscopia eletrônica de varredura. Concluíram que o hipoclorito de sódio, usado isoladamente, apresentava menos resíduos do que a associação hidróxido de cálcio/hipoclorito de sódio e do hidróxido de cálcio, sozinho.
SPANÓ54 (1999) estudou a dissolução do tecido pulpar bovino promovida pela solução de hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5, 1,0, 2,5 e 5,0 por cento e analisou, também, o pH, a tensão superficial, a condutividade iônica e o teor de cloro, no início e no final do processo de dissolução pulpar, constatando: relação diretamente proporcional entre a velocidade de dissolução pulpar e a concentração da solução utilizada; redução do pH de modo inversamente proporcional à concentração testada; redução, singular, da condutividade iônica; redução da tensão superficial de modo diretamente proporcional à concentração testada e relação diretamente proporcional entre a concentração de cloro inicial e a concentração de cloro remanescente.
A retrospectiva da literatura elucida que a ação de dissolução tecidual promovida pela solução de hipoclorito de sódio é devido ao ácido hipocloroso (HOCl) não dissociado e aos ions hipoclorito (OCl-) os quais atuam sobre as proteínas, realizando a hidrólise e a cloraminação (MOORER & WESSELINK36, 1982), e também depende de vários outros fatores, tais como: concentração, temperatura, potencial hidrogeniônico, volume, tempo de contato, superfície de contato e estado da polpa (McCOMB & SMITH34, 1976; HAND et al.21, 1978; TREPAGNIER et al.61, 1977; SVEC & HARRISON57, 1981; CUNNINGHAN & BALEKJIAN10, 1980; ABOU-RASS & OGLESBY1, 1981; GORDON et al.16, 1981 e MOORER & WESSELINK36, 1982).
Assim, o hipoclorito de sódio vem sendo utilizado na Endodontia há várias décadas, porém, não se encontra relato na literatura sobre as condições físico-químicas dessa solução após o processo de dissolução pulpar .
O objetivo do presente trabalho consiste em estudar, "in vitro", o efeito do aumento da temperatura das soluções de hipoclorito de sódio sobre suas propriedades físico-químicas anteriores e posteriores à dissolução do tecido pulpar bovino, com a observância dos seguintes itens:
a)- avaliação do potencial hidrogeniônico (pH);
b)- avaliação da condutividade iônica;
c)- avaliação da tensão superficial e
d)- avaliação do teor de cloro remanescente.
PREPARO DAS SOLUÇÕES DE HIPOCLORITO DE SÓDIO
As soluções de hipoclorito de sódio, nas concentrações de 0,5; 1,0; 2,5 e 5,0 por cento, foram aviadas no Laboratório de Pesquisa em Endodontia a partir de uma solução de hipoclorito de sódio concentrada (a 10,0%).
O teor de cloro de cada solução foi avaliado por meio da titulometria (iodometria).
Após
a titulação, as soluções de hipoclorito de
sódio foram armazenadas em recipientes de vidro âmbar (1 litro),
dotados de tampa e batoque, e conservados em refrigerador (9ºC) até
o dia do experimento, o que ocorreu três dias após. No momento
de utilização, as soluções eram colocadas fora
do refrigerador até que atingissem a temperatura ambiente de 22
± 2 °C.
OBTENÇÃO DAS POLPAS BOVINAS
Obtiveram-se 20 polpas frescas de incisivos centrais inferiores de bovinos adultos abatidos em frigorífico.
Imediatamente após o abate, a mandíbula bovina era coletada e, no próprio frigorífico foram realizadas as exodontias, após o qual, os dentes eram armazenados em soro fisiológico resfriado e transportados para o Laboratório de Pesquisa em Endodontia.
No Laboratório, prepararam-se canaletas transversais na região cervical dos dentes incisivos centrais inferiores, por meio de uma peça de mão de alta rotação sob refrigeração. A seguir, os dentes eram presos em uma morsa pela sua porção radicular e, por meio de um martelo cirúrgico, aplicava-se uma pancada na porção coronária do dente. As canaletas tinham a função de determinar um ponto de fragilidade no dente de modo que a fratura promovia um corte transversal ao longo eixo do dente na região cervical.
Por tração manual, separava-se a porção coronária da porção radicular do dente, de modo a expor a polpa coronária.
Com um instrumento endodôntico K File da marca Maillefer, de procedência Suíça, número 10, realizava-se o descolamento da polpa dental das paredes dentinárias.
Novamente, por tracionamento manual, retirava-se a polpa do canal radicular.
Procedia-se ao embalamento das polpas bovinas em filme plástico, da marca Magipak, e, a seguir, eram congeladas.
Para a realização
dos testes, as polpas eram removidas de -9°C para temperatura ambiente,
e permaneciam nessa temperatura por 90 minutos, necessário para
o descongelamento.
PREPARO DAS POLPAS BOVINAS
Da porção central de cada polpa bovina, retirava-se, mediante cortes transversais ao longo eixo e realizados com bisturi, um fragmento com 10 milímetros de comprimento, desprezando-se as extremidades, para padronização da superfície interna de cada fragmento pulpar.
Previamente
à realização do teste de dissolução,
o fragmento a ser utilizado era pesado em balança da marca MLW,
de procedência alemã.
REAÇÃO DE DISSOLUÇÃO
Para o teste de dissolução da polpa bovina, adaptou-se a extremidade de encaixe da agulha de uma seringa Luer Look a uma mangueira de uretane. A seguir, esta mangueira foi conectada a entrada de uma bomba peristáltica da marca Implant Pulp/Adiel e a saída da bomba foi conectada a uma outra mangueira de uretane a qual conduzia a solução testada para uma serpentina, também de uretane, colocada no interior de um banho-maria com a finalidade de produzir o aumento da temperatura da solução, e a saída da serpentina era colocada na outra extremidade da seringa.
Utilizaram-se as temperaturas de 24°C (temperatura ambiente), 37°C e 50°C.
Nesse sistema, colocavam-se 15 mililitros da solução a ser testada que, por intermédio da bomba peristáltica, circulava no sistema fechado com um fluxo constante de 64 mililitros por minuto.
No interior da seringa Luer, foi colocada uma rede de nylon para sustentar o fragmento de polpa bovina suspensa na mesma posição, a fim de ter sua superfície totalmente banhada pela solução irrigante.
No momento
da imersão do fragmento de polpa na solução a ser
testada, disparava-se o cronômetro. O fragmento pulpar era mantido
na solução a ser testada sob circulação constante
até a sua total dissolução. Finda a dissolução
da polpa, o tempo gasto era anotado. Considerava-se como o momento da dissolução
total do fragmento aquele em que a polpa não era mais visível
com auxílio de uma lupa marca Ramsor, com aumento de dezesseis vezes,
de procedência brasileira. A Figura 1 mostra o dispositivo montado
para que fosse possível a realização do teste de dissolução.
Figura
1. Dispositivo montado para os testes de dissolução, acoplado
à bomba peristáltica.
Testes preliminares
realizados com água destilada e deionizada revelaram que essa substância
não era capaz de realizar a dissolução do tecido pulpar
bovino
VALIAÇÃO DO POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH)
Para avaliar
o potencial hidrogeniônico das soluções, antes e após
o experimento, utilizou-se um pH-meter (Digimed de procedência brasileira).
AVALIAÇÃO DA CONDUTIVIDADE IÔNICA
A condutividade
iônica das soluções, antes e após o experimento,
foi mensurada por meio de um condutivímetro marca Analion modelo
C-701 de procedência brasileira.
AVALIAÇÃO DA TENSÃO SUPERFICIAL
A tensão
superficial foi mensurada por meio de um tensiômetro marca Fisher
Scientific, de procedência norte-americana, antes e depois do teste
de dissolução total dos fragmentos de polpa bovina.
AVALIAÇÃO DO CLORO REMANESCENTE
Para avaliar o teor de cloro presente nas soluções, antes e após a dissolução do tecido pulpar bovino, realizou-se a titulometria (iodometria). Os dados foram expressos em porcentagem de cloro remanescente nas soluções de hipoclorito de sódio resultantes do processo de dissolução pulpar.
Os testes foram realizados no Laboratório de Pesquisa em Endodontia, em condições ambientais de temperatura de 22 ± 2°C e umidade relativa do ar de 65 ± 5 por cento.
AVALIAÇÃO DA VELOCIDADE DE DISSOLUÇÃO DO TECIDO PULPAR
Os dados amostrais
utilizados na avaliação da velocidade de dissolução
pulpar foram obtidos mediante um modelo matemático composto de 2
fatores de variação. O primeiro denominado concentrações
das soluções de hipoclorito de sódio, formado por
quatro componentes: soluções a 0,5 - 1,0 - 2,5 e 5,0 por
cento, doravante será denominado de concentrações.
O segundo, chamado de temperaturas de utilização da solução
de hipoclorito de sódio, formado por 3 componentes: 24°C, 37°C
e 50°C, daqui para frente será denominado de temperaturas.
Os fragmentos de polpa bovina foram pesados anteriormente aos testes de
dissolução do fragmento de polpa bovina, dando origem à
Tabela I com 60 dados de massa dos fragmentos de polpa bovina, expressos
em miligramas (mg).
Tabela I. Massas dos fragmentos de polpa bovina em miligramas (mg).
