FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
 
 

TESE DE DOUTORADO
 
 

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE QUELANTE DO EDTA E DA ASSOCIAÇÃO EDTA + SOLUÇÃO DE DAKIN, POR MÉTODOS QUÍMICOS E PELA ANÁLISE DA MICRODUREZA DA DENTINA.


PAULO CESAR SAQUY
saquy@forp.usp.br

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Maia Campos
gmc@forp.usp.br

RIBEIRÃO PRETO, 1991, 95p


RESUMO | SUMMARY | INRODUÇÃO | REVISÃO | PROPOSIÇÃO | MATERIAL E MÉTODO | RESULTADOS | CONCLUSÕES | REFERÊNCIAS


 
 

INTRODUÇÃO

Existem fortes razões para o emprego de substâncias químicas durante a instrumentação dos canais radiculares. A dentina excisada deve ser englobada pela substância química, a fim de impedir a formação do magma e sua deposição na porção terminal do canal, obstruindo-o. Além disso, essas substâncias devem facilitar o uso dos instrumentos, remover restos orgânicos, contaminados ou não, e combater os possíveis germes existentes.

Cumpre ressaltar que as substâncias químicas precisam desempenhar suas funções sem lesar os tecidos vivos do coto pulpar ou do periodonto apical.

Convém salientar que não se podem separar procedimentos químicos e mecânicos, quer conceitualmente, quer na sua execução prática, visto que o resultado final - a obtenção do trinômio almejado (limpeza, desinfecção e modelagem do canal radicular) - decorre da interação de instrumentos e substancias químicas que interdependem, ou melhor, que se completam.

A instrumentação deve ser feita alternadamente com a irrigação apropriada do canal radicular. A irrigação constitui um elemento auxiliar de inestimável valia na instrumentação. Além do uso obrigatório das substâncias irrigadoras, pode também ser desejável o emprego de uma substância destinada a facilitar a instrumentação, em casos de canais atresiados e/ou calcificados.

As soluções auxiliares da instrumentação de canais radiculares têm sido propostas e estudadas desde o século passado KIRK, (1893) . Muitas desapareceram, restando delas apenas registros na literatura, porem outras continuam em uso.

A instrumentação de canais radiculares atresiados sempre foi uma grande preocupação para os profissionais que se dedicam ao tratamento endodôntico.

A primeira tentativa de se utilizar uma solução química capaz de facilitar e auxiliar a instrumentação dos canais radiculares atresiados foi proposta por CALLAHAN (1894). Esse autor preconizava o uso de um ácido forte, o ácido sulfúrico a 40%, na instrumentação desse tipo de canais radiculares, uma vez que o ácido reage com o cálcio da dentina, formando o sulfato de cálcio, desmineralizando o tecido dentinário.

Essa técnica de instrumentação de canais atresiados, com o auxilio de um acido forte, perdurou por muitas décadas. GROSSMAN (1946) preconizou o uso de um outro ácido forte, o ácido clorídrico, e justificou que esse ácido, ao reagir com o cálcio da dentina, formava o cloreto de cálcio, que era mais solúvel que o sulfato de cálcio.

Embora indicando ácidos fortes diferentes, as técnicas de CALLAHAN (1894) e de GROSSMAN (1946) perduraram por muitas décadas.

NYGAARD-ØSTBY (1957), com base nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNY (1953), propôs a instrumentação de canais atresiados com uma solução de etilenodiaminotetracético, sal dissódico (EDTA) capaz de promover a quelação de ions de cálcio da dentina, em pH neutro.

A proposta de NYGAARD-OSTBY (1957) foi logo aceita, uma vez que a instrumentação do canal radicular passou a ser realizada por um excelente agente descalcificador, sem os inconvenientes dos ácidos fortes (ácido sulfúrico e ácido clorídrico concentrado).

Para facilitar a ação da solução de EDTA, NYGAARD-ØSTBY (1957) recomendava a adição de um agente tensoativo catiônico a essa solução, capaz de conferir propriedades anti-sépticas a solução, e ainda de reduzir a sua tensão superficial em 50%, promovendo assim maior umectação das paredes dentinárias, e portanto maior ação quelante do EDTA.

Durante a primeira década da segunda metade do século XX, STEWART (1955) inicia estudos sobre a ação do peróxido de uréia como agente auxiliar da instrumentação do canal radicular, em substituição ao peróxido de hidrogênio.

No desenvolvimento desse estudo, STEWART et al. (1961) preconizaram o uso do Gly-Oxide a 3%, que era uma substância constituída de peróxido de uréia em glicerina anidra. Esse produto, em associação com o hipoclorito de sódio, produz uma reação efervescente, similar à preconizada por GROSSMAN (1943) , quando indicava o emprego alternado do hipoclorito de sódio com o peróxido de hidrogênio.

STEWART et al. (1969) preconizaram o uso do peróxido de uréia, sob a forma de um creme que possuía EDTA e carbowax. Esses autores quiseram associar a ação anti-séptica do peróxido de uréia à ação quelante do EDTA. Por essa técnica, a reação ocorre no interior do canal radicular, entre esse creme e o hipoclorito de sódio a 5%. Esse produto é conhecido comercialmente como RC-Prep. A reação do creme com o hipoclorito de sódio promove efervescência, e portanto exotermia COSTA (1987).

PAIVA & ANTONIAZZI (1973) recomendam o uso do creme de Endo-PTC no interior dos canais radiculares, associado ao líquido de Dakin. O creme proposto apresenta, em sua composição, o peróxido de uréia, o Tween 80 e o carbowax. Em 1984, esses autores basearam sua justificativa para a substituição do EDTA presente na fórmula de STEWART et al. (1969) no fato de que ele seria inativado pelo hipoclorito de sódio, deixando o quelante sem função.

Com base em estudos recentes, o objetivo do presente trabalho consiste em verificar se a quelação de uma solução de EDTA seria de fato inativada pela sua associação com o hipoclorito de sódio 0,5% (líquido de Dakin).


REVISÃO DA LITERATURA
 

No século passado, KIRK (1893) introduziu o dióxido de sódio para o tratamento endodôntico, e essa substância, de acordo com o autor, teria uma dupla função, ou seja, de da clarear a coroa dental e de limpar os canais radiculares, pela desorganização dos restos pulpares remanescentes.

No Congresso Odontológico de Colúmbia, nos Estados Unidos da América, SCHREIER (1893) relatou o sucesso por ele alcançado com o uso de sódio e potássio metálicos introduzidos nos canais radiculares, e pela sua combinação com os líquidos presentes nos canais, permitindo a sua limpeza. Assim, a reação química pode ser representada da seguinte forma: K+Na+2H20 = KOH+NaOH+2H.

Um ano mais tarde, CALLAHAN (1894) preconiza a técnica de irrigar os canais radiculares com solução aquosa de ácido sulfúrico a 40%. Segundo o autor, a solução apresentava três efeitos: primeiro, possibilitava o alargamento dos canais radiculares atresiados; segundo, limpava; e terceiro, esterilizava. A solução de ácido sulfúrico, em consequência da sua neutralização pelo bicarbonato de sódio, produzia uma reação efervescente que eliminava os débris. Na segunda fase, os canais irrigados com água destilada, ou álcool, ou água oxigenada, a fim de remover o excesso de bicarbonato de sódio aderido às paredes dos canais radiculares.

A análise das substâncias químicas utilizadas por KIRK (1893), SCHREIER (1893) e CALLAHAN (1894) esclareceu que esses autores não se preocupavam com os efeitos negativos sobre os tecidos vivos. Assim, essa época constituiu-se num período bastante empírico. Entretanto, o trabalho de CALLAHAN (1894), em última análise, parece mais criterioso, uma vez que já vislumbrava os atuais objetivos do tratamento endodôntico, ou seja, a instrumentação, a esterilização e a obturação dos canais.

Em 1900, HARLAN recomenda o uso de uma nova solução, tendo como base a papaina, tomando como referencia o estudo de VAN ANTWERP (1881), que observou que a papaina tinha a capacidade de liquefazer e digerir tecidos orgânicos em putrefação.

PRINZ (1912) conclui que o ácido orto-fenol-sulfúrico atuava como agente descalcificador suave sobre as estruturas de dente, deixando a matriz de colágeno intacta.

ZSIGMOND (1912) relatou com muita propriedade, a ação de soluções irrigantes ácidas e alcalinas. Em seu trabalho, chama atenção para o fato de que os ácidos, quer orgânicos ou inorgânicos, tem ação na dissolução de sais de cálcio da dentina, deixando a massa colágena mais fácil de ser removida pela ação mecânica dos instrumentos. Observa ainda que a ação dos álcalis é diferente, ou seja, que essa solução destrói a matriz orgânica e, desse modo, os sais de cálcio são eliminados. Nesse trabalho, o autor favorável à ação dos álcalis como solução irrigante, uma vez que os ácidos atuam diretamente sobre os tecidos vivos e sobre os instrumentos endodônticos.

HOWE (1917) indica a utilização do nitrato de prata amoniacal para impregnar os tecidos pulpares remanescentes e as paredes do canal radicular, admitindo que a prata metálica finamente pulverizada, em função da reação com solução aquosa de formalina a 25%, apresentava propriedade oligodinâmica e, em consequência, esterilizava as paredes dos canais radiculares, bloqueando o efeito coadjuvante dos tecidos infectados.

