DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO IN VITRO DO EFEITO DA APLICAÇÃO DO LASER Er:YAG E DA SOLUÇÃO DE EDTAC NA SUPERFÍCIE DENTINÁRIA SOBRE A ADESIVIDADE DE DIFERENTES CIMENTOS ENDODÔNTICOS À BASE DE RESINA EPÓXICA.
RESUMO
Estudou-se in vitro o efeito da aplicação do laser
Er:YAG e da solução de EDTAC na superfície dentinária
sobre a adesividade de diferentes cimentos endodônticos à
base de resina epóxica.
Foram utilizados 99 molares superiores humanos de estoque que tiveram suas
coroas desgastadas até se obter uma superfície plana transversal
ao longo eixo do dente e foram divididos em três grupos com 33 dentes
cada. No primeiro grupo, a superfície de dentina não recebeu
nenhum tratamento. No segundo, aplicou-se sobre a dentina uma solução
de EDTAC por cinco minutos e, no terceiro, a dentina recebeu a aplicação
do laser Er:YAG com os seguintes parâmetros: potência 2,25
w; distância focal 11 mm; freqüência de 4 Hz; período
de aplicação de 1 minuto e energia de 200 mJ, totalizando
62 J de energia aplicados ao dente. Três dentes de cada grupo foram
enviados para a análise de microscopia eletrônica de varredura.
Assim, cada grupo ficou constituído com trinta dentes, que receberam
os cimentos obturadores para o estudo da adesão. Os cimentos endodônticos
à base de resina epóxica testados foram os seguintes: AH
Plusâ , Topsealâ , Sealer 26â , AH 26â e o Sealer
Plusâ . O cimento Fillcanalâ , cimento tipo Grossman à
base de óxido de zinco e eugenol, foi utilizado como controle. A
força de adesão foi detectada por meio de uma Máquina
Universal de Ensaios.
Os resultados evidenciaram haver diferença estatística significante
ao nível de 1% de probabilidade entre as condições
de tratamento da dentina e os diferentes cimentos endodônticos. Assim,
a dentina tratada com laser Er:YAG propiciou a maior adesividade, a dentina
tratada com a solução de EDTAC proporcionou adesividade intermediária
e a dentina que não recebeu tratamento algum mostrou a menor adesividade.
No que diz respeito aos cimentos endodônticos testados, o teste de
Scheffé mostrou a formação de 5 grupos em ordem decrescente
de adesividade à dentina: AH Plusâ , com a maior adesividade;
Topsealâ e Sealer 26â , com valores estatisticamente semelhantes;
AH 26â ; Sealer Plusâ ; e Fillcanalâ , com o menor valor
de adesividade.
SUMMARY
The effect of Er:YAG laser application and EDTAC on the adhesiveness of
epoxy resin-based obturating cements on human dentine was evaluated.
A total of 99 extracted human maxillary molars with their crowns worn flat
were used. The teeth were divided into 3 groups: first group, the dentine
surface received no treatment; second group, EDTAC was applied on the dentine
for 5 minutes; third group, the dentine received Er:YAG laser application
(2.25 w potency; 11 mm focal distance; 4 Hz frequency; 200 mJ energy; 62
J total energy; 313 mean impulse). Three teeth from each group were analyzed
by scanning electron microscopy.
The epoxy resin root canal cements used were: AH PlusÒ,
TopsealÒ, Sealer 26Ò, AH 26Ò,
Sealer PlusÒ. The zinc oxide and eugenol based cement
FillcanalÒ was used as control.
Adhesiveness was measured with a universal testing machine.
The cements were tested with each type of treatment that the dentine received.
The results showed a statistically significant difference at the level
of 1% among the dentine treatments. Thus, the dentine treated with Er:YAG
laser showed a greater adhesiveness with the obturating cements than dentine
treated with EDTAC which was greater than dentine that received no treatment.
The Sheffé test showed the formation of 5 groups in decreasing adhesiveness:
AH Plus, Topseal and Sealer 26, AH 26, Sealer Plus, and Fillcanal(Grossman
cement).
A obturação dos canais radiculares é uma das fases
de grande importância do tratamento endodôntico e está
na dependência direta não só de todas as fases anteriores,
tais como o preparo, a limpeza e a desinfecção dos canais,
bem como dos materiais obturadores empregados.
Assim, a obturação dos canais radiculares significa preenchê-lo
com materiais de modo mais hermético possível, mantendo-o
desinfectado e impedindo sua contaminação.
No final do século XIX e no início do século XX, muitos
autores chamaram atenção para esta fase do tratamento endodôntico
e salientaram a importância da escolha dos materiais obturadores,
e preocuparam com a manutenção do tecido periapical sadio
(PRINZ, 1912; CALLAHAN, 1914; BUCKLEY, 1929 ; RICKERT, 1927; GROSSMAN,
1936; PUCCI, 1945).
A preocupação com a obturação de canais radiculares
sempre foi um tema importante e, em 1912, PRINZ estabeleceu uma série
de requisitos que um material obturador deve possuir. A estes requisitos
estabelecidos, somaram-se, com o desenvolvimento das pesquisas, outros
propostos por GROSSMAN (1958), BLOCK et al. (1978), TORABNEJAD et al. (1979),
MORSE et al. (1981), BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982), HOLLAND et al.
(1983).
Assim, hoje, pode-se salientar os seguintes requisitos que um material
obturador deve possuir: a) não deve ser agente necrolítico;
b) deve ter qualidades anti-sépticas permanentes; c) deve ser de
fácil introdução nos canais radiculares; d) deve ser
biocompatível; e) não deve provocar alterações
cromáticas nas estruturas dentais; f) deve apresentar estabilidade
dimensional; g) não deve solubilizar e ou se desintegrar; h) deve
ser radiopaco; i) deve ser de fácil remoção do interior
do canal radicular se necessário for; j) deve propiciar selamento
hermético do canal radicular; l) deve apresentar boa adesividade
às paredes do canal radicular; m) ser de fácil manipulação
e possibilitar escoamento necessário para obturar canais laterais;
n) não deve provocar resposta imunológica aos tecidos periapicais;
o) não pode ter características mutagênicas ou carcinogênicas.
A obtenção de um cimento obturador ideal é uma utopia,
porém sempre foi o desejo perseguido pelos pesquisadores e clínicos.
Na tentativa de se obter um cimento obturador ideal, os pesquisadores,
no decorrer deste século, têm-se esforçado e realizados
inúmeros estudos. RICKERT(1927) e GROSSMAN(1936) propuseram um cimento
obturador à base de óxido de zinco e eugenol com prata .
A presença da prata nesses cimentos deve-se ao fato de se obter
ação anti-séptica com base nas propriedades oligodinâmicas
deste metal.
Com o desenvolvimento das pesquisas, GROSSMAN (1958) realizou vários
estudos que culminaram na indicação de um cimento obturador
à base de óxido de zinco sem prata. Esse autor melhorou este
cimento, e modificou sua fórmula em 1962 e em 1974. Este cimento
é, ainda hoje, muito utilizado e produzidos por diversas empresas
e com os mais diferentes nomes de fantasia.
Schroeder em 1954 apud GOLDBERG (1982), propôs um cimento obturador
de canais radiculares à base de resina epóxica de bisfenol
A. A reação de polimerização dos monômeros
(resina) acontece frente à presença de um catalisador (hexametilenotetramina).
Como tanto o monômero como o catalisador era radiolúcido,
o autor adicionou ao pó o trióxido de bismuto, o dióxido
de titânio e a prata pulverizada. Este cimento ficou conhecido como
AH 26®. A grande vantagem desse material é que ele
polimeriza mesmo na presença de relativa umidade presente no interior
do canal.
A seguir, em virtude de pesquisas realizadas, o autor modificou a fórmula
do AH 26®, removendo o dióxido de titânio e
a prata pulverizada. Deste modo, o cimento ficou conhecido como AH 26 Silver
Free®.
BERBERT (1978) apresentou uma pesquisa onde indicou que a adição
de 20% de hidróxido de cálcio ao AH 26® propiciava
grande melhora no comportamento biológico deste cimento.
Com base no estudo efetuado por BERBERT (1978), a Companhia Dentsply lançou
no mercado brasileiro um cimento conhecido como Sealer 26®,
cuja composição é a seguinte: a) pó: óxido
de bismuto, hidróxido de cálcio, dióxido de titânio
e, como catalisador, a hexametilenotetramina, b) resina: epóxica
de bisfenol A.
Atualmente, inúmeros cimentos obturadores de canais radiculares
à base de resina epóxica têm sido lançado no
mercado e, dentre eles, podemos citar: Topseal®, AH Plus®
e Sealer Plus®.
Esses cimentos são recentes e faltam estudos sobre suas propriedades
físico-químicas, microbiológicas e de biocompatibilidade.
ROPER (1996) observou em seus estudos que não há diferença
estatística entre os cimentos Sealer 26® e o AH Plus®
no que concerne à suas propriedades de infiltração
marginal, porém são melhores que os cimentos à base
de óxido de zinco e eugenol.
Para normatizar as pesquisas realizadas com os materiais obturadores de
canais radiculares e tornar mais fáceis as comparações
entre os trabalhos realizados por diferentes pesquisadores, a American
Dental Association, publicou em 1983, a Especificação
57 para os materiais endodônticos.
A Especificação 57 estabelece, para análise das propriedades
físicas, os seguintes testes: escoamento, espessura do filme, tempo
de trabalho, tempo de endurecimento, radiopacidade, solubilidade e desintegração
e, ainda, o de estabilidade dimensional.
Os testes de análise de pH, adesividade e infiltração
e outros mais não foram estabelecidos na norma, pois, na época,
não havia um pensamento de consenso sobre os métodos a serem
utilizados para avaliar tais características dos materiais.
No que diz respeito à adesividade, ou seja, à capacidade
de um cimento obturador aderir à dentina, os métodos estão
sendo uniformizados, pois diversos pesquisadores têm utilizado a
Máquina Universal de Ensaios (HYDE, 1986; WENNBERG & ØRSTAVIK,
1990; GETTLEMAN et al., 1991; SOUSA-NETO, 1997 e 1999).
A utilização da Máquina Universal de Ensaios propicia
a realização do teste de adesão de modo preciso e
com obtenção de dados mais reprodutíveis. Esses equipamentos
podem expressar, dependendo de sua configuração, os dados
em Kgf ou em Mega Pascal.
De modo geral, os autores têm preferido utilizar os dados de adesão
em Mega Pascal (MPa), para ficar mais fácil e rápida a comparação
dos resultados.
Os pesquisadores observaram que a presença do magma dentinário
(smear layer) sobre as paredes da dentina radicular consiste em
um ponto negativo para a obturação dos canais radiculares,
pois essa camada impede um contato íntimo do cimento obturador com
as paredes da dentina radicular (WHITE et al., 1984 e 1987 ; KENNEDY et
al., 1986, ECONOMIDES et al., 1999).
Para a remoção do magma dentinário (smear layer),
na Endodontia, os pesquisadores têm recomendado o uso de uma solução
de EDTA (ácido etilenodiaminotetracético sal dissódico)
durante o preparo biomecânico (YAMADA et al., 1983; GETTLEMAN et
al., 1991; FIDEL, 1993; GARBEROGLIO & BECCE, 1994; SEN et al., 1995;
KOUVAS et al., 1998).
O desenvolvimento do laser (Light Amplification by Estimulated Emission
of Radiation - Ampliação da luz por emissão estimulada
de radiação) possibilitou que essa tecnologia fosse colocada
à disposição da Medicina e da Odontologia para as
mais diversas aplicações, dependendo do tipo da radiação
laser utilizado, ou seja, de baixa e alta densidade de potência.
Para uso na Odontologia, inúmeros aparelhos têm se desenvolvido
e os de alta densidade de potência têm sido empregado para
o preparo cavitário, condicionamento da dentina, esterilização
de canais e cirurgia (HIBST & KELLER, 1989; KELLER & HIBST, 1989
e 1992; PAGHDIWALA, 1993; WIGDOR et al., 1996; DOSTÁLOVÁ
et al., 1997; KOMORI et al., 1997; PELAGALLI et al., 1997; KELLER et al.,
1998; BRUGNERA JÚNIOR, 1999).
Dentre os lasers de alta densidade de potência, o laser Er:YAG foi
o primeiro a ser aprovado pelo FDA ( Foods and Drugs Administration - USA)para
remoção de tecido dental (COZEAN et al., 1997).
Atualmente a aplicação de laser na terapia do canal radicular
vem sendo utilizada e as pesquisas têm demonstrado que o laser Er:YAG
é capaz de remover a camada de smear (GIMBLE et al., 1994;
ISHIKAWA et al., 1996; MATSUOKA et al., 1998; TANJI et al., 1998; TAKEDA
et al., 1998 e 1999).
Uma vez que inúmeros trabalhos evidenciaram que tanto a solução
de EDTA como a aplicação do laser Er:YAG tem a capacidade
de remover o magma dentinário das paredes dos canais radiculares
e que faltam pesquisas sobre as propriedades físico-químicas
dos cimentos endodônticos à base de resina epóxica
de bisfenol A, objetivou-se aqui, a investigação do efeito
dessa solução quelante e desse tipo de laser sobre a adesividade
à dentina humana dos cimentos obturadores de canais radiculares
à base de resina epóxica.
Para
melhor entendimento, a retrospectiva da literatura será abordada
em dois tópicos:
2.1. Laser Er:YAG aplicado à Endodontia e
2.2. Estudos sobre a adesão à dentina dos cimentos obturadores
dos canais radiculares.
2.1. Laser Er:YAG aplicado à Endodontia
Sem dúvida, um dos grandes avanços na área médica,
neste século foi o desenvolvimento dos aparelhos de laser. A aplicação
dos diferentes tipos de laser possibilitou uma grande alteração
nos procedimentos médicos e odontológicos, pois proporcionou
uma grande redução do tempo de duração das
cirurgias, no tempo de recuperação dos pacientes, nas complicações
pós-operatórias, na redução de edemas e, ainda,
facilitou a bioestimulação dos tecidos moles (atualmente
conhecida como biorregulação), como também, maior
controle e domínio das dores crônicas.
Assim que o laser começou a ser difundido na área médica,
os dentistas verificaram que este sistema de luz poderia ser aplicado em
muitos procedimentos odontológicos e que havia um futuro promissor
nesta nova fonte de investigação.
As pesquisas com laser na área odontológica começaram
nos primeiros anos da década de sessenta e, já em 1988, no
Primeiro Congresso de Laser no Japão, fundou-se a International
Society for Lasers in Dentistry (ISLD) (Sociedade Internacional de
Estudo de Laser na Odontologia). Logo depois, a FDA aprovou o uso do laser
para as cirurgias de tecido moles da cavidade bucal (BRUGNERA JÚNIOR
& PINHEIRO, 1998).
Normalmente, as grandes invenções não são realizadas
por uma só pessoa e, sim, advêm de uma quantidade de conhecimentos
desenvolvidos ao longo do tempo, nas quais muitas pessoas colaboram e cada
qual proporciona um avanço, quer com os sucessos como com os insucessos.
Os sucessos indicam os caminhos que devem ser seguidos e os insucessos,
sem dúvida, indicam os que devem ser abandonados.
Iniciar uma história, falando somente de laser, fica imprecisa e
atemporal, pois o laser é um tipo de luz e a luz é fonte
de vida e sempre foi usada pelos animais e plantas, que aliás, proporcionou
suas existências nesse planeta.
