UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE
RIBEIRÃO PRETO

    TESE DE LIVRE DOCÊNCIA

ESTUDO DA ADESIVIDADE DE ALGUNS CIMENTOS OBTURADORES DOS CANAIS RADICULARES

The adhesion of several endodontic root canal sealers

 
Prof. Dr.RICARDO GARIBA SILVA
gariba@forp.usp.br


Tese de Livre Docência  apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Livre-Docente. RIBEIRÃO PRETO 1996, 92p.

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Pesquisa em Endodontia do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
 
Resumo | Summary | Introdução | Revisão da Literatura | Material e Método | Resultados e Discussão | Conclusões | Referências

 
 
 
 

INTRODUÇÃO
 
 

Os profissionais da Odontologia e militantes nas suas diversas áreas de pesquisa têm procurado estudar os mais variados aspectos concernentes ao mais variados assuntos relacionados com o exercício dessa nobre profissão. Procura-se, incansavelmente, explicações para as ocorrências profissionais não completamente elucidadas, melhoria e aprimoramento dos conhecimentos e pontos de vista profissionais, desenvolvimento contínuo dos materiais e instrumentais relacionados à prática odontológica.

Com a Endodontia, divisão meramente acadêmica do conceito global Odontologia, não ocorre situação diferente. Nas suas mais diversas áreas de pesquisa, os profissionais que atuam nesse segmento da Odontologia procuram melhorar seus conhecimentos e otimizar as suas atuações, bem como dos materiais e instrumentais utilizados nessa área considerada especialidade odontológica.

Parece questão incontroversa na literatura endodôntica a necessidade de se obturar o canal radicular de forma hermética. LEONARDO & LEAL (1991) afirmam que obturar um canal radicular significa preenchê-lo em toda a sua extensão com um material inerte e antisséptico, obtendo assim o selamento o mais hermético possível daquele espaço, de modo a não interferir e, se possível e melhor, estimular o processo de reparo apical e periapical, que deve ocorrer após o tratamento endodôntico radical.

O objetivo da obturação de um canal radicular consiste em manter o tecido periapical sadio (BUCKLEY, 1929). Segundo o autor, devido à impossibilidade de se esterilizar toda a massa canalicular da dentina, as extremidades internas dos canalículos devem ser hermeticamente seladas para prevenir a infecção ou reinfecção dos tecidos periapicais.

A História da Odontologia, reproduzida pelas letras de PRINZ (1912), registra a obturação dos canais radiculares desde os tempos remotos da prática conservadora dessa ciência, refletindo a preocupação nesse sentido dos profissionais da Odontologia.

McELROY (1955) descreveu, no seu trabalho, uma série de substâncias que foram utilizadas para obturar hermeticamente os canais radiculares, objetivo esse que já preocupava os profissionais da Odontologia do século passado, mais precisamente em 1840.

As pesquisas foram evoluindo, até que se introduzissem a maioria dos materiais disponíveis no mercado para a obturação dos canais radiculares.

CALLAHAN (1914) utilizou a placa de guta-percha associada ao clorofórmio, a qual, após ligeira modificação, foi proposta sob a forma de um cone sólido de guta-percha associado à essa solução química. A resina vegetal guta-percha é um material que, nos dias atuais, é amplamente utilizado para os mais variados fins na Odontologia, notadamente como material obturador dos canais radiculares, associada a outras substâncias. McELROY (1955) revela, no seu trabalho, que a guta-percha foi introduzida na Singapura, por José D’Almedia, a partir de observação do seu uso pelos nativos daquela localidade. Segundo o autor, o material em tela tem coloração próxima ao branco, quando em estado natural, é difícil de cortar e não possui resistência. A sua temperatura de plastificação está compreendida no intervalo de 50 a 70 graus centígrados. É insolúvel em água, soluções salinas ou alcalinas e ácidos diluídos, ao passo que é atacada pelos ácidos concentrados nítrico e sulfúrico. O ácido nítrico provoca a sua efervescência e faz com que ela perca as suas propriedades. Absorve o oxigênio lentamente quando exposta ao ar e à luz, tornando-se endurecida e quebradiça. Do ponto de vista químico, a guta-percha é um politerpeno e hidrocarboneto polimerizado.

MOLNAR & SKINNER (1942) relatam a introdução do cimento oxicloreto de zinco na Odontologia, no ano de 1856, por SOREL, sendo que esse material, tempos depois, foi utilizado na obturação final do canal radicular, associado a substâncias que modificam as suas características, adequando-o para tal finalidade.

PRINZ (1912) delineia o objetivo principal da obturação do canal radicular, qual seja, a reposição perfeita da polpa dental destruída por um material sólido, que não se altere e que seja inerte. A não obturação completa do canal radicular permite a infiltração de plasma, o qual servirá de substrato para os microrganismos presentes no interior dos canalículos dentinários de um canal já infectado. Em canais onde a infecção ainda não ocorreu, ela pode se dar pela via endógena, por meio da circulação. Com base nas afirmações do autor, que cita os estudos de MILLER, DUNNING e outros pesquisadores, juntamente com as afirmações de GROSSMAN (1958), BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982), é possível listar uma série de características que os cimentos obturadores devem possuir:

  1. não deve ser agente putrefativo
  2. deve ter qualidades antissépticas permanentes
  3. deve ser de fácil introdução no canal
  4. deve ser biocompatível
  5. não deve descolorir as estruturas dentais
  6. não deve ser poroso e deve manter-se estável dimensionalmente
  7. deve ser de fácil remoção do interior do canal se necessário for
  8. deve obturar hermeticamente os canalículos dentinários e o forame apical contra a invasão bacteriana
  9. deve ser radiopaco
  10. deve apresentar boa adesão com as paredes do canal radicular
  11. deve possibilitar uma consistência satisfatória
Na prática, verifica-se a quase impossibilidade de que um material preencha todas as características desejáveis e ideais para um cimento obturador dos canais radiculares. O que normalmente ocorre é a prevalência de algumas delas em detrimento de outras.
 
 

Porém, apesar de, na prática, não existir ainda um material que só possua boas características, a atividade dos pesquisadores não pára, em busca de encontrar o melhor material possível para a finalidade desejada, ou seja, a obturação hermética dos canais radiculares. Com o intuito de se alcançar o melhor resultado possível, os autores propõem técnicas, materiais e discorrem sobre a parte filosófica do tratamento (LEVIN, 1902; TAYLER, 1902; HART, 1903; GIBBS, 1911; ABRAHAM, 1915; CRANE, 1926; GROVE, 1931; MOFFITT, 1932; ORBAN, 1932; CONRAD & RIDWAY, 1934).
 
 

Como em toda ciência, na Odontologia não poderia ser diferente: existem pessoas, pesquisadores que, pela sua obra, conduta e ensinamentos, escrevem, com áureas letras, os seus nomes nos anais da área do conhecimento onde militam. GROSSMAN é o exemplo acabado do que foi anteriormente escrito, ao prestar grandes serviços à Odontologia, particularmente à Endodontia. Um de seus feitos de grande repercussão foi o desenvolvimento de um cimento obturador dos canais radiculares que leva o seu nome. Até que se chegasse à fórmula final do material, percorreu o pesquisador algumas etapas. Em 1936, preconizou a utilização de um cimento à base de óxido de zinco e eugenol que contém prata, devido às propriedades oligodinâmicas desse metal. Em 1958, sensível ao problema apresentado pela oxidação da prata e alteração cromática dos elementos dentais devido aos compostos sulfetos formados, o pesquisador preconizou o uso de um outro cimento obturador, de cuja fórmula foi banida a prata. Novas modificações foram propostas por GROSSMAN em 1974, que alterou a fórmula de 1958 e defendeu a fórmula que é utilizada até os dias atuais, sob diferentes marcas comerciais, mais conhecidos como Cimento de Grossman e é amplamente utilizado pelos profissionais brasileiros para a obturação dos canais radiculares (SAQUY, 1989).

Ao estabelecer o perfil ideal que um material obturador deve possuir, torna-se possível estabelecer os parâmetros ideais de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, bem como a avaliação daqueles já existentes no mercado. Assim pode-se dividir as suas propriedades e qualidades desejadas, para efeito didático, em físico-químicas, antimicrobianas e biológicas.

As características físico-químicas dos cimentos obturadores dos canais radiculares foram estudadas por HUMPHRY (1914), BUCHBINDER (1931), WALLACE & HANSEN (1939), MOLNAR & SKINNER (1942), GROSSMAN (1946), SKINNER & ZIEHM (1950), McELROY (1955), ZERLOTTI FILHO (1959), BRAUER (1958),NORMAN et alii (1958), MESSING (1961), PHILLIPS & LOVE (1961), BRAUER et alii (1962), NORMAN et alii (1964), COLEMAN & KIRK (1965), LEAL (1966), HIGGINBOTHAM (1967), BRAUER (1967), BRAUER et alii (1968), BATCHELOR & WILSON (1969), SIMÕES FILHO (1969), WEISSMAN (1970), WILSON & BATCHELOR (1970), EL-TAHAWI & CRAIG (1971), WIENER & SCHILDER (1971), GROSSMAN (1976), McCOMB & SMITH (1976), BENATTI et alii (1978), BOSCOLO et alii (1979), FRAGOLA et alii (1979), FRAUNHOFER & BRANSTETTER (1982), GROSSMAN (1982), BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982), SAMPAIO et alii (1982), ØRSTAVIK (1983), ZYTKIEVITZ et alii (1985), HYDE (1986) , WENNBERG & ØRSTAVIK (1990), SAVIOLI (1992), SILVA (1992), FIDEL (1993), SOUSA NETO (1994), SILVA et alii (1994), SAVIOLI et alii (1994), FIDEL et alii (1994), FIDEL et alii (1994), SILVA et alii (1994), SILVA et alii (1995), SAVIOLI et alii (1995), FIDEL et alii (1995), FIDEL et alii (1995) e FIDEL et alii (1995).

Preocuparam-se com as propriedades e qualidades antimicrobianas os pesquisadores BARTELS (1947), ØRSTAVIK (1981), MOORER & GENET (1982), OGATA et alii (1982) e ØRSTAVIK (1988), dentre outros.

O aspecto biológico foi tema dos trabalhos dos pesquisadores HOLLAND et alii (1971), RODRIGUES et alii (1975), MOHAMMAD et alii (1978), HOLLAND et alii (1983), HENSTERN-PETTERSEN & ØRSTAVIK (1985) e outros mais.

Os pesquisadores e estudiosos, por meio dos seus estudos e trabalhos, avaliaram, sob os mais variados aspectos, os diferentes materiais obturadores dos canais radiculares que estão à disposição do profissional da Odontologia. Porém, verifica-se uma carência na avaliação das propriedades físicas dos materiais presentes no mercado nacional, o que permite que novos estudos a respeito delas sejam realizados.



 

REVISTA DA LITERATURA

Ao observar a literatura pertinente à Odontologia em geral e à Endodontia em particular, observa-se a incessante busca de um material obturador dos canais radiculares, com o intuito de se chegar a um material ideal. Com esse fim, várias pesquisas foram realizadas ao longo dos anos, cujo objetivo era testar os materiais já em uso, ou então propor novos agentes obturadores, inéditos até o momento. Isso fez com que surgissem uma infinidade de cimentos obturadores, cujo propósito era o salientado: obturar hermeticamente os canais radiculares.

Verifica-se que a necessidade da obturação do canal radicular é uma verdade quase histórica na Odontologia (PRINZ, 1912). Pesquisadores preocuparam-se com esse problema e tentaram resolvê-lo, desenvolvendo técnicas e materiais para esse fim durante o decorrer dos anos, tentando encontrar o melhor resultado possível para o que estudavam. TOMES (1893), tecendo comentários escritos sobre um método de obturação da raiz, faz abordagens sobre algumas características que os cimentos obturadores devem possuir. Eles devem ser de fácil inserção no interior do canal radicular, pois eles têm que ser introduzidos no interior de canais estreitos e tortuosos. Ao mesmo tempo, devem ser de fácil remoção, uma vez que é impossível assegurar sucesso constante da terapia em dentes necrosados. Eles devem selar completamente a câmara pulpar, de modo que os fluidos não possam penetrar pelo forame apical. Continuando, os materiais devem ser suaves, de características não-irritantes, uma vez que, mesmo com todo o cuidado, o extravasamento de material pelo forame pode ocorrer. O primeiro cimento contendo eugenol foi introduzido por WESSLER em 1894 (MOLNAR & SKINNER, 1942). A utilização do bálsamo do Peru como material obturador do canal radicular foi preconizada por MAYRHOFER (1908). A técnica apregoada por esse autor foi duramente criticada pelos pesquisadores contemporâneos seus, devido às dificuldades que os profissionais tinham em introduzir esse material obturador no interior do canal radicular.

Os cimentos à base de óxido de zinco são utilizados na Odontologia nas últimas seis décadas, para os mais variados propósitos. Esses cimentos nada mais são do que fórmulas adaptadas às circunstâncias e às necessidades vigentes na época do seu uso, derivadas do cimento inicialmente introduzido em 1855 por SOREL (apud MOLNAR & SKINNER, 1942).

PRINZ (1912) preconizou a obturação do canal radicular com um composto que contém parafina. O autor descreve a técnica para o seu uso e enumera as vantagens do referido material como cimento obturador do canal radicular.

CALLAHAN (1914) preconizou o uso de uma solução de resina dissolvida em clorofórmio para o selamento dos canalículos dentinários e como um coadjuvante na obturação dos canais radiculares. Ele diz ser a técnica simples, fácil, rápida e tem certeza do selamento de todos os canalículos e foramens que se encontram abertos. O autor enfatiza também a necessidade de um correto preparo do canal radicular para a melhor realização dos procedimentos.

