FACULDADDE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

TESE DE DOUTORADO

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE BREUS E RESINAS HIDROGENADAS SOBRE AS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO CIMENTO OBTURADOR DOS CANAIS RADICULARES DO TIPO GROSSMAN

 Study of the effect on physicochemical properties of the addition of different types of rosin and hydrogenated resins to GROSSMAN cement powder

MANOEL DAMIÃO DE SOUSA-NETO
sousanet@odin.unaerp.br
Orientador: Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora
pecora@forp.usp.br
Ribeirão Preto 1997, 108p.
Esta tese foi realizada no Laboratório de Pesquisa em Endodontia da FORP-USP

  RESUMO | SUMMARY | INTRODUÇÃO | REVISÃOPROPOSIÇÃO | MATERIAL E MÉTODO | RESULTADOS E DISCUSSÃO | CONSIDERAÇÕES FINAIS | REFERÊNCIAS


 
 

INTRODUÇÃO

A literatura endodôntica evidencia a necessidade de se obturar o canal radicular de forma hermética. LEONARDO & LEAL (1991) afirmaram que obturar um canal radicular significa preenchê-lo em toda a sua extensão com um material inerte e anti-séptico, obtendo assim o selamento o mais hermético possível daquele espaço, de modo a não interferir e, se possível, estimular o processo de reparo apical e periapical, que deve ocorrer após o tratamento endodôntico radical.

O objetivo da obturação de um canal radicular consiste em manter o tecido periapical sadio (BUCKLEY, 1929). Segundo esse autor, devido à impossibilidade de se esterilizar toda a massa canalicular da dentina, as extremidades internas dos canalículos devem ser hermeticamente seladas para prevenir a infecção ou reinfecção dos tecidos periapicais.

McELROY (1955) realizou uma retrospectiva histórica a respeito da obturação dos canais radiculares e listou alguns dos materiais que já haviam sido utilizados para esse fim: ouro em folha com uma superfície resinada; fosfato tricálcico com eugenol; óxido de zinco e ácido hidroclórico; carvão animal pulverizado com iodofórmio; pontas de madeira de laranjeira associadas a uma pasta de iodofórmio e fenol; oxicloreto de zinco e lã mineral; estanho em folha; chumbo em folha coberto com uma pasta de fenol e iodo; pontas de madeira embebidas em bicloreto ou mercúrio a 0,5%; madeira avermelhada (cedro) associada à parafina; partes iguais de óxido de zinco e iodofórmio transformadas em pasta com creosoto; pontas de algodão saturadas com óleo de canela ou fenol canforado; iodeto de timol e parafina misturados com a ajuda de calor brando; fenil salicilato e bálsamo; amálgama de cobre; pasta de óxido de zinco e eugenol; dentina de cachorro; marfim pulverizado e dentina humana.

CALLAHAN (1914) utilizou guta-percha dissolvida em clorofórmio após ligeira modificação, foi proposta a utilização da guta-percha sob a forma de um cone sólido associado ao clorofórmio. A resina vegetal guta-percha é um material que, nos dias atuais, é amplamente utilizado para os mais variados fins na Odontologia, notadamente como material obturador dos canais radiculares, associado aos cimentos obturadores.

PRINZ(1912) salientou que o objetivo da obturação do canal radicular consiste na reposição da polpa dental destruída, por um material sólido que não sofra alteração dimensional e que seja inerte.

Os trabalhos de PRINZ (1912), GROSSMAN (1958) e BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982) somam-se e complementam-se, possibilitando listar uma série de características que os cimento obturador de canais radiculares deve possuir:
 
1.
não deve ser agente putrefativo;
2.
deve ter qualidades anti-sépticas permanentes;
3.
deve ser de fácil introdução no canal;
4.
deve ser biocompatível;
5.
não deve descolorir as estruturas dentais;
6.
não deve ser poroso e deve manter-se estável dimensionalmente;
7.
deve ser de fácil remoção do interior do canal se necessário for;
8.
deve obturar hermeticamente os canalículos dentinários e o forame apical contra a invasão bacteriana;
9.
deve ser radiopaco;
10.
deve apresentar boa adesão com as paredes do canal radicular e
11.
deve possibilitar uma consistência satisfatória.

 

Na prática, tem-se observado a impossibilidade de um material preencher todas as características ideais e desejáveis para um cimento obturador dos canais radiculares. O que normalmente ocorre, é a prevalência de algumas delas em detrimento de outras.

Porém, por não existir, ainda, um material que só possua boas características, a atividade dos pesquisadores não pára, na tentativa de encontrar o melhor material para a finalidade desejada.

GOLBERG (1982) classificou os materiais obturadores dos canais radiculares em dois tipos: os levados ao canal radicular em estado sólido (cones de prata e de guta-percha), e os levados ao canal radicular em estado plástico (pastas e cimentos).

Os cimentos obturadores de canais radiculares propostos por GROSSMAN (1936, 1958, 1962 e 1974) são à base de óxido de zinco-eugenol e são levados ao interior dos canais radiculares no estado plástico.

A evolução dos cimentos propostos por GROSSMAN será aqui abordada na tentativa de mostrar o quanto esse eminente pesquisador estudou o assunto, que até hoje é motivo de preocupação entre os pesquisadores.

GROSSMAN desenvolveu, em 1936, um cimento obturador de canal radicular que apresentava a seguinte composição: pó- prata, resina hidrogenda e óxido de zinco; líqüido- eugenol e solução de cloreto de zinco a 4%.

Em 1958, constatando que a prata oxidava e formava sulfetos que escureciam os dentes, GROSSMAN eliminou-a da composição do pó. Quanto à composição do líqüido, ele substituiu a solução de cloreto de zinco a 4% pelo óleo de amêndoas doces. A adição de um óleo vegetal ao cimento tinha o propósito de retardar o endurecimento, permitindo assim mais tempo para o profissional realizar a tarefa de obturar o canal radicular.

Continuando suas pesquisas, GROSSMAN (1962) incluiu o tetraborato de sódio anidro ao pó do seu cimento, com a função de retardar o endurecimento. Em 1974, esse autor concluiu que era desnecessária a adição do óleo de amêndoas doces ao eugenol, uma vez que o tetraborato de sódio anidro era capaz de manter um tempo de trabalho clínico satisfatório. Assim, foram realizadas alterações tanto na composição do pó como na composição do líqüido, ficando o cimento com a seguinte fórmula:
 
 

:  
Óxido de Zinco 42%
Resina Hidrogenada 27%
Subcarbonato de Bismuto 15%
Sulfato de Bário 15%
Tetraborato de Sódio Anidro 1%
Líqüido:  
Eugenol  

 

Ao estudar o perfil ideal que um material obturador deve possuir, torna-se possível estabelecer os parâmetros de pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos, bem como a avaliação daqueles já existentes no mercado.

Para efeito didático, pode-se dividir as propriedades dos cimentos obturadores de canais radiculares em: físico-químicas, antimicrobianas e biológicas.

Preocuparam-se com as propriedades e qualidades antimicrobianas os pesquisadores BARTELS (1947), ØRSTAVIK (1981), MOORER & GENET (1982), OGATA et al. (1982) e ØRSTAVIK (1988), dentre outros.

O aspecto biológico foi exaustivamente pesquisado e, dentre muitas investigações, pode-se destacar os trabalhos de HOLLAND et al. (1971), MOHAMMAD et al. (1978), HOLLAND et al. (1983) e HENSTERN-PETTERSEN & ØRSTAVIK (1985).

As propriedades físico-químicas dos cimentos obturadores dos canais radiculares foram estudadas por muitos pesquisadores, e aqui ressaltamos os trabalhos de BUCHBINDER (1931), MOLNAR & SKINNER (1942), GROSSMAN (1946), SKINNER & ZIEHM (1950), McELROY (1955), BRAUER et al. (1958),NORMAN et al. (1958), ZERLOTTI FILHO (1959), PHILLIPS & LOVE (1961), BRAUER et al. (1962), NORMAN et al. (1964), LEAL (1966), HIGGINBOTHAM (1967), BRAUER (1967), BRAUER et al. (1968), BATCHELOR & WILSON (1969), SIMÕES FILHO (1969), WEISSMAN (1970), WILSON & BATCHELOR (1970), WEINER & SCHILDER (1971), GROSSMAN (1976), McCOMB & SMITH (1976), BENATTI et al. (1978), FRAGOLA et al. (1979), FRAUNHOFER & BRANSTETTER (1982), GROSSMAN (1982), ØRSTAVIK (1983), ZYTKIEVITZ et al. (1985), HYDE (1986) , WENNBERG & ØRSTAVIK (1990), SAVIOLI (1992), SILVA (1992), FIDEL (1993), SOUSA NETO (1994), SILVA et al. (1994), FIDEL et al. (1994), FIDEL et al. (1994), SILVA et al. (1994), SILVA et al. (1995), FIDEL et al. (1995), FIDEL et al. (1995) e FIDEL et al. (1995).

O fato do cimento obturador de canal radicular proposto por GROSSMAN ser amplamente utilizado pelos cirurgiões-dentistas de Ribeirão Preto-SP (SAQUY, 1989), despertou o interesse da Equipe de Pesquisa de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, em investigar minuciosamente as propriedades físico-químicas deste cimento.

Assim, SAVIOLI (1992) estudou a influência de cada componente químico do pó do cimento de GROSSMAN sobre as suas propriedades físicas, e constatou que o tetraborato de sódio anidro é responsável pelo retardo do endurecimento e pela maior solubilidade e desintegração do cimento. Observou também que a resina vegetal (breu) é responsável pela alteração dimensional, provocando a expansão do cimento.

SILVA (1992), seguindo as Especificações número 57 da American Dental Association, estudou as propriedades físicas das diferentes marcas comerciais do cimento à base de óxido de zinco-eugenol, proposto por GROSSMAN, encontradas no mercado brasileiro. Dentre esses cimentos, o Fillcanal®, o Grosscanal® e o Endofill® preencheram as exigências da especificação estudada.

SOUSA NETO (1994) revelou, por meio do exame cromatográfico em fase gasosa, que os líqüidos dos cimentos Fillcanal® e Endofill® apresentam óleo de soja em sua composição. Nesse estudo, constatou-se que a adição de óleos vegetais (óleo de soja, óleo de milho, óleo de rícino e óleo de amêndoas doces) ao eugenol altera a relação pó-líqüido, o escoamento, o tempo de trabalho, a espessura do filme e a solubilidade e desintegração do cimento de GROSSMAN. O eugenol puro proporcionou um cimento tipo GROSSMAN com as melhores propriedades físico-químicas de acordo com a Especificação 57 da American Dental Association.

Nota-se, pela literatura consultada, que a ação de cada componente do pó do cimento de GROSSMAN sobre as propriedades físico-químicas tem sido estudada, bem como o efeito da adição de óleos vegetais ao eugenol. Faz-se necessário, ainda, estudar a ação dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas sobre essas propriedades, uma vez que GROSSMAN (1982) preocupou-se em observar o efeito das resinas vegetais no tempo de endurecimento.



 

REVISTA da LITERATURA
 
 

A obturação do canal radicular é uma etapa importante do tratamento endodôntico, e perfeitamente definida no paradigma vigente.

Essa etapa gerou, e ainda gera, grande preocupação entre os pesquisadores, no sentido de encontrar um cimento e uma técnica ideal para a obturação do canal radicular.

PRINZ (1912) relatou que TOMES, em 1893, descreveu um método de obturação do canal radicular e estabeleceu algumas propriedades que um cimento obturador deveria possuir, quais sejam, ser de fácil inserção no interior do canal radicular, pois tém que ser introduzido no interior de canais estreitos e tortuosos; ser de fácil remoção, uma vez que é impossível assegurar sucesso constante da terapia em dentes necrosados; deve selar completamente a câmara pulpar, de modo que os fluidos não possam penetrar pelo forame apical; deve ser suave, de características não-irritantes, uma vez que, mesmo com todo o cuidado, o extravasamento de material pelo forame pode ocorrer.

Os cimentos à base de óxido de zinco-eugenol são utilizados na Odontologia com os mais variados propósitos. A estrutura dos cimentos é constituída de óxido de zinco-eugenol, e as suas formulações variam conforme a aplicação na Endodontia, Dentística, Prótese e Periodontia.

PRINZ (1912) preconizou a obturação do canal radicular com um composto à base de parafina. O autor descreveu a técnica para o seu uso e enumerou as vantagens do referido material como cimento obturador do canal radicular.

CALLAHAN (1914) preconizou uma técnica de obturação de canais radiculares utilizando uma solução de guta-percha dissolvida em cloroformio. Esse autor chamou a atenção para o fato da técnica ser simples, fácil e rápida, dependendo, porém, de um correto preparo do canal radicular.

RICKERT (1927) propôs um cimento obturador a base de óxido de zinco e eugenol, que leva o seu nome e apresenta a seguinte composição: Pó: Prata24,74 %, Óxido de Zinco 34,00 %, Bi-iodo de bi-timol (Aristol) 10,55 %, Oleoresinas 30,71 %, Líqüido: Eugenol e Bálsamo do Canadá

PUTERBAUGH (1928) teceu considerações sobre a necessidade de um correto preparo da região cervical do canal para que se possa ter um acesso adequado à sua região apical. Enfatizou ainda a necessidade de uma obturação hermética do canal radicular, e salientou as características que um material obturador deve possuir, tais como: biocompatibilidade e facilidade de remoção, caso haja necessidade. Esse autor defendeu a idéia da não incorporação de agentes anti-sépticos nas formulações dos cimentos. Concluindo o seu trabalho, ele preconizou que os materiais devem ser escolhidos de acordo com as condições de cada caso.

BUCHBINDER (1931) investigou a contração de alguns materiais obturadores. O método utilizado consistia em preencher tubos de vidro com os materiais a serem testados e imergi-los em água com corante. À medida que o material deslocava-se das paredes do tubo de vidro (pela alteração dimensional) formavam-se bolhas de ar visíveis e ocorria a penetração de corante. Os materiais testados foram: a combinação eucaliptol/fragmentos de guta-percha/calor; a associação clorofórmio/guta-percha; a associação clorofórmio/resina/guta-percha e o cimento de RICKERT. Este último apresentou uma contração bem menor do que os outros materiais de obturação citados. O autor salientou que um material obturador, para ser utilizado no interior do canal radicular, deve ser radiopaco, não deve apresentar contração, deve permitir a sua introdução e adaptação no interior do canal sem sobreobturação, deve ser solúvel em clorofórmio e xilol, ser anti-séptico e não-irritante.

GROSSMAN (1936) propôs o uso de um cimento que continha prata na sua composição, discorrendo sobre as propriedades oligodinâmicas desse metal. Em seguida, listou os requisitos que um material obturador do canal radicular deve possuir e apontou as vantagens da utilização do cone de prata associado a um cimento obturador adequado. O autor preconizou a utilização de um cimento que deu a ele resultados satisfatórios, após testes clínicos: Pó: Prata pulverizada (# 300) 2 partes, Resina pulverizada (# 300) 3 partes, Óxido de zinco 4 partes. Líqüido: Eugenol 9 partes e Solução de cloreto de zinco 4 % 1 parte. Agitar vigorosamente antes de usar. O cimento endurece após 6 a 8 horas

MOLNAR & SKINNER (1942) estudaram algumas variáveis que afetam o tempo de endurecimento dos cimentos à base de óxido de zinco-resina-eugenol: composição do pó, composição do líqüido e o uso de vários aceleradores. Ficou demonstrado que faz-se necessário o uso de um acelerador no material, uma vez que os vários líqüidos utilizados não conseguiram proporcionar um tempo de endurecimento suficientemente curto. Vários sais metálicos mostraram-se aceleradores eficientes, tais como acetatos, cloretos e nitratos. Sugeriu-se que os sais de baixa solubilidade reduziriam a solubilidade do cimento endurecido. As resinas, naturais ou sintéticas, não podem ser substituídas por resina hidrogenada natural. Observou-se que a resina é necessária para que ocorra um tempo de endurecimento curto.

PUCCI (1945) marcou a sua época, publicando um livro considerado até hoje como um marco histórico da Odontologia latino-americana. Nele encontramos as informações que se seguem: o óxido de zinco é um pó branco ou branco-amarelado, amorfo, finíssimo e inodoro, é obtido pela combustão do zinco metálico na presença de ar, ou por calcinação do hidróxido de zinco, carbonato de zinco e nitrato de zinco. É insolúvel em água e em álcool. O óxido de zinco para uso odontológico deve ser quimicamente puro, livre de impurezas como o arsênico. Sobre o eugenol, o autor escreve ser ele um fenol aromático, que se obtém do óleo de cravo. Trata-se de um líqüido incolor ou ligeiramente amarelado, que é pouco solúvel em água e solúvel em álcool, clorofórmio e éter. Possui baixa tensão superficial. Apresenta afinidade pelas gorduras.

BARTELS (1947) realizou uma importante pesquisa investigando a ação do eugenol, do óxido de zinco e do cimento de óxido de zinco e eugenol sobre os microrganismos Staphylococcus citreus, Staphylococcus aureus, Staphylococcus albus, Monilia albicans, B. subtilis, B. proteus, B. pyocianeus e E. coli. Ele constatou que o eugenol têm efeito inibitório contra o crescimento desses microrganismos, com exceção do B. pyocianeus. O cimento de óxido de zinco-eugenol apresentou ação semelhante. Porém, o óxido de zinco em pó não apresentou ação de inibição contra o crescimento dos microrganismos.

BADAN (1949), endodontista brasileiro, dedicou-se à investigação de cimentos obturadores de canais radiculares e preconizou um cimento denominado comercialmente de Alfa Canal, cuja fórmula se segue: Pó : Óxido de Zinco tolubalsamizado 80 g, Óxido de Zinco (Farmacopéia brasileira) 90 g, Líqüido: Timol l5 g, Hidrato de Cloral l5 g, Bálsamo de Tolu 2 g, Acetona 10 g.