Laser é uma abreviação das seguintes palavras: light
amplification by stimulated emission of radiation ou seja amplificação
da luz por emissão estimulada de radiação.
BRUGNERA JÚNIOR & PINHEIRO (1998) relataram, em suas pesquisas,
que a luz solar é utilizada, desde os primórdios da civilização,
com finalidades terapêuticas. Assim, citam que os indianos (1400
A.C.) preconizavam o uso de uma substância fotossensibilizadora obtida
de planta que, aplicada sobre as peles dos pacientes, promovia a absorção
da luz solar para curar a discromia causada pelo vitiligo. Diversas formas
de terapia com luz solar foram difundidas pelos árabes, gregos e
romanos para tratamento de doenças da pele. Até hoje, utilizam-se
medicamentos que interagem com a luz.
O estudo e desenvolvimento dos conhecimentos das radiações
eletromagnéticas tiveram grande apogeu no final do século
passado, com as invenções dos raios catódicos, raios
x, radioisótopos, ondas de rádios e luz incandescente.
A teoria de EINSTEIN (1916) sobre a emissão estimulada de luz teve
como base a teoria quântica proposta por PLANCK (1900). Essa teoria
analisava as relações entre a quantidade de energia liberada
por processos atômicos. Assim, EINSTEIN discorreu sobre a interação
de átomos, ions e moléculas com as radiações
eletromagnéticas em termos de absorção e emissão
espontânea de radiação, e concluiu que o terceiro processo
de interação, a emissão estimulada, deveria existir,
e nela, a radiação eletromagnética deveria ser produzida
por um processo atômico (BRUGNERA JÚNIOR & PINHEIRO, 1998).
Na primeira metade do século XX, muitas pesquisas foram desenvolvidas
e, em 1960, MAIMAN apresentou o primeiro Maser "microwawe amplification
by stimulated emission of radiation", no qual o autor conseguiu, pela
primeira vez, a emissão estimulada de radiação pela
excitação do rubi. Essa emissão estimulada obtida
com rubi estava localizada na faixa visível do espectro eletromagnético.
Segundo BRUGNERA JÚNIOR & PINHEIRO (1998), em 1961, muitas novidades
surgiram, pois JAVAN, BENNETT e HERRIOT apresentaram o laser de He-Ne,
JOHNSON (1964) desenvolveu o laser de Nd:YAG e, PATEL et al. (1964) apresentaram
o laser de Dióxido de Carbono.
O primeiro estudo envolvendo o uso de laser em Odontologia coube a STERN
& SOGANNAES (1964). Eles utilizaram o laser de rubi e aplicaram-no
em tecidos dentais in vitro. Observaram que este tipo de laser formava
cratera e fusão de esmalte e dentina. A dentina exposta ao laser
de rubi apresentava crateras e queima de tecido. Eles detectaram, também,
alterações de temperatura nos tecidos radiados e chamaram
atenção para a necessidade de se desenvolver mais pesquisas
sobre o assunto.
A primeira aplicação do laser de rubi em dentes in vivo
foi realizada por GOLDMAN et al. (1965). Sendo ele médico, aplicou
o laser em um dente de seu irmão, cirurgião dentista e relatou
que o paciente não sentiu dor durante o ato operatório e
nem depois.
A seguir, neste mesmo ano, TAYLOR et al. (1965), evidenciaram que a aplicação
de laser de rubi em dentes causava danos térmicos à polpa
dental, levando à destruição de dentinoblastos, bem
como à necrose tecidual. O laser de rubi tem comprimento de onda
de 6,94 nm.
HALL (1971) realizou um estudo onde comparou a ação do laser
de CO2, o eletrocautério e o bisturi em cirurgia de tecido
mole em ratos e constatou que as incisões realizadas com este tipo
de laser curava-se mais lentamente do que as realizadas com bisturi.
Em 1972, KANTOLA divulgou o uso do laser de CO2 com comprimento
de onda de
10
m m (10.600 nm) e comentou que este laser era bem absorvido pelo esmalte
dental e que poderia ser indicado na prevenção da cárie
no selamento de cicatrículas e fissuras.
No ano seguinte, KANTOLA et al. (1973) observaram que o laser de CO2
aumentava
a resistência do esmalte dental à ação de ácidos.
Cumpre informar que STEWART et al. (1985) não lograram sucesso com
o laser de CO2 no selamento de fissuras de esmalte com fusão
de hidroxiapatita e observaram que o laser de CO2 gerava elevação
muito alta de temperatura no esmalte.
Atualmente, como demostrou BRUGNERA JÚNIOR (1999), o laser de CO2
é muito utilizado e com grande sucesso nas cirurgias de tecidos
moles da cavidade bucal.
YAMAMOTO & OOYA (1974) mostraram que o laser de Nd:YAG induzia mudanças
na superfície do esmalte dental sugestiva de fusão e que
esta alteração deixava o tecido menos susceptível
à desmineralização.
HIBST & KELLER (1989) relataram que o uso do laser Er:YAG com comprimento
de onda de 2,94 m m, proporcionou eficiente remoção de tecido
dentinário e de esmalte, de forma a não produzir fusão
da hidroxiapatita e a não gerar muito calor. Esse tipo de laser
tem grande interação com água e com a hidroxiapatita.
Os lasers da família YAG (
= Neodímio,
= Érbio,
= Hólmio) possui como meio ativo um cristal transparente de Ítrio-Alumínio-Granada
conhecido como Garnet cuja fórmula é Y3Al5O12.
Este cristal transparente pode estar mergulhado em ions de Neodímio,
Érbio e Hólmio, dando os laser de Nd:YAG com comprimento
de onda de 1,06 m m, o laser de Er:YAG com comprimento de onda de 2,94
m m e laser de Ho:YAG com 2,10 m m, respectivamente. O Neodímio,
o Érbio e o Hólmio são metais da série lantanídios
da cadeia periódica.
A história de um ramo da ciência não tem fim, apenas
relata um pouco do passado para que se tenha uma noção do
assunto de modo relacionado com o tempo.
HIBST et al. (1988), HIBST & KELLER (1989), KELLER & HIBST (1989)
realizaram os primeiros estudos utilizando o laser de Er:YAG em tecidos
duros dentais, observando a efetividade da ablação tanto
de tecidos sadios como cariados, sem danos térmicos aos tecidos
adjacentes.
A irradiação do laser Er:YAG em tecidos duros, para a remoção
de esmalte e dentina foi estudada por HIBST & KELLER (1989). Os autores
observaram que, utilizando uma mesma energia de irradiação,
as crateras produzidas no esmalte dental pela ablação eram
menores do que na dentina. Os resultados indicaram limiares maiores de
energia para remoção do esmalte em comparação
com a dentina.
HOKE et al. (1990), avaliando in vitro a mudança de temperatura
na câmara pulpar de dentes humanos durante o preparo com laser Er:YAG
(2,94m m), obteve aumento médio de temperatura da ordem de 2,2ºC,
quando foi utilizada refrigeração a água durante o
procedimento, relatando ainda que o uso de um fino jato de água
aumenta a eficiência de ablação do laser Er:YAG. Em
análises utilizando microscopia eletrônica de varredura, os
autores concluíram ainda que os canalículos dentinários
permanecem intactos a uma distância aproximadamente 10m m da superfície
dentinária irradiada por laser Er:YAG.
KAYANO et al. (1991) apresentaram como explicação para a
excelente efetividade de ablação do laser Er:YAG livre de
danos térmicos o fato do efeito de vaporização ser
muito forte neste comprimento de onda, pois este é amplamente absorvido
pela água presente nos tecidos.
O laser Er:YAG foi utilizado clinicamente para remoção de
tecidos cariados por KELLER & HIBST (1992), verificando a ausência
de danos térmicos à polpa. Nesse estudo, a maioria dos pacientes
não relatou dor durante a remoção de cárie
com o laser Er:YAG, indicando que a percepção a dor foi menor
que a remoção convencional de tecido cariado.
A influência da água na superfície dental durante a
irradiação com o laser Er: YAG em relação ao
aumento da temperatura e à eficiência de ablação
foi estudada por HIBST & KELLER (1992). Os autores observaram que a
camada de água era evaporada pela parte inicial do pulso de laser
e a maior parte da energia era consumida no processo de ablação.
Também verificaram que o fio de água reduziu o efeito térmico
tanto para pulso simples como para múltiplos.
A análise de irradiação de tecidos duros dentais com
o laser Er:YAG foi realizado por PAGHDIWALA et al. (1993) em relação
à variação de temperatura, profundidade de corte e
efeitos estruturais. Observaram que a presença de água durante
a irradiação com o laser Er:YAG diminui as alterações
estruturais por evitar o aumento da temperatura, e também melhorou
o grau de ablação do tecido duro dental. Nesse estudo, a
irradiação do laser Er:YAG com spray de água
não ultrapassou o limite de 5º C.
Em 1994, AOKI et al. estudaram a remoção de lesões
cariosas cervicais com o laser Er:YAG, com 200 mJ, densidade de energia
de 56,5 J/cm2 e taxa de repetição de 10 pulsos
por segundo. Compararam com as remoções de cáries
cervicais por meio de instrumentos rotatórios, em baixa rotação.
A análise por meio da microscopia eletrônica de varredura
mostrou uma superfície dentinária irregular e com canalículos
dentinários abertos após a remoção do tecido
cariado com o laser Er:YAG, e com a presença da camada de smear,
com
o uso de brocas.
VISURI et al. (1995) realizaram testes de cisalhamento da resina composta
em superfícies dentinárias irradiadas com o laser Er:YAG.
Os valores foram estatisticamente superiores ao grupo de dentina tratadas
com broca carbide de alta rotação. Por meio da microscopia
eletrônica de varredura, observaram-se canalículos dentinários
abertos na dentina irradiada com o laser Er:YAG, sugerindo a eliminação
da camada de smear.
O mecanismo de formação de cavidade pela irradiação
com o laser Er:YAG foi descrito por ALTSHULER et al. (1995). Segundo os
autores, reduzindo-se a duração do pulso do laser Er:YAG
de 280 para 140 µs, a eficiência da remoção do
esmalte aumenta 60% e da dentina, 80%. A presença do spray
em pulsos de água aumenta 70% da eficiência de ablação
do esmalte, e 10% da dentina. No caso de uso de spray contínuo
de água, o aumento no esmalte é de 50% e na dentina há
uma redução de 10% da eficiência de ablação.
WIGDOR et al. (1995) investigaram in vitro a ação
de três tipos de laser no tecido dentinário e pulpar quanto
ao efeito térmico. Os lasers de dióxido de carbono, Nd:YAG
e Er:YAG foram usados para remoção de tecido dental cariado.
Os autores concluíram que o laser Er:YAG é o mais efetivo
na remoção de dentina e esmalte. Também é o
que provoca menor dano térmico nos tecidos dentais, pois é
absorvido pela água.
KUMASAKI (1994); MATSUMOTO et al. (1995); YOKOYAMA et al. (1996) e ISHIKAWA
et al. (1996) utilizaram, clinicamente, o laser Er:YAG para preparos cavitários.
Na maioria dos casos, os pacientes não relataram dor durante o procedimento.
KELLER & HIBST (1996) avaliaram in vivo a resposta dos pacientes
durante o preparo cavitário (remoção de lesões
cariosas primárias), comparando o uso do laser Er:YAG e de brocas
acionadas por motor de baixa rotação. Os autores compararam
a dor, a diferença de sensação quanto ao medo, a vibração
e o barulho. Essas sensações subjetivas foram respondidas
como sendo confortáveis, desconfortáveis e muito desconfortáveis.
Os pacientes responderam que a aplicação do laser Er:YAG
foi confortável em todos os aspectos.
ANDO et al. (1996) estudaram o efeito bactericida do laser Er:YAG trabalhando
com bactérias causadoras de periodontopatias e concluíram
que o laser Er:YAG tem grande ação deletéria sobre
as bactérias pesquisadas.
COZEAN et al. (1997) realizaram um levantamento clínico sobre a
efetividade do laser Er:YAG na remoção de tecido cariado
e preparo cavitário. Esse estudo foi dividido em dois grupos, sendo
o primeiro composto por dentes com indicação para exodontia
que, após irradiados com o laser Er:YAG, foram extraídos
e submetidos ao tratamento histológico. No segundo grupo, os dentes
irradiados foram acompanhados quanto à vitalidade pulpar. Em ambos
os grupos, foram realizados preparos convencionais como controle. Os autores
concluíram que não houve diferença significante na
histologia pulpar entre os dentes irradiados e os controles, e que o laser
Er:YAG é eficiente para remoção de tecido cariado
e preparo cavitários de esmalte e dentina.
DOSTÁLOVÁ et al. (1997) realizaram uma investigação
in
vivo em pré-molares humanos com indicação para
exodontia, nos quais foram realizados preparos cavitários com laser
Er:YAG. Os mesmos foram analisados por meio de microscopia óptica,
verificando-se ausência de danos estruturais ou trincas e as polpas
dentais apresentaram-se normais, sem reação inflamatória.
PELAGALLI et al. (1997) realizaram um estudo clínico e laboratorial
onde compararam o preparo cavitário e a remoção do
tecido cariado em pré-molares, utilizando brocas de alta rotação
e o laser Er:YAG. Após as extrações dos dentes, foram
realizados cortes histológicos para microscopia óptica e
para microscopia eletrônica de varredura. Os resultados evidenciaram
que a aplicação do laser Er:YAG apresentou menos problemas
pulpares que o causados pelas brocas de alta rotação.
TANJI et al. (1997) investigaram o aspecto da superfície dentinária
condicionada com o laser Er:YAG. Por meio da microscopia eletrônica
de varredura, os autores verificaram abertura dos canalículos dentinários
e a criação de um padrão micro-retentivo, que sugere
a retenção de materiais restauradores.
KOMORI et al. (1997), estudando a aplicação clínica
do laser Er:YAG na apicectomia, encontraram várias vantagens como:
efeito térmico extremamente pequeno, ausência de desconforto
e vibração, menor chance de contaminação do
campo cirúrgico e um reduzido risco de trauma do tecido adjacente
comparado com os métodos tradicionais da cirurgia.
TAKEDA et al. (1998) estudaram, por meio da microscopia eletrônica
de varredura, a capacidade de remoção da camada de smear,
aplicando laser Er:YAG após a instrumentação dos canais
radiculares. O preparo dos canais radiculares foi realizado usando a técnica
step-back.
Como substâncias irrigadoras, foram utilizadas as soluções
de hipoclorito de sódio à 5,25% alternada com H2O2
à 3%, e a irrigação final foi realizada com 2 ml de
H2O destilada. Foram utilizados 36 incisivos inferiores unirradiculares
humanos extraídos. Os dentes foram divididos em três grupos.
O grupo 1 foi usado como controle. Nos grupos 2 e 3, os dentes foram irradiados
com laser Er:YAG com potências de 1W e 2 W, respectivamente. A seguir,
os dentes foram preparados para microscopia eletrônica de varredura
e os resultados evidenciaram que o grupo controle apresentava-se com grande
quantidade de débris e smear layer, obstruindo os
canalículos dentinários em todos os níveis do canal
radicular. Os dentes irradiados com laser apresentaram-se livres da camada
de
smear e débris, com os canalículos dentinários
abertos. Não houve diferença estatística significante
entre os resultados com o uso do laser com 1W e com 2W de potência.
Os resultados mostram que o laser Er:YAG é eficiente na limpeza
das paredes dos canais radiculares.