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
51,70 | 48,46 | 63,26 | 44,38 | |
39,43 | 41,93 | 63,83 | 51,29 | |
24°C | 39,13 | 51,77 | 66,08 | 55,29 |
51,03 | 48,56 | 69,86 | 43,76 | |
49,64 | 42,06 | 57,86 | 43,88 | |
39,60 | 48,43 | 58,26 | 54,39 | |
43,74 | 46,55 | 51,90 | 55,76 | |
37°C | 56,71 | 58,66 | 54,55 | 54,84 |
58,33 | 46,02 | 57,74 | 60,60 | |
39,03 | 54,95 | 47,11 | 46,28 | |
56,89 | 41,92 | 55,72 | 55,52 | |
78,25 | 41,53 | 55,64 | 51,40 | |
50°C | 57,56 | 45,02 | 49,24 | 55,76 |
50,92 | 50,96 | 59,94 | 53,36 | |
49,04 | 54,51 | 44,80 | 58,32 |
Realizaram-se
os teste de dissolução dos fragmentos de polpa bovina, o
que deu origem à Tabela II, onde se vê 60 dados de tempo de
dissolução, expressos em segundos.
Tabela II. Tempos de dissolução do tecido pulpar medidos em segundos (s).
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
3570 | 1668 | 1052 | 416 | |
2920 | 1631 | 1232 | 426 | |
24°C | 2790 | 1782 | 1266 | 450 |
3230 | 1698 | 1072 | 410 | |
3150 | 1604 | 855 | 369 | |
1083 | 1049 | 553 | 324 | |
1373 | 869 | 616 | 478 | |
37°C | 1421 | 906 | 521 | 441 |
1655 | 865 | 460 | 361 | |
1109 | 937 | 539 | 423 | |
623 | 631 | 341 | 274 | |
1031 | 553 | 370 | 236 | |
50°C | 758 | 503 | 273 | 256 |
717 | 664 | 328 | 247 | |
740 | 641 | 311 | 290 |
Por meio da
Equação I, vista abaixo, obteve-se a velocidade de dissolução
dos fragmentos de polpa bovina utilizando-se a unidade miligramas por segundo
(mg/s). Tais valores podem ser vistos na Tabela III.
Equação
I:
onde "v"
é a velocidade de dissolução pulpar, "m" é
a massa do fragmento pulpar e "t" é o tempo gasto para a
total dissolução.
Tabela III. Velocidades de dissolução do tecido pulpar quantificadas em miligramas por segundo (mg/s).
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
0,014 | 0,029 | 0,060 | 0,106 | |
0,013 | 0,025 | 0,051 | 0,120 | |
24°C | 0,014 | 0,029 | 0,052 | 0,122 |
0,015 | 0,028 | 0,065 | 0,106 | |
0,015 | 0,026 | 0,067 | 0,118 | |
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|
0,036 | 0,046 | 0,105 | 0,167 | |
0,031 | 0,053 | 0,084 | 0,116 | |
37°C | 0,039 | 0,064 | 0,104 | 0,124 |
0,035 | 0,053 | 0,125 | 0,167 | |
0,035 | 0,058 | 0,087 | 0,109 | |
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|
0,091 | 0,066 | 0,163 | 0,202 | |
0,075 | 0,075 | 0,150 | 0,217 | |
50°C | 0,075 | 0,089 | 0,180 | 0,217 |
0,071 | 0,076 | 0,182 | 0,216 | |
0,066 | 0,085 | 0,144 | 0,201 | |
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Obtidos os valores de velocidade de dissolução pulpar, iniciaram-se os testes estatísticos por meio do software GMC 7.6, idealizado e elaborado pelo Prof. Dr. Geraldo Maia Campos.
Os resultados dos estudos dos parâmetros amostrais indicaram normalidade da distribuição amostral, o que indicava a realização de testes estatísticos paramétricos.
Aplicou-se,
então, o teste de análise de variância, que pode ser
visto na Tabela IV.
Tabela IV. Análise de variância: dados originais.
Fonte de variação | Soma de quadr. | G. L. | Quadr. médios | ( F ) | Prob. (H0) |
Entre Concentrações | 0,1213 | 3 | 0,0404 | 269,71 | 0,000% |
Entre Temperaturas | 0,0628 | 2 | 0,0314 | 209,37 | 0,000% |
Interação Concentrações x Temperaturas | 0,0065 | 6 | 0,0011 | 7,18 | 0,007% |
Resíduo | 0,0072 | 48 | 0,0001 | ||
Variação total | 0,1977 | 59 |
A análise de variância apontou diferença estatística significante, ao nível de 1,0 por cento de probabilidade, para os fatores de variação concentrações, temperaturas e para a interação concentrações X temperaturas.
Para elucidar
quais das concentrações utilizadas eram significantemente
diferentes entre si, aplicou-se o teste de Tukey, que pode ser visto na
Tabela V.
Tabela V. Teste de Tukey: entre Concentrações.
Concentrações | Médias | Valor crítico de Tukey (a=0,01) |
5,0% | 0,15448 u | 0,01203 |
2,5% | 0,10835 n | |
1,0% | 0,05385 l | |
0,5% | 0,04219 l |
A Tabela V evidencia que a solução de hipoclorito de sódio a 5,0% foi a que promoveu maior velocidade de dissolução tecidual, a solução de hipoclorito de sódio a 2,5% situou-se de maneira intermediária e as soluções a 1,0% e 0,5% (não houve diferença estatisticamente significante entre ambas) com os menores valores de velocidade de dissolução tecidual. Ocorreu, portanto, a formação de 3 grupos, quais sejam: o primeiro composto pela solução de hipoclorito de sódio a 5,0%, o segundo composto pela solução de hipoclorito de sódio a 2,5% e o terceiro composto pelas soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 1,0% e 0,5%.
Com o objetivo
de esclarecer qual das temperaturas foi mais eficiente em realizar a dissolução
tecidual, aplicou-se o teste complementar de Tukey, que pode ser visto
na Tabela VI.
Tabela VI. Teste de Tukey: entre Temperaturas.
Temperaturas | Médias | Valor crítico de Tukey (a=0,01) |
50ºC | 0,13247 u | 0,00969 |
37ºC | 0,08244 n | |
24ºC | 0,05425 l |
Pela análise da Tabela VI, observa-se que houve diferença estatisticamente significante ao nível de 1,0% entre todas as temperaturas. Isto significa que a 50°C o hipoclorito de sódio é mais eficiente em dissolver o tecido pulpar bovino do que a 37°C e nessa temperatura mais eficiente do que a 24°C.
Para esclarecer a interação concentrações X temperaturas construíram-se gráficos com os elementos de um dos fatores de variação no eixo X e as médias calculadas pela análise de variância no eixo Y. Analisou-se, assim, o comportamento de um fator de variação em função do outro. O Gráfico da Figura 2 mostra a interação entre os dois fatores de variação, com ênfase para o fator de variação concentrações.
Figura 2. Variação da velocidade de dissolução em função das temperaturas.
A Figura 2 mostra que a velocidade de dissolução tende a aumentar conforme aumenta a temperatura de utilização das soluções de hipoclorito de sódio. Esse gráfico traz, ainda, indícios da existência de correlação diretamente proporcional entre as temperaturas e a velocidade de dissolução.
Com os valores das interações, traçou-se o gráfico da Figura 3, que mostra a interação entre os dois fatores de variação, com ênfase para o fator de variação temperaturas.
Figura 3. Variação da velocidade de dissolução em função das concentrações.
No gráfico da Figura 3 observa-se que a velocidade de dissolução do tecido pulpar tende a aumentar à medida que se aumenta as concentrações. Esse gráfico traz consigo fortes indícios de correlação diretamente proporcional entre as concentrações e a velocidade de dissolução do tecido pulpar.
Realizou-se também, o teste de regressão e correlação entre as concentrações e a velocidade de dissolução do tecido pulpar e entre as temperaturas e a mesma variável, os quais indicaram correlação linear e diretamente proporcional entre ambos fatores de variação e a velocidade de dissolução tecidual.
A Figura 4 exibe o gráfico da correlação entre a velocidade de dissolução do tecido pulpar e as concentrações e a Figura 5 mostra o gráfico da correlação entre a velocidade de dissolução do tecido pulpar e as temperaturas.
Figura
4. Gráfico da correlação entre a velocidade de dissolução
e as concentrações.
Figura
5. Gráfico da correlação entre a velocidade de dissolução
e as temperaturas.
AVALIAÇÃO
DO POTENCIAL HIDROGENIÔNICO
Cada solução
de hipoclorito de sódio teve seu potencial hidrogeniônico
previamente quantificado em cada temperatura de utilização
estudada. Esses valores podem ser vistos na Tabela VII.
Tabela VII. Potenciais hidrogeniônicos quantificados anteriormente aos processos de dissolução do tecido pulpar.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
24°C | 12,04 | 12,29 | 12,68 | 13,04 |
37°C | 12,01 | 12,34 | 12,75 | 13,00 |
50°C | 11,87 | 12,28 | 12,75 | 13,00 |
Após
os processos de dissolução do tecido pulpar, o potencial
hidrogeniônico das soluções estudadas foram novamente
aferidos, os quais podem ser vistos na Tabela VIII.
