Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade de São Paulo

Faculdades de Odontologia da UERJ e Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP

Dissertação de Mestrado

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE QUELANTE DO EDTA, DO EDTAC E DO EDTA-T PELA ANÁLISE DA MICRODUREZA DA DENTINA RADICULAR

Microhardness analyses of EDTA, EDTAC and EDTA-T chealating action on radicular dentin

DANZILA CANDIDA DE OLIVEIRA FAIRBANKS

 

Orientador : Prof. Dr. Rivail Antônio Sérgio Fidel FO - UERJ
Co- Orientador : Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora FORP - USP

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Pesquisa em Endodontia do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP
Rio de Janeiro e Ribeirão Preto 1995,
Rio de Janeiro, 82p.



RESUMO | SUMMARY | INTRODUÇÃO | REVISÃO | MATERIAL E MÉTODO | RESULTADOS | DISCUSSÃO | CONCLUSÕES | REFERÊNCIAS






INTRODUÇÃO

Durante a biomecânica, que compreende o preparo químico-mecânico do sistema de canais radiculares, o uso de substâncias químicas constitue fator imperativo na obtenção da desinfecção e forma adequada para a obturação.

Existem fortes razões para o emprego das substâncias químicas que agem como auxiliares da biomecânica dos canais radiculares. A começar, pela constante e inerente variação da anatomia interna dos canais radiculares onde a sua instrumentação é fortemente prejudicada devido a dificuldade que se encontra na penetração dos instrumentos endodônticos em todas as suas paredes e canais.

Outro fator é a necessidade da remoção do "smear-layer", fato este, decorrente da própria ação dos instrumentos endodônticos, quando se realiza a biomecânica dos canais radiculares.

A própria instrumentação, fase sequêncial do tratamento endodôntico, que compreende a ação dos instrumentos auxiliado pelas soluções químicas no interior dos canais radiculares, constitue uma das etapas de fundamental importância para o sucesso do tratamento endodôntico, motivo de interesse de estudos de muitos pesquisadores (CALLAHAN, 1894; GROSSMAN, 1943, 1960; STEWART, 1955; INGLE & ZELDON, 1959; NICHOLLS, 1962; SCHILDER, 1974; WEINE, 1976; PAIVA & ANTONIAZZI, 1988; DE DEUS, 1992; LEONARDO & LEAL, 1992; PÉCORA, 1992).

Na realidade, convém salientar que não se pode separar procedimentos químicos e mecânicos, onde os dois se interligam e se completam para a obtenção do resultado final, ou seja, na busca do trinômio almejado: limpeza, desinfecção e forma do canal radicular.

Não se esquecendo que um dos requisitos principais que as substâncias químicas devem possuir é serem biocompatíveis com os tecidos pulpares e periapicais, não lesando os tecidos vivos do coto pulpar ou do periodonto apical.

A instrumentação deve ser feita simultânea ou alternada com a irrigação apropriado do canal radicular. Portanto, esta constitue um elemento auxiliar de grande valor no preparo do canal radicular.

Além do uso obrigatório e rotineiro das soluções irrigadoras durante a biomecânica, elas podem ser selecionadas de acordo com a sua ação química, ou seja, para a instrumentação de canais atrésicos e muito calcificados, pode-se utilizar uma solução química que atue sobre a dentina de modo a se remover cálcio e facilitar o ato mecânico.

As soluções químicas auxiliares da instrumentação de canais radiculares tem sido propostas e estudadas desde o século passado KIRK (1893), CALLAHAN (1894).

A instrumentação de canais radiculares calcificados e atrésicos sempre constituiu motivo de grande preocupação para os que se dedicam ao tratamento de canais radiculares.

CALLAHAN (1894) propôs uma técnica de irrigação de canais radiculares capaz de facilitar e auxiliar a instrumentação de canais atrésicos. Esse autor preconizou o uso de uma solução de ácido sulfúrico a 40 por cento. Esse ácido reage com o cálcio da dentina e forma o sal sulfato de cálcio e age com desmineralizador. A solução ácida era, a seguir, neutralizada com uma solução de bicarbonato de sódio. Essa técnica teve uso efetivo por várias décadas.

BUCKEY (1926) divulgou o uso de uma solução de ácido fenolsulfônico a 80 por cento para a instrumentação de canais atrésicos.

GROSMAN (1946) preconizou o uso de outro ácido forte, o ácido clorídrico, e justificou que esse ácido ao reagir com a dentina forma o cloreto de cálcio, que é um sal mais solúvel.

Os ácidos fortes, propostos por CALLAHAN (1894) e por GROSSMAN (1946), apesar de danosos aos tecidos vivos, perdurou por várias décadas.

ØSTBY (1957) baseando-se nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNY (1953) indicou a solução de etilenodiamino tetracético sal dissódico (EDTA) para a instrumentação de canais atrésicos. O autor enfatizou que este sal, derivado de um ácido fraco é capaz de promover a quelação de íons de cálcio da dentina, em pH neutro.

A prorposta de ØSTBY (1957) foi logo aceita, uma vez que a instrumentação dos canais radiculares passou a ser efetuada por um excelente agente descalcificador, sem os inconvenientes dos ácidos fortes.

O uso do EDTA foi rapidamente difundido e bastante utilizado. Inúmeras pesquisas foram realizadas com esta solução com o objetivo de dirimir dúvidas, tais como sua associação com tensoativos e sua capacidade autolimitante.

Ainda, em 1957, ØSTBY recomendou adicionar um agente tensoativo catiônico `- Cetavlon - com o propósito de aumentar sua ação e conferir à solução propriedades antissépticas.

A ação do EDTA sobre a dureza da dentina foi estudada por PATTERSON (1963). Este autor constatou que a descalcificação causada pelo EDTA prolongava-se por um longo período de até cinco dias após sua aplicação no interior do canal radicular.

Nesta época, pairavam dúvidas à respeito da ação contínua da solução de EDTA sobre a dentina do canal radicular. Essa dúvida foi derimida por SLIDBERG & SCHILDER (1974), que em suas pesquisas verificaram que o EDTA apresentava ação autolimitante.

O problema da ação autolimitante foi resolvido pela química, que revelou o fato de que a solução de EDTA sequestrar de modo definitivo os ions metálicos Pb++, Zn++, Co++, Ni++, Sn++, Ca++, Sr++, Ba++, Mg++, Bi++ e Fe++. O EDTA tem ação autolimitante, pois uma molécula de EDTA quela um mol de íon metálico (VOGEL, 1981).

FEHR & ØSTBY (1963) recomendaram, com muita propriedade, o uso de uma associação composta de EDTA com Cetavlon (tensoativo catiônico de amônio quaternário), com o objetivo de reduzir a tensão superficial da solução e dar à ela, poder antisséptico. Essa nova solução recebeu o nome de EDTAC.

STEWART et al (1969) preconizaram o uso do peróxido de uréia sob forma de um creme, em associação com o EDTA e tendo o carbowax como veículo. Esse creme recebeu o nome comercial de RC-PREP, e deve ser utilizado no interior do canal radicular com hipoclorito de sódio a 5 por cento.

PAIVA & ANTONIAZZI (1973) propuseram o uso do creme ENDO-PTC para a instrumentação dos canais radiculares em associação com a solução de Dakin. Os autores substituiram o EDTA presente na fórmula de STEWART et al (1969), pelo tensoativo neutro (TWEEN 80). Como explicação, os autores explicaram que o EDTA seria inativado pelo hipoclorito de sódio, deixando o agente quelante sem ação.

YAMADA et al (1983) BAUMGARTE & MADER (1987) e GENGIZ et al (1990) verificaram que o uso de irrigação alternada feita com a solução de hipoclorito de sódio com a solução de EDTA durante a instrumentação de canais radiculares removia completamente o "smear-layer" ou o magma dentinário.

PASHLEY et al (1985) verificaram por meio de um estudo, a correlação entre a microdureza da dentina e a densidade dos canalículos dentinários e como resultado, eles anunciaram uma correlação inversa entre a microdureza da dentina e o número de canalículos dentinários presente na área.

ZUOLO et al (1987) investigaram a ação do EDTA e do EDTAC sobre a permeabilidade dentinária radicular e constataram que o EDTAC foi mais efetivo em promover aumento da permeabilidade da dentina.

GUIMARÃES et al (1988) estudaram a tensão superficial de várias substâncias empregadas no tratamento endodôntico e constataram que a tensão superficial do EDTA era de 69,25 dinas-cm-1 e que a tensão caía em quase 50% quando se adicionava o Cetavlon.

SAQUY (1991) avaliou a capacidade quelante do EDTA e da associação EDTA mais solução de Dakin, por meio de métodos químicos e da análise da microdureza da dentina. Esse autor concluiu que tanto a solução de EDTA como a associação dessa solução com a solução de Dakin são efetivas em quelar íons de cálcio, sendo que a ação quelante do EDTA não é inativada pela sua associação com a solução de Dakin na proporção de 1:1.

PÉCORA (1992) estudou o efeito da solução de Dakin e da solução de EDTA, isoladas, alternadas e misturadas na proporção de 1:1, sobre a permeabilidade da dentina radicular. O autor constatou que tanto a associação dessas soluções, como a suas misturas aumentam a permeabilidade da dentina radicular.

CRUZ FILHO (1994) estudou a ação do EDTAC sobre a microdureza da dentina radicular, após diferentes tempos de aplicação e constatou: 1- A microdureza da dentina varia de modo inversamente proporcional ao tempo de aplicação do EDTAC; 2- Após um minuto de aplicação, já se verifica a ação do EDTAC, sobre a microdureza da dentina; 3- A redução da microdureza da dentina promovida pelo EDTAC ocorre nos três terços (cervical, médio e apical), sendo que o terço cervical apresenta maior microdureza que os terços médio e apical, e estes não apresentam diferenças estatística significante entre sí, em todos os tempos estudados.

Verifica-se, atualmente, grande utilização do agente quelante EDTA, EDTAC e EDTA-T na instrumentação do canal radicular. Mas há pouco trabalho quanto a ação desses quelantes sobre a microdureza da dentina, principalmente de forma comparativa.


RETROSPECTIVA DA LITERATURA

O preparo biomecânico, é realizado pelos seguintes meios: a) mecânico - que compreende a ação dos instrumentos no interior dos canais radiculares, e b) físico-químico - que consiste na ação física, movimentação do líqüido irrigante (irrigação/aspiração) e na ação química da solução sobre os tecidos, orgânicos ou inorgânicos. A ação das soluções irrigantes sobre os tecidos orgânicos ou inorgânicos depende das características químicas de cada solução. O profissional deve escolher a solução química a ser utilizada em função do estado em que se encontra o canal radicular a ser operado. Associações ou misturas de soluções químicas podem ser realizadas para se obter somatória de efeitos químicos desejados.