HUMPHRY (1914) estudou a ação do óleo de cravo e de outros óleos sobre as pontas de guta-percha, encontrando o seguinte: o óleo de eucalipto e o creosoto dissolvem a guta-percha, o óleo de cravo e o óleo de caju não causam nenhuma alteração.

RICKERT (1927) mostra-se preocupado com os problemas que afligem a nossa profissão. Em relação à obturação do canal radicular, o autor comenta sobre a necessidade imediata, com evidências inquestionáveis, de se melhorar a técnica de obturação do canal radicular. Caso contrário, deveríamos abandonar a prática profissional. O autor, nesse mesmo documento, registra a composição da massa após o endurecimento do cimento obturador do canal radicular que ele utilizava: prata 24,74 %; óxido de zinco 34,00 %; bi-iodo de bi-timol (Aristol) 10,55 %; oleoresinas 30,71 %.

FISHER (1927) fez veicular um artigo de sua autoria na principal publicação destinada à literatura odontológica de sua época: o The Dental Cosmos. O autor abordou alguns fatores a serem considerados na determinação do tipo ideal de material obturador do canal radicular, com resultados práticos. Continuando, foram listadas algumas necessidades clínicas de um material a ser utilizado com essa finalidade: o material deve ser capaz de selar a extremidade da raiz, deve ser não irritante, estável volumetricamente, de fácil adaptabilidade, capaz de ser esterilizado, deve ser insolúvel e impermeável nos fluidos tissulares, deve ser radiopaco, não deve provocar alteração de cor na estrutura dental, deve ser capaz de ser rapidamente removido. Parece que essas necessidades são reais até o atual momento.

PUTERBAUGH (1928) publicou um texto muito importante a respeito de materiais obturadores dos canais radiculares, abrangendo conceitos que são atuais mesmo nos dias de hoje. O autor tece considerações sobre a necessidade de um correto preparo da região cervical do canal para que se possa ter um acesso adequado à sua região apical. Depois, ele enfatiza a necessidade de uma obturação hermética do canal radicular. Posteriormente, são abordadas as características que um material obturador deve possuir, tais como biocompatibilidade e serem de fácil remoção caso haja necessidade. A não incorporação de agentes antissépticos é defendida pelo autor, defendendo ele a manutenção de uma rigorosa cadeia asséptica a fim de evitar essa necessidade. Concluindo o seu trabalho, PUTERBAUGH diz que os materiais devem ser inteligentemente escolhidos para se adaptarem às condições de cada caso.

BUCHBINDER (1931) investigou a contração de alguns materiais obturadores. O método utilizado no estudo consistia em preencher tubos de vidro com os materiais a serem testados e imergi-los em água com corante. À medida que o material deslocava-se das paredes dos tubos de vidro, formavam-se bolhas de ar visíveis e ocorria a penetração de água corada ali. Os materiais testados foram a combinação eucaliptol/fragmentos de guta-percha/calor, como preconizada por BLACK; a associação clorofórmio/guta-percha preconizada por RHEIN; a associação clorofórmio/resina/guta-percha preconizada por CALLAHAN e o cimento, com algumas combinações de fórmula, preconizado por RICKERT. Este último apresentou uma contração bem menor do que os outros métodos de obturação citados anteriormente. O autor escreve também que um material obturador, para ser utilizado no interior do canal radicular, deve ser radiopaco, não deve apresentar contração, deve ser capaz de ser introduzido e adaptado no interior do canal sem sobreobturação, deve ser solúvel em clorofórmio e xilol. Ele deve também ser antisséptico e não-irritante. Segundo a ótica de BUCHBINDER, parece que o cimento desenvolvido pelo Dr. U. G. RICKERT, de Michigan, satisfaz a maioria dessas necessidades.

GROSSMAN (1936) inicia a sua trajetória de preconização do uso de substâncias para serem utilizadas como cimentos obturadores do canal radicular. Inicialmente, ele propõe o uso de um cimento que contém prata na sua composição, discorrendo sobre as propriedades oligodinâmicas desse metal. Seguindo, lista os requisitos que um material obturador do canal radicular deve possuir e aponta as vantagens da utilização do cone de prata associado a um cimento obturador adequado. O autor preconiza a utilização de um cimento que deu a ele resultados satisfatórios, após testes clínicos: Pó : Prata pulverizada (# 300), 2 partes; Resina pulverizada (# 300) 3 partes; Óxido de zinco, 4 partes. Líquido: Eugenol 9 partes e Solução de cloreto de zinco 4 % 1 parte.
Agitar vigorosamente antes de usar. O cimento endurece após 6 a 8 horas.

WALLACE & HANSEN (1939) realizaram estudos que representaram, a seu ver, os estudos iniciais para determinar as propriedades de endurecimento e o mecanismo como isso se processa, dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, de misturas compostas essencialmente de óxido de zinco, resina e eugenol. Realizada a parte experimental, os pesquisadores fizeram constatações pertinentes. O aumento da umidade ou da temperatura no momento da manipulação dos materiais tende a diminuir o tempo de endurecimento. O endurecimento é dependente, até certo ponto, das qualidades físicas e químicas da resina e outros constituintes dos cimentos.

MOLNAR & SKINNER (1942) estudaram algumas variáveis que afetam o tempo de endurecimento dos cimentos à base de óxido de zinco-resina-eugenol: composição do pó, composição do líquido e o uso de vários aceleradores. Ficou demonstrado que se faz necessário o uso de um acelerador no material, uma vez que os vários líquidos utilizados não conseguiram proporcionar um tempo de endurecimento suficientemente curto. Vários sais metálicos foram aceleradores eficientes, tais como acetatos, cloretos e nitratos. Sugeriu-se que os sais de baixa solubilidade reduziriam a solubilidade do cimento endurecido. As resinas, naturais ou sintéticas, não podem ser substituídas por resina hidrogenada natural. A resina apresentou-se como sendo necessária para que ocorra um tempo de endurecimento curto.

PUCCI (1945) marcou a sua época, publicando um livro considerado até hoje como um marco histórico da Odontologia latino-americana. Nele, encontramos as informações que se seguem. O óxido de zinco é um pó branco ou branco-amarelado, amorfo, finíssimo e inodoro. É obtido pela combustão do zinco metálico na presença de ar, ou por calcinação do hidróxido de zinco, carbonato de zinco e nitrato de zinco. É insolúvel em água e em álcool. O óxido de zinco para uso odontológico deve ser quimicamente puro, livre de impurezas como o arsênico. Sobre o eugenol, o autor escreve ser ele um fenol aromático, que se obtém do óleo de cravo. Trata-se de um líquido incolor ou ligeiramente amarelado, sendo pouco solúvel em água e solúvel em álcool, clorofórmio e éter. Possui baixa tensão superficial. Apresenta afinidade pelas gorduras.

GROSSMAN (1946), a exemplo de PUCCI no ano anterior, publicou um excelente livro sobre a terapia dos canais radiculares. Ali pudemos encontrar algumas informações sobre a guta-percha. Ela é obtida por meio da coagulação dos exsudatos das árvores encontradas no arquipélago da Malásia. Assemelha-se à borracha tanto na composição química como em algumas características físicas.

A qualidade da guta-percha usada na Odontologia depende dos seus processos de refinamento e da adição de outras substâncias químicas, tais como óxido de zinco, sulfato de bário e corantes. É flexível à temperatura ambiente e torna-se plástica à temperatura de 60 graus centígrados. A adição de óleos essenciais tal como o eucaliptol torna-a ligeiramente solúvel, deixando a sua superfície plastificada. O material em foco é, ainda, muito solúvel em clorofórmio, éter e xilol. Esses solventes são utilizados durante a remoção das obturações de canais radiculares previamente obturados com cones de guta-percha.

BARTELS (1947) realizou uma importante pesquisa investigando a ação do eugenol, do óxido de zinco e do cimento de óxido de zinco e eugenol sobre os microrganismos Staphylococcus citreus, Staphylococcus aureus, Staphylococcus albus, Monilia albicans, B. subtilis, B. proteus, B. pyocianeus e E. coli, constatando ter o eugenol um efeito inibitório contra o crescimento desses microrganismos, com exceção do B. pyocianeus. O cimento de óxido de zinco e eugenol apresentou ação semelhante. Porém, o óxido de zinco em pó não apresentou ação de inibição contra o crescimento dos microrganismos utilizados.

BADAN (1949) escreveu o seu nome na história da Odontologia nacional. Ele utilizou um cimento obturador de canais radiculares denominado comercialmente de Alfa Canal, cuja fórmula se segue: Pó: Óxido de zinco tolubalsamizado, 80 g; Óxido de zinco (Farmacopéia brasileira) 90 g .Líquido: Timol, l5 g; Hidrato de Cloral, l5 g; Bálsamo de Tolu 2 g; Acetona, 10 g.

SKINNER & ZIEHM (1950) estudaram algumas propriedades físicas das pastas de moldagem à base de óxido de zinco e eugenol. Embora esse material não seja especificamente aquele ao qual dedicamos os nossos estudos e trabalhos, os autores tecem considerações que, guardadas as devidas proporções, poderiam ser transportadas para o estudo que iríamos realizar. Inicialmente, eles escrevem que a combinação do óxido de zinco, eugenol, resina e um acelerador é aparentemente essencial aos compostos desse tipo que devem endurecer após decorrido um intervalo de tempo razoável e estar de acordo com as condições clínicas desejadas de manipulação. As conclusões que os pesquisadores chegaram são de que, geralmente, o tempo de manipulação tornou-se menor com um aumento na temperatura e quantidade de umidade. Os tempo de endurecimento das pastas foram menores, salvo exceções, à temperatura corporal do que quando comparados àqueles ocorridos à temperatura ambiente.

McELROY (1955) estudou as propriedades físicas de alguns dos materiais obturadores do canal radicular, listados a seguir: guta-percha, composto obturador de WACH, Kerr sealer, cloropercha, clorofórmio-resina de CALLAHAN, Silv-o-dent, Neo-balsam, Perma-fix, composto de RICKERT, Sterident e Cargenon. Pesquisou-se as suas alterações volumétricas e porosidades. A guta-percha bem condensada, e nos casos de sua combinação com os produtos de WACH, Neo-balsam e de RICKERT, apresentou alteração volumétrica mínima. Os materiais que empregaram a guta-percha modificada pelo clorofórmio, denominada cloropercha, e a sua associação com clorofórmio e resina apresentaram a maior alteração em volume. O composto de WACH foi o menos poroso e a cloropercha a mais porosa dos materiais testados.

INGLE (1956) enfatiza a importância da qualidade da obturação do canal radicular como fator de sucesso do tratamento empreendido e relaciona a maioria dos fracassos do tratamento endodôntico com a falha na obturação adequada do canal. Parece, assim, ficar evidente o papel da obturação do canal em relação ao sucesso do tratamento.

ZERLOTTI FILHO (1959) realizou um estudo visando obter melhores informações sobre as propriedades dos cimentos e pastas empregadas nas obturações dos condutos radiculares. Foram realizados diversos testes em laboratório, envolvendo os seguintes produtos comerciais: Alfacanal, Banifoco-Eugenol-Werni, Banifoco-Eugenol White, Iodo-Argentol, Óxido de Zinco-Eugenol-White, Óxido de Zinco Titan-Eugenol Werni, Oxpara, Piocidina, Piocedere, ProcoSol, Postolene e Septocanal. O estudo foi dividido em cinco etapas:Teste de coagulação Protoplasmática, Permeabilidade, pH, Poder germicida, Tempo de endurecimento.

Os óxidos de zinco, nas suas respectivas associações, apresentaram pH entre 4.8 e 5. Esses materiais apresentaram tempo de trabalho, determinado subjetivamente, sem rigor metodológico, maior do que 2 horas. O tempo de endurecimento foi de 42-43 horas para o Óxido de Zinco-Eugenol-White e de 29-32 horas para o Óxido de Zinco Titan-Eugenol Werni.

NORMAN et alii (1958) estudaram a solubilidade de uma série de cimentos odontológicos. Dentre os estudados, encontra-se o óxido de zinco e eugenol. Verificou-se que a adição de acetato de zinco na proporção de 1 por cento não teve efeito apreciável na solubilidade desse material, quando comparado com o cimento de óxido de zinco e eugenol puro.

BRAUER et alii (1958) afirmaram que as misturas à base de óxido de zinco e eugenol formam uma massa dura, consistente, que têm sido útil em um certo número de aplicações dentais. A massa endurecida consiste de óxido de zinco envolvido por uma matriz de um quelato eugenolato de zinco, que possui a seguinte fórmula : (C10H11O2)2Zn.

GROSSMAN (1958) preconiza o uso de um cimento que não mancha as estruturas dentais e que preenche, em grande parte, as propriedades esperadas de um cimento obturador do canal radicular: deve selar o canal hermeticamente; não deve alterar-se volumetricamente durante o endurecimento; deve aderir à superfície do canal, mesmo na presença de um pouco de umidade; deve ser bem tolerado pelos tecidos periapicais se extruído através do ápice; deve ter boas qualidades de trabalho quando manipulado; deve ser introduzido facilmente no interior do canal; deve dar ao operador tempo suficiente para fazer ajustes que forem necessários no cone de guta-percha ou cone de prata, antes do seu endurecimento inicial; deve endurecer no interior do canal radicular; não deve descolorir a estrutura dental; deve possuir algum efeito bactericida ou bacteriostático. A fórmula do cimento é a seguinte: Pó: Óxido de zinco 40 partes; Resina Staybelite 30 partes; Subcarbonato de Bismuto15 partes; Sulfato de Bário 15 partes. Líquido: Eugenol 5 partes; Óleo de Amêndoas Doces 1 parte.
Esse cimento possui suavidade quando se trabalha com ele, plasticidade, adesividade e radiopacidade. A resina Staybelite confere adesividade ao cimento. O subcarbonato de bismuto dá suavidade à mistura. O sulfato de bário proporciona maior radiopacidade ao material. O óleo de amêndoas doces retarda o endurecimento, de modo que o cimento demora 20 minutos, após o início da sua inserção no interior do canal, para que ocorra o seu endurecimento inicial. O eugenol deve ser novo e transparente. Quando ele está escurecido, encontra-se oxidado, absorveu umidade do ar e tende a acelerar o endurecimento do cimento. Quando misturado corretamente, o cimento é branco, de aspecto cremoso, suave e sem grânulos grandes. Deve-se enfatizar que a qualidade final do material depende da pureza dos ingredientes utilizados, da sua formulação, e do cuidado dispensado durante a manipulação do cimento.