Nesse mesmo ano, BARRETT (1917) relata a eficiência da solução de Dakin como anti-séptico. A sua solução baseava-se na fórmula proposta por DAKIN (1915), e correspondia à associação de uma solução aquosa de hipoclorito de sódio a 0,5% com ácido bórico, o qual tinha o objetivo de diminuir o pH da primeira solução. De acordo com o propositor, a solução tinha a capacidade anti-séptica pela sua reação química, com a formação de cloramina, em função das proteínas presentes.

Além das tentativas de se formularem soluções irrigantes para o tratamento endodôntico, meios físicos, como a eletrólise e a diatermia, foram também desenvolvidos com o mesmo objetivo de promover a desinfecção dos canais radiculares.

Assim, PRINZ (1917) comunica a eficiência do uso da electrolise, com cloreto de sódio como eletrólito, na esterilização do canal radicular pela liberação do cloro nascente. Por outro lado, enfatiza a necessidade da instrumentação quimico-mecânica dos canais radiculares. Nesse particular, o autor cita a ação germicida do líquido de DAKIN (1915), e comenta ainda que o princípio de esterilização de uma superfície infectada baseia-se no seguinte conceito: "Para tornar uma ferida estéril é necessário usar um anti-séptico, de modo que ele fique em contacto com todas as partes da ferida e em concentração adequada em todas as suas partes. Se essas condições são satisfeitas, toda a ferida vai responder ao tratamento pela diminuição e desaparecimento de seus microrganismos

Tudo parece indicar que McCLELLAND & WASS (1922) foram os autores que se preocuparam com a capacidade desinfectante e germicida de vários agentes. Nessa investigação, estudaram o poder germicida de substâncias à base de cloro em várias concentrações, a partir do iodeto de cloro, da dicloramina T, e da solução de Dakin. Observaram que a solução de Dakin mostra-se muito instável e, em consequência, perde o seu efeito germicida. Para evitar a oxidação, responsável pela sua instabilidade, aconselham que ela seja protegida da luz e do ar, devendo ser armazenada em vidro âmbar e hermeticamente fechado. Os autores afirmam que, apesar das soluções estudadas destruírem microrganismos, aquelas à base de iodeto de cloro tem a sua ação de penetração diminuída em presença de albumina e, em consequência, concluem que elas devam ser substituídas pela solução de dicloramina T a 5%.

Porém, a base científica e o uso de uma solução de hipoclorito de sódio, no caso a 5%, data do ano de 1936, quando WALKER preconizou essa mesma solução para irrigação dos canais radiculares. Em seu trabalho, esclarece que essa solução foi utilizada após a indicação do Dr. Blass, da Universidade de New York. Quanto ao ato operatório, WALKER (1936) dá-lhe ênfase ao explicar que o tratamento endodôntico á um procedimento especializado, exigindo uma atenção especial para todos os detalhes como, por exemplo, a esterilização e a manipulação dos canais radiculares, desde que a proteção do paciente e do operador devem ser rigorosamente observadas, pois o canal radicular infectado aloja microrganismos de ação contaminante.

GROSSMAN & MEIMAN (1941) , após o estudo dos vários agentes químicos aplicados em técnicas endodônticas, tais como a solução aquosa de ácido sulfúrico CALLAHAN (1894);o sódio e o potássio metálicos - SCHREIER (1893); o dióxido de sódio - KIRK (1893); o metilato de sódio - LEVENE (1929);a papaína - WILKINSON (1929); e a soda clorada - WALKER (1936) , ratificaram a afirmativa de WALKER (1936), no sentido de que a solução de soda clorada seria a mais eficiente como solvente do tecido pulpar. Essa afirmativa de GROSSMAN & MEIMAN (1941) , em ultima análise, permitiu um tratamento endodôntico mais disciplinado quanto ao uso de solução irrigante.

O mesmo GROSSMAN (1943) sugere uma técnica para o tratamento de canais radiculares, que resistiu galhardamente as críticas por um período de aproximadamente quarenta anos, baseada na irrigação alternada, primeiro com a soda clorada duplamente concentrada, e depois com a água oxigenada a 3%. Assim, associava-se a capacidade solvente da soda clorada com a liberação de oxigênio nascente pela reação com a água oxigenada. Como justificativa do seu emprego, o autor cita o seguinte axioma: antes de uma ferida estar pronta para receber o agente quimioterápico, todos os restos necróticos e débris devem ser removidos.

PUCCI & REIG (1944), no capítulo sobre química dos canais radiculares, relatam que o acido clorídrico é superior ao ácido sulfúrico na instrumentação de canais atresiados, porque forma sais solúveis de cálcio, o que facilita a instrumentação dos canais radiculares.

NIKIFORUK & SREEBNY (1953) estudaram a ação de um ácido orgânico - ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) -como agente desmineralizador de tecido duro. A sua ação dá-se pela reação de quelação com o cálcio. Desse estudo, pode-se concluir que o ácido orgânico tem ampla capacidade de ação desmineralizante, estabelecendo-se inclusive novas bases para a aplicação do ácido etilenodiaminotetracético na instrumentação dos canais radiculares.

JUSSILA & POHTO (1954) analisaram o efeito de várias soluções de EDTA sobre o tecido dentinário, e observaram que uma solução de EDTA a 10% e pH 11 dissolvia dentina de modo considerável no espaço de tempo de 10 a 15 minutos. Notaram também que essa solução de EDTA a 10% em pH 11 apresentava efeito hidrolisante sobre as proteínas, e portanto deveria ser considerada uma solução danosa aos tecidos vitais.

NYGAARD-ØSTBY (1957), com base no trabalho de NIKIFORUK & SREEBNY (1953), indica o sal dissódico do ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) para a instrumentação dos canais radiculares pois, pela sua ação quelante, permite formular uma solução auxiliar para a instrumentação do canal radicular. Por ser biologicamente compatível com os tecidos, o autor preconiza o seu emprego em substituição aos ácidos inorgânicos até então utilizados. Essa solução aquosa de EDTA, somada ao hidróxido de sódio, tem uma composição final de 15% de EDTA, com pH próximo do neutro (7,3).

HILL (1959) adicionou o tensoativo amônio quaternário -Cetavlon a solução de EDTA, com o objetivo de proporcionar a essa solução um agente bacteriostático.

Ainda quanto ao preparo químico-mecânico dos canais radiculares, MARSHALL et al. (1960) dividiram as amostras de dentes em quatro grupos: grupo um, formado por dentes controles, que não recebiam a instrumentação mecânica, mas somente a remoção de toda a polpa com o uso do extirpa-nervos, tendo inclusive seus ápices selados com cera; grupo dois, formado por dentes que recebiam a instrumentação mecânica dos canais radiculares e eram irrigados com água corrente; grupo três, composto por dentes que recebiam o tratamento mecânico, isto é, instrumentação com auxílio de soluções irrigantes - EDTA (NYGAARD-ØSTBY, 1957), soda clorada 5,25% alternada com água oxigenada a 3,0% (GROSSMAN, 1943), nitrato de prata amoniacal (HOWE, 1917) , e solução aquosa de ácido sulfúrico neutralizada, após um minuto de ação com bicarbonato, de sódio (CALLAHAN, 1894); e finalmente o grupo quatro, composto de dentes que tinham os seus canais radiculares instrumentados com auxílio das soluções de água oxigenada a 3,0% (3,0 ml durante cinco minutos),soda clorada 5,25% (3,0 ml durante cinco minutos) , nitrato de prata amoniacal (um minuto) ácido sulfúrico (um minuto) e eugenol (cinco minutos) A permeabilidade era indicada pelo uso dos rádio-isótopos S , Na , I e P , sob a forma de soluções marcadas de sulfato de sódio, cloreto de sódio, iodeto de sódio isotônico e fosfato de sódio, respectivamente. Os autores concluíram que as regiões cervical e média da dentina do canal radicular são mais permeáveis a todos os isótopos utilizados, enquanto que a região apical é altamente impermeável. Além disso, admitiam que a junção dentino cementária atuava como barreira a infiltração dos isótopos. Entretanto, o grande mérito desse trabalho residiu na formulação do índice de permeabilidade dentinária (IPD) que fornecia um parâmetro para avaliar matematicamente os níveis de permeabilidade das paredes dentinárias do canal radicular. Em face da reprodutibilidade dos ensaios, muitos autores adotaram esse método.

COBE (1960) analisou a ação de duas soluções, a água oxigenada a 3,0% e a solução de peróxido de uréia dissolvida em glicerina anídra, esta última identificada comercialmente como Gly-Oxide a 3,0%, ambas em presença de sangue humano. Os resultados dos testes bacteriológicos mostraram que o Gly-Oxide a 3,0%, além de ter uma ação mais ativa, é também mais estável em presença do sangue, isso porque a quebra da ligação molecular do peróxido de uréia é mais lenta quando comparada à da água oxigenada a 3,0%. Além disso, a solução de peróxido de uréia apresentava-se mais estável em temperatura ambiente.