No final do século passado, os profissionais da Odontologia que se dedicavam ao tratamento endodôntico estavam preocupados em conseguir uma solução auxiliar da instrumentação que promovesse não só a limpeza mas também a desinfecção dos canais radiculares.

KIRK (1893) introduziu o dióxido de sódio como solução irrigante de canais radiculares. Esta substância, segundo o autor, teria uma dupla função, ou seja, de clarear a coroa dental e de limpar os canais radiculares, pois atua como um potente agente oxidante. Quando em contato com a umidade do canal radicular, forma o hidróxido de sódio e libera oxigênio nascente.

No Congresso Odontológico realizado em Columbia, nos Estados Unidos da América, SCHREIER (1893) relatou o sucesso por ele alcançado com o uso de sódio e potássio metálicos introduzidos nos canais radiculares. A reação química pode ser representada da seguinte forma: K + Na + 2H2O Þ KOH + NaOH + H2. Essa reação é explosiva e, portanto, foi logo abandonada pelos profissionais.

Um ano mais tarde, CALLAHAN (1894), professor de Odontologia da Escola de OHIO, preconizou a irrigação dos canais radiculares com solução aquosa de ácido sulfúrico a 40 por cento. Segundo o autor, a solução apresentava três efeitos: primeiro, possibilitava o alargamento dos canais radiculares atresiados; segundo, limpava; e terceiro, desinfetava. A solução de ácido sulfúrico, em conseqüência da sua neutralização pelo bicarbonato de sódio, produzia uma reação efervescente que eliminava os "débris". Na segunda fase, os canais eram irrigados com água destilada, ou álcool, ou água oxigenada, a fim de remover o excesso de bicarbonato de sódio aderido às paredes dos canais radiculares.

A análise das substâncias químicas utilizadas por KIRK (1893), SCHREIER (1893) e CALLAHAN (1894) esclareceu que estes autores não se preocupavam com os efeitos negativos sobre os tecidos vivos. Assim, essa época constituiu-se num período bastante empírico. Entretanto, o trabalho de CALLAHAN (1894), em última análise, parece mais criterioso, uma vez que já vislumbrava os atuais objetivos do tratamento endodôntico, ou seja, a instrumentação, a esterilização e a obturação dos canais.

Em 1900, HARLAN, tomando como referência o estudo de VAN ANTWERP (1881), preconizou o uso de uma nova solução para a irrigação de canais radiculares, tendo como base a papaína. Ele observou a ação eficaz dessa enzima na liquefação e digestão de tecidos orgânicos em putrefação.

PRINZ (1912) concluiu que o ácido orto-fenol-sulfúrico atuava como agente descalcificador suave sobre as estruturas do dente, deixando a matriz de colágeno intacta.

ZSIGMOND (1912) estudou com muita propriedade, a ação de soluções irrigantes ácidas e alcalinas. Em seu trabalho, chama a atenção para o fato de que os ácidos, quer orgânicos ou inorgânicos, têm ação sobre a dissolução de sais de cálcio da dentina, deixando a massa colágena mais fácil de ser removida pela ação mecânica dos instrumentos. Observa ainda que a ação dos álcalis é diferente, ou seja, que essa solução destrói a matriz orgânica e, desse modo, os sais de cálcio são eliminados. Nesse trabalho, o autor é favorável à ação dos álcalis como solução irrigante, uma vez que os ácidos atuam diretamente sobre os tecidos vivos e sobre os instrumentos endodônticos.

BARRETT (1917) relatou a eficiência da solução de Dakin como antisséptico. A sua solução baseava-se na fórmula proposta por DAKIN (1915), e correspondia à associação de uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5 por cento com ácido bórico, o qual tinha objetivo de diminuir o pH da primeira solução. De acordo com o propositor, a solução tinha a capacidade antisséptica derivada da sua reação química com as proteínas presentes nos tecidos, permitindo a formação de cloramina.

Nesse mesmo ano, PRINZ (1917) comunica a eficiência do uso da eletrólise, com cloreto de sódio como eletrólito, na esterilização do canal radicular pela liberação do cloro nascente. Por outro lado, enfatiza a necessidade da instrumentação químico-mecânica dos canais radiculares, onde o autor cita também a ação germicida da solução de Dakin (1915).

HANAZAWA (1917) realizou uma exaustiva investigação sobre a dentina, constatando a presença de prolongamentos de odontoblastos no interior dos canalículos dentinários. Esse autor afirmou que a ação de ácido sobre a dentina, mesmo por pouco tempo, era capaz de promover um aumento extraordinário nos diâmetros dos canalículos dentinários.

McCLELLAND & WASS (1922) estudaram o poder germicida de algumas substâncias à base de cloro em diferentes concentrações, a partir do iodeto de cloro, ou seja, da dicloramina T, e da solução de Dakin. Verificaram que a solução de Dakin mostrava-se muito instável, perdendo seu poder germicida. Para amenizar esta instabilidade provocada pela oxidação, aconselham que a solução deva ser protegida da luz e do ar, devendo ser armazenada em vidro âmbar e hermeticamente fechado. Os autores afirmam que, apesar das soluções estudadas destruírem microrganismos, aquelas à base de iodeto de cloro têm a sua ação de penetração diminuída em presença de albumina e, em consequência, concluem que elas devem ser substituídas pela solução de dicloramina T a 5 por cento.

BUCKLEY (1926) escreveu, em seu livro, que a solução de hipoclorito de sódio (Licor de Labaraque) deve ser usada somente para clarear os dentes. Nos casos de polpa mortificada, ele utilizava o ácido fenolsulfônico a 80 por cento e o neutralizava com uma solução de bicarbonato de sódio a 10 por cento. No mesmo livro, o autor fez ainda severas críticas a respeito da utilização do ácido sulfúrico como irrigante de canais radiculares devido aos violentos danos que provoca aos tecidos periapicais, ressaltando que o ácido por ele proposto era menos irritante.

COOLIDGE (1929) pesquisou a ação de soluções germicidas sobre os microrganismos mais comumente encontrados nos canais radiculares infectados. Demonstrou assim, a penetração do cloro nascente até em espaços inacessíveis dos canais radiculares, o qual neutralizava tanto os produtos tóxicos como os gases formados pela putrefação. A conclusão do autor foi de que a desinfecção de um canal contaminado é conseguida pela ação química de soluções irrigantes capazes de destruir os microrganismos e neutralizar seus produtos tóxicos, auxiliadas pela ação mecânica de instrumentos endodônticos que removem materiais durante o processo de alargamento desses canais.

HODGE & McKAY (1933) fizeram um estudo da microdureza da dentina, esmalte e cemento de dentes humanos em cortes transversal e longitudinal. Os autores observaram que o tecido mais duro era o esmalte e o mais mole o cemento. A dentina mostrou uma dureza intermediária entre o esmalte e o cemento, sendo que a dentina da porção coronária era pouca coisa mais dura que a dentina da porção radicular. Na lesão de cárie, a dentina era bem mais mole em comparação com os demais tecidos.

WALKER (1936) preconizou o uso de uma solução de hipoclorito de sódio a 5,0 por cento (soda clorada) para a irrigação de canais radiculares de dentes despolpados. Em seu trabalho, esclarece que essa solução foi utilizada após a indicação feita pelo Dr. Blass, da Universidade de New York. Quanto ao ato operatório, explica que o tratamento endodôntico é um procedimento especializado, exigindo uma atenção especial para todos os detalhes como, por exemplo, a esterilização e a manipulação dos canais radiculares, desde que a proteção do paciente e do operador sejam rigorosamente observadas, pois o canal radicular infectado aloja microrganismos de ação contaminante.

Em 1938, WRIGHT & FENSKE analisaram alguns fatores que podem influir na microdureza das estruturas dos dentes. Quanto à posição anatômica dos dentes, os autores não observaram nenhuma relação desta com a microdureza. Já a idade foi um fator que aumentou consideravelmente a dureza dos dentes nas mulheres e, em menor escala, nos homens. Os valores médios de microdureza de dentes com abrasão não apresentaram diferença significante entre as medidas obtidas em ambos os sexos.

GROSSMAN & MEIMAN (1941), após o estudo dos vários agentes químicos aplicados em técnicas endodônticas, tais como a solução aquosa de ácido sulfúrico - CALLAHAN (1894), o sódio e o potássio metálicos - SCHREIER (1893), o dióxido de sódio - KIRK (1893), o metilato de sódio, a papaína e a soda clorada - WALKER (1936), ratificaram a afirmativa de WALKER (1936), no sentido de que a solução de soda clorada seria a mais eficiente como solvente do tecido pulpar. Essa afirmativa de GROSSMAN & MEIMAN (1941), em última análise, permitiu um tratamento endodôntico mais disciplinado quanto ao uso das soluções irrigantes.

GROSSMAN (1943) sugeriu uma técnica de irrigação para o tratamento de canais radiculares que, por um período de cinqüenta anos, resistiu às críticas. Resumidamente, essa técnica consiste na irrigação alternada, primeiro com hipoclorito de sódio a 5,0 por cento, depois com peróxido de hidrogênio a 3,0 por cento e novamente com o hipoclorito de sódio. O objetivo dessa associação é somar a capacidade solvente do hipoclorito de sódio com a liberação de oxigênio nascente do peróxido de hidrogênio. Como justificativa para sua técnica, o autor cita o seguinte axioma: "antes de uma ferida estar pronta para receber o agente quimioterápico, todo resto necrótico e sujeira devem ser removidos."

Em 1944, é editado o livro de PUCCI & REIG sobre o tratamento de canais radiculares onde, no capítulo sobre química dos canais radiculares, relatam que o ácido clorídrico é superior ao ácido sulfúrico para a instrumentação de canais atresiados, porque forma sais solúveis de cálcio, o que facilita a instrumentação dos canais.

NIKIFORUK & SREEBNY (1953) estudaram as propriedades químicas de um sal de ácido orgânico fraco - ácido etilenodiaminotetracético sal dissódico (EDTA) - e também o melhor método de se utilizar esta solução como agente desmineralizante de tecido duro. O poder de desmineralização era determinado através da aplicação do EDTA sobre fêmures, tíbias e mandíbulas de ratos com 120 dias de vida. Os autores observaram que a ação do EDTA dava-se pela reação de quelação com o cálcio. Desse estudo, pode-se concluir que este sal de ácido orgânico tem ampla capacidade de ação desmineralizante, estabelecendo-se inclusive novas bases para a aplicação dessa substância na instrumentação dos canais radiculares.

Com a preconização do uso dessa substância como agente desmineralizador, inúmeros pesquisadores se interessaram em estudá-lo. O objetivo era conseguir maiores informações, para melhor conhecer essa nova solução irrigante que poderia ser a grande revelação da época, frente às propriedades negativas das outras soluções ácidas até então empregadas como solução irrigante.