SKINNER & ZIEHM (1950) estudaram algumas propriedades físicas das pastas de moldagem à base de óxido de zinco e eugenol. Embora esse material não seja especificamente aquele ao qual dedicamos os nossos estudos e trabalhos, os autores teceram considerações que, guardadas as devidas proporções, podem ser transportadas para o estudo que iremos realizar. Inicialmente, eles escreveram que a combinação do óxido de zinco, eugenol, resina e um acelerador é aparentemente essencial aos compostos desse tipo, que devem endurecer após decorrido um intervalo de tempo razoável e estar de acordo com as condições clínicas desejadas de manipulação. Os pesquisadores concluíram que, geralmente, o tempo de manipulação tornou-se menor com um aumento na temperatura e quantidade de umidade, e que o tempo de endurecimento das pastas foi menor, salvo exceções, quando no interior da cavidade oral à temperatura ambiente.

McELROY (1955) estudou as propriedades físicas dos materiais obturadores do canal radicular listados a seguir: guta-percha, composto obturador de WACH, Kerr sealer, cloropercha, clorofórmio-resina de CALLAHAN, Silv-o-dent, Neo-balsam, Perma-fix, cimento de RICKERT, Sterident e Cargenon. O autor pesquisou as alterações volumétricas e porosidades desses materiais, e observou-se que a guta-percha bem condensada, e quando combinada com os produtos de WACH, Neo-balsam e de RICKERT, apresentou alteração volumétrica mínima. Os materiais que empregaram a guta-percha modificada pelo clorofórmio, denominada cloropercha, e a sua associação com clorofórmio e resina apresentaram a maior alteração em volume. O composto de WACH foi o menos poroso e a cloropercha a mais porosa dos materiais testados.

NORMAN et al. (1958) estudaram a solubilidade de uma série de cimentos odontológicos, dentre eles o óxido de zinco e eugenol. Verificou-se que a adição de acetato de zinco na proporção de 1 por cento não teve efeito apreciável na solubilidade desse material, quando comparado com o cimento de óxido de zinco e eugenol puro.

BRAUER et al. (1958) afirmaram que as misturas à base de óxido de zinco e eugenol formam uma massa dura, consistente, que tem sido útil em um certo número de aplicações dentais. A massa endurecida consiste de óxido de zinco envolvido por uma matriz de um quelato eugenolato de zinco, que possui a seguinte fórmula : (C10H11O2)2Zn.

GROSSMAN (1958) preconizou o uso de um cimento que não mancha as estruturas dentais e que preenche, em grande parte, as propriedades esperadas de um cimento obturador do canal radicular. A fórmula do cimento é a seguinte: Pó: Óxido de Zinco 40 partes, Resina Stabylite 30 partes, Subcarbonato de Bismuto 15 partes, Sulfato de Bário , 15 partes, Líqüido: Eugenol 5 partes, Óleo de Amêndoas Doces 1 parte.

Segundo GROSSMAN esse cimento possui suavidade, plasticidade, adesividade e radiopacidade. A resina Stabylite confere adesividade ao cimento. O subcarbonato de bismuto dá suavidade à mistura. O sulfato de bário proporciona maior radiopacidade ao material. O óleo de amêndoas doces retarda o endurecimento. O eugenol deve ser novo e transparente, pois a alteração de sua cor evidencia oxidação e tende a acelerar o endurecimento do cimento. Quando misturado corretamente, o cimento é branco, de aspecto cremoso, suave e sem grânulos grandes.

ZERLOTTI FILHO (1959) realizou um estudo visando obter melhores informações sobre as propriedades dos cimentos e pastas empregadas na obturação dos canais radiculares. Foram realizados testes em laboratório, envolvendo os seguintes produtos comerciais: Alfacanal®, Banifoco-Eugenol-Werni®, Banifoco-Eugenol White®, Iodo-Argentol®, Óxido de Zinco-Eugenol-White®, Óxido de Zinco Titan-Eugenol Werni, Oxpara®, Piocidina®, Piocedere®, ProcoSol®, Postolene® e Septocanal®. Os resultados evidenciaram que o óxido de zinco, nas suas respectivas associações, apresentaram pH entre 4.8 e 5. Esses materiais apresentaram tempo de trabalho, determinado subjetivamente sem rigor metodológico, maior do que 2 horas. O tempo de endurecimento foi de 42-43 horas para o Óxido de Zinco-Eugenol-White e de 29-32 horas para o Óxido de Zinco Titan-Eugenol Werni.

PHILLIPS & LOVE (1961) estudaram o efeito que a adição de certas substâncias provocam nas propriedades físicas das misturas à base de óxido de zinco e eugenol. Avaliaram a resistência à compressão, a solubilidade, a espessura do filme e o tempo de endurecimento. A adição do ácido o-etoxibenzóico (EBA) em partes iguais com o eugenol produziu significantes aumentos na resistência à compressão do material estudado. Esse ácido aumentou simultaneamente a solubilidade e diminuiu o tempo de endurecimento. As adições de acetato de zinco e de sílica aumentaram ligeiramente a solubilidade. O acetato de zinco acelerou o endurecimento de todos os materiais. Concluindo, os autores estabeleceram que o efeito exato dos agentes adicionados às misturas de óxido de zinco e eugenol depende da combinação particular empregada e da propriedade que está sendo avaliada.

GROSSMAN (1962) fez algumas observações sobre a obturação do canal radicular e modificou a fórmula que propôs em 1958, acrescentando o tetraborato de sódio anidro com a finalidade de retardar o tempo de endurecimento. A fórmula ficou do seguinte modo: Pó: Óxido de Zinco PA 200 g, Resina Stabylite 125 g, Subnitrato de Bismuto 75 g, Sulfato de Bário 75 g, Tetraborato de Sódio Anidro 25 g, Líqüido: Eugenol 5 partes, Óleo de Amêndoas Doces 1 parte.

Nas instruções para a correta manipulação do produto, GROSSMAN recomendou que o pó deve ser incorporado ao líqüido muito lentamente, demorando em torno de 3 minutos na mistura de cada gota. Quando a espatulação for realizada de forma correta, a consistência do cimento deve ser tal que, ao levantar a espátula, o cimento a ela aderido demore de 10 a 15 segundos para cair; ainda mais, quando a superfície plana da espátula for colocada sobre a mistura e levantada lentamente da placa de vidro, deverá formar um fio de cimento de pelo menos uma polegada, que une a espátula à massa de cimento que está sobre a placa.

BRAUER et al. (1962) constataram que a incorporação de resina, resina hidrogenada, quartzo fundido e/ou óxidos metálicos tais como óxido de mercúrio ou óxido de chumbo, com o pó do óxido de zinco na mistura óxido de zinco-ácido o-etoxibenzóico (EBA) - eugenol reduziu em grandes proporções a solubilidade e desintegração na água dos cimentos. Os cimentos que possuíam uma relação pó-líqüido mais alta proporcionaram menores tempos de endurecimento e resistências à compressão melhoradas. As composições mais favoráveis utilizaram uma relação pó-líqüido de 2.80-3.70 g de pó por 0.40 ml de líqüido e endureceram em poucos minutos, resultando em cimentos com solubilidade e desintegração desprezíveis e resistência à fragmentação variando de 8000 a 11700 psi. Para chegar a esses dados, os autores utilizaram os procedimentos recomendados pela Especificação Número 9 da American Dental Association.

NORMAN et al. (1964) investigaram o efeito do tamanho das partículas do pó sobre o tempo de endurecimento, resistência à compressão, solubilidade e resistência à abrasão do cimento de óxido de zinco e eugenol. Incluiu-se no trabalho também a pesquisa sobre os efeitos da proporção pó/líqüido e de alguns aditivos sobre os cimentos. O tamanho das partículas do pó de óxido de zinco teve efeito considerável sobre o tempo de endurecimento e pouca influência sobre a resistência à compressão, solubilidade e resistência à abrasão do óxido de zinco e eugenol. Partículas menores endurecem mais rapidamente do que as maiores. O tamanho das partículas e a relação pó-líqüido não afetaram a resistência à compressão do material. As partículas maiores proporcionaram cimentos com maior desintegração, o mesmo ocorrendo em relação à solubilidade dos cimentos com aditivos.

LEAL (1966) estudou a influência que a variação da proporção pó-líqüido e o tempo de armazenagem podiam ter sobre a infiltração de uma solução corante em alguns materiais usados na obturação de canais radiculares. Os materiais testados foram: Alfa Canal®, Cimento de Óxido de Zinco e Eugenol, Oxpara® e Piocidina®. O efeito que as mesmas variáveis poderiam ter sobre o comportamento dimensional desses materiais também foi estudado. Os cimentos mostraram-se permeáveis, em graus variados, à solução corante utilizada. A profundidade de penetração da solução corante foi influenciada, de modo significativo pela proporção pó-líqüido. Essa profundidade aumentou à medida que o tempo passava, embora tivesse sido mais acentuada nas primeiras horas. Os materiais Alfa Canal® e Oxpara® apresentaram contração durante a realização dos experimentos. O Óxido de Zinco e Eugenol e a Piocidina® mostraram-se razoavelmente inalterados quanto à estabilidade dimensional.

HIGGINBOTHAM (1967) investigou as propriedades físicas: tempo de endurecimento, espessura do filme, solubilidade, radiopacidade e capacidade seladora de um grupo de materiais obturadores do canal radicular disponíveis no comércio. Utilizou-se para a realização dos trabalhos os seguintes materiais: Antiseptic pulp canal sealer® (Kerr), Tubliseal® (Kerr), Diaket® (Premier), ProcoSol® (ProcoSol) e Kloroperka N-0® (Union Broach). O tempo de endurecimento e a espessura do filme foram determinados de acordo com a Especificação Número 8 da American Dental Association. Houve diferenças no tempo de endurecimento dos materiais, porém todos apresentaram um tempo de trabalho suficiente. A espessura do filme variou de 0.083 mm (Tubliseal) a 0.433 mm (Diaket). A solubilidade dos materiais em água variou de 0.11 % a 0.72 %. Para se determinar a capacidade seladora dos materiais, utilizou-se o método de detecção da infiltração do Ca45 por meio de autorradiografias. Os resultados sugeriram a importância do uso de uma técnica cuidadosa de condensação dos cones de guta-percha no ato da obturação do canal para se obter um selamento eficiente.

BRAUER (1967) relatou que o corpo endurecido resultante de misturas equimolares de óxido de zinco e eugenol consistem de óxido de zinco envolvido em uma matriz de cristais longos, à semelhança de uma cobertura, do quelato eugenolato de zinco, com qualquer excesso de eugenol sendo sorvido por ambos, ou seja, tanto pelo eugenolato como pelo óxido de zinco. O eugenol, segundo o autor, reage não apenas com o óxido de zinco, mas também com óxidos de outros elementos do Grupo II da tabela periódica (MgO, CaO, BaO, CdO, HgO) e com o chumbo (PbO) para formar materiais cimentantes. A formação dos cimentos é acelerada pela substituição do MgO ou CaO pelo ZnO, entretanto, os produtos resultantes são bastante solúveis em água. Cimentos de propriedades físicas melhoradas são obtidos com CdO, HgO, BaO ou PbO, mas o efeito desses óxidos, biologicamente indesejáveis, sobre os tecidos não foi determinado. Quando os cimentos de óxido de zinco e eugenol são manipulados, a incorporação da quantidade máxima de pó no líqüido, dentro de uma consistência passível de utilização, é uma boa prática. Assim, o pó estará em grande excesso no cimento endurecido.

BRAUER et al. (1968) realizaram um estudo para determinar se o reforço de alumina melhoraria as propriedades dos cimentos dentais que contêm o ácido o-etoxibenzóico (EBA). A adição dos derivados de resina aumentou a solubilidade e diminuiu a resistência à compressão dos produtos resultantes. A adição de resina hidrogenada até 8 % melhorou as características da mistura, reduzindo os valores da solubilidade e desintegração e aumentando o tempo de endurecimento de 5 para 10 minutos. A resistência à compressão diminuiu quando o conteúdo de resina hidrogenada foi maior do que 2 %.

BATCHELOR & WILSON (1969) estudaram os efeitos da temperatura e da umidade presentes durante a preparação do cimento de óxido de zinco e eugenol sobre a sua consistência e o seu tempo de endurecimento. Seis marcas comerciais foram estudadas. A consistência dos materiais foi determinada seguindo-se uma Especificação da FDI para cimentos de silicato. A influência da temperatura e da umidade do ambiente sobre a consistência foi estudada, utilizando-se duas relações pó/líqüido diferentes. Segundo os autores, os cimentos de óxido de zinco e eugenol são um grupo diversificado de materiais, possivelmente devido aos métodos utilizados na preparação do pó de óxido de zinco e na variação de outros aditivos empregados.

A consistência e o tempo de endurecimento são inter-relacionado. Ambos são medidas do desenvolvimento de resistência e são mutuamente afetados por fatores que afetam a velocidade da reação de endurecimento. O óxido de zinco hidratado é essencial para a produção de um cimento de óxido de zinco e eugenol. A hidratação ocorre facilmente com a presença da umidade do ar. Deduziu-se então que a hidratação do óxido de zinco constitui uma parte integral do processo de endurecimento. O papel e a influência da água no curso da reação deve ser atribuído à natureza iônica da reação de quelação entre os ions eugenolato e zinco em alguma forma para produzir eugenolato de zinco. A água é necessária para a geração da reação iônica e também para agir como um solvente dessa reação. Os ions eugenolato são gerados a partir do eugenol em contato com a umidade porque o eugenol possui um grupo fenólico. A água também é necessária para a hidratação do pó de óxido de zinco e a subseqüente hidrólise do hidrato ativo para uma forma iônica. Uma vez que o óxido de zinco é de caráter mais básico do que ácido, a sua cadeia adquire uma carga positiva devido à ionização dos grupos superficiais hidroxilas. A adição de ácidos ao eugenol tem o mesmo efeito, uma vez que a taxa de hidrólise depende da concentração do íon hidrogênio. Concluindo o seu estudo, os autores afirmaram que, em qualquer trabalho com os cimentos de óxido de zinco e eugenol, as condições atmosféricas do laboratório no momento da manipulação do material devem ser rigidamente controladas, se desejarmos obter resultados com significado, comparativos e quantitativos. As permissões de variação da temperatura e da umidade relativa do ar devem estar entre mais ou menos 1 grau centígrado e 2 %, respectivamente, diferindo dos outros cimentos odontológicos. Isso se deve ao efeito combinado da temperatura e da umidade.

SIMÕES FILHO (1969) estudou os níveis de solubilidade e desintegração em água destilada dos seguintes materiais utilizados na obturação do canal radicular: Pasta Alpha Canal®, Piocidina® , Cimento de Óxido de Zinco e Eugenol e Fillcanal®. Avaliou também a influência da relação pó-líqüido, tempo de espatulação e solubilidade e desintegração. Os estudos revelaram que os materiais apresentaram níveis variáveis de solubilidade e desintegração, tendo a proporção pó-líqüido influído de modo significante. O aumento dessa proporção provocou uma queda na solubilidade e desintegração dos materiais estudados. Ela foi mais acentuada nas primeiras 24 horas para a Pyocidina® e nos primeiros sete dias para os demais materiais.

WEISSMAN (1970) comparou o escoamento de dez cimentos obturadores do canal radicular. Nesse estudo o autor utilizou uma pipeta de vidro ultra-fina, de 0.19 mm de diâmetro, para simular um canal radicular. Os materiais testados foram: AH 26®, Diaket®, Grossman's sealer n. 811® (Roth), Grossman's sealer n. 812® (Roth), Kerr's pulp canal sealer - Rickert's Formula, Kerr's Tubliseal®, Kloroperka N-0®, ProcoSol root canal sealer, Pulpdent root canal sealer - Greenberg Formula e "ZOC" Root Canal Mixture. As taxas de escoamento variaram de 0.36 mm a 2.2 mm por segundo. Os resultados obtidos com esses cimentos tipo GROSSMAN, que se diferenciam quanto ao tamanho das partículas, permitiram ao autor concluir que o tamanho das partículas desempenha um papel importante na capacidade do cimento escoar. Parece haver uma relação entre a espessura do filme e a taxa de escoamento. As taxas de escoamento, expressas em milímetros por segundo, estabeleceram uma ordenação de materiais, em valor ascendente: ProcoSol®, Diaket®, AH 26®, Roth's 812®, Kerr's sealer®, Kloroperka N-0® Roth's 811®, Kerr's Tubliseal®, "ZOC" e Pulpdent®.

WILSON & BATCHELOR (1970) relataram que a desintegração dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol no meio aquoso é conseqüência da perda contínua do eugenol da matriz do cimento. Isso ocorre por lixiviação. O quelato eugenolato de zinco possui baixa estabilidade e o equilíbrio entre ele, o eugenol, e o óxido de zinco contidos no cimento é alterado quando o eugenol é removido por lixiviação aquosa. Conseqüentemente, a matriz hidrolisa progressivamente o eugenol e o óxido de zinco. O cimento então perde a força mecânica e se desintegra. Os autores avaliaram o teste de determinação da solubilidade e desintegração para esse cimento dental e concluíram que ele dá uma visão incompleta da durabilidade do cimento, porque o eugenol volátil é perdido e, por conseguinte, não é mensurado.

HOLLAND et al. (1971) estudaram a reação do tecido conjuntivo subcutâneo de rato à presença de implantes de tubos de polietileno, preenchidos parcial ou totalmente com os materiais Alfa Canal®, Trim-Canal®, Fillcanal, ® Composto de Wach, Óxido de Zinco e Eugenol, N2® e Piocidina®. Os resultados obtidos quando os tubos foram preenchidos totalmente com os materiais testados evidenciaram a presença de processo inflamatório, sendo o mais intenso aquele apresentado pelo óxido de zinco e eugenol. Quando preencheu-se parcialmente os tubos, os processos inflamatórios resultantes foram mais suaves em todos os casos estudados. Concluiu-se que a obturação do canal radicular deve ficar aquém do forame apical.

