FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

TESE DE DOUTORADO

ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE ALGUNS CIMENTOS OBTURADORES DOS CANAIS RADICULARES CONTENDO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO.

 Physicalchemical study of the properties of  some root canal filling cements containing calcium hydroxide

RIVAIL ANTONIO SÉRGIO FIDEL
rivail@uerj.br
 

Orientador: Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora
pecora@forp.usp.br
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutor em Odontologia - área de Reabilitação Oral - Ribeirão Preto, 1993, 169p.


RESUMO | SUMMARY | INTRODUÇÃO | REVISÃO | PROPOSIÇÃO | MATERIAL E MÉTODO | RESULTADOS E DISCUSSÃO | CONCLUSÕES | REFERÊNCIAS












INTRODUÇÃO
 
 

Obturar um canal radicular significa, segundo Leonardo & Leal (1991), preenchê-lo em toda a sua extensão com um material inerte ou anti-séptico, que o sele permanentemente do modo mais hermético possível, não interferindo e, de preferência, estimulando o processo de reparo apical e periapical, que deve ocorrer após o tratamento endodôntico radical.

A obturação constitui o preenchimento de todo espaço anteriormente ocupado pela polpa, ou seja, o canal dentinário, que deve estar preparado e desinfetado para receber esta fase do tratamento endodôntico.

Segundo PRINZ (1912), a obturação dos canais radiculares está registrada na História da Odontologia desde os tempos remotos da prática conservadora dessa Ciência. Esse autor escreve terem FAUCHARD (1728), BOURDET (1757) e HUNTER (1778) informado que toda vez que um "nervo" de um dente é exposto e se torna doente, ele deve ser destruído pela cauterização real ou potencial, a qual, entretanto, não é sempre possível. Esses autores também se referem ao tratamento medicinal dispensado aos dentes, sendo os dentistas franceses parciais quanto ao uso do óleo de cravo como medicamento para os referidos fins.

HUNTER (apud PRINZ, 1912) enfatizou a necessidade da realização de procedimentos anti-sépticos de qualquer natureza como sendo essenciais à preservação futura do dente. O algodão saturado com um óleo essencial era normalmente deixado no interior do canal antes da obturação final da cavidade dental.

Assim, em 1840, já existia o conceito de obturação hermética do canal radicular, que McELROY (1955) definiu posteriormente como sendo moderno na sua época. Em sua retrospectiva histórica a respeito do assunto em tela, esse autor escreveu uma lista parcial dos materiais que já haviam sido utilizados para esse fim: ouro em folha, fosfato tricálcico com eugenol, óxido de zinco e ácido hidroclórico, carvão animal pulverizado com iodofórmio, pontas de madeira de laranjeira associadas a uma pasta de iodofórmio e fenol, oxidocloreto de zinco e lã mineral, estanho em folha, chumbo em folha coberto com pasta de fenol e iodo, pontas de madeira embebidas em bicloreto ou mercúrio, madeira de cedro associada à parafina, partes iguais de óxido de zinco e iodofórmio transformadas em pasta com creosoto, pontas de algodão saturadas com óleo de canela, iodeto de tomilho e parafina misturada com a ajuda de calor brando, fenil salicilato e bálsamo em um formato cônico, amálgama de cobre, pasta de óxido de zinco e eugenol, dentina de cachorros, marfim pulverizado e dentina humana.

Posteriormente, introduziu-se a maioria dos materiais que, após pesquisas e aperfeiçoamentos, estariam disponíveis no mercado como materiais obturadores dos canais radiculares até os dias atuais.

A guta-percha, esse material que faz parte da maioria das técnicas de obturação do canal radicular universalmente utilizadas, é um derivado vegetal. McELROY (1955) escreve ter a comunidade internacional ficado atenta a ela após a publicação, em meados do século passado, de um artigo de utilidade e valor por JOSÉ D' ALMEIDA, um habitante de Singapura que observou os nativos usando esse material. A guta-percha tem uma coloração próxima ao branco, é difícil de cortar e não possui resistência quando está em seu estado natural. Plastifica-se a uma temperatura de 50 a 70 graus centígrados. É insolúvel em água, soluções salinas ou alcalinas e ácidos diluídos, sendo atacada pelos ácidos concentrados nítrico e sulfúrico. O ácido nítrico provoca a sua efervescência e faz com que ela perca as suas propriedades. Absorve o oxigênio lentamente quando esposta ao ar e à luz, tornando-se uma resina endurecida porém quebradiça. Quimicamente, a guta-percha é um politerpeno, que é um hidrocarboneto polimerizado.

Os dentistas do passado tinham ciência do fato de que o canal radicular, uma vez esvaziado, deve ser obturado com uma substância que previna a infiltração de plasma no seu interior e provoque os distúrbios que adviriam disso. Essa visão, embora com modificações, forma a base da nossa concepção moderna de obturação do canal radicular.

PRINZ (1912) escreveu que o objetivo principal da obturação do canal radicular consiste na reposição perfeita da polpa, que foi artificial ou patologicamente destruída, por um material sólido, que não sofra alterações e que constitua um material inerte. Quando o canal não é completamente obturado, há a infiltração de plasma que servirá de substrato para os microrganismos presentes nos canalículos dentinários de um canal inicialmente infectado. Em canais estéreis, a infecção pode ocorrer por via endógena, por meio da circulação. O autor, citando MILLER, DUNNING e outros pesquisadores, lista uma série de características que os cimentos obturadores devem possuir. Posteriormente, com a colaboração de GROSSMAN (1958), BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982) e outros autores, essa lista ficou assim:
 
 

não deve ser agente putrefativo
deve ter qualidades anti-sépticas permanentes
deve ser de fácil introdução no canal
deve ser biocompatível
não deve colorir as estruturas dentais
não deve ser poroso e deve manter-se estável dimensionalmente
deve ser de fácil remoção, se necessário for
deve obturar hermeticamente os canalículos dentinários e o forame apical contra a invasão microbiana
deve ser radiopaco
deve apresentar boa adesão às paredes do canal radicular
deve possibilitar uma consistência satisfatória.

 

Percebe-se que é praticamente impossível que um material obturador dos canais radiculares enquadre-se em todas as exigências. O que normalmente ocorre é a prevalência de algumas propriedades em detrimentos de outras.

Mesmo assim, a presença de informações, estudos e pesquisas que envolvem a obturação do canal é marcante na literatura. Os autores propõem técnicas, materias e discorrem sobre a parte filosófica do tratamento (LEVIN, 1902; TAYLER, 1902; HART, 1903; GIBBS, 1911; ABRAHAM, 1915; CRANE, 1926; RICKERT, 1927; GROVE, 1931; MOFFITT, 1932; ORBAN, 1932; CONRAD & RIDGWAY, 1934; GROSSMAN, 1958 e 1974).

De posse do perfil ideal que um material obturador deve possuir, podemos dividir as suas propriedades e qualidades desejadas, para efeito didático, em físico-químicas, antimicrobianas e biológicas.

As características físico-químicas dos cimentos obturadores dos canais radiculares foram estudadas por HUMPHRY (1914), BUCHBINDER (1931), WALLACE & HANSEN (1939), MOLNAR & SKINNER (1942), GROSSMAN (1946), SKINNER & ZIEHM (1950), McELROY (1955), ZERLOTTI FILHO (1959), BRAUER et al (1958), NORMAN et al (1959), MESSING (1961), PHILLIPS & LOVE (1961), BRAUER et al (1962), NORMAN et al (1964), COLEMAN & KIRK (1965), LEAL (1966), HIGGINBOTHAN (1967), BATCHELOR & WILSON (1969), SIMÕES FILHO (1969), WEISMAN (1970), WIENER & SCHILDER (1971), GROSSMAN (1976), McCOMB & SMITH (1976), BENATTI et al (1978), BOSCOLO et al (1979), FRAGOLA et al (1979), FRAUNHOFER & BRANSTETTER (1982), GROSSMAN (1982), BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982), SAMPAIO et al (1982), ØRSTAVIK (1983), HOVLAND & DUMSHA (1985), HYDE (1986), ROTHIER et al (1987), KUGA et al (1988), TRONSTAD et al (1988), TAGGER & TAGGER (1989), WENNBERG & ØRSTAVIK (1990), GETTLEMAN et al (1991), MOTTA et al (1992), SAVIOLI (1992) e SILVA (1992).

Preocuparam-se com as propriedades e qualidades antimicrobianas os pesquisadores BARTELS (1947), ØRSTAVIK (1981), MOORER & GENET (1982), OGATA et al (1982), ØRSTAVIK (1988), dentre outros.

O aspecto biológico foi tema dos trabalhos dos pesquisadores HOLLAND et al (1971), RODRIGUES et al (1975), MOHAMMAD et al (1976), BERBERT (1978), HOLLAND (1983), HENSTERN-PETTERSEN & ØRSTAVIK (1985), YESILSOY et al (1988), LEAL et al (1988), SOARES et al (1990), SONAT et al (1990).

O hidróxido de cálcio foi introduzido na Odontologia por HERMAN em 1920 e logo depois foi divulgado o seu uso em tratamento de canais radiculares.

Atualmente, inúmeras pesquisas têm investigado as propriedades físicas e biológicas dos cimentos que contêm hidróxido de cálcio ( HOLLAND et al, 1983; HOVLAND & DUMSHA, 1985; ALEXANDER & GORDON, 1985; LIM & BRIAN, 1986; LEAL et al, 1988; TRONSTAD et al, 1988; TAGGER & TAGGER, 1989; SOARES et al, 1990; BIRMAM, 1990).

Cimentos que apresentam hidróxido de cálcio em suas fórmulas são recentes, uma vez que o Sealapex foi colocado no mercado em 1984 (LEONARDO & LEAL, 1991). Muitas pesquisas ainda serão realizadas para verificar quais desses cimentos apresentam boas propriedades, tanto físico-químicas como biológicas.



 
 

Retrospectiva da Literatura
 
 
 
 

A busca de um material ideal para obturar os canais radiculares é um objetivo perseguido pelos pesquisadores comprometidos com a Endodontia. Isso fez com que se sucedessem várias pesquisas relacionadas a esse tema, descritas na literatura odontológica.

A utilização do bálsamo do Peru como material obturador do canal radicular foi preconizada por MAYRHOFER (1908). A técnica apregoada por esse autor foi duramente criticada pelos pesquisadores contemporâneos seus, devido às dificuldades que os profissionais tinham em introduzir esse material obturador no interior do canal radicular.

PRINZ (1912) preconizou a obturação do canal radicular com um composto que contêm parafina. O autor descreveu a técnica para o seu uso e enumerou as vantagens do referido material como cimento obturador do canal radicular.

CALLAHAN (1914) preconizou o uso de uma solução de resina dissolvida em clorofórmio para o selamento dos canalículos dentinários e como coadjuvante na obturação dos canais radiculares. Ele diz ser a técnica de execução simples, fácil, rápida e tem a certeza de conseguir o selamento de todos os canalículos e forames que se encontram abertos. O autor enfatizou também a necessidade de um correto preparo do canal radicular para a melhor realização dos procedimentos.

HUMPHRY (1914) estudou a ação do óleo de cravo e de outros óleos sobre as pontas de guta-percha, encontrando o seguinte: o óleo de eucalipto e o creosoto dissolvem a guta-percha, o óleo de cravo e o óleo de caju não lhe causam nenhuma alteração.

HERMAN (1920), apud MAISTO (1967), introduziu o uso do hidróxido de cálcio quimicamente puro nos capeamentos pulpares.

RICKERT (1927) mostrou-se preocupado com os problemas que afligiam a nossa profissão naquela época. Em relação à obturação do canal radicular, o autor comentou sobre a necessidade imediata, com evidências inquestionáveis, de se melhorar a técnica de obturação do canal radicular. Caso contrário, deveríamos abandonar a prática profissional. O autor, nesse mesmo documento, registrou a composição da massa após o endurecimento do cimento obturador do canal radicular que ele utilizava:
 
 

Prata....................................................... 24,74%
Óxido de Zinco................................... 34,00%
Bi-iodo de Bi-timol (Aristol)......... 10,55%
Resinas................................................... 30,71%

 

FISHER (1927) fez veicular um artigo de sua autoria na principal publicação destinada à literatura odontológica de sua época: o The Dental Cosmos. O autor abordou alguns fatores a serem considerados na determinação do tipo de material obturador do canal radicular, com resultados práticos. Continuando, foram listadas algumas necessidades clínicas de um material a ser utilizado com essa finalidade: o material deve ser capaz de selar a extremidade da raiz, não deve ser irritante, deve ter estabilidade volumétrica, de fácil adaptabilidade, capaz de ser esterilizado, deve ser insolúvel e impermeável nos fluidos tissulares, deve ser radiopaco, não deve provocar alteração de cor na estrutura dental, e deve possibilitar a sua remoção rápida, se for necessário. Parece que essas necessidades são reais até o atual momento.

PUTERBAUGH (1928) publicou um texto muito importante a respeito de materiais obturadores dos canais radiculares, abrangendo conceitos que são atuais mesmo nos dias de hoje. O autor teceu considerações sobre a necessidade de um correto preparo da região cervical do canal para que se possa ter um acesso adequado à sua região apical. Depois, ele enfatizou a necessidade de uma obturação hermética do canal radicular. Posteriormente, são abordadas as características que um material obturador deve possuir, tais como biocompatibilidade e ser de fácil remoção caso haja necessidade. A não incorporação de agentes anti-sépticos foi defendida pelo autor, preconizando ele a manutenção de uma rigorosa cadeia asséptica a fim de evitar essa necessidade. Concluindo o seu trabalho, PUTERBAUGH afirmou que os materiais devem ser inteligentemente escolhidos para se adaptarem às condições de cada caso.

BUCHBINDER (1931) investigou a contração de alguns materiais obturadores. O método utilizado no estudo consistia em preencher tubos de vidro com os materiais a serem testados e imergi-los em água com corante. À medida que o material deslocava-se das paredes dos tubos de vidro, formavam-se bolhas de ar visíveis e ocorria a penetração de água corada ali. Os materiais testados foram a combinação eucaliptol/fragmentos de guta-percha e calor, como preconizava BLACK; a associação clorofórmio/guta-percha preconizada por RHEIN; associação clorofórmio/resina/guta-percha preconizada por CALLAHAN e o cimento, com algumas combinações de fórmula, preconizado por RICKERT. Este último apresentou contração bem menor do que os outros métodos de obturação citados anteriormente. O autor escreveu também que um material obturador, para ser utilizado no interior do canal radicular, deve ser radiopaco, não deve apresentar contração, deve poder ser introduzido e adaptado no interior do canal sem sobreobturação, deve ser solúvel em clorofórmio e xilol. Ele deve também ser anti-séptico e não irritante. Segundo a ótica de BUCHBINDER, parece que o cimento desenvolvido por RICKERT satisfazia a maioria dessas necessidades.

GROSSMAN (1936) iniciou a sua trajetória de preconização do uso de substâncias para serem utilizadas como cimentos obturadores do canal radicular. Inicialmente, ele propôs o uso de um cimento que contêm prata na sua composição, discorrendo sobre as propriedades oligodinâmicas desse metal. Seguindo, listou os requisitos que um material obturador do canal radicular deve possuir e apontou as vantagens da utilização do cone de prata associado a um cimento obturador adequado. O autor preconizou a utilização de um cimento que deu a ele resultados satisfatórios após testes clínicos. O cimento apresenta a seguinte fórmula química:

Pó:  
Prata pulverizada (malha 300)........................ 2 partes
Resina pulverizada (malha 300)...................... 3 partes
Óxido de zinco.............................................. 4 partes
Líqüido:  
Eugenol........................................................ 9 partes
Solução de cloreto de zinco 4%...................... 1 parte

 

MOLNAR & SKINNER (1942) estudaram algumas variáveis que afetam o tempo de endurecimento dos cimentos à base de óxido de zinco - resina - eugenol: composição do pó, composição do líquido e o uso de vários aceleradores. Ficou demonstrado que se faz necessário o uso de um acelerador no material, uma vez que os vários líqüidos utilizados não conseguiram proporcionar um tempo de endurecimento suficientemente curto. Vários sais metálicos foram aceleradores eficientes, tais como acetatos, cloretos e nitratos. Sugeriu-se que os sais de baixa solubilidade reduziriam a solubilidade do cimento endurecido. As resinas, naturais ou sintéticas, não podem ser substituídas por resina hidrogenada natural. A resina apresentou-se como sendo necessária para que ocorra um tempo de endurecimento curto.

PUCCI (1945) marcou época com a publicação de um livro que até hoje é considerado como um marco histórico da Odontologia latino-americana. Nessa obra prima, encontram-se informações preciosas sobre o óxido de zinco e eugenol.

GROSSMAN (1946), a exemplo de PUCCI no ano anterior, publicou um excelente livro sobre a terapia dos canais radiculares. Ali pode-se encontrar algumas informações sobre a guta-percha. Ela é obtida por meio da coagulação dos exsudatos das árvores encontradas no arquipélago da Malásia. Assemelha-se à borracha tanto na composição química como em algumas características físicas. A qualidade da guta-percha usada na Odontologia depende dos seus processos de refinamento e da adição de outras substâncias químicas, tais como óxido de zinco, sulfato de bário e corantes. É flexível à temperatura ambiente e torna-se plástica à temperatura de 60oC. A adição de óleos essenciais, tal como o eucaliptol, torna-a ligeiramente solúvel, deixando a sua superfície plastificada. O material em foco é, ainda, muito solúvel em clorofórmio, éter e xilol. Esses solventes são utilizados durante a remoção das obturações de canais radiculares previamente obturados com cones de guta-percha.

McELROY (1955) estudou as propriedades físicas de alguns dos materiais obturadores de canal radicular, tais como: guta-percha, Cimento de WACH, Kerr sealer, cloropercha, clorofórmio-resina de CALLAHAN, Silv-o-dent, Neo-balsam, Perma-fix, Cimento de RICKERT, Sterident e Cargenon. Pesquisaram-se as suas alterações volumétricas e porosidades. A guta-percha bem condensada, e nos casos de sua combinação com os produtos WACH, Neo-balsam e de RICKERT, apresentou alteração volumétrica mínima. Os materiais que empregaram a guta-percha, modificada pelo clorofórmio, denominada cloropercha, e a sua associação com clorofórmio e resina, apresentaram a maior alteração de volume. O cimento de WACH foi o menos poroso e a cloropercha a mais porosa dos materiais testados.

INGLE (1956) enfatizou a importância da qualidade da obturação do canal radicular como fator de sucesso do tratamento empreendido e relacionou a maioria dos fracassos do tratamento endodôntico com a falha na obturação adequada do canal. Parece, assim, ficar evidente o papel da obturação do canal em relação ao sucesso do tratamento.

NORMAN et al (1958) estudaram a solubilidade de vários cimentos odontológicos e, entre eles, o óxido de zinco e eugenol. Verificou-se que a adição de acetato de zinco na proporção de 1% não proporcionava efeito apreciável na solubilidade desse material, quando comparado ao cimento óxido de zinco e eugenol puro.

BRAUER et al (1958) afirmaram que as misturas à base de óxido de zinco e eugenol formam uma massa dura, consistente, que têm sido útil em um grande número de aplicações dentais. A massa endurecida consiste de óxido de zinco envolvida por uma matriz de um quelato, o eugenolato de zinco, que possui a seguinte fórmula: (C12H11O2)2 Zn.