Tabela VIII. Potenciais hidrogeniônicos aferidos após os processos de dissolução do tecido pulpar.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
9,41 | 10,60 | 12,56 | 12,93 | |
9,96 | 10,50 | 12,48 | 12,95 | |
24°C | 10,19 | 10,47 | 12,46 | 13,00 |
9,73 | 10,45 | 12,52 | 13,01 | |
9,88 | 10,81 | 12,18 | 12,98 | |
10,50 | 10,70 | 12,22 | 12,69 | |
10,48 | 10,60 | 12,30 | 12,76 | |
37°C | 9,97 | 10,62 | 12,28 | 12,71 |
10,02 | 10,59 | 12,23 | 12,66 | |
10,35 | 10,55 | 12,38 | 12,71 | |
9,74 | 10,60 | 12,17 | 12,78 | |
9,45 | 10,75 | 12,34 | 12,83 | |
50°C | 9,48 | 11,00 | 12,14 | 12,85 |
9,50 | 10,59 | 12,24 | 12,76 | |
9,65 | 10,42 | 12,10 | 12,80 |
Analisando-se as Tabelas VII e VIII é possível notar que os valores iniciais de potencial hidrogeniônico eram sempre numericamente maiores que os valores de potencial hidrogeniônico após o teste de dissolução pulpar.
Para que fosse possível comparar os potenciais hidrogeniônicos das soluções de hipoclorito de sódio anteriores e posteriores aos testes de dissolução do tecido pulpar, optou-se pela variável denominada redução porcentual do potencial hidrogeniônico.
A Tabela IX
mostra os valores de redução porcentual do potencial hidrogeniônico
das soluções de hipoclorito de sódio testadas.
Tabela IX. Redução porcentual do potencial hidrogeniônico das soluções de hipoclorito de sódio.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
21,84 | 13,75 | 0,95 | 0,84 | |
17,28 | 14,56 | 1,58 | 0,69 | |
24°C | 15,37 | 14,81 | 1,74 | 0,31 |
19,19 | 14,97 | 1,26 | 0,23 | |
17,94 | 12,04 | 3,94 | 0,46 | |
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|
12,57 | 13,29 | 4,16 | 2,38 | |
12,74 | 14,10 | 3,53 | 1,85 | |
37°C | 16,99 | 13,94 | 3,69 | 2,23 |
16,57 | 14,18 | 4,08 | 2,62 | |
13,82 | 14,51 | 2,90 | 2,23 | |
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|
17,94 | 13,68 | 4,55 | 1,69 | |
20,39 | 12,46 | 3,22 | 1,31 | |
50°C | 20,13 | 10,42 | 4,78 | 1,15 |
19,97 | 13,76 | 4,00 | 1,85 | |
18,70 | 15,15 | 5,10 | 1,54 | |
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Dessa maneira, sobre os dados da Tabela IX, realizaram-se testes estatísticos preliminares, visando a esclarecer se a distribuição dos erros experimentais seria normal o que permitiria o emprego da estatística paramétrica.
Esses testes mostraram que a distribuição dos erros experimentais dos dados originais da Tabela IX era não-normal. A não-normalidade contra-indicava a aplicação de testes paramétricos com esses dados originais.
Por meio de uma transformação dos dados originais (raiz quadrada dos dados), conseguiu-se uma normalização bastante razoável da distribuição dos erros amostrais. O teste de normalidade está relatado no.
A Tabela X
mostra os novos valores, após a transformação (raiz
quadrada) dos dados.
Tabela X. Valores transformados por meio da raiz quadrada dos valores originais de redução porcentual do potencial hidrogeniônico das soluções de hipoclorito de sódio.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
4,67 | 3,71 | 0,97 | 0,92 | |
4,16 | 3,82 | 1,26 | 0,83 | |
24°C | 3,92 | 3,85 | 1,32 | 0,56 |
4,38 | 3,87 | 1,12 | 0,48 | |
4,24 | 3,47 | 1,98 | 0,68 | |
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|
3,55 | 3,65 | 2,04 | 1,54 | |
3,57 | 3,76 | 1,88 | 1,36 | |
37°C | 4,12 | 3,73 | 1,92 | 1,49 |
4,07 | 3,77 | 2,02 | 1,62 | |
3,72 | 3,81 | 1,70 | 1,49 | |
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|
4,24 | 3,70 | 2,13 | 1,30 | |
4,52 | 3,53 | 1,79 | 1,14 | |
50°C | 4,49 | 3,23 | 2,19 | 1,07 |
4,47 | 3,71 | 2,00 | 1,36 | |
4,32 | 3,89 | 2,26 | 1,24 | |
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A normalização
da distribuição amostral autorizava o emprego da estatística
paramétrica e o modelo matemático do experimento indicava
adequado o teste de análise de variância, para dois fatores
de variação independentes, o qual pode ser visto na Tabela
XI.
Tabela XI. Análise de variância: dados transformados (raiz quadrada).
Fonte de variação | Soma de quadr. | G.L. | Quadr. médios | ( F ) | Prob.(H0) |
Concentrações | 96,4300 | 3 | 32,1433 | 743,15 | 0,000 % |
Temperaturas | 1,0848 | 2 | 0,5424 | 12,54 | 0,013 % |
Interação concentrações x temperaturas | 3,1856 | 6 | 0,5309 | 12,28 | 0,000 % |
Resíduo | 2,0761 | 48 | 0,0433 | ||
Variação total | 102,7766 | 59 |
A análise de variância apontou diferença estatística significante, ao nível de 1,0 por cento de probabilidade, para os fatores de variação concentrações, temperaturas e para a interação concentrações X temperaturas.
A fim de esclarecer
quais dentre as diferentes concentrações envolvidas na análise
de variância apresentariam valores de redução porcentual
do potencial hidrogeniônico significantemente diferentes entre si,
efetuou-se o teste complementar de Tukey. A Tabela XII exibe os resultados
do teste complementar de Tukey para esse fator de variação.
Tabela XII. Teste de Tukey para concentrações: dados transformados (raiz quadrada).
Concentrações | Médias | Valor crítico (a=0,01) |
0,5% | 4,16150 l | 0,25037 |
1,0% | 3,69857 n | |
2,5% | 1,77284 u | |
5,0% | 1,13920 £ |
O teste complementar de Tukey para o fator de variação concentrações indicou diferença estatisticamente significante ao nível de 1,0 por cento de probabilidade entre todas as médias comparadas referentes à redução porcentual do potencial hidrogeniônico. Assim foi possível ordenar as diferentes concentrações de forma crescente quanto à redução porcentual do potencial hidrogeniônico: solução de hipoclorito de sódio a 5,0 - 2,5 - 1,0 e 0,5 por cento. Assim, pode-se concluir que, quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio utilizada, tanto menor a sua redução porcentual do potencial hidrogeniônico.
A fim de esclarecer
quais dentre as diferentes temperaturas envolvidas na análise de
variância apresentariam valores de redução porcentual
do potencial hidrogeniônico significantemente diferentes entre si,
efetuou-se mais um teste complementar de Tukey. A Tabela XIII exibe os
resultados do teste complementar de Tukey para esse fator de variação.
Tabela XIII. Teste de Tukey para temperaturas: dados transformados (raiz quadrada).
Temperaturas | Médias | Valor crítico (a=0,01) |
50°C | 2,82897 l | 0,20166 |
37°C | 2,74021 l | |
24°C | 2,50990 n |
O teste complementar de Tukey para o fator de variação temperatura de utilização das soluções de hipoclorito de sódio indicou diferença estatisticamente não-significante ao nível de 1,0 por cento de probabilidade entre as temperaturas de 50°C e 37°C e diferença estatisticamente significante ao nível de 1,0 por cento entre as temperaturas de 37°C e 24°C. Houve, portanto, a formação de dois grupos, a saber: o grupo formado pelas temperaturas de 50°C e 37°C com os maiores valores de redução porcentual do potencial hidrogeniônico e o grupo formado pela temperatura de 24°C com o menor valor. Assim, pode-se concluir que o aumento de temperatura da solução causou maior redução porcentual do potencial hidrogeniônico.
A partir das médias transformadas dos componentes da interação concentrações X temperaturas, foi possível traçar o gráfico da Figuras 6 que mostra a redução porcentual do potencial hidrogeniônico em função das diferentes temperaturas.
Figura 6. Redução porcentual do potencial hidrogeniônico em função das temperaturas.
No gráfico da Figura 6 observa-se que a redução porcentual do potencial hidrogeniônico tende a aumentar à medida que se aumenta a temperatura de utilização da solução de hipoclorito de sódio.
Com os valores das médias da interação entre os dois fatores de variação, calculadas pela análise de variância, traçou-se o gráfico da Figura 7, que mostra a redução porcentual do potencial hidrogeniônico em função das concentrações.
Figura 7. Variação da redução porcentual do potencial hidrogeniônico em função das concentrações.
A Figura 7 evidencia que a redução porcentual do potencial hidrogeniônico tende a diminuir conforme aumenta a concentração da solução de hipoclorito de sódio. Esse gráfico traz consigo fortes indícios da existência de correlação inversamente proporcional entre as concentrações e a redução porcentual do potencial hidrogeniônico.
Para que fosse possível determinar a correlação existente entre a redução porcentual do potencial hidrogeniônico e ambos fatores de variação, realizou-se o teste de regressão e correlação entre as concentrações e a redução porcentual do potencial hidrogeniônico, o qual evidenciou correlação inversamente proporcional e gerou o gráfico que pode ser visto na Figura 8.