KUTTLER (1960) enfatiza a importância da obturação do canal radicular para o sucesso do seu tratamento. Estabelece correlações com as outras áreas de conhecimento envolvidas no tratamento endodôntico, citando alguns aspectos que contribuíam para um resultado final menos satisfatório.

MESSING (1961) escreve que a resistência à compressão de um cimento varia consideravelmente, dependendo do método de mistura, da natureza dos constituintes e do tempo decorrido da mistura. O cimento à base de óxido de zinco e eugenol não possui adesividade e tende a ser friável, de modo que ele pode fraturar sob estresse. O autor investigou algumas propriedades de um cimento à base de óxido de zinco e eugenol reforçado com poliestireno. Essas propriedades estão escritas a seguir: tempo de endurecimento, resistência à compressão, solubilidade, dureza, estrutura cristal, propriedades seladoras e eficiência clínica.

PHILLIPS & LOVE (1961) estudaram o efeito que a adição de certas substâncias provocam nas propriedades físicas das misturas à base de óxido de zinco e eugenol. Avaliaram-se a resistência à compressão, de acordo com a Especificação Número 8 da American Dental Association para cimento fosfato de zinco, solubilidade, espessura do filme e tempo de endurecimento. A adição do ácido o-etoxibenzóico (EBA) em partes iguais com o eugenol produziu significantes aumentos na resistência à compressão do material estudado. Ele aumentou simultaneamente a solubilidade e diminuiu o tempo de endurecimento. As adições de acetato de zinco e de sílica aumentaram ligeiramente a solubilidade. O acetato de zinco acelerou o endurecimento de todos os materiais. Concluindo, os autores estabeleceram que o efeito exato dos agentes adicionados às misturas de óxido de zinco e eugenol depende da combinação particular empregada e da propriedade que está sendo avaliada.

GROSSMAN (1962) fez algumas observações sobre a obturação do canal radicular. Detectando algumas deficiências no cimento de RICKERT que, a seu ver, endurecia muito rápido e provocava coloração escura no dente, o autor elaborou um cimento de endurecimento mais lento em 1936, cuja fórmula sofreria alterações para que houvesse um retardamento no tempo de endurecimento, e tinha também a vantagem de não colorir o dente. Posteriormente, o autor diz ter publicado a fórmula seguinte: Pó: Óxido de zinco PA 200 g, Resina Staybelite 125 g; Subnitrato de Bismuto 75 g, Sulfato de Bário 75 g, Borato de sódio, 25 g; Líquido: Eugenol 5 partes, Azeite de Amêndoas doces 1 parte.

Nas instruções para a correta manipulação do produto, GROSSMAN recomenda que o pó deve ser incorporado ao líquido muito lentamente, demorando em torno de 3 minutos na mistura de cada gota. Quando a espatulação for realizada de forma correta, a consistência do cimento deve ser tal que, ao levantar a espátula, o cimento a ela aderido demore de 10 a 15 segundos para cair; ainda mais, quando a superfície plana da espátula for colocada sobre a mistura e levantada lentamente da placa de vidro, deverá formar um fio de cimento de pelo menos uma polegada, que une a espátula à massa de cimento que está sobre essa placa.

BRAUER et alii (1962) constataram que a incorporação de resina, resina hidrogenada, quartzo fundido, e/ou óxidos metálicos, tais como óxido de mercúrio ou óxido de chumbo, com o pó do óxido de zinco na mistura óxido de zinco-ácido o-etoxibenzóico (EBA) - eugenol reduziu em grandes proporções a solubilidade e desintegração na água dos cimentos. Os cimentos que possuíam uma relação pó-líquido mais alta proporcionaram rápidos tempos de endurecimento e resistências à compressão melhoradas. As composições mais favoráveis utilizaram uma relação pó-líquido de 2.80-3.70 g de pó por 0.40 ml de líquido e endureceram em poucos minutos, dando cimentos com solubilidade e desintegração desprezíveis e resistência à fragmentação variando de 8000 a 11700 psi. Para chegar a esses dados, os autores utilizaram os procedimentos recomendados pela Especificação Número 9 da American Dental Association.

NORMAN et alii (1964) investigaram o efeito de uma variável específica, ou seja, do tamanho das partículas do pó, sobre o tempo de endurecimento, resistência à compressão, solubilidade e resistência à abrasão do cimento de óxido de zinco e eugenol. Incluiu-se no trabalho também a pesquisa sobre os efeitos da proporção pó/líquido e de alguns aditivos sobre os cimentos. O tamanho das partículas do pó de óxido de zinco teve efeito considerável sobre o tempo de endurecimento e pouca influência sobre a resistência à compressão, solubilidade e resistência à abrasão do óxido de zinco e eugenol. Partículas menores endurecem mais rapidamente do que as maiores. O tamanho das partículas e a relação pó-líquido não afetaram a resistência à compressão do material, sendo que nesse particular, os maiores valores foram obtidos com as partículas menores. As partículas maiores proporcionaram cimentos com maior desintegração, o mesmo ocorrendo em relação à solubilidade dos cimentos com aditivos.

COLEMAN & KIRK (1965) testaram as propriedades de alguns cimentos à base de óxido de zinco e eugenol modificados e as compararam com aquelas do cimento de óxido de zinco e eugenol normal e com o fosfato de zinco. Isso foi feito devido a esses tipos de cimento estarem sendo propostos para a utilização em várias situações, incluindo como cimentos obturadores de canal. Avaliou-se, no trabalho, as propriedades como manipulação, tempo de endurecimento, espessura do filme, solubilidade, resistência à compressão e tolerância tecidual dos materiais. Segundo os autores, os cimentos provaram ser satisfatórios para o uso, dentre outras coisas, como obturadores do canal radicular. Os resultados mostraram também que os tamanhos das partículas do pó dos cimentos de óxido de zinco e eugenol são diretamente proporcionais ao tempo de endurecimento desses cimentos.

LEAL (1966) estudou a influência que a variação da proporção pó-líquido e o tempo de armazenagem podiam ter sobre a infiltração de uma solução corante ocorrida em alguns materiais usados na obturação de canais radiculares. Os materiais testados foram: Alfa Canal, Cimento de Óxido de Zinco e eugenol, Oxpara e Piocidina. Analisou-se também o efeito que as mesmas variáveis poderiam ter sobre o comportamento dimensional desses materiais. Eles se mostraram permeáveis, em graus variados, à solução corante utilizada nos trabalhos. A profundidade de penetração da solução corante foi influenciada de modo significante pela proporção pó-líquido. Essa profundidade aumentou à medida que o tempo passava, embora tivesse sido mais acentuada nas primeiras horas. Os materiais Alfa Canal e Oxpara apresentaram contração durante a realização dos experimentos, que diminuiu paralelamente com o aumento da proporção pó-líquido, e intensificou com o correr do tempo. O Óxido de Zinco e eugenol e a Piocidina mostraram-se razoavelmente estáveis quanto à estabilidade dimensional.

HIGGINBOTHAM (1967) investigou as propriedades físicas relativas de um grupo de materiais obturadores do canal radicular disponíveis no comércio. Analisou-se as propriedades tempo de endurecimento, espessura do filme, solubilidade, radiopacidade e capacidade seladora dos materiais. Utilizou-se para a realização dos trabalhos os seguintes materiais: Antiseptic pulp canal sealer (Kerr), Tubliseal (Kerr), Diaket (Premier), ProcoSol (ProcoSol) e Kloroperka N-0 (Union Broach). O tempo de endurecimento e a espessura do filme foram determinados de acordo com a Especificação Número 8 da American Dental Association. Houve diferenças no tempo de endurecimento dos materiais, porém todos apresentaram um tempo de trabalho suficiente. A espessura do filme variou de 0.083 mm (Tubliseal) a 0.433 mm (Diaket). A solubilidade dos materiais em água variou de 0.11 % a 0.72 %. Para se determinar a capacidade seladora dos materiais, utilizou-se o método de detecção da infiltração do Ca45 por meio de autorradiografias. Os resultados sugeriram a importância do uso de uma técnica cuidadosa de condensação quando da obturação do canal para se alcançar um selamento eficiente.

BRAUER (1967) explica que os estudos detalhados sobre o mecanismo de endurecimento dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol foram realizados apenas durante os últimos 20 anos. Estudos prévios indicam que o corpo endurecido resultante de misturas equimolares de óxido de zinco e eugenol consistem de óxido de zinco envolvido em uma matriz de cristais longos, à semelhança de uma cobertura, do quelato eugenolato de zinco, com qualquer excesso de eugenol sendo sorvido por ambos, ou seja, tanto pelo eugenolato como pelo óxido de zinco. O eugenol, continua o autor, reage não apenas com o óxido de zinco, mas também com óxidos de outros elementos do Grupo II da tabela periódica (MgO, CaO, BaO, CdO, HgO) e com o chumbo (PbO) para formar materiais cimentantes. A formação dos cimentos é acelerada pela substituição do MgO ou CaO pelo ZnO. Entretanto, os produtos resultantes são bastantes solúveis em água. Cimentos de propriedades físicas melhoradas são obtidos com CdO, HgO, BaO ou PbO, mas o efeito desses óxidos, geralmente biologicamente indesejáveis, sobre os tecidos não foi determinado. Quando mistura-se os cimentos de óxido de zinco e eugenol, a incorporação da quantidade máxima de pó com o líquido, dentro de uma consistência passível de utilização, é uma boa prática. Assim, o pó estará em grande excesso no cimento endurecido. Concluindo, os cimentos de óxido de zinco e eugenol modificados (contendo EBA), que tiveram algumas propriedades físicas estudadas, parecem ser satisfatórios para o uso como cimentos obturadores do canal radicular, dentre outras coisas.

BRAUER et alii (1968) realizaram um estudo para determinar se o reforço de alumina melhoraria as propriedades dos cimentos dentais que contém o ácido o-etoxibenzóico (EBA). A adição dos derivados de resina aumentou a solubilidade e diminuiu a resistência à compressão dos produtos resultantes. A adição de resina hidrogenada até 8 % melhorou as características da mistura, reduziu os valores da solubilidade e desintegração, mas aumentou o tempo de endurecimento de 5 para 10 minutos. A resistência à compressão diminuiu quando o conteúdo de resina hidrogenada foi maior do que 2 %.

BATCHELOR & WILSON (1969) estudaram os efeitos da temperatura e umidade presentes durante a preparação dos cimentos de óxido de zinco e eugenol sobre a consistência e tempo de endurecimento desses cimentos. Estudou-se seis marcas comerciais diferentes. A consistência dos materiais foi determinada seguindo-se uma especificação da FDI para cimentos de silicato. Estudou-se a influência da temperatura e da umidade da sala de manipulação dos cimentos sobre a consistência, utilizando duas relações pó/líquido diferentes. Segundo os autores, os cimentos de óxido de zinco e eugenol são um grupo diversificado de materiais, possivelmente devido aos métodos utilizados na preparação do pó de óxido de zinco e na variação de outros aditivos empregados.

A consistência e o tempo de endurecimento são relacionadas. Ambas são medidas do desenvolvimento de resistência e são mutuamente afetadas por fatores que afetam a velocidade da reação de endurecimento. O óxido de zinco hidratado é essencial para a produção de um cimento de óxido de zinco e eugenol. A hidratação ocorre facilmente com a presença da umidade do ar. Deduziu-se então que a hidratação do óxido de zinco constitui uma parte integral do processo de endurecimento. O papel e a influência da água no curso da reação deve ser atribuído à natureza iônica da reação de quelação entre os ions eugenolato e zinco em alguma forma para produzir eugenolato de zinco. A água é necessária para a geração da reação iônica e também para agir como um solvente dessa reação. Os ions eugenolato serão gerados a partir do eugenol em contato com a umidade porque o eugenol possui um grupo fenólico. A água também é necessária à hidratação do pó de óxido de zinco e a subsequente hidrólise do hidrato ativo para uma forma iônica. Uma vez que o óxido de zinco é de caráter mais básico do que ácido, a sua cadeia irá adquirir uma carga positiva devido à ionização dos grupos superficiais hidroxilas. A adição de ácidos ao eugenol tem o mesmo efeito, uma vez que a taxa de hidrólise depende da concentração do íon hidrogênio. Concluindo o seu estudo, os autores afirmam que, em qualquer trabalho com os cimentos de óxido de zinco e eugenol, as condições atmosféricas do laboratório no momento da manipulação do material devem ser rigidamente controladas, se desejarmos obter resultados com significado, comparativos e quantitativos. As permissões de variação da temperatura e da umidade relativa do ar devem estar entre mais ou menos 1 grau centígrado e 2 %, respectivamente, diferindo dos outros cimentos odontológicos. Isso se deve ao efeito combinado da temperatura e umidade.