JUSSILA & PHOTO (1954) analisaram o efeito de várias soluções de EDTA sobre o tecido dentinário, e observaram que uma solução de EDTA a 10 por cento e pH 11 dissolvia dentina de modo considerável no espaço de tempo de 10 a 15 minutos. Notaram também que esta solução de EDTA a 10 por cento em pH 11 apresentava efeito hidrolisante sobre as proteínas e portanto, deveria ser considerada uma solução danosa aos tecidos vitais.

Em 1957, ØSTBY, baseado nos trabalhos de NIKIFORUK & SREEBNY (1953) e de JUSSILA & PHOTO (1954), propõe o ácido etilenodiaminotetracético sal dissódico (EDTA) para instrumentação dos canais radiculares, uma vez que pela sua ação quelante, permite formular uma solução auxiliar para a instrumentação do canal radicular. O EDTA em pH 7,3 é biologicamente compatível com tecidos pulpares e periapicais. Por essa razão, foi preconizado o seu emprego em substituição aos ácidos inorgânicos até então utilizados. O autor propôs o uso de uma solução de EDTA a 15 por cento com pH 7,3. Esse pH é obtido pela adição de hidróxido de sódio 5N.

CRAIG & PEYTON (1958) fizeram um estudo da microdureza do esmalte e da dentina de dentes permanentes, íntegros e recém-extraídos. Os autores cortaram os dentes em várias direções e observaram que a maior variação da microdureza no esmalte foi exatamente abaixo da superficie oclusal, embora os valores médios para este tipo de secção não apresentassem diferença estatística em relação aos valores médios de outras secções.

CRAIG et al (1959) estudaram a microdureza da dentina na região da coroa e raiz de dentes humanos recém-extraídos. Os autores chegaram às seguintes conclusões: 1- a microdureza da dentina na região da junção dentina-esmalte da coroa e da raiz do dente é menor que a da dentina adjacente, ou seja, a dentina dessa região é mais mole que a dentina ao seu redor; 2- a microdureza da dentina adjacente à câmara pulpar é menor do que a da dentina ao seu redor; 3- a dentina no centro da coroa tem a mesma microdureza que a dentina em volta da junção dentina-cemento na porção radicular; 4- a dentina subjacente à lesão de cárie é mais dura do que a dentina normal, enquanto a microdureza no centro da lesão é muito menor; 5- a dentina translúcida é mais dura que a dentina normal.

HILL (1959) adicionou o tensoativo amônio quaternário - Cetavlon (cetyltrimethylammonium bromide) - à solução de EDTA. O autor verificou que esta associação dava capacidade bacteriostática ao EDTA e observou também que esse novo produto amolecia a parede dentinária do canal radicular após o tempo de 3 a 5 minutos de aplicação.

MARSHALL et al (1960) dividiram as amostras de dentes em quatro grupos, a fim de estudarem a permeabilidade da dentina radicular após instrumentação, associada ou não à várias soluções irrigantes. Os dentes foram assim separados: grupo um, formado por dentes controles, que não recebiam a instrumentação mecânica, mas somente a remoção de toda a polpa com o uso do extirpa-nervos, tendo inclusive seus ápices selados com cera; grupo dois, formado por dentes que recebiam a instrumentação mecânica dos canais radiculares e eram irrigados com água corrente; grupo três, composto por dentes que recebiam o tratamento mecânico, isto é, instrumentação com auxílio de soluções irrigantes - EDTA (ØSTBY, 1957), soda clorada 5,25 por cento alternada com água oxigenada a 3,0 por cento (GROSSMAN, 1943), nitrato de prata amoniacal (HOWE, 1917), e solução aquosa de ácido sulfúrico neutralizada após um minuto de ação com bicarbonato de sódio (CALLAHAN, 1894). Finalmente, o quarto grupo, composto de dentes que tinham os seus canais radiculares instrumentados com auxílio das soluções de água oxigenada a 3,0 por cento (3,0 ml durante cinco minutos), soda clorada a 5,25 por cento (3,0 ml durante cinco minutos), nitrato de prata amoniacal (um minuto), ácido sulfúrico (um minuto) e eugenol (cinco minutos). A permeabilidade era indicada pelo uso dos radioisótopos S35, Na22, I131 e P32, sob a forma de soluções marcadas de sulfato de sódio, cloreto de sódio, iodeto de sódio isotônico e fosfato de sódio, respectivamente. Os autores concluíram que as áreas cervical e média da dentina radicular apresentavam-se permeáveis a todos os isótopos testados. Entretanto, as soluções de EDTA, eugenol e bicarbonato de sódio diminuíram a permeabilidade da dentina aos isótopos.

Von FEHR & ØSTBY (1963) recomendaram o uso de uma associação composta de EDTA e Cetavlon (tensoativo catiônico quaternário de amônio). Essa associação tinha o objetivo de diminuir a tensão superficial da solução de EDTA, facilitando sua ação no interior dos canais radiculares. Essa nova solução era mais bacteriostática e ficou conhecida como EDTAC.

PATTERSON (1963) realizou um exaustivo trabalho "in vivo" e "in vitro" sobre o efeito do EDTA e do EDTAC sobre a microdureza da dentina, usando teste de dureza "Knoop". Ele constatou que a superfície da dentina tinha sua microdureza gradualmente reduzida após a aplicação do EDTAC e que essa solução era mais eficaz do que o EDTA na limpeza do canal radicular e em relação à sua capacidade antimicrobiana. Além dessa observação, ele também constatou que a solução de EDTAC não era injuriosa aos tecidos periapicais. A diferença entre as duas substâncias, em relação às suas composições, é que o EDTAC (Cetavlon) contém uma amônia quaternária associada ao EDTA.

NAUMOVICH (1963), baseado no fato de que a tensão superficial é um dos mais importantes fatores que determinam o poder de uma determinada substância de penetrar e se espalhar sobre uma superfície, estudou duas propriedades químicas a tensão superficial e o pH de vinte e duas substâncias utilizadas na terapêutica endodôntica. O EDTA apresentou pH 7,28 e tensão superficial 54,0 dinas/cm; para a solução de EDTAC, o pH foi de 7,4 e a tensão superficial foi de 39,7dinas/cm. O pesquisador ainda sugere que as drogas que apresentam o pH muito baixo ou muito alto deveriam ser neutralizadas após o uso.

CAUDURO (1964), professor de Odontologia de Porto Alegre, publicou um Manual de Endodontia e, no capítulo destinado ao preparo dos condutos radiculares, ele cita que o EDTA é utilizado em condutos constritos e obstruídos e às vezes facilita a remoção de instrumentos fraturados. Diz também, que os componentes do EDTA têm efeito dissolvente sobre a dentina, promovendo dessa forma a sua desmineralização, portanto, deveria ser usado durante a instrumentação do conduto para reduzir o tempo necessário para o seu alargamento, facilitando a remoção dos componentes inorgânicos. Segundo o mesmo autor, a solução de EDTA é neutralizada pelos hipocloritos e pela água oxigenada e, por tal razão, não devem ser utilizadas alternadamente e, ainda comenta que o EDTA, para fazer efeito, deve permanecer no interior dos canais radiculares por pelo menos 15 minutos.

HAMPSON & ATKINSON (1964), ratificando parte dos resultados alcançados por WACH et al (1955), observaram que a região apical é a que apresenta menor penetração de radioisótopos S35 e I131. Eles observaram que a estrutura dentinária dessa região tem um aspecto mais transparente. Nesse trabalho, foram utilizadas as seguintes soluções irrigantes: cloramina, EDTA a 15 por cento, cetrimide, clorexidina, nitrato de prata amoniacal, eugenol, solução de nitrato de prata seguida de eugenol, e tricresol. Além dessas soluções, utilizaram o que poderia ser chamado de teste em branco, ou seja, a instrumentação do canal radicular sem emprego de soluções irrigantes. Resultados comparativos entre as instrumentações com e sem auxílio de soluções irrigantes, possibilitaram aos autores concluírem que a instrumentação a seco não provocava o aumento da permeabilidade, enquanto que o uso de soluções promovia aumento da permeabilidade dentinária.

WEINREB & MEIER (1965) utilizaram 160 dentes anteriores humanos para comparar a eficiência do EDTA e do ácido sulfúrico utilizados isoladamente e em associação com a instrumentação no alargamento dos canais radiculares. O resultado desse experimento mostrou que a solução de EDTA utilizada isoladamente ou em combinação com a instrumentação é muito mais eficaz que o ácido sulfúrico no processo de alargamento do canal. Os autores aconselham a troca constante do EDTA a cada três minutos, para que ele seja mais eficaz no preparo do canal radicular.

HELING et al (1965) também fizeram um estudo comparativo entre duas soluções. A pesquisa comparava a ação do EDTA e do ácido clorídrico a 20 por cento na remoção de cálcio das paredes dos canais radiculares. Observaram que a solução de EDTA preconizada por ØSTBY (1957) era tão efetiva quanto a solução de ácido clorídrico a 20 por cento na instrumentação do canal radicular.

GUTIÉRREZ & GARCÍA (1968) analizaram micro e macroscopicamente o resultado da instrumentação dos canais radiculares. Durante a instrumentação, foram utilizadas as seguintes soluções irrigantes: solução salina, hipoclorito de sódio e solução de EDTA. Os autores relataram que essas soluções irrigantes cristalizam no interior do canal radicular durante a instrumentação e interferem na espessura da obturação.

STEWART et al (1969), aproveitando as características quelantes do EDTA e a propriedade antisséptica do peróxido de uréia, preconizam uma nova solução auxiliar de instrumentação, com a consistência de creme. Os autores identificaram-na comercialmente com o nome de RC-PrepÒ . Contém 15 por cento de EDTA, 10 por cento de peróxido de uréia e carbowax em quantidade suficiente para chegar à consistência de creme. O RC-PrepÒ é introduzido na câmara pulpar, e sobre ele é adicionada a soda clorada (hipoclorito de sódio a 5 por cento). Disso resulta uma reação de efervescência, com liberação de oxigênio nascente. Testes bacteriológicos mostraram que, após a instrumentação, 97,6 por cento das culturas bacteriológicas apresentavam resultados negativos ao crescimento de microrganismos.

STEWART et al (1969) verificaram, ainda, que o peróxido de uréia não permanecia estável em solução aquosa, e que o EDTA era insolúvel em água. Dessa forma, o Carbowax (polietilenoglicol) foi utilizado como veículo, pois permitia formar um creme, ao qual eram incorporados tanto o peróxido de uréia como o EDTA, em forma de pó. Esse creme constituído de peróxido de uréia , EDTA e Carbowax, apresenta-se solúvel em água, amolece à temperatura do corpo e apresenta-se estável.