GROSSMAN (1958) preconizou o uso de um cimento que não manchava as estruturas dentais e que preenchia, em grande parte, as propriedades esperadas de um cimento obturador do canal radicular: deve selar hermeticamente um canal radicular; não deve alterar-se volumetricamente durante o endurecimento; deve aderir à superfície das paredes do canal, mesmo na presença de um pouco de umidade; deve ser bem tolerado pelos tecidos periapicais se extruído através do ápice; deve ter boas qualidades de trabalho quando manipulado; deve ser de fácil introdução no interior do canal radicular; deve dar ao operador tempo suficiente para fazer os ajustes que forem necessários, antes do seu endurecimento inicial; deve endurecer no interior do canal; não deve descolorir a estrutura dental; deve possuir algum efeito bactericida ou bacteriostático. O cimento proposto por GROSSMAN (1958) possui suavidade, plasticidade, adesividade e radiopacidade. A resina Staybelite confere adesividade ao cimento. O subcarbonato de bismuto proporciona suavidade à mistura. O sulfato de bário confere maior radiopacidade ao material. O óleo de amêndoas doces retarda o endurecimento, de modo que demora 20 minutos, após o início de sua inserção no interior do canal, para que o cimento apresente seu endurecimento inicial. O eugenol deve ser novo e transparente. Quando ele está escurecido, encontra-se oxidado, absorve a umidade do ar e tende a acelerar o endurecimento do cimento. Quando misturado corretamente, o cimento é branco, de aspecto cremoso, suave e sem grânulos. Deve-se enfatizar que a qualidade final do material depende da pureza dos ingredientes utilizados, da sua formulação, e do cuidado dispensado durante a manipulação do cimento.

BRAUER et al (1962) constataram que a incorporação de resina, resina hidrogenada, quartzo fundido, e/ou óxidos metálicos, tais como óxido de mercúrio ou óxido de chumbo, ao pó do óxido de zinco na mistura óxido de zinco-ácido o-etoxibenzóico (EBA)-eugenol, reduziu em grandes proporções a solubilidade e desintegração em água dos cimentos. Os cimentos que possuíam uma relação pó-líquido maior, proporcionaram rápidos tempos de endurecimento e resistências à compressão melhoradas. As composições mais favoráveis utilizaram uma relação pó-líqüido de 2,80 - 3,70 g de pó por 0,40 ml de líqüido e endureceram em poucos minutos, dando cimentos com solubilidade e desintegração desprezíveis e resistência à fragmentação variando de 8000 a 11700 psi. Para chegar a esses dados, os autores utilizaram os procedimentos recomendados pela Especificação Número 9 da American Dental Association.

NORMAN et al (1964) investigaram o efeito de uma variável específica, ou seja, do tamanho das partículas do pó, sobre o tempo de endurecimento, resistência à compressão, solubilidade e resistência à abrasão do cimento de óxido de zinco e eugenol. Incluiu-se no trabalho também a pesquisa sobre os efeitos da proporção pó-líqüido e de alguns aditivos sobre os cimentos. O tamanho das partículas do pó de óxido de zinco teve efeito considerável sobre o tempo de endurecimento e pouca influência sobre a resistência à compressão, solubilidade e resistência à abrasão do óxido de zinco e eugenol. Partículas menores endurecem mais rapidamente do que as maiores. O tamanho das partículas e a relação pó-líqüido não afetaram a resistência à compressão do material, sendo que nesse particular, os maiores valores foram obtidos com as partículas menores. As partículas maiores proporcionaram cimentos com maior desintegração, o mesmo ocorrendo em relação à solubilidade dos cimentos com aditivos.

LEAL (1966) estudou a influência que a variação da proporção pó-líqüido e o tempo de armazenagem podiam ter sobre a infiltração de uma solução corante ocorrida em alguns materiais usados na obturação de canais radiculares. Os materiais testados foram: Alfa Canal, Óxido de Zinco e Eugenol, Oxpara e Piocidina. Analisou-se também o efeito que as mesmas variáveis poderiam ter sobre o comportamento dimensional desses materiais. Eles se mostraram permeáveis, em graus variados, à solução corante utilizada nos trabalhos. A profundidade de penetração da solução corante foi influenciada de modo significante pela proporção pó-líqüido. Essa profundidade aumentou à medida que o tempo passava, embora tivesse sido mais acentuada nas primeiras horas. Os materiais Alfa Canal e Oxpara apresentaram contração durante a realização dos experimentos, que diminuiu paralelamente ao aumento da proporção pó-líqüido, e intensificou com o correr do tempo. O Óxido de Zinco e Eugenol e a Piocidina mostraram-se razoavelmente estáveis quanto à estabilidade dimensional.

HIGGINBOTHAM (1967) investigou as propriedades físicas de um grupo de materiais obturadores do canal radicular disponíveis no comércio, analisando as propriedades: tempo de endurecimento, espessura do filme, solubilidade, radiopacidade e capacidade seladora dos materiais. Utilizaram-se para a realização dos trabalhos os seguintes materiais: Antiseptic pulp canal sealer (Kerr), Tubliseal (Kerr), Diaket (Premier), ProcoSol (ProcoSol) e Kloroperka N-O ( Union Broach). O tempo de endurecimento e a espessura do filme foram determinados de acordo com a Especificação Número 8 da American Dental Association. Houve diferenças no tempo de endurecimento dos materiais, porém todos apresentaram um tempo de trabalho adequado. A espessura do filme variou de 0,083 mm (Tubliseal) a 0,433 mm (Diaket). A solubilidade dos materiais em água variou de 0,11% a 0,72%. Para se determinar a capacidade seladora dos materiais, utilizou-se o método de detecção da infiltração do Ca45 por meio de auto-radiografias. Os resultados sugeriram a importância do uso de uma técnica cuidadosa de condensação quando da obturação do canal para se alcançar um selamento eficiente.

BATCHELOR & WILSON (1969) estudaram os efeitos da temperatura e umidade presentes durante a preparação dos cimentos de Óxido de Zinco e Eugenol sobre a consistência e tempo de endurecimento desses cimentos. Estudaram-se seis marcas comerciais diferentes. A consistência dos materiais foi determinada seguindo-se uma especificação da FDI para cimentos de silicato. Estudou-se a influência da temperatura e da umidade da sala de manipulação dos cimentos sobre a consistência, utilizando duas relações pó/líqüido diferentes. Segundo os autores, os cimentos de Óxido de Zinco e Eugenol são um grupo diversificado de materiais, possivelmente devido aos métodos utilizados na preparação do pó de óxido de zinco e na variação de outros aditivos empregados. A consistência e o tempo de endurecimento são relacionadas. Ambas são medidas do desenvolvimento de resistência e são mutuamente alteradas por fatores que afetam a velocidade da reação de endurecimento. O óxido de zinco hidratado é essencial para a produção de um cimento de Óxido de Zinco e Eugenol. A hidratação ocorre facilmente com a presença da umidade do ar. Deduziu-se então que a hidratação do óxido de zinco constitui uma parte integral do processo de endurecimento. O papel e a influência da água no curso da reação deve ser atribuído à natureza iônica da reação de quelação entre os ions eugenolato e zinco em alguma forma para produzir eugenolato de zinco. A água é necessária para a geração da reação iônica e também para agir como um solvente dessa reação. Os ions eugenolato serão gerados a partir do eugenol em contato com a umidade, porque o eugenol possui um grupo fenólico. A água também é necessária à hidratação do pó de óxido de zinco e a subseqüente hidrólise do hidrato ativo para uma forma iônica. Uma vez que o óxido de zinco é de caráter mais básico do que ácido, a sua cadeia irá adquirir uma carga positiva devido à ionização dos grupos superficiais hidroxilas. A adição de ácidos ao eugenol tem o mesmo efeito, uma vez que a taxa de hidrólise depende da concentração do íon hidrogênio. Concluindo o seu estudo, os autores afirmam que, em qualquer trabalho com os cimentos de óxido de zinco e eugenol, as condições atmosféricas do laboratório no momento da manipulação do material devem ser rigidamente controladas, se desejarmos obter resultados com significado, comparativos e quantitativos. As permissões de variação da temperatura e da umidade relativa do ar devem estar entre mais ou menos 1 grau centígrado e 2 %, respectivamente, diferindo dos outros cimentos odontológicos. Isso se deve ao efeito combinado da temperatura e umidade.

WEISSMAN (1970) realizou um estudo comparativo sobre o escoamento de dez cimentos obturadores do canal radicular. O estudo "in vitro" utilizou uma pipeta de vidro ultrafina, de 0,19 mm de diâmetro, que simulou um canal radicular. Os materiais testados foram: AH 26, Diaket, Grossman's sealer n.811 (Roth), Grossman's sealer n. 812 (Roth), Kerr's pulp canal sealer-Rickert's, Kerr's Tubliseal, Kloroperka N-O, ProcoSol root canal sealer, Pulpdent root canal sealer-Greenberg Formula e "ZOC" Root Canal Mixture. Todos os dez materiais escoaram, analisados sob as condições do estudo empreendido. As taxas de escoamento variam de 0,36 mm a 2,2 mm por segundo. Os resultados obtidos com os cimentos de fórmulas de GROSSMAN, que diferenciaram entre si apenas quanto ao tamanho das partículas, permitiram ao autor concluir que o tamanho das partículas desempenha um papel importante na capacidade de o cimento escoar. Parece haver uma relação entre a espessura do filme e a taxa de escoamento. As taxas de escoamento, expressas em milímetros por segundo, estabeleceram uma ordenação de materiais, em valores ascendentes: ProcoSol, Diaket, AH 26, Roth's 812, Kerr's sealer, Kloroperka N-O, Roth's 811, Kerr's Tubliseal, "ZOC" e Pulpdent. O escoamento, medido em milímetro, que representou o quanto o cimento penetrou na pipeta, permitiu a elaboração de uma outra ordem ascendente de materiais, determinadas pelos valores médios: ProcoSol, Diaket, Roth's 812, AH 26, Kerr's pulp sealer, Kloroperka N-O, Roth's 811, Kerr's Tubliseal, "ZOC" e Pulpdent.

WIENER & SCHILDER (1971) investigaram as alterações dimensionais após o endurecimento de nove cimentos. Avaliaram-se, em um estudo qualitativo e quantitativo, os seguintes materiais: Kerr antiseptic pulp canal sealer, Kerr Tubliseal, Roth N. 501, Roth N. 511, Roth N. 601, ProcoSol nonstaining root canal cement, ProcoSol radiopaque silver root canal cement, Roth N. 801 e o AH 26. Os autores salientaram que as condições dos estudos não tinham o objetivo de simular as condições clínicas. Nenhum dos resultados poderia ser interpretado como um comentário direto do desempenho clínico de qualquer cimento testado. Os tempos de endurecimento dos materiais apresentaram grandes variações, sob condições idênticas de temperatura e umidade relativa do ar. As alterações das condições ambientais, ou seja, da temperatura e da umidade relativa do ar, provocaram alterações marcantes nos tempos de endurecimento dos cimentos. Os aumentos da temperatura provocaram diminuição do tempo aferido. Todos os cimentos apresentaram contração, observada qualitativamente e quantificada por meio de perda de volume. Concluindo, os pesquisadores enfatizaram a necessidade da padronização dos métodos para estudar os cimentos obturadores do canal, com adoção de especificações pela American Dental Association.

SAMPAIO (1972) preconizou o uso do cimento de RICKERT, em cuja fórmula é acrescida a delta-hidrocortisona a 2 %. Esse novo material é chamado de N-RICKERT e, segundo o pesquisador, apresenta boa tolerância tecidual e não sofre mudanças volumétricas apreciáveis.

GROSSMAN (1974) publicou a fórmula do cimento que leva o seu nome e que, após promover alterações sucessivas a partir da primeira composição que preconizou, apresenta os seguintes constituintes:
Pó: Óxido de zinco 42 partes, Resina Staybelite.27 partes, Subcarbonato de bismuto. 15 partes, Sulfato de Bário 15 partes, Borato de sódio anidro.1 parte. Líquido: Eugenol
    Esse cimento, comenta o autor, apresenta a maioria das propriedades desejáveis que um material obturador deve possuir, mas não todas. Essa composição proporciona ao profissional o tempo adequado para realizar uma radiografia e ajustar o cone quando for necessário. A qualidade da resina utilizada influencia o tempo de endurecimento do cimento. Ele não começa a endurecer antes de decorridos 10 minutos após sua manipulação, propiciando um tempo amplo para a obturação do canal. O cimento endurece sobre a placa após 6 a 8 horas.O seu endurecimento no interior do canal começa passados 10 minutos do início da manipulação, atingindo o seu endurecimento total após 30 minutos, devido à umidade existente nos canalículos dentinários. O material em pauta é bem tolerado pelo tecido periapical mesmo quando extravasado através do forame apical, mas deve-se, entretanto, evitar a sobreobturação. A propriedade endurecedora do cimento variará com os componentes utilizados, com a quantidade de umidade presente no pó de óxido de zinco, e até com a quantidade de umidade da atmosfera no momento da preparação do pó ou quando o cimento é manipulado. Quanto maior for a umidade, mais rapidamente o cimento endurece. Não se deve utilizar mais do que duas gotas de líqüido de uma única vez. Isso proporcionará uma quantidade de cimento suficiente para obturar os canais de um dente multirradicular. A utilização do hidróxido de cálcio como indutor da complementação radicular e do fechamento apical em dentes com e sem vitalidade pulpar, foi relatada e enfatizada por GOLDMAN (1974).

Em 1975, HEITHERSAY, visando o estudo do hidróxido de cálcio no tratamento de dentes humanos necrosados associados a amplas lesões periapicais, descreveu os procedimentos clínicos e discutiu os seus possíveis modos de ação em relação ao processo de reparo. COHEN & BURNS (1976) contra-indicaram o uso de cimentos obturadores de canais radiculares que apresentavam ions de metais pesados nas suas composições, bem como corticosteróides e paraformaldeído. Sobre os corticóides, eles afirmaram ser esse tipo de agente farmacológico utilizado desnecessariamente para suprimir sintomas clínicos do pós-operatório. O paraformaldeído tem ação necrosante sobre os tecidos.

GROSSMAN (1976) estudou algumas propriedades físicas dos cimentos obturadores de canais radiculares, ou seja, o tamanho das partículas, escoamento, tempo de endurecimento, adesão e alteração dimensional. O tamanho das partículas foi avaliado para determinar o seu efeito sobre o tempo de endurecimento e escoamento. O escoamento, ou seja, a consistência do cimento manipulado que irá capacitá-lo a penetrar nas pequenas irregularidades da dentina, é um fator importante na obturação dos canais laterais e ou acessórios. O tempo de endurecimento foi estudado para determinar se o operador vai ter tempo suficiente para ajustar o(s) cone(s) de guta-percha ou de prata no interior do(s) canal(is) radicular(es), se necessário for. Isso é particularmente importante quando se obtura dentes multirradiculares. A adesão, ou seja, a ligação física do cimento com a parede do canal foi determinada porque ela é uma propriedade desejável de um cimento. Finalmente, a alteração dimensional foi determinada pela infiltração de um corante. Os materiais testados foram: AH 26, Diaket, Kerr sealer, Mynol, N2, N2 no-lead, ProcoSol (nonstaining), RC2B, Roth 801, Roth 811, Tubliseal e cimento de Óxido de Zinco e Eugenol.

Continuando, o autor fez revelações de grande valia para qualquer estudioso das propriedades físicas dos cimentos obturadores de canais radiculares. Os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, na sua maioria, possuem uma certa porcentagem de resina sintética ou natural. Vários deles contêm subnitrato de bismuto para acelerar o seu endurecimento, enquanto outros contêm borato de sódio anidro para retardá-lo. Há ainda aqueles que contêm ambos os ingredientes para conseguir um balanceamento entre um tempo de endurecimento muito rápido e outro muito lento. Nesse estudo, não houve correlação entre o tamanho das partículas e o tempo de endurecimento. Quanto menor o tamanho da partícula, mais fácil é de se manipular o cimento, tornando menor o tempo, e a mistura é mais suave e escoa melhor. As propriedades de escoamento de um cimento dependem, em parte, dos ingredientes que o compõem, e, em parte, do tempo de endurecimento. Isso é particularmente pertinente ao escoamento dos cimentos no interior do canal radicular, onde o tempo de endurecimento é grandemente acelerado, quando comparado ao tempo de endurecimento do cimento sobre a placa de vidro.     O óxido de zinco comercial afeta variavelmente o tempo de endurecimento dos cimentos (dependendo do método da sua preparação química e da sua fonte de obtenção - se mineral ou a partir de misturas). A absorção do vapor de ar, tanto pelo óxido de zinco como pelo cimento obturador de canal, acelerará o tempo de endurecimento da mistura. Esse tempo não apresenta relação com o mesmo tempo medido no interior do canal radicular. Não apenas a temperatura e a umidade do ar da boca aceleram o endurecimento do cimento no interior do canal, mas a pouca espessura do filme do cimento desempenha um papel importante. Um cimento que endurece no interior do canal radicular em poucos minutos pode ser desfavorável para o operador que tiver que fazer ajustes na obturação. Por outro lado, um cimento que endurece muito lentamente pode irritar os tecidos periapicais, devido a um excesso de eugenol que resulta em uma quelação incompleta ou pode servir de causa da contração do cimento. Segundo o autor, o tempo de endurecimento ideal, se é que ele existe, ainda não foi determinado. Concluindo, ele acha que as informações do seu trabalho podem ajudar o dentista clínico geral ou o endodontista a entender melhor o material que estão utilizando.

LEONARDO et al (1976) estudaram a consistência e radiopacidade de doze formulações diferentes contendo hidróxido de cálcio, concluindo que a maioria das fórmulas não apresentava condições de serem utilizadas clinicamente, propondo que novos estudos deveriam ser desenvolvidos.

McCOMB & SMITH (1976) avaliaram "in vitro" algumas propriedades físicas de nove cimentos obturadores de canais radiculares e as compararam com as propriedades de dois novos cimentos endodônticos especialmente preparados, ambos com fórmulas à base de policarboxilato. As propriedades físicas examinadas foram: escoamento, tempo de endurecimento, radiopacidade, adesão à dentina radicular, resistência à compressão e solubilidade. Usou-se a Especificação Número 8 da American Dental Association para cimentos fosfato de zinco. Os cimentos avaliados foram: Kerr antiseptic pulp canal sealer; Kerr Tubliseal; ProcoSol nonstaining root canal cement; ProcoSol silver cement; PCA root canal sealer; Roth root canal cement 801; Roth root canal cement 511; Diaket root filling material e o AH 26. Os cimentos obturadores de canais radiculares à base de óxido de zinco e eugenol foram tipicamente de baixa resistência e alta solubilidade, não apresentando ainda adesão à dentina, fato este que ocorreu também com o cimento à base de resina polivinílica (Diaket). O cimento à base de resina epóxi AH 26 apresentou propriedades superiores em relação à resistência, escoamento, radiopacidade e adesão, embora tenha demonstrado uma alta solubilidade. Os cimentos à base de policarboxilato apresentaram uma adesão à dentina duas vezes maior do que aquela apresentada pelo AH 26.

BENATTI et al (1978) propuseram-se a estabelecer um critério para a obtenção da "consistência clínica ideal" de alguns materiais obturadores de canais radiculares, a estabelecer um tempo de endurecimento e a verificar as alterações dimensionais desses materiais na "consistência clínica ideal" e em outras consistências. Os testes foram realizados a partir de adaptações da Especificação Número 8 do Grupo Brasileiro de Materiais Dentários para Material de Moldagem que utilizam como base o óxido de zinco e eugenol. Os materiais estudados foram: Fillcanal, Endomethasone, Trim Canal, Alpha Canal e óxido de zinco e eugenol. Os autores concluíram ser a consistência clínica ideal alcançada após a completa homogeneização da mistura, devendo haver uma ligeira resistência durante a sua realização. Essa consistência referida é também alcançada quando a mistura, uma vez ajuntada pela espátula, é mantida por ela longe da placa de vidro, e ali permanece por 10 segundos sem cair. Ao colocar-se a espátula sobre a mistura, a consistência clínica ideal permite à ela fazer com que haja uma aderência entre a placa e a espátula que, uma vez afastada esta última, permite que seja formado um fio de material de aproximadamente 2 centímetros antes de ele se romper. O tempo de endurecimento deu amplo tempo de trabalho para todos os materiais estudados, exceção feita ao Alpha Canal. A alteração dimensional (contração) não foi significante quando se usou a consistência clínica ideal. Apenas o Alpha Canal apresentou uma contração maior, quando comparado aos demais. Finalizando suas conclusões, os autores escreveram que quanto mais fluida for a mistura, maior a contração. Isto claramente indica que quanto mais espessa a mistura, menor será a alteração dimensional.