TAKEDA et al. (1998) avaliaram in vitro a eficiência de 3
tipos de laser, Argônio, Nd:YAG e Er:YAG na remoção
da camada de smear das paredes do canal radicular. Os dentes usados
nesse experimento foram os molares superiores humanos extraídos.
Esses dentes tiveram seus canais radiculares preparados pela técnica
step-back
e foram divididos em 4 grupos. Grupo 1: os canais foram instrumentados
e irrigados com uma solução de EDTA a 17%. Grupo 2: os canais
radiculares foram irradiados com laser de Argônio com seguintes parâmetros:
1 W, 50 mJ e 5 HZ. Grupo 3: os canais radiculares foram irradiados com
Nd:YAG com os seguintes parâmetros: 2 W, 200 mJ e 20 HZ. Grupo 4:
os canais radiculares foram irradiados com Er:YAG com os seguintes parâmetros:
1 W, 100 mJ, 10 HZ. Esses dentes foram seccionados longitudinalmente e
observados por meio do microscópio eletrônico de varredura,
e apresentaram os seguintes resultados: os canais radiculares dos dentes
do grupo 1 apresentavam-se com paredes limpas e canalículos dentinários
abertos; os do grupo 2, o terço médio estava livre da camada
de smear e se observou também vaporização do
tecido pulpar remanescente; os do grupo 3 apresentaram, na maioria dos
espécimes, paredes dos canais muito limpas, com vaporização,
fusão e recristalização da camada de smear,
os do grupo 4 mostraram-se livre da camada de
smear e canalículos
dentinários abertos nos terços médio e apical. Esses
resultados salientaram que os lasers de Argônio e Nd:YAG são
bons na remoção da camada de smear e que o laser Er:YAG
é o mais eficiente na remoção da camada de smear
das paredes do canal radicular.
DOSTÁLOVÁ et al. (1998) avaliaram a qualidade da ablação
promovida pelo laser Er:YAG e compararam com o preparo clássico,
feito por instrumento rotatório. Os autores concluíram que
o preparo da cavidade realizado pelo método clássico e o
preparo feito pelo laser Er:YAG são similares no que concerne à
retenção e à qualidade da cavidade.
MATSUOKA et al. (1998) investigaram in vitro o efeito do laser Er:YAG
na remoção de débris situados na constricção
apical do canal radicular e também avaliaram a capacidade de um
fibroscópio para avaliar os débris remanescentes nas
paredes do canal radicular. Foram usados 80 dentes unirradiculares humanos
extraídos, com canais retos, que, após terem seus canais
radiculares instrumentados e limpos pela técnica step-back
com irrigação alternada de peróxido de hidrogênio
e solução de hipoclorito de sódio, foram divididos
aleatoriamente em 4 grupos. Os dentes dos grupos 1, 2, e 3 foram irradiados
com laser Er:YAG com os seguintes parâmetros: 1, 2 e 3w de potência,
respectivamente. O grupo 4 foi usado como controle. Os grupos que receberam
a irradiação laser foram examinados pelo fibroscópio
para avaliar o remanescente de débris na constricção
apical. Os dentes foram então seccionados longitudinalmente e os
espécimes foram observados por um estereoscópio e um microscópio
eletrônico de varredura. A avaliação da quantidade
de débris remanescente observada pelo fibroscópio
foi similar com os resultados obtidos pelo microscópio eletrônico
de varredura. Os autores concluíram o laser Er:YAG é eficiente
na remoção de débris na constricção
apical e que o uso do fibroscópio é bom para avaliar os débris
remanescentes nas constricções apicais dos canais radiculares.
GLOCKNER et al. (1998) investigaram in vitro as alterações
de temperatura no interior da câmara pulpar de dentes cujas cavidades
foram preparadas com o uso de brocas diamantadas acionadas por motor de
alta rotação e com a aplicação do laser Er:YAG.
Essas variações de temperatura foram registradas por meio
de um sensor térmico e analisadas por meio de análise estatística.
Os autores concluíram que o preparo cavitário realizado com
o laser Er:YAG promovia menor dano térmico à polpa dental.
KELLER et al. (1998) realizaram um trabalho clínico comparativo,
avaliando a percepção e resposta dos pacientes ao preparo
cavitário realizado com o laser Er:YAG, e com o uso de brocas acionadas
de modo convencional. Os autores observaram que os pacientes, em sua grande
maioria, deram preferência ao uso do laser em detrimento das brocas
convencionais por ser aquele mais confortável e proporcionar procedimento
clínico menos doloroso, com significante redução da
necessidade de uso de anestesia local.
TANJI et al. (1998) observaram, por meio da microscopia eletrônica
de varredura, as alterações de superfícies dentinárias
de canais radiculares irradiados com os lasers Er:YAG, Nd:YAG e Er:YAG
+ Nd:YAG. Os resultados demonstraram que o uso do laser Er:YAG promovia
a ablação do tecido e deixava os canalículos dentinários
abertos ao passo que o uso do laser Nd:YAG , após fusão e
recristalização da dentina, obliterava alguns canalículos.
Os autores concluíram que a aplicação do laser Nd:YAG
poderia obliterar canalículos dentinários previamente abertos
pelo laser Er:YAG.
TAKEDA et al. (1999) fizeram um estudo comparativo entre várias
soluções irrigantes e dois tipos de laser ( Er:YAG e CO2)
sobre a capacidade de remoção da camada de smear layer
do
canal radicular. Sessenta dentes pré-molares humanos inferiores
com um canal radicular e ápice fechado foram divididos aleatoriamente
em cinco grupos de 12 dentes cada. Esses dentes foram instrumentados pela
técnica step-back e irrigados com 3 ml de hipoclorito de
sódio a 5.25% e água oxigenada a 3% alternadamente entre
cada lima. No primeiro grupo, os espécimes foram usados como controle
e tiveram irrigação final com EDTA a 17%. Os dentes do segundo
grupo receberam irrigação final com ácido fosfórico
a 6%. Os dentes do terceiro grupo receberam irrigação final
com ácido cítrico a 3%. Os do quarto grupo receberam irradiação
com laser de dióxido de carbono e, no quinto grupo, os canais radiculares
foram irradiados com o laser Er:YAG. Os dentes foram seccionados longitudinalmente
e preparados para serem examinados por meio de microscopia eletrônica
de varredura. Os autores concluíram que os dentes irradiados com
o laser Er:YAG apresentaram ausência da camada de smear, abertura
dos canalículos dentinários tanto no terço médio
como no terço apical, superior a todos os outros tratamentos.
PÉCORA et al. (1999) analisaram a permeabilidade dentinária
das paredes dos canais radiculares após a instrumentação
dos canais com o uso dos seguintes tratamentos e soluções
irrigantes: a) água destilada deionizada, b) hipoclorito de sódio
a 1%, c) água destilada deionizada mais aplicação
do laser Er:YAG, d) hipoclorito de sódio + laser Er:YAG e f) somente
uso do laser Er:YAG. Após a identificação da permeabilidade
dentinária com uso de ions cobre, os autores concluíram que
a utilização da água destilada deionizada como solução
irrigante acrescida da aplicação do laser Er:YAG promovia
maior aumento da permeabilidade dentinária que os demais tratamentos.
SOUSA-NETO (1999) avaliou in vitro o efeito da aplicação
do laser Er:YAG sobre a dentina humana na adesividade dos seguintes cimentos
obturadores de canais radiculares: Grossman, Endométhasone®,
N-Rickert e Sealer 26®. Os cimentos foram colocados sobre
a dentina tratada com soro fisiológico e com laser Er:YAG. A análise
da adesão desses cimentos foi realizada em uma Máquina Universal
de Ensaios. Os resultados evidenciaram que, para o cimento Sealer 26®,
a adesão foi muito maior após a aplicação do
laser Er:YAG sobre a dentina. Para os cimentos à base de óxido
de zinco e eugenol, os resultados não mostraram significância
estatística com e sem aplicação do laser, uma vez
que a adesão desses cimentos é dada pela carga elétrica
da colofônia utilizada em suas formulações e não
por um embricamento mecânico. Este trabalho demonstra, claramente,
o efeito do laser Er:YAG no aumento da adesão do cimento obturador
de canais radiculares à base de resina epóxica.
2.2. Estudos sobre a adesão dos cimentos obturadores dos canais radiculares
A preocupação em obturar hermeticamente o canal radicular
vem desde os primórdios da Endodontia e PRINZ (1912) relatou que
TOMES, em 1893, descreveu um método de obturação do
canal radicular e estabeleceu algumas propriedades que um cimento obturador
deveria possuir: a) ser de fácil inserção no interior
do canal radicular, pois tem que ser introduzido no interior de canais
estreitos e tortuosos; b) ser de fácil remoção, uma
vez que é impossível assegurar sucesso constante do tratamento
de canais de dentes sem vitalidade pulpar; c) deve selar completamente
o canal radicular, de modo que os fluidos não possam penetrar no
forame apical; d) deve ser suave, de características não
irritantes, sendo que, mesmo com todo o cuidado, pode ocorrer extravasamento
do material pelo forame apical.
MOLNAR & SKINNER, em 1942, relataram que o primeiro cimento obturador
de canais radiculares contendo eugenol foi introduzido por WESSLER, em
1894, e que os cimentos à base de óxido de zinco são
utilizados na Odontologia até os dias atuais, para os mais variados
propósitos, sendo que suas fórmulas são derivadas
do cimento inicialmente introduzido em 1855 por SOREL.
PRINZ (1912), GROSSMAN (1958), BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982) afirmam
que a adesão dos cimentos obturadores à dentina radicular
é uma propriedade física desejada e listada dentro de uma
série de características que devam possuir, pois graças
a ela pode-se evitar a percolação dos fluídos na interface
dentina/material e, também, o seu deslocamento, evitando assim,
a infiltração de plasma, o qual servirá de substrato
para os microorganismos presentes no interior dos canalículos dentinários
de um canal já infectado .
A American Dental Association ainda não padronizou um método
para o estudo da adesão dos cimentos obturadores dos canais radiculares
porque os pesquisadores ainda não chegaram a uma uniformidade metodológica.
Os métodos utilizados para avaliar a adesão de um material
está baseado em se detectar a tensão de tração
necessária para o deslocamento do material de uma superfície.
Schroeder et al. em 1954 apud GOLDBERG (1982) introduziram na Endodontia
um novo cimento obturador de canal radicular à base de resina epóxica
conhecido comercialmente como AH 26®. Apesar de esse cimento
apresentar boas propriedades adesivas, tem como inconveniente a liberação
de formaldeído, sendo uma substância tóxica capaz de
fixar tecidos (SPANGBERG et al. 1993).
MATSUMIYA & SUZUKI em 1958 apud GOLDBERG (1982) ressaltaram o efeito
reparativo que o formaldeído nas concentrações 1%
e 2% exerce nos tecidos periapicais. Em concentrações superiores
a 5%, é irritante, produzindo necrose tissular por sua ação
coagulante sobre as proteínas.
INGLE (1956) ressaltou a importância da obturação do
canal radicular como fator de sucesso do tratamento empreendido e relaciona
a maioria dos fracassos do tratamento endodôntico com a falha na
obturação do canal. Portanto, fica evidente o papel da obturação
do canal radicular em relação ao sucesso do tratamento.
MESSING (1961) escreveu que a resistência à compressão
de um cimento varia consideravelmente, dependendo do método de mistura,
da natureza dos constituintes e do tempo decorrido da mistura. O cimento
à base de óxido de zinco e eugenol não possui adesividade
e tende a ser friável, de modo que ele pode fraturar sob estresse.
O autor investigou algumas propriedades de um cimento à base de
óxido de zinco e eugenol reforçado com poliestireno. Essas
propriedades estão descritas a seguir: tempo de endurecimento, resistência
à compressão, solubilidade, dureza, estrutura cristal, propriedades
seladoras e eficiência clínica.
WEINER & SCHILDER (1971) investigaram as alterações dimensionais
após o endurecimento de nove cimentos à base óxido
de zinco e eugenol e o AH 26®. Os autores salientaram que
as condições dos estudos não tinham o objetivo de
simular as condições clínicas. Nenhum dos resultados
poderia ser interpretado como um comentário direto do desempenho
clínico de qualquer cimento testado. Os tempos de endurecimento
dos materiais apresentaram grandes variações, sob condições
idênticas de temperatura e umidade relativa do ar. As alterações
das condições ambientais, ou seja, da temperatura e da umidade
relativa do ar, provocaram alterações marcantes nos tempos
de endurecimento dos cimentos. Os aumentos da temperatura provocaram diminuição
do tempo aferido. Todos os cimentos apresentaram contração,
observada qualitativamente e quantificada por meio de perda de volume.
Concluindo, os pesquisadores enfatizam a necessidade da padronização
dos métodos para se estudar os cimentos obturadores do canal, com
a adoção de especificações pela American
Dental Association.
GROSSMAN (1976) estudou algumas propriedades físicas dos cimentos
endodônticos, ou seja, o tamanho das partículas, escoamento,
tempo de endurecimento, adesão e alteração dimensional.
O tamanho das partículas foi avaliado para determinar o seu efeito
sobre o tempo de endurecimento e escoamento. O escoamento, ou seja, a consistência
do cimento manipulado que irá capacitá-lo a penetrar nas
pequenas irregularidades da dentina, é um fator importante na obturação
dos canais laterais e ou acessórios. O tempo de endurecimento foi
estudado para determinar se o operador vai ter tempo suficiente para ajustar
o(s) cone(s) de guta-percha ou de prata no interior do(s) canal(is) radicular(es),
se necessário for. Isso é particularmente importante quando
se obturam dentes multirradiculares. A adesão, ou seja, a ligação
física do cimento com a parede do canal, foi determinada porque
ela é uma propriedade desejável de um cimento. Finalmente,
a alteração dimensional do cimento foi determinada pela infiltração
de um corante ao seu redor. O autor propôs o uso de uma máquina
simples constituída de uma haste em forma de T dotada de duas roldanas
e um fio. Uma das extremidades do fio é conectada ao material a
ser testado e, na outra extremidade, conecta a carga. Adiciona-se carga
até promover o deslocamento do material de uma superfície.
A quantidade de massa necessária para o deslocamento é transformada
em força de tração e, depois, calcula-se a tensão
de tração. A tensão de tração traduz
a força de adesão de um material.
A máquina proposta por GROSSMAN (1976) para avaliar a adesão
foi utilizada por FIDEL et al. (1994) e SILVA et al. (1997). Porém,
hoje, as investigações sobre a adesão dos cimentos
obturadores são realizadas com a Máquina Universal de Ensaios.
McCOMB & SMITH (1976) avaliaram in vitro algumas propriedades
físicas de nove cimentos obturadores do canal radicular e as compararam
com as propriedades de dois cimentos endodônticos especialmente preparados,
ambos com fórmulas à base de policarboxilato. Dentre as propriedades
examinadas, os autores incluíram a adesão à dentina
radicular. Os cimento avaliados foram: Kerr® antiseptic
pulp canal sealer; Kerr Tubliseal®; ProcoSol®
non-staining root canal cement; ProcoSol® silver cement;
PCA® root canal sealer; Roth® root canal
cement n. 801; Roth® root canal cement n. 511; Diaket®
root filling material e o AH 26®. Os cimentos obturadores
de canais radiculares à base de óxido de zinco e eugenol
foram tipicamente de baixa resistência e alta solubilidade, não
apresentando ainda adesão à dentina, fato este que ocorreu
também com o cimento à base de resina polivinílica
Diaket®. O cimento à base de resina epóxica
AH 26® apresentou propriedades superiores em relação
à resistência, escoamento, radiopacidade e adesão,
embora tenha demonstrado alta solubilidade. Os cimentos à base de
policarboxilato apresentaram adesão à dentina duas vezes
maior do que aquela apresentada pelo AH 26®. Uma grande
variação nas propriedades dos materiais comerciais testados
demonstrou a natureza empírica desses materiais obturadores.