Logo a seguir, COHEN et al (1970) compararam a eficiência de várias soluções, entre elas o hipoclorito de sódio a 5 por cento, o hipoclorito de sódio a 5 por cento associado à água oxigenada a 3 por cento, o peróxido de uréia em glicerina anidra (Gly-OxideÒ ) associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, o creme RC-PrepÒ associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, e o ZefirolÒ a 1:1000, usadas como auxiliares na instrumentação do canal radicular. O objetivo era avaliar suas ações em relação à permeabilidade dentinária. Assim, após a instrumentação, o corante azul de metileno em solução aquosa a 2 por cento era introduzido no canal radicular. A avaliação foi feita segundo o método do Índice de Permeabilidade Dentinária, preconizado por MARSHALL et al (1960). Os autores chegaram à conclusão de que a permeabilidade dos canalículos dentinários aumentava significantemente com o uso do RC-PrepÒ associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, tanto no terço médio do canal como na região apical.

Com base no trabalho de STEWART et al (1969), PAIVA & ANTONIAZZI (1973) preconizaram o uso de um composto cremoso, substituindo a solução de EDTA do antigo creme RC-PrepÒ pelo Tween 80 na mesma porcentagem, ou seja, 15 por cento. Os demais componentes permaneceram como na fórmula original: 10 por cento de peróxido de uréia e 75 por cento de Carbowax. Esse novo composto é identificado como Endo-PTCÒ . A vantagem de incluir um detergente na fórmula do Endo-PTCÒ , segundo os autores, é que este auxiliaria o processo de limpeza das paredes do canal radicular, diminuindo a tensão superficial do creme, permitindo que ele se espalhe de maneira mais rápida e uniforme por toda superfície do canal radicular, favorecendo o processo de limpeza pela multiplicação das superfícies de contato. De outro lado, o arranjo característico da molécula do detergente lhe confere propriedades umectantes e emulsionantes, de modo que a contaminação gordurosa do canal é adsorvida e mantida em suspensão. Além disso, também, segundo os autores, a ação do EDTA seria anulada quando associado ao hipoclorito de sódio. Eles indicaram o uso desse creme associado à solução de Dakin para a instrumentação de canais radiculares.

SEIDBERG & SCHILDER (1974) realizaram um estudo com o objetivo de determinar a propriedade química autolimitante da solução de EDTA. Eles observaram que, quando uma quantidade em excesso da solução de EDTA era colocada sobre a dentina, aproximadamente 73 por cento dos seus componentes inorgânicos eram quelados e que a velocidade de reação era mais rápida dentro da primeira hora de aplicação, atingindo o equilíbrio em aproximadamente 7 horas. Verificaram também que, apesar de existir uma quantidade excessiva de matéria inorgânica, somente uma quantidade proporcional de toda dentina disponível poderia ser quelada quando reagindo com uma quantidade conhecida da solução de EDTA, comprovando dessa forma a propriedade química autolimitante.

A biocompatibilidade das soluções irrigantes sobre o "coto" pulpar foi estudada por NERY et al (1974). Os autores selecionaram o soro fisiológico, a solução saturada de hidróxido de cálcio, a água oxigenada a 10 volumes, o TergentolÒ , a solução de Dakin, a soda clorada, o EDTAC, o EDTA, o EDTA mais peróxido de uréia, o EDTA recém-preparado, incluindo também a água destilada. Dos resultados obtidos, os autores, após exame histológico, admitiram que todas as substâncias estudadas, quando seladas no interior dos canais radiculares por 48 horas, produzem necrose do "coto" pulpar e processo inflamatório nos tecidos periapicais, de intensidade e extensão variáveis. Dentre as substâncias testadas, as menos irritantes foram: a água destilada, a água de cal, o EDTA e o EDTAC.

BAKER et al (1975) estudaram a eficácia de várias soluções irrigantes em remover os "débris" nos terços apical, médio e cervical do canal radicular através da microscopia eletrônica de varredura. As soluções testadas foram: soro fisiológico, peróxido de hidrogênio, hipoclorito de sódio alternado com peróxido de hidrogênio, Gly-oxideÒ associado ao hipoclorito de sódio, RC-PrepÒ associado ao hipoclorito de sódio, EDTA e EDTA alternado com hipoclorito de sódio. Os autores observaram que não havia diferença na eficácia em remover os "débris" de uma solução para a outra e que a remoção desse "débris" e dos microrganismos se deve principalmente à quantidade e não ao tipo de solução irrigante utilizada.

ABRAMOVICK & KALUZA (1976) estudaram, em esmalte, se a aplicação do fluoreto estanhoso modificava a ação quelante do EDTA sobre esse tecido. Essa pesquisa elucidou que a aplicação do fluoreto estanhoso no esmalte antes do tratamento com EDTA não interferia na sua ação quelante.

FRASER & LAWS (1976), pesquisando a ação do EDTA, sobre a permeabilidade dentinária, verificaram que as regiões cervical e média do canal radicular sofriam ação quelante, mas a dentina da região apical permanecia inalterada.

ROBAZZA & ANTONIAZZI (1976) analisaram o índice de permeabilidade dentinária após o uso das seguintes soluções auxiliares da instrumentação de canais radiculares: EDTA, água oxigenada a 10 volumes e TergentolÒ . A permeabilidade dentinária radicular foi evidenciada por uma solução de azul de metileno a 0,5 por cento durante um período de 24 horas. A quantificação da permeabilidade foi realizada pelas duas formas propostas por MARSHALL et al (1960). Os autores concluíram que existe diferença estatística na obtenção do índice da permeabilidade dentinária pelas formas propostas.

O efeito da solução de EDTAC nas paredes do canal radicular foi investigado por GOLDBERG & ABRAHAM (1977). Eles instrumentaram o canal radicular de seis dentes incisivos centrais superiores, e em seguida fizeram um corte no sentido longitudinal dividindo o dente ao meio, obtendo dessa forma 12 secções. Uma secção de cada dente era tratada com a solução de EDTAC durante 15 minutos e a outra secção era utilizada como controle. As hemissecções utilizadas como controle não recebiam nenhum tipo de solução após a instrumentação. Concluída essa fase, os dentes eram lavados e analisados em um microscópio eletrônico de varredura. Os autores observaram que as secções controle apresentavam, na superfície da dentina, uma grande quantidade de fendas e fissuras, geralmente cobertas por um material amorfo e granular. Esse material obliterava parcialmente ou totalmente os canalículos dentinários. Já nas hemisecções que sofreram a ação do EDTAC, a superfície dentinária apresentava-se com uma textura lisa. Os canalículos dentinários eram bem circulares e regulares, com o diâmetro bem maior do que aqueles do grupo controle.

KAUFMAN et al (1978), baseados em suas pesquisas anteriores, compararam as propriedades quimioterápicas do SalvizolÒ e EDTAC. A conclusão desse experimento é que o SalvizolÒ se sobressai à solução de EDTAC no que diz respeito à ação bactericida, fungicida, biocompatibilidade com os tecidos e principalmente no poder de ação no terço apical do canal radicular.

Nova pesquisa comparando as ações quelantes do EDTA, RC-PrepÒ e SalvizolÒ foi realizada por RAM (1980). Ele dividiu os dentes em dois grupos. No primeiro grupo, os dentes eram divididos ao meio e tratados com as soluções quelantes testadas. No segundo grupo, antes dos dentes serem seccionados, eles eram instrumentados utilizando os agentes quelantes como solução irrigante. O Salvizolâ foi a solução que melhor quelou ions no primeiro grupo, ou seja, sem instrumentação. No segundo grupo, o melhor efeito quelante foi obtido pela solução de EDTA.

BRÄNNSTRÖM et al (1980) estudaram o efeito do EDTA na morfologia da dentina humana em diferentes concentrações, associado ou não a uma solução bactericida (cloreto de benzalcônio). Para isso, eles utilizaram 132 dentes que foram extraídos para tratamento ortodôntico. Os dentes, antes da extração, eram preparados com pontas diamantadas em alta rotação sob refrigeração a água ou a ar. O resultado mostrou que a combinação do EDTA com a solução bactericida foi eficaz na remoção da maioria da camada de "smear" produzida durante o preparo. Isso acontecia sem excessiva abertura dos canalículos dentinários e sem remover dentina pericanalicular. A limpeza do canal radicular era melhor quando as substâncias eram usadas em combinação do que quando usadas separadamente. Não foi observada diferença estatística entre a capacidade de limpeza sob refrigeração a ar e a água. As soluções contendo 0,15 e 0,20 por cento de EDTA foram mais efetivas na remoção do "smear" que a solução contendo 0,10 por cento. Ótimos resultados foram obtidos com a solução de EDTA a 0,2 por cento.

CURY et al (1981) estudaram a ação desmineralizadora do EDTA em diferentes pH. Nesse estudo, usaram uma solução de EDTA a 0,3 M, preparada com diferentes pH (5,0 - 6,0 - 7,0 - 8,0 e 9,0). Essas soluções atuaram em dentina, da qual, a seguir, analisou-se a quantidade de fósforo liberado. Como conclusão, verificaram que a ação desmineralizadora do EDTA é influenciada pelo pH da solução. O maior efeito desmineralizador foi observado entre pH 5 e 6.

GOLDMAN et al (1981) verificaram a eficiência em remover a camada de "smear" de três soluções irrigantes utilizadas em Endodontia. As soluções testadas foram: hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, EDTA e um tensoativo. A microscopia eletrônica de varredura evidenciou que somente a solução de EDTA foi capaz de remover a camada de "smear".

CRABB (1982) investigou, por meio da microscopia eletrônica de varredura, a capacidade de várias soluções irrigantes em promover a limpeza dos canais radiculares, quando das suas instrumentações com auxílio de uma unidade ultra-sônica. Eles observaram que a solução de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento foi a mais efetiva na remoção de "débris" dos canais radiculares do que a solução de SalvizolÒ a 0,5 por cento e o EDTA a 15,0 por cento.

GOLDBERG & SPIELBERG (1982), também através da microscopia eletrônica de varredura, analisaram o efeito da solução de EDTAC nas paredes do canal radicular em diferentes tempos de atuação. Os pesquisadores concluíram que o EDTAC começa a surtir efeito após 5 minutos de atuação, alcançando seu efeito máximo em 15 minutos. Após esse tempo, mesmo mantendo a solução em contato com a dentina, não aumentava o seu efeito quelante.

GOULART et al (1982) realizaram experiências "in vitro" para estudar a atividade antimicrobiana dos seguintes agentes quelantes de uso endodôntico: RC-PrepÒ , Endo-PREPSEMÒ e três diferentes marcas comerciais de EDTA. O paramonoclorofenol canforado (PMCFC) foi utilizado como padrão. A avaliação da atividade antimicrobiana foi feita pelo método de difusão em agar (MOLLER, 1966). Para avaliar a atividade antimicrobiana dessas substâncias, foram utilizadas amostras de cinco microrganismos isolados de canais radiculares humanos. Foi determinada também a relação existente entre "tempo" e "atividade antimicrobiana" em intervalos de 10, 15, 20 e 30 minutos. Os resultados obtidos permitiram concluir que, nas condições experimentais, os quelantes comumente utilizados na realização do tratamento endodôntico têm ação antimicrobiana semelhante à do PMCFC e que essa atividade é "tempo-dependente".