WEINER & SCHILDER (1971) investigaram as alterações dimensionais após o endurecimento de nove cimentos: Kerr antiseptic pulp canal sealer®, Kerr Tubliseal®, Roth N. 501®, Roth N. 511®, Roth N. 601®, ProcoSol nonstaining root canal cement, ProcoSol radiopaque silver root canal cement, Roth N. 801® e o AH 26®. Os autores salientaram que as condições dos estudos não tinham o objetivo de simular as condições clínicas. Nenhum dos resultados poderia ser interpretado como um comentário direto do desempenho clínico de qualquer cimento testado. Os tempos de endurecimento dos materiais apresentaram grandes variações, sob condições idênticas de temperatura e umidade relativa do ar. As alterações das condições ambientais, ou seja, da temperatura e da umidade relativa do ar, provocaram alterações marcantes nos tempos de endurecimento dos cimentos. Os aumentos da temperatura provocaram diminuição do tempo aferido. Todos os cimentos apresentaram contração, observada qualitativamente e quantificada pela perda de volume. Concluindo, os pesquisadores enfatizaram a necessidade da padronização dos métodos para estudar-se os cimentos obturadores do canal, com a adoção de especificações pela American Dental Association.

Continuando suas pesquisas, GROSSMAN (1974) apresentou modificação em seu cimento obturador de canal radicular, onde passou a utilizar eugenol puro. A nova fórmula ficou assim: Pó: Óxido de Zinco 42 partes, Resina Stabylite 27 partes, Subcarbonato de Bismuto 15 partes, Sulfato de Bário 15 partes, Tetraborato de Sódio Anidro 1 parte, Líqüido: Eugenol

Esse cimento, comentou o autor, apresenta a maioria das propriedades desejáveis que um material obturador deve possuir, mas não todas. Essa composição proporciona ao profissional um tempo de trabalho satisfatório. A qualidade da resina utilizada influencia o tempo de endurecimento do cimento. A propriedade endurecedora do cimento variará com os componentes utilizados, com a quantidade de umidade presente no pó de óxido de zinco, e até com a quantidade de umidade da atmosfera no momento da preparação do pó ou quando o cimento é manipulado. Quanto maior for a umidade, mais rapidamente o cimento endurece. O cimento deve ser manipulado sobre uma placa de vidro lisa, espatulando-o durante três minutos para cada gota de eugenol utilizada, até que se obtenha uma consistência espessa uniforme.

O material, após manipulado e ajuntado na espátula, não deve cair durante 10 a 15 segundos. Quando se coloca a espátula sobre a massa amolecida que se encontra sobre a placa e a levanta, o cimento deve proporcionar a formação de um "fio" de material que une a espátula à massa, de uma polegada, que se rompe e cai sobre si mesmo.

McCOMB & SMITH (1976) avaliaram "in vitro" algumas propriedades físicas de nove cimentos obturadores do canal radicular e as compararam com as propriedades de dois cimentos endodônticos especialmente preparados, ambos com fórmulas à base de policarboxilato. As propriedades examinadas foram: escoamento, tempo de endurecimento, radiopacidade, adesão à dentina radicular, resistência à compressão e solubilidade. Os autores utilizaram a Especificação Número 8 da American Dental Association para avaliar o escoamento, tempo de endurecimento, resistência à compressão e solubilidade. Os cimentos obturadores do canal radicular à base de óxido de zinco e eugenol apresentaram baixa resistência e alta solubilidade, não apresentando ainda adesão à dentina, fato este que ocorreu também com o cimento à base de resina polivinílica Diaket®. O cimento à base de resina epóxi AH 26® apresentou propriedades superiores em relação à resistência, escoamento, radiopacidade e adesão, embora tenha demonstrado uma alta solubilidade. Os cimentos à base de policarboxilato apresentaram uma adesão à dentina duas vezes maior do que aquela apresentada pelo AH 26®. Uma grande variação nas propriedades dos materiais comerciais testados demonstrou a natureza empírica desses materiais obturadores.

COHEN & BURNS (1976) contra-indicaram o uso de cimentos obturadores de canais radiculares que apresentam ions de metais pesados nas suas composições, bem como corticosteróides e paraformaldeído. Sobre os corticosteróides, eles afirmaram ser esse tipo de agente farmacológico utilizado desnecessariamente para suprimir sintomas clínicos do pós-operatório. O paraformaldeído tem ação necrótica sobre os tecidos.

MOHAMMAD et al. (1978) estudaram a citotoxidade de alguns materiais obturadores do canal radicular, a saber: AH 26®, RC-2B®, GROSSMAN, ProcoSol®, Tubliseal®, Diaket®, Wach®, N2®, Luk® e Óxido de Zinco e Eugenol. Os cimentos RC-2B® e N2® apresentaram-se como sendo os mais tóxicos e o cimento de GROSSMAN exibiu uma forte resposta citotóxica no início, após noventa e seis horas a reação diminuiu para um grau moderado. O ProcoSol® e o AH 26® comportaram-se de modo semelhante. Os cimentos de Óxido de Zinco e Eugenol, Diaket® e Luk® apresentaram uma reação inicial moderada, tornando-se menos tóxicos após noventa e seis horas. Os autores verificaram que as reações citotóxicas foram devidas mais às ações dos pós dos cimentos do que aos líqüidos.

BENATTI et al. (1978) propuseram-se a estabelecer um critério para a obtenção da "consistência clínica ideal" de alguns materiais obturadores do canal radicular, a estabelecer um tempo de endurecimento e a verificar as alterações dimensionais desses materiais na "consistência clínica ideal" e em outras consistências. Os testes foram realizados a partir de adaptações da Especificação Número 8 do Grupo Brasileiro de Materiais Dentários para Materiais de Moldagem que utilizam como base o óxido de zinco e o eugenol. Os materiais estudados foram: Fillcanal®, Endomethasone®, Trimcanal®, Alpha Canal® e Óxido de Zinco e Eugenol. Os autores concluíram ser a consistência clínica ideal alcançada após a completa homogeneização da mistura, devendo haver uma ligeira resistência durante a sua realização. Essa consistência referida é também alcançada quando a mistura, uma vez ajuntada pela espátula e mantida por ela longe da placa de vidro, ali permanece por 10 segundos sem cair. Ao colocar-se a espátula sobre a mistura, a consistência clínica ideal permite à mistura fazer com que haja uma aderência entre a placa e a espátula que, uma vez afastada esta última, permite que seja formado um fio de material de aproximadamente 2 cm antes de ele se romper. O tempo de endurecimento deu amplo tempo de trabalho para todos os materiais testados, exceção feita ao Alpha Canal®. A alteração dimensional (contração) não foi significante quando usou-se a consistência clínica ideal. Apenas o Alpha Canal® apresentou uma contração maior, quando comparado aos demais. Finalizando suas conclusões, os pesquisadores escreveram que quanto mais fluida for a mistura, maior a contração do cimento.

FRAGOLA et al. (1979) investigaram o efeito do tamanho das partículas do pó sobre o tempo de endurecimento, escoamento, densidade radiográfica e aspecto microscópico do cimento de GROSSMAN. Os resultados mostraram que quanto menor o tamanho das partículas do pó, mais rápido ocorre o endurecimento. As partículas menores foram compactadas mais próximas umas das outras e apresentaram um alto grau de densidade. A reação de endurecimento do óxido de zinco e eugenol é essencialmente uma reação iônica ácido-base, com o eugenol servindo como doador de próton e o óxido de zinco-eugenol como o seu receptor. O hidrogênio fenólico no eugenol dimérico é substituído pelos ions de zinco para formar um quelato óxido de zinco-eugenol. A água é necessária para manter o eugenol hidratado e também para formar Zn(OH)2 , o qual é a fonte de ions de zinco. A velocidade da reação é afetada pelo conteúdo de vapor e umidade do ambiente. A capacidade do óxido de zinco de se hidratar está relacionada com o tamanho da partícula. À medida que o seu tamanho aumenta, a superfície do mesmo volume diminui. Em outras palavras, quanto maior o tamanho das partículas, menor é a superfície, que resulta em uma diminuição da reatividade e solubilidade da mistura. Partículas maiores dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol endurecem mais vagarosamente, são menos reativas e proporcionam uma matriz menos homogênea do que as partículas menores.

ØRSTAVIK (1981) publicou um trabalho que faz parte de uma série de estudos realizados pelo Instituto NIOM sobre as propriedades físicas, biológicas e clínicas dos materiais obturadores dos canais radiculares. As propriedades antibacterianas de 28 cimentos e pastas foram estudadas. Todos eles apresentaram alguma atividade antibacteriana, que foi altamente variável entre os diferentes materiais, os quais estão listados a seguir: AH 26®, Biocalex®, Cohen-Luks®, Cresopate®, Diaket®, Diaket-A®, Endomethasone®, Eucaryl®, Forfenan®, Formocresol®, Hermetic®, Hydron®, Kerr pulp canal sealer®, Kloroperka N-0®, Kloroperkka®, Kri 1 paste®, Mynol C-T®, N2 Normal®, N2 Universal®, ProcoSol®, Pulp dent root canal sealer®, Tubliseal®, UP®, Óxido de Zinco e Eugenol e outras quatro modificações desse cimento. A atividade antibacteriana foi maior quando os materiais encontravam-se no estado de mistura recente, do que quando a mistura era estocada e, por conseguinte, endurecia. Os compostos contendo formaldeído e paraformaldeído apresentaram o maior efeito testado.

OGATA et al. (1982) investigaram a ação antimicrobiana de alguns cimentos de uso endodôntico, sobre diferentes espécies microbianas. As maiores inibições ao crescimento microbiano foram, em ordem decrescente, produzidas pelo Alfa Canal®, Vedacanal®, Fillcanal®, Óxido de Zinco e Eugenol e N-Rickert®.

FRAUNHOFER & BRANSTETTER (1982) estudaram as propriedades físicas de quatro cimentos obturadores do canal radicular, quais sejam: ProcoSol®, Diaket®, Tubliseal® e Nogenol®. As propriedades avaliadas foram resistência à compressão, absorção de água e solubilidade, alteração dimensional, pH e condutividade elétrica. As resistências à compressão do ProcoSol®, Diaket® e Tubliseal® pareceram satisfatórias. A alteração dimensional encontrada com o ProcoSol® e o Tubliseal® sugere que a capacidade seladora desses materiais aumenta com o passar do tempo. O Diaket® foi o cimento obturador mais estável, permanecendo virtualmente inalterado durante o período dos testes. A ausência de alteração dimensional indica que a eficiência seladora é dependente principalmente de uma boa técnica de obturação. O Nogenol diferiu significantemente dos outros materiais, apresentando uma consistência borrachóide por um longo período.

GROSSMAN (1982) determinou o tempo de endurecimento do cimento que introduziu em 1974, porém com modificações no líqüido. Ele substituiu o eugenol por outros óleos essenciais de anethole, erva-doce, eucaliptol e óleo de pimenta em folhas. Este último foi o único a possibilitar a formação de um cimento que apresentou resultados que o compararam favoravelmente ao cimento manipulado com o eugenol, podendo assim ser considerado o seu substituto.

GROSSMAN (1982) ressaltou a importância do conteúdo resinoso dos cimentos, a qual pode influenciar o tempo de endurecimento desses materiais e afetar os tecidos periapicais. Assim, o autor realizou um estudo para determinar o pH de seis resinas, naturais e sintéticas, e também para determinar o efeito dessas substâncias sobre o tempo de endurecimento dos cimentos obturadores. As resinas estudadas foram: Amend®, Hakusui®, Penresina®, Primavera®, Stabylite® e WW. A adição de resina ao pó de óxido de zinco deu a ele corpo e consistência, e permitiu ao material endurecer após decorrido um tempo razoável. O cimento de óxido de zinco e eugenol sem resina não endureceu em 24 horas e, após o endurecimento, era friável. Geralmente, quanto menor o pH da resina, menor o tempo de endurecimento observado. Segundo o autor, era de conhecimento que os ácidos aceleram o tempo de endurecimento do cimento de óxido de zinco e eugenol. O ácido benzóico e o acetato de zinco têm sido recomendados como aceleradores do tempo de endurecimento. Entretanto, o fato de que a adição de uma resina ao cimento à base de óxido de zinco e eugenol afeta o tempo de endurecimento, acelerando-o ou retardando-o, não tinha sido relatado na literatura até então.

HOLLAND et al. (1983) estudaram os efeitos de materiais obturadores de canais radiculares quando a região apical de dentes de macacos foi obturada com raspas de dentina. Os materiais avaliados foram o Tubliseal®, pasta anti-séptica de Maisto, Pulp Canal sealer®, cimento de GROSSMAN, AH 26®, Endomethasone®, Diaket® e Óxido de Zinco e Eugenol. Os resultados obtidos sugerem que a técnica de obturação apical com raspas de dentina parece boa, desde que essas raspas estejam isentas de debris e microrganismos.

ØRSTAVIK (1983) realizou um importante trabalho onde analisou o escoamento, tempo de trabalho e resistência à compressão de vários materiais endodônticos. Os materiais estudados foram: AH 26®, Diaket®, Endomethasone®, Estésone®, Eucaryl Poudre®, Forfénan®, Formocresol®, Formule G. Ivanhoff®, Kerr's pulp canal sealer®, Kloroperka N-0®, Kri 1 paste®, Merpasone®, Mynol C-T®, N2 Normal®, N2 Universal®, ProcoSol®, Propylor®, Pulp-dent root canal sealer®, Roth 811®, Traitement SPAD®, Tubliseal® e Zinc oxide-eugenol. Dentre as conclusões do autor, destaca-se que a propriedade de escoamento dos cimentos obturadores do canal radicular variou grandemente, sendo, para várias marcas, altamente dependente da proporção pó-líqüido do material manipulado. Os resultados apontaram a necessidade dos fabricantes fornecerem uma proporção pó-líqüido ótima para o uso clínico dos materiais estudados.

O mesmo autor, ØRSTAVIK (1983), estudou a perda de peso de dez materiais endodônticos, empregando a metodologia proposta pelo documento ISO. Essa metodologia, com modificações apenas no tempo em que o corpo de prova permanecia imerso na água, estendendo-o para uma semana, seria adotada pela Especificação Número 57 da American Dental Association no mesmo ano.

Em 1984, efetivou-se uma série de normas e testes para a avaliação dos materiais obturadores endodônticos, divulgada no ano anterior pela American Dental Association. Tal fato revestiu-se de muita importância, passando então a existir procedimentos padronizados, com finalidade específica para a avaliação das propriedades físicas dos materiais em pauta.

HENSTERN-PETTERSEN & ØRSTAVIK (1985) verificaram o potencial sensibilizante de quatro cimentos obturadores do canal radicular : AH 26®, ProcoSol®, Endomethasone® e Kloroperka N-0®. Todos os materiais testados induziram sensibilidade ao organismo. As respostas de reações de hipersensibilidade após o tratamento endodôntico são raras. Os autores chamaram a atenção para a possibilidade de ocorrência de reações alérgicas em certos pacientes, ocorrendo então complicações no pós-operatório.

ZYTKIEVITZ et al. (1985) estudaram o escoamento e o tempo de endurecimento inicial e final de seis materiais obturadores do canal radicular: N-Rickert®, Trim-Canal®, Alpha Canal®, Endomethasone®, Óxido de Zinco e Eugenol e AH 26®. O N-Rickert® apresentou o maior escoamento, seguido pelo Trim-Canal® e AH 26®. O Endomethasone® e o Alpha Canal® apresentaram resultados equivalentes entre si. O Óxido de Zinco e Eugenol apresentou o menor escoamento e o maior tempo de endurecimento, seguido, nesse particular, pelo AH 26®. O menor tempo de endurecimento foi apresentado pelo Trim-Canal®.

HYDE (1986) estudou o escoamento, tempo de trabalho, tempo de endurecimento, pH, solubilidade, adesão e radiopacidade de alguns cimentos obturadores do canal radicular: Sealapex®, CRCS®, Tubliseal® e Roth 801®. Os testes foram realizados segundo a Especificação 57 da ADA. Verificou-se que os cimentos que continham hidróxido de cálcio nas suas fórmulas (Sealapex e CRCS) provocaram um aumento significante do pH da água que os continha, ocorrendo o oposto com os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol. O Sealapex apresentou maior solubilidade e desintegração do que o Roth 801®, que é um cimento cuja fórmula segue GROSSMAN.

DE DEUS (1986) ressaltou que as fórmulas à base de óxido de zinco e eugenol para a obturação do canal radicular possuem uma variação no tempo de endurecimento, dependendo do método de manipulação, da temperatura, da umidade e da proporção pó/líqüido. Esses compostos obedecem, proporcionalmente, aos mesmos princípios de manipulação da pasta de óxido de zinco e eugenol.

MARGELOR et al. (1989) avaliaram quatro cimentos do tipo GROSSMAN produzidos na Grécia. Por meio de raios-X de difração atômica e espectrometria de absorção, eles detectaram a presença de chumbo em altas doses nos materiais estudados, 80 a 150 ppm. O produto controle apresentou apenas 2 ppm de chumbo. Os autores sugerem a necessidade de se fazer um controle de qualidade rigoroso nos materiais obturadores dos canais radiculares, com o intuito de evitar a presença de metais pesados nas suas composições.

SAQUY (1989) realizou uma importante pesquisa para determinar algumas características dos tratamentos endodônticos realizados por cirurgiões-dentistas de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo - Brasil, e constatou a ampla utilização do cimento de GROSSMAN pelos profissionais consultados.