GOLDBERG et al. (1977) analisaram, por meio da microscopia eletrônica
de varredura, o efeito do EDTAC sobre as paredes do canal radicular e concluíram
que esta solução é eficiente na remoção
da camada de smear, abrindo os canalículos dentinários,
aumentando a permeabilidade da dentina, permitindo, assim, a penetração
do cimento obturador nestes canalículos, propiciando aumento da
adesão.
BERBERT (1978) estudou o comportamento dos tecidos apicais e periapicais
em dentes de cães após a aplicação do cimento
AH 26®, hidróxido de cálcio e à mistura
de ambos. Concluiu que a adição de 20% de hidróxido
de cálcio ao pó do AH 26® promovia grande
melhora no comportamento biológico deste cimento à base de
resina epóxica.
BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982) publicaram uma revisão de literatura
sobre as propriedades físicas e ação seladora dos
cimentos obturadores endodônticos. Vários estudos têm
sido feitos sobre a resistência à compressão, absorção
de água e solubilidade, propriedades reológicas, alterações
dimensionais, tamanho das partículas, tempo de endurecimento, pH,
radiopacidade e espessura do filme. Várias diferenças nas
propriedades dos materiais têm sido relatadas na literatura, sendo
que algumas delas ocorrem devido às alterações dos
fabricantes e melhorias nos materiais, mas outras se devem aos vários
métodos de se testá-las usados nas avaliações.
ØRSTAVIK (1983) realizou um importante trabalho onde analisou o
escoamento, tempo de trabalho e resistência à compressão
de vários materiais endodônticos. Os materiais estudados foram:
AH 26®, Diaket®, Endomethasone®,
Estésone®, Eucaryl Poudre®, Forfénan®,
Formocresol, Formule G. Ivanhoff®, Kerr's pulp canal sealer®,
Kloroperka® N-0, Kri 1 paste, Merpasone®,
Mynol C-T®, N2 Normal®, N2 Universal®,
ProcoSol®, Propylor®, Pulp-dent root canal
sealer®, Roth 811®, Traitement SPAD®,
Tubliseal® e Zinc oxide e eugenol. Dentre as conclusões
do autor, destacam-se que as propriedades de escoamento dos cimentos obturadores
do canal radicular variaram muito, sendo dependentes da proporção
pó/líquido do material manipulado. A determinação
do tempo de trabalho é preferivelmente feita com as medidas do escoamento
como uma função do tempo. Os resultados apontaram a necessidade
dos fabricantes fornecerem uma proporção pó - líquido
ótima para o uso clínico dos materiais estudados.
ØRSTAVIK et al. (1983) avaliaram a adesão do cimento à
dentina e à guta-percha e compararam esses resultados com as medições
de infiltração num teste de penetração de corantes.
No que concerne à adesão, os autores verificaram que o AH
26® (cimento à base de resina epóxica) evidenciou
a maior adesão tanto à dentina como à guta-percha
que os demais cimentos comparados. Os autores usaram a Máquina Universal
de Ensaios para avaliar a adesão dos cimentos estudados. Concluíram
chamando atenção para que se deve ter cuidado na comparação
e avaliação dos testes de adesão e infiltração.
Enquanto boa adaptação, adesão e resistência
à infiltração podem ser consideradas vantagens na
teoria. Experimentos anteriores e o trabalho presente não ofereceram
qualquer correlação quanto à associação
entre as avaliações in vitro desses parâmetros,
ou entre eles e o desempenho clínico dos materiais.
WHITE et al. (1984) estudaram a influência da camada de smear
na
penetração dos materiais plásticos (pHEMA e silicone)
nos canalículos dentinários das paredes dos canais radiculares
e concluíram que, nas condições estudadas, estes dois
materiais são capazes de penetrar nestas estruturas.
HYDE (1986) utilizando uma Máquina Universal de Ensaios, detectou
que o cimento Sealapex®, à base de hidróxido
de cálcio, apresentou baixa adesão em relação
aos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol. Porém,
o cimento CRCS® apresentou adesão satisfatória.
WHITE
et al. (1987) estudaram a influência do magma dentinário,
ou smear layer, na obturação dos canais radiculares.
Os autores mostraram que a remoção do magma dentinário
aumentava a qualidade da obturação do canal radicular, pois
o cimento obturador penetrava nos canalículos dentinários
promovendo embricamento mecânico. Dessa forma, os autores recomendaram
que, antes de se realizar a obturação do canal radicular,
a camada de magma dentinário seja removida.
PEROTTI et al. (1989) estudaram as propriedades adesivas de quatro cimentos
obturadores de canais radiculares: Argo Seal®, Minol®,
Endométhasone® e AH 26®. O cimento
AH 26® foi o que apresentou a maior adesividade.
WENNBERG & ØRSTAVIK (1990) estudaram a adesividade à
dentina bovina de oito cimentos obturadores de canais radiculares aplicados
como uma fina camada entre a superfície da dentina e a da guta-percha.
Dentre os materiais avaliados, está o AH 26® (cimento
à base de resina epóxica). Todos os materiais testados apresentaram
adesividade mensurável à dentina e à guta-percha.
A melhor adesão foi a do AH 26®, e a pior, a do Sealapex®.
O tratamento prévio da dentina com EDTA causou significante aumento
na adesividade do ProcoSol®, Sealapex® e
Tubliseal®.
BIRMAN et al. (1990) estudaram algumas propriedades físico-químicas
e biológicas de um cimento endodôntico à base de hidróxido
de cálcio. Dentre as propriedades físico-químicas,
estudaram a adesividade do cimento Sealapex® e concluíram
que ela é fraca e tende a desaparecer ao final do experimento (168
horas).
GETTLEMAN et al. (1991) avaliaram a influência da camada de smear
sobre a adesão dos cimentos Sealapex®, Sultan®,
e AH 26® na dentina radicular. Utilizou-se a microscopia
eletrônica de varredura para evidenciar a capacidade do EDTA (17
%) seguido de NaOCl (2,5 %) na remoção da camada de smear.
Os autores utilizaram a Máquina Universal de Ensaios para executar
o teste de adesão. Utilizaram 120 dentes, sendo 40 para cada cimento,
os quais foram divididos em 2 grupos, sendo que, em 20 canais radiculares,
removeu-se a camada residual e nos outros 20, a camada era deixada intacta.
Os resultados mostraram maior adesão dos cimentos após a
remoção da camada de smear.
FIDEL (1993) estudou as propriedades físicas de alguns cimentos
obturadores de canais radiculares contendo hidróxido de cálcio
em suas fórmulas: Sealer 26®, CRCS®,
Sealapex®, Apexit® e um cimento experimental,
o PR-Sealer. O cimento Fillcanal® foi pesquisado com o intuito
de compará-lo com outros cimentos do mesmo tipo (CRCS®
e PR-Sealer). O teste do pH foi baseado no método empregado por
HYDE (1986) e o teste de adesividade foi baseado no método de GROSSMAN
(1976), com ligeiras modificações. Todos os cimentos testados
possibilitaram mensurações de suas adesividades à
dentina. Os cimentos Fillcanal®, Sealapex®
e Apexit® exibiram as menores adesividades e o cimento Sealer
26®, a maior.
FIDEL et al. (1994) compararam a adesão dos cimentos Sealer 26â
, CRCSâ , Fillcanalâ , Sealapexâ , à dentina,
antes e após a aplicação de uma solução
de EDTA a 15%. Esses autores verificaram que a solução de
EDTA aumentou a capacidade de adesão de todos os cimentos testados,
fato este não constatado por SILVA et al. (1997). Os pesquisadores
FIDEL et al. (1994) e SILVA et al. (1997) utilizaram para o estudo da adesão
dos cimentos a máquina simples proposta por GROSSMAN (1976 ).
SEN et al. (1995) estudaram a influência da camada de smear no
tratamento do canal radicular. O magma dentinário age como uma barreira
física que interfere na adesão e penetração
de cimento no interior dos canalículos dentinários. Quando
o magma dentinário não é removido, ele pode influenciar
na qualidade da obturação do canal radicular. Os autores
concluíram, também, que o mais indicado para remoção
da camada de smear é o uso seqüencial das soluções
de EDTA e de hipoclorito de sódio.
WEIGER et al. (1995) estudaram a adesão do cimento à base
de ionômero de vidro à dentina radicular humana após
o tratamento da superfície dentinária. Várias soluções
condicionadoras foram usadas, dentre elas o EDTA. Os autores usaram a Máquina
Universal de Ensaios para avaliar a adesividade. O tratamento prévio
da superfície dentinária com EDTA seguido de uma solução
de hipoclorito de sódio propiciou adesão maior quando comparada
a outras soluções.
ALMEIDA (1997) estudou a infiltração marginal apical e a
resposta histológica dos tecidos apicais e periapicais aos seguintes
cimentos obturadores de canais radiculares: Ketac Endo®,
AH Plus® e o Fillcanal®. Observou-se infiltração
do corante em todos os grupos, porém, em níveis diferentes.
Não houve diferença entre as infiltrações dos
cimentos Fillcanal® e Ketac Endo®. Porém,
o cimento AH Plus® apresentou níveis de infiltração
inferiores, estatisticamente significantes, com relação aos
outros dois grupos. A análise histológica mostrou que AH
Plus® foi o cimento que melhor permitiu a deposição
de tecido mineralizado ao nível da região apical, evidenciando
excelente biocompatibilidade tecidual, e permitindo a ocorrência
do processo de reparo apical e periapical. O cimento Fillcanal®
apresentou compatibilidade biológica insatisfatória.
SOUSA NETO (1997) avaliou o efeito dos tipos de breus (X, WW e WG) e resinas
hidrogenadas (Staybelite® e Staybelite éster 10®)
nas seguintes propriedades físico-químicas: escoamento, tempo
de endurecimento, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração,
espessura do filme e adesividade dos cimentos tipo Grossman. Para o teste
de adesividade, este autor utilizou uma Máquina Universal de Ensaios.
O autor explica que a adesividade dos breus é superior a adesividade
das resinas hidrogenadas à dentina e que este fator é devido
às cargas elétricas presentes nos breus.
SILVA et al. (1997) estudaram a adesividade de alguns cimentos obturadores
dos canais radiculares antes e após a aplicação de
EDTAC sobre a superfície dentinária. Os resultados evidenciaram
que, antes da aplicação do EDTAC, a ordem dos cimentos, da
maior adesividade para a menor, ficou assim estabelecida: Fillcanal®,
N-Rickert, Endométhasone® e Endométhasone
Ivory®. Após aplicado o EDTAC sobre a dentinária,
a ordem, da maior adesividade para a menor, ficou assim: Fillcanal®,
N-Rickert, Endomésthasone® e Endométhasone
Ivory®, sendo que estes dois últimos compuseram um
grupo à parte, sem diferenças estatisticamente significante
entre eles. A aplicação de EDTAC sobre a superfície
dentinária surtiu efeitos estatisticamente significantes apenas
para o cimento Endomésthasone Ivory®, ao nível
de 5%.
KOUVAS et al. (1998) estudaram por meio da microscopia eletrônica
de varredura, a influência da camada de smear sobre a profundidade
de penetração de dois novos cimentos obturadores de canais
radiculares contendo hidróxido de cálcio nos canalículos
dentinários. Os cimentos testados foram o Sealapex®
e o CRCS®. O cimento Roth 811® foi usado
como grupo controle. A remoção do magma dentinário
permitiu a penetração de todos os cimentos obturadores nos
canalículos dentinários, porém em profundidades diferentes.
Entretanto, a presença da camada residual nas paredes do canal radicular
obstruiu a penetração de todos os cimentos testados. Os autores
usaram a associação de EDTA e hipoclorito de sódio
para remoção da camada de smear.
KOULAOUZIDOU et al. (1998) avaliaram in vitro a citoxicidade de
três cimentos obturadores de canal radicular à base de resina
epóxica. Os cimentos avaliados foram: AH 26®, AH
Plus® e Topseal®. O AH 26®
contém, na sua composição, hexametilenotetramina que,
durante reação química de endurecimento /polimerização,
libera formaldeído e amônia, produtos citotóxicos constatados
também por SPANGBERG et al. (1993). De acordo com o fabricante,
os cimentos AH Plus® e Topseal® possuem a
mesma composição química, e um novo tipo de catalisador
(amina). Os resultados desse estudo indicaram que o AH Plus®
e o Topseal® mostraram citotoxicidades similares e de baixo
potencial citotóxico quando comparado ao AH 26®.
Os autores concluíram que os novos cimentos representam um progresso
na pesquisa de biomateriais.
Assim, a retrospectiva da literatura indica que poucos autores estudaram
a adesividade dos cimentos endodônticos ao tecido dentinário
e apenas SOUSA-NETO (1999) pesquisou o efeito da aplicação
do laser Er:YAG na superfície dentinária sobre a adesividade
de um cimento endodôntico à base de resina epóxica
à dentina humana.
O objetivo do presente trabalho consiste em verificar in vitro o efeito da aplicação do laser Er:YAG e da solução de EDTAC na superfície dentinária sobre a adesividade de diferentes cimentos endodônticos à base de resina epóxica.
Os cimentos obturadores de canais radiculares, utilizados nesse trabalho,
bem como as marcas comerciais, os fabricantes, a procedência e os
números dos lotes de fabricação estão listados
na Tabela I.
|
|||
Cimentos |
|
|
|
Sealer 26® |
|
|
|
AH 26® |
|
|
|
AH Plus® |
|
|
|
Sealer Plus® |
|
|
|
Topseal® |
|
|
|
Fillcanal®* |
|
|
|
4.1. Determinação da relação pó/líqüido, pó/resina e ou pasta/pasta dos cimentos obturadores testados*utilizado como controle
O passo inicial para realização dos experimentos consistiu
na elaboração de uma relação correta entre
os componentes dos cimentos obturadores, que seriam rigorosamente seguido
durante a realização do teste de adesividade. O objetivo
foi o de estabelecer uma quantidade exata de pó ou de pasta que,
manipulada com um volume ou quantidade previamente estabelecida do líqüido,
da resina ou de pasta, pudesse fornecer um cimento obturador que possuísse
a consistência clínica ideal preconizado por GROSSMAN (1974).
Para os cimentos Sealer 26®, AH 26® e Fillcanal®
procedeu-se do seguinte modo: inicialmente pesaram-se 3 gramas de pó
desses cimentos. A seguir colocou-se, com ajuda de uma seringa de insulina,
previamente adaptada, 0,2 mililitros de resina dos cimentos Sealer 26®
e AH 26®. Para o líqüido (eugenol) do cimento
Fillcanal®, utilizou-se de uma pipeta graduada para dispensar
o volume de 0,2 mililitros. O eugenol e as resinas eram colocados sobre
uma placa de vidro lisa e limpa, de 20 mm de espessura.
O pó era incorporado ao líqüido ou à resina aos
poucos com auxílio de uma espátula metálica número
24 flexível, submetendo-o à uma espatulação
rigorosa.