Figura 8. Gráfico da redução porcentual do potencial hidrogeniônico em função das concentrações.
O mesmo teste, realizado entre as temperaturas e a redução porcentual do potencial hidrogeniônico, o qual detectou não haver correlação entre as variáveis testadas.
AVALIAÇÃO DA CONDUTIVIDADE IÔNICA
A Tabela XIV
mostra os valores de condutividade iônica das amostras estudadas,
mensurados anteriormente aos testes de dissolução do tecido
pulpar, nas três temperaturas, na unidade milisiemens (mS).
Tabela XIV. Condutividade iônica quantificada anteriormente aos testes de dissolução do tecido pulpar na unidade milisiemens (mS).
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
24°C | 25,60 | 46,50 | 88,30 | 137,00 |
37°C | 25,10 | 45,80 | 82,60 | 129,30 |
50°C | 23,40 | 45,20 | 82,60 | 127,80 |
A Tabela XV
mostra os valores de condutividade iônica das soluções
de hipoclorito de sódio, mensurados após os teste de dissolução
do tecido pulpar.
Tabela XV. Valores de condutividade iônica das soluções de hipoclorito de sódio após os testes de dissolução do tecido pulpar na unidade milisiemens (mS).
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
24,20 | 45,60 | 84,00 | 130,40 | |
24,90 | 44,60 | 83,60 | 133,50 | |
24°C | 24,40 | 44,30 | 83,70 | 129,30 |
25,00 | 45,10 | 82,10 | 131,80 | |
24,50 | 44,40 | 83,90 | 133,00 | |
23,60 | 42,40 | 49,00 | 93,00 | |
23,60 | 42,30 | 50,10 | 94,00 | |
37°C | 23,60 | 41,70 | 50,70 | 93,10 |
22,90 | 42,60 | 50,80 | 91,40 | |
23,50 | 42,20 | 51,70 | 92,10 | |
20,40 | 41,60 | 50,80 | 94,70 | |
20,20 | 44,60 | 51,00 | 94,00 | |
50°C | 19,20 | 44,30 | 50,40 | 98,40 |
20,80 | 44,60 | 51,90 | 97,40 | |
21,00 | 43,90 | 50,90 | 97,00 |
Analisando-se as Tabelas XIV e XV é possível notar que os valores iniciais de condutividade iônica eram sempre numericamente maiores que os valores de condutividade iônica após o teste de dissolução pulpar.
Assim, para que fosse possível comparar a condutividade iônica das soluções de hipoclorito de sódio anteriores e posteriores aos testes de dissolução do tecido pulpar, optou-se pela variável denominada redução porcentual da condutividade iônica.
A Tabela XVI
mostra os valores porcentuais de redução da condutividade
iônica das soluções de hipoclorito de sódio
testadas.
Tabela XVI. Redução porcentual da condutividade iônica das soluções de hipoclorito de sódio.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
5,46 | 1,93 | 4,87 | 4,81 | |
2,73 | 4,08 | 5,32 | 2,55 | |
24°C | 4,68 | 4,73 | 5,21 | 5,62 |
2,34 | 3,01 | 7,02 | 3,79 | |
4,29 | 4,51 | 4,98 | 2,92 | |
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|
7,81 | 7,42 | 40,67 | 28,07 | |
7,81 | 7,64 | 39,34 | 27,30 | |
37°C | 7,81 | 8,95 | 38,62 | 27,99 |
10,54 | 6,98 | 38,49 | 29,31 | |
8,20 | 7,86 | 37,40 | 28,77 | |
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|
12,82 | 7,96 | 38,49 | 25,90 | |
13,67 | 1,32 | 38,25 | 26,44 | |
50°C | 17,94 | 1,99 | 38,98 | 23,00 |
11,11 | 1,32 | 37,16 | 23,78 | |
10,25 | 2,87 | 38,37 | 24,10 | |
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Sobre os dados da Tabela XVI, realizaram-se testes estatísticos, visando a esclarecer se a distribuição dos erros experimentais seria normal o que permitiria o emprego da estatística paramétrica.
Esses testes mostraram que a distribuição dos erros experimentais era normal. A normalidade possibilitou a aplicação de testes paramétricos com os dados originais.
A normalidade
da distribuição amostral autorizava o emprego da estatística
paramétrica e o modelo matemático do experimento indicou,
como teste adequado, a análise de variância, para dois fatores
de variação independentes, o qual está exibido na
Tabela XVII.
Tabela XVII. Análise de variância: dados originais.
Fonte de variação | Soma de quadr. | G. L. | Quadr. médios | ( F ) | Prob. (H0) |
Entre Concentrações | 4778,6455 | 3 | 1592,8818 | 660,81 | 0,00 % |
Entre Temperaturas | 3456,9600 | 2 | 1728,4800 | 717,06 | 0,00 % |
Interação Concentrações x Temperaturas | 2200,8264 | 6 | 366,8044 | 152,17 | 0,00 % |
Resíduo | 115,7039 | 48 | 2,4105 | ||
Variação total | 10552,1357 | 59 |
A análise de variância apontou diferença estatística significante, ao nível de 1,0 por cento de probabilidade, para os fatores de variação concentrações, temperaturas e para a interação concentrações X temperaturas.
Para elucidar
quais dentre as diferentes concentrações envolvidas na análise
de variância apresentariam valores de redução porcentual
da condutividade iônica significantemente diferentes entre si, efetuou-se
o teste complementar de Tukey. A Tabela XVIII exibe os resultados do teste
complementar de Tukey para esse fator de variação.
Tabela XVIII. Teste de Tukey para o fator de variação Concentrações.
Concentrações | Médias | Valor Crítico (a = 0,01) |
5,0% | 27,54960n | 1,86807 |
2,5% | 18,96020l | |
1,0% | 8,50220u | |
0,5% | 4,84200£ | |
Símbolos diferentes junto às médias representam valores estatisticamente diferentes |
O teste complementar de Tukey para o fator de variação concentrações indicou diferença estatisticamente significante ao nível de 1,0 por cento de probabilidade entre todas as médias comparadas referentes à redução porcentual da condutividade iônica. Dessa forma, foi possível ordenar as diferentes concentrações de forma crescente quanto à redução porcentual da condutividade iônica: solução de hipoclorito de sódio a 0,5 - 1,0 - 2,5 e 5,0 por cento. Pode-se concluir que, quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio utilizada, tanto maior a sua redução porcentual da condutividade iônica.
A fim de esclarecer
quais dentre as diferentes temperaturas envolvidas na análise de
variância apresentariam valores de redução porcentual
da condutividade iônica significantemente diferentes entre si, efetuou-se
mais um teste complementar de Tukey. A Tabela XIX exibe os resultados do
teste complementar de Tukey para esse fator de variação.
Tabela XIX. Teste de Tukey para o fator de variação temperaturas.
Temperaturas | Médias | Valor Crítico (a = 0,01) |
37°C | 20,85300n | 1,50462 |
50°C | 19,79110n | |
24°C | 4,24640£ | |
Símbolos diferentes junto às médias representam valores estatisticamente diferentes. |
O teste complementar de Tukey para o fator de variação temperaturas indicou diferença estatisticamente não-significante ao nível de 1,0 por cento de probabilidade entre as temperaturas de 37°C e 50°C e diferença estatisticamente significante ao nível de 1,0 por cento entre as temperaturas de 50°C e 24°C. Houve, portanto, a formação de dois grupos, a saber: o grupo formado pelas temperaturas de 37°C e 50°C com os maiores valores de redução porcentual da condutividade iônica e o grupo formado pela temperatura de 24°C com o menor valor. Assim, pode-se concluir que as temperaturas mais elevadas causam maior redução porcentual da condutividade iônica.
A partir das médias transformadas dos componentes da interação concentrações X temperaturas, foi possível traçar a Figuras 9 que mostra a redução porcentual da condutividade iônica em função das diferentes temperaturas.
Figura 9. Variação da redução porcentual da condutividade iônica em função das temperaturas.
No gráfico da Figura 9 observa-se que a redução porcentual da condutividade iônica tende a aumentar à medida que se aumenta a temperatura de utilização da solução de hipoclorito de sódio. Esse gráfico traz consigo indícios de correlação diretamente proporcional entre as temperaturas utilizadas e a redução porcentual da condutividade iônica.
Com os valores das interações, traçou-se o gráfico da Figura 10, que mostra a interação entre os dois fatores de variação, com ênfase para o fator de variação concentrações.
Figura 10. Variação da redução porcentual da condutividade iônica em função das temperaturas.
A redução porcentual da condutividade iônica tende a aumentar conforme aumenta a concentração da solução de hipoclorito de sódio. Esse gráfico traz consigo indícios da existência de correlação diretamente proporcional entre as concentrações e a redução porcentual da condutividade iônica.
Para que fosse possível determinar a correlação existente entre a redução porcentual da condutividade iônica e ambos fatores de variação, realizou-se o teste de regressão e correlação entre as concentrações e a redução porcentual da condutividade iônica, o qual evidenciou correlação diretamente proporcional ao nível de 1,0% e gerou o gráfico que pode ser visto na Figura 11.
Figura 11. Gráfico da redução porcentual da condutividade iônica em função das concentrações.