Da mesma forma, STEWART et al. (1961) avaliaram a capacidade das soluções Gly-Oxide a 3,0 % - soda clorada e da água oxigenada a 3,0% no tratamento cirúrgico dos canais radiculares. Os autores admitiram que, o Gly-Oxide tem possivelmente maior ação bactericida, e correlacionaram esse resultado com a instrumentação e limpeza inicial dos canais radiculares. Em valores percentuais, quando analisados em períodos diferentes do tratamento, após a primeira instrumentação, 90% dos casos apresentaram ausência de microrganismos ativos no teste bacteriológico. Por outro lado, quando os pacientes retornavam e não havia nova instrumentação, a porcentagem de canais sem microrganismos ativos caí para 65,7% para aqueles casos selecionados para o Gly—Oxide a 3,0%, e 48,5% para os canais tratados com água oxigenada a 3,0%. Ao notarem que a solução de peróxido de uréia, ao reagir com a soda clorada, produzia efervescência, estabeleceram uma técnica, não só para o alargamento do canal, como também para a sua limpeza. De fato, segundo os autores, a efervescência é útil na limpeza do canal, pela remoção dos débris da área operada.

PATTERSON (1963), ao detectar as frequentes mudanças atróficas que ocorrem na polpa coronária e radicular, em consequência das alterações dos diâmetros dos canais, o que os leva à obliteração, avaliou a ação dos quelantes EDTA e EDTAC, evidenciando que o EDTAC é mais eficaz do que o EDTA na limpeza do canal radicular e na sua capacidade antimicrobiana. A diferença entre as duas substâncias, em relação à sua composição, é que o EDTAC (Cetavlon) contém uma amônia quaternária, além da presença do EDTA.

FEHR & OSTBY (1963), com muita propriedade, recomendaram o uso de uma associação composta de EDTA e Cetavlon (tensoativo catiônico quaternário de amônio) , com o objetivo de reduzir a tensão superficial da solução de EDTA. Essa associação ficou conhecida como EDTAC.

HAMPSON & ATKINSON (1964), ratificando parte dos resultados alcançados por WACH et al. (1955), observaram que a região apical é a que apresenta menor penetração de radio isótopos 5 e 1, pois as amostras das hemissecções mostraram uma estrutura de aspecto mais transparente. Nesse trabalho, foram utilizadas as seguintes soluções irrigantes: cloramina, EDTA a 15%, cetrimide, clorexidina, nitrato de prata amonical, eugenol, solução de nitrato de prata seguida de eugenol, e tricresol. Além dessas soluções, utilizaram o que poderia ser chamado de teste em branco, ou seja, a instrumentação do canal sem emprego de soluções. Resultados comparativos entre as instrumentações a seco e aquela com o auxilio de soluções irrigantes, tais como cloramina, EDTA e cetrimide, conduziram os autores a conclusão de que: a instrumentação a seco não provocava o aumento da permeabilidade da dentina, enquanto que o uso de soluções aumentava a permeabilidade dentinária.

WEINREB & METER (1965) aconselhavam a troca constante do EDTA a cada três minutos, para que ele fosse mais eficaz no preparo do canal radicular.

HELING et al. (1965) realizaram uma pesquisa onde compararam a ação do EDTA e do ácido clorídrico a 20% na remoção do cálcio. Observaram que a solução de EDTA preconizada por NYGAARD-ØSTBY (1957) era tão efetiva quanto a solução de ácido clorídrico a 20%, na instrumentação do canal radicular.

STEWART et al. (1969) , aproveitando as características quelantes do EDTA e a propriedade anti-séptica do peróxido de uréia, preconizam uma nova solução auxiliar de instrumentação, com a consistência de creme. Os autores identificaram na comercialmente com nome de RCPrep. Contém 15% de EDTA, 10% de peróxido de uréia e carbowax em quantidade suficiente para chegar a consistência de creme. O RC-Prep é introduzido na câmara pulpar, e sobre ele é adicionada a soda clorada (hipoclorito de sódio a 5%). Disso resulta uma reação de efervescência, com liberação de oxigênio nascente. Testes bacteriológicos mostraram que, após a instrumentação, 97,6% das culturas bacteriológicas apresentavam resultados negativos.

STEWART et al. (1969) verificaram que o peróxido de uréia não permanecia estável em solução aquosa, e que o EDTA era insolúvel em solvente orgânico. Dessa forma, o Carbowax (polietilenoglicol) foi utilizado como veículo, pois permitia formar um creme, ao qual eram incorporados tanto o peróxido de uréia como o EDTA, em forma de pó. Esse creme, constituído de peróxido de uréia, EDTA e carbowax, apresenta-se solúvel em água, amolecia à temperatura do corpo e apresenta-se estável.

Logo a seguir, COHEN et al. (1970) compararam a eficiência de várias soluções, entre elas o hipoclorito de sódio a 5%, o hipoclorito de sódio a 5% associado à água oxigenada a 3%, o peróxido de uréia em glicerina anídra (GlyOxide) associado ao hipoclorito de sódio a 5%, o sal dissódico do ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) com peróxido de uréia (RC-Prep) mais hipoclorito de sódio a 5%, e o Zefirol a 1:1000, usadas como auxiliares na instrumentação do canal radicular. O objetivo era avaliar sua capacidade em relação à permeabilidade dentinária. Assim, após a instrumentação, o corante azul de metileno em solução aquosa a 2% era introduzido no canal radicular. A avaliação foi feita segundo o método do índice de Permeabilidade Dentinária, preconizado por MARSHALL et al. (1960) . Os autores chegaram a conclusão de que a permeabilidade dos canalículos dentinários aumentava significativamente com o uso do RC- Prep mais hipoclorito de sódio a 5%, tanto no terço médio do canal como na região apical.

SHIH et al. (1970) relatam que a população de bactérias no interior do canal foi altamente reduzida após a irrigação com hipoclorito de sódio a 5,25%, porém não afirmam que esse tratamento proporcione canais esterilizados. Tanto assim que aconselham a utilização de medicação intracanal, a fim de controlar a população microbiana reduzida pela ação de hipoclorito de sódio.

Por outro lado, SENTA et al. (1971) verificaram a ação do hipoclorito de sódio a 5,25% como solvente do tecido pulpar. Esse estudo, "in vitro" , provou que essa solução tem ação mais eficaz nos casos dos canais com diâmetros relativamente grandes do que nos casos de canais atresiados. Os resultados alcançados quanto à capacidade de dissolução de tecido pulpar a 3 mm do ápice são questionáveis.

Possivelmente com base no trabalho de STEWART et al. (1969), PAIVA & ANTONIAZZI (1973) preconizaram o uso de um composto cremoso à base de 10% de peróxido de uréia, 15% de Tween 80 e Carbowax. Esse composto é identificado como Endo-PTC e a técnica para o seu uso é a seguinte: primeiro, o Endo-PTC é colocado na câmara pulpar e, com um instrumento elevado para o interior do canal radicular. Em seguida, o Endo-PTC é neutralizado com o liquido de Dakin. A adição do líquido de Dakin faz-se de maneira sucessiva até a perda da efervescência. Quando isso ocorre, troca-se o creme e reinicia-se o processo. Finalizada a instrumentação, o canal radicular deve ser irrigado com Tergentol-Furacin.

Em relação às suas atividades antibacterianas no preparo biomecânico dos canais radiculares, ANTONTAZZI (1973) selecionou as soluções de PAIVA & ANTONIAZZI (1973), STEWART et al. (1969), GROSSMAN (1943) e VARELLA & PATVA (1969). Os resultados dos experimentos indicam que a associação Tergentol-Furacin foi a menos eficaz como agente antimicrobiano. A associação da soda clorada com água oxigenada, para ser eficaz como solução antimicrobiana, necessita atuar durante 10 a 15 minutos no interior do canal radicular. O Endo-PTC, mais líquido de Dakin e o RC-Prep mais soda clorada, não só se comportaram de maneira idêntica, como também não foram prejudicados pela presença de material orgânico.

A biocompatibilidade das soluções irrigantes sobre o coto pulpar foi estudada por NERY et al. (1974). Os autores selecionaram o soro fisiológico, a solução saturada de hidróxido de cálcio, a água oxigenada a 10 volumes, o Tergentol, o Dakin, a soda clorada, o EDTAC, o EDTA, o EDTA mais peróxido de uréia, o EDTA recém preparado, incluindo também a água destilada. Dos resultados obtidas, os autores, após exame histológico, admitiram que todas as substâncias estudadas, quando seladas no interior dos canais radiculares por 48 horas, produzem necrose do coto pulpar e processo inflamatório nos tecidos periapicais, de intensidade e extensão variável. Dentre as substâncias testadas, as menos irritantes foram: a água destilada, a água de cal, o EDTA e o EDTAC. A adição de curativo de demora, à base de corticosteroide e antibióticos, inibe a irritação produzida pelas substâncias empregadas.