SIMÕES FILHO (1969) estudou os níveis de solubilidade e desintegração em água destilada, dos seguintes materiais utilizados na obturação do canal radicular: pasta Alpha Canal, Pyocidina, cimento de óxido de zinco e eugenol e Fillcanal. As influências que as variáveis "variação da proporção pó-líquido" e fator "tempo de espatulação" possam ter sobre a solubilidade e desintegração dos materiais estudados foram avaliadas. Os estudos revelaram que os materiais apresentaram níveis variáveis de solubilidade e desintegração, tendo a proporção pó-líquido influído de modo significante sobre as propriedades dos materiais. Geralmente, o aumento dessa proporção provocou uma queda na solubilidade e desintegração dos materiais estudados. Ela foi mais acentuada nas primeiras 24 horas para a Pyocidina, e nos primeiros sete dias para os demais materiais. A partir desses tempos e nos respectivos materiais, a solubilidade e desintegração mostrou uma tendência a diminuir e estabilizar-se.

WEISSMAN (1970) comparou o escoamento de dez cimentos obturadores do canal radicular. O estudo "in vitro" utilizou uma pipeta de vidro ultra-fina, de 0.19 mm de diâmetro, que simulou um canal radicular. Os materiais testados foram: AH 26, Diaket, Grossman's sealer n. 811 (Roth), Grossman's sealer n. 812 (Roth), Kerr's pulp canal sealer - Rickert's Formula, Kerr's Tubliseal, Kloroperka N-0, ProcoSol root canal sealer, Pulpdent root canal sealer - Greenberg Formula e "ZOC" Root Canal Mixture. Todos os dez materiais escoaram, analisados sob as condições do estudo empreendido. As taxas de escoamento variaram de 0.36 mm a 2.2 mm por segundo. Os resultados obtidos com os cimentos de fórmulas de Grossman, que diferenciaram entre si apenas quanto ao tamanho das partículas, permitiram ao autor concluir que o tamanho das partículas desempenha um papel importante na capacidade do cimento escoar. Parece haver uma relação entre a espessura do filme e a taxa de escoamento. As taxas de escoamento, expressas em milímetros por segundo, estabeleceram uma ordenação de materiais, em valor ascendente: ProcoSol, Diaket, AH 26, Roth's 812, Kerr's sealer, Kloroperka N-0, Roth's 811, Kerr's Tubliseal, "ZOC" e Pulpdent. O escoamento, medido em milímetros, que representou o quanto o cimento penetrou na pipeta, permitiu a elaboração de uma outra ordem ascendente de materiais, determinada pelos valores médios: ProcoSol, Diaket, Roth's 812, AH 26, Kerr's pulp canal sealer, Kloroperka N-0, Roth's 811, Kerr's Tubliseal, "ZOC" e Pulpdent.

WILSON & BATCHELOR (1970) escreveram que a desintegração dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol no meio aquoso e' conseqüência da perda contínua do eugenol da matriz do cimento. Isso ocorre por lixiviação. O quelato eugenolato de zinco é de baixa estabilidade, e o equilíbrio entre ele, o eugenol, e o óxido de zinco contidos no cimento é transtornado quando o eugenol é removido por lixiviação aquosa. Conseqüentemente, a matriz hidrolisa progressivamente o eugenol e o óxido de zinco. O cimento então perde a força mecânica e se desintegra. Os autores avaliaram o teste de determinação da solubilidade e desintegração para esse cimento dental e concluíram que ele dá uma visão incompleta da durabilidade do cimento, porque o eugenol volátil é perdido e, por conseguinte, não é mensurado. Vale mencionar que o teste avaliado pelos autores difere daquele integrante na Especificação Número 57 da American Dental Association.

EL-TAHAWI & CRAIG (1971) estabeleceram as transições térmicas características dos materiais à base de óxido de zinco e eugenol, para compará-las àquelas do eugenolato de zinco, e para estudar o efeito da adição de ácido o-etoxibenzóico (EBA), de grandes quantidades de acelerador, e de resina na formação do eugenolato de zinco. O endurecimento das misturas de óxido de zinco e eugenol sem aceleradores, ou daquelas com acelerador em concentração menor do que 1 % de acetato de zinco, resultou na formação de apenas traços, quando eles existiam, dos cristais de eugenolato de zinco, concluindo que o endurecimento dos cimentos não era devido à essa fase cristalina. O endurecimento das misturas tinha duas exotermias na região de exotermia do eugenolato de zinco, o que pode indicar a formação de uma massa amorfa de eugenolato de zinco. A adição de resina aos cimentos que continham EBA interferiu na formação do eugenolato de zinco cristalino.

HOLLAND et alii (1971) estudaram a reação tecidual do tecido conjuntivo subcutâneo de rato quando realizaram-se implantes de tubos de polietileno, preenchidos parcial ou totalmente com os materiais Alfa Canal, Trim-Canal, Fillcanal, Composto de Wach, Óxido de zinco e eugenol, N2 e Pyocidina. Os resultados obtidos quando os tubos foram preenchidos totalmente com os materiais testados evidenciaram a presença de processo inflamatório, sendo o mais extenso aquele apresentado pelo óxido de zinco e eugenol. Quando preencheu-se parcialmente os tubos, os processos inflamatórios resultantes foram mais suaves em todos os casos estudados. Concluiu-se que a obturação do canal radicular deve ficar aquém do forame apical.

WEINER & SCHILDER (1971) investigaram as alterações dimensionais após o endurecimento de nove cimentos. Avaliaram-se, em um estudo qualitativo e quantitativo, os seguintes materiais: Kerr antiseptic pulp canal sealer, Kerr Tubliseal, Roth N. 501, Roth N. 511, Roth N. 601, ProcoSol nonstaining root canal cement, ProcoSol radiopaque silver root canal cement, Roth N. 801 e o AH 26. Os autores salientaram que as condições dos estudos não tinham o objetivo de simular as condições clínicas. Nenhum dos resultados poderia ser interpretado como um comentário direto do desempenho clínico de qualquer cimento testado. Os tempos de endurecimento dos materiais apresentaram grandes variações, sob condições idênticas de temperatura e umidade relativa do ar. As alterações das condições ambientais, ou seja, da temperatura e da umidade relativa do ar, provocaram alterações marcantes nos tempos de endurecimento dos cimentos. Os aumentos da temperatura provocaram diminuição do tempo aferido. Todos os cimentos apresentaram contração, observada qualitativamente e quantificada por meio de perda de volume. Concluindo, os pesquisadores enfatizam a necessidade da padronização dos métodos para estudar-se os cimentos obturadores do canal, com a adoção de especificações pela American Dental Association.

SAMPAIO (1972) preconizou o uso do cimento de Rickert, em cuja fórmula é acrescida a delta-hidrocortisona a 2 por cento. Esse novo material é chamado de N-Rickert e, segundo o pesquisador, apresenta boa tolerância tecidual e não sofre mudanças volumétricas apreciáveis.

GROSSMAN (1974) publicou a fórmula do cimento que leva o seu nome e que, após promover alterações sucessivas a partir da primeira composição que preconizou, apresenta os seguintes constituintes: Pó: Óxido de Zinco 42 partes; Resina Staybelite 27 partes, Subcarbonato de Bismuto 15 partes, Sulfato de Bário 15 partes; Borato de Sódio anidro 1 parte. Líquido: Eugenol.
Esse cimento, comenta o autor, apresenta a maioria das propriedades desejáveis que um material obturador deve possuir, mas não todas. Essa composição proporciona ao profissional o tempo adequado para realizar uma radiografia e ajustar o cone quando for necessário. A qualidade da resina utilizada influencia o tempo de endurecimento do cimento. Ele não começa a endurecer antes de decorridos 10 minutos após a sua manipulação, propiciando um tempo amplo para a obturação do canal. O cimento endurece sobre a placa após 6 a 8 horas. O seu endurecimento no interior do canal tem início passados 10 minutos do início da manipulação, atingindo o endurecimento total após 30 minutos, devido à umidade existente nos canalículos dentinários. O material em pauta é bem tolerado pelo tecido periapical mesmo quando extruído através do forame apical, mas deve-se evitar a sobreobturação. A propriedade endurecedora do cimento variará com os componentes utilizados, com a quantidade de umidade presente no pó de óxido de zinco, e até com a quantidade de umidade da atmosfera no momento da preparação do pó ou quando o cimento é manipulado. Quanto maior for a umidade, mais rapidamente o cimento endurece. Não se deve utilizar mais do que duas gotas de líquido de uma única vez. Isso proporcionará uma quantidade de cimento suficiente para obturar os canais de um dente multirradicular. O cimento é manipulado sobre uma placa de vidro lisa, espatulando-o durante três minutos para cada gota de eugenol utilizada, até que se obtenha uma consistência espessa uniforme.

O material, após manipulado e ajuntado na espátula, não deve cair dela durante 10 a 15 segundos. Quando se coloca a espátula sobre a massa amolecida que se encontra sobre a placa e a levanta, o cimento deve proporcionar a formação de um "fio" de material que une a espátula à massa, de uma polegada, que se rompe e cai sobre si mesmo. Pode haver, acidentalmente, uma pequena quantidade de umidade no interior do canal, o que acelerará o endurecimento do material em discussão, mas não interferirá com a sua adesividade ou endurecimento. Obviamente, todo o esforço deve ser empreendido para se obter a secagem do canal antes de obturá-lo.

RODRIGUES et alii (1975) avaliaram a citotoxicidade, utilizando células HeLa, de três cimentos à base de óxido de zinco e eugenol mais utilizados no Brasil. Os autores verificaram que o óxido de zinco e eugenol são, per se, altamente tóxicos, provocando morte celular. O óxido de zinco em água destilada foi atóxico, concluindo ser o eugenol o principal irritante, mas outros componentes podem aumentar a toxidez dos materiais estudados.

Autoridade no assunto, novamente GROSSMAN (1976) estudou algumas propriedades físicas dos cimentos obturadores do canal radicular, ou seja, o tamanho das partículas, escoamento, tempo de endurecimento, adesão e alteração dimensional. O tamanho das partículas foi avaliado para determinar o seu efeito sobre o tempo de endurecimento e escoamento. O escoamento, ou seja, a consistência do cimento manipulado que irá capacitá-lo a penetrar nas pequenas irregularidades da dentina, é um fator importante na obturação dos canais laterais e ou acessórios. O tempo de endurecimento foi estudado para determinar se o operador vai ter tempo suficiente para ajustar o(s) cone(s) de guta-percha ou de prata no interior do(s) canal(is) radicular(es), se necessário for. Isso é particularmente importante quando se obtura dentes multirradiculares. A adesão, ou seja, a ligação física do cimento com a parede do canal, foi determinada porque ela é uma propriedade desejável de um cimento. Finalmente, a alteração dimensional do cimento foi determinada pela infiltração de um corante ao seu redor. Os materiais testados foram: AH26, Diaket, Kerr sealer, Mynol, N2, N2 no-lead, ProcoSol (non-staining), RC2B, Roth 801, Roth 811, Tubliseal e cimento de óxido de zinco e eugenol. Continuando, o autor faz revelações de grande valia para qualquer estudioso das propriedades físicas dos cimentos obturadores do canal radicular. Os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, na sua maioria, possuem uma certa porcentagem de resina sintética ou natural. Vários deles contém subnitrato de bismuto para acelerar o seu endurecimento, enquanto outros contém borato de sódio para retardá-lo. Há ainda aqueles outros que contém ambos os ingredientes para conseguir um balanceamento entre um tempo de endurecimento muito rápido e outro muito lento. Nesse estudo, não houve correlação entre o tamanho das partículas e o tempo de endurecimento. Quanto menor o tamanho da partícula, mais fácil é de se manipular o cimento, tomando menor tempo, e a mistura é mais suave e escoa melhor. As propriedades de escoamento de um cimento dependem em parte dos ingredientes que o compõem, e em parte do tempo de endurecimento. Isso é particularmente pertinente ao escoamento dos cimentos no interior do canal radicular, onde o tempo de endurecimento é grandemente acelerado, quando comparado ao tempo de endurecimento do cimento sobre a placa de vidro. O óxido de zinco comercial afeta variavelmente o tempo de endurecimento dos cimentos, dependendo do método da sua preparação química e da sua fonte de obtenção - se mineral ou a partir de misturas. A absorção do vapor do ar, tanto pelo óxido de zinco como pelo cimento obturador do canal, acelerará o tempo de endurecimento da mistura. Esse tempo não apresenta relação com o mesmo tempo medido no interior do canal radicular. Não apenas a temperatura e a umidade da boca aceleram o endurecimento do cimento no interior do canal, mas a pouca espessura do filme do cimento desempenha um papel importante. Um cimento que endurece no interior do canal radicular em poucos minutos pode ser um ponto desfavorável para o operador que necessitar de ajustes na obturação. Por outro lado, um cimento que endurece muito lentamente pode irritar os tecidos periapicais, devido a um excesso de eugenol que resulta em uma quelação incompleta ou pode servir de causa da contração do cimento. Segundo GROSSMAN, o tempo de endurecimento ideal, se é que ele existe, ainda não foi determinado. Concluindo, ele acha que as informações do seu trabalho podem ajudar o dentista clínico-geral ou o endodontista a entender melhor o material que estão utilizando.