O mesmo teste, realizado entre as temperaturas e a redução porcentual da condutividade iônica, o qual detectou correlação diretamente proporcional entre as temperaturas e a redução porcentual da condutividade iônica e também gerou um gráfico que pode ser visto na Figura 12.
Figura 12. Gráfico da correlação da redução porcentual da condutividade iônica em função das temperaturas.
AVALIAÇÃO DA TENSÃO SUPERFICIAL
A Tabela XX
mostra os valores de tensão superficial das amostras testadas em
todas as temperaturas estudadas, mensurados anteriormente aos testes de
dissolução do tecido pulpar, em dinas/cm.
Tabela XX. Valores de tensão superficial, na unidade dinas por centímetro (dinas/cm), das amostras testadas, quantificados anteriormente aos testes de dissolução do tecido pulpar.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
24°C | 73,40 | 74,60 | 76,00 | 77,30 |
37°C | 72,40 | 71,70 | 70,30 | 71,80 |
50°C | 72,40 | 71,40 | 70,10 | 71,20 |
A Tabela XXI
exibe os valores de tensão superficial das amostras testadas, obtidos
posteriormente aos processos de dissolução do tecido pulpar.
Tabela XXI. Valores de tensão superficial, na unidade dinas por centímetro (dinas/cm), das amostras testadas, aferidos posteriormente aos testes de dissolução do tecido pulpar.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
62,40 | 60,60 | 49,10 | 40,90 | |
63,50 | 61,00 | 50,60 | 39,00 | |
24°C | 62,70 | 61,20 | 47,70 | 39,20 |
64,80 | 60,80 | 47,30 | 38,70 | |
62,90 | 60,50 | 46,60 | 38,80 | |
69,30 | 70,30 | 62,40 | 62,50 | |
69,00 | 69,50 | 61,70 | 64,00 | |
37°C | 69,50 | 70,80 | 61,80 | 66,00 |
69,20 | 69,80 | 67,40 | 63,20 | |
66,60 | 70,60 | 64,00 | 60,70 | |
71,50 | 70,50 | 62,80 | 61,70 | |
70,50 | 68,70 | 64,80 | 62,00 | |
50°C | 72,10 | 66,90 | 61,70 | 59,80 |
72,20 | 68,80 | 64,80 | 58,40 | |
69,50 | 69,30 | 64,00 | 63,10 |
Analisando-se as Tabelas XX e XXI foi possível notar que os valores iniciais das tensões superficiais eram sempre numericamente maiores que os valores dessas após o teste de dissolução pulpar.
Assim, para que fosse possível comparar as tensões superficiais das soluções de hipoclorito de sódio anteriores e posteriores aos testes de dissolução do tecido pulpar, optou-se pela variável denominada redução porcentual da tensão superficial.
A Tabela XXII
mostra os valores porcentuais de redução da tensão
superficial das soluções de hipoclorito de sódio testadas.
Tabela XXII. Valores de redução porcentual de tensão superficial das amostras testadas.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio. | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
14,98 | 18,76 | 35,39 | 47,08 | |
13,48 | 18,23 | 33,42 | 49,54 | |
24°C | 14,57 | 17,96 | 37,23 | 49,28 |
11,71 | 18,49 | 37,76 | 49,93 | |
14,30 | 18,90 | 38,68 | 49,80 | |
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|
2,94 | 3,30 | 11,23 | 12,95 | |
3,36 | 4,40 | 12,23 | 10,86 | |
37°C | 2,66 | 2,61 | 12,09 | 8,07 |
3,08 | 3,98 | 4,12 | 11,97 | |
6,72 | 2,88 | 8,96 | 15,46 | |
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|
1,24 | 1,26 | 10,41 | 13,34 | |
2,62 | 3,78 | 7,56 | 12,92 | |
50°C | 0,41 | 6,30 | 11,98 | 16,01 |
0,27 | 3,64 | 7,56 | 17,97 | |
4,00 | 2,94 | 8,70 | 11,37 | |
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Dessa forma, sobre os dados da Tabela XXII, realizaram-se testes estatísticos preliminares, visando a esclarecer se a distribuição dos erros experimentais seria normal o que permitiria o emprego da estatística paramétrica.
Esses testes mostraram que a distribuição dos erros experimentais era normal. A normalidade indicava a aplicação de testes paramétricos com os dados originais.
A normalização
da distribuição autorizava o emprego da estatística
paramétrica e o modelo matemático do experimento indicava,
como teste adequado, a análise de variância, para dois fatores
de variação independentes, o qual pode ser visto na Tabela
XXIII.
Tabela XXIII. Análise de variância: dados originais.
Fonte de variação | Soma de quadr. | G. L. | Quadr. médios | ( F ) | Prob. (H0) |
Entre Concentrações | 3464,8582 | 3 | 1154,9528 | 286,46 | 0,000 % |
Entre Temperatura | 6599,6104 | 2 | 3299,8052 | 818,45 | 0,000 % |
Interação Concentrações x Temperaturas | 1321,6510 | 6 | 220,2752 | 54,63 | 0,000 % |
Resíduo | 193,5250 | 48 | 4,0318 | ||
Variação total | 11579,6445 | 59 |
A análise de variância apontou diferença estatística significante, ao nível de 1,0 por cento de probabilidade para os fatores de variação concentrações, temperaturas e para a interação concentrações X temperaturas.
A fim de esclarecer
quais dentre as diferentes concentrações envolvidas na análise
de variância apresentariam valores de redução porcentual
da tensão superficial significantemente diferentes entre si, efetuou-se
um teste complementar de Tukey. A Tabela XXIV exibe os resultados do teste
complementar de Tukey para esse fator de variação.
Tabela XXIV. Teste de Tukey para o fator de variação Concentrações.
Concentrações | Médias | Valor Crítico (a = 0,01) |
5,0% | 25,17513n | 2,41596 |
2,5% | 18,49134u | |
1,0% | 8,49880l | |
0,5% | 6,42693l | |
Símbolos diferentes junto às médias representam valores estatisticamente diferentes. |
O teste complementar de Tukey para o fator de variação concentrações indicou diferença estatisticamente significante ao nível de 1 por cento de probabilidade entre as concentrações 5,0% e 2,5%, diferença estatisticamente significante entre as concentrações 2,5% e 1,0% e diferença estatisticamente não-significante entre as concentrações 1,0% e 0,5%. Houve, portanto, a formação de três grupos, a saber: grupo formado pela concentração de 5,0% com a maior média, grupo formado pela concentração de 2,5% em posição intermediária e o grupo formado pelas concentrações de 1,0% e 0,5% com as menores médias. Em suma: a redução porcentual da tensão superficial é maior nas soluções mais concentradas e menor nas soluções pouco concentradas.
A fim de esclarecer
quais dentre as diferentes temperaturas envolvidas na análise de
variância apresentariam valores de redução porcentual
da tensão superficial significantemente diferentes entre si, efetuou-se
mais um teste complementar de Tukey. A Tabela XXV exibe os resultados do
teste complementar de Tukey para esse fator de variação.
Tabela XXV. Teste de Tukey para o fator de variação Temperaturas.
Temperaturas | Médias | Valor Crítico (a = 0,01) |
24°C | 29,47995n | 1,94591 |
37°C | 7,19715l | |
50°C | 7,26705l | |
Símbolos diferentes junto às médias representam valores estatisticamente diferentes. |
O teste complementar de Tukey para o fator de variação temperaturas indicou diferença estatisticamente significante ao nível de 1,0 por cento de probabilidade entre as temperaturas de 24°C e 37°C e diferença estatisticamente não-significante ao nível de 1,0 por cento entre as temperaturas de 37°C e 50°C. Houve, portanto, a formação de dois grupos, a saber: o grupo formado pela temperatura de 24°C com o maior valor de redução porcentual da tensão superficial e o grupo formado pelas temperaturas de 37°C e 50°C com os menores valores. Assim, pode-se concluir que o aumento da temperatura da solução causou menor redução porcentual da tensão superficial.
A partir das médias dos componentes da interação concentrações X temperaturas, foi possível traçar a Figuras 13 que mostra a redução porcentual da tensão superficial em função das diferentes temperaturas.
Figura 13. Variação da redução porcentual da tensão superficial em função das temperaturas.
No gráfico da Figura 13 observa-se que a redução porcentual da tensão superficial tende a diminuir à medida que se aumenta a temperatura de utilização da solução de hipoclorito de sódio. Esse gráfico traz consigo fortes indícios de correlação inversamente proporcional entre as temperaturas utilizadas e a redução porcentual da tensão superficial.
Com os valores das interações, traçou-se o gráfico da Figura 14, que mostra a interação entre os dois fatores de variação, com ênfase para o fator de variação concentrações.
Figura 14. Variação da redução porcentual da tensão superficial em função das temperaturas.
A redução porcentual da tensão superficial tende a aumentar conforme aumenta a concentração da solução de hipoclorito de sódio. Esse gráfico traz consigo fortes indícios da existência de correlação diretamente proporcional entre as concentrações e a redução porcentual da tensão superficial.
Para que fosse possível determinar a correlação existente entre a redução porcentual da tensão superficial e ambos fatores de variação, realizou-se o teste de regressão e correlação entre as concentrações e a redução porcentual da tensão superficial, o qual evidenciou correlação diretamente proporcional ao nível de 1,0% e gerou o gráfico que pode ser visto na Figura 15.