WENNBERG & ØRSTAVIK (1990) estudaram a adesividade de oito cimentos obturadores do canal, quando o material é aplicado como uma fina camada entre a superfície da dentina e a da guta-percha. Os materiais avaliados foram: AH 26®, CRCS®, Diaket®, Hartskloroform® (5 por cento), Kloroperka N-0® , ProcoSol®, Sealapex® e Tubliseal®. Todos os cimentos testados apresentaram adesividade mensurável à dentina e à guta-percha. A melhor adesão foi a do AH 26® e a pior a do Sealapex®. O tratamento prévio da dentina com EDTA causou um significante aumento na adesividade do ProcoSol®, clorofórmio-resina, Sealapex® e Tubliseal®.

SAVIOLI (1992) estudou as relações existentes entre cada um dos componentes químicos do pó do cimento do tipo GROSSMAN e as propriedades físicas: escoamento, tempo de endurecimento, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração, espessura do filme e radiopacidade. A especificação seguida para os testes foi a de número 57 da American Dental Association (1983). Para isso, foram aviados sete fórmulas diferentes, iniciando-se com o óxido de zinco puro e acrescentando-se uma a uma as seguintes substâncias químicas: tetraborato de sódio anidro, resina natural, subcarbonato de bismuto, sulfato de bário e, por fim, o cimento cuja fórmula é exatamente a proposta por GROSSMAN (1974). Segundo o autor, a resina natural é um excelente acelerador do tempo de endurecimento e responsável pelo aumento do escoamento, bem como pela expansão do cimento. O tetraborato de sódio anidro é responsável pelo aumento da solubilidade e desintegração do cimento de óxido de zinco e eugenol. O subcarbonato de bismuto é muito superior ao sulfato de bário como agente radiopaco e, ainda, possibilita a obtenção de um cimento obturador de canais radiculares com menor alteração dimensional, menor solubilidade, bom escoamento, boa espessura do filme e tempo de endurecimento normal. Os cimentos que continham apenas o subcarbonato de bismuto ou somente o sulfato de bário como agente radiopaco, ou ainda esses dois elementos balanceados, em iguais proporções, apresentaram propriedades físicas que se enquadram nas exigências da Especificação 57 da American Dental Association (1983).

SILVA (1992), seguindo a Especificação de número 57 da American Dental Association, estudou as propriedades físicas dos cimentos obturadores do canal radicular do tipo GROSSMAN das marcas FORP-USP, Grosscanal®, Fillcanal®, Endofill® e Inodon®. Observou que todos os cimentos estudados apresentaram escoamento compatível com a especificação seguida, com valores que variaram de 27 a 42mm. Em relação ao tempo de endurecimento, os resultados variaram, indo de muito curto (Inodon®, 14 minutos) a extremamente longo (Fillcanal®, 3 horas e 35 minutos). As espessuras do filme dos cimentos testados estão de acordo com a especificação seguida, ou seja, foram menores que 50 micrometros, com exceção do Inodon, que apresentou espessura do filme de 70 micrometros. Quanto à solubilidade e desintegração, nenhum dos cimentos testados atendeu às exigências da especificação seguida, apresentando valores superiores a 3 por cento.

FIDEL (1993) estudou, seguindo também a Especificação 57 da ADA, as propriedades físicas de alguns cimentos obturadores de canais radiculares contendo hidróxido de cálcio em suas fórmulas: Sealer 26®, CRCS®, Sealapex®, Apexit® e um cimento experimental, o PR-SEALER. O cimento Fillcanal foi pesquisado com o intuito de compará-lo com outros cimentos do mesmo tipo (CRCS® e PR-Sealer®). O teste do pH foi baseado no método empregado por HYDE (1986) e o teste de adesividade foi baseado no método de GROSSMAN (1976), com ligeiras modificações. Todos os cimentos testados apresentaram escoamentos compatíveis com a especificação seguida, com valores que variaram de 28 a 47 milímetros. Em relação ao tempo de trabalho, os cimentos não puderam ser classificados por causa da omissão de informações dos fabricantes. O cimento CRCS® foi o único a apresentar tempo de endurecimento de acordo com o informado pelo fabricante. O Sealapex® e o Sealer 26® apresentaram tempos de endurecimento longos, ou seja, 45 horas e 34 minutos para o primeiro e 41 horas e 22 minutos para o segundo. Quanto à espessura do filme, apenas o Sealer 26® não preencheu as exigências da especificação seguida. Os cimentos Fillcanal® e Sealapex® apresentaram valores de solubilidade e desintegração superiores às permitidas. A maioria dos cimentos testados apresentou expansão e preencheu as normas da especificação seguida. A exceção foi o Sealapex®, que se desintegrou, impossibilitando a realização do teste. As radiopacidades de todos os cimentos testados apresentaram-se aceitáveis, superiores a 4 milímetros de alumínio. O Sealapex® e o Sealer 26® foram os que apresentaram as mais baixas radiopacidades. Todos os cimentos testados possibilitaram mensurações de suas adesividades à dentina. Os cimentos Fillcanal®, Sealapex® e Apexit® exibiram as menores adesividades. Todos os cimentos testados apresentaram-se com pH alcalino, não só imediatamente após a espatulação, como após decorrido o tempo de experimento, ou seja, sete dias após os seus endurecimentos.

SOUSA NETO (1994) pesquisou os cimentos nacionais do tipo GROSSMAN a fim de determinar a presença de óleo de amêndoas doces adicionado ao eugenol, ou se este óleo era substituído por algum óleo alternativo. Analisou-se também o efeito da adição de óleos vegetais (amêndoas doces, soja, milho e rícino) ao eugenol sobre as propriedades físico-químicas dos cimentos testados. Para a análise, usou-se a Especificação 57 da ADA. Foram analisadas a viscosidade e o pH dos líqüidos que seriam submetidos aos testes das propriedades físicas, verificando-se que a adição de óleos vegetais ao eugenol provoca aumento da viscosidade ao líqüido, e este fator interfere nos resultados dos testes de escoamento e espessura do filme do cimento. O estudo das propriedades físico-químicas dos cimentos tipo GROSSMAN obtidos a partir de um líqüido composto de eugenol (5 partes) e óleos vegetais (1 parte) evidenciou que o escoamento, o tempo de trabalho, a espessura do filme e a solubilidade e desintegração apresentam valores acima daqueles aceitos pela Especificação 57 da ADA. A utilização do eugenol puro para o preparo do cimento tipo GROSSMAN favorece a obtenção de um material com propriedades físico-químicas bem superiores àquelas dos cimentos obtidos a partir da mistura de eugenol + óleos vegetais.

SILVA et al. (1994) estudaram as propriedades físicas estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração e radiopacidade dos cimentos de GROSSMAN encontrados no mercado brasileiro (FORP-USP, GROSSMAN, Fillcanal®, Endofill® e Inodon®). Usou-se, como guia, a Especificação 57 para materiais obturadores endodônticos da American Dental Association (1983). Os resultados evidenciaram que todos os cimentos apresentaram expansão quando testados as suas estabilidades dimensionais e apresentaram solubilidade e desintegração maiores que 3%, que é o limite máximo permitido pela American Dental Association. Observou-se ainda que os cimentos estudados apresentaram radiopacidades aceitáveis pela ADA.

FIDEL et al. (1994) estudaram a adesividade de vários cimentos que contêm hidróxido de cálcio em suas composições: Sealer 26®, CRCS®, Apexit® e Sealapex®, utilizando o Fillcanal como controle. A adesão à dentina com e sem o uso de EDTA foi mensurada. O Sealapex® e o Apexit® apresentaram os menores valores de adesividade. A aplicação do EDTA à dentina aumentou a adesão do cimento à superfície, com exceção do cimento Sealapex®.

FIDEL et al. (1994) estudaram a solubilidade e desintegração, seguindo a Especificação 57 da ADA, dos cimentos endodônticos que contêm hidróxido de cálcio. Os cimentos testados foram: Sealer 26® (Dentsply), CRCS® (Higienic), Sealapex® (Kerr) e Apexit® (Vivadent). Utilizou-se a Especificação 57 da ADA como guia. Os resultados mostraram que o Sealer 26® e o Apexit® apresentaram como os menos solúveis, seguidos pelo CRCS® e pelo Sealapex®.

SILVA et al. (1995) estudaram o escoamento e o tempo de trabalho dos cimentos obturadores do canal radicular do tipo GROSSMAN presentes no mercado odontológico brasileiro das marcas FORP-USP, Grosscanal, Fillcanal®, Endofill® e Inodon®. Para a realização deste trabalho, usou-se como guia a Especificação 57 da ADA. Todos os cimentos estudados apresentaram escoamento compatível com a especificação seguida, com valores que variaram de 27 a 42 mm. Quanto aos seus tempos de trabalho, os cimentos não puderam ser enquadrados nas exigências da ADA, pois os seu fabricantes nada informam a esse respeito. Os tempos de trabalho aferidos variaram de 4 a 6 minutos, sendo os valores menores apresentados pelos cimentos Grosscanal e Fillcanal®.

FIDEL et al. (1995) estudaram o pH dos cimentos endodônticos Sealer 26®, Apexit®, CRCS® e Sealapex®, todos contento hidróxido de cálcio em suas fórmulas. Para isso, elaboraram-se corpos de prova que foram armazenados durante uma semana, em frascos contendo 50 ml de água destilada e deionizada. Em seguida, os valores de pH foram determinados. Todos os cimentos testados apresentaram pH alcalino. O sealapex® apresentou pH mais alcalino no momento da espatulação. O Sealapex® e o Sealer 26 apresentaram valores inversamente proporcionais durante o experimento, ou seja, a medida que transcorria o tempo, diminuía os valores do pH. O CRCS® e o Apexit® apresentaram valores de pH entre 10 e 11 durante todo o tempo do experimento.

FIDEL et al. (1995) estudaram as alterações dimensionais, seguindo a Especificação 57 da ADA, de alguns cimentos obturadores de canais radiculares que contêm hidróxido de cálcio em suas fórmulas: Sealer 26®, CRCS®, PR-Sealer®, Apexit® e Sealpex®. Constatou-se que o cimento Sealapex não resistiu ao experimento, desintegrando-se; todos os cimentos sofreram ligeira expansão, com os maiores índices sendo encontrados com o PR-Sealer e os menores com o Sealer 26®.

FIDEL et al. (1995) estudaram o tempo de endurecimento dos seguintes cimentos endodônticos que contêm hidróxido de cálcio em suas fórmulas: Apexit®, Sealapex®, CRCS® e Sealer 26®, seguindo a Especificação 57 da ADA. O cimento CRCS evidenciou um tempo de endurecimento de 23 minutos; o Apexit®, 1 hora e 30 minutos; o Sealer 26®, 41 horas e 22 minutos e o Sealapex®, 45 horas e 34 minutos. O cimento CRCS® foi o único a apresentar tempo de endurecimento de acordo com o informado pelo fabricante sendo condição para preencher as Especificação 57 da ADA.

YARED & DAGHER (1996) demonstraram a alteração dimensional em diferentes cimentos obturadores de canais radiculares utilizando o método de infiltração marginal na região apical, observaram também a influência da técnica de condensação lateral para a obturação do canal radicular.

SILVA (1997) estudou a adesividade de alguns cimentos obturadores de canais radiculares antes e após a aplicação de EDTAC sobre a superfície dentinária. Os resultados evidenciaram que antes da aplicação do EDTAC, a ordem dos cimentos, da maior adesividade para a menor, ficou assim estabelecida: Fillcanal®, N-Rickert®, Endométhasone® e Endométhasone Ivory®. Após aplicado o EDTAC sobre a superfície dentinária, a ordem, da maior adesividade para a menor, ficou assim: Fillcanal®, N-Rickert®, Endométhasone® e Endométhasone Ivory®, sendo que estes dois últimos compuseram um grupo à parte, sem diferença estatisticamente diferentes entre eles. A aplicação de EDTAC sobre a superfície dentinária surtiu efeitos estatisticamente significantes apenas para o cimento Endométahsone Ivory®, ao nível de 5%.

PÉCORA et al (1997) estudaram a influência do tamanho das partículas do pó sobre o escoamento dos cimentos de GROSSMAN. Foram testados cimentos cujos pós foram obtidos a partir das malhas 60, 100 e 150. Para o estudo, utilizou-se a Especificação de número 57 da ADA. Todos os cimentos apresentaram escoamento compatível com a especificação seguida, sendo que o cimento obtido com a malha 150 apresentou maior escoamento (39mm), com diferença estatística ao nível de 5%, e os cimentos obtidos com as malhas 60 e 100 apresentaram escoamento iguais, de 37 mm.

PÉCORA et al (1997) estudaram também a influência do tamanho das partículas do pó sobre o tempo de endurecimento dos cimentos de GROSSMAN. Foram testados cimentos cujos pós foram obtidos a partir das malhas 60, 100 e 150. Para o estudo, utilizou-se a Especificação de número 57 da ADA. O cimento obtido a partir da malha 150 apresentou o maior tempo de endurecimento (22 minutos), significante ao nível de 1% quando comparado com os cimentos obtidos a partir das malhas 60 (17 minutos) e malha 100 (17 minutos).

ALMEIDA et al (1997) estudaram o tempo de endurecimento inicial e final de 4 tipos de cimentos obturadores de canais radiculares, N-Rickert®, AH26®, Sealapex® e Ketac-Endo®. O tempo de endurecimento foi avaliado seguindo a Especificação 57 da ADA. De acordo com os dados obtidos, os autores concluíram que o cimento N-Rickert® apresentou o menor tempo de endurecimento inicial e final, seguido pelo Ketac-endo®, AH26®, o maior tempo de endurecimento foi o Sealapex®.

A revisão da literatura apresentada permite verificar que o cimento preconizado por GROSSMAN (1974) ainda é muito estudado. Já foi investigada a ação de cada componente do pó, do tamanho da partículas, dos óleos vegetais adicionados ao eugenol, mas ainda resta investigar a ação de diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas sobre as propriedades físico-químicas desse cimento.



 

PROPOSIÇÃO
 
 

O objetivo do presente trabalho consiste em:

1 Verificar a pH e a condutividade dos breus tipo X, tipo WG, tipo WW e das resinas hidrogenadas Stabylite éster 10 Stabylite.

2 Estudar o efeito das diferentes resinas vegetais (breus tipo X, tipo WG, tipo WW e das resinas hidrogenadas Stabylite éster 10 Stabylite) sobre as seguintes propriedades físico-químicas do cimento obturador dos canais radiculares tipo GROSSMAN:

Escoamento

Tempo de endurecimento

Espessura do filme

Estabilidade dimensional

Solubilidade e desintegração

Adesividade















 

MATERIAL e MÉTODO
 
 

O cimento obturador de canais radiculares proposto por GROSSMAN é à base de óxido de zinco e eugenol, apresentando-se nas formas de pó e líqüido contidas em separado. Essa característica enquadra-o na Especificação 57 para materiais obturadores endodônticos da American Dental Association (ADA), que determina que todos os testes sejam realizados nas condições ambientais de 23 ± 2 °C e 50 ± 5 % de umidade relativa do ar, o que foi obedecido nos experimentos desse trabalho. Os materiais testados foram submetidos às condições ambientais exigidas 48 horas antes do início dos procedimentos.

Essas condições foram conseguidas e mantidas por meio dos seguintes aparelhos: ar condicionado, totalizando 57000 BTU e um aparelho desumidificador, marca Incoth.

Foram estudados diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas, conforme mostra a Tabela I, onde estão listadas as marcas comerciais e o fabricante.
 
 

TABELA I. Breus e resinas hidrogenadas dos cimentos testados, suas marcas comerciais e os fabricantes.
 
Nome   Fabricante   Procedência
Breutex - X   Eucatex   Brasil
Tipo WG   Madeitex   Brasil
Tipo WW   WW-Portugal   Portugal
Stabylite ester 10   Hercules   USA
Stabylite resin   Hercules   USA

 

Todos os breus e resinas hidrogenadas estudados apresentavam-se na forma bruta. Para pulverizar esse materiais, usou-se o gral e pistilo de porcelana (Figura 1). Os breus, assim como as resinas, foram triturados e tamisados em malha 60 e posteriormente em malha 100, para se obter as condições preconizadas por GROSSMAN (1958).
 
 

Figura 1 Gral e pistilo (A) e jogo de tamises (B)

Preliminarmente, foram realizados testes para determinar a condutividade eletrica e o pH dos breus e resinas hidrogenadas.

Pesou-se 12g de cada tipo de breu e resina hidrogenada e colocou-se em béquer onde foi adicionado 48 ml de água destilada deionizada. Essas misturas permaneceram sob agitação constante, em um agitador magnético, por um período de 1 hora.

Nesse período, procedeu-se a leitura da condutividade eletrica e do pH nos tempos de 1, 2, 5, 10, 20, 30 e 60 minutos após a mistura, para cada material.

Para avaliação dessas propriedades utilizou-se um potenciômetro, da marca Photovolt, para obter-se os valores do pH e um condutivímetro, da marca Digimed, para os valores de condutividade eletrica.
 
 

Preparo dos componentes do pó do cimento de GROSSMAN
 
 

Os diferentes tipos de pós utilizados nesse experimento foram aviados no Laboratório de Pesquisa em Endodontia do Departamento de Odontologia Restauradora da FORP-USP, respeitando as condições ambientais estabelecidas pela Especificação Número 57 da ADA, durante a sua preparação. Para aferir tais condições, usou-se um termômetro marca INCOTHERM, de procedência nacional, e um higrômetro de marca HARR SUNTH, de procedência alemã.

Os pós foram aviados de acordo com a proposição de GROSSMAN (1974), variando-se os tipos de breus ou resinas hidrogenadas, cuja a fórmula é a seguinte:
 
 

Óxido de Zinco 42 %
Resina ou Breu 27 %
Subcarbonato de Bismuto 15 %
Sulfato de Bário 15 %
Tetraborato de Sódio Anidro 1 %

 

Os produtos químicos utilizados no preparo do pó, bem como a sua marca comercial estão listados na Tabela II.
 