ZURBRIGGEN et al. (1975) estudaram a capacidade real de atuação da instrumentação X irrigação na limpeza do canal radicular. Na parte experimental do seu trabalho, utilizaram a composição formada pelo EDTA, peróxido de uréia e Carbowax, na condição de creme (RC-Prep) . Este composto foi marcado com C14, e se utilizou o hipoclorito de sódio a 2,5 por cento como solução irrigante. Foram selecionados 40 dentes recém - extraídos e unirradiculares. Essa amostra foi dividida em 4 grupos com 10 dentes cada. Uma das variáveis, possivelmente em função da variação de diâmetro dos canais radiculares, permitiu a utilização final da instrumentação com limas de número 35 ou numero 50. Dentro das limitações próprias do experimento, os autores adotaram a instrumentação e os agentes medicamentosos preconizados por STEWART et al. (1969).

Após a instrumentação dos dentes de todos os grupos, foram eles armazenados pelo período de cinco dias em um meio que simula a condição da boca (umidade relativa de 100 por cento e temperatura de 37 graus centígrados) . Após cinco dias, dois grupos de dentes foram removidos e irrigados com hipoclorito de sódio a 2,5 por cento, e os outros dois novamente instrumentados com limas 35 ou 50 e irrigados com hipoclorito de sódio a 2,5 por cento. A presença do C14 foi avaliada após a incineração das amostras. Os resultados mostraram que, em todos os casos, a média de retenção de C14 foi de 3,8 por cento em relação à quantidade inicial utilizada. Segundo os autores, a importância clínica do estudo refere-se a possível não remoção de todo o creme utilizado (RC-Prep) na instrumentação do canal radicular.

ABRAMOVICK & KALUZA (1976) estudaram, em esmalte, se a aplicação do fluoreto estanhoso modificava a ação quelante do EDTA sobre esse tecido. Essa pesquisa elucidou que a aplicação do fluoreto estanhoso no esmalte antes do tratamento com o EDTA não interferia na sua ação quelante.

FRASER & LAWS (1976), pesquisando a ação desmineralizadora do EDTA, verificaram que as regiões cervical e média do canal radicular sofriam ação quelante, mas a dentina da região apical permanecia inalterada.

TREPAGNIER et al. (1977) estudaram os efeitos de varias soluções, em concentrações diversas, na dissolução de tecidos orgânicos. Os resultados alcançados indicaram que o hipoclorito de sódio a 5,0 por cento não só é mais eficaz como atua por menos tempo.

CURY et al. (1981) estudaram a ação desmineralizadora do EDTA em diferentes pH. Nesse estudo, usaram uma solução de EDTA a 0,3 M, prepararada para diferentes pH (5,0, 6,0 7,0, 8,0 e 9,0) Essas soluções atuaram em dentina pulverizada, da qual a seguir se analisou a quantidade de fósforo liberado. Como conclusão, verificaram que a ação desmineralizadora do EDTA é influenciada pelo pH da solução. O maior efeito desmineralizador foi observado entre pH 5 e 6.

CRABB (1982) , empregou a técnica que preconiza o uso da unidade ultra-sônica, operada a 25.000 cps para instrumentação dos canais radiculares, associada a soluções irrigantes, tais como o EDTA, o Salvizol a 0,5 por cento, o hipoclorito de sódio a 5,0 por cento e a água deionizada para o grupo controle. Os resultados mostradas pela microscopia eletrônica de varredura indicaram que a solução de hipoclorito de sódio a 5,0 por cento foi mais eficiente na remoção dos "débris", dos canais in vitro", do que as outras soluções estudadas.

YAMADA et al. (1983), com auxílio da microscopia eletrônica de varredura, correlacionaram a instrumentação com diferentes volumes de diversas soluções irrigantes, como a solução salina (controle) , a hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, o EDTA a 17,0 por cento e a 8,5 por cento, e o ácida cítrico a 25.0 por cento. Os resultados mostraram que, quando a solução salina foi usada antes e depois da instrumentação, a presença de "débris" era grande, tanto na região coronária como na apical; quando foram empregados 20 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento na irrigação final, a superfície das paredes do canal apresentou-se limpa e lisa. Entretanto, a fotomicrografia obtida com grande ampliação revelou a presença da camada de "smear", típica de uma estrutura amorfa, preenchendo os canalículos dentinários; o uso de 20 ml de EDTA a 17,0 por cento evidenciou a presença de "débris" na região apical; o uso de 20 ml de ácido cítrico a 25,0 por cento apresentou resultados variáveis em função do número de canais. A associação de 10 ml de EDTA a 17 por cento com 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento revelou-se mais eficiente na remoção da camada de "smear", apresentando inclusive grande eficiência na remoção de "débris" superficiais. Além disso, as fotomicrografias mostram uma real limpeza do canal principal na região apical, porem com pequena quantidade de "débris" nos canalículos dentinários; uma segunda combinação de 10 ml de EDTA a 8,5 por cento seguida, por 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, também se mostrou eficiente na remoção da camada de "smear". Porém, essa combinação não foi tão eficiente quanto a última citada. A associação de 10 ml de ácido cítrico, seguido por 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, não foi uma combinação eficiente na remoção de "débris" superficiais e da camada de "smear". Sendo que as fotomicrografias mostraram inclusive a presença de cristais. A análise desse trabalho evidencia que o estudo das soluções não é inédito quanto à capacidade de limpeza, porém apresenta riqueza de detalhes mostrados pelas fotomicrografias.

BRANCINI et al. (1983) analisaram o poder de limpeza de algumas soluções irrigantes, com o auxílio da microscopia de varredura. Utilizaram, para essa investigação, 26 caninos humanos recém - extraídos. Os canais foram instrumentados e irrigados com as seguintes soluções: EDTA, ácido cítrico a 1,0 por cento, Tergentol, Dehyquart A e líquido de Dakin. Após esses procedimentos, os dentes foram seccionados longitudinalmente e preparados para analise em microscópio de varredura. Os autores concluíram que a eficiência de limpeza das soluções irrigantes obedece a seguinte ordem decrescente: EDTA, ácido cítrico, Dehyquart A, Tergentol e líquido de Dakin. Não foi constatada diferença estatística em relação ao poder de limpeza das soluções irrigadoras nos terços cervical, médio e apical.

PAIVA & ANTONIAZZI (1984) afirmam que, para a utilização do EDTA, "deve-se ter em conta que não pode existir na cavidade do dente qualquer traço de substância química que possua pH diferente do neutro, já que alteraria a capacidade de quelação desejada." Afirmam ainda que o EDTA deve ser neutralizado com solução de Dakin ou de Milton, fazendo uma irrigação lenta, despendendo cerca de 5 ml da solução.

BYSTROM & SUNDQVIST (1985) verificaram a ação anti microbiana da solução de hipoclorito de sódio e EDTA em 60 casos de tratamento endodôntico em dentes infectados. Observaram que não havia diferença entre a ação anti microbiana das soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5 e de 5%. O uso combinado de uma solução de EDTA e hipoclorito de sódio a 5% apresentava-se mais eficaz do que quando se usava somente solução de hipoclorito de sódio.

PECORA (1985) estudou a permeabilidade da dentina radicular em caninos humanos, após a instrumentação manual dos canais radiculares com o uso de diversas soluções irrigantes, tais como o líquido de Dakin, a solução de Milton, a soda clorada, a soda clorada alternada com água oxigenada, o EDTA, o RC-Prep mais soda clorada, o Tergentol-Furacin, o Endo-PTC neutralizado com líquido de Dakin e água como controle. A permeabilidade da dentina radicular foi estudada por meio de cortes transversais dos dentes, com a adição de um método histoquímico proposto por ROSELINO (1983) para a sua evidenciarção. A quantificação dos níveis de permeabilidade foi realizada pela análise morfométrica. Com base nos resultados, concluiu-se que as soluções halogenadas e a de EDTA foram as que mais aumentaram a permeabilidade da dentina radicular.

ZUOLO et al. (1987) estudaram o efeito do EDTA e sua associação com tensoativos aniônicos e catiônicos na permeabilidade da dentina radicular de incisivos superiores humanos extraídos, e utilizaram o método histoquímico de ROSELINO (1983) para avaliar a permeabilidade dentinária radicular. A associação mais eficiente na promoção do aumento da permeabilidade foi a de EDTA associado a um com tensoativo cationico (EDTAC).

GUIMARÂES et al. (1988) realizaram pesquisa sobre a tensão superficial de várias soluções auxiliares na instrumentação dos canais radiculares, pelo método de ascensão capilar. Das substâncias analisadas, o lauril sulfato de sódio a 0,1% apresentou a mais baixa tensão superficial, e a adição de tensoativos ao EDTA reduziu sensivelmente sua tensão superficial. O líquido de Dakin também apresentou uma tensão superficial muito baixa, caracterizando a como uma solução de contato bastante satisfatória.

Em estudo recente, MOURA et al. (1988) avaliaram "in vitro" a permeabilidade destinaria radicular em dentes irrigados com hipoclorito de sódio a 1%, associado ao creme de Endo - PTC, durante a instrumentação, e lavagem final com solução de Tergentol-Furacin, seguida ou não do emprego final de EDTA-C. Os autores constataram que não houve diferença estatisticamente significante em relação à permeabilidade dentinária radicular frente ao uso ou não do EDTA-C.