Uma vez obtida a consistência clínica ideal, pesava-se a quantidade
de pó remanescente, que não havia sido utilizado durante
a manipulação, e determinava-se, por simples subtração,
o quanto de pó havia sido efetivamente utilizado.
O tempo dispendido durante a espatulação do cimento também
foi anotado.
A determinação da relação pó/líqüido/resina
foi repetida 5 vezes para cada cimento testado e obteve-se a média
da quantidade de pó necessário para 0,2 mililitro de líqüido/resina.
Essa quantidade média de pó era suficiente para o preenchimento
dos cilindros de alumínio utilizados.
Para os cimentos AH Plus®, Sealer Plus® e
Topseal®, que são cimentos apresentados em forma
de pastas/pastas, seguiram-se as especificações dos fabricantes,
que determinavam quantidades iguais das pastas base e catalisadora.
No presente trabalho, utilizaram-se 5 centímetros de cada pasta,
o suficiente para o preenchimento dos cilindros de alumínio utilizados
no teste de adesão.
4.2. Determinação do tempo de endurecimento/polimerização
Para realizar este experimento, confeccionaram-se moldes de aço
inoxidável, cilíndricos, com diâmetros internos de
10 mm e espessuras uniformes de 2 mm. Fixavam-se os moldes, em suas faces
externas, com auxílio de cera utilidade, sobre uma placa de vidro
de 1 mm de espessura por 25 mm de largura e 75 mm de comprimento.
A seguir, manipulava-se o cimento a ser testado, de acordo com a relação
pó/líqüido obtida e o colocava no interior do molde
metálico, até que esse ficasse totalmente preenchido (Figura
1).
Figura 1. Moldes circulares de dimensões de 10 mm de diâmetro interno e 2 mm de espessura. A) molde vazio. B) molde preenchido pelo material testado.
Passados 120 ± 10 segundos do início da mistura, colocava-se o conjunto lâmina de vidro e molde preenchido pelo cimento sobre um bloco metálico de dimensões 10 por 20 por 10 milímetros, sendo que este bloco estava acondicionado dentro de um recipiente plástico, com vedação hermética, que era mantido a uma temperatura constante de 37oC, dentro de uma estufa. No interior desse recipiente, mantinha-se uma atmosfera com 95% de umidade relativa do ar, devidamente constatada por um higrômetro marca HYGRO-HAAR-SYNTH, de procedência alemã, ali instalado. Assim, o conjunto formado pelo corpo de prova/lâmina de vidro/bloco metálico ficava dentro da câmara até o final do teste. Decorridos 150 ±10 segundos do início da mistura, abaixava-se verticalmente uma agulha tipo Gillmore de 100 gramas e ponta ativa de 2,0 mm, sobre a superfície horizontal do material (Figura 2).
Figura 2. Simulação do teste do tempo de endurecimento/polimerização.
A agulha do tipo Gillmore era abaixada sobre a superfície do cimento
testado. O conjunto todo ficava dentro da câmara climatizada.
Repetia-se a colocação da agulha sobre o material em intervalos
regulares de cinco minutos para o cimento Fillcanal®, e
de meia em meia hora para os cimentos à base de resina epóxica,
até que ela não mais provocasse marcas na superfície
do cimento que estava sendo testado. O tempo de endurecimento/polimerização
de um cimento era tido como sendo o tempo decorrido desde o início
da mistura até o momento em que as marcas da agulha tipo Gillmore
deixassem de ser visíveis na superfície do cimento testado.
Considerava-se o tempo de endurecimento/polimerização como
sendo a média aritmética de cinco repetições.
Figura 3. Cimentos obturadores de canais radiculares utilizados nesse trabalho.
4.3. Preparo do dente
Utilizaram-se 99 molares humanos superiores e inferiores obtidos do estoque
de dentes do Laboratório de Pesquisa em Endodontia da FORP-USP,
dotados de coroas íntegras e conservados em solução
de timol a 0,1%, em geladeira, até o momento de uso.
Esses dentes foram retirados da geladeira e colocados em água corrente
durante 24 horas para a remoção dos traços da solução
de timol.
A seguir, as coroas foram desgastadas no sentido transversal, com pontas
diamantadas troncônicas de número 4138, da marca KG - Soresen,
acionadas por alta rotação e refrigeradas com água,
para remover todo o esmalte oclusal e obter uma superfície de dentina
mais regular possível.
Uma vez removido todo o esmalte oclusal e obtida a superfície de
dentina, esta foi planificada, o máximo possível, com lixas
d’água da marca Norton de numeração 400, 500 e 600.
O processo de aplainamento foi realizado em uma lixadeira Struers, dotada
de água corrente, para evitar a queima da dentina. Após esse
processo, os dentes foram lavados em água corrente por 2 horas com
o objetivo de remover prováveis resíduos de lixa.
Uma vez preparada a superfície oclusal, os dentes foram fixados,
pela raízes, em bases de resina acrílica, em forma de bloco,
para ser adaptado à Máquina Universal de Ensaios, como pode
ser visto na Figura 4.
4.4. Tratamento da superfície dentinária
Os dentes preparados foram divididos em três grupos diferentes, com
33 dentes cada. No primeiro grupo, a superfície dentinária
não sofreu nenhum tipo de tratamento. No segundo grupo, aplicou-se
50 m l de solução de EDTAC, por 5 minutos. Para aplicar esse
volume de EDTAC, utilizou-se uma pipeta automática.
A solução de EDTAC foi aviada no Laboratório de Pesquisa
em Endodontia da FORP-USP, e consiste na solução aquosa do
sal dissódico do ácido etilenodiaminotetracético a
15%, pH 7,3, acrescido 0,1 % de Cetavlon (cetiltrimetilamonio). O ácido
etilenodiaminotetracético e o cetavlon utilizados são da
marca Merck de procedência alemã.
No terceiro grupo, aplicou-se sobre a superfície dentinária
a radiação laser emanada do aparelho KaVo KEY LASER 2 - Er:YAG
(Figura 5).
Para a aplicação do laser na superfície dentinária,
foram utilizados os seguintes parâmetros: distância focal de
11 milímetros com incidência perpendicular à superfície
dentinária; freqüência de 4 Hz; energia de 200 mJ; período
de aplicação de um minuto e potência de 2,25 W, totalizando
62 J de energia aplicados ao dente.
A Figura 6 ilustra a aplicação do laser sobre à superfície dentinária.
Após o tratamento, as superfícies dentinárias foram
lavadas com água destilada deionizada por um minuto e secas com
jatos de ar.
A seguir, 3 dentes de cada grupo foram separados e enviados para análise
em M. E. V. (Microscopia Eletrônica de Varredura), realizada pelo
Prof. Dr. Ii-sei Watanabe, a fim de ilustrar este estudo.
Para cada cimento obturador de canais radiculares testado foram realizadas
cinco repetições em dentina normal, cinco em dentina tratada
com EDTAC e cinco em dentina tratada com laser Er:YAG.
Para a realização do teste de adesividade, foram confeccionados
cilindros de alumínio com as seguintes dimensões: 10 milímetros
de comprimento por 6 milímetros de diâmetro interno. Estes
cilindros eram dotados de uma alça lateral de fio de aço
inoxidável, pela qual era aplicada a força de tração.
Esses cilindros eram colocados sobre a dentina previamente preparadas e
fixados lateralmente com cera, para facilitar o seu preenchimento com o
cimento a ser testado.
4.5. Teste de adesividade
A seguir, os cimentos foram manipulados nas relações pó/líqüido,
pó/resina ou pasta/pasta previamente estabelecidas e vazados, cuidadosamente
no interior dos cilindros.
Para evitar a formação de bolhas de ar no interior do cimento
e na interface cimento/dentina, tomaram-se cuidados de colocar o cimento
em pequenas quantidades e, ainda, utilizou-se um vibrador da marca Buffalo
Dental de procedência americana. A Figura 7 mostra o corpo de prova
composto pela alça de tração, cilindro de alumínio
preenchido com o cimento endodôntico aderido à superfície
dentinária, dente seccionado, base de resina acrílica quimicamente
ativada e acessório fixador de aço inoxidável.
Figura 7. Conjunto cilindro de alumínio/cimento/dentina e acessório fixador de aço inoxidável.
Uma vez completado o tempo exigido para o endurecimento/polimerização dos cimentos endodônticos testados, o conjunto corpo de prova foi submetido em uma Máquina Universal de Ensaios modelo MEM 2000, fabricada pela EMIC (Paraná - Brasil) adaptada para o corpo de prova utilizado neste trabalho. A Figura 8 ilustra a Máquina Universal de Ensaios modelo MEM 2000 dotada de célula de carga (sensor de força de tração), sistema oscilante (eliminador de força de cisalhamento), sistema de garra (dispositivo de apreenção da máquina de tração), dispositivo de pega (esse dispositivo de pega foi confeccionado para prender a alça do cilindro preenchido com o cimento obturador à Máquina Universal de Ensaios) e Acessório fixador de aço inoxidável (utilizado para prender a base do corpo de prova à extremidade inferior da Máquina Universal de Ensaios).
Figura 8. Máquina Universal de Ensaios modelo MEM 2000 dotada de A) célula de carga, B) sistemas oscilante, C) sistema de garra,D) dispositivo de pega e E) acessório fixador de aço inoxidável.
A Figura 9 mostra o painel da Máquina Universal de Ensaios modelo MEM 2000 que contém o painel digital que exibe a força de tração em Kgf que está sento aplicado ao corpo de prova.
A
Figura 10 exibe com mais detalhes o acessório
fixador de aço inoxidável, especialmente projetado, para
prender a base do corpo de prova à extremidade inferior da Máquina
Universal de Ensaios.
Colocado o corpo de prova em posição, acionou-se a Máquina
Universal de Ensaios com a velocidade constante de 1 mm/min, até
que o cilindro, preenchido pelo material testado, destacasse-se da superfície
da dentina. A Figura 11 ilustra o equipamento utilizado nos testes de tração
em uma vista geral.
Figura 11. Vista geral do equipamento utilizado nos testes de tração.
Quando ocorria o deslocamento do corpo de prova, a Máquina Universal de Ensaios registra qual a força em (Kgf) necessária para que a ruptura ocorresse (ver apêndice). Os valores foram transformados em Newton (Unidade de força) e, para isto, multiplicava cada dado por 9,807, uma vez que um Kgf é igual a 9,807 Newton. A seguir, calculou-se a tensão de tração (s ), que é obtida pela equação I:
Equação
I:
Onde "s " é a tensão de tração em Mega Pascais (MPa), "F" é intensidade da força de tração em Newtons (N), e "A" é a área da superfície em metros quadrados (m2).
Como os cilindros possuem diâmetro interno de 6 mm (0,006m), a área é obtida pela equação (II):
Equação
II:
Onde "A" é igual a área de secção transversal
da luz do cilindro que contém o cimento em metros quadrados (m2),
"R" é o raio da secção transversal da luz do cilindro
em metros (m), igual a 0,003m e "p " é igual a 3,1416. Assim, a
área determinada é constante e igual a 2,8274 . 10-5m2.
A seguir, com a área determinada e constante, utilizando-se da equação
I, determinavam-se os valores de tensão de tração
em Mega Pascais (MPa), necessários para o deslocamento dos cimentos
da superfícies dentinárias.
Cumpre salientar que a adesividade dos cimentos obturadores dos canais
radiculares é calculada com base na força de tração
exercida sobre o corpo de prova e a única diferença entre
a adesão e a tração é o sentido da força.
Neste trabalho, esta força de tração foi relacionada
com a área de cimentação do corpo de prova para a
obtenção da tensão de tração objetivando
uma padronização dos dados entre os diferentes métodos
utilizados no estudo da adesividade.
Os valores de tensão de tração foram tabelados para
posterior análise estatística por meio do software GMC 7.6,
idealizado e elaborado pelo Prof. Dr. Geraldo Maia Campos.
Os resultados dos estudos preliminares sobre a relação pó/líqüido, pó/resina e ou pasta/pasta e o tempo de espatulação, bem como tempo de endurecimento / polimerização estão listados nas Tabela II e III, respectivamente.
Tabela II. Valores da relação pó/líqüido/resina e tempo de espatulação dos cimentos testados.
|
|
|
||||||||||
|
|
|
Média | |||||||||
Sealer 26® |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
AH 26® |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Fillcanal® |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
AH Plus®* |
|
|
|
|
|
|
||||||
Sealer Plus®* |
|
|
|
|
|
|
||||||
Topseal ®* |
|
|
|
|
|
|
*Conforme especificações dos fabricantes, usaram-se partes iguais da pasta base e catalisadora (5 cm de cada pasta).
Tabela III. Tempo de endurecimento/polimerização dos cimentos testados (minutos).
Cimentos |
|
|
||
Sealer 26® |
|
|
|
|
AH 26® |
|
|
|
|
AH Plus® |
|
|
|
|
Sealer Plus® |
|
|
|
|
Topseal® |
|
|
|
|
Fillcanal® |
|
|
|
|
A adesividade dos cimentos obturadores de canais radiculares testados foi
calculada baseada na resistência à tensão de tração
exercida sobre o corpo de prova.
Os valores obtidos em Kgf, dado pela Máquina Universal de Ensaios,
bem como a força de tração em Newton, estão
listados no apêndice.
Os dados experimentais deste trabalho consistiram em 90 valores numéricos,
correspondentes à adesão (Força de tração
em MPa) dos cimentos endodônticos à dentina humana. Esses
valores, originaram-se do produto fatorial 6 cimentos x 3 tratamentos (dentina
normal; dentina + EDTAC e dentina + Laser Er:YAG) x 5 repetições
(dentes): 6 x 3 x 5 = 90, que estão listados na Tabela IV.
Tabela
IV. Valores da tensão de tração necessários
para deslocar os cimentos da superfície dentinária (MPa).
|
|
|||||
|
|
|
|
|
|
|
Normal |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|
EDTAC |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|
Er:YAG |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Realizaram-se testes preliminares, com os dados da Tabela IV com a finalidade
de verificar a normalidade e a homocedasticidade da distribuição
amostral, a fim de decidir sobre que tipo de estatística deveria
ser empregada, paramétrica ou não paramétrica.
Estes testes iniciais compreendem cinco etapas, nas quais se calculavam
os parâmetros amostrais; fazia-se a distribuição das
freqüências acumuladas das curvas experimental e normal matemática;
traçado do histograma de freqüência em intervalos de
classe medido pelo desvio padrão da amostra; da homocedasticidade
amostral pelo teste de Cochran.
Os resultados desses testes serão expostos a seguir.
5.1. Parâmetros amostrais
Tabela
V. Cálculo dos parâmetros amostrais. Valores originais.
Soma dos erros amostrais | 0,0000 |
Soma dos quadrados dos erros | 13,1316 |
Termo de correção | 0,0000 |
Variação total | 13,1316 |
Média geral da amostra | 0,0000 |
Variância da amostra | 0,1475 |
Desvio padrão da amostra | 0,3841 |
Erro padrão da média | 0,0405 |
Mediana (dados agrupados) | 0,0043 |
Dados abaixo da média | 22,0000 |
Dados iguais à média | 45,0000 |
Dados acima da média | 23,0000 |
Pela Tabela V, observa-se que houve uma quantidade considerada de valores situados no intervalo de classe à que pertence a média amostral, e uma quase simetria da distribuição dos dados em torno da média (22 dados abaixo da média e 23 acima da média). Esses parâmetros falam em favor de uma distribuição normal.