 

TABELA II. Substâncias químicas utilizadas no preparo do pó do cimento tipo GROSSMAN.
Material   Grau de pureza   Marca   Procedência
Óxido de zinco PA  
99,99%
 
Reagen
 
Brasil
Tetraborato de Sódio  
99,50%
 
Vetec
 
Brasil
Subcarbonato de Bismuto  
99,90%
 
Reagen
 
Brasil
Sulfato de Bário  
99,90%
 
Carlo Erba
 
Brasil
Breu ou resina hidrogenada*            

* os tipos de breus ou resinas hidrogenadas encontram-se na Tabela I
 
 

Foram utilizados os seguintes instrumentos para o preparo dos componentes e aviamento da fórmula:
 
 
1 balança eletrônica de precisão marca CG LIBOR, de procedência nacional;
2 gral e pistilo de porcelana, marca CHIAROTI, com capacidade para 619 ml;
3 um jogo de tamises malhas 60 e 100;
4 um misturador de pó, com formato da letra "Y", dotado de um eixo de rotação para homogeneização dos componentes químicos dos cimentos, e
5 forno para desidratação do tetraborato de sódio, marca NEY-BARKMEYER.

 

Todos os componentes químicos utilizados na preparação do pó do cimento foram adquiridos sob a forma de partículas bem finas, que passaram facilmente pelo tamis de malha 100.

Os diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas foram adiquiridos na forma bruta e a seguir, tamisados em malha 60 e 100.

Após a mistura dos componentes, colocou-se o pó do cimento obtido no misturador rotatório por 30 minutos, até obter-se uma boa homogeneização das substâncias químicas.

A seguir, os diferentes tipos de pós foram embalados em recipientes de plástico dotados de tampa rosqueável, a fim de evitar o contato com o ar, devidamente rotulados e armazenados para serem utilizados nos testes das propriedades físico-químicas.

Uma vez obtidos os pós do cimentos com os diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas, procedeu-se a realização dos testes de propriedades físico-químicas.

Para isso, com intuito de garantir que a espatulação dos cimentos sofresse a menor quantidade possível de variáveis externas, todos os testes foram realizados pelo mesmo operador. Além disso, procedeu-se a realização de apenas um teste por dia, a fim de evitar o cansaço do profissional.

Determinação da relação pó-líqüido dos cimentos testados

A primeira etapa para a realização dos testes de propriedades físico-químicas consistiu na determinação de uma relação pó-líqüido para cada tipo de cimento aviado.

O objetivo era estabelecer uma quantidade exata de pó que, manipulado com o eugenol (SSWhite), pudesse nos fornecer um cimento obturador que apresentasse a consistência ideal preconizada por GROSSMAN (1974).

Obteve-se essa relação conforme descrição a seguir. Inicialmente, pesou-se 3 gramas de pó do cimento que estava sendo estudado. Colocou-se, com a ajuda de uma pipeta graduada, 0.20 ml do líqüido (eugenol) que iria ser misturado ao pó sobre uma placa de vidro lisa e limpa, de 20 mm de espessura. O pó era incorporado ao líqüido aos poucos, com a ajuda de uma espátula metálica número 24 flexível, e submetido a uma espatulação vigorosa.

Uma vez obtida a consistência clínica ideal, pesava-se a quantidade de pó remanescente, que não havia sido utilizada durante a manipulação, e determinava-se, por simples subtração, o quanto de pó havia sido efetivamente utilizado. O tempo dispendido durante a espatulação do cimento também foi anotado.

Assim, para cada cimento obturador foi elaborada uma relação de gramas de pó/0.20 ml de líqüido (eugenol), e que levou um certo número de segundos para que a consistência clínica ideal fosse alcançada. Isso foi repetido cinco vezes para cada material testado. Obtinha-se uma média aritmética desses valores e, por uma simples regra de três, determinava-se o quanto de pó era necessário para que, quando misturado a 1 ml de líqüido (eugenol), manipulados durante o tempo médio determinado, fosse obtida a consistência ideal desejada.

Segundo GROSSMAN (1974), o cimento obturador está na consistência ideal quando preenche as seguintes condições:

a) Após manipulado, ajuntado na espátula e levantado da placa de vidro, demora de 10 a 15 segundos para cair (Figura 2.1).

b) A espátula é colocada sobre a massa amolecida do cimento manipulado e levantada da placa de vidro até que forme um fio de mais ou menos 2,5 cm, sem se romper, unindo a espátula à massa que ficou sobre a placa (Figura 2.2).

O uso de apenas 0.20 ml de eugenol deve-se ao fato de que a quantidade de cimento obtida, decorrente da sua mistura com os respectivos pós, era acomodada com segurança na área da placa de vidro e dava para realizar grande parte dos testes. As variações de quantidades que se fizeram necessárias não implicavam em grandes variações em relação aos valores utilizados para obter-se as relações pó/líqüido.

Figura 2 Teste de consistência do cimento obturador. 1) Fio de 2,5 cm, aproximadamente, que deve formar-se entre a massa do cimento e a espátula. 2) Permanência de10 a 15 segundos sem cair da espátula
 

ESCOAMENTO

Para realização do teste de escoamento, preparou-se uma seringa LUER de vidro, com capacidade para 3,0 ml, que teve sua ponta cortada. A seringa foi assim preparada para receber, em todos os casos, um volume de 0,5 ml de cimento manipulado (Figura 3.1).

A fim de padronizar esse volume, colocou-se 0,5 ml de água no interior da seringa e, com o êmbolo em posição, fez-se um dispositivo de resina auto-polimerizável, que permitia o seu posicionamento no local previamente marcado.

Uma vez manipulado o cimento na consistência clínica ideal, e obtido o volume de 0,5 ml, esse era depositado no centro de uma placa de vidro lisa e limpa de dimensões de 10X10 cm (Figura 3.2).

Decorridos 180 ± 5 segundos do início da manipulação, colocava-se cuidadosamente, e centralmente, por sobre o material amolecido um conjunto composto por: 1) uma placa de vidro, e 2) carga adicional, de modo que a placa de vidro e esta carga perfizessem um total de 120 gramas (Figura 3.3).

Decorridos 10 minutos do início da mistura, o peso adicional era removido e media-se os diâmetros maiores e menores do disco obtido com o escoamento do material (Figura 3.4). Para isso, utilizou-se um paquímetro digital marca TESA, de procedência suíça (Figura 3.5).

Duas condições eram necessárias para que o teste tivesse validade: a diferença entre os diâmetros maiores e menores não podia ser superior a 1,0 mm, e o disco deveria apresentar-se uniformemente circular. Caso contrário, o teste era repetido seguindo-se os mesmos paramêtros experimentais.

Realizou-se 5 repetições para cada um dos cimentos estudados e obteve-se a média aritmética que representava o escoamento do material em pauta.

Figura 3 Seqüência do teste de escoamento: 1) Seringa ajustada para carregar o volume de 0,5 ml de cimento; 2) Colocação do cimento testado sobre a placa de vidro. 3) Conjunto utilizado nos testes de escoamento e tempo de trabalho: a. Placa de vidro superior. b- carga. A massa total de a + b é de 120 gramas. 4) Disco circular obtido durante a realização do teste. 5)Paquímetro digital

TEMPO DE ENDURECIMENTO
 

Para realizar este experimento, confecciou-se moldes de aço inoxidável, cilíndricos, com diâmetros internos de 10 mm e espessura uniforme de 2 mm. Os moldes eram fixados em sua faces externas, com auxílio de cera utilidade, sobre uma placa de vidro de 1 mm de espessura por 25 mm de largura e 75 mm de comprimento.

A seguir, o cimento a ser testado era manipulado e colocado no interior do anel metálico, até que este ficasse totalmente preenchido.

Passados 120 ± 10 segundos do início da mistura, colocava-se o conjunto placa de vidro-molde preenchido pelo cimento sobre uma grade metálica de dimensões 10 X 20 mm por 10 mm, que estava condicionada dentro de um recipiente plástico com vedação hermética.

O conjunto era mantido a uma temperatura constante de 37 graus centígrados, dentro de uma estufa, e umidade relativa do ar com 95 por cento. Assim, o conjunto formado pelo corpo de prova/lâmina de vidro/anel metálico ficava dentro da câmara climatizada até o final do teste.

Decorridos 150 ± 10 segundos do início da mistura, abaixava-se verticalmente uma agulha tipo Gillmore de 100 g e ponta ativa de 2,0 mm de diâmetro sobre a superfície horizontal do material (Figura 4).

Repetia-se a colocação da agulha de Gillmore sobre o material, em intervalos de 60 segundos, até que ela não provocasse mais marcas no cimento que estava sendo testado.

O tempo de endurecimento de um cimento era tido como sendo o tempo decorrido entre o início da mistura e o momento no qual as marcas da agulha de Gillmore deixavam de ser visíveis na superfície do cimento testado.

Considerava-se o tempo de endurecimento com sendo a média aritmética de 5 repetições.

Os valores obtidos podem ser observados no Apêndice.

Figura 4 Simulação do teste do tempo de endurecimento. A agulha tipo Gillmore era abaixada sobre a superfície do cimento testado. O conjunto todo ficava dentro de uma câmara climatizada

ESPESSURA DO FILME

Para realizar esse teste, foi utilizado um aparelho de carga marca MLW de procedência alemã, dotado de um relógio micrométrico (Figura 5).

Inicialmente, duas placas de vidro, medindo 200 mm quadrados de superfície e 6,0 mm de espessura cada uma, eram superpostas e intercaladas por duas lâminas de papel celofane. A espessura do conjunto era medida com auxílio do aparelho de carga.

A seguir, o cimento era manipulado e, com ajuda da seringa Luer de vidro, depositava-se 0,5 ml do cimento sobre a primeira placa de vidro, entre as duas lâminas de papel celofane, a segunda placa de vidro era então colocada sobre o material depositado.

Decorridos 180 ± 10 segundos do início da mistura, aplicava-se verticalmente uma carga de 15 Kgf sobre a placa de cima.

O cimento escoado ocupava totalmente a área entre as placas de vidro. Decorridos 10 minutos do início da mistura, media-se a espessura das duas placas de vidro, juntamente com o material interposto entre elas.

A diferença de espessura das duas placas de vidro, com e sem filme de cimento obturador interposto entre elas, é a espessura do filme daquele cimento obturador.

Fazia-se a média de cinco repetições e aproximava-se para os 5 micrometros mais próximos, chegando-se finalmente ao valor que era representativo como sendo a espessura do filme do cimento estudado.

Figura 5 Aparelho de cargas marca MLW, dotado de relógio micrométrico (A) e local para colocação do conjunto que vai receber a carga (B) e a carga de 15 Kgf (C).

ESTABILIDADE DIMENSIONAL

Para a realização desse teste, foram confeccionados 3 moldes de Teflon que permitiam a obtenção de corpos de prova cilíndricos, com dimensões de 12 mm de altura por 6 mm de diâmetro (Figura 6).

O molde era colocado sobre uma placa de vidro medindo 1 mm de espessura por 25 mm de largura e 75 mm de comprimento, envolta em uma fina lâmina de papel celofane. O passo seguinte consistia no preenchimento do molde, de tal modo que se pudesse verificar o ligeiro excesso de material na sua extremidade superior. Feito isso, pressionava-se uma lâmina de microscópio, que estava envolvida por outra lâmina de papel celofane, sobre a superfície superior do molde.

O conjunto formado pela lâmina de microscópio, lâmina de celafone e, no meio, o molde contendo o material era mantido firmemente unido com a ajuda de um grampo em forma de letra C. Decorridos 5 minutos do início da mistura, o conjunto era transferido para uma câmara com 95 por cento de umidade relativa do ar e temperatura de 37 graus centígrados.

Após um intervalo de tempo de, no mínimo, três vezes o tempo de endurecimento do material, o conjunto era removido do interior da câmara.

O passo seguinte consistia em lixar as extremidades do molde contendo a amostra, sob a irrigação de água destilada e deionizada, com a ajuda de uma lixa de granulação 600, para a regularização de sua superfície.

Removia-se então a amostra do molde, media-se o seu comprimento com um paquímetro, e guardava-se a amostra em um recipiente de vidro que comportava um volume total de 50 ml. Esse recipiente continha 30 ml de água destilada deionizada, a uma temperatura de 37 graus centígrados no seu interior. O corpo de prova era mantido nessas condições durante 30 dias.

Após esse tempo, removia-se a amostra do recipiente e retirava-se o excesso de água com auxílio de papel absorvente. Fazia-se então uma nova medição do seu comprimento.

Obteve-se o cálculo da alteração dimensional percentual usando a seguinte fórmula, de acordo com as Especificação Número 57 da ADA:
 
 

C30 dias -C
   
---------------- X 100
C
   

onde C 30 dias é o comprimento da amostra após decorridos 30 dias nas condições do experimento, e C é o comprimento inicial da amostra.

Anotava-se a média aritmética de cinco repetições como sendo a alteração dimensional do cimento testado. Os valores obtidos estão anotados no Apêndice.

Figura 6 Moldes cilíndricos, de dimensões 12 mm de altura por 6 mm de diâmetro, utilizados para confeccionar corpos de prova empregados nos testes de estabilidade dimensional. A)molde fechado; C) molde aberto; C) corpo de prova.

SOLUBILIDADE E DESINTEGRAÇÃO

Após a manipulação do material, preencheu-se um molde cilindrico de teflon, medindo 1,5 mm de espessura por 20 mm de diâmetro interno, que se sustentava por uma placa de vidro de dimensões maiores que as do molde, recoberta por uma lâmina de papel celofane.

Preenchido o molde com um ligeiro excesso, colocava-se um fio de nylon impermeável no interior do material, e posicionava-se uma outra placa de vidro, também recoberta por uma lâmina de celofane sobre o molde e pressionava-se manualmente, de modo a fazer com que as placas tocassem uniformemente em todo o molde.

O conjunto era levado a uma câmara a 37 graus centígrados e umidade relativa do ar de 95 por cento.

Decorrido um intervalo de tempo igual a três vezes o tempo de endurecimento medido para o material testado, as amostras eram removidas do molde (Figura 7).

Figura 7 Molde circular, com 1,5 mm de espessura e 20 mm de diâmetro interno, utilizado no teste de solubilidade e desintegração. A) corpo de prova. B) molde

Após retirar os resíduos ou partículas soltas, pesavam-se as amostras em uma balança de precisão marca MLW, de procedência alemã, e anotavam-se as massas. Cada uma das amostras era suspensa pelo fio de nylon e colocada no interior de um recipiente de plástico com boca larga, contendo 50 ml de água destilada e deionizada, tomando-se o cuidado de não permitir nenhum contato entre a amostra e a superfície interna do recipiente e do líqüido.

As amostras assim preparadas eram levadas para o interior de uma estufa a 37 graus centígrados, ali permanecendo por uma semana.

Após esse período, as amostras eram removidas dos recipientes, e enxaguadas com um pouco de água destilada e deionizada. Removia-se o excesso de água com o auxílio de um papel absorvente.

Realizada essa etapa, as amostras eram colocadas em um desumidificador contendo ácido sulfúrico concentrado, por um período de 24 horas e, posteriormente, fazia-se novas aferições das suas massas.

O experimento era repetido cinco vezes.

A solubilidade e desintegração do cimento estudado era considerada a perda de massa de cada amostra, expressa como porcentagem da massa original.

Os valores desse teste encontram-se no Apêndice.
 

ADESIVIDADE
 

Para realizar o teste de adesividade, foi confeccionado um cilindro de alumínio de 10 milímetros de comprimento por 6,0 milímetros de diâmetro interno, com uma alça lateral de fio de aço inoxidável.

Caninos humanos superiores recém-extraídos foram seccionados no sentido longitudinal, para se obter um fragmento de dentina da região cervical que era fixado em uma base de resina acrílica.

Os cilindros preparados eram colocados sobre a dentina e fixados lateralmente com cera utilidade, para facilitar o seu preenchimento pelo material a ser testado (Figura 8).

Após esse procedimento, o conjunto era colocado na estufa a 37 graus centígrados e umidade relativa de 95%, por um tempo superior a três vezes o tempo de endurecimento do material testado.

Uma vez completado o tempo exigido, o conjunto era colocado em Máquina Universal de Ensaios Men 2000, fabricada pela Emic (Paraná-Brasil), dotada de célula de carga acoplada ao sistema oscilante e sistema de garra.

Na garra, foi preso um dispositivo com o objetivo de prender na alça do cilindro, que contém o cimento obturador, para realizar o ensaio de tração dos corpos de provas confeccionados. Foi utilizado também um acessório fixo cilíndrico para prender o corpo de prova.

Colocado o corpo de prova em posição, acionava-se a Máquina Universal de Ensaios com a velocidade constante de 1 mm/min, até que o cilindro, contendo o material, se destacasse da superfície de dentina.

Anotava-se a força, em Kgf, necessária para o rompimento do conjunto (cilindro com material e a dentina). A Figura 8 ilustra a máquina utilizada para esse experimento.

Os cálculos da tensão de tração foram expressos em Mega-Pascal.

Realizaram-se cinco repetições para cada cimento testado e os valores podem ser observados no Apêndice.

Figura 8. 1-Vista da Máquina Universal de ensaios; 2- Unidade de controle de deslocamento e de carga; 3- a e b ) Conjunto de dispositivo fixo cilíndrico para prender o corpo de prova, c) Corpo de prova em resina onde está fixado o corte longitudinal da região cervical do canino superior, d) Corpo de prova cilíndrico em alumínio com uma alça lateral de fio de aço inoxidável; 4- a) Célula de carga de 200 Kgf, b) Dispositivo oscilante, c) Garra superior móvel, d) Dispositivo em forma de alça para prender no corpo de prova, d) corpo de prova com o corte transversal da dentina, e) Base inferior fixa; 5- Vista dente desgatado no sentido longitudinal na região cervical do canino superior e preso em base de resina acrílica
 

RESULTADOS e DISCUSSÃO
 
 

Os testes preliminares de condutividade elétrica e pH, dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas utilizados nesse estudo, foram realizados com o objetivo de verificar a sua interrelação com as propriedades físico-químicas dos cimentos obturadores de canais radiculares.