PECORA et al. (1991) estudaram a ação do EDTAC "in vitro" sobre microdureza da dentina radicular, em diferentes tempos de aplicação. Observaram que a dureza da dentina submetida à ação do EDTAC é inversamente proporcional ao tempo de contato do tecido dentinário com o agente quelante. Após a ação do EDTAC, a faixa de dentina próxima ao órgão pulpar apresenta menor dureza que a dentina periférica, nos tempos estudados. O terço cervical da dentina radicular após o contato com o EDTAC, apresentou maior dureza que o terço médio, e este maior dureza que o terço apical, em todos os tempos estudados.



 

PROPOSIÇÃO
 
 

Considerando que existe na literatura uma forte tendência em aceitar o fato de que o EDTA deva ser usado isolada mente no interior do canal radicular, pois a presença de qualquer outra substância que altere o pH do meio provocaria a sua inativação, este trabalho se propõe a:
 
 

1 - Avaliar o efeito quelante do EDTA, associado ou não ao hipoclorito de sódio a 0.5%, sobre os ions níquel.

2 - Determinar a concentração de cálcio complexado pelo EDTA, associado ou não ao hipoclorito de sódio a 0.5%.

3 - Verificar a ação do EDTA, associado ou não ao hipoclorito de sódio a 0,5%, sobre a microdureza da dentina.



 
 

MATERIAIS E MÉTODOS
 
 

1. PREPARO DAS SOLUÇÕES DE EDTA E DAKIN

No presente trabalho, utilizaram-se três métodos para analisar o efeito quelante de uma solução de EDTA preconizada por NYGAARD-OSTBY (1957), associada ou não a uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5% (solução de Dakin). A fim de simplificar, indicar-se-á sempre a expressão (EDTA) para designar sal dissódico do ácido etilenodiaminotetracético,

A solução de EDTA utilizada nos métodos aqui propostos foi aviada no Laboratório de Pesquisa em Endodontia da FORPUSP, de acordo com a fórmula proposta por NYGAARD-ØSTBY (1957): sal dissódico do ácido etilenodiaminatetracético = 17,0g água, destilada = 100,0ml e hidróxido de cálcio 5N = 9,8ml.

Preparo da solução de EDTA:

Em um béquer para 200m1, pesaram-se 17 gramas do sal dissódico do ácido etilenodiaminotetracético (Merck) e adicionaram-se 100 ml de água destilada deionizada. A solução formada, de cor branca, foi agitada com um bastão de vidro, gotejando-se lentamente o hidróxido de sódio 5N, até se obter pH 7,3, quando a solução branca se tornava límpida e transparente. O pH foi medido em um pH-meter Digimed.

A seguir, a solução foi colocada em um recipiente plástico, dotado de batoque e tampa, sendo posteriormente guardada em local isento de luz, até o momento do uso.

Preparo da solução de Dakin:

A solução de Dakin foi preparada de acordo com a proposta de Dakin (1915)

Para isso pesaram-se 10 gramas de hipoclorito de cálcio com teor de 65% de cloro ativo, da marca HTH, que foram colocados em um gral, adicionando-se água destilada, triturando até obter uma pasta. Essa pasta foi colocada em um béquer, acrescentando mais água até um volume total de 500 ml. Essa solução de hipoclorito de cálcio era agitada de tempos em tempos, sendo a seguir deixada em repouso por 12 horas.

Em outro béquer, colocaram-se 7gramas de carbonato de sódio anidro (Merck) , acrescentando-se água destilada deionizada até completar o volume de 500 ml, agitando-se até completa dissolução. Em seguida, em um outro béquer de 1000 ml, colocou-se o sobrenadante do béquer que continha o hipoclorito de cálcio, desprezando o precipitado. Juntou-se então o conteúdo do béquer que continha o carbonato de sódio, ao do béquer de 1000 ml, que agora continha o hipoclorito de cálcio.

Da reação do hipoclorito de cálcio com o carbonato de sódio resultaram o hipoclorito de sódio e o carbonato de cálcio. O carbonato de cálcio precipita-se, e o sobrenadante e o hipoclorito de sódio, que é então removido por meio de sifão, e a seguir filtrado em algodão.

O hipoclorito de sódio obtido apresentou pH 11,0, reduzido para 9,0 pela adição de 4 gramas de ácido bórico à solução.

A titulação por iodometria demonstrou haver 0,52 de cloro ativo por 100 ml da solução assim preparada.

2. MÉTODO QUÍMICO PARA EVIDENCIAR A QUELAÇÂO DE IONS METÁLICOS (NÍQUEL) EM PAPEL DE FILTRO.

O método para evidenciar ions níquel por meio de uma reação química foi preconizado por FEIGL (1958) . PÉCORA et al. (1990) adaptaram esse método para observar a quelação de ions níquel no interior dos canalículos dentinários. Neste trabalho, o método foi adaptado para verificar a quelação de ions níquel em papel de filtro.

O níquel é revelado por meio de uma solução alcoólica de dimetilglioxima. A reação níquel + dimetilglioxima produz a formação do complexo Ni-dimetilglioxima, que apresenta cor vermelha. O limite de identificação é de 0,16 µg de níquel (FEIGL, 1958)

Preparo da solução de níquel:

Pesaram-se 5 gramas de sulfato de níquel (Merck) em um béquer de 100 ml, e a seguir colocaram-se 50 ml de água destilada deionizada, agitando-se até completa dissolução. Em seguida, colocou-se a solução obtida em um balão volumétrico

Preparo da solução de dimetilglioxima:

Pesou-se 1 grama de dimetilglioxima em um béquer de 50 ml, adicionando-se álcool etílico 96 GL até completar o volume total de 100 ml de solução, que foi armazenada em balão volumétrico (Figura 1).

Em papel de filtro (Whatman) , de tamanho de 12 X 9 cm, depositaram-se três gotas da solução aquosa de sulfato de níquel, sendo uma gota em cada ponto previamente marcado sobre o papel (pontos A, B e C, Figura 2.1) . Para a colocação das gotas, utilizou-se uma pipeta automática com capacidade para 1 ml, com as pontas plásticas intercambiáveis, para possibilitar o seu uso com diferentes soluções. O papel era deixado a secar, sob ação de uma lâmpada elétrica de 100 watts.

Em seguida aplicava-se uma gota da solução de EDTA no ponto B, e uma gota da associação solução de EDTA + solução de Dakin (1:1) no ponto C (Figura 2.2) do papel de filtro.

Uma vez seco o papel, aplicava-se uma gota da solução alcoólica de dimetilglioxima em cada um dos três pontos.

Onde ocorresse a quelação dos ions Ni , a mancha apresentava-se com a cor do papel; e onde ela não ocorresse aparecia a cor vermelha, indicativa da complexação Ni-dimetil-glioxima (Figura 2.3)

3.DETERMINAÇÂO DA CONCENTRAÇÃO DE CÁLCIO COMPLEXADA PELO EDTA NA DENTINA

Foram utilizados trás incisivos centrais superiores humanos recém - extraídos, conservados em timol a 0,1%, a 9 graus centígrados, até o momento do uso. Esses dentes tiveram a coroa seccionada na junção cemento-esmalte. Em seguida removia-se com um motor de baixa velocidade e disco de carburundum toda a parte cementária da raiz, de forma a restar apenas a sua porção dentinária.

As raízes eram seccionadas, formando vários cubos de dentina, que foram triturados em um moinho de bola (MLW- Alemanha) até a obtenção de pó de dentina (Figura 3).

Pesavam-se 4 porções de 50 mg do pó da dentina, em balança de precisão (MLW, Alemanha), que eram armazenados em 4 tubos de ensaio: A1, A2, B1 e B2 (Figura 4).

Nos tubos A1 e A2 , além das 50 mg do pó de dentina acrecentavam-se 5 ml de EDTA a 17%, de acordo com a fórmula de NYAGAARD-OSTBY (1957), e 5 ml de água destilada.

Nos tubos B1 e B2, além das 50 mg do pó de dentina acrecentavam-se 5 ml de EDTA e  5ml de líquido de Dakin.

Os tubos de ensaios eram então colocados em uma centrífuga (Excelsa Baby, Fanem, modelo 208N), durante 3 minutos a uma rotação de 1000 rpm (Figura 5) . retiramvam-se, posteriormente, aliquotas de 0,1 ml dos 4 tubos, que eram então diluídas para 10 ml, com solução de óxido de lantânio a 0,1%  e dosadas em um espectrofotômetro de chama (Atom Spex Hilger and Watts, modelo H1170), Figura 6, para obter as quantidades de cálcio complexada (Tabela I)
 

4. MÉTODO PARA A AVALIAÇÃO DA MICRODUREZA DA DENTINA, APÓS A AÇÃO DAS SOLUÇÕES QUÍMICAS TESTADAS.

Utilizaram-se cinco incisivos centrais superiores humanos recem-extraídos, conservados em solução de timol a 0,1%, a 9 graus centígrados, até o momento do uso. Esses dentes tiveram suas coroas seccionadas na junção esmalte-cemento, medindo-se em seguida o comprimento das raízes por meio de um paquimetro digital (Tesa, Suíça) . Os valores obtidos eram divididos por três, a fim de determinar o comprimento dos terços cervical, médio e apical.