Figura 15. Variação da redução porcentual da tensão superficial em função das concentrações.
O mesmo teste, realizado entre as temperaturas e a redução porcentual da tensão superficial, o qual detectou correlação inversamente proporcional entre as temperaturas e a redução porcentual da tensão superficial e também gerou um gráfico que pode ser visto na Figura 16.
Figura 16. Variação da redução porcentual da tensão superficial em função das temperaturas.
AVALIAÇÃO DO PORCENTUAL DE CLORO REMANESCENTE
A Tabela XXVI
mostra os teores de cloro das amostras testadas, mensurados anteriormente
aos testes de dissolução do tecido pulpar.
Tabela XXVI. Concentrações de cloro das amostras testadas, medidas anteriormente aos testes de dissolução do tecido pulpar em valores porcentuais.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
24°C | 0,50 | 1,00 | 2,50 | 5,00 |
37°C | 0,50 | 0,96 | 2,40 | 5,00 |
50°C | 0,45 | 0,97 | 2,18 | 4,18 |
A Tabela XXVII
mostra as concentrações de teores de cloro das amostras testadas,
obtidos após os testes de dissolução do tecido pulpar.
Tabela XXVII. Teores de cloro das amostras testadas, mensurados após os testes de dissolução do tecido pulpar em valores porcentuais.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
0,29 | 0,82 | 2,08 | 4,32 | |
0,33 | 0,78 | 2,13 | 4,34 | |
24°C | 0,34 | 0,78 | 2,14 | 4,18 |
0,32 | 0,67 | 2,30 | 4,30 | |
0,33 | 0,80 | 2,20 | 4,34 | |
0,29 | 0,76 | 1,98 | 4,08 | |
0,30 | 0,70 | 1,99 | 4,20 | |
37°C | 0,31 | 0,71 | 1,97 | 4,18 |
0,28 | 0,69 | 2,00 | 4,20 | |
0,30 | 0,70 | 1,95 | 4,06 | |
0,25 | 0,60 | 1,40 | 3,10 | |
0,24 | 0,59 | 1,38 | 3,34 | |
50°C | 0,24 | 0,59 | 1,39 | 3,12 |
0,25 | 0,60 | 1,40 | 3,14 | |
0,25 | 0,59 | 1,41 | 3,19 |
Analisando-se as Tabelas XXVI e XXVII é possível notar que os valores iniciais de teor de cloro eram sempre maiores que os valores após o teste de dissolução pulpar.
Assim, para que fosse possível comparar os teores de cloro das soluções de hipoclorito de sódio anteriores e posteriores aos testes de dissolução do tecido pulpar, optou-se pela variável denominada porcentual de cloro remanescente. Essa mudança de variável partiu do princípio de que os teores de cloro iniciais das soluções utilizadas era a porcentagem máxima de cloro presente nas soluções (100%) e que o porcentual de cloro remanescente era uma fração dessa porcentagem.
A Tabela XXVIII
mostra os valores porcentuais de cloro remanescente das soluções
de hipoclorito de sódio testadas.
Tabela XXVIII. Porcentual de cloro remanescente das amostras testadas após os processo de dissolução do tecido pulpar.
Temperaturas | Concentrações das Soluções de Hipoclorito de Sódio | |||
0,5% | 1,0% | 2,5% | 5,0% | |
58,08 | 81,60 | 83,20 | 86,40 | |
66,24 | 78,24 | 85,08 | 86,80 | |
24°C | 68,64 | 77,52 | 85,44 | 83,60 |
64,80 | 66,72 | 92,00 | 86,00 | |
66,72 | 79,68 | 88,00 | 86,80 | |
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|
58,00 | 79,17 | 82,50 | 81,60 | |
60,00 | 72,92 | 82,92 | 84,00 | |
37°C | 62,00 | 73,96 | 82,08 | 83,60 |
56,00 | 71,88 | 83,33 | 84,00 | |
60,00 | 72,92 | 81,25 | 81,20 | |
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|
56,44 | 61,86 | 64,22 | 74,07 | |
52,22 | 60,82 | 63,30 | 79,81 | |
50°C | 53,78 | 60,82 | 63,76 | 74,64 |
54,89 | 61,86 | 64,22 | 75,22 | |
55,33 | 60,82 | 64,68 | 76,36 | |
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Dessa maneira, sobre os dados da Tabela XXVIII, fizeram-se, inicialmente, testes estatísticos preliminares, visando a esclarecer se a distribuição dos erros experimentais seria normal, o que permitiria o emprego da estatística paramétrica.
Esses testes mostraram que a distribuição dos erros experimentais dos dados originais da Tabela XXVIII era normal. A normalidade indicava a aplicação de testes paramétricos com esses dados originais.
A normalidade
da distribuição autorizava o emprego da estatística
paramétrica e o modelo matemático do experimento indicava,
como teste adequado, a análise de variância, para dois fatores
de variação independentes, o qual pode ser visto na Tabela
XXIX.
Tabela XXIX. Análise de variância: dados originais.
Fonte de Variação | Soma de quadr. | G.L. | Quadr. médios | ( F ) | Prob.(H0) |
Entre Concentrações | 4243,0479 | 3 | 1414,3492 | 300,04 | 0,000 % |
Entre Temperaturas | 2341,5313 | 2 | 1170,7656 | 248,37 | 0,000 % |
Interação Concentrações x Temperaturas | 382,7521 | 6 | 63,7920 | 13,53 | 0,000 % |
Resíduo | 226,2625 | 48 | 4,7138 | ||
Variação total | 7193,5938 | 59 |
A análise de variância apontou diferença estatística significante, ao nível de 1,0 por cento de probabilidade para os fatores de variação concentrações, temperaturas e diferença estatística significante, ao nível de 1,0 por cento de probabilidade, para a interação concentrações X temperaturas.
A fim de esclarecer
quais dentre as diferentes concentrações envolvidas na análise
de variância apresentariam valores porcentual de cloro remanescente
significantemente diferentes entre si, efetuou-se um teste complementar
de Tukey. A Tabela XXX exibe os resultados do teste complementar de Tukey
para esse fator de variação.
Tabela XXX. Teste de Tukey para o fator de variação Concentrações.
Concentrações | Médias | Valor crítico (a=0,01) |
5,0% | 81,60667 l | 2,61232 |
2,5% | 77,73200 n | |
1,0% | 70,29800 u | |
0,5% | 59,54267 £ |
O teste complementar de Tukey para o fator de variação concentrações indicou diferença estatisticamente significante ao nível de 1,0 por cento de probabilidade entre todas as médias comparadas referentes ao porcentual de cloro remanescente. Dessa forma, foi possível ordenar as diferentes concentrações de forma crescente quanto ao porcentual de cloro remanescente: solução de hipoclorito de sódio a 0,5 - 1,0 - 2,5 e 5,0 por cento. Assim, pode-se concluir que, quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio utilizada, tanto maior o seu porcentual de cloro remanescente.
A fim de esclarecer
quais dentre as diferentes temperaturas envolvidas na análise de
variância apresentariam valores de porcentual de cloro remanescente
significantemente diferentes entre si, efetuou-se mais um teste complementar
de Tukey. A Tabela XXXI exibe os resultados do teste complementar de Tukey
para esse fator de variação.
Tabela XXXI. Teste de Tukey para o fator de variação Temperaturas.
Temperaturas | Médias | Valor Crítico (a = 0,01) |
24°C | 78,99200 l | 2,10407 |
37°C | 73,93649 n | |
50°C | 63,95601 u |
O teste complementar de Tukey para o fator de variação temperaturas de utilização das soluções de hipoclorito de sódio indicou diferença estatisticamente significante ao nível de 1,0 por cento entre todas as médias comparadas referentes ao porcentual de cloro remanescente. Assim, foi possível ordenar as diferentes temperaturas de forma crescente quanto porcentual de cloro remanescente: temperatura de utilização das soluções de hipoclorito de sódio de 50°C, 37°C e 24°C. Assim, pode-se concluir que, quanto maior a temperatura de utilização da solução de hipoclorito de sódio utilizada, tanto menor o seu porcentual de cloro remanescente.
A partir das médias dos componentes da interação concentrações X temperaturas, foi possível traçar a Figuras 17 que mostra porcentual de cloro remanescente em função das diferentes temperaturas.
Figura 17. Variação do porcentual de cloro remanescente em função das temperaturas.
No gráfico da Figura 17 observa-se que o porcentual de cloro remanescente tende a diminuir à medida que se aumenta a temperatura de utilização da solução de hipoclorito de sódio. Esse gráfico traz consigo fortes indícios de correlação inversamente proporcional entre as temperaturas utilizadas e o porcentual de cloro remanescente.
Com os valores das interações, traçou-se o gráfico da Figura 18, que mostra a interação entre os dois fatores de variação, com ênfase para o fator de variação concentrações.
Figura 18. Variação do porcentual de cloro remanescente em função das concentrações.
No gráfico da Figura 18 observa-se que o porcentual de cloro remanescente tende a aumentar conforme aumenta a concentração da solução de hipoclorito de sódio. Esse gráfico traz consigo fortes indícios da existência de correlação diretamente proporcional entre as concentrações e o porcentual de cloro remanescente.