BERBERT (1978) estudou o comportamento dos tecidos apicais e periapicais em dentes de cães após a aplicação do cimento AH 26, hidróxido de cálcio ou mistura de ambos. Concluindo no caso da associação, o melhor percentual estava em torno de 20 por cento de hidróxido de cálcio misturado ao pó do cimento AH 26, produzindo grande melhora no comportamento biológico do cimento. BOSCOLO et al (1979) estudaram a radiopacidade de oito cimentos obturadores dos canais radiculares: AH 26; Endomethasone; Tubliseal; ZOE (SS WHITE); Fillcanal; Diaket A; Trim Canal e Alpha Canal. O método de avaliação utilizado foi muito diferente daquele que posteriormente seria preconizado pela American Dental Association em 1983. Os autores verificaram que o AH 26 apresentou a maior radiopacidade entre os cimentos estudados. O Endomethasone, Tubliseal e ZOE apresentaram uma maior radiopacidade que os cimentos Fillcanal, Diaket A, Trim Canal e Alpha Canal, diferença essa detectada junto ao fotodensitômetro.

HOLLAND et al (1979a) realizaram estudo demonstrando que o hidróxido de cálcio em presença de veículo oleoso possui melhor comportamento biológico que em presença de veículo aquoso. Eles demonstraram ainda que os resultados histológicos com pasta de hidróxido de cálcio e clorofenol canforado foi melhor que com a pasta de hidróxido de cálcio associada à água.

HOLLAND et al (1979b) estudaram a reparação periapical após instrumentação dos canais radiculares além do ápice usando limas de diferentes tamanhos e, posteriormente, obturando-os com hidróxido de cálcio a nível do ápice. Para o presente trabalho utilizaram, 20 pré-molares de cães, os quais receberam instrumentação além do forame apical com limas 40 e 80. Os canais foram preenchidos com hidróxido de cálcio a nível do forame apical. Noventa dias após, os animais foram sacrificados e os cortes histológicos demonstraram que nos dentes cujos canais foram instrumentados até a lima 80, os resultados foram favoráveis. Alguns fatores podem ter influenciado nos resultados da obturação com hidróxido de cálcio e, dentre eles, a sobreinstrumentação que comprime o coto pulpar e tecidos periapicais produzindo lesões de resultados inesperados. Além da sobreinstrumentação, outros fatores como o tamanho do forame apical e materiais obturadores poderiam afetar o processo de cicatrização periapical.

HOLLAND et al (1979c) instrumentaram os canais de pré-molares de cães e sobreobturaram-nos com pasta de hidróxido de cálcio e iodofórmio. Após trinta dias, em metade dos dentes, eles removiam a pasta e a recolocavam até o limite apical. Os animais foram sacrificados 90 dias após o início do tratamento e os exames histológicos revelaram resultados mais favoráveis com o fechamento apical em 65% das raízes, no grupo de dentes submetidos a nova obturação. Nos canais sobreobturados, o fechamento apical se deu em 10% dos casos, havendo reabsorção da pasta e invaginação de tecido para dentro do canal em 85% das raízes. HOLLAND et al (1979d) estudaram o emprego do hidróxido de cálcio em pré-molares de cães com e sem restos pulpares. Os canais foram preenchidos com hidróxido de cálcio com e sem pressão. Os dados histológicos foram avaliados noventa dias após o tratamento, obtendo-se melhores resultados nos espécimes sem restos pulpares e com pressão no preenchimento dos canais. Concluíram os autores que os melhores resultados foram obtidos quando os canais encontravam-se sem fragmentos e preenchidos sob pressão. GOLDBERG & GUFINKEL (1979) avaliaram o pH do Dycal preenchendo um tubo capilar de vidro e imergindo-o em solução salina. Após a imersão, o pH evidenciou ser de 10 a 11 e permanecia assim por vários meses.

BEYER-OLSEN & ØRSTAVIK (1981) apresentaram um novo método, reproduzível, de mensuração da radiopacidade dos materiais dentários. Essa mensuração faz comparações densitométricas de amostras padronizadas dos materiais com uma escada de alumínio, sob condições controladas de exposição e processamento do filme. Os autores constataram que a avaliação visual das densidades das imagens não proporciona resultados reproduzíveis, ao contrário do observado quando do uso do fotodensitômetro. ØRSTAVIK (1981) publicou um trabalho que faz parte de uma série de estudos realizados pelo Instituto Nion sobre as propriedades físicas, biológicas e clínicas dos materiais obturadores dos canais radiculares. As propriedades antibacterianas de 28 cimentos e pastas foram estudadas. Todos eles apresentaram alguma atividade antimicrobiana, que foi altamente variável entre os diferentes materiais, os quais estão listados a seguir: AH 26, Biocalex, Cohen-Luks, Cresopate, Diaket, Diaket-A, Endomethasone, Eucaryl, Forfenan, Formocresol, Hermetic, Hydron, Kerr pulp canal sealer, Kloroperka N-O, Kloroperka, Kri 1 paste, Mynol C-T, N2 Normal, N2 Universal, ProcoSol, Pulp dent root canal sealer, Tubliseal, UP, Óxido de Zinco e Eugenol e outras quatro modificações de óxido de zinco. A atividade antibacteriana foi maior quando os materiais encontravam-se no estado de mistura recente, do que quando a mistura era estocada e, por conseguinte, endurecia. Os compostos contendo formaldeído e paraformaldeído apresentaram o maior efeito testado.

TRONSTAD et al (1981) estudaram a mudança de pH após tratamento endodôntico com hidróxido de cálcio, em dentes de macaco. Os autores concluíram que o hidróxido de cálcio atua ao redor das áreas de reabsorção, impedindo a atividade dos osteoclastos e estimulando o processo de reparação dos tecidos. LEAL (1982), discorrendo a respeito de materiais obturadores de canais radiculares, destacou o hidróxido de cálcio como a substância que promoveria as porcentagens mais altas de selamentos biológicos apicais. O autor relacionou, ainda, as várias substâncias que têm sido acrescentadas ao hidróxido de cálcio puro, dando origem às pastas à base deste produto, que facilitam seu emprego por meio da melhoria de suas propriedades físico-químicas.

FRAUNHOFER & BRANSTETTER (1982) estudaram as propriedades físicas de quatro cimentos obturadores de canais radiculares, ou seja, ProcoSol, Diaket, Tubliseal e Nogenol. As propriedades avaliadas foram resistência à compressão, absorção de água e solubilidade, alteração dimensional, pH e condutividade elétrica. As resistências à compressão do ProcoSol, Diaket e Tubliseal pareceram satisfatórias. A alteração dimensional encontrada com o ProcoSol e o Tubliseal sugere que a capacidade seladora desses materiais aumenta com o passar do tempo. O Diaket foi o cimento obturador mais estável, permanecendo virtualmente inalterado durante o período dos testes. A ausência de alteração dimensional indica que a eficiência seladora é dependente principalmente de uma boa técnica de obturação. O Nogenol diferiu significantemente dos outros materiais, apresentando uma consistência borrachóide por um longo tempo.

GROSSMAN (1982a) determinou o tempo de endurecimento do cimento que ele introduziu em 1974, porém com modificações no líqüido. Ele substituiu o eugenol por óleos essenciais de erva-doce, eucaliptol e óleo de pimenta em folha. Este último foi o único a possibilitar a formação de um cimento que apresentou resultados que o compararam favoravelmente ao cimento manipulado com o eugenol, podendo assim ser considerado o seu substituto.

GROSSMAN (1982b) ressaltou a importância do conteúdo resinoso dos cimentos, escrevendo poder ele influenciar o tempo de endurecimento desses materiais e afetar os tecidos periapicais. Assim, o autor realizou um estudo para determinar o pH de seis resinas, naturais e sintéticas, e também para determinar o efeito dessas substâncias sobre o tempo de endurecimento dos cimentos obturadores. As resinas estudadas foram: Amend, Hakusui, Penresina, Primavera, Staybelite e WW. A adição de resina ao pó de óxido de zinco deu a ele corpo e consistência e permitiu ao material endurecer após decorrido um tempo razoável. O cimento de Óxido de Zinco e Eugenol sem resina não endurecia em 24 horas e, após o endurecimento, era friável. Geralmente, quanto menor o pH da resina, menor o tempo de endurecimento observado. Segundo o autor, sabia-se que os ácidos aceleram o tempo de endurecimento do cimento Óxido de Zinco e Eugenol. O ácido benzóico e o acetato de zinco têm sido recomendados como aceleradores do tempo de endurecimento. Entretanto, o fato de a adição de uma resina ao cimento obturador do canal à base de óxido de zinco e eugenol afetar o tempo de endurecimento, acelerando-o ou retardando-o, não tinha sido relatado na literatura até então. HOLLAND et al (1983) estudaram os efeitos de materiais obturadores de canais radiculares quando a região apical de dentes de macacos foram obturadas com raspas de dentina. Os materiais avaliados foram Tubliseal, pasta anti-séptica de MAISTO, Pulp Canal sealer, cimento de GROSSMAN, AH 26, Endomethasone, Diaket e Óxido de Zinco e Eugenol. Os resultados obtidos sugerem que a técnica de obturação apical com raspas de dentina parece boa, desde que essa raspas estejam isenta de debris e microrganismos.

ØRSTAVIK (1983) realizou um importante trabalho onde analisou o escoamento, tempo de trabalho e resistência à compressão de vários materiais endodônticos. Os materiais estudados foram: AH 26, Diaket, Endomethasone, Estesone, Eucaryl Poudre, Forfenan, Formocresol, Formule G. Ivanhoff, Kerr's pulp canal sealer, Kloroperka N-O, Kri 1 paste, Merpasone, Mynol C-T, N2 Normal, N2 Universal, ProcoSol, Propylor, Pulp-dent root canal sealer, Roth 811, Traitement SPAD, Tubliseal e óxido de zinco e eugenol. Dentre as conclusões do autor, destacou-se a de que as propriedades de escoamento dos cimentos obturadores do canal radicular variaram grandemente, sendo, para várias marcas, altamente dependentes da proporção pó-líqüido do material manipulado. A determinação do tempo de trabalho é preferivelmente feita com as medidas do escoamento como uma função do tempo. Os resultados apontaram a necessidade de os fabricantes fornecerem uma proporção pó-líqüido ótima para o uso clínico dos materiais estudados.

NEGM et al (1985) estudaram "in vitro" a viscosidade e o tempo de endurecimento, sob condições que se assemelhavam a situações clínicas, de três cimentos obturadores de canais: AH 26, AH 26 sem prata e Diaket. Os autores concluíram que os materiais testados são pseudoplásticos e que o tempo de espatulação deve ser prolongado, seguido de lenta inserção no canal radicular.

ZYTKIEVITZ et al (1985) estudaram o escoamento e o tempo de endurecimento inicial e final de seis materiais obturadores de canais radiculares: N-RICKERT, Trim-Canal, AlphaCanal, Endomethasone, Óxido de Zinco e Eugenol e AH 26. O N-RICKERT apresentou o maior escoamento, seguido pelo Trim-Canal e AH 26. O Endomethasone e o AlphaCanal apresentaram resultados equivalentes entre si. O Óxido de Zinco e Eugenol apresentou o menor escoamento e o maior tempo de endurecimento, seguido, nesse particular, pelo AH 26. O menor tempo foi apresentado pelo Trim-Canal.

ALEXANDER & GORDON (1985) pesquisaram a capacidade de selamento apical de canais radiculares obturados, com a técnica de condensação lateral com guta-percha, com os cimentos CRCS e o Sealapex. Os resultados evidenciaram que o Sealapex promove melhor selamento apical que o CRCS. HOVLAND & DUMSHA (1985) avaliaram comparativamente a infiltração marginal em dentes extraídos, que tiveram seus canais radiculares obturados com os seguintes cimentos endodônticos: Tubliseal, ProcoSol e Sealapex. O grupo controle foi obturado somente com guta-percha. Os autores verificaram que as infiltrações do corante de prata foram menores quando se usou cimentos endodônticos associados com cones de guta-percha na obturação dos canais radiculares.

HYDE (1986) estudou as propriedades físicas de escoamento, tempo de endurecimento, tempo de trabalho, pH, solubilidade e desintegração, adesividade à dentina e radiopacidade, dos seguintes cimentos endodônticos: Sealapex, CRCS, Tubliseal e Roth 601. O autor seguiu a Especificação 57 da American Dental Association. Os cimentos Sealapex e CRCS, que contêm hidróxido de cálcio, provocaram um aumento significante no pH da água. Pouca mudança no pH ocorreu com o cimento Roth 601, que é um cimento tipo Grossman. No que diz respeito à adesão, somente o CRCS apresentou-se satisfatório. O Sealapex exibiu alto grau de solubilidade e desintegração na água.

LIM & TIDMARSH (1986) analisaram comparativamente a infiltração marginal quando se obtura canais radiculares com cimentos Sealapex e AH 26. Eles utilizaram um método eletrolítico e verificaram que o Sealapex exibia menor infiltração que o AH 26 no período de 12 semanas. Após esse tempo, os resultados não foram significantes. Eles recomendaram, para uso clínico, o Sealapex como cimento de escolha para a obturação de canais radiculares.

WEISENSEEL et al (1987) realizaram um estudo "in vitro" com dentes humanos extraídos, sendo que quarenta e quatro dentes foram instrumentados até a lima 80 e obturados com cones de guta-percha e cimento Tubliseal. Vinte e três dentes receberam um tampão apical de 2 mm com hidróxido de cálcio antes da obturação. Dois dentes foram instrumentados, mas não obturados e foram utilizados como controle. O identificador da infiltração foi o azul de metileno a 2%. Após a análise dos resultados, os autores concluíram que o melhor selamento em canais com ápice aberto foi conseguido com o uso de hidróxido de cálcio como tampão.

ROTHIER et al (1987) compararam a capacidade obturadora dos cimentos Calciobiotic e Sealapex com a dos cimentos ProcoSol e Kerr Pulp Canal Sealer "in vitro". Os autores utilizaram para as obturações dos canais radiculares a técnica da condensação lateral com cones de guta-percha. O indicador da infiltração foi uma solução de rodamina B a 0,2%. Os resultados evidenciaram pouca infiltração em todos os canais obturados com os cimentos testados, com exceção do ProcoSol.

LEAL et al (1987) estudaram "in vitro" o selamento apical de 90 incisivos centrais superiores humanos com canais obturados com os cimentos Sealapex, AH 26 Silver Free e Fillcanal, frente a infiltração de Rodamina B a 0.2%. Após o preparo e obturação dos canais radiculares, os dentes foram submetidos aos testes. Os resultados mostraram que o Sealapex e o AH 26 Silver Free apresentaram os menores índices de infiltração e o Fillcanal, o maior. Eles verificaram, também, que o tempo de armazenagem dos dentes no corante teve influência significativa sobre a infiltração.

CAICEDO et al (1988) avaliaram os cimentos CRCS e o Sealapex comparando-os com o ProcoSol. As propriedades testadas com esses cimentos foram: resistência à compressão, solubilidade, estabilidade dimensional, radiopacidade e tempo de endurecimento. Os autores concluíram que o tempo de endurecimento do CRCS em meio úmido foi de três dias, o do ProcoSol, duas semanas e o do Sealapex, três semanas. O Sealapex mostrou expansão volumétrica em condições de umidade relativa de 100%. O CRCS e o ProcoSol apresentaram diminuição da resistência à compressão quando imersos em água. O ProcoSol teve aumento de peso em 0,5%. Quanto à radiopacidade, o CRCS e o ProcoSol não apresentaram variações após três semanas, o que não ocorreu com o Sealapex. O Sealapex apresentou grande absorção de água, mudança na radiopacidade e grande expansão volumétrica durante o endurecimento. O CRCS apresentou-se satisfatório quanto às suas propriedades físicas, entretanto, há necessidade de novos estudos sobre a capacidade de selamento desses materiais.

ØRSTAVIK (1988) fez considerações sobre as propriedades antimicrobianas dos materiais endodônticos. Ele salientou que os aditivos antimicrobianos dos materiais obturadores dos canais radiculares foram muito debatidos, ao passo que a biocompatibilidade e a não-toxicidade foram apenas recentemente salientadas como importantes. O autor salienta que os cimentos que contêm hidróxido de cálcio são biocompatíveis e antimicrobianos, sendo, assim, materiais promissores.

LEAL et al (1988) investigaram, em tecido conjuntivo subcutâneo de rato, a biocompatibilidade dos cimentos endodônticos Sealapex, CRCS, Fillcanal e N-RICKERT, em períodos de observação de 7, 21 e 60 dias. Os resultados evidenciaram que todos os materiais foram irritantes, porém em intensidade variáveis entre si e em função do tempo. Assim, no período inicial, o Sealapex e o N-RICKERT exibiram resultados próximos entre si, com características que denunciaram menor irritação tecidual do que a observada com o CRCS e o Fillcanal. Na fase final o Sealapex, CRCS e o N-RICKERT exibiram discreta reação tecidual. O Fillcanal determinou irritação um pouco mais acentuada que os demais.

KUGA et al (1988) investigaram a capacidade seladora do cimento Sealapex puro ou acrescido de iodofórmio. Para o experimento, os autores utilizaram vinte e quatro caninos humanos extraídos, prepararam seus canais radiculares e os obturaram pela técnica de condensação lateral com cimento Sealapex puro e acrescido de iodofórmio na proporção de 2:1 ou 4:1 em volume. Usaram como indicador da infiltração o azul de metileno a 2% por sete dias, a 37oC. Os resultados obtidos demonstraram que a menor infiltração ocorreu na mistura Sealapex + iodofórmio (2:1) e a maior infiltração ocorreu com o Sealapex puro.

YESILSOY et al (1988) injetaram os cimentos de Grossman, Eucapercha, Endofill, CRCS, Sealapex e Hypocal no tecido subcutâneo de rato. Os animais foram sacrificados após 6, 15, e 80 dias. As análises das respostas teciduais revelaram que o Sealapex e o EndofIll provocaram menor reação inflamatória que os outros cimentos testados.

TRONSTAD et al (1988) avaliaram as propriedades de solubilidade e biocompatibilidade de dois cimentos para obturação de canais radiculares que contêm hidróxido de cálcio: o Sealapex e o CRCS. Eles colocaram os cimentos em cilindros de teflon nas mandíbulas de cães. Após noventa dias, verificaram que o CRCS apresentava-se como um produto estável, porém promovia mais inflamação que o Sealapex. MARGELOR et al (1989) avaliaram quatro cimentos do tipo Grossman produzidos na Grécia. Por meio de raios-X de difração atômica e espectrofotometria de absorção, eles detectaram a presença de chumbo em altas doses nos materiais estudados - 80 a 150 ppm. O produto controle apresentou apenas 2 ppm de chumbo. Os autores sugerem a necessidade de se fazer um controle de qualidade rigoroso nos materiais obturadores dos canais radiculares, com o intuito de evitar a presença de metais pesados nas suas composições.