Após delimitado o comprimento relativo a um terço da raiz, seccionavam-se as raízes na linha de demarcação entre terços cervical e médio, para separar o terço cervical.

Esses terços cervicais das raízes eram então incluídos em acrílico de rápida polimerização, a fim de formar um bloco regular que possibilitasse sua adaptação a uma máquina de corte. Os demais terços foram desprezados.

Os terços cervicais das raízes foram seccionadas no sentido transversal, em uma máquina de corte dotada de um disco diamantado com 500 micrometros de espessura (Figura 7) . Durante o processo de corte, o disco diamantado e o bloco de acrílico eram refrigerados com jato constante de água, a fim de evitar a queima do acrílico e da dentina. Um relógio micrométrico, acoplado à máquina de corte, permitia um avanço de 1 milímetro, resultando em cortes de tecido radicular, com essa espessura.

Os cortes externos foram desprezados, utilizando-se somente o corte intermediário para o estudo.

Esse corte foi dividido em quatro partes, cada qual utilizada para cada um dos tratamentos programados (Figura8)
Figura9
Figura10
Figura11
A carga utilizada foi de 50 gramas, aplicada durante 15 segundos (PÉCORA et al., 1991)

Os corpos de prova de dentina preparados eram levados ao aparelho de medição e fixados sempre na mesma posição. Para que isso fosse possível, confeccionou-se um dispositivo de plástico dotado de vários pontos referenciais, que deveriam coincidir com pontos marcados na mesa do aparelho.

Inicialmente, lia-se a microdureza no quadrante de dentina submetido à ação da água destilada e deionizada.

Posteriormente, lia-se a microdureza do segundo corpo de prova de dentina do mesmo corte, após a aplicação da solução de EDTA + água destilada e deionizada (1:1), por 7 minutos. Na mesma sequência, procedia-se à leitura da microdureza do terceiro corpo de prova do mesmo corte, após a aplicação da associação das soluções EDTA + Dakin na proporção 1:1, por 7 minutos. E por último, lia-se a microdureza do quarto corpo de prova de dentina do mesmo corte cervical, após a aplicação da solução de Dakin na sua superfície por 7 minutos.

A aplicação da carga de 50 gramas fazia com que a ponta de diamante do aparelho de dureza penetrasse na dentina e fizesse mossas, como as observadas na Figura 12.,na próxima à luz do canal e caminhavam em direção ao cemento. Em todos os corpos de provas, foi possível obter 12 leituras de microdureza vickers.



 

RESULTADOS
 
 

1. QUELAÇÃO DE IONS METÁLICOS (NIQUEL) EM PAPEL DE FILTRO.

Pelo método preconizado por FEIGL (1958), a substância capaz de revelar a presença de ions níquel é a dimetilglioxima que, ao reagir com os ions níquel, apresenta um complexo químico, o Ni-dimetilglioxima, de cor vermelha.

As fotos da Figura 2 mostram claramente as áreas onde essa reação química colorida ocorrem (níquel livre) , e onde não ocorreu, em virtude de estar ele unido ao quelante EDTA.

Na foto 2.3 observa-se que, no ponto A, os ions níquel foram revelados pela dimetilglioxima, tornando a cor vermelha em toda área ocupada pela gota de níquel difundida na superfície do papel de filtro. No ponto B, observa-se a formação de um centro não colorido no interior da área onde havia níquel. A área não colorida indica não haver ions níquel livres, uma vez que se acham quelados pelo EDTA. Ao redor dessa área central há um halo vermelho, indicando a presença ali de Ni-dimetilglioxima.

No ponto C, verifica-se igualmente do centro não colorido a formação, indicando que no local não há também níquel livre, uma vez que foi quelado pelo EDTA da associação EDTA+Dakin. Isto quer dizer que, mesmo associado a outra substância, no caso o líquido de Dakin, o EDTA não perdeu sua capacidade de quelante.

Esse teste foi repetido várias vezes, sempre com os mesmos resultados, ou seja, de que o EDTA (B) e a mistura de EDTA + Dakin (C) são capazes de quelar os ions níquel, evidenciando que o EDTA não tem seu poder de quelação inativado ou neutralizado, quando associado a urna solução de natureza alcalina, como o caso do hipoclorito de s6dio (solução de Dakin).

2. CONCENTRAÇÃO DO CÁLCIO COMPLEXADA PELO EDTA, NA DENTINA.

A Tabela 1 expressa os valores da quantidade de cálcio removido da dentina pelo EDTA.

TABELA 1. Quantidades de cálcio complexadas (de aproximadamente 5Omg de dentina pulverizada) com o EDTA, na presença ou não do liquido de Dakin, em função do tempo de contato.

A Tabela 1 evidencia que a quantidade de cálcio complexado pelo EDTA é maior quando o EDTA está associado à solução de Dakin (1:1).

Após um minuto de contato observou-se que a solução de EDTA e água (1:1) quelou 0,176 mg de cálcio e, no mesmo tempo de ação, a associação de solução de EDTA com a solução de Dakin (1:1) quelou 0,627 mg de cálcio. Essa associação possibilitou a remoção de 3,5 vezes maior de cálcio.

Quando se analisa a capacidade quelante do EDTA em relação ao cálcio, ao longo tempo de contato (Figura 13), observa-se que essa capacidade aumenta em ambos os casos comparados (EDTA + água e EDTA + líquido de Dakin). Ap6s esse tempo, todavia, enquanto o EDTA + água se estabiliza num plateau", a associação EDTA + Dakin tende a continuar aumentando, embora em ritmo mais lento. Além disso, o gráfico da Figura 13 mostra também que as quantidades de cálcio removido foram sempre maiores com o EDTA + Dakin, em cada instante de observação ao longo dos 120 minutos de duração do teste, o que fica evidenciado pela altura em que se postam as duas linhas representativas das duas soluções.

3. MICRODUREZA DA DENTINA

Os 60 dados amostrais utilizados neste estudo foram os valores da microdureza da dentina (dureza Vickers). Esse numero total de dados resulta do produto fatorial de quatro soluções (água, EDTA + água, EDTA + Dakin e Dakin) 5 dentes trás médias por dente: 4 X 5 X 3 60.

Foram obtidas 12 medidas de dureza para cada dente, das quais se calcularam três médias, unia cada 4 valores de dureza. Essas 3 médias representavam a dureza da dentina nas áreas junto à cavidade pulpar, junto ao cemento e na região intermediária entre essas duas regiões. Representava em última análise, a dureza de toda a espessura da dentina.

Esses valores médios de dureza Vickers na dentina estão expressos na Tabela II.

TABELA II. Valores em dureza Vickers da dentina.

Foram realizados testes preliminares, visando a verificar-se a distribuição dos dados amostrais seria normal, a fim de definir o tipo de estatística a ser utilizado (estatística paramétrica ou não paramétrica). Para isso, foi usado um programa de computador desenvolvido no Departamento de Estomatologia Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, pelo Prof. Dr. Geraldo Maia Campos.

TABELA III. Parâmetros amostrais: Valores oríginais.

Verifica-se, pela Tabela III, que os valores da média e da mediana são bem diferentes, o que, apesar de existir uma simetria da distribuição, com número igual de dados abaixo e acima da média sugere uma distribuição não-normal. Além disso, o coeficiente de variação está muito elevado (26,71%)

A seguir, comparou-se a distribuição amostral com uma distribuição de frequências padrão, com intervalos de classe baseados na média e no desvio padrão da amostra, que são os pontos característicos da curva normal (Tabela IV).

TABELA IV. Distribuição de frequência: valores originais.

Um vez calculadas as frequências absolutas percentuais por intervalos de classe e acumuladas, foram traçadas duas curvas superpostas com base nos percentuais acumulados de frequências, unia correspondente à curva normal matemática e a outra à distribuição amostral experimental. A discrepância entre as duas curvas demonstra o seu grau de aderência. Pelo gráfico da Figura 14, observa-se não existir sobreposição das duas curvas, indicando novamente a não normalidade da distribuição.

FIGURA 14. Traçado da curva normal matemática e da curva de distribuição amostral experimental. Observa-se que não ocorre sobreposição dos percentuais acumulados de frequências referentes às curvas experimental e normal.

Esses mesmos valores percentuais acumulados de frequência podem ser lançados em um gráfico de projeção aritmético- normal, afim de testar a normalidade da distribuição. Novamente aqui se observa que a distribuição experimental não se ajusta a reta que traduz a normalidade matemática (Figura 15).

FIGURA 15. Percentuais acumulados de frequências em projeção aritmético-normal. Note-se a não sobreposição dos traçados da curva normal experimental.

Assim, essa linha não reta, resultante da interligação dos pontos percentuais, indica tratar-se de uma curva nada próxima da normal.

Para elucidar ainda mais, realizou-se um teste de aderência (pelo X2 ) da curva experimental com a curva normal matemática (com a mesma média e o mesmo desvio padrão da curva experimental) . Os resultados estão expressos na Tabela V

TABELA V. Teste de aderência à curva normal: Valores originais.’

O resultado (x2= 105.70) para 4 graus de liberdade indica uma probabilidade menor que 1% de a curva testada ser normal.