Para que fosse possível determinar a correlação existente entre o porcentual de cloro remanescente e ambos fatores de variação, realizou-se o teste de regressão e correlação entre as concentrações o porcentual de cloro remanescente, o qual evidenciou correlação diretamente proporcional ao nível de 1,0% e gerou o gráfico que pode ser visto na Figura 19.
Figura 19. Variação do porcentual de cloro residual em função da concentrações.
O mesmo teste, realizado entre as temperaturas e o porcentual de cloro remanescente, detectou correlação inversamente proporcional entre as temperaturas e a redução porcentual do potencial hidrogeniônico e também gerou um gráfico que pode ser visto na Figura 20.
Figura 20. Gráfico representativo do teste de regressão e correlação do fator de variação concentrações.
A utilização das soluções auxiliares no processo de sanificação e modelagem do sistema de canais radiculares é condição fundamental para a obtenção do sucesso no tratamento endodôntico.
Muitas soluções auxiliares fazem parte do arsenal endodôntico, porém, as soluções de hipoclorito de sódio, em diferentes concentrações, são as mais utilizadas e mundialmente aceitas pelas suas excelentes propriedades físico-químicas, tais como: dissolução de tecido orgânico necrótico ou não, saponificação, clarificação, transformação de aminas em cloraminas, desodorização e potente agente antimicrobiano.
Esta ação de dissolução tecidual tem sido estudada por vários pesquisadores, tais como: HAND21 et al. (1978), THÉ59 (1979), CUNNINGHAM & BALEKJIAN10 (1980) e MORRER & WESSELINK36 (1982) que verificaram os fatores que influenciam a capacidade dessa solução em dissolver tecido orgânico, tais como: a) relação entre o volume da solução e a massa de tecido orgânico; b) superfície de contato; c) tempo de ação; d) temperatura da solução; e) agitação mecânica e f) concentração da solução.
Assim, quanto maiores forem esses fatores, maior será a capacidade de dissolução do hipoclorito de sódio sobre os tecidos orgânicos vivos ou necrosados.
A capacidade de dissolução tecidual promovida pelo hipoclorito de sódio faz com que fragmentos de tecido pulpar sejam liqüefeitos, facilitando, assim, sua remoção do interior do sistema de canais radiculares.
O hipoclorito de sódio não existe no estado de pó, somente em solução aquosa. Neste estado ele origina hidróxido de sódio (base forte) e ácido hipocloroso (ácido fraco).
Sendo assim, o hipoclorito de sódio em solução aquosa exibe um equilíbrio dinâmico de acordo com a equação:
NaOCl + H2O Û NaOH + HOCl Û Na+ + OH- + H+ + OCl- + HOCl (Reação I)
Cabe ressaltar que encontra-se bastante ácido hipocloroso não dissociado (HOCl), muito pouco ácido hipocloroso dissociado (H+ + OCl-) e todo o hidróxido de sódio dissociado.
No momento em que a solução de hipoclorito de sódio entra em contato com matéria orgânica, várias reações químicas se processam simultaneamente e, dentre elas, pode-se citar:
Essas reações químicas do hipoclorito de sódio com os tecidos orgânicos, necróticos ou não, promovem a dissolução desses tecidos.
Os testes de dissolução do tecido pulpar bovino, realizados nesse trabalho, evidenciaram relação diretamente proporcional entre a concentração da solução de hipoclorito de sódio e a velocidade de dissolução, isto é, quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio mais rápido se processou a dissolução tecidual. Tais achados estão em conformidade com os de GROSSMAN & MEIMAN17 (1941), HAND21 et al. (1978), KOSKINEN27,28 et al. (1980), MOORER & WESSELINK36 (1982) ,NAKAMURA38 et al. (1985) e SPANÓ54 (1999).
Os testes de dissolução do tecido pulpar bovino relativos ao fator de variação temperaturas de utilização das soluções de hipoclorito de sódio evidenciaram aumento da velocidade de dissolução tecidual à medida que se aumentava a temperatura de utilização das referidas soluções, denotando, assim, relação diretamente proporcional entre a temperatura de utilização das soluções de hipoclorito de sódio e a velocidade de dissolução do tecido pulpar. Tais achados estão em conformidade com os de THÉ59 (1979); CUNNINGHAN & BALEKJIAN10 (1980); ABOU-RASS & OGLESBY1 (1981) e CAVALLERI7 (1983).
Tratando-se da dissolução de tecido orgânico, promovida pelo hipoclorito de sódio, deve-se pensar que as reações II, III e IV ocorrem simultaneamente, todas elas confluindo para a liquefação do referido tecido, facilitando sua remoção do interior do canal radicular.
A agitação da solução produz uma distribuição uniforme dos ions e moléculas dissolvidos por toda a solução (a superfície do soluto é exposta a porções "frescas" da solução), promovendo, também, choques entre as partículas do solvente com o soluto, evitando os efeitos retardantes da difusão comum.
A elevação da temperatura aumenta a freqüência das colisões moleculares, e estas contribuem para o aumento da velocidade de uma reação. O mais importante é o fato de que uma elevação da temperatura aumenta a proporção de moléculas que terão energia suficiente para reagir.
Consequentemente, quanto maior for a temperatura maior será a proporção de moléculas que colidem e que reagirão umas com as outras, como resultado, maior será a velocidade de dissolução tecidual.
O potencial hidrogeniônico das soluções de hipoclorito de sódio, anterior aos testes de dissolução do fragmento pulpar, apresentaram-se acima de 12 para todas as soluções. Tais achados estão em conformidade com os dados dos trabalhos de MARCHESAN31 et al. (1998) e GAMBARINI15 et al. (1998).
Esses altos potenciais hidrogeniônicos devem-se a forte alcalinidade do hidróxido de sódio, que é uma base forte, tornando o meio repleto de hidroxilas.
No estudo do líqüido resultante, após os processos de dissolução tecidual, observou-se um decréscimo dos valores de potencial hidrogeniônico. Esse fato se deve à interação do hidróxido de sódio (NaOH) com a matéria orgânica, segundo as reações II e III, vistas anteriormente.
A reação II ilustra os ácidos graxos (óleos e gorduras), presentes na matéria orgânica, reagindo com o hidróxido de sódio, formando sais de ácidos graxos (sabão) e glicerol.
Os ions OH- (hidroxilas), presentes no meio e responsáveis pelo elevado potencial hidrogeniônico, reagiram na formação de glicerol (álcool).
O glicerol, por ser um composto molecular, proporcionou a diminuição da concentração de hidroxilas, promovendo redução do potencial hidrogeniônico. Desse modo, a solução resultante tornou-se menos alcalina.
A reação III, também, é responsável pela redução do potencial hidrogeniônico da solução resultante, pois é uma reação de neutralização, onde um ácido (aminoácidos das proteínas) reage com uma base forte (NaOH) formando sal e água.
Assim, as reações II e III são responsáveis pela retirada de hidroxilas do meio, promovendo a redução do potencial hidrogeniônico do líqüido residual.
Nossos achados evidenciaram uma relação inversamente proporcional entre a concentração da solução de hipoclorito de sódio e a variação do potencial hidrogeniônico, após a dissolução tecidual. Isto pode ser expresso de outra maneira, ou seja, quanto maior for a concentração inicial de uma solução de hipoclorito de sódio, menor será a alteração do potencial hidrogeniônico da solução resultante após a dissolução tecidual. É evidente, que uma solução mais concentrada de hipoclorito de sódio apresenta uma maior disponibilidade de hidroxilas no meio e, assim, mantém o potencial hidrogeniônico elevado.
SPANÓ54 (1999) realizou dois experimentos que mostraram o seguinte: a) o hidróxido de sódio sozinho não apresentou a propriedade de dissolução pulpar, uma vez que após seis horas do início do teste esse não foi capaz de dissolver o tecido pulpar bovino e b) quanto menor o potencial hidrogeniônico de uma mesma solução, tanto menor será a quantidade de hidróxido de sódio, tanto maior a quantidade de ácido hipocloroso na solução e tanto menor a velocidade de dissolução pulpar. O autor concluiu que a dissolução do tecido pulpar se verifica pelo efeito combinado entre o hidróxido de sódio e o ácido hipocloroso, cada um reagindo com determinados componentes da polpa dental.
A condutividade iônica expressa o número de ions presentes em uma solução aquosa, pois os ions são capazes de conduzir eletricidade. As medidas de condutividade iônica, anteriores aos testes de dissolução do tecido pulpar, mostraram que quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio maior era a condutividade iônica Isso parece lógico porque quanto maior a concentração de uma solução maior é a oferta de ions.
Após a utilização da solução de hipoclorito de sódio, nos testes de dissolução do tecido pulpar, todas as soluções apresentaram redução porcentual da condutividade iônica estatisticamente semelhante, ou seja, a condutividade iônica reduziu de forma semelhante para todas as soluções de hipoclorito de sódio. Essa redução da condutividade iônica pode ser explicada em virtude de dois fatores: a) quando o hipoclorito de sódio reage com o material orgânico (reações II, III e IV) produzem compostos moleculares e, assim, os ions são retirados do meio e b) quantidades padronizadas de polpas bovinas colocadas em solução para os processo de dissolução.
Quanto á influencia do fator de variação temperaturas de utilização das soluções de hipoclorito de sódio, os resultados dos testes evidenciaram uma relação diretamente proporcional entre o aumento de temperatura e a redução porcentual da condutividade iônica. Neste caso, o aumento de temperatura (aumenta a energia cinética das partículas em solução) proporciona uma maior formação de compostos moleculares, em detrimento do número de ions, na solução. Tal fato faz com que haja maior redução da condutividade iônica das soluções resultantes após os processos de dissolução tecidual.