A Tabela III mostra os resultados obtidos no teste de pH e de condutividade elétrica.
 
 
 
TABELA III. Valores do pH e da condutividade elétrica dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas, em função do tempo (minuto).
Breus e Resinas
 
pH x tempo (min) 
 
Condutividade mho cm-1x tempo (min)
    1 2 5 10 20 30 60   1 2 5 10 20 30 60
Stabylite Éster 10   3.9 4.5 5.0 5.3 5.6 5.6 5.6   14 16 17 29 59 62 68
Stabylite   4.7 4.9 4.9 5.1 5.1 5.1 5.1   24 25 34 44 44 47 59
Tipo X   5.2.. 5.2 5.2 5.2 5.1 5.2 5.0   26 29 39 45 65 88 105
Tipo WG   4.2 4.7 4.7 4.8 4.8 4.7 4.7   66 145 270 336 415 580 710
Tipo WW   4.6 4.3 4.2 4.3 4.0 4.0 3.6   32 98 141 167 193 223 347

Para melhor visualização dos resultados expressos na Tabela III, foram elaborados os gráficos ilustrados nas Figuras 9 e 10.
 

FIGURA 9. pH de diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas em função do tempo.

FIGURA 10. Condutividade elétrica de diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas em função do tempo

No gráfico da Figura 10 observa-se que há uma sobreposição das linhas da condutividade elétrica, em função do tempo, do breu tipo X e das resinas hidrogenadas porque a escala utilizada foi de 50 mho cm-1 , já que a diferença entre o maior e o menor valor era muito grande.

Assim, para ilustrar melhor a condutividade elétrica do breu tipo X e das resinas hidrogenadas estudadas, contruiu-se um novo gráfico, só para esses produtos, com intervalos de 10 mho cm-1, o qual está ilustrado na Figura 11A. 
 

FIGURA 11A. Condutividade elétrica do Breu tipo X e das resinas hidrogenadas em função do tempo

O breu ou colofônio, segundo a FARMACOPÉIA DO BRASIL, é o resíduo sólido da destilação por fusão e filtração da terebintina de várias espécies de pinheiros, principalmente do Pinus Palustris Miller, do Pinus Elliotti Engelm e do Pinus Pinaster Solander.

Esse material é uma massa resinosa de cor amarela ou amarela-acastanhada, translúcida, brilhante ou superficialmente empoada de branco, friável, de odor e sabor terebintáceos. É facilmente pulverizável, resultando em um pó de cor branca amarelada; que funde-se ao banho-maria, em um líqüido amarelo-claro, límpido e viscoso. Sua solução alcoólica apresenta-se ácida ao papel de tornassol umedecido.

O breu é insolúvel na água e completamente solúvel em álcool, benzeno, éter etílico, clorofórmio, ácido acético e nas soluções diluídas dos hidróxidos alcalinos. Sua densidade varia de 1,07 a 1,09.

Em sua composição o breu apresenta-se com 90% de ácido abiético (C20H30O2) e os outros 10% são constituídos de uma mistura de ácido dihidroabiético (C20H32O2) e dehidroabiético (C20H28O2).

A fórmula espacial do ácido abiético pode ser expressa do seguinte modo:
 
 










A condutividade elétrica é uma propriedade que indica a quantidade de ions presentes em uma solução. Quanto maior for o valor encontrado, maior é a quantidade de ions presentes no meio estudado.

Ao compararmos os diferentes tipos de breus, observamos que o tipo X apresenta baixa condutividade elétrica. Essa característica pode ser justificada pela purificação a que o breu tipo X é submetido durante o processo de industrialização.

O breu tipo X possui uma cor amarela clara uniforme, diferente dos breus tipo WG e WW, que apresentam cor amarela escura com diferença de pigmentação, indicando a presença de impurezas (ions inorgânicos).

Nota-se que o breu tipo WG apresenta uma alta condutividade elétrica, sinal indicativo de que em sua composição há grande quantidade de ions inorgânicos.

As resinas hidrogenadas são obtidas a partir da hidrogenação do breu. O processo de hidrogenação consiste na adição de hidrogênio a uma molécula, mediante reação com hidrogênio gasoso, na presença ou não de catalisadores, reduzindo o número de duplas ligações de um composto de cadeia insaturada.

A baixa condutividade elétrica encontrada nas resinas hidrogenadas deve-se ao processo de hidrogenação, que além de deixar a cadeia saturada, provavelmente elimina as impurezas presentes no breu, indicando claramente que estes compostos apresentam menor quantidade de ions inorgânicos em relação aos breus estudados.

Os valores de pH expressos na Tabela III mostram que as resinas hidrogenadas e o breu tipo X têm pH na faixa de 5 a 5.6, o que indica menor concentração hidrogeniônica do que os breus tipo WG e WW, que têm pH menor que cinco.

O breu tipo WG apresenta pH 3.6, indicativo de alta concentração hidrogeniônica.

Assim, os valores do pH e da condutividade elétrica obtidos dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas possibilita salientar o seguinte:

a) As resinas hidrogenadas (Stabylite éster 10 e Stabylite) apresentam pH 5.6 e 5.1 respectivamente e baixa condutividade elétrica.

b) Os breus têm pH mais baixo e maior condutividade elétrica que as resinas hidrogenadas.

c) O breu tipo WG apresenta pH 4.7 e o maior índice de condutividade elétrica.
 
 

RELAÇÃO PÓ-LÍQÜIDO
 
 

A Tabela IV exibe os resultados das relações entre o pó e o líqüido necessárias para cada cimento testado neste trabalho, bem como o tempo em segundos, gasto nas suas espatulações, a fim de se obter a consistência clínica desejada.
 
 
 
TABELA IV. Valores da relação pó/líqüido e tempo de espatulação, em segundos, obtidos em cinco repetições para cada líqüido testado.
Cimentos obtidos com os seguintes breus e resinas
 
Gramas de pó/ 0.20 ml

de líqüido

  Média

(em g)

 
Tempo de 

espatulação(s)

  Média

(em s)

Stabylite Éster 10   1,13 1,11 1,18 1,05 1,06  
1,11
  120 125 130 125 140  
128
Stabylite   1,11 0,98 1,10 0,99 1,08  
1.05
  120 110 120 130 120  
120
Tipo X   0,92 0,94 0,96 0,93 0,98  
0,95
  120 110 110 120 120  
116
Tipo WG   0,90 0,92 0,89 0,94 0,85  
0,90
  120 120 140 130 120  
126
Tipo WW   0,80 0,75 0,78 0,82 0,82  
0,80
  140 120 135 125 115   
126

 

Os dados da Tabela IV foram submetidos a uma série de testes estatísticos preliminares, visando verificar se a distribuição do erro amostral era normal.

Inicialmente, fez-se um teste de aderência à curva normal com os valores obtidos. Posteriormente, traçou-se o histograma com sobreposição da curva normal matemática. A interpretação revelou que a distribuição não era normal.

Passou-se então à análise não-paramétrica. Os dados eram independentes, com mais de uma amostra. Portanto, aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis. Este teste indicou que havia significância ao nível de 1% para uma probabilidade de H0 de 0,02%. A seguir, comparou-se a diferença entre as médias dos postos das amostras, duas a duas (Tabela V).
 
 
TABELA V. Relação pó-líqüido: Comparação entre as médias dos postos das amostras dos cimentos.
Amostras comparadas

(duas a duas)

 
Diferenças entre médias
 
Significância

(%)

Stabylite éster 10 X Stabylite  
2.5000
 
ns
Stabylite éster 10 X Breu Tipo X  
9.2000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WG  
13.1000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WW  
18.7000
 
*
Stabylite X Breu Tipo X  
6.7000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WG  
10.6000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WW  
16.2000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WG  
3.9000
 
ns
Breu Tipo X X Breu Tipo WW  
9.5000
 
*
Breu Tipo WG X Breu Tipo WW  
5.6000
 
*
  *Significante ao nível de a (0,01) = 4.5662 ns= não significante.

Os resultados obtidos na Tabela V, evidenciam que a relação pó-líqüido dos cimentos obtidos dos pós que contêm em sua formulação a resina hidrogenada Stabylite éster 10 e resina hidrogenada Stabylite são estatisticamente semelhantes entre si. Esses dados indicam que eles incorporam praticamente a mesma quantidade de pó, na mesma quantidade de líqüido.

Esses resultados também podem ser observados quando se compara o breu tipo X com o breu tipo WG.

Os cimentos obtidos a partir da resinas hidrogenadas são estatisticamente diferentes quando comparados com os cimentos obtidos a partir dos breus (Tipo X, WG, WW). Observa-se que, os cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas, necessitam de uma maior quantidade de pó para se obter a consistência preconizada por GROSSMAN (1974).

No presente estudo pode-se salientar que diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas influenciam na relação pó-líqüido dos cimentos preparados.

Os cimentos que contêm resina hidrogenada em suas formulações apresentam maior relação pó-líqüido, e isso pode ser explicado da seguinte forma:

  1. A resina hidrogenada apresenta menor caráter inorgânico (condutividade elétrica), o que propicia sua rápida solubilização ao eugenol permitindo uma maior incorporação de pó.
  2. O pH menos ácido faz com que a reação entre o óxido de zinco e o eugenol se processe mais lentamente, permitindo uma maior incorporação do pó ao líqüido.
Assim, como os vários tipos de breus testados apresentam maior condutividade elétrica e maior pH, proporcionam cimentos com menor relação pó-líqüido.

Observou-se haver uma relação diretamente proporcional entre o pH dos breus e das resinas hidrogenadas com a relação pó-liqüido, ou seja, quanto maior o pH maior a relação pó-líqüido necessária para obter-se a consistência clínica ideal.

Os estudos da relação pó-líqüido dos cimentos odontológicos passaram a ser realizados com freqüência, em todos os trabalhos, após a verificação feita por BATCHELOR & WILSON (1969), que constataram que a quantidade de pó incorporada ao líqüido afeta as propriedades reológicas dos cimentos.

Assim, tornou-se necessária a determinação da relação pó-líqüido para cada cimento submetido ao estudo das propriedades físicas e isso foi seguido por BENATTI et al (1978); HYDE (1986); SAVIOLI (1992); SILVA (1992); FIDEL (1993); SOUSA NETO (1994), dentre outros.

O uso de apenas 0.20 ml de eugenol deve-se ao fato de que a quantidade de cimento obtida, decorrente da sua mistura com os respectivos pós, era acomodada com segurança na área da placa de vidro e dava para realizar grande parte dos testes.

Observou-se que o tempo de espatulação necessário para que os cimentos obtidos de diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas, atingissem a consistência preconizada por GROSSMAN (1974) foi de aproximadamente 2 minutos.
 
 

ESCOAMENTO
 
 

Os dados dos testes de escoamento de cada cimento, obtidos com os diferentes tipos de pó estudados, bem como os escoamentos médios e os valores aproximados, encontram-se na Tabela VI.
 
 

TABELA VI. Teste de escoamento dos cimentos estudados (Dados em milímetros).
 
Cimentos obtidos com os seguintes breus e resinas hidrogenadas
 
Escoamento
 
Média
 
Aproximação
Stabylite éster 10   21,19 26,07 25,98 26,44 26,99  
25.33
 
25
Stabylite   25,36 26,35 26,74 27,25 26,29  
26,40
 
26
Breu tipo X   37,29 36,37 37,75 35,83 37,35  
36,92
 
37
Breu tipo WG   41,28 40,18 39,36 39,59 37,98  
39,68
 
40
Breu tipo WW   36,96 33,84 36,02 36,99 35,83  
35,93
 
36

 

Pela simples análise da Tabela VI, observa-se que todos os cimentos testados preenchem a condição estabelecida pela ADA para o teste de escoamento, que determina que o disco formado pelo cimento deve ter pelo menos 25 mm de diâmetro.

O estudo dos parâmetros amostrais evidenciou ser a distribuição não-normal, o que conduziu à aplicação do teste de Kruskal-Wallis, o qual indicou significância ao nível de 1% para uma probabilidade de H0 de 0,03%. Procedeu-se então à realização das comparações das médias dos postos das amostras, que podem ser vistas na Tabela VII.
 
 
TABELA VII. Escoamento: Comparação entre as médias dos postos das amostras dos cimentos.
Amostras comparadas

(duas a duas)

 
Diferenças 

entre médias

 
Significância

(1%)

Stabylite éster 10 X Stabylite  
1.4000
 
ns
Stabylite éster 10 X Breu Tipo X  
12.1000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WG  
18.2000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WW  
9.3000
 
*
Stabylite X Breu Tipo X  
10.7000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WG  
16.8000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WW  
7.9000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WG  
6.1000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WW  
2.8000
 
ns
Breu Tipo WG X Breu Tipo WW  
8.9000
 
*
  *Significante ao nível de a (0,01) = 4.9195 ns= não significante

 

Os cimentos obtidos a partir da resina Stabylite éster 10 e resina Stabylite não apresentaram diferenças estatísticas entre si. Porém, quando esses dois tipos de cimentos foram comparados com os cimentos obtidos a partir dos breus tipo X, WG, e WW, apresentaram diferenças estatísticas significantes ao nível de 1%.

Os cimentos obtidos a partir dos breus tipo X e WW não apresentaram diferenças estatísticas entre si no teste de escoamento.

O escoamento de um cimento obturador constitui um fator importante no desempenho clínico do material, pois interfere na sua capacidade de penetrar em pequenas irregularidades na dentina e em canais laterais (GROSSMAN, 1976).

Segundo LARA (1988) a determinação do escoamento pode ser realizada por várias técnicas: viscosidade, penetrabilidade, espalmabilidade e extrusão.

O método utilizado nesse trabalho, seguindo a Especificação número 57 da ADA, foi o da espalmabilidade ou extensibilidade, que é definida por RICCI et al (1975) como sendo a área média obtida quando o cimento obturador é submetido a uma carga constante por um tempo determinado.

Esse método refere-se à capacidade de espalmar ou de tornar plana a superfície de uma preparação quando submetida a uma determinada força. Refere-se também à facilidade com que ela se espalha e se estende mediante uma tração (LARA, 1988).

Em 1982, GROSSMAN demonstrou que a adição de resina aumenta a plasticidade do cimento, favorecendo o seu escoamento. SAVIOLI (1992) constatou o aumento do escoamento quando adicionou breu às fórmulas dos cimentos.

No presente estudo pode-se observar que todos os cimentos testados apresentam escoamento dentro da Especificação 57 da ADA. Os cimentos que apresentam resinas hidrogenadas em suas formulações propiciam cimentos que escoam bem menos do que os cimentos obtidos com os diferentes tipos de breus.

Os resultados apontam a tendência de que quanto maior a quantidade de pó incorporada na mesma quantidade de líqüido, menor será o escoamento do material testado. Esse fato foi também observado por Æ RSTAVIK (1983).

A literatura consultada mostra que outros fatores influenciam no escoamento do cimento obturador de canais radiculares tais como: viscosidade do líqüido (SOUSA NETO, 1994); e tamanho das partículas utilizadas no pó do cimento (WEISSMAN, 1970 e GROSSMAN 1976).

Para que a viscosidade do líqüido e o tamanho das partículas não interferissem nos resultados do presente trabalho, utilizou-se o mesmo eugenol e as partículas sofreram tamisação na malha 100.

O teste de escoamento padronizado pela American Dental Association é um teste bastante elástico, uma vez que na literatura consultada a grande maioria dos cimentos são aprovados quando submetidos a esse teste (SILVA, 1992; FIDEL, 1993; SOUSA NETO, 1994; PÉCORA et al, 1997).

Observa-se, nesse estudo, que o breu tipo WG promoveu ao cimento de GROSSMAN o maior valor de escoamento.

TEMPO DE ENDURECIMENTO
 

Os dados de tempo de endurecimento, expressos na Tabela VIII, foram submetidos à análise estatística. Os estudos dos parâmetros amostrais apontaram que a distribuição amostral não era normal. Diante do resultado, realizou-se o teste de Kruskal-Wallis, que indicou significância ao nível de 1%, para um H0 de 0,03%.
 
 

TABELA VIII. Tempo de endurecimento (em segundos) dos cimentos estudados.
Cimentos obtidos com os seguintes breus e resinas hidrogenadas
 
Tempos de endurecimento
 
Média
Stabylite éster 10   5520 5880 5160 5820 6180  
5712
Stabylite   3900 3540 4200 3300 3720  
4188
Breu tipo X   2100 2160 2400 2040 2210  
2182
Breu tipo WG   1060 1480 1360 1560 2240  
1540
Breu tipo WW   1120 1280 1160 1220 1180  
1192

 

Uma vez determinado, pelo teste de Kruskal-Wallis, que existiam diferenças estatísticas significantes entre os cimentos analisados, compararam-se, então, as médias dos postos das amostras duas a duas, como pode ser visto na Tabela IX.
 
 
TABELA IX. Tempo de Endurecimento: Comparação entre as médias dos postos das amostras dos cimentos testados.
Amostras comparadas

(duas a duas)

 
Diferenças entre médias
 
Significância
Stabylite éster 10 X Stabylite  
5.0000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo X  
10.8000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WG  
15.2000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WW  
19.0000
 
*
Stabylite X Breu Tipo X  
5.8000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WG  
10.2000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WW  
14.0000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WG  
4.4000
 
ns
Breu Tipo X X Breu Tipo WW  
8.2000
 
*
Breu Tipo WG X Breu Tipo WW  
3.8000
 
ns
  *Significante ao nível de a (0,01) = 4.6068 ns= não significante 

 

Os tempos de endurecimento dos cimentos obtidos a partir dos pós que continham resinas hidrogenadas e diferentes tipos de breus (Tipo X, WG e WW) são estatisticamente diferentes entre si ao nível de 5%.