Continuando, traçou-se o histograma de frequências da amostra exeriental e, ao mesmo tempo, sobrepões-se a ele o traçado da curva normal matemática com a mesma média e o mesmo desvio-padrão da curva experimental, afim de servir como termo de comparação (Figura 16).

FIGURA 16.

Histograma da distribuição de frequências da amostra experimental, com sobreposição da curva normal matemática, ambas com a mesma média e o mesmo desvio-padrão. Note-se a ausência de correspondência entre as duas distribuições, e a separação dos dados em duas populações distintas (barras separadas por espaço vazio).

Para testar a independência das variâncias envolvidas neste estudo, fez-se o gráfico da Figura 17, onde estão projetadas as médias das soluções contra as respectivas variâncias, traçando—se urna linha de regressão.

TABELA VI. Regressão linear:

A tabela VI expressa as médias de microdureza e as respectivas variâncias, utilizadas para calcular a linha de regressão.

FIGURA 17. Regressão linear.Médias (abscissas) contra as respectivas variâncias (ordenadas).

O valor calculado para correlação (r= 0,6921) é menor que os valores críticos tabelados (r = 0,99 e r = 0,95, respectivamente para a = 0,01 e a = 0,05), para 2 graus de liberdade, indicando uma independência entre as médias e variâncias confrontadas.

Para verificar a homoscedasticidade das amostras, aplicou-se o teste de Cochran:

Como o valor 0,4222813 é menor que o valor 0.4539, isso indica que as amostra são homogêneas.

Os testes realizados levaram à conclusão de que a distribuição dos dados experimentais deste trabalho, referentes à microdureza da dentina frente às soluções irrigantes, não tinham distribuição normal, apesar das variâncias envolvidas serem independentes e homoscedásticas.

Diante disso, a aplicação da análise estatística paramétrica estava contra-indicada, optando-se portanto pela análise estatística nãoparamétrica para dados independentes, selecionando-se para isso o teste de Kruskal-Wallis, cujos resultados são mostrados na Tabela VII.

TABELA VII. Teste de KRUSKAL-WALLIS

O teste de Kruskal-Wallis indicou que os resultados são significantemente diferentes ao nível de 1% de probalidade para Ho.

A seguir, compararam-se as médias dos postos das amostras, e os resultados estão reunidos na tabela VIII.

TABELA VIII. Comparação entre as diferenças entre as médias dos postos

Pela análise da tabela VIII, observa-se que não há diferença estatística entre a microdureza da dentina, após tratamento desse tecido pela água ou pelo líquido de Dakin isoladamente, o mesmo ocorrendo quando a ambos se adiciona o EDTA. Todavia, quando se combina o EDTA, seja à água, seja ao líquido de Dakin, o teste acusa uma grande diferença de ação dessa combinação, seja em comparação com qualquer deles isoladamente, seja em comparação com o controle. Disso se conclui que a ação do EDTA é estatisticamente a mesma, seja associado à água, seja combinado com o líquido de Dakin.

Matematicamente, essas relações poderiam ser expressas da seguinte forma, usando-se agora as durezas médias, e não mais os postos utilizados no teste de Kruskal-Wallis:

[Dakin(58,7) = Água (57,8)]diferente [EDTA + Água (34,4) = EDTA + Dakin (33.7)]

A Figura 18 representa e evidencia melhor o que ocorre na microdureza da dentina, após a ação das soluções irrigantes. Por essa Figura, observa-se com clareza que a dureza da dentina não é afetada pela água (58) ou pelo líquido de Dakin (59) isoladamente. Todavia, quando a água ou o líquido de Dakin são associados ao EDTA, ocorre a descalcificação da dentina, e a dureza desta cai para 34. Por sua vez, a igualdade de valores (34) para o EDTA, associado tanto a água quanto ao líquido de Dakin, indica que o líquido de Dakin não altera o poder descalcificante do EDTA


DISCUSSÃO

A ação quelante do EDTA como agente desmineralizador de tecidos duros, como o osso e dentes, foi estudada por NIKI FORUK & SREEBNY (1953).

O uso do sal dissódico do ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) como solução irrigante para a instrumentação de canais atresiados foi proposto por NYGAARD-OSTBY (1957). Esses autores verificaram que esse sal de ácido orgânico fraco era capaz de promover a desmineralização de tecidos duros tão bem como os ácidos inorgânicos fortes. A grande vantagem do EDTA sobre os ácidos fortes é que ele é capaz de desmineralizar dentes e ossos em pH neutro. Analisando as suas propriedades químicas, verificaram que o aumento da velocidade de quelação está diretamente ligado à concentração do EDTA, de O,1M a O,5M. Acima dessa concentração, a velocidade não era aumentada de modo apreciável. Quanto à temperatura, o seu aumento também proporcionava um aumento da velocidade de quelação.

A capacidade do EDTA em formar complexo com o cálcio em pH neutro e alcalino ofereceu um novo e satisfat6rio método de desmineralização de tecidos duros (ossos e dentes), sem sujeitar esses tecidos a um pH baixo, e a drástica desnaturação de proteínas.

À medida que se aumenta o pH da solução de EDTA dissódico de 4 para 7,5, verifica-se que aumenta a sua capacidade de quelação de ions cálcio. Acima do pH 7,5, a quelação processa-se ainda, porém sem apresentar um aumento considerável. Em pH acima de 10,5, a taxa de desmineralização do osso pelo EDTA á menor do que em pH neutro. Esse fato, observado por NIKIFORUK & SREEBNY (1953), decorre de uma queda na solubilidade do osso, em virtude do aumento do pH da soluçao. Há menos ions cálcio disponíveis quando o osso á colocado em uma solução de EDTA com pH)10 do que com pH(10. Isso não quer dizer que não ocorra a quelação. Significa apenas que a quantidade de cálcio removido e menor.

Esses autores verificaram que uma concentração de 0,5M de EDTA á suficiente para descalcificar fragmentos de dente ou de osso de 0,5 grama.

JUSSILA & POHTO (1954) estudaram o efeito de várias soluções de EDTA, em diferentes concentrações, sobre a dentina, e concluíram que uma solução de EDTA a 10%, com pH 11, era capaz de desmineralizar esse tecido no período de 10 a 15 minutos. Esses autores chamaram atenção para o fato de que, com esse pH, a solução apresentava efeito deletério sobre os tecidos moles.

NYGAARD-OSTBY (1957), com base nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNY (1953) e JUSSILA & POHTO (1954), preconizou o uso de uma solução de sal dissódico de EDTA a 15%, pH 7,3, para a instrumentação de canais atresiados, segundo a seguinte fórmula: Sal dissódico de EDTA, 17,0; Água destilada, 100,0ml e NaOH 5M, ml.

Os autores ressaltam ainda que essa solução não á bactericida nem bacteriostática, mas inibe o crescimento das bactérias porque quelam ions metálicos. Propuseram a adição de um agente germicida, um tensoativo à base de amónia quaternária (o Cetavlon) , que não reduzia o efeito quelante do EDTA. Esse novo produto ficou conhecido comercialmente como EDTAC.

A adição do Cetavlon ao EDTA fez com que sua tensão superficial fosse reduzida em 50% (GUIMARÀES et al., 1988) fazendo com que ocorresse maior umectação das paredes dos canais radiculares.

NYGAARD-OSTBY (1957) procurou explicar que a desmineralização de tecidos duros pelo sal dissódico de EDTA á regida pelo princípio da constante de solubilidade. Quando uma substância de baixa solubilidade, como o osso ou um dente, e colocada em água, uma pequena quantidade dessa substância é dissolvida. Para efeito didático, esse raciocínio pode ser expresso como segue: o complexo inorgânico predominante do osso á o Ca2PO4; quando em água, uma quantidade de Ca++ PO4--- á dissolvida até que o osso ou dente fique em equilíbrio com a solução saturada desses elementos; o produto de concentração molar de ions Ca++ e PO--- deve igualar—se a uma constante, a uma determinada temperatura; a constante (K) é o produto de solubilidade; se o EDTA for adicionado, alguns ions Ca serão retirados da solução por quelação, de modo que mais substancia do osso será dissolvida, até satisfazer o produto de solubilidade.

Essa substância, o EDTA, proposta por NYGAARD-ØSTBY (1957) para instrumentação de canais atresiados, substitui, de modo definitivo, o uso de ácidos fortes para a mesma finalidade.

PAIVA & ANTONIAZZI (1973) relataram que a remoção do EDTA do creme proposto por STEWART et al. (1969) foi motivada pelo fato de esse produto ser neutralizado pela ação do hipoclorito de sódio, tornando-se portanto ineficaz. Por isso, substituíram o EDTA pelo tensoativo neutro Tween 80.

No presente trabalho, observou-se que a mistura da solução de EDTA com o líquido de Dakin não foi capaz de neutralizar, diminuir ou inativar a ação quelante do EDTA sobre ions cálcio.