TAGGER & TAGGER (1989) realizaram pulpectomias e obturações de canais radiculares em dentes de macacos jovens. Eles utilizaram os seguintes cimentos endodônticos: CRCS, Sealapex e AH 26. Após o sacrifício dos animais, os cortes foram submetidos a tratamento histológico de rotina com coloração H.E. e Brown & Breen. Lesões inflamatórias que variaram de suave a severa foram encontradas nos ápices dos dentes obturados com AH 26 e CRCS. Muitos dos canais radiculares obturados com Sealapex não mostraram células inflamatórias na região apical.

BIRMAN et al (1990) estudaram a histocompatibilidade de um cimento à base de hidróxido de cálcio (Sealapex), revestindo com ele lamínulas de vidro e as implantando em tecido conjuntivo subcutâneo de camundongo. Não observaram, em sessenta dias, focos de calcificação. Quanto às propriedades físicas, adesividade e escoamento, foram estudadas comparativamente às do cimento N-RICKERT. Detectou-se menor grau de escoamento, enquanto que a adesividade anula-se frente ao teste de tração ao final de 168 horas.

WENNBERG & ØRSTAVIK (1990) estudaram a adesividade de oito cimentos obturadores de canais radiculares. Para esse estudo, eles cimentaram com uma fina camada de cimento, a superfície de dentina e uma camada de guta-percha. Os cimentos testados foram: AH 26, CRCS, Diaket, Hartskloroform, Kloroperka N-O, ProcoSol, Sealapex e Tubliseal. Todos os cimentos apresentaram adesividade mensurável. O AH 26 apresentou a maior adesão e o Sealapex, a menor. O tratamento prévio da dentina com EDTA provocou aumento na adesividade dos cimentos ProcoSol, Kloroperka N-O, Sealapex, Tubliseal.

Com o objetivo de analisar a resposta do tecido periapical aos cimentos obturadores de canais radiculares contendo hidróxido de cálcio, SOARES et al (1990) testaram os cimentos Sealapex e CRCS, utilizando 120 canais radiculares de dentes de cães, com rizogênese completa. Após a abertura intencional dos ápices radiculares, foram instrumentados de 1 a 2 mm aquém do ápice radiográfico e, a seguir, divididos em 3 grupos. No grupo I, os canais radiculares foram obturados com Sealapex; no grupo II, com CRCS e, no grupo III, com cones de guta-percha e cimento de Óxido de Zinco-Eugenol. Decorridos 30 e 180 dias, os animais foram sacrificados, as mandíbulas removidas, cortadas em blocos, que foram submetidos ao processamento histológico. Os resultados mostraram resposta inflamatória periapical, semelhante para o Sealapex, CRCS e cimento de Óxido de Zinco-Eugenol, cuja intensidade era maior nos espécimes sobreobturados. Nos espécimes onde a obturação do canal alcançava o batente apical, observava-se a deposição de tecido duro, causando o fechamento parcial da abertura apical. O fechamento completo não houve em nenhum dos espécimes. Nos grupos obturados com o Sealapex e CRCS, as partículas de cimento foram vistas distantes do ápice.

BRISEÑO & WILLERSHANSEN (1991) estudaram, durante 21 dias e por períodos de 24 e 48 horas, a citotoxicidade de quatro tipos de cimentos obturadores de canais à base de hidróxido de cálcio (Sealapex, Apexit, CRCS e Endoflas FS), usando fibroblastos da gengiva humana obtidos na gengiva inserida de pacientes aparentemente saudáveis. Os resultados demonstraram um grau inicial de citotoxicidade no Sealapex, Apexit e CRCS, o qual diminuiu acentuadamente após 3 dias, o mesmo não ocorrendo com o Endoflas FS, que provocou uma dramática redução no potencial de síntese proteica dos fibroblastos no grupo de 24 horas. Já no grupo de 48 horas, o Endoflas FS mostrou uma resposta ligeiramente melhor.

GETTLEMAN et al (1991) utilizaram 120 amostras de dentes anteriores, recém- extraídos, os quais foram divididos em dois grupos com e sem "smear layer". Os cimentos testados foram: AH 26, Sultan e Sealapex. Os autores concluíram que as amostras sem a camada de "smear" apresentaram maior aderência, conferidas ao AH 26, seguido pelo Sultan e finalmente o Sealapex.

COSTA JÚNIOR & BARBOSA (1992) estudaram "in vitro" as propriedades físicas dos cimentos endodônticos Fillcanal, Óxido de Zinco e Eugenol, puros e modificados pela adição de verniz cavitário, analisando o tempo de endurecimento, infiltração e permeabilidade. Concluíram que a adição do verniz ao cimento de Óxido de Zinco e Eugenol retardou o tempo de endurecimento inicial e diminuiu a infiltração marginal enquanto que a incorporação do verniz ao cimento Fillcanal fez com que o tempo de endurecimento e a infiltração marginal sofressem diminuição. Os cimentos avaliados mostraram-se mais permeáveis após a adição do verniz cavitário.

MOTTA et al (1992) avaliaram o tempo de endurecimento, escoamento, homogeneidade das partículas e adesividade de seis cimentos obturadores de canais radiculares (ProcoSol, Endomethasone, Óxido de Zinco-Eugenol, Endofill, Fillcanal e Dentinol). Os autores empregaram a norma número 8 da American Dental Association para a realização desse trabalho. Os resultados obtidos demonstraram que o tempo de endurecimento variou de 367 minutos para o Endofill a 771 minutos para o Endomethasone e o maior escoamento encontrado foi de 4,1 cm para o Fillcanal. O teste de adesividade evidenciou uma variação muito grande (1.854 Kgf de carga para Fillcanal a 22.700 Kgf para o Dentinol).

SAVIOLI (1992) estudou as relações existentes entre cada um dos componentes químicos do pó do cimento do tipo GROSSMAN e as propriedades físicas: escoamento, tempo de endurecimento, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração, espessura do filme e radiopacidade. A especificação seguida para os testes foi a de número 57 da American Dental Association (1983). Para isso, aviaram-se sete fórmulas diferentes, iniciando-se com o óxido de zinco puro, acrescentando-se as seguintes substâncias químicas: tetraborato de sódio anidro, resina natural, subcarbonato de bismuto, sulfato de bário e, por fim, o cimento cuja fórmula é exatamente a proposta por GROSSMAN (1974).

SILVA (1992) estudou as propriedades físicas dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, cujas fórmulas seguem aquelas preconizadas por GROSSMAN (1958 e 1974). Os testes foram realizados de acordo com a especificação de número 57 da American Dental Association (1983), consistindo em: escoamento, tempo de trabalho, tempo de endurecimento, espessura do filme, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração e radiopacidade.

LEONARDO et al (1993) estudaram "in vitro" a solubilidade, a dosagem de ions de cálcio e o pH do hidróxido de cálcio associado ao paramonoclorofenol canforado (PMCC) e ao paramonoclorofenol (PMC), constatando que a adição da cânfora tornou-se desnecessária nas pastas à base de hidróxido de cálcio (Calen). O pH foi semelhante nas pastas utilizadas, independente da presença do paramonoclorofenol. Contudo, na presença deste, a liberação de ions de cálcio foi mais lenta.



 
 
 
 

PROPOSIÇÃO
 

Considerando o fato de que os cimentos que contêm hidróxido de cálcio foram muito estudados no que diz respeito às suas propriedades biológicas, o objetivo do presente trabalho consiste em estudar as seguintes propriedades físico-químicas desses cimentos, encontrados no mercado nacional:
 
 

·Escoamento

·Tempo de trabalho

·Tempo de endurecimento

·Espessura do filme

·Estabilidade dimensional

·Solubilidade e desintegração

·Radiopacidade

·Adesividade

·pH

Os testes realizados para avaliar essas propriedades, com exceções dos de adesividade e pH, foram realizados de acordo com a Especificação Número 57 da American Dental Association (1983).



 
 

MATERIAIS E MÉTODOS
 
 

A Especificação Número 57 da American Dental Association para materiais obturadores de canais radiculares determina que todos os testes sejam realizados nas condições ambientais de 23 mais ou menos 2oC de temperatura e 50 mais ou menos 5 % de umidade relativa do ar, o que foi rigorosamente obedecido.

Os materiais testados foram submetidos às condições ambientais exigidas 48 horas antes do início dos experimentos.

A Tabela I lista os cimentos endodônticos testados, bem como suas composições, nome dos fabricantes e suas classificações de acordo com a Especificação seguida durante a realização deste trabalho.
 
 

TABELA I. Cimentos endodônticos testados, suas composições químicas, fabricantes e classificação de acordo com a Especificação 57 da American Dental Association
Nome comercial
Composição química
Fabricante
Tipo II

(57 ADA)

SEALER 26 pó: Resina:
Dentsply
Classe 3
  Hidróxido de cálcio Epóxi de bisfenol A    
  Óxido de bismuto      
APEXIT Pasta básica: Pasta ativadora:
Vivadent
Classe 2
  Hidróxido de cálcio Trimetilhexanodiol    
  Colofônia hidrogenada di salicilato    
  Dióxido de silicona 1,3-butanidiol di salicilato    
  Óxido de zinco Óxido de bismuto    
  Fosfato tricálcio Estearato de zinco    
  Polidimetilsiloxano Fosfato tricálcio    
  Estearato de Zinco      
SEALAPEX Pasta básica: Pasta catalisadora:
Kerr
Classe 2
  Óxido de cálcio Sulfato de bário    
  Óxido de zinco Resina polimetileno    
  Compostos a base de sulfonamida e sílica metilsalicilato    
    Dióxido de titânio    
    Sílica e pigmentos    
    Salicilato de isobutila    
CRCS Pó: Líqüido:
Hygienic
Classe 1
  Óxido de zinco Eugenol    
  Ester de resina hidrogenada Eucaliptol    
  Sulfato de bário      
  Hidróxido de cálcio      
  Subcarbonato de bismuto      
FILLCANAL Pó: Líqüido:
D.G. Ligas

Odontológicas Ltda

Classe 1
  Protóxido de zinco p.a ....40,5% Eugenol....5 ml    
  Resina hidrogenada....28% óleo de amêndoas doces....1 ml    
  Subcarbonato de bismuto....16%      
  Sulfato de bário....15%      
  Borato de sódio anidro....0,5%      
PR-SEALER * Pó: Líqüido: 
FORP-USP / FOUERJ
Classe 1
  Hidróxido de cálcio....04% Eugenol    
  Colofônia....26%      
  Óxido de zinco....41%       
  Subcarbonato de bismuto....14%      
  Sulfato de bário....14%      
  Borato de sódio anidro....O1%       

* = Nome de fantasia

Os cimentos estudados foram sempre do mesmo lote de fabricação. A Figura 1 ilustra os cimentos FILLCANAL, CRCS e PR-SEALER e a Figura 2 mostra os cimentos SEALAPEX, APEXIT e SEALER 26.

O cimento PR-SEALER, cuja fórmula encontra-se expressa na Tabela I, foi desenvolvido no Laboratório de Pesquisa em Endodontia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, especialmente para a realização deste trabalho.

FIGURA 1. Cimentos: FILLCANAL, CRCS e PR-SEALER utilizados na pesquisa. O CRCS e o PR-SEALER contêm hidróxido de cálcio em suas fórmulas.

FIGURA 2.Cimentos SEALAPEX, APEXIT e SEALER 26. Todos contendo hidróxido de cálcio.

Determinação da relação pó/líqüido dos cimentos testados

O passo inicial para a realização dos testes consistiu na elaboração de uma relação pó/líqüido específica para cada material testado, que foi rigorosamente seguida durante a realização de todos os testes. O objetivo foi estabelecer uma quantidade exata de pó ou pasta que, manipulada com o líqüido, eugenol, outra pasta ou resina fornecidos pelo fabricante, pudesse fornecer um cimento obturador que possuísse a consistência clínica ideal preconizada por GROSSMAN (1974). Esse procedimento fez-se necessário, uma vez que as instruções fornecidas pelos fabricantes são omissas quanto à informação sobre qual a quantidade de pó que deveria ser misturada a outra determinada de líqüido ou resina.

Obteve-se essa relação como será descrita a seguir. Inicialmente, pesaram-se 3 gramas do pó do cimento a ser estudado. Colocaram-se, com a ajuda de uma pipeta graduada, 0,20 ml do líqüido, ou com uma seringa de 1 ml (própria para insulina), o mesmo volume de resina, que foi misturado ao pó sobre uma placa de vidro lisa e limpa, de 20 milímetros de espessura. O pó foi incorporado ao líqüido ou resina aos poucos, com a ajuda de uma espátula metálica número 24 flexível, e submetido a uma espatulação vigorosa.

Cumpre salientar que todas as determinações, bem como todos os testes realizados que serão descritos posteriormente, foram realizados pelo mesmo operador, a fim de evitar que a energia dispensada durante a manipulação dos materiais fosse a menos variável possível.

Durante a realização desses procedimentos e dos demais, fez-se apenas um teste por dia, envolvendo um único material, a fim de evitar o cansaço físico do operador. Isso poderia influenciar os resultados obtidos.

Uma vez obtida a consistência clínica ideal, pesou-se a quantidade de pó remanescente, que não foi utilizada durante a manipulação, e determinou-se, por simples subtração, o quanto de pó foi efetivamente utilizado. O tempo dispensado durante a espatulação do cimento também foi anotado.

Assim, para cada cimento obturador, foi elaborada uma relação de algumas gramas de pó/0,20 mililitros de líqüido ou resina fornecidos pelo fabricante ou o eugenol, e que levou um certo número de segundos para que a consistência clínica ideal fosse alcançada. Isso foi repetido cinco vezes para cada material testado. Obteve-se uma média aritmética desses valores e, por simples regra de três, determinou-se o quanto de pó foi necessário para que, quando misturado a 1 mililitro de líqüido, resina ou eugenol fornecidos, manipulados durante o tempo médio determinado, fosse obtida a consistência ideal desejada. Segundo GROSSMAN (1974), o cimento obturador do canal radicular está na consistência ideal quando, após manipulado e ajuntado na espátula e levantando-a da placa de vidro, demora de 10 a 15 segundos para cair (Figura 3).

Quando a espátula for colocada sobre a massa amolecida do cimento manipulado e levantada da placa de vidro, deverá formar um fio de mais ou menos 2,54 centímetros, sem se romper, unindo a espátula à massa que ficará sobre a placa (Figura 4).

Para os cimentos APEXIT e SEALAPEX, foram usadas as especificações dos fabricantes, que determinam quantidades iguais para a pasta base e catalisadora. No presente trabalho utilizou-se uma quantidade correspondente a cinco centímetros de cada pasta, que foi suficiente para preencher cada corpo de prova.

Estabelecidas as relações pó/líqüido e as proporções pasta/pasta, procedeu-se então à realização dos testes preconizados pela Especificação Número 57 da American Dental Association.

FIGURA 3. Teste de consistência do cimento obturador. Após espatulado e ajuntado na espátula, ele deve demorar de 10 a 15 segundos para cair

FIGURA 4.Teste de consistência do cimento obturador. Fio de 2,54 centímetros aproximadamente que deve formar-se entre a massa do cimento e a espátula.
 
 

ESCOAMENTO
 

Manipulado o cimento a ser testado na consistência clínica, pegava-se um volume de 0,5 ml e colocava-se sobre uma placa de vidro limpa. Para isso, usou-se uma seringa Luer de vidro, que teve a sua extremidade seccionada e cujo volume exigido foi determinado a partir de testes prévios, tendo sido confeccionada uma parada para o êmbolo, de modo que quando ele estivesse naquela posição determinada, o volume de cimento que a seringa carregaria seria sempre de 0,5 ml (Figura 5).

FIGURA 5.Seringa ajustada para carregar o volume de 0,5 ml de cimento.

Após ter colocado o referido volume de cimento sobre a placa de vidro (Figura 6) e decorridos 180 mais ou menos 5 segundos do início da mistura, colocou-se cuidadosamente e centralmente por sobre o material amolecido, um conjunto composto por uma placa de vidro, de dimensões 60 por 60 mm e 20 gramas de peso, e por um peso adicional, fazendo com que a carga total fosse de 120 gramas (Figura 7).

Dez minutos após o início da mistura, removia-se o peso e anotavam-se os diâmetros maiores e menores do disco formado pelo cimento comprimido, desde que a diferença entre eles fosse de 1 milímetro no máximo (Figura 8). Essas medidas eram transformadas em um diâmetro médio, que era tido como o resultado para aquela fase do teste.

Para a medição dos diâmetros, usou-se um paquímetro marca TESA (Figura 9), de procedência suíça. Se o disco obtido não fosse uniformemente circular ou se os diâmetros maiores e menores variassem de mais de 1 milímetro, o teste era desprezado e repetido. Tomava-se a média aritmética de três determinações e os resultados eram aproximados para o milímetro mais próximo. Considerava-se essa média como o escoamento do material estudado. Os valores originais obtidos para cada material encontram-se no apêndice desse trabalho.

FIGURA 6.Colocação do cimento testado sobre a placa de vidro, conforme o realizado nos testes de escoamento e tempo de trabalho.

FIGURA 7.Conjunto utilizado nos testes de escoamento e tempo de trabalho. A) placa de vidro superior. B) Carga. A massa total A e B é de 120 gramas.

FIGURA 8.Disco circular obtido durante a realização do teste de escoamento.

FIGURA 9.Paquímetro utilizado para as medições durante as realizações dos testes de escoamento e tempo de trabalho.

TEMPO DE TRABALHO

Manipulava-se o cimento a ser testado e um volume de 0,5 ml desse material, acondicionado em uma seringa Luer (Figura 5), era colocado sobre uma placa de vidro limpa (Figura 6). Decorridos 210 mais ou menos 5 segundos do início da mistura, colocava-se uma carga de 120 gramas sobre o cimento manipulado. Essa carga era composta por outra placa de vidro, de dimensões 60 por 60 milímetros e massa de 20 gramas, mais a massa adicional, à semelhança dos procedimentos executados durante a realização dos testes de escoamento (Figura 7).

A Especificação 57 da American Dental Association determina que o tempo de trabalho do material testado corresponde ao tempo decorrido a partir do começo da mistura até que o diâmetro do disco obtido com a compressão do material atinja um valor que corresponda a 10 por cento menos do que o valor obtido pelo escoamento do mesmo material testado. A medição do diâmetro do disco era feita com o paquímetro da marca TESA (Figura 9). Assim, obtinha-se a média de três determinações e o resultado, que era aproximado para os 30 segundos mais próximos, era tido como o valor do tempo de trabalho para cada cimento testado.
 

TEMPO DE ENDURECIMENTO
 

Para realizar este experimento, confeccionaram-se moldes de aço inoxidável, cilíndricos, com diâmetros internos de 10 milímetros e espessuras uniformes de 2 milímetros (Figura 10). Fixavam-se os moldes, em suas faces externas com auxílio de cera utilidade, sobre uma placa de vidro de 1 milímetro de espessura por 25 milímetros de largura e 75 milímetros de comprimento.

A seguir, manipulava-se o cimento a ser testado e o colocava no interior do molde metálico, até que este ficasse totalmente preenchido (Figura 10).

Passados 120 mais ou menos 10 segundos do início da mistura, colocava-se o conjunto lâmina de vidro-molde preenchido pelo cimento sobre um bloco metálico de dimensões 10 por 20 por 10 milímetros, sendo que este bloco estava acondicionado dentro de um recipiente plástico com vedação hermética, que era mantido a uma temperatura constante de 37oC, dentro de uma estufa. No interior desse recipiente, mantinha-se uma atmosfera com 95 por cento de umidade relativa do ar, devidamente constatada por um aparelho HYGRO-HAAR-SYNTH, de procedência alemã, ali instalado. Assim, o conjunto formado pelo corpo de prova/lâmina de vidro/bloco metálico ficava dentro da câmara até o final do teste. Decorridos 150 mais ou menos 10 segundos do início da mistura, abaixava-se verticalmente uma agulha tipo Gillmore, de 100 gramas e ponta ativa de 2,0 milímetros, sobre a superfície horizontal do material (Figura 11).