McCOMB & SMITH (1976) avaliaram "in vitro" algumas propriedades físicas de nove cimentos obturadores do canal radicular e as compararam com as propriedades de dois cimentos endodônticos especialmente preparados, ambos com fórmulas à base de policarboxilato. As propriedades examinadas foram: escoamento, tempo de endurecimento, radiopacidade, adesão à dentina radicular, resistência à compressão e solubilidade. Usou-se a Especificação Número 8 da American Dental Association para cimentos fosfato de zinco para a avaliação do escoamento, tempo de endurecimento, resistência à compressão e solubilidade. Os cimento avaliados foram: Kerr antiseptic pulp canal sealer; Kerr Tubliseal; ProcoSol non-staining root canal cement; ProcoSol silver cement; PCA root canal sealer; Roth root canal cement n. 801; Roth root canal cement n. 511; Diaket root filling material e o AH 26. Os cimentos obturadores do canal radicular à base de óxido de zinco e eugenol foram tipicamente de baixa resistência e alta solubilidade, não apresentando ainda adesão à dentina, fato este que ocorreu também com o cimento à base de resina polivinílica Diaket. O cimento à base de resina epóxi AH 26 apresentou propriedades superiores em relação à resistência, escoamento, radiopacidade e adesão, embora tenha demonstrado uma alta solubilidade. Os cimentos à base de policarboxilato apresentaram uma adesão à dentina duas vezes maior do que aquela apresentada pelo AH 26. Uma grande variação nas propriedades dos materiais comerciais testados demonstrou a natureza empírica desses materiais obturadores.

COHEN & BURNS (1976) contra-indicam o uso de cimentos obturadores de canais radiculares que apresentam ions de metais pesados nas suas composições, bem como corticosteróides e paraformaldeído. Sobre os corticosteróides, eles afirmam ser esse tipo de agente farmacológico utilizado desnecessariamente para suprimir sintomas clínicos do pós-operatório. O paraformaldeído tem ação necrótica sobre os tecidos.

MOHAMMAD et alii (1978) estudaram a citotoxidade de alguns materiais obturadores do canal radicular, a saber: AH 26, RC-2B, GROSSMAN, ProcoSol, Tubliseal, Diaket, Wach, N2, Luk e Óxido de zinco e eugenol. Os cimentos RC-2B e N2 apresentaram-se como sendo os mais tóxicos e o cimento de GROSSMAN exibiu uma forte resposta citotóxica no início. Após noventa e seis horas, a reação diminuiu para um grau moderado. O ProcoSol e o AH 26 comportaram-se de modo semelhante. Os cimentos de óxido de zinco e eugenol, Diaket e Luk apresentaram uma reação inicial moderada, tornando-se menos tóxicos após noventa e seis horas. Os autores verificaram que as reações citotóxicas foram devidas mais às ações dos pós dos cimentos do que aos líquidos.

BENATTI et alii (1978) propuseram-se a estabelecer um critério para a obtenção da "consistência clínica ideal" de alguns materiais obturadores do canal radicular, a estabelecer um tempo de endurecimento e a verificar as alterações dimensionais desses materiais na "consistência clínica ideal" e em outras consistências. Os testes foram realizados a partir de adaptações da Especificação Número 8 do Grupo Brasileiro de Materiais Dentários para Materiais de Moldagem que utilizam como base o óxido de zinco e o eugenol. Os materiais estudados foram: Fillcanal, Endomethasone, Trimcanal, Alpha Canal e óxido de zinco e eugenol. Os autores concluíram ser a consistência clínica ideal alcançada após a completa homogeneização da mistura, devendo haver uma ligeira resistência durante a sua realização. Essa consistência referida é também alcançada quando a mistura, uma vez ajuntada pela espátula e mantida por ela longe da placa de vidro, ali permanece por 10 segundos sem cair. Ao colocar-se a espátula sobre a mistura, a consistência clínica ideal permite à mistura fazer com que haja uma aderência entre a placa e a espátula que, uma vez afastada esta última, permite que seja formado um fio de material de aproximadamente 2 cm antes de ele se romper. O tempo de endurecimento deu amplo tempo de trabalho para todos os materiais testados, exceção feita ao Alpha Canal. A alteração dimensional (contração) não foi significante quando usou-se a consistência clínica ideal. Apenas o Alpha Canal apresentou uma contração maior, quando comparado aos demais.

Finalizando suas conclusões, os pesquisadores escrevem que quanto mais fluida for a mistura, maior a contração. Isto claramente indica que quanto mais espessa a mistura, menor será a alteração dimensional.

BOSCOLO et alii (1979) estudaram a radiopacidade de oito cimentos obturadores dos canais radiculares: AH 26; Endomethasone; Tubliseal; ZOE (SS White); Fillcanal; Diaket-A; Trimcanal e Alphacanal. O método de avaliação utilizado é muito diferente daquele que posteriormente seria preconizado pela American Dental Association em 1983. O AH 26 apresentou a maior radiopacidade entre os estudados. O Endomethasone, Tubliseal e ZOE apresentaram uma maior radiopacidade do que os cimentos Fillcanal, Diaket-A, Trimcanal e Alpha Canal, diferença essa detectada junto ao fotodensitômetro.

FRAGOLA et alii (1979) investigaram o efeito do tamanho das partículas do cimento sobre o tempo de endurecimento, escoamento, densidade radiográfica e aspecto microscópico do cimento de Grossman. Os resultados mostraram que quanto menor o tamanho das partículas do pó, mais rápido ocorre o endurecimento. As partículas menores foram compactadas mais próximas umas das outras e apresentaram um alto grau de densidade. A reação de endurecimento do óxido de zinco e eugenol é essencialmente uma reação iônica ácido-base, com o eugenol servindo como doador de próton e o óxido de zinco-eugenol como o seu receptor. O hidrogênio fenólico no eugenol dimérico é substituído pelos ions de zinco para formar um quelato óxido de zinco-eugenol. A água é necessária para manter o eugenol hidratado e também para formar Zn(OH)2 , o qual é a fonte de ions de zinco. A velocidade da reação é afetada pelo conteúdo de vapor e umidade do ambiente. A capacidade do óxido de zinco de se hidratar está relacionada com o tamanho da partícula. À medida que o seu tamanho aumenta, a superfície do mesmo volume diminui. Em outras palavras, quanto maior o tamanho das partículas, menor é a superfície, que resulta em uma diminuição da reatividade e solubilidade da mistura. Partículas maiores dos cimentos à base de óxido de zinco endurecem mais vagarosamente, são menos reativas e proporcionam uma matriz menos homogênea do que os cimentos que contém partículas menores.

ØRSTAVIK (1981) publicou um trabalho que faz parte de uma série de estudos realizados pelo Instituto NIOM sobre as propriedades físicas, biológicas e clínicas dos materiais obturadores dos canais radiculares. As propriedades antibacterianas de 28 cimentos e pastas foram estudadas. Todos eles apresentaram alguma atividade antibacteriana, que foi altamente variável entre os diferentes materiais, os quais estão listados a seguir: AH 26, Biocalex, Cohen-Luks, Cresopate, Diaket, Diaket-A, Endomethasone, Eucaryl, Forfenan, Formocresol, Hermetic, Hydron, Kerr pulp canal sealer, Kloroperka N-0, Kloroperkka, Kri 1 paste, Mynol C-T, N2 Normal, N2 Universal, ProcoSol, Pulp dent root canal sealer, Tubliseal, UP, Óxido de Zinco e Eugenol e outras quatro modificações do cimento de óxido de zinco. A atividade antibacteriana foi maior quando os materiais encontravam-se no estado de mistura recente, do que quando a mistura era estocada e, por conseguinte, endurecia. Os compostos contendo formaldeído e paraformaldeído apresentaram o maior efeito testado.

BEYER-OLSEN & ØRSTAVIK (1981) apresentaram um novo método padronizado, reproduzível, de mensuração da radiopacidade dos materiais dentários. Essa mensuração faz comparações densitométricas de amostras padronizadas dos materiais com uma escada de alumínio, sob condições controladas de exposição e processamento do filme. Os autores constataram que a avaliação visual das densidades das imagens não proporciona resultados reproduzíveis, ao contrário do observado quando do uso do fotodensitômetro.

MOORER & GENET (1982) realizaram uma pesquisa com o intuito de: identificar o princípio que inibe o crescimento bacteriano que se encontra presente nos cones de guta-percha; identificar alguns fatores relacionados com esse princípio; e discutir o seu possível significado. O componente identificado foi o óxido de zinco, sob a forma de pequenas partículas sólidas, a partir das quais os ions ativos solúveis Zn são mobilizados por hidrólise. Concluiu-se que o óxido de zinco não é um material inerte.

OGATA et alii (1982) investigaram a ação antimicrobiana de alguns cimentos de uso endodôntico, sobre diferentes espécies microbianas. As maiores inibições ao crescimento microbiano foram, em ordem decrescente, produzidas pelo Alfa Canal, Vedacanal, Fillcanal, Óxido de zinco e eugenol e N-Rickert.

FRAUNHOFER & BRANSTETTER (1982) estudaram as propriedades físicas de quatro cimentos obturadores do canal radicular, ou seja, dos materiais ProcoSol, Diaket, Tubliseal e Nogenol. As propriedades avaliadas foram resistência à compressão, absorção de água e solubilidade, alteração dimensional, pH e condutividade elétrica. As resistências à compressão do ProcoSol, Diaket e Tubliseal pareceram satisfatórias. A alteração dimensional encontrada com o ProcoSol e o Tubliseal sugere que a capacidade seladora desses materiais aumenta com o passar do tempo. O Diaket foi o cimento obturador mais estável, permanecendo virtualmente inalterado durante o período dos testes. A ausência de alteração dimensional indica que a eficiência seladora é dependente principalmente de uma boa técnica de obturação. O Nogenol diferiu significantemente dos outros materiais, apresentando uma consistência borrachóide por um longo período.

GROSSMAN (1982) determinou o tempo de endurecimento do cimento que introduziu em 1974, porém com modificações no líquido. Ele substituiu o eugenol por outros óleos essenciais de anethole, erva-doce, eucaliptol e óleo de pimenta em folhas. Este último foi o único a possibilitar a formação de um cimento que apresentou resultados que o compararam favoravelmente ao cimento manipulado com o eugenol, podendo assim ser considerado o seu substituto.

GROSSMAN (1982) ressaltou a importância do conteúdo resinoso dos cimentos, escrevendo poder ele influenciar o tempo de endurecimento desses materiais e afetar os tecidos periapicais. Assim, o autor realizou um estudo para determinar o pH de seis resinas, naturais e sintéticas, e também para determinar o efeito dessas substâncias sobre o tempo de endurecimento dos cimentos obturadores. As resinas estudadas foram: Amend, Hakusui, Penresina, Primavera, Staybelite e WW. A adição de resina ao pó de óxido de zinco deu a ele corpo e consistência, e permitiu ao material endurecer após decorrido um tempo razoável. O cimento de óxido de zinco e eugenol sem resina não endureceu em 24 horas e, após o endurecimento, era friável. Geralmente, quanto menor o pH da resina, menor o tempo de endurecimento observado. Segundo o autor, sabia-se que os ácidos aceleram o tempo de endurecimento do cimento de óxido de zinco e eugenol. O ácido benzóico e o acetato de zinco têm sido recomendados como aceleradores do tempo de endurecimento. Entretanto, o fato de que a adição de uma resina ao cimento obturador do canal à base de óxido de zinco e eugenol afeta o tempo de endurecimento, acelerando-o ou retardando-o, não tinha sido relatado na literatura até então.

BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982) publicaram uma revisão de literatura sobre as propriedades físicas e ação seladora dos cimentos obturadores endodônticos. Vários estudos têm sido feitos sobre a resistência à compressão, absorção de água e solubilidade, propriedades reológicas, alterações dimensionais, tamanho das partículas, tempo de endurecimento, pH, radiopacidade e espessura do filme. Várias diferenças nas propriedades dos materiais têm sido relatadas na literatura, sendo que algumas delas ocorrem devido à alterações dos fabricantes e melhorias nos materiais, mas outras se devem aos vários métodos de se testá-las usados nas avaliações.

SAMPAIO et alii (1982) realizaram um trabalho para determinar uma proporção pó/líquido padrão para o cimento N-Rickert, capaz de oferecer ao profissional boas condições de trabalho. A proporção básica encontrada foi de 0.3762 g de pó para quatro ou cinco gotas de líquido.

HOLLAND et alii (1983) estudaram os efeitos de materiais obturadores de canais radiculares quando a região apical de dentes de macacos foram obturadas com raspas de dentina. Os materiais avaliados foram o Tubliseal, pasta antisséptica de Maisto, Pulp Canal sealer, cimento de Grossman, AH 26, Endomethasone, Diaket e Óxido de zinco e eugenol. Os resultados obtidos sugerem que a técnica de obturação apical com raspas de dentina parece boa, desde que essas raspas estejam isentas de debris e microrganismos.

ØRSTAVIK (1983) realizou um importante trabalho onde analisou o escoamento, tempo de trabalho e resistência à compressão de vários materiais endodônticos. Os materiais estudados foram: AH 26, Diaket, Endomethasone, Estésone, Eucaryl Poudre, Forfénan, Formocresol, Formule G. Ivanhoff, Kerr's pulp canal sealer, Kloroperka N-0, Kri 1 paste, Merpasone, Mynol C-T, N2 Normal, N2 Universal, ProcoSol, Propylor, Pulp-dent root canal sealer, Roth 811, Traitement SPAD, Tubliseal e Zinc oxide-eugenol. Dentre as conclusões do autor, destacam-se que as propriedades de escoamento dos cimentos obturadores do canal radicular variaram grandemente, sendo, para várias marcas, altamente dependentes da proporção pó-líquido do material manipulado. A determinação do tempo de trabalho é preferivelmente feita com as medidas do escoamento como uma função do tempo. Os resultados apontaram a necessidade dos fabricantes fornecerem uma proporção pó-líquido ótima para o uso clínico dos materiais estudados.