YAMADA et al (1983), com auxílio da microscopia eletrônica de varredura, correlacionaram a instrumentação com diferentes volumes de diversas soluções irrigantes, como a solução salina (controle), o hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, o EDTA a 17,0 por cento e a 8,5 por cento, e o ácido cítrico a 25,0 por cento. Os resultados mostraram que, quando a solução salina foi usada antes e depois da instrumentação, a presença de "débris" era grande, tanto na região coronária como na apical; quando foram empregados 20 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento na irrigação final, a superfície das paredes do canal apresentou-se limpa e lisa. Entretanto, a fotomicrografia obtida com grande ampliação revelou a presença da camada de "smear" típica, de uma estrutura amorfa, preenchendo os canalículos dentinários; o uso de 20 ml de EDTA a 17,0 por cento evidenciou a presença de "débris" na região apical; o uso de 20 ml de ácido cítrico a 25,0 por cento apresentou resultados variáveis em função do número de canais. A associação de 10 ml de EDTA a 17 por cento com 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento revelou-se mais eficiente na remoção da camada de "smear", apresentando inclusive grande eficiência na remoção de "débris" superficiais. Além disso, as fotomicrografias mostram uma real limpeza do canal principal na região apical, porém com pequena quantidade de "débris" nos canalículos dentinários; uma segunda combinação, de 10 ml de EDTA a 8,5 por cento seguida por 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, também se mostrou eficiente na remoção da camada de "smear". Porém, essa combinação não foi tão eficiente quanto a anteriormente citada. As fotomicrografias mostraram inclusive a presença de cristais. A análise desse trabalho evidencia que o estudo das soluções quanto às suas capacidades de limpeza não é inédito, porém apresenta riqueza de detalhes mostrados pelas fotomicrografias.

BRANCINI et al (1983) analisaram o poder de limpeza de algumas soluções irrigantes, com o auxílio da microscopia eletrônica de varredura. Utilizaram, para essa investigação, 26 caninos humanos recém-extraídos. Os canais foram instrumentados e irrigados com as seguintes soluções: EDTA, ácido cítrico a 1,0 por cento, TergentolÒ , Dehyquart AÒ e solução de Dakin. Após esses procedimentos, os dentes foram seccionados longitudinalmente e preparados para análise em microscópio de varredura. Os autores concluíram que a eficiência de limpeza das soluções irrigantes obedece à seguinte ordem decrescente: EDTA, ácido cítrico, Dehyquart AÒ , TergentolÒ e solução de Dakin. Não foi constatada diferença estatística em relação ao poder de limpeza das soluções irrigantes nos terços cervical, médio e apical.

CAMERON (1984), através da instrumentação ultra-sônica, preparou trinta e dois dentes humanos com canais atrésicos. A instrumentação dos canais foi auxiliada com a mistura do creme RC-PrepÒ e hipoclorito de sódio a 3 por cento. A microscopia eletrônica de varredura mostrou que a solução irrigante testada não foi capaz de remover os "débris" e nem a camada de "smear" das paredes do canal radicular.

DOW (1984) fez uma breve revisão da literatura com o título de "EDTA- tempo para re-avaliação". Nesse artigo, o autor comenta que a solução de EDTA é sem dúvida um eficiente agente quelante e a reação química autolimitante ocorre independentemente da quantidade utilizada. Ele ainda expõe sua opinião dizendo que com o tempo, as pesquisas têm demonstrado a eficiência da solução de EDTA como agente quelante na prática odontológica.

PAIVA & ANTONIAZZI (1984) afirmaram que, para a utilização do EDTA, "deve-se ter em conta que não pode existir na cavidade do dente qualquer traço de substância química que possua pH diferente do neutro, já que alteraria a capacidade de quelação desejada". Afirmaram ainda que o EDTA deve ser neutralizado com solução de Dakin ou de MiltonÒ , fazendo uma irrigação lenta, dispendendo cerca de 5 ml da solução. Neste mesmo livro, esses autores preconizaram a utilização do EDTA associado ao Tergensol, que é um um produto à base de um tensoativo aniônico, o lauril dietilenoglicol éter sulfato de sódio. Essa solução foi chamada de EDTA-T, pelos autores.

GOLDBERG et al (1984) compararam, por meio da microscopia eletrônica de varredura, as ações das soluções de EDTAC e SalvizolÒ sobre as paredes do canal radicular. O tempo de ação para cada solução foi de 15 minutos. Os resultados demonstraram que a solução de EDTAC possui uma maior capacidade de remover a camada de "smear" das paredes do canal radicular do que a solução SalvizolÒ .

BYSTRON & SUNDQVIST (1985) verificaram a ação antimicrobiana da solução de hipoclorito de sódio e EDTA em 60 casos de tratamento endodôntico em dentes infectados. Observaram que não havia diferença entre a ação antimicrobiana das soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5 e 5 por cento. O uso combinado de uma solução de EDTA e hipoclorito de sódio a 5 por cento apresentava-se mais eficaz do que quando se usava somente a solução de hipoclorito de sódio.

PÉCORA (1985) estudou a permeabilidade da dentina radicular em caninos humanos, após a instrumentação manual dos canais radiculares com o uso de diversas soluções irrigantes, tais como a solução de Dakin, a solução de MiltonÒ , a soda clorada, a soda clorada alternada com água oxigenada, o EDTA, o RC-PrepÒ mais soda clorada, o TergentolÒ -FuracinÒ , o Endo-PTCÒ neutralizado com solução de Dakin e água como controle. A permeabilidade da dentina radicular foi estudada por meio de cortes transversais dos dentes, com a adoção de um método histoquímico proposto por ROSELINO (1983) para a sua evidenciação. A quantificação dos níveis de permeabilidade foi realizada pela análise morfométrica. Com base nos resultados, concluiu-se que as soluções halogenadas e a de EDTA foram as que mais aumentaram a permeabilidade da dentina radicular

LINDEMANN et al (1985) estudaram a permeabilidade dentinária e a resposta do tecido pulpar à solução de EDTA. Eles observaram que a solução de EDTA possui toxicidade desprezível ao tecido pulpar quando aplicada sobre a dentina intacta. Isso porque o EDTA não se difunde pelos canalículos dentinários. Porém, os autores recomendam cautela quando aplicar o EDTA em dentes com suspeita de exposição do tecido pulpar.

SOARES et al (1986) realizaram "in vivo" avaliação do EDTA como solução irrigante de canais radiculares em dentes humanos com mortificação pulpar e comprovadamente contaminados. Cinqüenta dentes unirradiculares foram instrumentados e irrigados exclusivamente com uma solução de EDTA a 15 por cento. Os controles microbiológicos foram realizados imediatamente depois da preparação cirúrgica e apresentaram 80 por cento de culturas negativas. A permanência de EDTA como medicação temporária durante 24 horas promoveu 96 por cento de culturas negativas. Nenhum caso apresentou dor pós-operatória. Eles recomendaram o EDTA como solução irrigante de canais radiculares.

BERG et al (1986) compararam a ação de cinco soluções irrigantes sobre as paredes do canal radicular através da microscopia eletrônica de varredura. Vinte e cinco dentes foram instrumentados e irrigados com as seguintes soluções: SalvizolÒ , hipoclorito de sódio, Gly-OxideÒ em combinação com hipoclorito de sódio e EDTA. Uma solução salina foi utilizada como controle. Para avaliação, os dentes foram seccionados ao meio e analisados no microscópio. Os resultados, baseados na análise estatística de variância, demonstraram que as soluções de SalvizolÒ , hipoclorito de sódio, solução salina e a mistura de Gly-OxideÒ com hipoclorito de sódio não removeram a camada de "smear" das paredes dos canais radiculares. O EDTA foi a solução irrigante mais eficiente para essa tarefa.

NUNEZ et al (1987) investigaram a presença de restos inorgânicos e orgânicos no interior do canal radicular de 30 dentes extraídos, depois de serem submetidos à instrumentação ultra-sônica e de serem irrigados com três soluções distintas: solução fisiológica, irrigação alternada com hipoclorito de sódio a 5 por cento e água oxigenada a 3 por cento, e com EDTAC. Os autores concluíram que a instrumentação ultra-sônica com o hipoclorito de sódio alternado com água oxigenada e o EDTAC foram efetivos na remoção de restos orgânicos e inorgânicos do interior do canal radicular.

ZUOLO et al (1987) estudaram o efeito do EDTA e sua associação com tensoativos aniônicos e catiônicos na permeabilidade da dentina radicular de incisivos superiores humanos extraídos, e utilizaram o método histoquímico de ROSELINO (1983) para avaliar a permeabilidade dentinária radicular. A associação mais eficiente na promoção do aumento da permeabilidade foi a de EDTA associado a um tensoativo catiônico (EDTAC).

BAUMGARTNER & MADER (1987) verificaram, por meio da microscopia eletrônica de varredura, a capacidade de quatro soluções irrigantes em promover a limpeza de canais radiculares. Eles constataram que a camada de "smear" estava presente nas superfícies de canais radiculares irrigados com solução salina e com hipoclorito de sódio. O EDTA apresentou-se eficaz na remoção da camada de "smear" e em expor os orifícios dos canalículos dentinários. O hipoclorito de sódio removeu polpa remanescente e pré-dentina das superfícies de canais radiculares que não foram instrumentados, enquanto que o EDTA e a solução salina deixavam polpa remanescente e pré-dentina. Eles concluíram que a combinação de hipoclorito de sódio com a solução de EDTA removia completamente a camada de "smear" e a polpa remanescente de canais radiculares durante a instrumentação, e a polpa e pré-dentina das superfícies de canais radiculares não instrumentados.

GUIMARÃES et al (1988) realizaram pesquisa sobre a tensão superficial de várias soluções auxiliares na instrumentação dos canais radiculares, pelo método de ascensão capilar. Das substâncias analisadas, o lauril-sulfato-de-sódio a 0,1 por cento apresentou a mais baixa tensão superficial. A adição de tensoativos ao EDTA reduziu sensivelmente sua tensão superficial. A solução de EDTA proposta por Æ STBY (1957) apresenta tensão superficial de 69,25 dinas/cm e a adição de 0,1 por cento de Cetavlon fez com que essa tensão superficial caísse para 33,92 dinas/cm.

MOURA et al (1988) avaliaram "in vitro" a permeabilidade dentinária radicular em dentes irrigados com hipoclorito de sódio a 1 por cento associado ao creme de Endo-PTCÒ durante a instrumentação e lavagem final com solução de TergentolÒ -FuracinÒ , seguida ou não do emprego final de EDTAC. Os autores constataram que não houve diferença estatística significante em relação à permeabilidade dentinária frente ao uso ou não do EDTAC.