O cimento de GROSSMAN (1958-1962 e 1974) é um cimento à base de óxido de zinco e eugenol. As demais substâncias químicas são adicionadas para se obter melhores propriedades físico-químicas. Assim a reação de endurecimento deve-se fundamentalmente à reação entre o óxido de zinco e o eugenol.

A reação de endurecimento do óxido de zinco-eugenol é, essencialmente, uma reação iônica, com o eugenol servindo como doador de próton (H+). O hidrogênio fenólico no eugenol é substituído pelos ions zinco para formar um quelato óxido de zinco-eugenol (FRAGOLA et al, 1979).

O mecanismo de endurecimento dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol é resultante de misturas equimolares de óxido de zinco e eugenol, que consistem de óxido de zinco envolvido em uma matriz de cristais longos, à semelhança de uma cobertura, do quelato de eugenolato de zinco, sendo que qualquer excesso de eugenol é sorvido por ambos, ou seja, o eugenolato e o óxido de zinco (BRAUER et al, 1967).

SAVIOLI (1992) demonstrou claramente o efeito do breu sobre a reação de endurecimento do cimento à base de óxido de zinco e eugenol, salientando que GROSSMAN (1974) estava correto. A adição de breu ao pó do cimento funciona como acelerador.

Tendo com base os trabalhos de FRAGOLA et al (1979), BRAUER et al (1967), GROSSMAN (1982) e SAVIOLI (1992) pode-se explicar a influência do pH na reação de endurecimento do seguinte modo:

ZnO + H2O ® Zn (OH)2 (I)
 
 

Zn (OH)2 + 2H+ ® Zn 2+ + 2H2O (II)
 
 
Click aqui para ver a reação (III)

 

A reação entre o eugenol e o zinco que produz o endurecimento do cimento é de natureza iônica.

O pH indica uma maior quantidade de concentração hidrogeniônica (H+). Portanto, quanto maior a quantidade de H+ , maior será a velocidade da reação (II) que produz zinco na forma iônica (Zn 2+ ).

Uma maior quantidade de Zn 2+ faz com que a reação (III) seja mais rápida, acelerando o endurecimento.

Esse mecanismo explica o não endurecimento de cimentos que contêm resinas hidrogenadas com pH em torno de 7 (neutro). Neste pH não existe excesso de H+ necessário para a liberação de Zn 2+ . O trabalho de GROSSMAN (1982) relatou que cimentos que continham resinas hidrogenadas em suas fórmulas, com pH em torno de 7, não endureciam.

Neste experimento observa-se que o longo tempo de endurecimento dos cimentos preparados com o pó que contem resina hidrogenada pode ser explicado pelo seu pH e sua condutividade elétrica. O pH das resinas hidrogenadas é maior do que o pH dos diferentes tipos de breus, e sua condutividade elétrica é baixa.

Os breus, por possuirem predominantemente ácido abiético fornecem ao meio baixo pH, o que indica maior concentração de H+ no meio, acelerando a reação do óxido de zinco com o eugenol.

BATCHELOR & WILSON (1969) afirmaram que, para qualquer cimento, a consistência e o tempo de endurecimento são relacionados, sendo ambos medidos do desenvolvimento de forças e são, mutuamente, afetados pelos fatores que influem na velocidade da reação de endurecimento, tais como umidade e temperatura. Por esse motivo, foram estabelecidas, nesse estudo, antes da realização dos testes das propriedades físicas dos cimentos obturadores, as relações pó-líqüido necessárias para se atingir a consistência clínica ideal preconizada por GROSSMAN (1974).

O endurecimento do material aferido na placa não guarda relação com o que ocorre clinicamente, onde a temperatura e a umidade da cavidade bucal irão interferir no processo. A quantidade de material utilizado nas condições clínicas e laboratoriais são diferentes. Para evitar os efeitos que as variações da umidade e da temperatura poderiam provocar nos resultados dos testes, seguiu-se a determinação da ADA, que preconiza as condições ambientais em 37 graus centígrados e umidade relativa do ar de 95 por cento.

No presente estudo, pode-se observar que diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas interferem no tempo de endurecimento do cimento. A resina hidrogenada, obtida do processo de hidrogenação tem o pH mais alto, provocando um aumento do tempo de endurecimento do cimento em relação aos breus tipo X, WW e WG, que têm pH mais ácido.

ESPESSURA DO FILME

Os resultados obtidos com a realização dos testes de espessura do filme estão contidos na Tabela X.

TABELA X. Espessura do filme dos cimentos testados (Dados em micrometros).
Cimentos obtidos com os seguintes breus e resinas hidrogenadas
 
Espessura do filme
 
Média
 
Aproximação
Stabylite éster 10  
46 49 48 47 46
 
47
 
50
Stabylite  
49 48 48 47 47
 
48
 
50
Breu tipo X  
47 43 41 44 47
 
44
 
45
Breu tipo WG  
47 47 48 46 46
 
47
 
50
Breu tipo WW  
48 47 47 46 49
 
47
 
50

Pela observação da Tabela X, verifica-se que todos os cimentos obtidos a partir de diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas apresentam espessura do filme de acordo com a Especificação Número 57 da ADA, com valores iguais ou inferiores a 50 micrometros.

Os dados foram submetidos à análise estatística, que apontou não normalidade da amostra. Realizou-se então o teste de Kruskal-Wallis, que indicou valor do c 2 para 4 graus de liberdade de 7.49, para probabilidade de H0 para esse valor de 11,23%, evidenciando não haver significância estatística entre as amostras testadas.

O cimento obtido a partir do breu tipo X foi o que apresentou menor espessura do filme, com a média de 44 mm, e o cimento obtido da resina Stabylite foi o que apresentou a maior média (48 mm), porém todos dentro da Especificação Número 57 da ADA.

SOUSA NETO (1994) observou que o cimento obtido a partir do eugenol puro apresenta menor espessura do filme do que os cimentos obtidos a partir da mistura de eugenol com os óleos vegetais.

Em relação à composição do pó, SAVIOLI (1992) concluiu que a relação de 42 % de óxido de zinco para 27 % de breu presente nos cimentos do tipo GROSSMAN é necessária para que os cimentos apresentem espessura do filme compatível com as exigências da ADA.

WEISSMAN (1970) e SILVA (1992) verificaram que o aumento das partículas do pó do cimento aumenta a espessura do filme.

Podemos salientar que, nesse experimento, não ocorreu variação no líqüido utilizado (SOUSA NETO, 1994); na proporção da fórmula do pó (SAVIOLI, 1992) e no tamanho das partículas (WEISSMAN, 1970; SILVA, 1992) e, portanto, não há diferenças estatísticas em relação à espessura do filme, ou seja, diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas não interferem na espessura do filme.
 

ESTABILIDADE DIMENSIONAL

Os resultados obtidos a partir da realização dos testes de estabilidade dimensional estão contidos na Tabela XI.

TABELA XI. Alteração dimensional, percentual dos cimentos estudados.

Cimentos obtidos com os seguintes breus e resinas hidrogenadas
 
Alteração Dimensional
 
Média
Stabylite éster 10   -1,7 -1,8 -1,9 -2,0 -1,9  
-1,9
Stabylite   -1,5 -1,4 -1,2 -1,3 -1,3  
-1,3
Breu tipo X   +0,8 +1,0 +1,1 + 1,2 +1,0  
+1,0
Breu tipo WG   +2,8 +1,7 +2,0 + 2,1 +1,6  
+2,0
Breu tipo WW   +1,3 +1,5 +1,4 + 1,3 +1,4  
+1,4

 

Com base nos resultados apresentados na Tabela XI, verificou-se a não-normalidade da distribuição amostral. Então, aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis, que foi significante ao nível de 1%, para H calculado de 23.12 para probabilidade de H0 de 0,01%.

A seguir, realizou-se a comparação das médias dos postos das amostras dos cimentos estudados, duas a duas (Tabela XII).
 
 
 
TABELA XII Estabilidade dimensional: Comparação entre as médias dos postos das amostras dos cimentos.
Amostras comparadas

(duas a duas)

 
Diferenças entre médias
 
Significância

(%)

Stabylite éster 10 X Stabylite  
5.0000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo X  
10.0000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WG  
20.0000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WW  
15.0000
 
*
Stabylite X Breu Tipo X  
5.0000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WG  
15.0000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WW  
10.0000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WG  
10.0000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WW  
5.0000
 
*
Breu Tipo WG X Breu Tipo WW  
5.0000
 
*
  * significante ao nível de a (0,01) = 2.7730 ns= não significante

 

Pela análise da Tabela XII, verifica-se que os cimentos obtidos a partir de diferentes tipos de breus (Tipo X, WG e WW), e das resinas hidrogenadas (Stabylite éster 10 e Stabylite) apresentaram resultados estatisticamente diferentes entre si ao nível de 0,1%.
 
 

A Especificação de número 57 da American Dental Association preconiza que nenhum cimento obturador de canais radiculares deve apresentar contração superior a 1%.

Assim, com base nessa Especificação pode-se afirmar que os cimentos obtidos a partir dos pós que contêm diferentes resinas hidrogenadas (Stabylite éster 10 e Stabylite) apresentaram valores acima do preconizado pela especificação, contra-indicando o seu uso.

Os cimentos obtidos a partir dos pós que contêm diferentes tipos de breus (tipo X, WG e WW), apresentaram ligeira expansão.

SAVIOLI (1992) verificou ser o breu, empregado na composição dos cimentos do tipo GROSSMAN, responsável pela expansão do cimento. Esse fato explica os resultados obtidos nesse trabalho, uma vez que os cimentos obtidos a partir dos pós que contêm os diferentes tipos de breus na composição, promoveram expansão.

O breu contém maior quantidade de partículas inorgânicas do que a resina hidrogenada, visto que no processo de hidrogenação ocorre purificação do produto. Essa maior quantidade de partículas inorgânicas, demonstrada pelos valores da condutividade elétrica, (Tabela III) favorece maior reação com a água, que é absorvida.

Essa maior incorporação de água ao breu é uma das prováveis responsáveis pela expansão.

A Especificação 57 da ADA, no que diz respeito à estabilidade dimensional, preconiza que o limite máximo permitido é de 1% de contração, mas, não tece considerações sobre o quanto um cimento pode expandir.

Portanto, uma leve expansão, é preferível a uma leve contração, pois esta possibilita uma má adaptação do cimento às paredes dos canais radiculares, favorecendo a infiltração marginal de líqüidos.
 
 

SOLUBILIDADE E DESINTEGRAÇÃO
 
 

Os resultados obtidos a partir dos testes de solubilidade e desintegração estão na Tabela XIII.
 
 

TABELA XIII. Solubilidade e desintegração percentual dos cimentos testados.
 
Cimentos obtidos com os seguintes breus e resinas hidrogenadas
 
Variação percentual de peso
 
Média
 
Aproximação
Stabylite éster 10   5,15 4,95 5,09 5,12 5,14  
5,09
 
5,10
Stabylite   4,32 4,07 4,15 4,18 4,22  
4,19
 
4,20
Breu tipo X   2,95 2,98 3,05 3,01 2,85  
2,96
 
3,00
Breu tipo WG   2,80 2,75 2,80 2,79 2,82  
2,79
 
2,80
Breu tipo WW   3,10 3,09 3,22 -3,19 -3,12  
3,14
 
3,10

 

Os testes de normalidade, realizados com os dados originais (massa em miligramas) indicaram tratar-se de uma distribuição não-normal, que conduziu à aplicação do teste de Kruskal-Wallis, o qual indicou significância ao nível de 1% para uma probabilidade de H0 de 0,02%, para H de 23,0859.

A seguir, compararam-se as médias dos postos das amostras dos cimentos testados (Tabela XIV).
 
 
TABELA XIV. Solubilidade e desintegração: Comparação entre as médias dos postos das amostras dos cimentos testados.
Amostras comparadas

(duas a duas)

 
Diferenças entre médias
 
Significância
Stabylite éster 10 X Stabylite  
5.0000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo X  
15.0000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WG  
20.0000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WW  
10.0000
 
*
Stabylite X Breu Tipo X  
15.0000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WG  
5.0000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WW  
5.0000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WG  
5.0000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WW  
5.0000
 
*
Breu Tipo WG X Breu Tipo WW  
10.0000
 
*
  * Significante ao nível de a (0,01) = 2.8307 ns= não significante

 

Pela análise da Tabela XIV, observa-se que as interações entre os cimentos obtidos a partir de diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas apresentaram diferenças estatísticas entre si significantes ao nível de 0,1%.

Observa-se claramente que tanto os cimentos obtidos a partir de breus quanto de resinas hidrogenadas apresentam solubilidade e desintegração.

Ordenando os resultados obtidos no teste de solubilidade e desintegração, em ordem crescente, têm-se o seguinte: breu tipo G, breu tipo X, breu tipo WW, resina Stabylite e Stabylite éster 10.

A Especificação 57 da ADA tolera 3% como o valor máximo de solubilidade e desintegração. Assim, o cimento do tipo GROSSMAN obtido a partir do breu tipo WG apresentou o menor grau de solubilidade e desintegração (2,79%), seguido do cimento obtido a partir do breu tipo X (2,96%). Esses dois tipos de breus poderiam ser aceitos na produção de cimentos endodônticos, os demais devem ser contra-indicados, principalmente as resinas hidrogenadas, por apresentarem valores acima do permitido pela ADA.

SAVIOLI (1992) observou que o cimento obtido a partir do pó composto de óxido de zinco e breu tipo X apresentava solubilidade e desintegração em torno de 2,31%, e que a adição de 1% de tetraborato de sódio anidro elevava a solubilidade e desintegração para 2,84%.

O cimento obtido com o breu tipo X, tendo o tetraborato de sódio anidro na fórmula, apresentou solubilidade de 2,96%, bem próximo do resultado obtido por SAVIOLI (1992).

A solubilidade e desintegração dos cimentos tipo GROSSMAN podem ser devidas à adição do tetraborato de sódio anidro em suas formulações, uma vez que esse produto químico é altamente solúvel em água. E, além disso, a massa perdida pelos cimentos obtidos a partir do breu é devida à solubilização dos ions, que são evidenciados pelos maiores valores de condutividade elétrica dos breus tipo X, WG e WW.

A desintegração dos cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas deve-se ao fato de que no processo de hidrogenação há eliminação de ions. A saturação das ligações favorece o despreendimento de partículas.

Apesar da Especificação 57 da ADA chamar o teste de solubilidade e desintegração, sabe-se que esses processos são independentes.

A solubilidade consiste na capacidade que tem uma substância de se dissolver em outra, expressa pela concentração da solução saturada da primeira na segunda.

A desintegração é o ato ou efeito de desintegrar-se, separar de um todo.

Na solubilidade, não existe partícula em suspensão (o solvente permanece límpido), enquanto que na desintegração existe a liberação de partículas do corpo de prova, que ficam em suspensão (o solvente torna-se turvo).

Nos cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas, observamos que o solvente apresentava partículas em suspensão, ou seja, sofreram desintegração. As amostras obtidas a partir dos breus não apresentavam desintegração, mas sim solubilização.

Como deseja-se obter um cimento obturador de canal radicular que sofra o menos possível tanto solubilidade como desintegração, a Especificação 57 da ADA abrangeu em um só teste as duas situações.

SOUSA NETO (1994) observou, quando da a adição de óleos vegetais ao eugenol, um aumento da solubilidade e desintegração do cimento tipo GROSSMAN.

Com base nos estudos realizados pode-se ressaltar que o uso do breu na composição do pó do cimento de GROSSMAN e a utilização do eugenol puro (SOUSA NETO, 1994) favorecem a obtenção de um cimento com menor taxa de solubilidade e desintegração.

Para melhorar, ainda mais, o cimento tipo GROSSMAN no que diz respeito a solubilidade e desintegração deve-se pesquisar a real necessidade de usar o tetraborato de sódio anidro como retardador do endurecimento, uma vez que esta substância é muito solúvel em água.

Apesar do tetraborato de sódio anidro ser um execelente retardador da reação química entre o óxido de zinco e o eugenol ele é muito solúvel em meio aquoso, o que dá ao cimento de GROSSMAN resultados ruins no que diz respeito aos testes de solubilidade e desintegração.

Com base nos testes de solubilidade e desintegração dos cimentos de GROSSMAN aqui estudados, com diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas, pode-se afirmar o seguinte: o breu tipo WG possibilita obter um cimento de GROSSMAN com menor taxa de solubilidade e desintegração que os demais breus e resinas hidrogenadas estudadas.
 
 

ADESIVIDADE
 
 

A adesividade dos cimentos obturadores testados foi calculada baseando-se na resistência à tensão de tração exercida sobre o corpo de prova.

Para realizar os cálculos utilizou-se o sistema internacional, onde "força" é expressa em Newton; "massa" é expressa em Kg e o "comprimento" em metros.

A Máquina Universal de Ensaios MEM-2000, fornece os dados em Kgf, necessário para o deslocamento de cada corpo de prova, para cada cimento testado. Realizou-se cinco repetições para cada cimento e os valores estão testados na Tabela XV.
 
 

TABELA XV. Forças necessárias para deslocar os cimentos testados da dentina.

Cimentos obtidos com os seguintes breus e resinas hidrogenadas
 
Kgf
 
Média
Stabylite éster 10  
0,2 0,2 0,1 0,2 0,3
 
0,2
Stabylite  
0,3 0,5 0,5 0,4 0,3
 
0,4
Breu tipo X  
1,2 1,9 1,8 2,0 2,1
 
1,8
Breu tipo WG  
2,5 2,8 2,7 3,0 2,9
 
2,8
Breu tipo WW  
1,4 0,8 0,9 1,5 1,6
 
1,2

 

Os valores da Tabela XV foram transformados em Newton e, para isto, multiplicou-se cada dado por 9,807, uma vez que 1 Kgf é igual a 9,807 Newtons. Os resultados em Newtons estão listados na Tabela XVI.
 