O mesmo autor, ØRSTAVIK (1983), estudou a perda de peso de dez materiais endodônticos, empregando a metodologia proposta pelo documento ISO. Essa metodologia, com modificações apenas no tempo em que o corpo de prova permanecia imerso na água, estendendo-o para uma semana, seria adotada pela Especificação Número 57 da American Dental Association no mesmo ano.

Em 1984, efetiva-se uma série de normas e testes para a avaliação dos materiais obturadores endodônticos, divulgada no ano anterior pela American Dental Association. Tal fato reveste-se de muita importância, passando então a existir procedimentos padronizados, com finalidade específica para a avaliação das propriedades físicas dos materiais em pauta.

HENSTERN-PETTERSEN & ØRSTAVIK (1985) verificaram o potencial sensibilizante de quatro cimentos obturadores do canal radicular : AH 26, ProcoSol, Endomethasone e Kloroperka N-0. Todos os materiais testados induziram sensibilidade ao organismo. As respostas de reações de hipersensibilidade após o tratamento endodôntico são raras. Os autores chamam a atenção para a possibilidade de ocorrência de reações alérgicas em certos pacientes, ocorrendo então complicações no pós-operatório.

ZYTKIEVITZ et alii (1985) estudaram o escoamento e o tempo de endurecimento inicial e final de seis materiais obturadores do canal radicular: N-Rickert, Trim-Canal, Alpha Canal, Endomethasone, Óxido de zinco e eugenol e AH 26. O N-Rickert apresentou o maior escoamento, seguido pelo Trim-Canal e AH 26. O Endomethasone e o Alpha Canal apresentaram resultados equivalentes entre si. O Óxido de zinco e eugenol apresentou o menor escoamento e o maior tempo de endurecimento, seguido, nesse particular, pelo AH 26. O menor tempo foi apresentado pelo Trim-Canal.

HYDE (1986) estudou o escoamento, tempo de trabalho, tempo de endurecimento, pH, solubilidade, adesão e radiopacidade de alguns cimentos obturadores do canal radicular: Sealapex, CRCS, Tubliseal e Roth 801. Os testes foram realizados segundo a Especificação 57 da ADA. Verificou-se que os cimentos que continham hidróxido de cálcio nas suas fórmulas (Sealapex e CRCS) apresentaram um aumento significante do pH da água que os continham, ocorrendo o oposto com os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol. O Sealapex apresentou maior solubilidade e desintegração do que o Roth 801, que é um cimento cuja fórmula segue Grossman.

DE DEUS (1986) ressaltou que as fórmulas à base de óxido de zinco e eugenol para a obturação do canal radicular possuem um tempo de endurecimento, dependendo do método de manipulação, da temperatura, da umidade e da proporção pó/líquido. Esses compostos obedecem, proporcionalmente, aos mesmos princípios de manipulação da pasta de óxido de zinco e eugenol.

ØRSTAVIK (1988), grande conhecedor do assunto, fez considerações sobre as propriedades antibacterianas dos materiais endodônticos. Escreve ele terem sido os aditivos antibacterianos dos materiais obturadores dos canais radiculares muito debatidos durante o último século. Ao passo que a biocompatibilidade e a não-toxicidade foi considerada importante durante muito tempo, a filosofia terapêutica/antibacteriana foi revitalizada pela introdução dos materiais que contém hidróxido de cálcio. Deve ficar claro, segundo o pesquisador, que os materiais tradicionalmente tidos como biocompatíveis podem apresentar considerável atividade antibacteriana.

MARGELOR et alii (1989) avaliaram quatro cimentos do tipo Grossman produzidos na Grécia. Por meio de raios-X de difração atômica e espectrometria de absorção, eles detectaram a presença de chumbo em altas doses nos materiais estudados - 80 a 150 ppm. O produto controle apresentou apenas 2 ppm de chumbo. Os autores sugerem a necessidade de se fazer um controle de qualidade rigoroso nos materiais obturadores dos canais radiculares, com o intuito de evitar a presença de metais pesados nas suas composições.

SAQUY (1989) realizou uma importante pesquisa para determinar algumas características dos tratamentos endodônticos realizados por cirurgiões-dentistas de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo - Brasil, e constatou a ampla utilização do cimento de Grossman pelos profissionais consultados.

WENNBERG & ØRSTAVIK (1990) estudaram a adesividade de oito cimentos obturadores do canal comercialmente encontrados, quando o material é aplicado como uma fina camada entre a superfície da dentina e a da guta-percha. Os materiais avaliados foram: AH 26, CRCS, Diaket, Hartskloroform (5 por cento), Kloroperka N-0, ProcoSol, Sealapex e Tubliseal. Todos os materiais testados apresentaram adesividade mensurável à dentina e à guta-percha. A melhor adesão foi a do AH 26 e a pior a do Sealapex. O tratamento prévio da dentina com EDTA causou um significante aumento na adesividade do ProcoSol, clorofórmio-resina, Sealapex e Tubliseal.

SAVIOLI (1992) estudou as relações existentes entre cada um dos componentes químicos do pó do cimento do tipo Grossman e as propriedades físicas: escoamento, tempo de endurecimento, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração, espessura do filme e radiopacidade. A especificação seguida para os testes foi a de número 57 da American Dental Association (1983). Para isso, aviaram-se sete fórmulas diferentes, iniciando-se com o óxido de zinco puro, acrescentando-se as seguintes substâncias químicas: tetraborato de sódio anidro, resina natural, subcarbonato de bismuto, sulfato de bário e, por fim, o cimento cuja fórmula é exatamente a proposta por GROSSMAN (1974). Segundo o autor, a resina natural é um excelente acelerador do tempo de endurecimento e responsável pelo aumento do escoamento, bem como pela expansão do cimento. O tetraborato de sódio é responsável pelo aumento da solubilidade e desintegração do cimento de óxido de zinco e eugenol. O subcarbonato de bismuto é muito superior ao sulfato de bário como agente radiopaco e, ainda, possibilita a obtenção de um cimento obturador de canais radiculares com menor alteração dimensional, menor solubilidade, bom escoamento, boa espessura do filme e tempo de endurecimento normal. Os cimentos que continham apenas o subcarbonato de bismuto ou somente o sulfato de bário como agente radiopaco, ou ainda esses dois elementos balanceados, em iguais proporções, apresentaram propriedades físicas que se enquadram nas exigências da Especificação 57 da American Dental Association (1983).

SILVA (1992) estudou as propriedades físicas as propriedades físicas dos cimentos à base de óxido de zinco e eugenol presentes no mercado nacional, cujas fórmulas seguem aquelas preconizadas por GROSSMAN (1958 e 1974). Para o estudo, o autor seguiu a Especificação Número 57 da American Dental Association e analisou as seguintes propriedades: escoamento, tempo de trabalho, tempo de endurecimento, espessura do filme, estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração e radiopacidade.

FIDEL (1993) estudou, à luz da Especificação 57 da ADA, as propriedades físicas de alguns de alguns cimentos obturadores de canais radiculares contendo hidróxido de cálcio em suas fórmulas: SEALER 26, CRCS, SEALAPEX, APEXIT e um cimento experimental, o PR-SEALER. O cimento FILLCANAL foi pesquisado com o intuito de compará-lo com outros cimentos do mesmo tipo (CRCS e PR-SEALER). O teste do pH foi baseado no método empregado por HYDE (1986) e o teste de adesividade foi baseado no método de GROSSMAN (1976), com ligeiras modificações. Todos os cimentos testados apresentaram escoamentos compatíveis com a especificação seguida, com valores que variaram de 28 a 47 milímetros. Em relação ao tempo de trabalho, os cimentos não puderam ser classificados por causa da omissão de informações dos fabricantes. O cimento CRCS foi o único a apresentar tempo de endurecimento de acordo com o informado pelo fabricante. O SEALAPEX e o SEALER 26 apresentaram tempos de endurecimento longos, ou seja, 45 horas e 34 minutos para o primeiro e 41 horas e 22 minutos para o segundo. Quanto à espessura do filme, apenas o SEALER 26 não preencheu as exigências da especificação seguida. Os cimentos FILLCANAL e SEALAPEX apresentaram solubilidades e desintegrações superiores às permitidas. A maioria dos cimentos testados apresentou expansão e preencheu as normas da especificação seguida. A exceção foi o SEALAPEX, que se desintegrou, impossibilitando a realização do teste. As radiopacidades de todos os cimentos testados apresentaram-se aceitáveis, superiores a 4 milímetros de alumínio. O SEALAPEX e o SEALER 26 foram os que apresentaram as mais baixas radiopacidades. Todos os cimentos testados possibilitaram mensurações de suas adesividades à dentina. Os cimentos FILLCANAL, SEALAPEX e APEXIT exibiram as menores adesividades. Todos os cimentos testados apresentaram-se com pH alcalino, não só imediatamente após a espatulação, como após decorrido o tempo de experimento, ou seja, sete dias após os seus endurecimentos.

SOUSA NETO (1994) pesquisou os cimentos nacionais do tipo GROSSMAN a fim de determinar a presença de óleo de amêndoas doces adicionado ao eugenol, ou se este óleo era substituído por algum óleo alternativo. Analisou-se também o efeito da adição de óleos vegetais (amêndoas doces, soja, milho e rícino) ao eugenol sobre as propriedades físico-químicas dos cimentos testados. Para a análise, usou-se a Especificação 57 da ADA. Foram analisadas a viscosidade e o pH dos líquidos que seriam submetidos aos testes das propriedades físicas, verificando-se que a adição de óleos vegetais ao eugenol provoca aumento da viscosidade ao líquido, e este fator interfere nos resultados dos testes de escoamento e espessura do filme do cimento. O estudo das propriedades físico-químicas dos cimentos tipo GROSSMAN obtidos a partir de um líquido composto de eugenol (5 partes) e óleos vegetais (1 parte) evidenciou que o escoamento, o tempo de trabalho, a espessura do filme e a solubilidade e desintegração apresentam valores acima daqueles aceitos pela Especificação 57 da ADA. A utilização apenas do eugenol para o preparo do cimento tipo GROSSMAN favorece a obtenção de um material com propriedades físico-químicas bem superiores àquelas dos cimentos obtidos a partir da mistura de eugenol + óleos vegetais.

SILVA et alii (1994) estudaram as seguintes propriedades físicas dos cimentos obturadores do canal radicular do tipo GROSSMAN: estabilidade dimensional, solubilidade e desintegração e radiopacidade. Usou-se, como guia, a Especificação 57 para materiais obturadores endodônticos da American Dental Association (1983).

SAVIOLI et alii (1994) estudaram a influência de cada componente químico do cimento de GROSSMAN (1974) sobre as seguintes propriedades físicas: escoamento, tempo de endurecimento e espessura do filme, baseadas na Especificação 57 da ADA. Aviaram-se sete fórmulas diferentes a partir do óxido de zinco puro até a fórmula proposta por GROSSMAN (1974). Observou-se que a resina natural é acelerador do tempo de endurecimento e responsável pelo escoamento. O tetraborato de sódio anidro funciona como retardador da reação química entre o óxido de zinco e eugenol, mas não consegue realizar essa função quando na presença de resina natural. A espessura do filme só é obtida quando a proporção do óxido de zinco e a resina natural é de 100:65.

FIDEL et alii (1994) estudaram a adesividade de vários cimentos que contêm hidróxido de cálcio em suas composições: SEALER 26, CRCS, Apexit e Sealapex, utilizando o Fillcanal como controle. A adesão à dentina com e sem o uso de EDTA foi mensurada. O Sealapex e o Apexit apresentaram as menores adesividades. A aplicação do EDTA à dentina aumentou a adesão do cimento à superfície, com exceção do cimento Sealapex.

FIDEL et alii (1994) estudaram a solubilidade e desintegração dos cimentos endodônticos que contêm hidróxido de cálcio. Os cimentos testados foram: Sealer 26 (Dentsply), CRCS (Higienic), Sealapex (Kerr) e Apexit (Vivadent). Utilizou-se a Especificação 57 da ADA como guia. Os resultados mostraram que o Sealer 26 e o Apexit apresentaram como os menos solúveis, seguidos pelo CRCS e pelo Sealapex.

SILVA et alii (1994) estudaram o tempo de endurecimento e a espessura do filme dos cimentos obturadores do canal radicular presentes no mercado brasileiro, das marcas FORP-USP, Grossman, Fillcanal, Endofill e Inodon. Utilizou-se a Especificação 57 da ADA como guia. Os tempos de endurecimento dos cimentos variaram, indo de muito curto (Inodon, 14 minutos) a extremamente longo (Fillcanal, 3 horas e 35 minutos). As espessuras do filme dos cimentos testados estão de acordo com a especificação seguida, ou seja, foram menores que 50 micrometros, com exceção do Inodon, que apresentou espessura do filme de 70 micrometros.

SILVA et alii (1995) estudaram o escoamento e o tempo de trabalho dos cimentos obturadores do canal radicular do tipo Grossman presentes no mercado odontológico brasileiro das marcas FORP-USP, Grosscanal, Fillcanal, Endofill e Inodon. Para a realização deste trabalho, usou-se como guia a Especificação 57 da ADA. Todos os cimentos estudados apresentaram escoamento compatível com a especificação seguida, com valores que variaram de 27 a 42 mm. Quanto aos seus tempos de trabalho, os cimentos não puderam ser enquadrados nas exigências da ADA, pois os seu fabricantes nada informam a esse respeito. Os tempos de trabalho aferidos variam de 4 a 6 minutos, sendo os valores menores apresentados pelos cimentos Grosscanal e Fillcanal.