PEREZ et al (1989) analisaram o processo dinâmico da desmineralização da dentina por meio do EDTA. Eles observaram que o pH da solução de EDTA no interior da cavidade pulpar diminui à medida que ocorre a desmineralização. O aumento na concentração do EDTA de 0,1 mol/l para 0,5 mol/l causa maior acúmulo ácido e maior taxa de desmineralização. A eficiência da solução de EDTA diminui com o aumento do tempo de contato com a dentina, provavelmente pela liberação ácida do EDTAHNa (que é a forma predominante no pH neutro). Nenhum EDTA estudado reage após poucas horas. Trata-se da propalada "auto-limitação" do EDTA, que pode ser devida à acidificação da sua solução.

CIUCCHI et al (1989) compararam a eficiência de diferentes procedimentos de irrigação na remoção da camada de "smear" por meio da microscopia eletrônica de varredura. Foram utilizados nos experimentos 40 canais curvos preparados manualmente "in vitro" e irrigados copiosamente com hipoclorito de sódio a 3 por cento. Dez canais foram usados como controle. Os 30 restantes foram distribuídos em três grupos que foram subseqüentemente irrigados do seguinte modo: ultra-som com hipoclorito de sódio, EDTA, e ultra-som com EDTA. Os autores observaram que a irrigação com hipoclorito de sódio deixa camada de "smear" nas paredes dos canais radiculares. O uso do aparelho de ultra-som com hipoclorito de sódio remove moderadamente essa camada, enquanto que a irrigação com EDTA produz, quase sempre, superfícies livres de "smear". Eles notaram que a associação do uso de EDTA com ultra-som não aumentou a capacidade do agente quelante em remover a camada de "smear".

PROKOPOWITSCH et al (1989) analisaram as possíveis variações da porcentagem de penetração dentinária radicular do corante azul de metileno no terço apical em cinqüenta dentes humanos extraídos. Os dentes foram instrumentados manualmente, utilizando-se como coadjuvante as seguintes soluções irrigantes: soro fisiológico, TergentolÒ -FuracinÒ , hipoclorito de sódio a 1,0 por cento (solução de MiltonÒ ), Endo-PTCÒ e EDTA-T (ácido etilenodiaminotetracético associado ao TergentolÒ ). Após, os dentes foram seccionados no sentido longitudinal para avaliação do grau de infiltração. Dentro das condições experimentais estabelecidas, os autores concluíram que não houve diferença estatisticamente significante entre os valores das médias de penetração do corante em relação à hemissecção do terço apical, entre a associação de TergentolÒ e FuracinÒ e o EDTA-T, como também entre o Endo-PTCÒ e o EDTA-T.

GENGIZ et al (1990) investigaram "in vitro" e por meio de microscopia eletrônica de varredura a capacidade da remoção da camada de "smear" proporcionada pelas seguintes soluções: salina, EDTA a 15 por cento e do EDTA a 15 por cento seguido de irrigação de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento. Eles utilizaram 20 mililitros de cada solução irrigante, sendo que para a irrigação com EDTA seguida de hipoclorito de sódio, utilizaram 10 mililitros de cada solução com o objetivo de manter a mesma quantidade de líqüido irrigante. Essa investigação possibilitou as seguintes conclusões: a) a camada de "smear" é formada durante a instrumentação dos canais radiculares; b) a irrigação do canal radicular com a solução de EDTA seguida da irrigação com a solução de hipoclorito de sódio possibilitou a obtenção de canais radiculares com menos "smear" do que quando irrigados somente com EDTA.

PÉCORA et al (1990) apresentaram um método histoquímico para detectar a ação quelante do EDTA na dentina radicular. Para isso, eles instrumentaram incisivos centrais superiores humanos extraídos, irrigando-os com uma solução de Dakin. Na realização do ensaio histoquímico, procedeu-se à adaptação do método de FEIGL (1958). Os dentes foram imersos em uma solução de sulfato de níquel a 5 por cento durante 30 minutos. Após serem secos, foram divididos em dois grupos: a) grupo controle - onde eram imersos em um recipiente contendo uma solução alcoólica de Dimetilglioxima a 1,0 por cento; b) grupo experimental - os dentes eram imersos em uma solução de EDTA por 30 minutos e em seguida em uma solução de Dimetilglioxima. Finda essa etapa, os dentes de ambos os grupos eram removidos do recipiente e secados, para serem seccionados sagitalmente de milímetro em milímetro. Os autores concluíram que a solução de EDTA penetra no interior dos canalículos dentinários quelando ions de níquel e pode ser revelado pela reação Níquel-Dimetilglioxima.

SAQUY (1991) investigou, por meio de dois métodos químicos e um físico, o efeito quelante de uma solução de EDTA, associado ou não à solução de Dakin. O primeiro método químico constatou a quelação de íons metálicos pelo EDTA; o segundo determinou a concentração de cálcio complexado pelo EDTA através de espectrofotometria de chama. O método físico utilizado foi o de avaliar a microdureza da dentina após a aplicação das soluções testadas. Os resultados obtidos possibilitaram ao autor concluir que tanto a solução de EDTA como a associação dessa solução com a solução de Dakin são capazes de quelar ions cálcio e diminuir a microdureza da dentina. Esse trabalho deixa claro que a ação quelante do EDTA não é inativada pela sua associação com o hipoclorito de sódio.

PÉCORA (1992) estudou as ações das soluções de Dakin (hipoclorito de sódio a 0,5 por cento) e de EDTA a 15 por cento usadas de forma isoladas, alternadas e misturadas durante a instrumentação de canais radiculares, sobre a evidenciação da permeabilidade dentinária radicular. A água destilada foi usada como controle. Utilizaram-se 10 incisivos centrais superiores humanos recém-extraídos para cada solução irrigante e os dentes foram irrigados com 10,8 ml de cada uma delas. Nos casos de uso alternado, utilizaram-se 5,4 ml de cada solução e no caso de mistura, na proporção de 1:1, utilizaram-se 10,8 ml. O indicador da permeabilidade dentinária radicular foi os ions cobre de uma solução de sulfato de cobre a 10 por cento e o revelador dos ions cobre foi o ácido rubeânico. A análise estatística dos resultados mostrou que a água tem menor efeito sobre a evidenciação da permeabilidade dentinária que as demais soluções. As soluções de Dakin e EDTA promoveram aumentos da evidenciação da permeabilidade dentinária de modo estatisticamente semelhante entre si, porém maior que a água. Os usos das soluções de Dakin e de EDTA, quer alternadas, quer misturadas, promoveram aumento da evidenciação da permeabilidade dentinária maior do que os usos dessas soluções de modo isolado, porém de forma estatisticamente semelhante entre si.

AKTENER & BILKAY (1993) investigaram, por meio da microscopia eletrônica de varredura, o efeito do EDTA e de uma mistura de EDTA com etilenodiamina sobre a remoção da camada de "smear", durante a instrumentação dos canais radiculares. Os autores concluíram que a mistura do EDTA com o solvente orgânico etilenodiamina favorece a remoção da camada de "smear", pois enquanto o EDTA atua nos componentes inorgânicos, o etilenodiamino atua sobre os componentes orgânicos do magma dentinário.

CRUZ FILHO (1994) estudou a ação do EDTAC sobre a microdureza da dentina radicular, nos terços cervical, médio e apical e em diferentes tempos de aplicação (00, 01, 02, 03, 05, 07 e 10 minutos). Os resultados evidenciaram que a microdureza é diminuida em função do tempo de aplicação do EDTAC e a redução da microdureza faz-se sentir no primeiro minuto de aplicação. O autor observou, também, que a dentina do terço cervical é mais dura que a dentina do terço médio e apical. Salientou que a microdureza da dentina está relacionada de modo inversamente proporcional com o tempo de aplicação do EDTAC.

As pesquisas citadas neste capítulo foram desenvolvidas com objetivos variados, grande parte deles com interesse maior centrado no problema da instrumentação de canais atrésicos, na investigação da ação quelante do EDTA e do EDTAC e na capacidade dessas soluções em promover a limpeza dos canais radiculares. Poucas pesquisas verificaram a capacidade dos agentes quelantes em alterar a microdureza da dentina.
 


PROPOSIÇÃO

O presente trabalho propõe-se avaliar a capacidade quelante das soluções de EDTA, EDTAC e EDTA-T pela análise da microdureza da dentina radicular.


MATERIAL & MÉTODO

1. Preparo dos corpos de prova para a leitura da microdureza.

Foram utilizados cinco incisivos centrais superiores humanos recém-extraídos e conservados em timol a 0,1 por cento e a 9 graus centígrados até o momento do uso. Esses dentes tiveram suas coroas seccionadas na junção esmalte-cemento, medindo-se em seguida o comprimento das raízes por meio de um paquímetro digital (Tesa, Suiça). Os valores obtidos eram divididos por três, a fim de determinar o comprimento dos terços cervical, médio e apical.

Após delimitado o comprimento relativo a um terço da raiz, seccionavam-se as raízes na linha de demarcação entre terços cervical e médio, para separar o terço cervical.

Esses terços cervicais das raízes eram então incluídos em acrílico de rápida polimerização, a fim de formar um bloco regular (Figura 1a) que possibilitasse sua adaptação em uma máquina de corte (Figura 2). Os demais terços foram desprezados.

Os terços cervicais foram seccionadas no sentido transversal, em uma máquina de corte dotada de um disco diamantado com 500 micrometros de espessura. Durante a secção das raízes, o disco diamantado e o bloco de acrílico que as continha eram refrigerados com jatos constantes de água, a fim de evitar a queima do acrílico e da dentina. Um marcador micrométrico, acoplado à máquina de corte, permitia um avanço de 1 milímetro, obtendo-se assim cortes do tecido radicular com essa espessura e ainda inclusos em acrílico (Figura 1b).

Os cortes externos foram desprezados, utilizando-se o corte intermediário para o estudo.

Esse corte foi dividido em quatro partes, cada qual utilizada para cada um dos tratamentos programados (Figura 3).

Figura 01.a Raiz incluída em acrílico de rápida polimerização; b - Secção transversal da raiz, corte de 500 micrometros; c - Quadrante da secção da raiz incluída em acrílico para a medida da microdureza.

Figura 02. Equipamento para secção das raízes: A) disco de separação diamantado; B) marcador micrométrico; C) garras para prender a peça acrílica com a raiz incluída; D) refrigeração a água; E) protetor; F) reservatório para captação e drenagem da água; G) motor de baixa e média rotação.

Figura 03. Disco de dentina ( Esquemático), mostrando a sua divisão em 4 partes, ou fragmentos

Cada quadrante foi incluído em um corpo de prova de acrílico, de modo que sua superfície cervical ficasse voltada para o exterior, confeccionado assim, para cada corte da raiz, quatro corpos de provas (Figura 1c).

A superfície da dentina do quadrante assim incluído era lixado com lixas d'água de granulações 400, 500 e 600 sob água corrente e, em seguida, polido em uma politriz (Struers-Dinamarca), dotada de disco de feltro (Figura. 4), associada a uma pasta de alumínio (Alpha micropolish 10 - Union Carbide).