5.2. Distribuição de freqüências
A Tabela VI mostra que a distribuição das freqüências absolutas por intervalo de classe apresenta tendência central: 0, 5, 17, 45, 17, 5, 1.
Tabela
VI. Distribuição de freqüências. Valores originais.
A. Freqüências por intervalos de classe: | |||||||
Intervalos de classe |
|
|
|
|
|
|
|
Freqüências absolutas |
|
|
|
|
|
|
|
Em valores percentuais |
|
|
|
|
|
|
|
B. Freqüências acumuladas: | |||||||
Intervalos de classe |
|
|
|
|
|
|
|
Freqüências absolutas |
|
|
|
|
|
|
|
Em valores percentuais |
|
|
|
|
|
|
|
O gráfico da Figura 12 foi traçado a partir dos percentuais
acumulados de freqüência, que constam na Tabela VI.
5.3. Teste de aderência à curva normal
A Tabela VII apresenta os resultados do teste de aderência da distribuição de freqüência cujos intervalos de classe da distribuição normal em relação à mesma distribuição dos dados amostrais. Verifica-se que a probabilidade de a distribuição experimental ser normal é de 29,74%.
Tabela
VII. Teste de aderência à curva normal. Valores originais.
A. Freqüências por intervalos de classe: | |||||||||
Intervalos de classe |
|
|
|
|
|
|
|
||
Curva normal |
|
|
|
|
|
|
|
||
Curva experimental |
|
|
|
|
|
|
|
||
B. Cálculo do Qui quadrado | |||||||||
Graus de liberdade | 4 |
A distribuição amostral testada é normal |
|||||||
Valor do Qui Quadrado | 4,90 | ||||||||
Probabilidade de Ho | 29,74% |
5.4. Histograma de freqüência
A Figura 13 ilustra o histograma das freqüências dos dados originais.
Nessa figura, observa-se que a distribuição dos dados experimentais
apresenta certa simetria em relação à média,
com números mais ou menos equivalentes abaixo e acima dela. Essa
distribuição, portanto, pode ser aceita como normal, para
fins estatísticos.
5.5. Teste de homogeneidade de Cochran
Este teste compara a maior variância, individualmente considerada,
contra a soma de todas as variâncias envolvidas na amostra.
O valor calculado resulta da divisão da variância maior pela
soma das variâncias utilizadas no estudo estatístico.
Os valores críticos tabelados para 18 variâncias com 4 graus
de liberdade cada uma são 0,4057 e 0,3720, respectivamente para
níveis de 1 a 5 por cento de significância.
O teste realizado apresentou valor calculado de 0,3084, menor, portanto,
do que qualquer dos dois valores críticos tabelados citados, indicando
homogeneidade das variâncias envolvidas nas amostras.
Tabela
VIII. Teste de homogeneidade de Cochran.
Número de variâncias testadas | 18 |
Número de graus de liberdade | 4 |
Variância maior | 1,0123 |
Soma das variâncias | 3,2829 |
Valor calculado pelo teste | 0,3084 |
Valor crítico (significância de 1%) | 0,4057 |
Valor crítico (significância de 5%) | 0,3720 |
Valor
calculado deve ser menor que o valores críticos tabelados.
Como os testes preliminares realizados indicam normalidade da distribuição
amostral e sua homocedasticidade, a estatística paramétrica
está indicada.
5.6. Análise de variância
O teste paramétrico que melhor se adapta ao modelo experimental é a análise de variância. Os resultados desse teste podem ser vistos na Tabela IX.
Tabela
IX. Análise de variância. Valores originais.
|
|
|
|
|
|
Entre cimentos | 244,0622 | 5 | 48,8124 | 267,64 | 0,000 % |
Entre tratamentos | 42,5681 | 2 | 21,2840 | 116,70 | 0,000 % |
Interação CxT | 20,4820 | 10 | 2,0482 | 11,23 | 0,000 % |
Resíduo | 13,1313 | 72 | 0,1824 | ||
Variação total | 320,2437 | 89 |
A análise de variância acusou alta significância, ao
nível de 1% de probabilidade para hipótese de igualdade,
mostrando haver diferenças relevantes entre os cimentos estudados
quanto à suas adesividades à dentina humana.
O mesmo ocorreu em relação ao fator modo de tratamento da
dentina (dentina normal, dentina + EDTAC e dentina + LASER), o que demonstra
haver diferenças relevantes também entre os tratamentos quanto
às adesividades dos cimentos testados.
A fim de esclarecer quais dentre os cimentos envolvidos na análise
de variância seriam significantemente diferentes entre si, efetivou-se
um teste de Tukey complementar para comparar as médias dos cimentos
estudados (Tabela X).
Tabela
X. Teste de Tukey entre cimentos endodônticos testados.
|
|
|
AH Plus® | 5,30820n |
|
Topseal® | 4,78720nu | |
Sealer 26® | 4,72967u | |
AH 26® | 3,69960ª | |
Sealer Plus® | 2,31620 | |
Fillcanal® | 0,59773£ |
Símbolos iguais significam diferença estatística não significante.
O teste de Tukey evidenciou que o cimento AH Plus® apresenta
maior capacidade de adesão à dentina e é estatisticamente
semelhante ao cimento Topseal®. Este último cimento
é estatisticamente semelhante ao Sealer 26®. O cimento
AH 26® apresenta adesividade menor que o Sealer 26®
e maior que o Sealer Plus®. Dos cimentos à base de
resina epóxica, o que apresenta menor capacidade de adesão
à dentina humana é o Sealer Plus®. O cimento
Fillcanal®, usado como controle e à base de óxido
de zinco e eugenol, aderiu à dentina de modo bem inferior que os
cimentos à base de resina epóxica.
Para esclarecer melhor o que ocorre entre os cimentos, uma vez que o teste
de Tukey apresentou valores estatisticamente semelhantes entre o AH Plus®
e Topseal® e entre o Topseal® e o Sealer
26®, aplicou-se o teste estatístico de Scheffé
(Tabela XI).
Tabela XI. Teste de Scheffé entre os cimentos endodônticos testados.
Cimentos Endodônticos |
|
|
AH Plus® |
|
|
Topseal® e Sealer 26® |
|
|
AH 26® |
|
|
Sealer Plus® |
|
|
Fillcanal® |
|
Símbolos diferentes significam diferença estatística significante.
O teste de Scheffé elucidou a questão e colocou os cimentos
Topseal® e Sealer 26® em um mesmo grupo,
pois são estatisticamente semelhantes entre si. Posicionou, também,
o cimento AH Plus® como o que promove maior adesividade
à dentina. Assim, os cimentos podem ser agrupados em cinco grupos
quanto à capacidade de adesão à dentina, que podem
ser expressos de modo decrescente como: AH Plus®; Topseal®
e Sealer 26®; AH 26®; Sealer Plus®
e o Fillcanal®.
A fim de esclarecer quais dentre os tratamentos da dentina (normal, dentina
que recebeu tratamento com EDTAC e dentina que recebeu aplicação
do laser Er:YAG) envolvidos na análise de variância seriam
significantemente diferentes entre si, efetuou-se um teste complementar
de Tukey. A Tabela XII mostra os resultados do teste de Tukey entre os
diferentes tratamentos que a dentina recebeu.
Tabela
XII. Teste de Tukey entre tratamentos da dentina.
|
|
|
Laser Er:YAG | 4,51330 u |
|
EDTAC | 3,31863 n | |
Normal | 2,88737 £ |
Símbolos iguais significam diferença estatística não-significante.
O teste de Tukey acusou diferença estatística entre os diferentes
tipos de tratamento da dentina quanto à adesividade dos cimentos
ao nível de 1%.
Assim, a dentina submetida a ação do laser Er:YAG proporcionou
aumento da adesividade dos cimentos quando comparado ao tratamento da dentina
com EDTAC e, ainda, em relação à dentina normal.
A adesividade dos cimentos à dentina normal é menor do que
à dentina que recebeu tratamento com o EDTAC ou com laser Er:YAG.
A ação do Er:YAG sobre a dentina promove maior adesão
dos cimentos obturadores do que a dentina tratada com EDTAC.
Como a análise de variância acusou alta significância
ao nível de 1% de probabilidade para a interação cimentos
endodônticos versus tratamentos da dentina, construíram-se
gráficos para ilustrar essa situação, que estão
expressos nas Figuras 14, 15 e 16.
O gráfico da Figura 14 ilustra que o cimento Fillcanal® apresentou a menor adesividade à dentina nas diferentes condições de tratamentos, que os demais cimentos. Observa-se, também, que todos os cimentos à base de resina epóxica tiveram sua adesividade aumentada após a dentina ter recebido a aplicação do laser Er:YAG. Verifica-se, ainda, de modo muito claro, que a aplicação da solução de EDTAC à dentina promove aumento da adesividade dos cimentos em relação à dentina normal.
A
Figura 15 reforça os resultados dos testes estatísticos onde
se verifica que a adesão dos cimentos é aumentada quando
a dentina é previamente tratada com o laser Er:YAG.
Figura 16. Gráfico da tensão de tração (ordenada) em função dos cimentos endodônticos estudados (abscissa).
O gráfico da figura 16 mostra, de modo agrupado, cada cimento obturador
e a tensão de tração necessária para seu deslocamento
da dentina sem tratamento e das dentinas tratadas com a solução
de EDTAC e com a aplicação do laser Er:YAG. Observa-se que
a adesão dos cimentos obturadores dos canais radiculares tem menor
valor na dentina não tratada e maior na dentina tratada com laser
Er:YAG. A dentina que sofreu ação do EDTAC apresentou adesão
dos cimentos obturadores dos canais radiculares em um estado intermediário.
A adesividade de um cimento endodôntico às paredes dos canais
radiculares é uma das propriedades que um cimento ideal deve possuir
e está citada nos trabalhos de PRINZ (1912), GROSSMAN (1958) e BRANSTETTER
& FRAUNHOFER (1982).
Essa propriedade significa a capacidade que um cimento possui de aderir
à dentina, de modo a propiciar ligação dentina/cimento.
Assim, pode-se afirmar que a adesividade de um cimento obturador é
a sua capacidade em aderir à dentina.
A
American Dental Association em 1983 estabeleceu uma série
de normas e testes para a avaliação dos materiais endodônticos
com o objetivo de se obter uma uniformidade e padrões para os experimentos
em todo o mundo. Isto resultou na especificação de número
57 da American Dental Association.
Este fato foi de grande importância pois, a partir desta data, os
pesquisadores, de modo geral, passaram a realizar avaliações
das propriedades dos cimentos com mais rigor científico.
A Especificação 57 da American Dental Association para
os materiais obturadores endodônticos determina para a avaliação
das propriedades físicas os seguintes testes: escoamento, espessura
do filme, tempo de endurecimento, radiopacidade, estabilidade dimensional
e solubilidade e desintegração.
A Especificação 57 não padronizou nenhum método
para avaliar o estudo da adesividade dos cimentos obturadores dos canais
radiculares, por não existir até aquela data, um consenso
entre os pesquisadores.
Já em 1983, ØRSTAVIK propôs o método que utiliza
para o estudo da adesão dos cimentos obturadores de canais radiculares
a Máquina Universal de Ensaios. Esse método foi seguido por
HYDE (1986), WENNBERG & ØRSTAVIK (1990) e SOUSA-NETO (1997 e
1999).
Esses autores observaram que o teste de adesividade dos cimentos obturadores
de canais radiculares aferido pela Máquina Universal de Ensaios
promove maior uniformidade e reprodutibilidade dos resultados. De modo
geral, os autores expressam a tensão de tração em
MPa (Mega Pascal) para favorecer a comparação dos resultados,
uma vez que essa unidade é aceita internacionalmente.
A adesividade dos cimentos obturadores dos canais radiculares é
calculada com base na força de tração exercida sobre
o corpo de prova, pois a única diferença entre a adesão
e a tração é o sentido da força. Neste trabalho,
esta força de tração foi relacionada com a área
de cimentação do corpo de prova para a obtenção
da tensão de tração.
A opção de se utilizar, no presente, a solução
de EDTAC foi devido ao fato de que essa solução apresenta:
tensão superficial menor que o EDTA (NAUMOVICH, 1963 e GUIMARÃES
et al. (1988); capacidade de aumentar a permeabilidade dentinária
(ZUOLO et al. 1987 e FAIRBANKS, 1995) e atua rapidamente na redução
da microdureza da dentina (CRUZ-FILHO, 1994 e 1998). O EDTA é eficiente
na remoção do magma dentinário (BAUMGARTNER &
MADER, 1987; CIUCCHI et al., 1989; GENGIZ et al., 1990).
O laser Er:YAG foi utilizado para a realização deste experimento
por possuir a propriedade de promover ablação da dentina
(BURKES et al. 1992), que resulta em alterações da superfície
desse tecido semelhantes ao que ocorre no condicionamento ácido,
removendo a camada de smear (GIMBLE et al., 1994; ISHIKAWA et al.,
1996; ISRAEL et al., 1997; TAKEDA et al. 1998 e 1999).
Com base nos trabalhos de VISURI et al. (1995) e COHEN et al. (1996), a
aplicação do laser Er:YAG na superfície da dentina
foi realizada sobre ação constante de um jato de água
liberado pelo próprio aparelho, a fim de promover maior interação
do laser com a dentina (Figura 5).
SOUSA-NETO (1997), estudando o efeito de diferentes tipos de breus e resinas
hidrogenadas na composição dos cimentos obturadores de canais
radiculares do tipo Grossman, observou que os breus são responsáveis
pela adesividade desse tipo de cimento à dentina. Os diferentes
tipos de breus liberam maior quantidade de ions e estes têm afinidade
elétrica com a dentina, que é constituída de alta
concentração de substâncias inorgânicas.
Assim, a adesão dos cimentos do tipo Grossman à dentina é
estabelecida por ligações eletrostáticas e não
pela sua penetração no interior dos canalículos dentinários.
Por este motivo, a ação da solução de EDTAC
e a ação do laser Er:YAG sobre a dentina não apresentaram
uma ação efetiva significante em aumentar a adesividade do
cimento Fillcanal® à dentina. A ligação
iônica entre o breu e a dentina é fraca por sua própria
natureza (SOUSA-NETO, 1997).
No presente trabalho, pode-se observar que o cimento Fillcanal®
(cimento tipo Grossman) apresentou o menor valor de adesividade que os
demais cimentos à base de resina epóxica.
Os cimentos à base de resina epóxica apresentaram maior adesão
à dentina e destes, o AH Plus® foi o que apresentou
maior capacidade de adesão. Os cimentos Topseal®
e Sealer 26® apresentaram uma adesão à dentina
inferior ao cimento AH Plus® e superior aos demais cimentos.
Os cimentos AH Plus® e Topseal® são,
de acordo com o fabricante (Dentsply) o mesmo cimento, pois possuem a mesma
fórmula. A diferença entre eles está no fato de um,
o AH Plus®, ser produzido pela DeTrey subsidiária
da Dentsply na Alemanha, e o Topseal® ser produzido pela
Maillefer-Dentisply na Suíça. Essa produção,
em países diferentes, pode apresentar componentes químicos
adquiridos e produzidos em locais diferentes e, ainda, não apresentar
igualdade de manufatura e embalagem. No que tange à adesão
à dentina, eles se comportam estatisticamente diferentes entre si
(Tabela XI).