FIGURA 10. Moldes circulares de dimensões 10 mm de diâmetro interno e 2 mm de espessura. A) molde vazio. B) molde preenchido pelo material testado.

Repetia-se regularmente a colocação da agulha sobre o material, em intervalos de 60 segundos, até que ela não provocasse mais marcas no cimento que estava sendo testado. O tempo de endurecimento de um cimento era tido como sendo o tempo decorrido entre o início da mistura e o momento no qual as marcas da agulha tipo Gillmore deixassem de ser visíveis na superfície do cimento testado.

Considerava-se o tempo de endurecimento como sendo a média aritmética de três repetições.

FIGURA 11. Simulação do teste do tempo de endurecimento. A agulha tipo Gillmore era abaixada sobre a superfície do cimento testado. O conjunto todo ficava dentro de uma câmara climatizada.
 

ESPESSURA DO FILME
 

Após manipulado o cimento em estudo, pegava-se um volume de 0,5 mililitros com a ajuda da seringa Luer de vidro. Depositava-se esse material sobre uma placa de vidro quadrada de 14,2 por 14,2 milímetros , com espessura de 6 milímetros, envolta em lâmina de papel celofane. Colocava-se uma segunda placa, de características semelhantes, sobre o material depositado.

Decorridos 180 mais ou menos 10 segundos do início da mistura, aplicava-se verticalmente uma carga de 15 Kgf sobre a placa de cima. Para que isso fosse possível, utilizou-se um aparelho MLW, de procedência alemã (Figura 12).

O cimento ocupava totalmente a área entre as placas de vidro. Decorridos 10 minutos do início da mistura, media-se a espessura das duas placas de vidro, juntamente com o material interposto entre elas.

A diferença de espessura das duas placas de vidro com e sem filme de cimento obturador interposto entre elas é a espessura do filme daquele cimento testado.

Fazia-se a média de três determinações e aproximava-se para os 5 micrometros mais próximos, chegando-se finalmente ao valor que era representativo como sendo a espessura do filme daquele cimento estudado.

FIGURA 12. Aparelho de carga da marca MLW utilizado nos testes de espessura do filme. A) relógio micrométrico. B) local para colocação do conjunto que vai receber a carga de 15 Kgf. C) carga.
 
 

ESTABILIDADE DIMENSIONAL
 
 

Para se realizar esse teste, usaram-se moldes de Teflon seccionados ao meio, que possibilitaram a obtenção de corpos de prova cilíndricos, com dimensões de 12 milímetros de altura por 6 milímetros de diâmetro (Figura 13).

Manipulado o cimento a ser testado, o passo seguinte consistia no preenchimento do molde, que deveria estar sobre uma fina lâmina de celofane sustentada por uma lâmina de microscópio. O preenchimento do molde dava-se de tal modo que se pudesse verificar um ligeiro excesso de material na sua extremidade superior. Feito isso, pressionava-se outra lâmina de microscópio que estava envolvida por outra lâmina de celofane sobre a superfície superior do molde.

Obtinha-se então um conjunto formado pelas lâminas de microscópio, lâminas de celofane e, no meio, o molde contendo o material. Esse conjunto mantinha-se firmemente unido com a ajuda de um grampo em forma da letra C, que vinha integrar-se a ele. Decorridos 5 minutos do início da mistura, transferia-se o conjunto para uma câmara com 95% de umidade relativa do ar e temperatura de 37oC, que já foi devidamente descrita no teste de tempo de endurecimento.

Mantinham-se nesse local os corpos de prova até que decorresse um tempo que fosse igual a três vezes mais que o tempo de endurecimento determinado anteriormente para o material testado.

O passo seguinte consistia em pegar o molde contendo a amostra e lixar as extremidades do material, sob irrigação com água destilada e deionizada, com ajuda de uma lixa de granulação 600, para regularizar a sua superfície.

Removia-se então a amostra do molde, media-se o seu comprimento com um paquímetro (Figura 9), guardava-se a amostra em um recipiente de vidro que comportava um volume total de 50 mililitros. Esse recipiente continha 30 mililitros de água destilada deionizada a uma temperatura de 37oC no seu interior.

Mantinha-se o corpo de prova nessas condições durante 30 dias.

Após esse tempo, removia-se a amostra do recipiente e retirava-se o excesso de água com auxílio de papel absorvente. Fazia-se então uma nova medição do seu comprimento.

Obteve-se o cálculo da alteração dimensional percentual usando-se a seguinte fórmula, de acordo com a Especificação 57 da American Dental Association:
 

C 30 dias - C
   
-----------------------------
X
100
C
   

onde:

C 30 dias é o comprimento da amostra após decorridos 30 dias nas condições do experimento.

C é o comprimento inicial da amostra.
Anotava-se a média aritmética de três repetições como sendo a alteração dimensional percentual do cimento testado.

FIGURA 13. Moldes cilíndricos, de dimensões 12 mm de altura por 6 mm de diâmetro, utilizados para confeccionar corpos de prova empregados nos testes de estabilidade dimensional. A) molde fechado, B) molde aberto e C) corpo de prova.
 

SOLUBILIDADE E DESINTEGRAÇÃO
 

Os moldes de teflon utilizados durante a realização desse teste eram circulares, com 1,5 milímetros de espessura e 20 milímetros de diâmetro interno (Figura 14). Colocavam-se esses moldes sobre uma fina lâmina de celofane sustentada por uma placa de vidro de 40 x 80 x 5 milímetros. Manipulava-se o cimento a ser testado e o colocava dentro do molde. A seguir, inseria-se um fio de nylon de diâmetro de aproximadamente 0,5 milímetro na massa do cimento amolecido.

Posteriormente, colocava-se outra placa de vidro, de dimensões iguais às daquela que estava sob o cimento, envolvida por outra lâmina de celofane, sobre o molde preenchido de material. Sobre esse conjunto, colocava-se uma massa de 100 gramas que vinha a fazer parte do sistema. Transportava-se todo esse conjunto para um ambiente hermético, com características de temperatura e umidade relativa do ar iguais ao último teste descrito.

Decorrido um intervalo de tempo três vezes maior que o tempo de endurecimento conhecido para o cimento utilizado, removia-se a amostra do molde e, após retirar quaisquer resíduos ou partículas perdidas, pesava-se a amostra, aproximando para os 0,001 g mais próximos, em uma balança de precisão marca MLW, de procedência alemã.

Feito isso, suspendia-se a amostra pelo fio de nylon e a colocava no interior de um recipiente de plástico com boca larga, contendo 50 mililitros de água destilada e deionizada, tomando-se o cuidado de não permitir nenhum contato entre a amostra e a superfície interna do recipiente.

Colocava-se uma amostra em cada recipiente, que era fechado e levado para o interior de uma estufa a 37oC, e ali permanecia por uma semana.

Após isso, removia-se a amostra, enxaguava-a com 20 mililitros de água destilada e deionizada, removendo-se o excesso com a ajuda de um lenço de papel absorvente. Em seguida, colocava-se a amostra no interior de um desumidificador, na sua parte superior. Na parte inferior, colocava-se ácido sulfúrico concentrado. Mantinha-se esse sistema por 24 horas. Decorrido esse tempo, retirava-se a amostra do desumidificador e fazia-se uma segunda pesagem, aproximando-se novamente para os 0,001 g mais próximos.

Anotava-se a perda de massa de cada amostra, expressa como porcentagem da massa inicial do material. Essa perda consiste na solubilidade do material testado.

Considerou-se a média de duas determinações, aproximada para os 0,1 percentuais mais próximos, como sendo a solubilidade e desintegração do cimento testado.

FIGURA 14 Molde circular, com 1,5 mm de espessura e 20 mm de diâmetro interno, utilizado no teste de solubilidade e desintegração. A) corpo de prova pronto. B) molde.
 

RADIOPACIDADE

Para a obtenção das amostras com o intuito de realizar esse teste, usaram-se moldes metálicos circulares iguais àqueles utilizados para a realização do teste de tempo de endurecimento dos materiais (Figura 10).

Obtiveram-se duas amostras por cimento estudado, perfazendo um total de 12 amostras.

Para obterem-se as amostras que tivessem rigorosamente uma espessura uniforme de 2 milímetros, fez-se o seguinte: colocou-se o molde sobre uma lâmina de papel celofane sustentada por uma lâmina de microscópio. A seguir, preencheu-se o molde e, por cima dele, pressionou-se outra lâmina de vidro envolta em papel celofane. Sobre esse conjunto, colocou-se uma massa de 100 g e levou-se o material em uma câmara a 37oC e 95% de umidade relativa do ar.

Após decorridos os tempos de endurecimento dos cimentos, colocaram-se as 12 amostras, devidamente identificadas, sobre um filme oclusal da marca AGFA, do grupo D. Ainda sobre esse mesmo filme, colocou-se uma escada de alumínio 99% (liga 1100), cuja espessura variava de 1 a 10 milímetros, aumentando em incrementos uniformes de 1 milímetro por degrau (Figura 15), com o objetivo de permitir a comparação entre os degraus da escada e as respectivas amostras.

A etapa seguinte consistiu na obtenção da radiografia das amostras e da escada. Para isso, utilizou-se um aparelho de raios-X marca RITTER, de procedência norte-americana. Esse aparelho foi regulado para emitir radiação com 65 KVp e 10 mA. A distância foco-objeto, que o separou dos corpos de prova a serem radiografados, foi de 400 milímetros. Sua filtração inerente do raio era de 2,5 milímetro de alumínio. O tempo de exposição foi de 1 segundo.

Obtida a radiografia, ela foi revelada durante 1 minuto, lavada em água corrente, e fixada durante 15 minutos. As soluções reveladoras e fixadoras eram da marca KODAK. Posteriormente, fez-se a sua lavagem final em água durante 30 minutos. Todas essas soluções, bem como a água utilizada para a lavagem, foram mantidas a uma temperatura constante de 26oC. Seguindo-se, fez-se a sua secagem em um dispositivo próprio para isso, de modo a evitar manchas.

FIGURA 15.Escada de alumínio utilizada no teste de radiopacidade.

FIGURA 16. Radiografia final utilizada para o teste de radiopacidade. Identificação dos corpos de prova (dois para cada cimentos estudados): A ) FILLCANAL, B) PR-SEALER, C) SEALER 26, D) CRCS, E) SEALAPEX e F) APEXIT.

Tendo-se a radiografia pronta em mãos (Figura 16), procedeu-se então à leitura das densidades ópticas das amostras e de cada degrau da escada de alumínio, com a ajuda de um fotodensitômetro marca Victoreen, modelo 07-424 (Figura 17).

FIGURA 17. Fotodensitômetro utilizado para medir as densidades ópticas das imagens radiográficas dos corpos de prova e da escada de alumínio.

Cada material deu, assim dois números de densidade ópticas (D.O.) que expressam a sua radiopacidade. Fez-se a média aritmética desses números, obtendo-se um único valor que foi tido como resultado final do teste para cada cimento estudado.

ADESIVIDADE

Para realização do teste de adesividade foram, confeccionados cilindros de alumínio de 10 milímetros de comprimento por 6,0 milímetros de diâmetro interno e com alça lateral de fio de aço inoxidável (Figura 18).

Molares inferiores e superiores humanos extraídos e íntegros foram desgastados em toda a sua superfície oclusal, deixando exposta uma superfície de dentina. As raízes foram fixadas em uma base de resina acrílica (Figura 18).

FIGURA 18. Corpo de prova em alumínio, dente desgastado oclusalmente e preso em uma base de resina acrílica.

Os dentes foram colocados em uma câmara a 37oC e umidade relativa de 95%, até o momento do uso.

Foram realizados três experimentos para cada tipo de cimento e os dentes foram divididos em dois grupos, ou seja, com e sem a aplicação de EDTA na superfície dentinária. Para a remoção do "smear layer", utilizaram-se duas gotas de EDTA em toda a superfície dentinária por 5 minutos e em seguida, removia-o por meio de lavagem dos dentes em água destilada e deionizada.

A seguir, os cilindros eram fixados nas superfícies dentinárias com auxílio de cera utilidade e preenchidos com o material a ser testado.

Após esse procedimento, o conjunto era colocado na estufa à 37oC e umidade relativa de 95%, por um tempo superior a três vezes o tempo de endurecimento do material testado.

Uma vez completado o tempo exigido, o conjunto era colocado em uma máquina previamente construída para a aplicação da força de tração, com aplicação de massa de modo gradual, até que o cilindro contendo o material rompesse do dente. Anotava-se a massa em quilogramas necessária para o rompimento do conjunto (cilindro com material e a dentina). A Figura 19 ilustra a máquina utilizada para esse experimento. Os cálculos da tensão de tração foram calculados em Mega-Pascal.

FIGURA 19. Máquina utilizada para avaliar a adesividade dos cimentos testados. A) local de colocação do dente fixo em resina. B) cilindro com o material a ser testado e cimentado na dentina. C) fio para transmitir a força de tração. D) local de colocação da massa.
 
 

AVALIAÇÃO DO pH
 
 

Foram feitos moldes circulares de teflon com 20 milímetros de diâmetro interno e 1,5 milímetro de espessura. Colocavam-se esses moldes sobre uma fina lâmina de celofane sustentada por uma placa de vidro de 40 X 80 X 5 milímetro. Manipulava-se o cimento a ser testado e o colocava dentro do molde.

A seguir, inseria-se um fio de nylon de diâmetro de aproximadamente 0,5 milímetro na massa do material amolecido.

Posteriormente, colocava-se outra placa de vidro, de dimensões iguais à daquela que estava sob o material, envolvida por uma outra lâmina de celofane sobre o molde preenchido de material. Sobre esse conjunto, colocava-se uma massa de 100 gramas que vinha a fazer parte do sistema.

Transportava-se todo esse conjunto para um ambiente à 37oC e umidade relativa de 95%, semelhante ao utilizado no teste de solubilidade e desintegração.

Decorrido o tempo de endurecimento medido anteriormente para cada material, removia-se a amostra do molde e, após retirar quaisquer resíduos ou partículas perdidas, os corpos de prova estavam prontos para serem testados.

Preparou-se um recipiente de vidro de aproximadamente 40 milímetros de diâmetro e volume total de 80 mililitros, que continha 50 mililitros de água destilada e deionizada no seu interior.

Nessa fase, media-se e anotava-se o pH da água contida no interior dos recipientes, por meio de um pH-meter da marca DIGIMED, de procedência nacional (Figura 20).

Em seguida, suspendeu-se a amostra no interior do recipiente de vidro, de tal maneira que a mesma ficasse imersa na água. Em seguida, o recipiente era fechado cuidadosamente. Tomava-se o cuidado para que não houvesse qualquer tipo de contato entre a amostra e as paredes do recipiente.

Guardava-se o recipiente contendo a amostra em uma estufa a 37oC e, após três horas, fazia-se a primeira medida do pH. As medidas subseqüentes foram tomadas com intervalos de 24 horas, durante uma semana. Faziam-se duas medições para cada cimento e obtinha-se a média aritmética entre elas.

Para avaliar o pH do cimento imediatamente após a sua espatulação, procedia-se do seguinte modo: uma porção do cimento era colocada em um tubo de ensaio e, a seguir, adicionavam-se 9 mililitros de água destilada e deionizada. Esse conjunto era submetido à centrifugação por cinco minutos com 3000 r.p.m., em uma centrífuga EXCELSA BABY I, de procedência nacional. Após esse tempo, media-se o pH do líqüido sobrenadante.
 
 

FIGURA 20.Aparelho pH-meter marca DIGIMED.



 
 

RESULDOS E DISCUSSÃO
 
 

Obtidos os valores resultantes da realização de todos os testes para avaliação das propriedades físicas dos cimentos testados, eles foram submetidos à análise estatística. Para esse objetivo, utilizou-se um programa de computador (GMC-6.2) elaborado pelo Prof. Dr. Geraldo Maia Campos, cuja cortesia permitiu analisar os resultados de maneira rápida e segura.

Analisou-se cada teste individualmente. Carregava-se o programa com os valores pertinentes a determinado teste e fazia-se a análise. Isto foi estabelecido como rotina de trabalho. Em primeiro lugar, testou-se a normalidade dos valores amostrais para verificar se a análise empregada seria paramétrica ou não. Quando os valores obtidos apresentavam uma distribuição não-normal, fazia-se a análise não-paramétrica, o teste de Kruskal-Wallis.
 
 

Relação pó/líqüido e pó/resina dos cimentos endodônticos testados
 
 

A Tabela II mostra as relações entre os pós e os líqüidos necessárias para cada cimento testado neste trabalho, bem como os tempos em segundos gastos nas suas espatulações, a fim de se obterem as consistência clínica desejadas.

Os cimentos que se apresentam na forma pó/líqüido (FILLCANAL, CRCS e PR-SEALER) e o cimento cuja formulação é pó/resina (SEALER 26) não apresentam instruções precisas, fornecidas pelos fabricantes, sobre a quantidade de pó que deve ser misturada a outra determinada quantidade de líqüido ou resina.

Os cimentos cujas apresentações são na forma de pasta base e pasta ativadora (SEALAPEX e APEXIT) trazem instruções precisas a respeito das quantidades dos materiais a serem utilizados, ou seja, partes iguais de cada pasta. Assim foram necessários 5 centímetros de cada pasta desses cimentos para preencher de modo suficiente os corpos de provas utilizados.
 
 
 

TABELA II. Valores da relação pó/líqüido e tempo de espatulação, em segundos, obtidos em cinco repetições para cada cimento testado
Cimentos testados
Gramas de pó / 20 ml de líqüido
Média
Tempo de espatulação (s)
Média
SEALER 26 (resina epóxi)
0,21 0,15 0,11 0,11 0,12
0,14
110
80
70
70
75
81
CRCS (pó/líqüido)
1,08 1,05 1,12 1,15 1,06
1,09
180
150
207
150
223
182 
FILLCANAL (pó/líqüido)
1,20 1,12 1,15 1,07 1,14
1,14
160
155
130
130
135
142
PR-SEALER (pó/líqüido)
1,13 1,02 1,12 1,09 1,14
1,10
155
210
180
180
205
186

 

Submeteram-se os dados da Tabela II a uma série de testes estatísticos preliminares, visando a verificar se a distribuição do erro amostral seria normal.

Inicialmente, fez-se um teste de aderência à curva normal com os valores obtidos. Posteriormente, traçou-se o histograma com sobreposição da curva normal matemática. A interpretação revelou que a distribuição amostral não era normal.

Passou-se então à análise não-paramétrica. Os dados eram independentes, com mais de uma amostra e, então, utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis. Esse teste indicou que havia significância ao nível de 1%, para uma probabilidade de H0 de 0,71%. A seguir, comparou-se a diferença entre as médias dos postos das amostras duas a duas, listados na Tabela III.
 
 


TABELA III. Comparação entre as médias dos postos das amostras dos cimentos

Amostra comparadas

(duas a duas)

Diferença entre as médias dos postos
Valor Crítico

(a = 0,01%)

Significância
SEALER 26 x CRCS
8,3000
 
*
SEALER 26 x FILLCANAL
12,4000
 
*
SEALER 26 x PR-SEALER
9,3000
7,1669
*
CRCS x FILLCANAL
4,1000
 
ns
CRCS x PR-SEALER
1,0000 
 
ns
FILLCANAL x PR-SEALER 
3,1000 
 
ns

* = significante ns = não significante
 
 

Os resultados revelaram que os cimentos CRCS, FILLCANAL e PR-SEALER constituem um grupo separado cujas diferenças foram não-significante entre si, em relação à quantidade de pó incorporada à quantidade de líqüido estabelecida.