O polimento da superfície dentinária era controlado pelo exame visual através de uma lupa, com aumento de 30X. Esse polimento só era considerado adequado à realização do teste de microdureza dentinária quando sua superfície apresentava-se sem riscos ou irregularidades.

Os corpos de prova da dentina incluídos nos dispositivos de acrílico eram então colocados em um recipiente com água destilada e deionizada, ali permanecendo até o momento da leitura de microdureza

Figura 04. Politriz (Struers), dotada de disco de feltro para polimento.

Para medir a microdureza (Vickers) da dentina, utilizou-se um aparelho da marca WOLPERT, de procedência alemã
(Figura 5).

A carga utilizada foi de 50 gramas, aplicada durante 15 segundos (SAQUY, 1991; CANEPA et al, 1993 e CRUZ FILHO, 1994).

Os corpos de prova de dentina preparados eram levados ao aparelho de medição e fixados sempre na mesma posição. Para que isto fosse possível, confeccionou-se um dispositivo de plástico dotado de vários pontos referênciais, que deveriam coincidir com os pontos marcados na mesa do aparelho.

Inicialmente, lia-se a microdureza no quadrante de dentina submetido à ação da água destilada e deionizada.

Posteriormente, lia-se a microdureza do segundo corpo-de-prova de dentina do mesmo corte, após a aplicação da solução de EDTA por cinco minutos. Na mesma seqüência, procedia-se à leitura da microdureza do terceiro corpo de prova do mesmo corte, após a aplicação da solução de EDTAC, por cinco minutos. E por último, lia-se a mirodureza da dentina do quarto corpo-de-prova de dentina do mesmo corte cervical, após a aplicação da solução de EDTA-T na sua superfície por cinco minutos.

Todos os corpos de prova receberam o mesmo volume de soluções a serem testadas. O volume padronizado foi de 50m l. Para realizar esse procedimento com precisão, utilizou-se uma pipeta automática.

Figura 05. Aparelho para medida da microdureza Vickers (Wolpert-Alemanha)

A aplicação de carga de 50 gramas fazia com que a ponta de diamante do aparelho de dureza penetrasse na dentina e fizesse mossas, como as observadas na Figura 06.

Figura 06 Fotomicrografia do tecido dentinário mostrando as mossas decorrentes da aplicação da carga de 50 gramas.

O comprimento das diagonais dessas mossas era a seguir transformados em dureza Vickers, segundo uma tabela de transformação. Quanto maior for o comprimento das diagonais, tanto menor a microdureza da dentina.

Procedeu-se do mesmo modo com todos os cortes, sendo que as medidas sucessivas da microdureza começava na dentina próxima à luz do canal e caminhavam em direção ao cemento. Em todos os corpos-de-provas, foi possível obter 12 leituras de microdureza Vickers.

Assim, os vinte corpos-de-provas forneceram 240 leituras de microdurezas.

2. Preparo das soluções:

As soluções utilizadas neste experimento foram aviadas no Laboratório de Pesquisa de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP-USP). A solução de EDTA e EDTAC foram preparadas de acordo com a proposta de ÆSTBY (1957).

A solução de EDTA foi aviada como segue:

Sal dissódico do ácido etilenodiamino tetracético 17,0 g

Água destilada 100,0 ml

Hidróxido de sódio 5N 9,8 ml

Em um béquer para 200 ml, pesaram-se 17 gramas do sal dissódico do ácido etilenodiaminotetracético (Merck) e adicionaram-se 100 ml de água destilada deionizada. A solução formada, de cor branca, foi agitada com um bastão de vidro, gotejando-se lentamente o hidróxido de sódio 5N (Merck), até se obter pH 7,3, quando a solução branca se tornava límpida e transparente. O pH foi aferido por meio de um pH-meter Digimed.

A seguir, a solução foi filtrada em papel e colocada em um recipiente plástico, dotado de batoque e tampa, sendo posteriormente guardada em local isento de luz, até o momento do uso.

A essa solução proposta por ÆSTBY (1957), foi acrescido 0,1 por cento de Cetavlon - tensoativo catiônico quaternário de amônio - brometo cetiltrimetilamônio (Merck), com pH 7,3, obtendo-se a solução conhecida como EDTAC.

A solução de EDTA-T foi aviada de acordo com a proposta de PAIVA & ANTONIAZZI (1984), como se segue: Toma-se uma proveta graduada de 200ml onde se colocou 17 gramas de sal dissódico do ácido etilenodiamino tetracético (EDTA). A seguir adicionou-se Tergensolâ (Lauril sulfato de sódio -Inodon) até completar 100 mililitros. Agita-se a solução com bastão de vidro e a seguir a solução foi deixada em repouso por dez minutos. Após isto gotejou-se solução de hidróxido de sódio 10N até o pH ser ajustado em 7,3.

A tensão superficial de cada solução utilizada foi medida pelo método da ascensão capilar (MOORE, 1968). A tensão superficial da água era de 72 dinas. cm-1; a da solução de EDTA era de 55,30 dinas. cm-1; a da solução de EDTAC era de 35,19 dinas.cm-1 e, por último, a solução de EDTA-T apresentou tensão superficial de 29,70 dinas.cm-1.


RESULTADOS

Os 60 dados amostrais utilizados neste estudo foram os valores da microdureza da dentina (dureza Vickers). Esse número total de dados resulta do produto fatorial de quatro soluções (Água, EDTA, EDTAC e EDTA-T), 5 dentes e três médias por dente: 4 x 5 x 3 = 60.

Foram obtidas 12 medidas de dureza para cada dente, das quais se calcularam três médias, uma para cada 4 valores de dureza. Essas três médias representavam a dureza da dentina nas áreas próximas à cavidade pulpar, próximo ao cemento e na região intermediário entre essas duas áreas, representavam, em última análise, a dureza de toda a área de dentina estudada.

Esses valores médios de dureza Vickers da dentina estão expressos na Tabela I.
TABELA I. Valores em dureza Vickers da dentina
Água (controle)
 
EDTA
 
EDTA-C
 
EDTA-T
48,52 44,87 42,90   39,10 38,25 37,17   29,57 30,05 33,55   39,67 34,30 35,70
43,60 45,85 42,90   36,02 37,10 31,50   26,00 27,30 33,60   36,40 30,20 32,80
43,6 40,77 41,22   38,52 34,62 33,70   26,22 29,80 34,75   37,25 35,77 36,85
42,42 42,27 37,25   38,37 36,07 30,97   27,65 37,95 36,52   40,07 35,22 32,52
39,45 46,07 46,45   33,32 37,10 34,80   30,75 27,12 32,37   29,95 32,70 31,62

Foram realizados testes preliminares, utilizando os dados originais da Tabela I, e um "software"estatístico, elaborado pelo Prof. Dr. Geraldo Maia Campos da FORP-USP, com a finalidade de verificar a normalidade da distribuição amostral, a fim de definir o tipo de estatística a ser utilizado (estatística paramétrica ou não paramétrica).

Para se chegar a um resultado, foram necessárias várias etapas, nas quais se calculavam os parâmetros amostrais, fazia-se a distribuição das freqüências acumuladas das curvas experimental e normal matemática, além de traçar o histograma de freqûência em intervalos de classe medidos pelo desvio padrão da amostra. Estas etapas serão expostas a seguir:

1. Parâmetros amostrais.
Pela Tabela II, observa-se que houve uma quantidade considerável de valores situados no intervalo de classe a que pertence à média amostral, e uma quase simetria da distribuição dos dados em torno da média (18 dados abaixo contra 17 acima da média). Esses parâmetros amostrais falam em favor de uma distribuição normal.
 
TABELA II. Parâmetros amostrais dos dados originais
Soma dos erros dos dados amostrais 0,0000
Soma dos quadrados dos erros dosdados 0,0000
  • Termo de correção 0,0000
    1. Variação total 410,7652
    Média geral da amostra 0,0000
    Variância da amostra 6,9621
    Desvio padrão da amostra 2,6386
    Erro padrão da média 0,3406
    Mediana (dados agrupados) -0,0528
    Dados abaixo da média 18,0000
    Dados iguais a média 25,0000
    Dados acima da média 17,0000

    2. Distribuição de freqüências.

    A Tabela III mostra que a distribuição das freqüências absolutas por intervalo de classe apresentam uma tendência central: 04, 14, 25, 12, 05.

    O gráfico da Figura 08 foi traçado a partir dos percentuais acumulados de freqüência, que constam da Tabela III.

    Esse gráfico registra duas linhas superpostas, uma correspondente à curva normal matemática e a outra à curva experimental.

    O grau de concordância, de ajuste, ou de aderência entre essas duas curvas é avaliado pela maneira como ambas se ajustam. A discrepância relativamente pequena entre elas traduz uma boa possibilidade de a distribuição amostral ser normal.
     
     
    TABELA III. Distribuição de freqüências, absolutas e acumuladas dos dados amostrais
    A. Freqüência por intervalo de classe              
    Intervalos de classe:
    M-3s
    M-2s
    M-1s
    Med
    M+1s
    M+2s
    M+3s
    Freqüências absolutas:
    0
    4
    14
    25
    12
    5
    0
    Freqüências percentuais:
    0,0
    6,7
    23,3
    41,7
    20,0
    8,3
    0,0
                   
    B. Freqüências acumulas:              
    Intervalos de classe:
    M-3s
    M-2s
    M-1s
    Med
    M+1s
    M+2s
    M+3s
    Freqüências absolutas:
    0
    4
    18
    43
    55
    60
    0
    Freqüências percentuais:
    0,0
    6,7
    30,0
    71,7
    91,7
    100,0
    0,0

    Figura 08. Sobreposição das curvas dos percentuais acumulados de freqüências relativas às curvas experimental e normal matemática.
     

    3. Teste de aderência à curva normal.

    A Tabela IV apresenta os resultados do teste de aderência da distribuição de freqüência por intervalo de classe da distribuição normal em relação à mesma distribuição dos dados amostrais. Verifica-se que a probabilidade de a distribuição experimental ser normal é de 60,4 por cento.
     
     
    TABELA IV. Teste de aderência da distribuição de freqüências acumuladas dos dados originais à sua correspondente normal matemática
    A. Freqüência por intervalo de classe              
    Intervalos de classe:
    M-3s
    M-2s
    M-1s Med M+1s M+2s M+3s
    Curva normal:
    0,44
    5,40
    24,20 39,89 24,20 5,40 0,44
    Curva experimental:
    0,0
    6,67
    23,33 41,67 20,0 8,33 0,00
       
    B. Cálculo do Qui quadrado
    Interpretação
    Graus de liberdade: 4,00  
    Valor do Qui quadrado: 2,73
    A distribuição amostral testada é normal
    Probabilidade de H0: 60,40%  

    4. Histograma de freqüências.

    A Figura 09 mostra o histograma das freqüências dos dados originais. Nessa figura, observa-se a distribuição central dos dados experimentais e uma certa simetria em relação à média, com números mais ou menos equivalentes abaixo e acima dela. Uma distribuição, que pode ser aceita como normal, para fins estatísticos.