O Sealer 26®, produzido pela Dentsply do Brasil, apresentou
adesividade à dentina estatisticamente semelhante ao Topseal®.
O cimento Sealer 26® é um cimento à base de
resina epóxica com fórmula semelhante ao AH 26®
Silver Free®. A diferença entre as fórmulas
desses cimentos reside no fato do Sealer 26® apresentar
certa porcentagem de hidróxido de cálcio e o AH 26 Silver
Free®, não. A adição desta porcentagem
de hidróxido de cálcio implica em redução da
porcentagem de trióxido de bismuto.
Quanto aos cimentos à base de resina epóxica testados, o
Sealer Plus®, produzido pela Dentsply do Brasil, apresentou
a menor capacidade de adesão quer à dentina normal, tratada
com EDTAC e tratada com laser Er:YAG.
A Tabela XI (teste de Scheffé) mostra com clareza a estatística
da adesividade dos cimentos testados.
No que concerne à ação das diferentes formas de tratamento
da superfície da dentina, observa-se que a dentina tratada com laser
Er:YAG proporciona maior adesão dos cimentos testados. A ação
do EDTAC, agente quelante, possibilita maior adesão dos cimentos
em comparação com a dentina que não sofreu tratamento
algum. A Tabela XII (teste de Tukey), ilustra melhor esses achados, bem
como os gráficos das Figuras 14, 15 e 16.
O EDTAC (etilenodiaminotetracético sal dissódico com 0,1%
de Cetavlon) possibilita remoção da camada de smear,
que pode permitir a penetração dos cimentos de resina epóxica
no interior dos canalículos dentinários, o que favorece maior
união entre a dentina e o cimento, promovendo maior adesão
do que em dentina não tratada (Figura 17).
Figura 17. Fotomicrografia eletrônica de varredura com com aumento de 1000X ilustrando a superfície dentinária tratada com EDTAC. As setas indicam a presença de smear plug.
A aplicação do laser Er:YAG na superfície dentinária,
com os parâmetros utilizados neste experimento, promoveu maior adesão
dos cimentos à base de resina epóxica testados e este fato
pode ser explicado por meio de dois fatores: a) remoção da
camada de smear, expondo os canalículos dentinários,
que são parcialmente preenchidos com os cimentos de resina epóxica,
formado o que se chama de Tag (POTTS & PITROU, 1990), e b) condiciona
a superfície dentinária promovendo uma maior ligação
mecânica da resina epóxica com a dentina intercanalicular,
por aumento de área, o que TANJI et al. (1997) chamou de padrão
micro-retentivo. Esse padrão micro-retentivo não possibilita
um aumento acentuado da adesividade do cimento Fillcanal®,
à base de oxido de zinco e eugenol.
A aplicação do laser Er:YAG sobre a dentina promove alterações
morfológicas com aumento de área e com irregularidades, padrão
micro-retentivo, conforme pode ser visto na Figura 18.
Figura 18. Microscopia eletrônica de varredura, com aumento de 1000x, ilustrando a superfície dentinária após a aplicação do laser Er:YAG. As setas indicam a presença de micro-retenções e ausência de magma dentinário (smear layer).
PELAGALLI et al. (1997) e TAKEDA et al. (1998 e 1999) verificaram que o
laser Er:YAG remove a camada de smear da dentina das paredes dos
canais radiculares, promovendo paredes limpas e livres de quaisquer detritos.
Essa abertura de canalículos facilita a penetração
dos cimentos no interior dos canalículos dentinários.
SOUSA-NETO (1999) constatou que a aplicação do laser Er:YAG
sobre a dentina promovia maior aumento da adesividade do cimento Sealer
26®, fato este comprovado por nossos achados.
Cumpre salientar que este trabalho foi realizado com os raios de laser
Er:YAG aplicados perpendicularmente à superfície dentinária.
Assim, os resultados obtidos ocorrem em virtude deste tipo de incidência
do raio.
No entanto, no interior dos canais radiculares, o laser Er:YAG é
aplicado com auxilio de uma fibra óptica e a incidência dos
raios nas paredes dentinária pode ser em outra direção,
fato este que necessita ser mais investigado.
Este experimento abre perspectivas para novas investigações,
tais como: a) estudar a direção dos raios do laser Er:YAG
quando aplicado no interior dos canais radiculares, por meio de fibra óptica
de vários diâmetros; b) se a maior adesividade implicaria
em menor infiltração marginal, fato até hoje não
elucidado.
Com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos, parece lícito concluir que:
7.1.
Os cimentos endodônticos à base de resina epóxica (AH
Plus®, Topseal®, Sealer 26®,
AH
26® e Sealer Plus®) apresentam maior adesão
à dentina que o cimento Fillcanal®
(à
base de óxido de zinco e eugenol) independentemente das condições
de tratamento da superfície dentinária.
7.2.
Os cimentos endodônticos à base de resina epóxica estudados
podem ser agrupados quando à adesividade à dentina, em ordem
decrescente da tensão de tração necessária
para o rompimento do corpo de prova, do seguinte modo: AH Plus®,
Topseal® e Sealer 26®, AH 26®
e Sealer Plus®.
7.3.
O tratamento da superfície dentinária com laser Er:YAG proporcionou
os maiores valores de adesividade entre dentina e cimento endodôntico.
O tratamento com a solução de EDTAC propiciou valores intermediários
de adesividade entre dentina e cimento endodôntico e as superfícies
dentinárias não tratadas apresentaram os menores valores
de adesividade entre dentina e cimento endodôntico.
7.4.
Tanto a aplicação do laser Er:YAG como da solução
de EDTAC na superfície dentinária são eficientes em
aumentar a adesividade dos cimentos endodônticos testados à
dentina humana.
ALTSHULER, G.B.; BELIKOV, A.V.; EROFEEV, A.V.; SKRYPNIK, A.V. Physical aspects of cavity formation of Er:YAG laser radiation. In: WIGDOR, H.A.; FEATHERSTONE, J.D.; WHITE, J.M. (Eds.). Lasers in dentistry San Jose, 1995. p.211-2. SPIE 2394.
AMERICAN DENTAL ASSOCIATION Specification N.57 for Endodontic filling materials. 1983.
ANDO, Y.; AOKI, A.; WATANABE, H.; ISHIKAWA, I. Bactericidal effect of Erbium YAG laser on periodontopathic bacteria. Lasers Surg. Med., v.19, p.190-200, 1996.
AOKI, A.; YAMADA, T.; OTSUKI, M.; ANDO, Y.; WATANABE, H.; ISHIKAWA, I. Application of the Er:YAG laser to the treatment of root caries lesion. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON LASERS IN DENTISTRY, Singapure, 1994. Proceedings. Bologna, Monduzzi Editore, 1994. p.181-4.
BAUMGARTNER, J. C.; MADER, C. L. A scanning electron microscopic evaluation of four root canal irrigation regimens. J. Endod., v. 13, n. 4, p. 147-57, 1987.
BERBERT, A. Comportamento dos tecidos apicais e periapicais após biopulpectomia e obturação do canal com AH 26, hidróxido de cálcio ou mistura de ambos: estudo biológico em dentes de cães. Bauru, 1978. 152 p.Tese (Livre-Docência) - Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo.
BIRMAN, E.G.; SAMPAIO, J.M.P.; MAGALHÃES, J.; SATO, E. Estudo de propriedades físicas e biológicas de um cimento endodôntico à base de hidróxido de cálcio. Rev. Odontol. USP, v.4, n.1, p.25-30, 1990.
BLOCK, R. M.; DENBY LEWIS, R.; SHEATS, J. B.; FAWLEY, M. T. Cell-mediated immune response to dog pulp tissue altered by Kerr (Rickert`s) Sealer via root canal. J. Endod., v.4, n.4, p. 110-6, 1978.
BLOCK, R. M; SHEATS, J. B.; DENBY LEWIS, R.; FAWLEY, M. T. Cell-mediated immune response to dog pulp tissue altered by N2 paste witin the root canal. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. ,v.45, n.1, p.131-42, 1978.
BRANSTTETTER, J.; FRAUNHOFER, J.A. The physical properties and sealing action of endodontic sealer cements: a review of the literature. J. Endod., v.8, n.7 p.312-6, Jul 1982.
BRUGNERA JR., A. O uso do laser CO2 na cirurgia pré protética. São Paulo, 1999. 84p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia, Universidade Camilo Castelo Branco.
BRUGNERA JR., A. ; PINHEIRO, A.L.B. Laser na Odontologia moderna. São Paulo, Pancast, 1998.
BUCKLEY , J. P. The pulpless tooth, its pathology and conservation; a new method and technic of filling root canals. J. Am. Dent. Assoc.,v.16, n.1, p.44-61, 1929.
BURKES, E.J.; HOKE, J.; GOMES, E.; WOLBARSHT, M. Wet versus dry enamel ablasion by Er: YAG laser. J. Prosthet. Dent. ,v.67, n.6, p.847-50, 1992.
CALLAHAN , J. R. Rosin solution for the sealing of the dentinal tubuli and adjuvant in the filling of root-canals. D. Cosmos, v.56, n.12, p.1376, Dec. 1914.
CIUCCHI, B.; KHETTABI, M.; HOLZ, J. The effectiveness of different endodontic irrigation procedures on the removal of the smear layer: a scanning electron microscopic study. Int. Endod. J., v. 22, n. 1, p. 21-8, 1989.
COHEN, B. I.; DEUTSCH, A. S.; MUSIKANT, B. L. Effect of power settings on temperature change at the root surface when using a holmium YAG laser in enlarging the root canal. J. Endod., v.22, n.11, p.596-9,1996.
COZEAN, C.; ARCORIA, C.J.; PELAGALLI, J.; POWELL, G.L. Dentistry for the 21st century? Erbium:YAG laser for teeth. J. Am. Dent. Assoc., v. 128, n.8, p.1080-7, Aug. 1997.
CRUZ-FILHO, A. M. Ação do EDTAC sobre a microdureza da dentina radicular, após diferentes tempos de aplicação. Ribeirão Preto, 1994. 86p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
CRUZ-FILHO, A. M. Avaliação da ação dos quelantes EDTAC, CDTA, EGTA sobre a microdureza da dentina radicular. Ribeirão Preto, 1998. 98p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
DOSTÁLOVÁ, T.; JELÍNKOVÁ, H.; KREJSA, O., HAMAL, K.; KUBELKA, J.; PROCHÁZKA, S.; HIMMLOVÁ, L. Dentin and pulp response to Erbium:YAG laser ablation: a preliminary evaluation of human teeth. J. Clin. Laser Med. Surg., v.15, n.3, p.117-21, 1997.
DOSTÁLOVÁ, T.; JELÍNKOVÁ, H.; KUCEROVÁ, H.; KREJSA, O.; HAMAL, K.; KUBELKA, J. PROCHÁZKA, S. Noncontact Er:YAG laser ablation: clinical evaluation. J. Clin. Laser Med. Surg., v.16, n.5, p.273-82, 1998.
ECONOMIDES, N.; LIOLIOS, E.; KOLOKURIS. I.; BELTES, P. Long-term evalution of the influence of smear layer removal on the sealing ability of different sealers. J. Endod., v.25, n.2, p.123-5, 1999.
FAIRBANKS, D. C. O. Avaliação da capacidade quelante do EDTA, do EDTAC e do EDTA-T pela análise da microdureza da dentina radicular. Rio de Janeiro, 1995. 82p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
FIDEL, R. A. S. Estudo das propriedades físico-químicas de alguns cimentos obturadores dos canais radiculares contendo hidróxido de cálcio. Ribeirão Preto, 1993. 169p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
FIDEL, R. A. S.; SOUSA NETO, M. D.; SPANÓ, J. C. E.; BARBIN, L. E.; PÉCORA, J. D. Adhesion of calcium hydroxide-containing root canal sealers. Braz. Dent. J., v. 5, n. 1, p. 53-7, 1994.
GARBEROGLIO, R.; BECCE, C. Smear layer removal by root canal irrigants. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol., v.78, n.5, p.359-67, Sept. 1994.
GENGIZ, T.; AKTENER, B. O.; PISKIN, B. The effect of dentinal tubules orientation on the removal of smear layer by root canal irrigant. A scanning electron microscopic study. Int. Endod. J., v. 23, n. 3, p. 163-71, 1990.
GETTLEMAN, B.H.; MESSER, H.H.; ELDEEB, M.E. Adhesion of sealer cements to dentin with and without the smear layer. J. Endod., v.17, n.1, p.15-20, 1991.
GIMBLE, C.; HANSEN, R.; SWETT, A.; WINN, D.; PELLAGALI, J.;COZEAN, C. Er:YAG clinical studies for hard tissue applications. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON LASERS IN DENTISTRY, Singapure,1994. Proceedings. Bologna, Monduzzi Editore, 1994. p. 267-71.
GLOCKNER, K.; RUMPLER, J.; EBELESENDER, K.; STADTLER, P. Intrapulpal temperature during preaparation with the Er:YAG laser compared to the conventional burr: Na in vitro study. J. Clin. Laser Med. Surg., v.16, n.3, p.153-7, June 1998.
GOLDBERG, F. Materiales e técnicas de obturacion endodonticas. Buenos Aires, Ed. Mundi, 1982.
GOLDBERG, F. ; ABRAMOVICH, A. Analysis of the effect of EDTAC on the root canal. J. Endod. v.3 n.3 p.101-5, Mar. 1977.
GOLDMAN, L.; HORNBY, P.; MEYER, R.; GOLDMAN, B. Impact of the laser on dental caries. Nature, v.203, n.4943, p.417, Jul. 1964.
GROSSMAN, L.I. Algunas observaciones sobre obturación de conductos radiculares. Rev. Asoc. Odontol. Argent., v.50, n.2, p.61-6, Feb. 1962.
GROSSMAN, L.I. An improved root canal cement. J. Am. Dent. Assoc., v.56, n.3, p.381-5, Mar. 1958.
GROSSMAN, L.I. Endodontic practice. 8. ed. Philadelphia, Lea & Febiger, 1974. p.299-300.
GROSSMAN, L.I. Filling root canals with silver points. D. Cosmos, v.78, n.7, p.679-87, Jul. 1936.
GROSSMAN, L.I. Physical properties of root canal cements. J. Endod., v. 2, n. 6, p. 166-75, 1976.
GUIMARÃES, L. F. L.; ROBAZZA, C. R. C.; MURGEL, C. A. F.; PÉCORA, J. D.; COSTA, W. F. Tensão superficial de algumas soluções irrigantes dos canais radiculares. Rev. Odont. USP, v. 2, n. 1, p. 6-9, 1988.
HALL, R.R. The healing of tissue incised by a carbon dioxide laser. Br. J. Surg.,v.58, p.222-5, 1971.
HIBST, R. ; KELLER, U. Dental Er:YAG laser application: effect of water spray on ablation. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON LASERS IN DENTISTRY, Salt Lake City,1992. Proceedings. Salt Lake City, International Society of Lasers in Dentistry, 1992. p. 229-30.
HIBST, R.; KELLER, U. Experimental studies of the application of the Er:YAG laser on dental hard substances:I. Light microscopic and SEM investigations. Lasers Surg. Med., v.9, n.4, p.338-44, 1989.
HIBST, R. Er:YAG and excimer laser induced ablation of biologic tissue. A quantitative study. Lasers Surg. Med., v.8, p.144, 1988.