Os estudos preliminares evidenciaram que todas as soluções de hipoclorito de sódio recém preparadas apresentavam tensões superficiais que variavam de 73 a 78 dinas/cm. Observou-se que, quanto maior a concentração da solução em pauta, mais elevada era sua tensão superficial.
Após os processos de dissolução do tecido pulpar bovino, constatou-se um decréscimo da tensão superficial em todas as soluções resultantes. Observou-se que quanto maior era a concentração inicial da solução de hipoclorito de sódio maior foi a redução da tensão superficial da solução final.
Essa conjectura pode ser explicada pelo fato de que a solução de maior concentração de cloro ativo e, portanto, maior concentração de hidróxido de sódio, propiciar maior formação de sais de ácidos graxos (sabões), como pode ser visto na reação II. Os sabões formados reduziram a tensão superficial das soluções resultantes.
Os resultados evidenciaram ,também, uma relação inversamente proporcional entre o fator de variação temperaturas de utilização das soluções de hipoclorito de sódio e a redução porcentual da tensão superficial, isto é, quanto maior a temperatura de utilização das soluções, tanto menor a redução porcentual da tensão superficial do líquido remanescente.
A possível explicação desse fenômeno reside no fato de que, provavelmente, o aumento de temperatura promoveu, também, maior capacidade de reação do ácido hipocloroso com o tecido orgânico levando a um predomínio da reação IV em detrimento das outras reações (II e III) que atuaram durante a dissolução tecidual.
Analisando-se a porcentagem de cloro remanescente das soluções de hipoclorito de sódio, após os testes de dissolução do tecido pulpar, observou-se que quanto maior a concentração de cloro inicial das soluções, maior foi a quantidade de cloro remanescente.
Tal conjectura sugere que nas soluções de hipoclorito de sódio menos concentradas, houve maior interação do ácido hipocloroso (HOCl) com a matéria orgânica (reação IV) e que nas soluções mais concentradas houve maior interação do hidróxido de sódio com a matéria orgânica (reação II), fato que corroborou a maior redução da tensão superficial das soluções de hipoclorito de sódio de maior concentração.
Outro raciocínio para explicar a menor quantidade de cloro remanescente nas soluções de hipoclorito de sódio de menor concentração, ao final do teste de dissolução do tecido pulpar, é que o hidróxido de sódio, por ser uma base forte, facilitou a ação do ácido hipocloroso, que é um ácido fraco, quando em contato com o material orgânico. Essa reação em conjunto do hidróxido de sódio e do ácido hipocloroso, sobre a polpa bovina, propiciou um consumo menor de cloro em solução no momento de dissolução tecidual.
O aumento de temperatura das soluções de hipoclorito de sódio promoveu redução no teor de cloro das soluções após os processos de dissolução tecidual. O aumento da energia cinética das moléculas (maior número de colisões mais energética) provocou um maior contato dos reagentes (maior interação do ácido hipocloroso com a matéria orgânica), propiciando um maior consumo de cloro além de maior liberação de cloro em estado gasoso (Cl2).
Sendo a polpa bovina um sólido que reagirá com um líqüido (hipoclorito de sódio), a área superficial de contato entre ambos foi de extrema relevância, ou seja, quanto maior for essa área mais rapidamente processar-se-á a dissolução tecidual (HAND21 et al., 1978; THÉ59, 1979; CUNNINGHAM & BALEKJIAN10, 1980 e MORRER & WESSELINK36, 1982).
Tais eventos, relacionados com a cinética química da reação entre o hipoclorito de sódio e o material orgânico, merecem estudos mais aprofundados.
Apesar de existirem diferenças entre o tecido pulpar humano e o tecido pulpar bovino, não se utilizou polpas de dentes humanos pela dificuldade de obtenção e pelo reduzido tamanho.
Optou-se pela utilização do tecido pulpar bovino por esse apresentar maior semelhança com o tecido pulpar humano (KOSKINEN27,28 et al., 1980) do que o epitélio de ratos ou do que o tecido da parede abdominal interna de ratos os quais tem sido utilizados em estudos similares (HAND21 et al., 1978; THÉ59, 1979).
A realização desse trabalho abre perspectivas para novos estudos para sanar algumas dúvidas surgidas, como por exemplo: a influência do aumento de temperatura sobre a capacidade de dissolução da solução de hipoclorito de sódio estabilizada com cloreto de sódio a 16,0% (solução de Milton).
Com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos, pode-se concluir que:
1 A velocidade de dissolução do tecido pulpar bovino foi diretamente proporcional à concentração e à temperatura de utilização da solução de hipoclorito de sódio, isto é, quanto maiores a concentração e a temperatura utilizadas tanto maior a velocidade de dissolução tecidual;
1.1 No que concerne às concentrações das soluções de hipoclorito de sódio observou-se que o hipoclorito de sódio a 0,5 e a 1,0 por cento agiram de modo estatisticamente semelhantes entre si quanto a velocidade de dissolução do tecido pulpar bovino;
2 A redução porcentual do potencial hidrogeniônico (pH), após o processo de dissolução pulpar, foi inversamente proporcional à concentração da solução de hipoclorito de sódio, isto é, quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio utilizada, tanto menor a redução porcentual do potencial hidrogeniônico;
2.1 A redução do potencial hidrogeniônico (pH) foi menor à temperatura de 24°C e maior no grupo formado pelas temperaturas de 37°C e 50°C, ou seja, o aumento de temperatura da solução causou maior redução porcentual do potencial hidrogeniônico;
3 A redução porcentual da condutividade iônica foi diretamente proporcional à concentração da solução de hipoclorito de sódio, ou seja, quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio utilizada, tanto maior será a redução porcentual da condutividade iônica;
3.1 A temperatura de 24°C apresentou a menor redução da condutividade iônica e o grupo formado pelas temperaturas de 37°C e 50°C, a maior , isto é; o aumento de temperatura da solução causou maior redução porcentual da condutividade iônica;
4 A redução porcentual da tensão superficial foi diretamente proporcional à concentração da solução de hipoclorito de sódio e, inversamente proporcional à temperatura de utilização da solução;
4.1 As solções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5 e 1,0 por cento agiram de modo estatisticamente semelhantes entre si quanto a redução porcentual da tensão superficial.
4.2 A redução da tensão superficial foi maior na temperatura de 24ºC e menor no grupo formado pelas temperaturas de 37°C e 50°C. O aumento de temperatura da solução causou menor redução porcentual da tensão superficial;
5 O porcentual de cloro remanescente foi diretamente proporcional à concentração das soluções de hipoclorito de sódio, ou seja, quanto maior a concentração da solução de hipoclorito de sódio utilizada , tanto maior o seu porcentual de cloro remanescente;
5.1 O aumento de temperatura de utilização da solução de hipoclorito de sódio causou maior redução do seu porcentual de cloro remanescente.
The effect of temperature rising of sodium hypochlorite solutions on their physic-chemical properties (the pH, surface tensions, ionic conductivity, and chlorine level), before and after the dissolution of pulp tissue, were studied "in vitro".
Fragments of fresh pulp of bovine mandibular central incisors were obtained and weighed.
An apparatus was made connected to a peristaltic pump which agitated the solution to evaluate dissolution and this was connected to a warm water-bath to increase the temperature of the solutions. The peristaltic pump was turned on and a chronometer was activated when the pulp fragment was placed in this apparatus.
Time of dissolution was recorded as the time from the placement of the pulp fragment in the solution until its total disappearance. Based on the time of pulp dissolution and its respective mass, the speed of dissolution was calculated. After dissolution, the remaining liquid was analyzed for pH, surface tension, ionic conductivity and remanescent chlorine.
The data were submitted to statistical analysis.
In accordance
with the methodology and the results obtained, it is concluded that: a)
the speed of dissolution of bovine pulp fragments was directly proportional
to the concentration of sodium hypochlorite, or in other words, the greater
the concentration, more rapid is the dissolution. With the elevation of
temperature of the solutions of sodium hypochlorite, dissolution of the
bovine pulp tissue was more rapid; b) the percent variation of pH of the
sodium hypochlorite solutions, after dissolution, was inversely proportional
to the initial concentration of the solution, or in other words, the greater
the initial concentration of the sodium hypochlorite solutions, the smaller
was the reduction of its pH. The elevation of temperature of the solutions
lowers significantly the pH; c) at the concentrations studied, the solutions
of sodium hypochlorite reduced the values of ionic conductivity after the
process of dissolution of bovine pulp tissue in a statistically similar
manner. As the temperature of the solution was increased, the percent variation
of ionic conductivity was increased; d) evaluation of the surface tension
of these solutions, before and after tissue dissolution, showed that this
property varied in a directly proportional manner to concentration, or
in other words, the greater the initial concentration of the solution of
sodium hypochlorite, the greater was the reduction of surface tension.
With the increase of temperature of the solutions, the percent variation
of surface tension was less; e) the level of remanescent chlorine in the
solutions of sodium hypochlorite, after the process of pulp dissolution,
was directly proportional to concentration, and increasing the temperature
of the solutions, there was a reduction in the level of remanescent chlorine.