SAVIOLI et alii (1995) estudaram a influência de cada componente químico do cimento proposto por GROSSMAN sobre a relação pó/líqüido e o tempo de espatulação obtidos para atingir a consistência clínica ideal. Para se avaliar qual a influência que cada componente do pó do cimento tem sobre a relação pó/líqüido, aviaram-se sete fórmulas diferentes, acrescentando-se ao óxido de zinco puro os demais componentes da fórmula. Observou-se que o tempo de espatulação necessário para que o cimento atinja a consistência desejada está diretamente relacionado à quantidade de pó utilizada, e que o tempo de espatulação está inversamente relacionado à quantidade de óxido de zinco presente na fórmula.

FIDEL et alii (1995) estudaram o pH dos cimentos endodônticos SEALER 26, APEXIT, CRCS e SEALAPEX, todos contento hidróxido de cálcio em suas fórmulas. Para isso, elaboraram-se corpos de prova que foram armazenados durante uma semana, em frascos contendo 50 ml de água destilada e deionizada. Em seguida, determinaram-se os valores de pH. Todos os cimentos testados apresentaram pH alcalino.

FIDEL et alii (1995) estudaram as alterações dimensionais de alguns cimentos obturadores de canais radiculares que contêm hidróxido de cálcio em suas fórmulas: SEALER 26, CRCS, PR-SEALER, APEXIT E SEALPEX. Constatou-se que o cimento SEALAPEX não resistiu ao experimento, desintegrando-se; todos os cimentos sofreram ligeira expansão, com os maiores índices sendo encontrados com o PR-SEALER e os menores com o SEALER 26. Os testes seguiram a Especificação 57 da ADA.

FIDEL et alli (1995) estudaram o tempo de endurecimento dos seguintes cimentos endodônticos que contêm hidróxido de cálcio em suas fórmulas: APEXIT, SEALAPEX, CRCS e SEALER 26, seguindo a Especificação 57 da ADA. O cimento CRCS evidenciou um tempo de endurecimento de 23 minutos; o APEXIT, 1 hora e 30 minutos, o SEALER 26, 41 horas e 22 minutos e o SEALAPEX, 45 horas e 34 minutos.



 
 

PROPOSIÇÃO
 
 

A pesquisa na literatura odontológica permitiu reunir conhecimentos e informações e, a partir delas, delineou-se o objetivo do presente trabalho: estudar a adesividade de alguns cimentos obturadores do canal radicular presentes no mercado, uma vez que, embora tal propriedade não esteja na abrangência da Especificação Número 57 da American Dental Association para materiais obturadores endodônticos, possui extrema importância, como pode ser observado nos requisitos que um material obturador deve possuir (PRINZ, 1912; GROSSMAN, 1958; BRANSTETTER & FRAUNHOFER, 1982), que enfatizam a necessidade de que os materiais em foco possuam-na.
 
 



 

MATERIAL E MÉTODO
 
 

Os cimentos utilizados nesse estudo (Figura 1), seus fabricantes, lotes de fabricação, formas de apresentação e respectivas relações pó/líquido e tempos de espatulação, foram aqueles apontados na Tabela I. As relações pó/líquido e os tempos de espatulação foram estabelecidos por SAVIOLI (1996).

Tabela I. Cimentos utilizados no teste de adesividade, seus respectivos fabricantes, lotes usados, formas de apresentação, relações pó/líquido e tempos de espatulação.

Cimentos
Fabricante
Lote
Forma de apresentação
Relação Pó/Líquido 
(g / 0,20 ml)
Tempo de espatulação 
(S)
Endométhasone
Séptodont
D1 247
0.70
97
Endométh Ivory
Séptodont
D1 126
0.74
90
Fillcanal
DG
1057
pó e líqüido
1.05
100
N-Rickert
Veado D’Ouro
837
pó e líqüido
0.80
75

Os cimentos Endométhasone e Endométhasone Ivory foram manipulados juntamente com o Eugenol da marca Metaldente, cujo número do lote não foi fornecido.

O teste de adesividade foi realizado com corpos de prova especialmente confeccionados para esse fim, com a forma cilíndrica, de alumínio, cujas dimensões eram de 10 milímetros de comprimento por 6 milímetros de diâmetro interno, com uma alça lateral de fio inoxidável (Fig. 2), pela qual aplicava-se a força de tração no dispositivo adequado.

Como superfície à qual o cimento, já dentro do corpo de prova, deveria aderir-se, utilizou-se a dentina humana. Para tal fim, 40 molares humanos superiores e inferiores, recém extraídos, foram desgastados, nas suas superfícies oclusais, deixando assim uma superfície lisa de dentina exposta. As raízes dos dentes foram fixadas em bases de resina acrílica autopolimerizável (Fig. 2), o que permitia a fixação do conjunto no dispositivo de carga.

Os dentes foram mantidos em solução de timol a 1% até o momento do desgaste; depois de desgastados, foram colocados em uma câmara a 37o C e umidade relativa de 95 %, até o momento do uso.

Para cada tipo de cimento testado, foram realizadas cinco repetições sem o ataque ácido da superfície dentinária antes da fixação do corpo de prova e igual número de repetições após o ataque com o EDTAC. Assim, para o ataque ácido, utilizou-se o EDTAC aplicado sobre a superfície dentinária por 5 minutos, após o que a superfície foi lavada com água destilada e deionizada, e secada com jatos de ar.

A seguir, os cilindros eram mantidos em posição adequada ao seu preenchimento com o material a ser testado com a ajuda de cera utilidade, sendo então preenchidos pelos cimentos obturadores testados. Obtiveram-se, assim, 40 conjuntos de corpos de prova fixados aos dentes: 20 (5 corpos para cada um dos 4 materiais testados) posicionados sobre dentes cuja superfície dentinária não sofreu ataque ácido e 20 com as superfícies que sofreram tal preparo.

Após o preenchimento dos corpos de prova, o conjunto todo (dente mais corpo de prova) era colocado na estufa à temperatura de 37o C e umidade relativa de 95 %, por um tempo igual a três vezes o tempo de endurecimento do material testado, segundo o determinado por SAVIOLI (1996).

Completado o tempo exigido, o conjunto era colocado em uma máquina previamente construída para a aplicação de força de tração, com aplicação de massa em incrementos graduais, até que o corpo de prova destacasse-se do dente. A massa necessária para que ocorresse a separação do conjunto era anotada, expressa em quilogramas. A Figura 3 ilustra a máquina utilizada no experimento. Os cálculos da tensão de tração foram calculados em Mega-Pascal.
 
 
Figura 1. Cimentos utilizados no presente estudo.

 
 
Figura 2. Corpo de prova de alumínio e sua alça metálica, dente desgastado na superfície oclusal e preso na base de resina acrílica

 
Figura 3. Máquina usada para testar a adesividade dos cimentos estudados. A - local de colocação do dente fixado na base de resina. B - cilindro preenchido com o material testado. C - fio para transmissão da força de tração. D - local de colocação da massa



 
 
 
 

RESULTADO E DISCUSSÃO
 
 
 
 

A adesividade dos cimentos obturadores de canais radiculares testados foi calculada baseada na tensão de tração exercida de maneira perpendicular ao corpo de prova necessária para promover o deslocamento do mesmo. Realizou-se o método à semelhança do procedimento executado por FIDEL (1993).

Por meio de pequenos acréscimos sucessivos à massa do prato da máquina de tração, determinava-se a massa necessária para que houvesse o deslocamento do corpo de prova. Com a ajuda de uma balança eletrônica de precisão CG-LIBROR 3200-H, determinou-se a massa necessária para o deslocamento de cada corpo de prova, de cada cimento testado, sem que a superfície dentinária sofresse a aplicação de EDTAC e após a aplicação desse ácido. Os valores obtidos estão na Tabela II.

Tabela II. Massas em Kg necessárias para romper o cimento testado da dentina antes e após a aplicação de EDTAC sobre a superfície dentinária.

Tratamento
Cimentos Testados
 
Endométhasone
Endomé Ivory
Fillcanal
N-Rickert
 
1,51217
1,15408
2,05158
1,51503
 
1,43160
1,00457
1,94388
1,61627
Antes do EDTAC
1,48171
1,21486
1,87970
1,93315
 
1,29539
1,35725
2,12337
1,90779
 
1,42135
1,26521
1,92083
1,64384
         
 
1,22082
1,48452
2,14000
1,64222
 
1,57241
1,50431
2,09600
1,97383
Depois do EDTAC
1,42937
1,26743
2,10500
1,76804
 
1,58977
1,49807
1,91452
1,82233
 
1,49834
1,42574
1,93200
1,77762

A massa necessária para o deslocamento do corpo de prova foi relacionada com a aceleração da gravidade, obtendo-se a força de tração que promoveu o deslocamento do corpo de prova. Para tanto, aplicou-se a segunda lei de Newton:

Segunda Lei de Newton: [R] = m x [g ]*
onde:
R = intensidade da resultante de força de tração em N (Newton);
m = massa final aplicada ao prato da máquina de tração em Kg;
g = intensidade da aceleração da gravidade igual a 10 m/s2.
* Unidades de medida de acordo com o Sistema Internacional.

Os dos resultados da força de tração estão expressos na Tabela III.

Tabela III. Forças de tração em Newton necessárias para romper o cimento testado da dentina antes e após a aplicação de EDTAC sobre a superfície dentinária.

TratamentoCimentos Testados
 
Endométhasone
Endomé Ivory
Fillcanal
N-Rickert
 
15,12170
11,54080
20,51580
15,15030
 
14,31600
10,04570
19,43880
16,16270
Antes do EDTAC
14,81710
12,14860
18,79700
19,33150
 
12,95390
13,57250
21,23370
19,07790
 
14,21350
12,65210
19,20830
16,43840
         
 
12,20820
14,84520
21,40000
16,42220
 
15,72410
15,04310
20,96000
19,73830
Depois do EDTAC
14,29370
12,67430
21,05000
17,68040
 
15,89770
14,98070
19,14520
18,22330
 
14,98340
14,25740
19,32000
17,77620

Sabe-se que, com alterações da superfície de cimentação, a força necessária para o deslocamento do corpo de prova também se altera, pois existe uma relação diretamente proporcional entre a área cimentada e a força de tração necessária para o deslocamento do corpo de prova. Devido a esse fato, optou-se pela tensão de tração (s ), que é uma entidade física que relaciona a força de tração e a área cimentada do corpo de prova com a superfície dentinária. A tensão de tração possibilita que pesquisadores diferentes, realizando trabalhos com forças de tração perpendiculares à superfície a ser testada mas com corpos de prova com áreas de cimentação diferentes, tivessem um denominador comum que os possibilitasse comparar os resultados.

Aplicando-se a equação 2C, realizou-se o cálculo da tensão de tração relacionando a força de tração necessária para o deslocamento do corpo de prova com a sua área de cimentação à superfície dentinária.

Equação 2A: s = T x S-1*
onde:
s = tensão de tração em MPa (Mega-Pascal);
T = tração em N (Newton);
S = área da secção transversal do corpo de prova em m2.
Como: Equação 2B: S = p x R2* Onde:
S = área da secção transversal do cilindro que contém o cimento em m2;
R = raio da secção transversal do mesmo cilindro em m2 (0,003 m);
p = 3,1416.
Logo: Equação 2C: s = T x (p x R2)-1*
*Unidades de medida de acordo com o Sistema Internacional: tensão de tração em N/m2 (a unidade N/m2 é conhecida como Pascal, 1 MPa = 106 Pa = 106 N/m2); força de tração em Newton, área em m2 e raio em metro.

A Tabela IV expressa os valores de tensão de tração em MPa (Mega-Pascal), obtidos pelos cálculos feitos a partir das equações retro citadas.
 
 

Tabela IV. Tensões de tração necessárias para deslocar os corpos de prova sem e com a aplicação de EDTAC. Dados em MPa (Mega-Pascal).

Tratamento
Cimentos Testados
 
Endométhasone
Endomé Ivory
Fillcanal
N-Rickert
 
0,53623
0,40925
0,72751
0,53724
 
0,50766
0,35623
0,68932
0,57315
Antes do EDTAC
0,52543
0,43080
0,66656
0,68551
 
0,45936
0,48129
0,75297
0,67652
 
0,50402
0,44866
0,68115
0,58292
Média
0,50654
0,42525
0,70350
0,61107
         
 
0,43291
0,52643
0,75887
0,58235
 
0,55759
0,53344
0,74326
0,69994
Depois do EDTAC
0,50687
0,44944
0,74645
0,62696
 
0,56375
0,53123
0,67891
0,64622
 
0,53133
0,50558
0,68511
0,63036
Média
0,51849
0,50922
0,72252
0,63717

São límpidas as explicações de FIDEL (1993) a respeito das grandezas físicas envolvidas no raciocínio: a força de tração é uma grandeza vetorial composta de intensidade, direção e sentido. A tensão de tração é uma grandeza escalar composta apenas de intensidade. Continua o autor citado: considerando que a adesividade do cimento à dentina é diretamente proporcional à tensão de tração, pode-se, então, afirmar que a adesão será tanto maior quanto maior for a tensão de tração necessária para o deslocamento do corpo de prova contendo o cimento testado.

Obtidos os valores de tensão de tração, eles foram submetidos à análise estatística.

Os testes estatísticos foram realizados com a ajuda de um programa de computador denominado GMC versão 6,6 elaborado pelo Prof. Dr. Geraldo Maia Campos da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Esse programa permitiu a análise segura, rápida e eficiente dos dados obtidos.

Para a análise, determinou-se um modelo matemático em função do número de fatores de variação (2: cimentos testados e tratamento com EDTAC) e repetições (5). Submeteram-se esses dados a uma série de testes preliminares visando verificar se a distribuição amostral seria normal. Os cálculos dos parâmetros amostrais sugerem que a distribuição amostral é normal, uma vez que temos 12 dados abaixo da média, 13 dados iguais a média e 15 dados acima da média (Tabela V).