Esses cimentos são estruturalmente cimentos de óxido de zinco e eugenol e, ainda, do tipo cimento de GROSSMAN. As diferenças existentes em suas fórmulas são pequenas. O PR-SEALER apresenta, em sua composição, 4% de hidróxido de cálcio e o CRCS tem hidróxido de cálcio em quantidade não revelada pelo fabricante. No líqüido do CRCS, encontra-se adicionado eucaliptol ao eugenol, também em concentração desconhecida.

Tanto a adição de hidróxido de cálcio ao pó como a adição de eucaliptol ao líqüido do cimento CRCS não foi suficiente para alterar a relação pó/líqüido em relação aos cimentos PR-SEALER e FILLCANAL.

O cimento FILLCANAL é um cimento do tipo GROSSMAN como relata a sua fórmula, a qual teve comprovação pela microanálise espectográfica a laser realizada por SILVA (1992).

O cimento SEALER 26, à base de resina epóxi, incorpora pouco pó a 0,20 ml de resina, quando comparado com os cimentos CRCS, FILLCANAL e PR-SEALER.

BRAUER (1967) recomendou a incorporação de uma quantidade máxima de pó para um determinado volume de líqüido, desde que isso proporcione uma consistência possível de utilização.

BATCHELOR & WILSON (1969) realizaram estudos prévios à realização da sua pesquisa para determinar proporções pó/líqüido para os cimentos testados e verificaram que essa relação influencia as propriedades biológicas dos materiais.

Assim, torna-se cada vez mais evidente a necessidade da determinação de relações pó/líqüido para cada cimento obturador que for submetido ao estudo das propriedades físicas. Isso foi seguido por LEAL (1966), BATCHELOR & WILSON (1969), SIMÕES FILHO (1969), BENATTI et al (1978), SAMPAIO et al (1982), HYDE (1986), SAVIOLI (1992) e SILVA (1992).

O volume de líquido utilizado para a realização dos testes encontra-se fundamentado no fato de a massa de cimento resultante possibilitar a execução de todos os testes.

A determinação da relação pó/líqüido para os cimentos CRCS, FILLCANAL, PR-SEALER e a relação pó/resina para o SEALER 26 foi realizada de modo estabelecido por SAVIOLI (1992) e SILVA (1992), que dá ao operador tempo livre de espatulação. Mesmo assim, conseguiram-se massas homogêneas de cimento manipulado, na consistência almejada, no tempo de espatulação de três minutos preconizados por GROSSMAN (1974).

ESCOAMENTO

A Tabela IV relaciona os escoamentos dos cimentos endodônticos estudados, bem como os escoamentos médios e os valores aproximados obtidos para cada cimento testado. Realizaram-se três medidas de escoamento para cada material, de acordo com a Especificação 57 da ADA.
 
 

TABELA IV. Teste de escoamento dos cimentos endodônticos testados

Cimentos testados
Escoamento (mm)
Média
Aproximação
SEALER 26
32,29 31,47 32,78
32,18
32,00
CRCS
40,80 40,39 41,89
41,02
41,00
FILLCANAL
27,52 27,34 28,00
27,71
28,00
PR-SEALER
37,08 40,90 41,07
39,68
40,00
SEALAPEX
48,08 46,80 45,64
46,84
47,00
APEXIT
34,84 35,83 34,84
35,17
35,00

 

A recomendação da Especificação da ADA para o teste de escoamento relata que o disco formado pelo cimento deve ter pelo menos 25 milímetros de diâmetro. Desse modo, pela simples análise da Tabela IV, pode-se observar que todos os cimentos preenchem essa condição, mas o cimento FILLCANAL está mais próximo do valor mínimo. Os cimentos CRCS e PR-SEALER apresentaram escoamento na faixa de 40 milímetros e o SEALAPEX apresentou o maior escoamento dos materiais testados (47 mm).

O estudo dos parâmetros amostrais evidenciou ser a distribuição amostral não-normal o que conduziu à aplicação do teste de Kruskal-Wallis, como pode ser visto na Tabela V.
 
 

TABELA V. Teste de Kruskal-Wallis dos valores de escoamento

Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado
15,8468
Valor do c2 para 5 graus de liberdade
15,85
Probabilidade de H0 para esse nível
0,75%

Significante ao nível de 1% (a =0,01)
 
 

Procedeu-se então à realização das comparações das médias dos postos das amostras, analisadas pelo teste de Kruskal-Wallis, que pode ser visto na Tabela VI.
 
 
 
 
 

TABELA VI. Comparação entre as médias dos pontos das amostras dos cimentos, duas a duas
Amostras comparadas

(duas a duas)

Diferenças entre médias
Valor crítico

(a = 0,01)

Significância
SEALER 26 X CRCS
8,0000
 
*
SEALER 26 X FILLCANAL
3,0000
 
ns
SEALER 26 X PR-SEALER
7,3333
 
*
SEALER 26 X APEXIT
3,0000
 
ns
CRCS X FILLCANAL
11,0000
 
*
CRCS X PR-SEALER
0,6667
 
ns
CRCS X SEALAPEX
3,6667
4,1260
ns
CRCS X APEXIT
5,0000
 
*
FILLCANAL X PR-SEALER
10,0000
 
*
FILLCANAL X SEALAPEX
14,6667
 
*
FILLCANAL X APEXIT
6,0000
 
*
PR-SEALER X SEALAPEX
4,3333
 
*
PR-SEALER X APEXIT
4,3333
 
*
SEALAPEX X APEXIT
6,6667
 
*

* = Significante ns = não significante
 
 

Os cimentos SEALER 26 e FILLCANAL não apresentam diferenças estatísticas significantes entre si ao nível de 1%. O mesmo fato ocorre entre o SEALER 26 e APEXIT; CRCS e PR-SEALER, e entre o CRCS e SEALAPEX.

Assim, pode-se afirmar que o SEALER 26 e FILLCANAL apresentam escoamentos semelhantes entre si e os menores dos cimentos estudados neste trabalho.

O cimento CRCS e o SEALAPEX apresentam escoamentos estatisticamente semelhantes entre si. O PR-SEALER apresentou escoamento maior que o do FILLCANAL, SEALER 26 e APEXIT e inferior ao do CRCS e SEALAPEX.

O SEALAPEX apresentou escoamento maior que todos os cimentos estudados e bem superior ao APEXIT , que também é um cimento pasta/pasta contendo hidróxido de cálcio.

O SEALER 26, que é um cimento à base de resina epóxi, apresentou o menor escoamento dos cimentos que contêm hidróxido de cálcio.

O PR-SEALER e o CRCS são cimentos do tipo GROSSMAN que contêm hidróxido de cálcio e apresentaram escoamento bem superior ao cimento FILLCANAL.

O FILLCANAL foi o cimento que apresentou o menor escoamento e este resultado ratifica o de SILVA (1992), que estudou o escoamento dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol do tipo GROSSMAN encontrados no mercado brasileiro. A baixa viscosidade do cimento FILLCANAL deve estár relacionada com uma baixa concentração de resina hidrogenada em sua fórmula. SAVIOLI (1992) verificou que a resina natural (Colofônia) é responsável pelo escoamento do cimento de GROSSMAN.

No presente trabalho, constatou-se que o SEALAPEX apresenta maior escoamento que o CRCS , o que está em desacordo com os achados de HYDE (1986), que constatou um maior escoamento do cimento CRCS em relação ao SEALAPEX.

Vários foram os autores que pesquisaram o escoamento dos cimentos, entre os quais podem-se citar: WEISSMAN (1970), GROSSMAN (1976), McCOMB & SMITH (1976), FRAGOLA et al (1979), ØRSTAVIK (1983), HYDE (1986), SAVIOLI (1992) e SILVA (1992). Dentre eles, apenas HYDE (1986), SAVIOLI (1992) e SILVA (1992) seguiram a Especificação 57 da American Dental Association.

A propriedade de escoamento de um material é um fator muito importante para o seu desempenho clínico. Segundo GROSSMAN (1976), o escoamento, ou seja, a consistência do cimento manipulado, torna-o capaz de penetrar em pequenas irregularidades na dentina e constitui um fator importante na obturação de canais laterais ou acessórios. Essa propriedade depende em parte dos ingredientes que compõem o cimento e em parte do tempo de endurecimento.

TEMPO DE TRABALHO

A Tabela VII expressa os resultados obtidos com a realização dos testes de tempo de trabalho dos cimentos endodônticos estudados.
 
 

TABELA VII. Tempo de Trabalho dos cimentos endodônticos testados

Cimentos testados
Tempos de trabalho medidos
Média
Aproximação
SEALER 26
5'25" 5'32" 5'20"
5'25"
5'30"
CRCS
5'15" 5'05" 5'18"
5'12"
5'00"
FILLCANAL
3'58" 3'43" 3'57"
3'52"
4'00"
PR-SEALER
7'00" 7'05" 6'30"
6'52"
7'00"
SEALAPEX
7'10" 7'08" 7'15"
7'11"
7'00"
APEXIT
4'20" 4'50" 4'45"
4'38"
4'30"

 

Após detectada a não-normalidade da distribuição amostral dos valores originais, aplicou-se análise a estatística não-paramétrica, utilizando-se o teste de Kruskal-Wallis (Tabela VIII).
 
 

TABELA VIII. Teste de Kruskal-Wallis dos valores do Teste de Tempo de Trabalho

Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado
16,5789
Valor do c2 para 5 graus de liberdade
16,85
Probabilidade de HO para esse nível
0,75%
Significante ao nível de 1% (a = 0,01)









O teste de Kruskal-Wallis indicou que há diferenças estatística significantes ao nível de 1% entre os tempos de trabalho dos cimentos testados. A Tabela IX mostra as comparações entre as médias dos postos das amostras realizadas pelo teste de Kruskal-Wallis.
 
 

TABELA IX. Comparação entre as médias dos postos da amostras dos cimentos testados
Amostras comparadas

(duas a duas)

Diferença entre as médias
Valor crítico

(a = 0,01%)

Significância
SEALER 26 X CRCS
3,0000
 
*
SEALER 26 X FILLCANAL
9,0000
 
*
SEALER 26 X PR-SEALER
3,0000
 
*
SEALER 26 X SEALAPEX
6,0000
 
*
SEALER 26 X APEXIT
6,0000
 
*
CRCS X FILLCANAL
6,0000
2,4944 
*
CRCS X PR-SEALER
6,0000
 
*
CRCS X SEALAPEX
9,0000
 
*
CRCS X APEXIT
3,0000
 
*
FILLCANAL X PR-SEALER
12,0000
 
*
FILLCANAL X APEXIT
15,0000
 
*
PR-SEALER X SEALAPEX
3,0000
 
*
PR-SEALER X APEXIT
9,0000
 
*
SEALAPEX X APEXIT
12,0000
 
*
* = Significante ao nível de 1%

O exame da Tabela IX evidencia que todos os cimentos são diferentes entre si no que diz respeito ao tempo de trabalho.

A ordenação dos cimentos em ordem crescente quanto ao tempo de trabalho , ou seja, do que aponta menor para o maior tempo de trabalho, pode ser assim expressado: FILLCANAL, APEXIT, CRCS, SEALER 26, PR-SEALER e SEALAPEX.

Observa-se que dos cimentos contendo hidróxido de cálcio aqui analisados, o SEALAPEX apresentou o maior tempo de trabalho.

Dos cimentos do tipo GROSSMAN contendo hidróxido de cálcio, verifica-se que o PR-SEALER apresentou o maior tempo de trabalho.

HYDE (1986) relatou que o CRCS apresenta um tempo de trabalho maior que o do SEALAPEX, diferente do que se encontrou neste experimento.

O tempo de trabalho não foi muito estudado pelos autores presentes na retrospectiva da literatura. Encontrou-se essa abordagem nos trabalhos de ØRSTAVIK (1983), HYDE (1986) e SILVA (1992).

Tanto HYDE (1986) como SILVA (1992) salientam muito bem o fato de que essa determinação do tempo de trabalho não reflete a situação rotineira de uso clínico dos materiais. O tempo de trabalho clínico real ocorre quando a superfície do material começa a endurecer, formando uma película superficial. Isso impede a transferência fácil do material para as pontas de guta-percha, bem como a inserção de cones no interior do canal radicular. A realização do presente teste levou-nos a concordar com HYDE (1986) e SILVA (1992).

Para essa especificação, o tempo de trabalho aferido para um determinado cimento obturador deve situar-se dentro de mais ou menos 10% daquele referido pelo fabricante. Observa-se que nenhum dos fabricantes faz menção a esse tempo. Desse modo, os enquadramentos dos materiais na Especificação seguida ficaram prejudicados.

TEMPO DE ENDURECIMENTO

A Tabela X mostra os valores obtidos no teste de tempo de endurecimento, onde realizaram-se três repetições para cada cimento testado.
 

TABELA X. Tempo de endurecimento (em minutos) dos cimentos obturadores estudados
Cimentos testados
Tempo de endurecimento
Média
SEALER 26
2482'
2420'
2530'
2482'
CRCS
20'
23'
25'
23'
FILLCANAL
65'
67'
60'
64'
PR-SEALER
130'
140'
120'
130'
SEALAPEX
2730'
2760'
2710'
2734'
APEXIT
90'
100'
80'
90'

Após verificada a não-normalidade da distribuição amostral dos valores originais, realizou-se o teste de Kruskal-Wallis , que evidenciou um valor do c2 para 5 graus de liberdade em 16.58 e probabilidade de H0 para esse valor em 0,54%. Isto demonstrou ser significante ao nível de 1% (a = 0,01).

Uma vez determinado que o teste de Kruskal-Wallis evidenciou que existem diferenças significantes entre os cimentos analisados, comparou-se, então, as médias dos postos das amostras duas a duas, que pode ser visto na Tabela XI.
 

TABELA XI. Comparação entre as médias dos postos das amostras dos cimentos testados
Amostras comparadas

(duas a duas)

Diferenças entre

as médias

Valor crítico

(a = 0,01)

Significância
SEALER 26 X CRCS
12,0000
 
*
SEALER 26 X FILLCANAL
9,0000
 
*
SEALER 26 X PR-SEALER
3,0000
 
*
SEALER 26 X SEALAPEX
3,0000
 
*
SEALER 26 X APEXIT
6,0000
 
*
CRCS X FILLCANAL
3,0000
 
*
CRCS X PR-SEALER
9,0000
 
*
CRCS X SEALAPEX
15,0000
2,4944
*
CRCS X APEXIT
6,0000
 
*
FILLCANAL X PR-SEALER
6,0000
 
*
FILLCANAL X SEALAPEX
12,0000
 
*
FILLCANAL X APEXIT
3,0000
 
*
PR-SEALER X SEALAPEX
6,0000
 
*
PR-SEALER X APEXIT
3,0000
 
*
SEALAPEX X APEXIT
9,0000
 
*

* = Significante ao nível de 1%

A Especificação 57 da American Dental Association estabelece que o tempo de endurecimento deveria estar dentro de mais ou menos 10% daquele informado pelo fabricante.

O fabricante do CRCS informa que o tempo de endurecimento é de 20 minutos nas condições de 37oC e umidade relativa de 100%. Assim, pela simples observação da Tabela X, pode-se dizer que o CRCS examinado neste experimento está muito próximo do valor máximo estabelecido de acordo com a Especificação aplicada, pois o tempo de endurecimento médio foi de 23 minutos, ou seja, 1 minuto acima do valor máximo permitido.

O SEALER 26 tem o seu tempo de endurecimento fornecido pelo fabricante entre 48 a 60 horas. Nos experimentos realizados, observou-se um tempo de endurecimento médio de 41 horas e 22 minutos à 37oC e umidade relativa de 95% . Pelo observado, o lote estudado desse cimento encontra-se fora das normas da especificação 57 da ADA.

O fabricante do FILLCANAL expressa que este cimento endurece em 20 minutos no interior do canal. Dentro das condições experimentais realizadas, este cimento endureceu em 64 minutos.

O APEXIT tem seu tempo de endurecimento estabelecido entre 10 e 30 horas pelo fabricante. Nas condições deste experimento constatou-se um tempo de endurecimento médio de 90 minutos, ou seja, uma hora e meia. Assim sendo, os resultados não preenchem a Especificação 57 da ADA.

O fabricante do SEALAPEX estabelece que nas condições de 37oC e umidade relativa de 100% o cimento endurece em uma hora. Nessas mesmas condições, os experimentos realizados evidenciaram um tempo de endurecimento médio de 45 horas e 34 minutos. As observações deste experimento e as de HYDE (1986) evidenciam que o fabricante do SEALAPEX deveria corrigir a bula, ou então ajustar o tempo de endurecimento para o tempo que ele mesmo estabelece.

Determinou-se, por meio deste teste, o tempo de endurecimento médio do cimento PR-SEALER aviado pelo Laboratório de Pesquisa em Endodontia da FORP-USP, que foi de 2 horas e 10 minutos, dentro das normas exigidas pela Especificação 57 da American Dental Association.

HYDE (1986) verificou que o CRCS endurecia em 30 minutos e o SEALAPEX em um tempo superior a 24 horas, quando esses cimentos eram submetidos ao teste de endurecimento preconizada pela Especificação 57 da ADA.

HYDE (1986) e SILVA (1992) citam que a determinação do tempo de endurecimento de um cimento obturador de canais radiculares depende de algumas variáveis, tais como: espessura da amostra do material; o peso da agulha de Gillmore e as condições ambientais nas quais os testes são realizados. Baseado nisso, seguiram-se aqui rigorosamente as exigências da especificação 57 da American Dental Association.

Os cimentos obturadores de canais radiculares do tipo cimento de GROSSMAN (FILLCANAL, CRCS e PR-SEALER) têm o tempo de endurecimento dependente do pH da resina natural empregada , da umidade relativa do ar no momento de sua fabricação e, ainda, da quantidade de agente retardador empregado no pó, o tetraborato de sódio anidro e, no líqüido, do óleo de amêndoas doces (SAVIOLI, 1992).

ESPESSURA DO FILME

Os resultados obtidos após a realização dos teste de espessura do filme estão listados na Tabela XII.

TABELA XII. Espessura do filme dos cimentos testados (Dados em micrometros).

Cimentos testados
Espessura do filme
Média
Aproximação
SEALER 26
92 94 92
92
90
CRCS
36 40 35
37
40
FILLCANAL
40 41 40
40
40
PR-SEALER
44 44 46
44
45
SEALAPEX
28 16 20
21
20
APEXIT
35 30 32
32
30

 

A Especificação 57 da American Dental Association recomenda que a espessura do filme dos cimentos obturadores de canais radiculares deve ser inferior a 50 micrometros e que os resultados obtidos devem ser aproximados para os 5 micrometros mais próximos.

Com base nesta especificação, observa-se pelo simples exame da Tabela XII que o único cimento testado que não preenche a normatização foi o SEALER 26.

Os cimentos que contêm hidróxido de cálcio, apresentados na forma pasta/pasta, ou seja, o SEALAPEX e o APEXIT , apresentaram as menores espessuras de filme entre os cimentos testados.

Os dados da Tabela XII foram submetidos à análise dos parâmetros amostrais, que evidenciou uma distribuição não-normal das amostras. Assim, realizou-se o teste de Kruskal-Wallis.

O teste de Kruskal-Wallis mostrou que havia, entre as amostras estudadas, uma significância ao nível de 1% (a = 0,01).

A seguir, realizou-se a comparação entre as médias dos postos das amostras, duas a duas, que podem ser vistas na Tabela XIII.
 