    Figura 09. Histograma de freqüências dos dados originais

    A análise do conjunto de resultados obtidos nesses testes preliminares levou à conclusão de que a distribuição amostral era normal, o que autorizava a aplicação de estatística paramétrica.

    O teste paramétrico que melhor se adaptava ao modelo experimental era a análise de variância. A Tabela V mostra a análise de variância.
     
     

    TABELA V. Analise de variância (valores originais).
    Fonte de variação Soma dos quadrados G.L Quadrados médios (F) Prob. H0
    Entre dentes 55,3203 4 13,83001 1,50 21,819%
    Entre soluções 1196,2787 3 398,7596 43,39 0,000%
               
    Interação dentes x soluções 121,0859 12 10,0905 1,10 38,805%
               
    resíduo 367,5963 40 9,1899    
               
    Variação total 174000,2813 59      

    A análise de variância acusou alta significação, ao nível de 0,01 por cento de probabilidade para a hipótese de igualdade, entre as soluções, mostrando haver diferenças relevantes entre as soluções sobre a microdureza da dentina.

    Esta análise, ainda evidenciou que não há diferença estatística entre dentes e nem na interação dentes x soluções. Isto significa que a dureza da dentina dos dentes eram semelhantes e as soluções atuavam sobre a dentina sempre do mesmo modo.

    A fim de esclarecer quais soluções testadas envolvidas na análise de variância seriam significantemente diferentes entre si, efetuou-se um teste de Tukey complementar (Tabela VI), para comparação entre as médias.
     

    TABELA VI. Teste de Tukey: Entre soluções
    Soluções Médias
    Valor crítico 
    Água 43,21·  
    EDTA 35,77 **
    2,96
    EDTAC 30,88 #  
    EDTA-T 34,73 **  
    Símbolos iguais junto às médias representam valores estatísticamente não diferentes

    O teste de Tukey acusou diferença estatística entre o EDTAC e as demais soluções testadas. As soluções de EDTA e de EDTA-T agem sobre a microdureza da dentina de modo estatísticamente semelhante. Pelo teste de Tukey, observa-se que todas as soluções quelantes testadas reduziram a microdureza da dentina e que o EDTAC foi o que mais reduziu a microdureza da dentina, ou seja, deixou-a mais mole.


    DISCUSSÃO

    O presente estudo foi realizado com o intuito de esclarecer o comportamento das soluções quelantes EDTA, EDTAC e EDTA-T sobre a microdureza da dentina, pois elas são indicadas para uso clínico e não estudadas de modo comparativo.

    Após a proposta de ØSTBY (1957), a solução de EDTA substituiu de modo definitivo os ácidos fortes na instrumentação de canais radiculares atrésicos.

    Pesquisas subseqüentes estudaram a ação dessa solução e também suas associações com tensoativo aniônico e catiônico sobre a permeabilidade dentinária, tensão superficial, microdureza da dentina, seu tempo de ação e suas características químicas de ação (HILL, 1959; FERH & ØSTBY, 1963; PATTERSON, 1963; PÉCORA, 1985; GUIMARÃES et al, 1988; ZUOLO et al, 1987; SAQUY, 1991; CRUZ FILHO, 1994).

    Com base nos trabalhos de SAQUY (1991), CANEPA et al (1993) e no de CRUZ FILHO (1994), alicerçamos nosso trabalho e utilizamos uma carga de 50 gramas para medir a microdureza Vickers da dentina com tempo de aplicação de 15 segundos. Os corpos de prova foram feitos a partir de um corte de cada dente, dividido em quatro partes, para estudar a ação de modo comparativo, sempre na mesma dentina e por um tempo de cinco minutos.

    Utilizamos, neste trabalho, um corte transversal da região cervical da raiz de incisivos centrais superiores visto que CRUZ FILHO (1994) relatou que essa região é mais dura do que as regiões media e apical.

    Esse corte da dentina era dividido em quatro partes, aproximadamente com as mesmas dimensões, a fim de receber, cada corpo de prova a ação de 50 m l das soluções testadas, durante um tempo de cinco minutos.

    O tempo de ação das soluções testadas foi estabelecida em cinco minutos com base no trabalho de CRUZ FILHO (1994), onde observou-se que a solução de EDTAC começava a agir imediatamente ao entrar em contato com a dentina. Ele estudou a ação do EDTAC sobre a microdureza da dentina de um tempo zero até dez minutos e, o tempo de cinco minutos expressa o tempo médio.

    Assim, foram utilizados o mesmo padrão de dentina, volume e tempo de ação, reduzindo o fator de variação somente às soluções testadas. Este fato foi comprovado pela análise de variância (Tabela V), que mostrou não haver diferença estatística na interação dente x soluções. Isto significa que as soluções testadas, neste experimento, atuaram sobre a dentina (dente) de modo semelhante e não, ora de uma forma e ora de outra.

    A análise de variância (Tabela V) mostrou que não há diferença entre dentes, o que significa que em termos de dureza da dentina, essas áreas eram semelhantes. Além disso, a análise de variância destacou que as soluções testadas atuavam sobre a dureza da dentina de modo estatísticamente significante a nível de 0,01 por cento, o que indica que há 99,99 por cento de probabilidade delas serem diferentes.

    Assim, para elucidar quais soluções eram diferentes entre si e quais delas atuavam mais sobre a microdureza da dentina, realizou-se o teste de Tukey entre as soluções (Tabela VI).

    O teste de Tukey esclareceu que todas as soluções quelantes utilizadas reduziam a microdureza da dentina, deixando-a mais mole em relação à dentina que foi submetida à ação da água (controle). Além disso, o teste de Tukey mostrou que a solução de EDTA e a solução de EDTA-T atuaram sobre a dentina de modo estatísticamente semelhante e de modo menos efetivo que a solução de EDTAC. A solução de EDTAC foi a que mais reduziu a dureza da dentina em relação às demais soluções, neste trabalho.

    Tomou-se o máximo cuidado, durante o aviamento das soluções, em deixá-la com o mesmo pH, ou seja, pH 7,3, a fim de seguir a proposta de ØSTBY (1957) e evitar que essas soluções atuassem de modo diferente. Sabe-se que o pH tem influência direta com a quelação, pois, dependendo do pH, a solução de EDTA quela seletivamente ions metálicos. Assim, para elucidar, em pH 4-6, o EDTA é mais seletivo para os ions Pb++, Cu++, Mn++, e em pH 8-10 esta solução quela de modo mais seletivo ions de Ca++, Sr++, Ba++, Mg++ (VOGEL, 1981).

    Tudo indica que durante o preparo da solução de EDTA-T, ao se colocar o EDTA na solução Tergensol, que é composta de água e lauril sulfato de sódio, ele quela ions sódio, porque são os ions que estão disponíveis. A quelação, por parte do EDTA de ions sódio deixa menos moléculas de EDTA disponível para quelar outros ions.

    Assim, apesar de a solução de EDTA-T apresentar a mais baixa tensão superficial das soluções aqui testadas, ela apresentou a mesma capacidade de reduzir a dureza da dentina que a solução de EDTA, que possui tensão superficial bem mais alta.

    Apesar de pesquisar com variável diferente, ZUOLO et al (1987) verificaram que o EDTAC era mais efetivo que as soluções de EDTA e EDTA-T (aviado com lauril dietilenoglicol éter sulfato de sódio) em promover aumento da permeabilidade dentinária. Tanto nesse estudo como em nosso, a associação do EDTA com Cetavlon mostrou-se mais eficiente.

    Assim, pode-se dizer que o Cetavlon (tensoativo quaternário de amônio) não sofre ação do EDTA e facilita na redução da tensão superficial dessa solução, de modo a possibilitar maior umectação, e permite que as moléculas do EDTA entre em um contato mais intimocom a superfície da dentina para quelar ions cálcio.

    A realização deste trabalho possibilitou a abertura de novas perspectivas de pesquisas, pois ainda há muito o que investigar sobre a ação desses agentes quelantes, como por exemplo: o efeito da temperatura dessas soluções sobre sua pontencialização e o efeito da associação do EDTA com outros agentes tensoativos. Uma pesquisa abre inúmeras perspectivas, pois a mente humana deseja conhecer tudo e cada vez mais.


    CONCLUSÕES

    Com base na metodologia empregada e na análise dos resultados obtidos, pode-se concluir que:

    1. Todas as soluções quelantes estudadas (EDTA, EDTA-T e EDTAC) reduzem a microdureza da dentina.

    2. As soluções de EDTA e EDTA-T atuam de modo semelhante sobre a microdureza da dentina.

    3. A solução de EDTAC é mais efetiva em reduzir a microdureza da dentina do que as soluções de EDTA e EDTA-T


    RESUMO

    Estudou-se a ação das soluções de EDTA, EDTAC e EDTA-T sobre a microdureza da dentina radicular, no terço cervical e com um tempo de 5 minutos de ação das soluções.

    Utilizaram-se 5 incisivos centrais superiores recém-extraídos. Os dentes foram seccionados transversalmente na junção esmalte/cemento e as coroas foram desprezadas. A raízes foram incluídas em blocos de acrílicos de rápida polimerização e submetidos a cortes transversais com espessura de 1 mm em uma máquina de corte de tecido duro. O segundo corte do terço cervical da raiz de cada dente foi selecionado para o trabalho. Cada corte foi dividido em 4 e cada parte foi colocada sobre um disco de acrílico, que servia de suporte para a medida de microdureza. Sobre cada superfície de dentina foi aplicada 50m l da solução teste durante cinco minutos. A microdureza da dentina foi medida em aparelho específico em dureza Vickers.

    A análise estatística dos resultados obtidos evidenciou que as soluções quelantes testadas reduziam a microdureza da dentina e que a solução de EDTA e EDTA-T agiram de modo semelhante. A solução de EDTAC foi a mais efetiva em reduzir a microdureza da dentina, no tempo pesquisado.
     
     

    SUMMARY

    The action of EDTA, EDTAC and EDTA-T on the microhardness of radicular dentine of the cervical third of five recently extracted maxillary central incisors was studied.

    Thesse teeth were sectioned transversally at the cemento-enamel junction and the crowns were discarded. The roots were included in acrylic blocks of rapid polymerization and submitted to transverse 1-mm slices using equipment to cut hard tissue.

    The second slice of the cervical third of each tooth was chosen for study. Each slice was divided into four parts and each part placed on an acrylic disk which served as a support for microhardness measurement. Fifty 50 m l of each solution was applied to the dentine surface fo five minutes and the measurement of Vickers microhardness was carried out.

    Statistical analysis showed that EDTA and EDTA-T reduced dentine microhardness similary and that the greatest redution in dentine microhardness was caused by EDTAC


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