TABELA V. Parâmetros amostrais. Valores originais.

Variação total
0,0638
Variância da amostra
0,0016
Desvio padrão da amostra
0,0404
Erro padrão da média
0,0064
Mediana (dados agrupados)
0,0047
Dados abaixo da média
12,0000
Dados iguais à média
13,0000
Dados acima da média
15,0000

Fez-se, então, a distribuição de freqüências por intervalo de classe e acumuladas, nas quais os intervalos de classe baseiam-se na média e no desvio padrão amostral (Tabela VI).

Com os dados da distribuição de freqüências por intervalo de classe, gerou-se um histograma, ao qual foi sobreposta uma curva normal para comparar a curva da amostra à curva normal (Figura 4).

TABELA VI. Distribuição de freqüências: Valores originais.

A. Freqüência por intervalo de classe
Intervalos de classe:
M-3s
M-2s
M-1s
Med.
M+1s
M+2s
M+3s
Freqüências absolutas:
0
3
9
13
12
3
0
Freqüências percentuais:
0,0
7,5
22,5
32,5
30,0
7,5
0,0
 
B. Freqüências acumuladas:
Intervalos de classe:
M-3s
M-2s
M-1s
Med.
M+1s
M+2s
M+3s
Freqüências absolutas:
0
3
12
25
37
40
40
Freqüências percentuais:
0,0
7,5
20,0
62,5
92,5
100,0
100,0

 
Figura 4. Sobreposição das curvas dos percentuais acumulados de freqüências relativas às curvas experimental e normal matemática.

Com os dados de freqüência acumulados, traçou-se uma curva experimental, à qual foi sobreposta uma curva normal matemática. A discrepância entre as duas curvas demonstra seu grau de aderência (Figura 5).
 
 
Figura 5. Histograma de freqüências e curva normal. Dados originais

A seguir, realizou-se um teste de aderência pelo c2 entre a curva experimental e a curva normal matemática com a mesma média e o mesmo desvio padrão (Tabela VII).
 
 

TABELA VII. Teste de aderência à curva normal: Valores originais.

A. Freqüência por intervalo de classe
Intervalos de classe:
M-3s
M-2s
M-1s
Med
M+1s
M+2s
M+3s
Curva normal:
0,44
5,40
24,20 39,89 24,20 5,40 0,44
Curva experimental:
0,00
7,50
22,50 32,50 30,00 7,50 0,00
 
B. Cálculo do Qui quadrado
Graus de liberdade:
4
Interpretação:
Valor do Qui quadrado:
4,51
A distribuição amostral testada 
é normal
Probabilidade de H0:
34,11%
 

A fim de verificar a homocedasticidade da amostra testada, aplicou-se o teste de Cochran. O valor calculado para 8 variâncias e 4 graus de liberdade foi de 0,2745, abaixo do valor tabelado de 3,48 para 5% de probabilidade, demonstrando a homocedasticidade da amostra.

A probabilidade de H0 (34,11%) mostrada pelo teste de aderência à curva normal (Tabela VII) e a homogeneidade apresentada pelo teste de Cochran permitem afirmar que a amostra testada é normal, o que autoriza a aplicação de testes estatísticos paramétricos.

O teste paramétrico que melhor se adapta ao modelo experimental é a análise de variância, pelo fato de permitir a comparação de múltiplos dados independentes, além de avaliar também a interação entre colunas que, no presente caso, é a comparação entre tratamentos da superfície dentinária. Os resultados do teste podem ser vistos na Tabela VIII.

A análise de variância demonstra: Entre cimentos, diferença significante ao nível de 0,1%; Entre tratamentos (antes e depois da aplicação de EDTAC), diferença significante ao nível de 5%; Entre as interações tratamentos x cimentos, não houve diferença estatisticamente significante.

TABELA VIII. Análise de variância (Valores originais).
Fonte de variação
Soma dos quadrados
G.L
Quadrados médios
(F)
Prob. H0
Entre Cimentos
0,3691
3
0,1230
61,74
0,000%
Entre Tratamento
0,0124
1
0,0124
6,24
1,693%
Interação Cimentos / Tratamento
0,0082
3
0,0027
1,37
27,031%
Resíduo
0,0638
32
0,0020
   
Variação Total
0,4534
39
     

Isso equivale dizer que existe grande diferença na adesão dos cimentos testados quando comparados entre si e que também existe diferença entre a adesão dos cimentos antes e depois da aplicação do EDTAC sobre a superfície dentinária, genericamente.

Para saber se as diferenças entre as médias amostrais calculadas, calcularam-se as diferenças médias significantes, obtidas a partir da seguinte equação:
 
Click aqui para ver a equação

onde: t = valor constante para 32 graus de liberdade e igual a 2,36 (para o nível de 5% de significância) e 3,03 (para 1%);
S2= é a variância do resíduo, com valor igual a 0,0020; n = é o número de repetições (5).
Assim, estabeleceram-se as diferenças mínimas significantes, que ficaram assim estabelecidas:

A - DMS (0.05) = 0,06674

B - DMS (0.01) = 0,08570,
O que equivale dizer se as diferenças entre as médias amostrais calculadas fossem maiores que os valores de A e B, seriam significantes ao nível de 5% e 1%, respectivamente.

A partir desse raciocínio, construiu-se a Tabela IX.

Tabela IX. Diferenças entre as médias amostrais calculadas e nível de significância.

Amostras comparadas 
(comparações duas a duas)
Diferenças entre médias
Significância (nível %)
Endométhasone X E. Ivory
0.08129
5
Endométhasone X Fillcanal
0.19696
1
Endométhasone X N-Rickert
0.10453
1
E. Ivory X Fillcanal
0.27825
1
E. Ivory X N-Rickert
0.18582
1
Fillcanal X N-Rickert
0.09243
1
Endométhasone + EDTAC X E. Ivory + EDTAC
0.00927
ns
Endométhasone + EDTAC X Fillcanal + EDTAC
0.20403
1
Endométhasone + EDTAC X N-Rickert + EDTAC
0.11868
1
E. Ivory + EDTAC X Fillcanal + EDTAC
0.21330
1
E. Ivory + EDTAC X N-Rickert + EDTAC
0.12795
1
Fillcanal + EDTAC X N-Rickert + EDTAC
0.08535
5
Endométhasone X Endométhasone + EDTAC
0.01195
ns
E. Ivory X E. Ivory + EDTAC
0.08397
5
Fillcanal X Fillcanal + EDTAC
0.01902
ns
N-Rickert X N-Rickert + EDTAC
0.02610
ns
ns = não significante estatisticamente.

Com base nesse raciocínio, estabeleceu-se que as diferenças de adesão entre os cimentos, antes da aplicação do EDTAC, foram significantes entre si ao nível de 1%, com exceção do Endométhasone e Endométhasone Ivory, cujas diferenças foram significantes ao nível de 5%. Logo, estabeleceu-se a ordem, do cimento com maior adesividade à dentina para o menor: Fillcanal, N-Rickert, Endométhasone e Endométhasone Ivory.

Após a aplicação do EDTAC sobre a superfície dentinária, as diferenças encontradas foram significantes entre todos os cimentos ao nível de 1%, com exceção entre o Fillcanal e o N-Rickert, cuja diferença foi significante ao nível de 5%, e do Endométhasone e Endométhasone Ivory, que constituíram um grupo à parte, não havendo diferenças estatisticamente significantes entre eles. Assim, a ordem do cimento com maior adesividade à dentina tratada com EDTAC para o menor, ficou assim: Fillcanal, N-Rickert, Endométhasone e Endométhasone Ivory.

Ao analisar o comportamento de cada cimento em separado, antes e após a aplicação de EDTAC sobre a superfície dentinária, verificou-se que, do ponto de vista estatístico, não apresentaram diferenças significantes, com exceção do Endométhasone Ivory, cujos resultados foram significantes antes e após a aplicação do ácido, ao nível de 5%.

Muito embora a American Dental Association, ao estabelecer padrões para o estudo das propriedades físicas dos materiais obturadores dos canais radiculares em 1983, não tenha incluído a adesividade entre o rol de propriedades físicas a serem estudadas, mesmo assim vários pesquisadores preocuparam-se com isso, e empreenderam estudos e pesquisas antes e após a edição da Especificação Número 57 da ADA, propondo novos métodos de estudo e realizando experimentos.

Saliente-se também que, dentre as propriedades ideais que um material obturador deve possuir, apontadas por GROSSMAN (1958), BRANSTETTER & FRAUNHOFER (1982), está a adesão às paredes do canal radicular. A importância de que o cimento obturador do canal radicular apresente adesão à superfície dentinária foi novamente enfatizada por GROSSMAN (1976).

GROSSMAN (1958) adicionou resina vegetal à fórmula do seu cimento com o objetivo de que o material tenha adesão, propriedade necessária, segundo o autor, para diminuir a interface dentina/material.

Os resultados obtidos no presente experimento confirmam as justificativas de GROSSMAN (1958): os cimentos Fillcanal e N-Rickert possuem resina vegetal em suas composições, ao passo que os cimentos Endométhasone e Endométhasone Ivory não apresentam esse componente, o que refletiu nos resultados obtidos, de modo que os dois primeiros apresentaram valores superiores de adesão à superfície dentinária.

No presente trabalho, adotamos o método científico proposto por FIDEL (1993), também utilizado posteriormente por SOUSA NETO (1994). O estudo da adesividade, por esse método, é uma pequena modificação daquele método proposto por GROSSMAN (1976), no qual esse renomado autor colocava o cimento sobre uma placa de vidro, diferentemente da superfície dentinária, como bem modificou FIDEL (1993).

Qualquer diferença entre os valores obtidos para a adesão dos cimentos testados no presente experimento e aqueles resultados obtidos por outros pesquisadores que, utilizando o mesmo método científico, chegaram a valores diferentes, pode ser atribuída à proporção pó/líquido estabelecida, conforme bem salientou SOUSA NETO (1994), ao observar a relação existente entre tal proporção e a adesividade dos materiais testados.

A aplicação do EDTAC não influenciou a maioria dos cimentos testados em relação às suas adesividades à superfície dentinária. Esse tratamento de superfície apresentou efeitos apenas quando se estudou o Endométhasone Ivory. Maiores estudos devem ser realizados, correlacionando esse tratamento ao escoamento dos materiais e ao tamanho das suas partículas, que, como salientou GROSSMAN (1976), permitem que o cimento penetre em pequenas irregularidades da superfície dentinária.

Evidente que o conceito de determinado material não se estabelece nem se arranha por um só experimento ou por uma só característica, seja ela boa ou má: constrói-se ele, bem como toda a Ciência, por meio da busca incessante, da pesquisa científica, dos múltiplos aspectos que integram uma realidade.

Estabelecer um ato apenas, uma só característica, uma só propriedade como a mais importante, é ter uma visão incompleta, desconectada do universo que compõe o mundo científico. Portanto, mais pesquisas devem ser realizadas, no intuito da busca do material obturador dos canais radiculares ideal, sob todos os aspectos: físico-químicos, biológicos e antimicrobianos.



 
 

CONCLUSÕES
 

Tendo como base a metodologia empregada, parece ser lícito concluir que:
 
 

1. os cimentos testados, antes da aplicação de EDTAC sobre a superfície dentinária, apresentaram adesividades diferentes estatísticamente significantes, da maior para a menor, assim estabelecidas: Fillcanal, N-Rickert, Endométhasone e Endométhasone Ivory;

2. após a aplicação do EDTAC, a lista dos cimentos que possuíam maior adesividade para a menor, ficou assim: Fillcanal, N-Rickert, Endométhasone e Endométhasone Ivory, sendo que estes dois últimos compuseram um grupo à parte, sem diferenças estatisticamente significantes entre eles;

3. a aplicação de EDTAC sobre a superfície dentinária não influenciou na adesividade dos cimentos Endométhasone, Fillcanal e N-Rickert, do ponto de vista estatístico, Porém, ao nível de 5 % (a =0,05), os valores obtidos quando se testou o Endométhasone Ivory, antes e após a aplicação do EDTAC foram estatisticamente significantes.



 
 

RESUMO
 

Estudou-se a adesividade de alguns cimentos obturadores dos canais radiculares antes e após a aplicação de EDTAC sobre a superfície dentinária.

Os resultados evidenciaram que, antes da aplicação do EDTAC, a ordem dos cimentos, da maior adesividade para a menor, ficou assim estabelecida: Fillcanal, N-Rickert, Endométhasone e Endométhasone Ivory.

Após aplicado o EDTAC sobre a superfície dentinária, a ordem, da maior adesividade para a menor, ficou assim: Fillcanal, N-Rickert, Endométhasone e Endométhasone Ivory, sendo que estes dois últimos compuseram um grupo à parte, sem diferenças estatisticamente significantes entre eles.

A aplicação de EDTAC sobre a superfície dentinária surtiu efeitos estatisticamente significantes apenas para o cimento Endométhasone Ivory, ao nível de 5%.
 
 

SUMMARY
 

The adhesion of several endodontic root canal sealers was studied before and after EDTAC application on the dentin surface.

Before EDTAC application, the order of adhesion was: Fillcanal > N-Rickert > Endométhasone > Endométhasone Ivory.

After EDTAC application on the dentin surface, the order of adhesion was: Fillcanal > N-Rickert > Endométhasone > Endométhasone Ivory. There was no statistical difference between Endométhasone and Endométhasone Ivory.

EDTAC application on the dentin surface caused statistically significant effects only with Endométhasone Ivory, at the level of 5%.
 
 
 


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