TABELA XIII. Comparação entre as médias dos postos das amostras dos dados da Tabela XIII.
Amostras comparadas

(duas a duas)

Diferenças entre médias
Valores críticos

(a = 0,01)

Significância
SEALER 26 X CRCS
8,8333
 
*
SEALER 26 X FILLCANAL
6,3333
 
*
SEALER 26 X PR-SEALER
3,0000
 
*
SEALER 26 X SEALAPEX
15,0000
 
*
SEALER 26 X APEXIT
11,8333
 
*
CRCS X FILLCANAL
2,5000
 
ns
CRCS X PR-SEALER
5,8333
2,9689
*
CRCS X SEALAPEX
6,1667
 
*
CRCS X APEXIT
3,0000
 
*
FILLCANAL X PR-SEALER
3,3333
 
*
FILLCANAL X SEALER
8,6667
 
*
FILLCANAL X APEXIT
5,5000
 
*
PR-SEALER X SEALAPEX
12,0000
 
*
PR-SEALER X APEXIT
8,8333
 
*
SEALAPEX X APEXIT
3,1667
 
*

* = Significante ao nível de 1% Sn = não significante

Pelo exame da Tabela XIII, observa-se que os cimentos CRCS e FILLCANAL apresentaram espessura do filme sem qualquer diferença estatística entre si, pois os testes estatísticos indicam que a discrepância é não-significante. Este fato pode ser visto, também, pela análise da Tabela XII, uma vez que os valores de espessura do filme apresentados por esses cimentos têm o mesmo valor, na aproximação.

Os demais cimentos estudados apresentaram espessura do filme estatisticamente diferentes entre si ao nível de 1% (a = 0,01).

Assim, pode-se ordenar os cimentos seladores de modo crescente, ou seja, daquele que apresenta a menor espessura do filme para o que apresenta a maior: SEALAPEX, APEXIT, CRCS e FILLCANAL, PR-SEALER, SEALER 26.

Pode-se concluir que o SEALAPEX apresentou a menor espessura do filme e o SEALER 26, a maior.

O SEALER 26 apresentou a maior espessura do filme nos testes realizados. Isto parece estar relacionado com o tamanho das partículas do pó. Para esclarecer este ponto de vista, pesaram-se 8 gramas do pó do cimento SEALER 26 (um frasco) e colocaram-se em um conjunto de tamises de malha 60, 100, 150 e 270. Esse conjunto de tamises era agitado mecanicamente com 270 oscilações por minuto, utilizando-se um agitador (Agitador Standart), durante 15 segundos.

Após esse tempo, verificou-se que no tamis 60 ficaram retidas 6,96 gramas do pó; no tamis 100, 0,52 g ; no tamis 150, 0,39g e no tamis 270, 0,14 g. Esses dados elucidaram que o pó do cimento SEALER 26 examinado apresentou 87% de partículas que não atravessaram o tamis 60. Conseqüentemente, a presença de partículas grandes favorecem o aumento da espessura do filme.
 

SOLUBILIDADE E DESINTEGRAÇÃO

Os resultados obtidos a partir dos testes de solubilidade e desintegração estão expressos na Tabela XIV.
 
 

TABELA XIV. Solubilidade e desintegração percentual dos cimentos obturadores testados.

Cimentos testados
Variação percentual de peso
Média
Aproximação
SEALER 26
-0,65 -0,71
-0,68
-0,70
CRCS
-3,19 -2,80
-2,99
-3,00
FILLCANAL
-3,12 -3,18
-3,15
-3,20
SEALAPEX
-13,68 -12,37
-13,03
-13,00
PR-SEALER
-1,32 -1,37
-1,35
-1,40
APEXIT
-0,81 -0,59
-0,70
-0,70

 

De acordo com a Especificação 57 da American Dental Association, que norteou a realização desse trabalho, a solubilidade e desintegração de um cimento obturador de canais radiculares não deve exceder a 3% da massa original. Assim, observa-se pela Tabela acima que o FILLCANAL excede ligeiramente e o SEALAPEX excede exageradamente a especificação.

O CRCS fica situado dentro do limite da normatização e os cimentos PR-SEALER, APEXIT e SEALER 26 preenchem as condições da ADA.

Repetiram-se aqui os estudos dos parâmetros amostrais para verificar a normalidade da distribuição amostral. Uma vez constatada a não-normalidade dessa distribuição, deu-se continuidade aos testes estatísticos.

A Tabela XV mostra o teste de Kruskal-Wallis, comparando as médias dos postos das amostras, duas a duas, dos cimentos testados.
 
 

TABELA XV. Comparação entre as médias dos postos das amostras, duas a duas, dos dados da tabela XIV.
Amostras comparadas 

(duas a duas)

Diferença entre as médias
Valor crítico

(a = 0,05)

Significância
SEALER 26 X CRCS
6,0000
 
*
SEALER 26 X FILLCANAL
6,0000
 
*
SEALER 26 X SEALAPEX
9,0000
 
*
SEALER 26 X PR-SEALER
3,0000
 
ns
SEALER 26 X APEXIT
0,0000
 
ns
CRCS X FILLCANAL
0,0000
 
ns
CRCS X SEALAPEX
3,0000
3,3133
ns
CRCS X PR-SEALER
3,0000
 
ns
CRCS X APEXIT
6,0000
 
*
FILLCANAL X SEALAPEX
3,0000
 
ns
FILLCANAL X PR-SEALER
3,0000
 
ns
FILLCANAL X APEXIT
6,0000
 
*
SEALAPEX X PR-SEALER
6,0000
 
*
SEALAPEX X APEXIT
9,0000
 
*
PR-SEALER X APEXIT
3,0000
 
ns

* = Significante ns = não significante
 
 

Os achados de solubilidade e desintegração do cimento SEALAPEX estão de acordo com HYDE (1986). Esse pesquisador verificou que o SEALAPEX apresentava um grau de solubilidade e desintegração na ordem de 15,2%, de acordo com a Especificação 57 da American Dental Association.

O SEALAPEX exibiu maior grau de desintegração e esta foi a principal razão para a sua perda de peso. Após o tempo gasto na realização desse teste, ou seja, uma semana, notou-se que as superfícies das amostras deste cimento apresentaram-se com trincas e faltando partes. Essa situação também foi detectada por HYDE (1986).

O SEALER 26 é um cimento à base de resina epóxi. O monômero é catalisado pela hexametileno-tetra-amina, formando um polímero. O trióxido de bismuto entra na composição para conferir radiopacidade e o hidróxido de cálcio, para favorecer um estado alcalino.

Os cimentos tipo GROSSMAN (CRCS, FILLCANAL e PR-SEALER) são cimentos à base de óxido de zinco e eugenol. A estrutura do cimento é o eugenolato de zinco. A resina natural é adicionada para conferir adesividade ao cimento, o subcarbonato de bismuto e o sulfato de bário são responsáveis pela radiopacidade e o tetraborato de sódio anidro é responsável pelo retardo da reação de endurecimento (SAVIOLI, 1992).

O hidróxido de cálcio adicionado ao CRCS e ao PR-SEALER propicia um maior estado alcalino destes cimentos.

O APEXIT é um cimento semelhante ao SEALAPEX, porém com uma estrutura de cimento com partículas mais coesas entre si propiciando baixo grau de solubilidade e desintegração.

A solubilidade e desintegração do FILLCANAL, observado neste experimento está de acordo com SILVA (1992).

O CRCS apresentou, neste trabalho, um grau de solubilidade e desintegração na ordem de 2,99%, bem maior que a observada por HYDE (1986), que foi de 0.9%.
 

ESTABILIDADE DIMENSIONAL

Os resultados a partir da realização do teste de estabilidade dimensional estão listados na Tabela XVI.
 
 

TABELA XVI. Alteração dimencional percentual dos cimentos obturadores testados.

Cimentos testados
Alteração dimencional
Médias
SEALER 26
+0,05 +0,04 +0,04
+0,043
CRCS
+0,22 +0,19 +0,18
+0,197
FILLCANAL
+0,52 +0,48 +0,53
+0,51
SEALAPEX
prejudicado
prejudicado
PR-SEALER
+1,08 +1,15 +1,09
+,107
APEXIT
+0,21 +0,20 +0,24
+,217

 

Para os testes de estabilidade dimensional, a Especificação 57 da American Dental Association preconiza que nenhum cimento deve apresentar contração superior a 1%. Portanto, todos os cimentos que foram testados e estão listados na Tabela XVI enquadram-se na especificação seguida, pois apresentam ligeira expansão, com exceção do SEALAPEX.

O cimento SEALAPEX não pôde ser avaliado porque ele não apresentou condições, uma vez que, no experimento, sofreu desintegração. Esse cimento, quando submetido ao teste de solubilidade e desintegração, apresenta uma redução de 13% de sua massa em uma semana. HYDE (1986) encontrou uma diminuição de 15% no mesmo período.

O teste de estabilidade dimensional foi realizado durante 30 dias, e o SEALAPEX não resistiu ao teste, desintegrando-se.

Os resultados dos testes de estabilidade dimensional para o cimento SEALAPEX eram esperados, em virtude de seu alto grau de solubilidade e desintegração. A Figura 21 ilustra o cimento SEALAPEX desintegrado, no interior do recipiente contendo água destilada e deionizada, após decorrido o tempo do experimento.

FIGURA 21. Desintegração do cimento SEALAPEX.

Uma vez que o cimento SEALAPEX desintegrou-se, ele não preencheu as condições da especificação seguida. O fabricante deste cimento deveria melhorar sua composição química para que ele possa tornar-se realmente um cimento, pois ele mais parece uma pasta.

Com base na Tabela XVI, realizaram-se os estudos dos parâmetros amostrais e aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis, que foi significante ao nível de 5% (a = 0,05).

A seguir, compararam-se as médias dos postos das amostras dos cimentos testados, duas a duas, e construiu-se a Tabela XVII.
 
 
 

TABELA XVII. Comparação entre as médias dos postos das amostras dos dados da Tabela XVI.
Amostras comparadas 

(duas a duas)

Diferenças entre médias
Valores críticos

(a = 0,05)

Significância
SEALER 26 X CRCS
3,6667
 
*
SEALER 26 X FILLCANAL
9,0000
 
*
SEALER 26 X PR-SEALER
12,0000
 
*
SEALER 26 X APEXIT
5,3333
 
*
CRCS X FILLCANAL
5,3333
 
*
CRCS X PR-SEALER
8,3333
2,4965
*
CRCS X APEXIT
1,6667
 
ns
FILLCANAL X PR-SEALER
3,0000
 
*
FILLCANAL X APEXIT
3,6667
 
*
PR-SEALER X APEXIT
6,6667
 
*

* = Significante ns = não significante

Pelo exame da Tabela XVII, verifica-se que o CRCS e o APEXIT não apresentaram diferenças estaticamente significantes ao nível de 5%, no que diz respeito à alteração dimensional. Os demais cimentos são diferentes estatisticamente entre si.

O SEALER 26 apresenta a mais baixa alteração dimensional dos cimentos testados.

O CRCS e o FILLCANAL apresentam alteração dimensional mais baixa que o PR-SEALER.

SAVIOLI (1992) verificou que a resina natural (breu) empregada na composição dos cimentos do tipo GROSSMAN tem grande influência na expansão dos materiais.

SILVA (1992), ao estudar as propriedades físicas dos cimentos do tipo GROSSMAN encontrados no mercado nacional, observou expansão em todos eles.

O PR-SEALER apresentou a maior alteração dimensional (expansão) quando comparado com os demais cimentos do tipo GROSSMAN testados neste trabalho, ou seja, CRCS e FILLCANAL. Essa expansão pode está relacionada com a quantidade e tipo de breu empregados na fabricação (SAVIOLI, 1992).

Dos cimentos contendo hidróxido de cálcio investigados neste trabalho, verifica-se que, com a exceção do SEALAPEX, todos apresentaram expansão.

RADIOPACIDADE

Os valores obtidos no teste de radiopacidade dos cimentos testados estão na Tabela XVIII.

TABELA XVIII. Radiopacidade dos cimentos obturadores testados

Cimentos testados
Densidades ópticas
Médias
SEALER 26
0,72 0,70
0,71
CRCS
0,42 0,42
0,42
FILLCANAL
0,35 0,35
0,35
SEALAPEX
0,74 0,77
0,75
PR-SEALER
0,42 0,38
0,40
APEXIT
0,46 0,50
0,48

Os resultados obtidos após a realização do teste em pauta foram analisados para verificar se apresentavam uma distribuição amostral normal.

O passo inicial consistiu no cálculo dos parâmetros amostrais, que revelou a não-normalidade das amostras. Assim, aplicou-se a análise estatística não-paramétrica, o teste de Kruskal-Wallis, que pode ser visto na Tabela XIX.

TABELA XIX Teste de Kruskal-Wallis

Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado
10,7260
Valor do c2 para 5 graus de liberdade
10,73
Probabilidade de HO para esse valor
5,71%
Não-significante (a = 0,005)
O teste de Kruskal-Wallis indicou que não havia diferença estatística significante ao nível de 5% entre as radiopacidades dos cimentos testados.

A Especificação seguida determina a utilização de apenas um corpo de prova por material investigado. Fez a opção pela confecção de dois corpos de prova por cimento pesquisado devido ao fato de não ser possível controlar a ocorrência de bolhas de ar no material. Fez-se a leitura com o fotodensitômetro em local isento de bolhas de ar na imagem do corpo de prova.

A radiopacidade de um cimento, segundo a Especificação 57 da American Dental Association, deve ser equivalente a não menos que 4 milímetros de alumínio. Isso corresponde, no presente estudo, a 1,75 densidades ópticas.

Segundo HYDE (1986), essa radiopacidade é importante porque o cimento obturador de canais radiculares deve ser distingüido da dentina e do osso cortical nas radiografias.

Testes de radiopacidade foram realizados por vários pesquisadores, listados a seguir:

HIGGINBOTHAN (1967), McCOMB & SMITH (1976), BOSCOLO et al (1979), FRAGOLA et al (1979), BEYER-OLSEN & ØRSTAVIK (1981), HYDE (1986), SAVIOLI (1992) e SILVA (1992), sendo que apenas os três últimos obedeceram a Especificação 57 da American Dental Association, o que dificulta a comparação com os demais. Porém, alguns dos cimentos avaliados por HYDE (1986) e SILVA (1992) são idênticos aos examinados no presente trabalho.

HYDE (1986) verificou que o CRCS enquadrava-se na Especificação 57 da American Dental Association e o SEALAPEX, não. Os dados de SILVA (1992) sobre a radiopacidade do FILLCANAL são semelhantes ao do presente trabalho.

A Figura 22 mostra, de modo esquemático, uma escada de alumínio com 10 degraus, cuja a espessura é incrementada de 1 em 1 milímetro e as respectivas densidades ópticas. Nesta figura, estão marcadas as densidades ópticas dos cimentos analisados.
 

FIGURA 22. Esquema da escada de alumínio e as densidades ópticas dos cimentos testados.

A Figura 23 ilustra a radiografia oclusal utilizada para a realização do teste de radiopacidade dos cimentos obturadores de canais radiculares testados.

FIGURA 23. Radiografia dos corpos de prova contendo os cimentos testados: A) FILLCANAL, B) PR-SEALER, C) SEALER 26, D) CRCS E) SEALAPEX e F) APEXIT.

TESTE DE ADESIVIDADE

A adesividade dos cimentos obturadores de canais radiculares testados foi calculada baseada na resistência à tensão de tração exercida sobre o corpo de prova.

Assim, para calcular a tensão de tração necessária para o deslocamento do corpo de prova, que continha o cimento testado, da dentina, aumentava-se a massa do prato da máquina de tração, até obter-se o deslocamento (ver Figura 19).

Pesou-se a massa necessária para o deslocamento de cada corpo de prova, de cada cimento testado, sem a aplicação de EDTA na dentina e os valores obtidos estão listados na tabela XX.
 

TABELA XX. Massas necessárias para romper o cimento testado da dentina sem a aplicação de EDTA (dados em Kg).
Cimentos Testados
Massa em Kg
Médias
SEALER 26
1,335 1,295 1,325
1,318
CRCS
2,084 1,977 1,935
1,990
FILLCANAL
0,444 0,213 0,325
0,327
SEALAPEX
0,475 0,376 0,400
0,417
PR-SEALER
1,732 1,854 1,986
1,860
APEXIT
0,245 0,290 0,262
0,265

Para avaliar a Força de Tração necessária para o deslocamento, aplicou-se a segunda

lei de NEWTON: [R] = m . [g]. Onde [R] é a intensidade da resultante de força; "m" é massa aplicada ao prato da máquina de tração e [g] a intensidade da aceleração.

Assim, aplicando-se a segunda lei de NEWTON aos valores da Tabela XX e considerando-se [g] a intensidade da aceleração da gravidade, constante e igual a 10m/s2, obtém-se a Tabela XXI com os valores de tração exercidos nos corpos de prova. As unidades de medidas estão de acordo com o sistema internacional: Força em Newton; aceleração em m/s2 e massa em Kg.
 
 

TABELA XXI. Força de tração em Newton necessária para o deslocamento dos cimentos testados da superfície da dentina, sem a aplicação de EDTA.
Cimentos Testados
Força em Newtons
Médias
SEALER 26
13,35 12,95 13,25
13,18
CRCS
20,84 19,77 19,35
19,90
FILLCANAL
4,44 2,13 3,25
3,27
SEALAPEX
4,75 3,76 4,00
4,17
PR-SEALER
17,32 18,54 19,86
18,60
APEXIT
2,45 2,90 2,64
2,65

Como os cilindros que continham os cimentos obturadores testados apresentavam um diâmetro de 6 mm, ou seja, 0.006 metros, calculou-se a sua área de secção transversal, que corresponde à área de contato do cimento com a dentina, por meio da equação (I).
 
 

S = p R2 Equação (I)

onde:
 
S = Área de secção transversal do cilindro que contêm o cimento
R = Raio da secção transversal igual a 0.003m
p = 3.1416

Logo, a área determinada é constante e igual a 2,82 x 10-5 m2.

Para o cálculo da tensão de tração, aplicou-se a equação (II).
 
 

   
T
 
s
=
----------
Equação (II)
   
S
 

onde:
 
s = Tensão da tração em Mega-Pascal (MPa)
T = Tração em Newton (N)
S = área em m2

Assim, a Tabela XXII expressa os valores de tensão de tração em Mega-Pascal (MPa). Um Mega-Pascal significa 106 Newton / m2 .
 
 
 

TABELA XXII. Valores de tensão de tração em MPa (Mega-Pascal) necessários para deslocar os cimentos testados da dentina, sem a aplicação de EDTA.
Cimentos Testados
Tensão de Tração
Média
SEALER 26
0,473 0,459 0,469
0,467
CRCS
0,739 0,701 0,686
0,705
FILLCANAL
0,157 0,075 0,115
0,116
SEALAPEX
0,168 0,133 0,141
0,147
PR-SEALER
0,631 0,657 0,704
0,659
APEXIT
0,086 0,102 0,092
0,093

obs: 1 MPa = 106 Pa = 106 N/m2
 
 

Para a análise dos resultados da adesividade dos cimentos aplicados sobre a dentina, após a colocação do agente quelante EDTA, realizaram-se os mesmos raciocínios desenvolvidos e, para não tornar repetitivas as explicações e cálculos, construiu-se diretamente a Tabela XXIII com os valores da tensão de tração em MPa.
 
 
 
TABELA XXIII.Cimentos Testados
Tensão de tração
Médias
SEALER 26
2,924 2,481 2,343
2,583
CRCS
0,929 0,914 0,932
0,925
FILLCANAL
0,434 0,585 0,524
0,514
SEALAPEX
0,186 0,155 0,154
0,165
PR-SEALER
0,791 0,834 0,894
0,843
APEXIT
0,129 0,117 0,120
0,122

 

A força de tração é uma grandeza vetorial composta de intensidade, direção e sentido. A tensão de tração é uma grandeza escalar composta apenas de intensidade.