Para verificar se o EDTA seria ou não inativado pela ação do líquido de Dakin, usaram-se dois métodos químicos e um método físico. O primeiro método químico utilizado foi o da reação química de identificação de ions níquel. Como o EDTA quela vários ions metálicos, entre eles Pb++ , Cu++, Zn++,Co ++, Ni++, A1++, Cd++, Sn++ Ca++, Sr++, Ba++, Mg++, Bi++, Fe++, (VOGEL, 1981) , escolheu-se dentre eles o níquel, porque a sua identificação é feita facilmente, por meio de uma reação química com dimetilglioxima (FEIGL, 1958). ROSELINO & MINELLI (1969) adaptaram a reação de FEIGL (1958) para detectar ions níquel em métodos de infiltração marginal utilizados em Odontologia. PECORA et al. (1990) modificaram esse método para que se pudesse verificar a quelação de ions níquel no interior dos canalículos dentinários.

Neste estudo, verificou-se que os ions níquel são quelados tanto pela solução de EDTA como pela associação 1:1 da solução de EDTA + solução de Dakin (Figura 2).

Por meio dessa simples reação química, pode-se observar que a solução de Dakin (pH 9,0) não inativava a ação quelante da solução de EDTA (pH 7.3). Mesmo com o aumento de pH, a quelação se processava.

O segundo método químico utilizado destinava-se a determinar a concentração de cálcio da dentina complexada pela quelação do EDTA, em função do tempo de contato. Observou-se que a quelação ocorria com o uso de soluções de EDTA seja, isoladamente, seja associado ao líquido de Dakin na proporção de 1:1.

Pelo exame do gráfico da figura 13, observa-se que, após o tempo de contato de aproximadamente 10 minutos, a capacidade de complexação do EDTA com cálcio cresce muito pouco.

A solução de EDTA com pH 7,3 e a solução representada pela associação de EDTA com solução de Dakin (pH 9,3) atuaram ambas na quelação de cálcio. Esse método evidencia que a concentração de cálcio extraído pela associação da solução de EDTA com solução de Dakin foi ligeiramente maior do que quando se usava somente o EDTA, em todos os tempos estudados. Esse fato demonstra que a complexação de EDTA com cálcio e estável, reprodutiva e não sofre influência da presença da solução de Dakin.

O ligeiro aumento do pH provocado na solução de EDTA + líquido de Dakin, de pH 7,3 para pH 9, está dentro da faixa observada por pesquisadores como NIKIFORUK & SREEBNY (1953). Esses autores observaram que a quelação de cálcio aumenta fortemente acima do pH 6, e que a curva fica estável a partir de pH 7,5.

Observaram também que o EDTA quela melhor o Ca em pH alcalino; entretanto, a taxa de demineralização de osso pelo EDTA á menor em pH 10,5 do que em pH neutro.

Isso á explicado pelo fato de a constante do produto de solubilidade do osso e do dente diminuírem à medida que o pH aumenta. Poucos ions cálcio vão estar disponíveis na solução, quando o pH estiver acima de 10, aumentando quando a solução está com pH abaixo de 10. Apenas a taxa de quelação diminui, e isso ocorre em virtude de haver poucos ions de cálcio disponíveis, e não pela inativação do EDTA.

O efeito quelante do EDTA continuará existindo em pH alcalino, desde que haja ions cálcio disponíveis (ou outros ions metálicos) , atá que todas as moláculas de EDTA sejam utilizadas. Um Mol de EDTA quela um Mol de ions metálicos.

O terceiro método utilizado nesta investigação consistiu em avaliar a ação da água, da solução de EDTA proposta por NYGAARD-OSTBY (1957), da associação da solução de EDTA solução de Dakin (1:1), e de solução de Dakin sobre a microdureza da dentina.

A carga de 50 gramas aplicada por 15 segundos e tempo de ação das soluções por 7 minutos teve por base o trabalho de PECORA et al. (1991) , pois esses autores observaram que o EDTA atua melhor sobre a microdureza da dentina após um tempo de ação entre 5 e 10 minutos.

A análise estatística não-paramétrica (teste de Kruskall-Waliis) elucidou de forma bem clara que a solução de EDTA e a associação da solução de EDTA com a solução de Dakin na proporção de 1:1 diminuiu a microdureza da dentina de modo semelhante, nos tempos estudados (Figura 5, Tabela VIII) . Tanto a água como a solução de Dakin, isoladamente, não alteraram a microdureza da dentina.

A associação do EDTA com solução de Dakin apresenta o mesmo efeito quelante de quando se utiliza a solução de EDTA sozinha, apenas em solução aquosa.

Muitos autores, GOLDMAN et al. (1981) , YAMADA et al 1983, HARRISON (1984), MADER et al., (1984), WHITE et al,(1984) e BYSTRON & SUNDUIST (1985), tem sugerido que a irrigação do canal radicular com hipoclorito de sódio seja complementada com a irrigação de solução de EDTA, uma vez que esta atua sobre componentes inorgânicos, removendo assim restos de dentina que ficam aderidos às paredes dos canais radiculares. Todos esses autores são unanimes em recomendar que a irrigação final seja realizada com uma solução de hipoclorito de sódio, talvez com o objetivo de remover por diluição todo EDTA que se encontre no interior do canal radicular, e não para promover sua inativação química.

De fato, pelos resultados obtidos neste trabalho, observa-se que a solução de hipoclorito de sódio não inativa a ação quelante do EDTA.

Pesquisas devem ser ainda realizadas, para verificar a possibilidade de essas soluções serem utilizadas simultaneamente na instrumentação do canal radicular, de modo a conseguir-se um somatório das atividades químicas que ambas apresentam, bem como para verificar se o uso simultâneo dessas soluções permite obter uma limpeza satisfatória do canal radicular, um aumento da permeabilidade dos canalículos dentinários além de manter o efeito solvente e a capacidade antimicrobiana do hipoclorito de sódio.

O presente trabalho demonstra que a solução de hipoclorito de sódio não interfere na ação quelante do EDTA. Porém, a ação do EDTA interferiria na ação germicida e solvente da solução de hipoclorito de sódio. Essa á uma questão ainda por esclarecer.



 
 

CONCLUSÕES
 
 

Com base na metodologia empregada, e nos resultados obtidos, parece licito concluir que:
 
 

1. Tanto a solução de EDTA a O,5M, pH 7,3 como a associação dessa solução com a solução de Dakin são capazes de quelar ions níquel.

2. A solução de EDTA a O,5M pH 7,3 e a associação dessa solução com a solução de Dakin na proporção de 1:1 são capazes de quelar ions cálcio.

3. A solução aquosa de EDTA e a associação de EDTA com a solução de Dakin atuam sobre a dentina, diminuindo igualmente sua microdureza.

4. A ação quelante do EDTA não ~ inativada pela sua associação com a solução de Dakin na proporção de 1:1.



 
 

RESUMO
 
 

Utilizaram-se três métodos para estudar o efeito quelante de uma solução de EDTA, associada ou não a uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5%.

O primeiro método destinava-se a evidenciar a quelação de ions metálicos (Ni), em papel de filtro, por meio de uma solução alcoólica de dimetilglioxima. A reação níquel + dimetilglioxima forma o complexo Ni-dimetilglioxima, que apresenta cor vermelha.

O segundo método visava a determinar a concentração de cálcio complexada pelo EDTA na dentina. Após a obtenção do pó de dentina, este era colocado em contato com as soluções de EDTA e de líquido de Dakin + EDTA, fazendo-se então a leitura da concentração de cálcio em um espectrofotômetro de chama.

O terceiro método usado tinha por fim a avaliação da microdureza da dentina, após a ação das soluções de EDTA e de EDTA + líquido de Dakin. Após a obtenção dos cortes de dentina, estes eram submetidos à ação das soluções testadas, em tempos previamente estabelecidos. A seguir, esses cortes eram levados ao aparelho de dureza Vickers, para determinar as medidas da dureza dentinária.

Os resultados permitiram concluir que: 1.Tanto a solução de EDTA, como a associação dessa solução com a solução de Dakin são capazes de quelar ions metálicos; 2. A solução de EDTA e a associação são capazes de quelar ions cálcio; 3. A solução aquosa de EDTA e a associação de EDTA com a solução de Dakin atuam sobre a dentina, diminuindo igualmente a sua microdureza; 4. A ação quelante do EDTA não é inativada pela sua associação com a solução de Dakin.



 

SUMMARY
 
 

Three methods were used ta study the chelating effect of EDTA, associated or not with a 0.5% sodium hypochlorite solution (Dakin’ s solution)

The first method aimed ta reveal the chelation of metallic ions Ni++ on filter paper, by its reaction with an alcoholic dimetylglyoxin solution, in which a red colored complex is formed.

In the second method, powdered dentin was sunk inta EDTA ar EDTA + Dakin’s solution and, after chelatian, the calcium concentration was measured by flame spectraphotametry.

The third method aimed ta evaluate the Vickers’ microhardness of dentin submitted to the action of EDTA ar EDTA + Dakin’s solution, after previously established periods of time.

The results soawed that:

1. The EDTA aqueous solution, associated or not with Dakin’s solution, is capable of chelating metallic ions;

2.The EDTA and the EDTA + Dakin’s solutions are capable of chelating calcium ions.

3.The EDTA aqueous solution, as well as the EDTA + Dakin’s solution, decalcify the dentin, decreasing its Vickers’ micro-hardness.

4. The chelating action of EDTA is not inactivated when associated with Dakin’s solution.
 



 

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