HOKE, J.; BURKES, E.; GOMES, E.; WOLBARSHT, M.L. Erbium:YAG (2,94m m) laser effects on dental tissues. J. Laser Appl., v.6, n.1, p.61-65, Summer/Fall 1990.
HOLLAND, R.; NERY, M.J.; SOUZA, V.; BERNABÉ, P. F. E.; MELO, W.; OTOBONI FILHO, J. A. The effect of the filling material in the tissue reactions following apical plugging of root canals with dentin chips. A histologic study in monkey teeth. Oral Surg., v.55, n.4, p.389-401, 1983.
HYDE, D.G. Physical properties of root canal sealers containing calcium hydroxide. Michigan, 1986. 80 p. Dissertation (Master) - University of Michigan.
INGLE, J.I. Root canal obturation. J. Am. Dent. Assoc., v.53, n.1, p.47-55, Jul. 1956.
ISRAEL, M.; COBB, C. M.; ROSSMAN, J. A.; SPENCER, P. The effects of CO2, Nd:YAG and ER:YAG lasers with and without surface coolant on tooth surface coolant on tooth surfaces. An in vitro study. J. Clin. Periodontol., v.24, n.9, p.595-602, 1997.
ISHIKAWA, I.; AOKI, A.; WATANABE, H.; ANDO, Y.; YAMADA, T.; OTSUKI, M.; TAGAMI, J. Er:YAG laser: The promissing procedure for root caries treatment. In: WIGDOR, H.A.; FEATHERSTONE, J.D.; WHITE, J.M.; NEEV, J. (Eds.). Lasers in Dentistry II. Laguna Beach,1996. p.131-4. SPIE 2672.
JAVAN, A.; BENNETT, W. R.; HERRIOT, D.R. Population inversion and continuous optical maser oscillation in gas discharge containing a HeNe mixture (letter). Physiol. Rev., n.6, p.106-10, 1961.
JOHNSON, L. F. Optical maser characteristics of rare-earth ions in crystals. J. Appl. Physiol., n.34, p.867-909, 1961.
KANTOLA, S. Laser induced effects on tooth structure 6 and 7. Acta Odontol. Scand., v. 30, p.463-84, 1972.
KANTOLA, S.; LANE, E.; TARNA, T. Laser- induced effects on tooth structure: VI. X-ray diffaction study of dental enamel exposed to a CO2 laser. Acta Odontol. Scand.,v.31, p.369-88, 1973.
KAYANO, T.; OCHIARI, S.; KIYONO, K.; YAMAMOTO, H.; NAKAJIMA, S.; MOCHIZUKI, T. Effect of Er:YAG laser irradiation on human extracted teeth. J. Clin. Laser Med. Surg., v.4, p.147-50, Apr. 1991.
KELLER, U.; HIBST, R. Erbium:YAG laser in caries therapy: Indications and first clinical results. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON LASERS IN DENTISTRY, Salt Lake City, 1992.Proceedings. Salt Lake City, International Society of Lasers in Dentistry, 1992. p.151-2.
KELLER, U.; HIBST, R. Experimental studies of the application of the Er:YAG laser on dental hard substances: II. Light microscopic and SEM investigations. Lasers Surg. Med., v.9, n.4, p.345-51, 1989.
KELLER, U.; HIBST, R. Patient’s response to cavity preparation using the Er:YAG laser. In: SPIE 2922, p.84-87, 1996.
KELLER, U.; HIBST, R.; GEURTSEN, W.; SCHILKE, R.; HEIDEMANN, D.; KLAIBER, B.; RAAB, W.H.M. Erbium:YAG laser application in caries therapy. valuation of patient perception and acceptance. J. Dent., v.26, p.649-56, 1998.
KENNEDY,W. A.; WALKER III, W. A.; GOUGH, R. W. Smear layer removal effects on the apical leakage. J. Endod., v.12, n.1 p.21-27, 1986.
KOMORI, T.; YOKOYAMA, K.; MATSUMOTO, Y.; MATSUMOTO, K. Erbium:YAG and Holmium:YAG laser root resection of extracted human teeth. J. Clin. Laser Med. Surg., v.15, n.1, p.9-13, 1997.
KOULAOUZIDOU, E.A.; PAPAZISIS, K.T.; BELTES, P.; GEROMICHALOS, G.D.; KORTSARIS, A.H. Cytotoxicity of tree resin-based root canal sealers: an in vitroevaluation. Endod. Dent. Traumatol., v.14, p.182-5, 1998.
KOUVAS, V.; LIOLIOS E.; VASSILIADIS L.; PARISSIS-MESSIMERIS S.; BOUTSIOUKIS A. Influence of smear layer on depth of penetration of three endodontic sealers: an SEM study. Endod. Dent. Traumatol., v.14, p.191-5,1998.
KUMAZAKI, M. Removal of hard dental tissue (cavity preparation) with the Er:YAG laser. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON LASERS IN DENTISTRY, 4, Singapoure, 1994. Proceedings. Bologna, Monduzzi Editore, 1994. p.151-7.
MAIMAN, T.H. Stimulated optical radiation in ruby. Nature, v.187, p.493-4, 1960.
MATSUMOTO, K.; NAKAMURA, Y.; MAZEKI, K. Clinical application of the Er:YAG laser for class V cavity preparation. J. Showa Univ. Dent. Soc., v.15, n.4, p.335-40, Dec. 1995.
MATSUOKA, E.; KIMURA Y, MATSUMOTO, K. Studies on the removal of débris near the apical seats by Er:YAG laser and assessment with a fiberscope. J. Clin. Laser Med. Surg., v.16, n.5, p.255-61, Oct. 1998.
McCOMB, D. ; SMITH, D.C. Comparison of the physical properties of polycarboxylate-based and conventional root canal sealers. J. Endod., v. 2, n. 8, p. 228-35, 1976.
MESSING, J.J. A polystyrene-fortified zinc oxide/eugenol cement. Br. Dent. J., v.110, n.2, p.95-100, Feb. 1961.
MOLNAR, E.J. , SKINNER, E.W. A study of zinc oxide-rosin cements. I. Some variables which affect the hardening time. J. Am. Dent. Assoc., v.29, n.5, p.744-51, May 1942.
MORSE, D. R.; WILCKO, J.M.; PULLON, P. A.; FURST, M. L. PASSO, S. A. A comparative tissue toicity evaluation of the liquid components of gutta-percha root canal sealers. J. Endod., v.7, n.12, p.545-50, 1981.
NAUMOVICH, D. B. Surface tension and of drugs in root canal therapy. Oral Surg., v. 16, n. 2, p. 965-8, 1963.
ØRSTAVIK, D. Physical properties of root canal sealers: measurement of flow, working time, and compressive strength. Int. Endod. J., v. 16, n. 2, p. 99-107, 1983.
ØRSTAVIK, D.; ERIKSEN, H.M.; BEYER-OLSEN, E.M. Adhesive properties and leakage of root canal sealer in vitro. Int. Endod. J., v.16, p.59-63, 1983.
PAGHDIWALA, A.F. Root resection of endodontically treated teeth by Erbium:YAG laser-radiation. J. Endod., v.19, n.2, p.91-4, 1993.
PATEL, C. K.; MACFARLANE, R. A.; FAUST, W. L. Selective excitation transfer and optical maser action in N2CO2. Physiol. Rev., n.13, p.617-9, 1964.
PÉCORA, J.D.; BRUGNERA JR, A.; CUSSIOLI, A.L.; SILVA, R.S.; ZANIN, F. Dentin root canal wall permeability evaluation after instrumentation and Er:YAG laser applicaton. In: ANNUAL MEETING AMERICAN SOCIETY FOR LASER MEDICINE AND SURGERY, 19., Orlando, 1999. Abstract. Orlando, 1999.
PELAGALLI,
J.; GIMBELL, C.B.; HANSEN, R.T.; SWETT, A.; WINN II, D.W. Investigational
study of the use of Er:YAG laser versus dental drill for caries removal
and cavity
preparation
- Phase I. J. Clin. Laser Med. Surg., v.15, n.3, p.109-15, 1997.
PEROTTI, R.; MAURELLI, A.; SCOTTI, R. Endocanalar cements. Some in vitro observations on their adhesive properties. Minerva Stomatol., v.38, n.7, p.757-61, 1989.
POTTS, T.; PITROU, A. Laser photopolymerization of dental material with potencial endodontics aplications. J. Endod., v.60, p.265-8, 1990.
PRINZ, H. Filling root-canals with na improved parafinn compound. D. Cosmos, v.54 n.2 , p.108l-94, Oct. 1912.
PUCCI, F.M. Conductos radiculares. 2.ed. Montevideo, Barreiro y Ramos, 1945. v.2, pt.2, p. 362.
RICKERT, U.G. My present conceptions for the control of dental foci of infection. D. Cosmos, v.69, n.5, p.451-62, May 1927.
ROPER, E. In vitro evaluation of microleakage in four root canal sealers. Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 1996. /Mimeografado/.
SAVIOLI, R.N. Estudo da influência de cada componente químico do cimento de Grossman sobre as suas propriedades físicas. Ribeirão Preto, 1992. 123p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
SEN, B. H.; WESSELINK, P.R.; TÜRKÜN, M. The smear layer: a phenomenon in root canal therapy. Int. Endod. J., v.28, p.141-8, 1995.
SILVA, R.G.; BARBIN, E.L.; SPANÓ, J.C.E.; SAVIOLI, R.N.; PÉCORA, J.D. Estudo da adesividade de alguns cimentos obturadores dos canais radiculares. ROBRAC, v.6, n.21, p.14-8, 1997.
SOUSA-NETO, M.D. Estudo da influência de diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas sobre as propriedades físico-químicas do cimento obturador de canais radiculares do tipo Grossman. Ribeirão Preto, 1997. 108p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
SOUSA-NETO, M.D. Estudo in vitro do efeito da aplicação do Laser Er:YAG sobre a dentina humana na adesividade de diferentes cimentos obturadores dos canais radiculares. Ribeirão Preto, 1999. 87p. Tese (Livre-Docência) - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
SPANGBERG, L.S.W.; BARBOSA, S.V.; LAVIGNE, G.D. AH 26 Releases Formaldehyde. J. Endod., v.19, n.12, p.596-7, 1993.
STERN, R.H.; SOGNNAES, R.F. Laser beam effect on dental hard tissues. In: International Association for Dental Research. General Session & Exhibition, 42. Los Angeles, Mar.19-22, 1964. Abstracts fo papers. Los Angeles. J. Dent. Res., v.43, p.873, 1964.
STEWART, L.; POWELL, G.L.; WRIGHT, S. Hydroxyapattite attached by laser: A potencial-sealant for pits and fissures. Operat. Dent., v.10, p.2-5, 1985.
TAKEDA, F.H.; HARASHIMA, T.; KIMURA, Y., MATSUMOTO, K. Comparative study about the removal of smear layer by three types of laser devices. J. Clin. Laser Med. Surg., v.16, n.2, p.117-22, Apr. 1998.
TAKEDA, F.H.; HARASHIMA, T.; ETO, J.N.; KIMURA, Y.; MATSUMOTO, K. Effect of Er:YAG laser treatment on the root canal walls of human teeth: an SEM study. Endod. Dent.Traumatol., v.14, p.270-3, 1998.
TAKEDA, F.H.; HARASHIMA, T.; ETO, J.N.; KIMURA, Y.; MATSUMOTO, K. Efficacy of Er:YAG laser irradiation in removing débris and smear layer on root canal walls. J. Endod., v.24, n.8, p.548-51, 1998.
TAKEDA, F.H.; HARASHIMA, T.; KIMURA, Y.; MATSUMOTO, K. A comparative study of the removal of smear layer by three endodontic irrigants and two types of laser. Int. Endod. J., v.32, n.1, p.32-9, 1999.
TAYLOR, R.; SHKLAR, G.; ROEBER, F. The effects of laser radiation on teeth, dental pulp, and oral mucosa of experimental animals. Oral Surg. Med. Oral Pathol., v.19, n.6,p.786-95, June 1965.
TANJI, E.Y.; MATSUMOTO, K.; EDUARDO, C. P. Scanning electron microscopic observations of dentin surface conditioned with the Er:YAG laser. Deuts Gesellschaft Laser Newsletter, v.8, p.6, Jan/Feb 1997. /Edição congresso/.
TANJI, E.Y.; SOARES, S.C.G.; EDUARDO, C.P. M.E.V. de canais radiculares irradiados com Er:YAG e Nd:YAG laseres. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PESQUISA ODONTOLÓGICA, 15, Águas de São Pedro, 1998. Resumos. São Paulo, SBPqO, 1998. p.47.
TORABINEJAD, M.; KETERRING, J. D.; BAKLAND, L. K. Evaluation of sistemic immunological reactions to AH 26 root canal sealer. J. Endod., v.5, n.7, p.196-200, 1979.
VISURI, S.R.; GILBERT, J.L.; WALSH JR. J.T.; WIGDOR, H.A. Shear test of composite bonded to dentin: Er:YAG laser versus dental handpiece preparations. In: WIGDOR, H.A.; FEATHERSTONE, J.D.; WHITE, J.M. (Eds.). Lasers in Dentistry. San Jose, 1995. p. 223-7. SPIE 2394.
WEIGER, R.; HEUCHERT, T.; HAHN, R.; LÖST, C. Adhesion of a glass ionomer cement to human radicular dentine. Endod. Dental Traumatol., v.11, p.214-9, 1995.
WEINER, B.H. ; SCHILDER, H. A comparative study of important physical properties of various root canal sealers. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol., v.32, n.6, p.928-37, Dec 1971.
WENNBERG, A. ; ØRSTAVIK, D. Adhesion of root canal sealers to bovine dentine and gutta-percha. Int. Endod. J., v. 23, n. 1, p.13-9, 1990.
WIGDOR, H.; ABT, E.; ASHRAFI, S.; WALSH JR, J.T. Efecto del rayo láser sobre los tejidos duros del diente. J. Am. Dent. Assoc., v.11, n.6, p.63-9, 1996.
WHITE, R. R.; GOLDMAN, M.; LIN, P. S. The influence of the smeared layer upon dentinal tubule penetration by endodontic filling materials. J. Endod., v.10, n.12, p.558-62, 1984.
WHITE, R. R.; GOLDMAN, M.; LIN, P. S. The influence of the smeared layer upon dentinal tubule penetration by endodontic filling materials. PartII. J. Endod., v.13, n.8, p.369-74, 1987.
YAMADA, R. S.; ARMAS, A.; GOLDMAN, M. A scanning electron microscopic comparison of a high volume final flush with several irriganting solutions: part 3. J. Endod.,v.9, n.4, p.137-42,1983.
YAMAMOTO, H.; OOYA, K. Potencial of yttrium-aluminium-garnet laser in caries prevention. J. Oral Pathol., v.38, p.7-15, 1974.
YOKOYAMA, K.; KOMORI, T.; MATSUMOTO, Y.; MATSUMOTO, K. Clinical study of class V cavity preparation with the Er:YAG laser. In: CONGRESS OF THE INTERNATIONAL SOCIETY FOR LASERS IN DENTISTRY, Jerusalem, 1996. Proceedings. Bologna, Monduzzi Editore, 1996. p.139-43.
ZUOLO,
M.; MURGEL, C. A. F.; PÉCORA, J. D.; ANTONIAZZI, J. H. COSTA, W.
F. Ação do EDTA e suas associações com tensoativos
na permeabilidade da dentina radicular. Rev. Odont. USP, v. 1, n. 4, p.
18-23, 1987.