Considerando que a adesividade do cimento à dentina é diretamente proporcional à tensão de tração, pode-se, então, afirmar que a adesão será tanto maior quanto maior for a tensão de tração necessária para o deslocamento do corpo de prova contendo o cimento testado.

Após a determinação das tensões de tração necessárias para deslocar os materiais cimentados na dentina sem aplicação de EDTA (Tabela XXII), aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis, que indicou uma diferença significante entre as amostras testadas ao nível de 1% (a =0,01).

A seguir, realizou-se comparação entre as médias dos postos das amostras (Tabela XXIV).
 
 
 

TABELA XXIV. Comparação entre as médias dos postos das amostras duas a duas relativa aos dados da Tabela XXII
Amostras comparadas 

(duas a duas)

Diferença entre as médias
Valor crítico

(a = 0,05)

Significância
SEALER 26 X CRCS
5,3333
 
*
SEALER 26 X FILLCANAL
6,3333
 
*
SEALER 26 X SEALAPEX
3,6667
 
*
SEALER 26 X PR-SEALER
3,6667
 
*
SEALER 26 X APEXIT
8,0000
 
*
CRCS X FILLCANAL
11,6667
 
*
CRCS X SEALAPEX
9,0000
4,9190
*
CRCS X PR-SEALER
1,6667
 
ns
CRCS X APEXIT
13,3333
 
*
FILLCANAL X SEALAPEX
2,6667
 
ns
FILLCANAL X PR-SEALER
10,0000
 
*
FILLCANAL X APEXIT
1,6667
 
ns
SEALAPEX X PR-SEALER
7,3333
 
*
SEALAPEX X APEXIT
4,3333
 
*
PR-SEALER X APEXIT
11,6667
 
*
* = Significante ns = não significante









Os resultados da Tabela acima mostraram que a força de adesão produzida pelo CRCS e PR-SEALER não são significantes entre si, bem como os resultados obtidos com o FILLCANAL e o SEALAPEX.

Os cimentos que mais promoveram adesão com a dentina, quando esta não recebia aplicação do agente quelante EDTA, foram o CRCS e o PR-SEALER.

No grupo em que a dentina recebia aplicação de EDTA para a remoção da "smear-layer" antes da cimentação dos corpos de prova com os materiais testados (Tabela XXIII), aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis, que evidenciou significância ao nível de 1% (a = 0,01).

A comparação entre as médias dos postos das amostras foi realizada e está listada na Tabela XXV.
 
 
 

TABELA XXV. Comparação entre as médias dos postos das amostras duas a duas, relativa aos dados da Tabela XXIII.
Amostras comparadas 

(duas a duas)

Diferença entre as médias
Valor crítico

(a = 0,05)

Significância
SEALER 26 X CRCS
3,0000
 
*
SEALER 26 X FILLCANAL
9,0000
 
*
SEALER 26 X SEALAPEX
12,0000
 
*
SEALER 26 X PR-SEALER
6,0000
 
*
SEALER 26 X APEXIT
15,0000
 
*
CRCS X FILLCANAL
6,0000
 
*
CRCS X SEALAPEX
9,0000
2,4944
*
CRCS X PR-SEALER
3,0000
 
*
CRCS X APEXIT
12,0000
 
*
FILLCANAL X SEALAPEX
3,0000
 
*
FILLCANAL X PR-SEALER
3,0000
 
*
FILLCANAL X APEXIT
6,0000
 
*
SEALAPEX X PR-SEALER
6,0000
 
*
SEALAPEX X APEXIT
3,0000
 
*
PR-SEALER X APEXIT
9,0000
 
*
* = Significante ns = não significante

A Tabela XXV esclarece que a adesão dos cimentos testados sobre dentina, após a aplicação de EDTA, apresenta valores significantemente diferentes entre si ao nível de 1%.

Finalmente, comparou-se a adesividade de um cimento sobre a dentina sem e com aplicação de EDTA. Para isso utilizaram-se os valores da tensão de tração de cada cimento testado (Tabela XXII e XXIII), e aplicou-se a análise estatística não-paramétrica, teste de Mann-Whitney.

A Tabela XXVI expressa os resultados do teste de Mann-Whitney, comparando a adesão dos cimentos testados, com e sem aplicação de EDTA, sobre a dentina.
 

TABELA XXVI.  Teste de Mann-Whitney. Comparação da adesividade dos cimentos testados sobre a dentina com e sem aplicação de EDTA.
Cimentos testados após aplicação de EDTA è
SEALER 26
CRCS
FILLCANAL
SEALAPEX
PR-SEALER
APEXIT
Cimentos testados sem aplicação de EDTA ê
           
SEALER 26 U(1): 0

U(2): 9*

         
CRCS   U(1): 0

U(2): 9*

       
FILLCANAL     U(1): 0

U(2): 9*

     
SEALAPEX       U(1): 2

U(2): 7 ns

   
PR-SEALER         U(1): 0

U(2): 9*

 
APEXIT           U(1): 0

U(2): 9*

* = significante (a = 0,05) ns = não significante (U < 2).
 
 

O teste de Mann-Whitney, que compara as amostras duas a duas, evidenciou que o cimento SEALAPEX apresenta a mesma adesividade quando colocado sobre a dentina com e sem aplicação de agente quelante (EDTA). Os demais cimentos testados propiciaram maior adesão à dentina, quando esta recebia a aplicação de EDTA.

Sabe-se que nenhum teste de adesão de cimento obturador de canais radiculares foi, ainda, aceito para ser aplicado como uma Especificação da American Dental Association.

Alguns pesquisadores têm propostos métodos de avaliação da adesividade dos cimentos endodônticos (GROSSMAN, 1976; KEMPER & KILIA, 1976; McCOMB & SMITH, 1976 e WENNBERG & ØRSTAVIK, 1990).

HYDE (1986) encontrou alta adesividade para o cimento CRCS e impossibilidade de medir a adesividade do SEALAPEX, pois este cimento não endureceu suficientemente.

WENNBERG & ØRSTAVIK (1990) observaram que o cimento AH 26 (De Trey, Suíça) apresenta alta adesividade à dentina, com ou sem "smear-layer". Em nossos resultados, observamos que o cimento SEALER 26, apresentou baixa adesividade quando colocado sobre a dentina com "smear-layer", e alta adesividade em dentina que recebia a ação de agente quelante.

Neste estudo, aplicou-se o método proposto por GROSSMAN (1976), com pequenas modificações. GROSSMAN (1976) testou a adesividade de cimentos endodônticos colocados sobre uma lâmina de vidro e neste trabalho, aplicamos o cimento sobre dentina humana.

Os testes de mensuração da adesividade correspondem à tensão de tração necessária para deslocar um material ligado a outro, por meio de uma força perpendicular à interface entre o material e à superfície. Ou, também, poderia ser medido pela força de cizalhamento, que é uma força aplicada paralelamente à interface do material e superfície.

Entende-se por força de adesão a resultante das forças de atração entre moléculas de materiais diferentes. Essa resultante tem a mesma intensidade (módulo) e direção da força de tração. A única diferença está relacionada ao sentido, ou seja, para cima. É o caso utilizado neste experimento, onde a força de adesão ocorre entre as moléculas do cimento testado e da dentina, e a força de tração foi aplicada perpendicularmente à interface e para cima.

Como os corpos de prova apresentam a mesma área, esse fator foi constante. Para efeito de cálculo, a intensidade da força resultante da adesão é igual á força de tração.
 
 

pH

As mudanças no pH, promovidas pelos cimentos obturadores de canais radiculares testados na água destilada em função do tempo do experimento, estão listadas na Tabela XXVII.
 
 

TABELA XXVII. Mudanças de pH da água promovidas pelos cimentos obturadores testados, em função do tempo.
Tempo (h)è
Espatulaçãoê
3
24
48
72
96
120
144
168
Cimentoê
pHê
SEALER 26
11,4
10,0
10,0
10,0
9,9
8,8
8,8
8,8
8,2
CRCS
10,8
10,0
11,3
11,4
11,4
11,4
11,4
11,5
11,2
FILLCANAL
8,2
8,4
8,4
8,3
8,3
8,1
8,0
8,0
7,6
SEALAPEX
12,3
11,0
11,0
10,9
10,8
10,9
10,5
9,5
9,2
PR-SEALER
9,0
9,0
9,0
9,0
9,0
8,7
8,7
8,8
8,4
APEXIT
10,8
10,8
11,2
11,2
11,1
11,0
11,0
11,2
10,8

O pH da água destilada e deionizada utilizada para este experimento era de 6,3.

Imediatamente após completado o preenchimento dos corpos de prova, que eram levados à estufa à 37oC e umidade relativa de 95%, para esperar o tempo de endurecimento, pegava-se outra porção idêntica do cimento espatulado e a colocava em um tubo de ensaio contendo nove mililitros de água destilada e deionizada e a centrifugava a uma rotação de 3000 rpm, por cinco minutos.

A seguir media-se o pH do líquido sobrenadante e essa medida correspondia ao pH do cimento no momento da espatulação.

Após decorridas três horas do tempo de endurecimento do cimento, fazia-se a primeira leitura de pH, e as demais leituras eram feitas a cada 24 horas, até completar 7 dias de observação.

Pelo exame da Tabela XXVII, verifica-se que todos os cimentos testados apresentaram pH alcalino.

O FILLCANAL, que é um cimento que não contêm hidróxido de cálcio na sua composição, forneceu um pH alcalino de 8,2 no momento da espatulação e assim permaneceu até o final do experimento. O pH fornecido pelo FILLCANAL à água, após sete dias, foi de 7,6.

O PR-SEALER, que apresenta 4% de hidróxido de cálcio na sua composição, forneceu à água um pH alcalino (9,0) no momento da espatulação. Este pH permaneceu neste nível até 72 horas e, a seguir, diminuiu lentamente até atingir 8,4 no sétimo dia.

O CRCS apresenta, provavelmente, mais hidróxido de cálcio em sua composição que o PR-SEALER, pois apresentou um pH de 10,8 no momento da espatulação e, a seguir, elevou-se para 11, assim permanecendo durante todo o tempo experimental.

O SEALER 26 elevou o pH da água no período imediatamente após espatulação para 11,4 e, depois de seu tempo de endurecimento, que era de 41 horas, ainda forneceu pH alcalino (10,0) após 24 horas de endurecido. Perdeu, lentamente, sua capacidade de alcalinizar o meio e, no final do experimento, apresentou pH 8,2.

O SEALAPEX e o APEXIT, cimentos pasta/pasta, apresentaram pH 12,3 e 10,8, respectivamente, imediatamente após as suas espatulações.

O SEALAPEX tem um tempo de endurecimento de 45 horas e, mesmo assim, ele continuou fornecendo alcalinidade ao meio, ou seja pH 11, que foi diminuindo lentamente nos dias subseqüentes, até fornecer pH 9,2 no final do experimento.

O APEXIT tem um tempo de endurecimento de uma hora e meia. Apresenta pH alcalino não só imediatamente após a espatulação, como mantém este pH durante todo o tempo experimental.

HYDE (1986) observou que as mudanças no pH da água proporcionadas pelos cimentos SEALAPEX e CRCS eram similares.

Todos os cimentos testados que contêm hidróxido de cálcio em suas fórmulas fornecem pH mais alcalino à água do que o cimento FILLCANAL.

Para elucidar o pH alcalino dos cimentos tipo GROSSMAN, mediram-se os pHs de cada um de seus componentes químicos em água e observou-se o que se segue: tetraborato de sódio apresentou pH 9,13; subcarbonato de bismuto, pH 6,9; óxido de zinco, pH 7,2 e sulfato de bário pH 4,9.

SAVIOLI (1992) verificou que o tetraborato de sódio anidro é o componente que mais promove a solubilidade do cimento de GROSSMAN. Provavelmente, esta solubilidade seja responsável pelo pH alcalino deste cimento.

O uso do hidróxido de cálcio tem propiciado sucesso em muitas situações clínicas, tais como nos tratamentos das perfurações, reabsorções, proteção pulpares e apicificações. As curas ocorrem através de mecanismos de ação que ainda não está totalmente elucidado. Uma das teorias afirma que o hidróxido de cálcio forme um pH que possibilita ambiente favorável para a atividade da fosfatase alcalina (TRONSTAD et al, 1981 e GORDON et al, 1985).

A Figura 24 ilustra de forma gráfica as alterações de pH dos cimentos obturadores de canais radiculares testados .


 
 

FIGURA 24. Gráfico ilustrativo das alterações de pH da água destilada promovidas pelos cimentos obturadores testados.



 
 

CONCLUSÕES
 
 
 
 

Com base nos resultados obtidos e na metodologia empregada, parece lícito concluir o que se segue:
 

1- Os cimentos CRCS, PR-SEALER e FILLCANAL requerem, estatisticamente, a mesma quantidade de pó para ser manipulada com uma quantidade de líqüido estabelecida (0,20 ml) para se obter a consistência desejada.

1.1 Os cimentos do tipo GROSSMAN requerem um tempo médio de espatulação de três minutos para se obter a consistência desejada.

1.2 O cimento SEALER 26, à base de resina epóxi, incorpora pouco pó aos 0,20 ml de resina.

2. Todos os cimentos testados apresentaram escoamentos compatíveis com as exigências da especificação seguida.

2.1 Os menores escoamentos foram obtidos com os cimentos FILLCANAL e SEALER 26 e os maiores, com os cimentos CRCS e SEALAPEX.

3. Quanto ao tempo de trabalho, os cimentos testados podem ser ordenados do seguinte modo crescente, ou seja, do que apresenta menor para o que apresenta maior tempo: FILLCANAL, APEXIT, CRCS, SEALER 26, PR-SEALER e SEALAPEX.

4. O cimento CRCS foi o único a apresentar tempo de endurecimento de acordo com o informado pelo fabricante. .

4.1. O SEALAPEX e o SEALER 26 apresentaram tempos de endurecimento longos, ou seja, 45 horas e 34 minutos para o primeiro e 41 horas e 22 minutos para o segundo.

5. Apenas o cimento SEALER 26 não preencheu as exigências da especificação seguida quanto à espessura do filme.

5.1 O SEALER 26 apresentou 87% de seu pó com partículas maiores que as que passaram por um tamis de malha 60, o que provoca sua grande espessura do filme.

6. Os cimentos SEALER 26, APEXIT, CRCS e PR-SEALER apresentaram solubilidades e desintegrações inferiores a 3%, que é o limite máximo permitido pela especificação seguida. Os cimentos FILLCANAL e SEALAPEX apresentaram solubilidades e desintegrações superiores à permitida.

7. A maioria dos cimentos testados apresentou expansão quando testaram-se as suas estabilidades dimensionais, e preencheu as normas da especificação seguida. A exceção foi o SEALAPEX, que se desintegrou, impossibilitando assim a realização desse teste.

8. Todos os cimentos testados apresentaram radiopacidades aceitáveis pela especificação seguida.

8.1. O SEALAPEX e o SEALER 26 apresentaram as mais baixas radiopacidades e o FILLCANAL, CRCS e PR-SEALER, as mais altas.

9. Todos os cimentos testados possibilitaram a mensuração de suas adesividades à dentina.

9.1. As menores adesividades à dentina que não recebeu a aplicação de EDTA foram obtidas com os cimentos FILLCANAL, SEALAPEX e APEXIT.

9.2 Após a aplicação do agente quelante sobre a dentina, a maioria dos cimentos exibiu aumento de suas adesividades, com exceção do SEALAPEX.

10. Todos os cimentos testados apresentaram-se com pH alcalino, não só no momento de espatulação, como após decorrido o tempo do experimento, ou seja, sete dias após os seus endurecimentos.



 

RESUMO
 
 

Estudaram-se as propriedades físicas dos seguintes cimentos obturadores de canais radiculares contendo hidróxido de cálcio em suas fórmulas: SEALER 26, CRCS, SEALAPEX, APEXIT e um cimento experimental (PR-SEALER). O cimento FILLCANAL foi pesquisado com o intuito de compará-lo com outros cimentos do mesmo tipo (CRCS e PR-SEALER).

Para a realização deste trabalho, usou-se como guia a Especificação 57 para materiais obturadores endodônticos da American Dental Association (1983) em relação aos seguintes testes: escoamento, tempo de trabalho, tempo de endurecimento, espessura do filme, solubilidade e desintegração, estabilidade dimensional e radiopacidade.

O teste de pH foi baseado no método empregado por HYDE (1986) e o teste de adesividade foi baseado no método de GROSSMAN (1976), com ligeiras modificações.

Todos os cimentos estudados apresentaram escoamentos compatíveis com a especificação seguida, com valores que variaram de 28 a 47 milímetros.

Quanto aos seus tempos de trabalho, os cimentos não puderam ser classificados por causa da omissão de informações dos fabricantes.

O cimento CRCS foi o único a apresentar tempo de endurecimento de acordo com o informado pelo fabricante. O SEALAPEX e o SEALER 26 apresentaram tempos de endurecimento longos, ou seja, 45 horas e 34 minutos para o primeiro e 41 horas e 22 minutos para o segundo.

Quanto à espessura do filme, apenas o SEALER 26 não preencheu as exigências da especificação seguida.

Os cimentos FILLCANAL e SEALAPEX apresentaram solubilidades e desintegrações superiores à permitida.

A maioria dos cimentos testados apresentou expansão e preencheu as normas da especificação seguida. A exceção foi o SEALAPEX, que se desintegrou, impossibilitando a realização do teste.

As radiopacidades de todos os cimentos testados apresentaram-se aceitáveis, superiores à 4 milímetros de alumínio. O SEALAPEX e o SEALER 26 foram os que apresentaram as mais baixas radiopacidades.

Todos os cimentos testados possibilitaram mensurações de suas adesividades à dentina. Os cimentos FILLCANAL, SEALAPEX e APEXIT exibiram as menores adesividades.

Todos os cimentos testados apresentaram-se com pH alcalino, não só imediatamente após a espatulação, como após decorrido o tempo do experimento, ou seja, sete dias após os seus endurecimentos.



 
 

SUMMARY
 
 

Physical properties of the following root canal filling cements containing calcium hydroxide were studied: SEALER 26, CRCS, SEALAPEX, APEXIT and an experimental cement, PR-SEALER. The cement FILLCANAL was analyzed to compare it to other cements of the same type (CRCS and PR-SEALER).

Specification 57 for endodontic filling materials of the American Dental Association (1983) was used for the following tests: flow, work time, hardening time, film thickness, solubility and disintegration, dimensional stability and radiopacity. Analysis of pH was based on the method used by Hyde (1986) and the test of adhesiveness was based on the method of Grossman (1976), with slight modification.

All of the cements studied showed flow compative with the specification followed, with values varying from 28 to 47 mm.

The cements could not be classified according to work time because the manufacturers did not provide this information.

CRCS was the only cement to present a hardening time in accordance with that revealed by the manufacturer. SEALAPEX and SEALER 26 had long hardening times, 45 h and 34 min, and 41 h and 22 min, respectively.

Only SEALER 26 did not fill the requirements of film thickeness of the specification followed.

FILLCANAL and SEALAPEX presented greater solubility and disintegration than that permitted.

Most of the cements presented expansion and fill the standards of the specification. SEALAPEX was an exception and disintegrated, preventing testing.

The radiopacities of all of the cements were acceptable, greater than 4 mm aluminum. SEALAPEX and SEALER 26 presented the lowest radiopacities.

Adhesiveness to dentin of all the cements was measured. FILLCANAL, SEALAPEX and APEXIT showed less adhesiveness.

All of the cements were alkaline, not only immediately after spreading, but also at the end of the experiment, 7 days after hardening.


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