 

TABELA XVI. Forças de tração em N (newton) necessárias para deslocar os cimentos testados.
Cimentos obtidos com os seguintes breus e resinas hidrogenadas
 
Newton
 
Média
Stabylite éster 10   1,9614 1,9614 0,9807 1,9614 2,9421  
1,9614
Stabylite   2,9421 4,9035 4,9035 3,9228 2,9421  
3,9228
Breu tipo X   11,7684 18,6333 17,6526 19,614 20,5947  
17,6526
Breu tipo WG   24,5175 27,4596 26,4789 29,4211 28,4403  
27,2635
Breu tipo WW   13,7298 7,8456 8,8263 14,7105 15,6912  
12,1607

 

Para avaliar a Tensão de Tração (s ), com o objetivo de universalizar os resultados, aplicou-se a seguinte fórmula ( I ):
 
 

s = F
    A

 

Onde [s] é a tração em Mega Pascal, [ F] é o valor da Força em Newton, [A] é a área da superfície em metro quadrado.

Como os cilindros que continham os cimentos obturadores testados apresentavam um diâmetro de 6 mm (0,006 m), calculou-se a área da secção transversal por meio da equação (II).
 
 

A = p R2 Equação (II)

onde:

A= Área de secção transversal do cilindro que contém o cimento,

R= Raio

p = 3.1416.

Assim, a área determinada é constante e igual a 2,8274.10-5 m2.
 
 

A seguir, com a área determinada e constante, e utilizando-se a equação I, determinou-se os valores de Tensão de Tração em Mega-Pascal (Mpa) necessários para o deslocamento dos cimentos da dentina. Os valores estão expressos na Tabela XVI .
 
 

TABELA XVI. Valores da tensão de tração em Mpa (Mega-Pascal) necessários para deslocar os cimentos da dentina.
Cimentos obtidos com os seguintes breus e resinas hidrogenadas
 
Tensão de Tração
 
Média
Stabylite éster 10  
0.07 0,07 0,02 0,07 0,10
 
0,07
Stabylite  
0,10 0,17 0,17 0,14 0,10
 
0,13
Breu tipo X  
0,42 0,66 0,63 0,70 0,73
 
0,62
Breu tipo WG  
0,87 0,98 0,94 1,05 1,01
 
0,96
Breu tipo WW  
0,49 0,28 0,31 0,52 0,56
 
0,43

 

A força de tração é uma grandeza vetorial composta de intensidade, direção e sentido. A tensão de tração é uma grandeza escalar composta apenas de intensidade.

Considerando que a adesividade do cimento é diretamente proporcional à tensão de tração, pode-se, então, afirmar que a adesão será maior tanto quanto maior for a tensão de tração necessária para o deslocamento do corpo de prova contendo o cimento testado.

Após as determinações das tensões de tração necessárias para deslocar os materiais cimentados na dentina, foram realizados os estudos dos parâmetros amostrais que evidenciaram ser a distribuição não normal, o que conduziu à aplicação do teste de Kruskal-Wallis. Este indicou significância ao nível de 1% para uma probabilidade de H0 de 0,02%, para um valor (H) calculado de 22.49.

Procedeu-se então à realização das comparações das médias dos postos das amostras, analisadas pelo teste de Kruskal-Wallis, que pode ser visto na Tabela XVII.
 
 
TABELA XVII. Adesividade: Comparação entre as médias dos postos das amostras dos cimentos.
Amostras comparadas

(duas a duas)

 
Diferenças entre médias
 
Significância

(%)

Stabylite éster 10 X Stabylite  
4.6000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo X  
14.2000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WG  
19.8000
 
*
Stabylite éster 10 X Breu Tipo WW  
10.4000
 
*
Stabylite X Breu Tipo X  
9.6000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WG  
15.2000
 
*
Stabylite X Breu Tipo WW  
5.8000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WG  
5.6000
 
*
Breu Tipo X X Breu Tipo WW  
3.8000
 
*
Breu Tipo WG X Breu Tipo WW  
9.4000
 
*
  * Significante ao nível de a (0,01) = 3.6323

 

Com os resultados, observa-se que o cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas apresentaram diferença estatística significante ao nível de 1% em relação aos cimentos obtidos a partir dos breus tipo X, WG e WW.

Com base nos resultados dos testes de Kruskal-Wallis pode-se ordenar os cimentos testados, obtidos dos diferentes tipos de resinas hidrogenadas e breus, em ordem crescente, ou seja, do que apresenta menor adesão para o de maior adesão: resina Stabylite éster 10, resina Stabylite, breu tipo WW, breu tipo X e breu tipo WG.

Nesse trabalho ficou claro que os diferentes tipos de breus estudados conferiram aos cimentos maior capacidade de adesão do que as resinas hidrogenadas.

No que diz respeito aos tipos de breus, observa-se que o cimento obtido a partir do breu tipo WG foi o mais eficaz em promover adesão.

Essa maior adesividade dos cimentos obtidos a partir dos diferentes tipos de breus em relação aos cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas deve-se, provavelmente, ao fato da alta condutividade elétrica dos breus. Os breus liberam maior quantidade de ions e têm maior afinidade com a dentina, que é constituída de alta concentração de substância inorgânica.

A Especificação número 57 da American Dental Association, não incluiu a adesividade entre as propriedades físicas, por não existir até a presente data uma uniformidade metodológica.

Assim, para o estudo da adesividade dos cimentos obturadores de canais radiculares tem-se utilizado o método de adesão proposto por GROSSMAN (1976) ou o método que utiliza a Máquina Universal de Ensaios proposto por Æ RSTAVIK et al (1983).

A nosso ver, o teste de adesão aferido pela Máquina Universal de Ensaios nos experimentos promove uma maior uniformidade e reprodutibilidade, facilitando a obtenção de dados mais precisos.

Os valores da tensão de tração expressos em MPa (Mega-Pascal) favorecem a comparação dos resultados, uma vez que é uma unidade aceita internacionalmente.

Preocupamo-nos em utilizar nesse ensaio de tração um dispositivo oscilante entre a célula de carga e a garra (Figura 8.4abc). Isto evita a aplicação de excentricidade de força à parte sensível da célula, eliminando erros de medição.

A adesividade dos cimentos obturadores dos canais radiculares foi calculada baseando-se na resistência à tensão de tração exercida sobre o corpo de prova.
 
 

CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
 

No Brasil, até o final da década de 80, os conceitos de qualidade eram pouco difundidos e estavam restritos às indústrias. A partir do início da década de 90, o consumidor final percebeu que estes benefícios também deveriam ser estentidos a ele, e que não deveriam ficar limitados somente aos produtos industriais, mas deveriam ser aplicados também aos serviços de uma forma geral.

Somado a isso, a publicação do CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (1991) provocou muita controvérsia quanto à sua aplicação para o cirurgião-dentista, assim como para outros profissionais liberais. No entanto, no consultório, o cirurgião-dentista é um prestador de serviços e, por esse motivo, é enquadrado no referido código.

Baseados na mudança de comportamento e exigência da sociedade, os cirurgiões-dentistas passaram a ser cobrados pela qualidade do tratamento executado.

Com base nessa nova realidade, os cirurgiões-dentistas devem exigir que os materiais por eles utilizados sejam submetidos a um rigoroso controle de qualidade.

Para que um tratamento odontológico tenha sucesso, além da técnica empregada, a qualidade dos materiais utilizados é de suma importância. Diante disso, o pesquisador passou a ter papel fundamental na realização de trabalhos científicos que sirvam de subsídios para que a indústria possa produzir produtos que satisfaçam as exigências técnicas, biológicas e estéticas.

Dentro dessa filosofia, muito se tem pesquisado, no campo da Endodontia, com o intuito de buscar um material obturador dos canais radiculares que seja ideal sob os aspectos físico-químico, biológico e antimicrobiano.

No que diz respeito às propriedades físico-químicas dos cimentos obturadores de canais radiculares, os professores do Laboratório de Pesquisa em Endodontia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo têm realizado pesquisas no sentido de avaliar a qualidade dos produtos presentes no mercado nacional, SAVIOLI (1992), SILVA (1992), FIDEL (1993), SOUSA NETO (1994), SILVA (1997).

Antes da publicação da Especificação número 57 da American Dental Association (1983), os testes para avaliação das propriedades de um cimento obturador de canais radiculares não eram padronizados e esse fato resultava em grande dificuldade em se comparar as pesquisas. Com a padronização dos testes pela ADA, os resultados obtidos por diferentes pesquisadores puderam ser comparados e deram maior confiabilidade às pesquisas.

No presente trabalho, verificou-se que diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas influenciam na relação pó-líqüido. Os cimentos obtidos a partir da resina hidrogenada apresentaram maior relação pó-líqüido devido ao fato de que as resinas apresentam menor caráter inorgânico, observado pela baixa condutividade. Este fato faz com que a resina solubilize-se mais rapidamente no eugenol, permitindo maior incorporação do pó ao líqüido.

Em relação ao escoamento, os cimentos obtidos a partir dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas apresentaram-se dentro da norma 57 da ADA.

Pode-se observar que o tempo de endurecimento sofre interferência dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas pesquisados. Os breus apresentam pH mais ácido que as resinas hidrogenadas. Esse pH mais ácido confere maior concentração hidrogeniônica, acelerando a reação química do óxido de zinco com o eugenol.

Por outro lado, as resinas hidrogenadas apresentam pH menos ácido e baixa condutividade, propiciando uma reação química muito lenta entre o óxido de zinco e o eugenol.

As resinas hidrogenadas e os breus utilizados nesse trabalho, tamisados na malha 100, produziram cimentos tipo GROSSMAN que não interferem na espessura do filme e preenchem a Especificação 57 da ADA.

No que diz respeito ao teste de estabilidade dimensional, os cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas Stabylite éster 10 e Stabylite apresentaram valores de contração acima dos permitido pela Especificação 57 da ADA.

Os cimentos tipo GROSSMAN obtidos a partir dos breus tipo X, WG e WW apresentaram expansão, sendo que o tipo X apresentou o menor grau de expansão.

Nota-se que a Especificação 57 da ADA permite uma contração máxima de um cimento na ordem de 1%, mas não diz quanto um material pode expandir. Pode-se salientar que a contração de um cimento é um fator indesejável, porém uma grande expansão também o é.

Assim, o preferível seria um cimento estável dimensionalmente. Como isso ainda é impossível de se obter, a Especificação da ADA deveria apresentar uma faixa de contração e expansão permitida.

Observou-se que o cimento tipo GROSSMAN obtido a partir do breu tipo WG apresentou o menor grau de solubilidade e desintegração (2,79%), seguido do cimento obtido a partir do breu tipo X (2,96%). Os cimentos obtidos a partir do breu tipo WW e das resinas Stabylite éster 10 e Stabylite apresentaram maior grau de solubilidade e desintegração, ultrapassando o valor máximo permitido pela Especificação de número 57 da ADA.

Levando em consideração as propriedades estabilidade dimensional e solubilidade e desintegração, parece lógico contra-indicar a adição do breu tipo WW e das resinas hidrogenadas Stabylite éster 10 e Stabylite na formulação do pó do cimento de GROSSMAN.

No que concerne à adesividade dos cimentos tipo GROSSMAN aviados com diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas pode-se salientar que há uma grande variação nos resultados.

Os cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas estudadas apresentam baixa adesão e este fato está relacionado à baixa condutividade, porque tem poucos ions presentes para favorecer a adesão à dentina.

Ao contrário, os breus produzem cimentos com maior adesividade, principalmente o breu tipo WG, que apresenta alta condutividade.

Com o objetivo de ilustrar de modo simplificado, se os cimentos obtidos a partir dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas testados preenchem ou não as propriedades físico-químicas estudadas, construiu-se a tabela XVII.
 
 
 
 
 
 

TABELA XVIII. Enquadramento dos cimentos testados quanto as propriedades físico-químicas estudadas.
 
 

 
Escoamento
Tempo de endurecimento
Espessura do filme
Estabilidade dimensional
Solubili-dade
Adesivi

dade

Stabylite éster 10
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Baixa
Stabylite
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Baixa
Breu tipo X
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Alta
Breu tipo WG
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Alta
Breu tipo WW 
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Alta

 

Analisando os cimentos produzidos com os diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas ilustrados na Tabela XVIII pode-se afirmar que os breus tipo X e tipo WG preenchem todas as necessidades das propriedades físicas estudadas e, assim devem ser indicados para o aviamento dos cimentos tipo GROSSMAN.
 
 

CONCLUSÕES
 
 

Com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos pode-se concluir que:
 
 

1. Os breus tipo X, tipo WG e tipo WW apresentam pH mais ácido que as resinas hidrogenadas Stabylite éster 10 e Stabylite.

2. Os breus tipo X, tipo WG e do tipo WW apresentam alta condutividade em relação às resinas hidrogenadas Stabylite éster 10 e Stabylite.

3. Os cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas apresentam maior relação pó-líqüido do que os cimentos obtidos a partir dos breus (tipo X, WG e WW)

3.1. O pH dos breus e resinas hidrogenadas influencia na relação pó-líqüido. Quanto maior o pH, menor a relação pó-líqüido. 4. Os cimentos preparados com diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas apresentam escoamento que satisfaz a Especificação 57 da ADA. 4.1. Os cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas apresentam escoamento próximo ao limite estabelecido.

4.2. Os cimentos obtidos a partir do breu tipo WG apresentam maior escoamento que os cimentos preparados com o breu tipo X e o tipo WW.

5. Diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas influenciam no tempo de endurecimento dos cimentos. 5.1. Quanto mais ácido é o breu maior é a velocidade da reação de endurecimento do cimento.

5.2. A ordenação crescente do tempo de endurecimento, dos cimentos obtidos a partir de diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas, é a seguinte: breu tipo WW, breu tipo WG, breu tipo X, Stabylite éster 10 e Stabylite.

6. A espessura do filme dos cimentos testados não sofre interferência dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas utilizados no aviamento das fórmulas estudadas. Todos preenchem a especificação 57 da ADA.

7. Os cimentos obtidos a partir dos pós que contêm resina hidrogenada nas suas composições apresentam valores de contração acima da especificação. Os cimentos obtidos a partir dos pós que contêm diferentes tipos de breus (tipo X, WG e WW) sofrem expansão.

8. A propriedade de solubilidade e desintegração sofre influência dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas utilizados para o aviamento da fórmula do cimento de GROSSMAN.

8.1. Os cimentos de GROSSMAN obtidos a partir do breu tipo WW e das resinas Stabylite éster 10 e Stabylite apresentam-se com maior grau de solubilidade e desintegração.

8.2. O cimento do tipo GROSSMAN obtido com breu tipo WG apresenta o menor grau de solubilidade e desintegração, seguido do cimento obtido a partir do breu tipo X.

9. Os cimentos obtidos a partir do breu apresentam maior adesividade em relação aos cimentos obtidos a partir das resinas hidrogenadas. 9.1. O breu tipo WG possibilita a obtenção do cimento tipo GROSSMAN com maior capacidade de adesão do que os cimentos produzidos com o breu tipo X e tipo WW.

RESUMO
 
 

No presente estudo, analisou-se o efeito da adição de diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas ao pó do cimento de GROSSMAN sobre as seguintes propriedades físico-químicas: escoamento, tempo de endurecimento, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração, espessura do filme e adesividade.

Os experimentos foram realizados de acordo com a Especificação 57 para materiais obturadores de canais radiculares da American Dental Association (ADA), à exceção dos testes de adesividade,que foram realizados.utilizando uma máquina de tração universal. Para esta análise, foram aviados pós do cimento de GROSSMAN com diferentes tipos de breus (X, WW e WG) e resinas hidrogenadas (Stabylite e Stabylite éster 10).

Foram analisados a condutividade e o pH dos diferentes tipos de breus e resinas hidrogenadas que foram submetidos aos testes das propriedades físico-químicas, verificando que o pH mais ácido acelera a reação de endurecimento e que a condutividade influencia nos teste de estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração e adesividade.

Os estudos das propriedades físico-químicas dos cimentos tipo GROSSMAN obtidos a partir da resina hidrogenada Stabylite e Stabylite éster 10 evidenciou que a solubilidade e desintegração e a estabilidade dimensional apresentaram valores acima daqueles aceito pela Especificação 57 da ADA. A utilização do breu tipo X e do tipo WG na composição do pó favoreceram a obtenção de um material com propriedades físico-químicas bem superiores àquelas obtidas a partir do breu tipo WW e resinas hidrogenadas Stabylite e Stabylite éster 10.
 
 
 
 

SUMMARY
 

In the present study we investigate the effect of the addition of different types of rosin and hydrogenated resins to GROSSMAN cement powder on the following physicochemical properties: flow, hardening time, dimensional stability, solubility-disintegration, film thickness and adhesiveness.

The experiments were carried out according to Specification 57 of the American Dental Association (ADA) for root canal filling materials, except for the adhesiveness tests that were carried out using a universal traction machine. For this analysis, GROSSMAN cement powders were mixed with different types of rosin (X, WG, and WW) and hydrogenated resins (Stabylite and Stabylite ester 10).

The conductivity and pH of the different types of rosins and hydrogenated resins submitted to testing of phisicochemical properties were analyzed an the more acid ph was found to accelerate the hardening reaction and conductivity wasfound to affect the tests of dimensional stability, solubility-disintegration and adhesiveness.

The study of phisicochemicalproperties of GROSSMAN cements obtained with the hydrogenated resins Stabylite and Stabylite ester 10 demonstrated that the solubility-disinetegration and the dimensional stability presented values above those accepted by Specification 57 of the ADA. The use of X and WG rosins in the composition of the powder favors the production of as material with phisicochemical properties much superior of those of WW rosin ans Stabylite and Stabylite ester 10 resins.
 
 
 

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