DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO IN VITRO DA CAPACIDADE DE LIMPEZA DO CANAL RADICULAR POR DIFERENTES TÉCNICAS DE INSTRUMENTAÇÃO - AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA E ANÁLISE MORFOMÉTRICA.
Dissertação
de Mestrado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo, para a obtenção
do grau de Mestre em Odontologia, na área de Odontologia Restauradora,
subárea de Endodontia. 66 p. Ribeirão Preto , janeiro de
2000 CDU 616.314.18 - Endodontia. Este trabalho foi realizado no Laboratório
de Pesquisa em Endodontia do Departamento de Odontologia Restauradora da
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo, para conclusão do curso de Mestrado na área de Odontologia
Restauradora, Subárea de Endodontia.
Estudou-se, "in vitro", a capacidade de limpeza dos canais radiculares,
por meio da avaliação histológica e análise
morfométrica, comparando quatro diferentes técnicas de instrumentação,
sendo três manuais e uma ultra-sônica.
Foram utilizados 20 dentes, incisivos centrais superiores humanos de estoque,
divididos em quatro grupos de cinco dentes cada. No primeiro grupo foi
utilizada a técnica de instrumentação Convencional.
No segundo, a técnica Step-Back e no terceiro, a técnica
Crown-Down, todas com o uso de limas tipo K. O quarto grupo utilizou a
técnica de instrumentação ultra-sônica, com
limas ultra-sônicas também do tipo K.
Em seguida, os dentes foram analisados por meio de microscopia ótica
para a determinação da porcentagem da área da secção
transversal do canal radicular com detritos.
A análise estatística dos resultados evidenciou que todas
as comparações duas a duas entre as técnicas de instrumentação
apresentaram diferença estatisticamente significante ao nível
de 1% de probabilidade. Dessa forma, pode-se ordenar as técnicas
de instrumentação em ordem decrescente quanto a capacidade
de limpeza do canal radicular: Crown-Down, Step-Back, Ultra-Sônica
e Convencional.
O estudo mostrou não haver diferença estatisticamente significante,
quanto aos terços médio e apical examinados, sendo que nenhuma
das técnicas foi capaz de proporcionar canais livres de detritos.
The cleaning capacity of three manual and one ultrasonic instrumentation
techniques of root canals was studied "in vitro" using histological and
morphometric analysis.
A total of 20 human maxillary central incisors from laboratory stock were
divided into 4 groups of 5 teeth each. In the first group a conventional
instrumentation technique with K-files was used. The Step-Back technique
was used in the second group and the Crown-Down technique was used in the
third group, using K-files. In the fourth group, ultrasonic instrumentation
with ultrasonic K-files was used.
The teeth were analyzed with an optic microscope to determine the percent
of transversal section area of root canal with debris.
There was a statistically significant difference at the level of 1% among
the techniques used. The instrumentation techniques can be classified in
decreasing order of cleaning capacity: Crown-Down, Step-Back, Ultrasound
and Conventional.
The study did not show a statistically significant difference between the
middle and apical third. None of the techniques cleaned the root canals
of all debris.
Um dos princípios básicos em cirurgia é a remoção
de todo material necrosado e de restos teciduais de uma ferida (GROSSMAN,
1956).
Durante a instrumentação do canal radicular, a limpeza é
obtida pela ação mecânica dos instrumentos e esta ação
é potencializada pelo fluxo e refluxo da solução irrigante,
promovendo o arrasto de irritantes para fora do sistema de canais, sendo
que além de uma ação física atuando no conteúdo
do canal radicular, uma ação química de limpeza pode
também ser obtida por meio do emprego de soluções
irrigantes, dotadas de propriedades químicas como solvente de matéria
orgânica e atividade bactericida (SIQUEIRA, 1997).
Partindo dessa observação, devemos dar ênfase maior
à necessidade de uma adequada da instrumentação do
canal radicular, associando-se a este ato, uma irrigação
constante.
É na instrumentação que se procura obter acesso à
cavidade pulpar, à toda a extensão dos canais radiculares,
alargando e alisando as paredes, com a finalidade de remover tecidos alterados
ou não do interior dos mesmos, dando-lhes assim, condições
de receber a obturação (BERBERT et al., 1980).
Torna-se conveniente salientar que as várias fases da terapêutica
endodôntica são interdependentes, somando-se e eqüivalendo-se
em importância e responsabilidade, na medida em que comprometam ou
auxiliem o sucesso do tratamento na sua totalidade.
Entre essas fases, existe o preparo químico-mecânico do canal
radicular, isto é, o conjunto de intervenções técnicas
que preparam a cavidade pulpar. Esta fase elimina agentes microbianos contaminantes,
limpando e dando forma ao canal radicular, para a sua posterior obturação.
É o preparo químico-mecânico, a fase que demanda maior
tempo e maior aprimoramento do profissional. Sabe-se que o processo de
cura depende fundamentalmente de dois fatores: a condição
própria dos tecidos e a ausência de microrganismos.
Para se alcançar canais cada vez mais limpo, desinfetado e apresentando
condições favoráveis para a sua obturação
tridimensional, tem-se proposto diferentes técnicas de instrumentação,
associando-se a estas, substâncias químicas que possam exercer
uma ação de modo a favorecer a limpeza e desinfeção
durante a terapêutica endodôntica.
Dentre estas diferentes técnicas de instrumentação,
podemos citar: a de BADAN (1949) - Manipulação Racional do
Endoductodôncio; a técnica de CLEM (1969) - Step-Preparation;
a de WEINE et al. (1970) - Incremental Instrumentation; a de WEINE (1972)
- Flare Preparation e Step-Preparation; a de MARTIN (1974) - Telescop Preparation;
a de SHILDER (1974) - Cleaning and Shaping; a de BRILLIANT & CHRISTIE
(1975) - Serialization; a de WALTON (1976) - Step-Back Filling; a de Pappin
(1978) - apud DE DEUS (1986) - Técnica da Universidade de Oregon
(Crown-Down); a de MULLANEY (1979) - Step-Back Enlargement; a de WEINE
(1982) - Reversal Flaring; a de ROANE (1985) - Balanced Force; a de DE
DEUS (1986) - Telescópica Modificada; a de HOLLAND et al. (1991)
- Técnicas Mistas de Preparo do Canal Radicular; a de DE DEUS (1992)
- Técnica de Movimentos Oscilatórios, e a de SIQUEIRA (1997)
– Técnica dos Movimentos de Rotação Alternada.
Vários dispositivos que movimentam automaticamente os instrumentos
endodôntico também foram propostos para o preparo do canal
radicular.
O Ultra-som é um desses aparelhos. Utilizado para procedimentos
endodônticos do preparo do canal radicular, trabalhando numa freqüência
que varia de 25000 a 30000 Hz. A ação vibratória da
lima promove, junto a parede de dentina, uma micro-arrebentação
da mesma, cujo produto é eliminado pelo fluxo do líqüido
irrigante (COSTA et al., 1986).
De acordo com HEUER (1963), do ponto de vista estritamente técnico,
a terapêutica endodôntica pode ser dividida em três fases:
a) preparo biomecânico, b) controle microbiológico e c) obturação.
Comentando esta tríade, afirma-se que a importância do preparo
biomecânico não pode ser subestimado, pois a limpeza e a forma
dos canais radiculares reduzem o numero e o substrato essencial para os
microrganismos, favorece a ação da medicação
intra-canal e torna a obturação um procedimento possível,
criando condições favoráveis de resistência
e retenção do material obturador no interior do canal radicular.
A fim de esclarecer a eficácia das diferentes técnicas de
instrumentação no que concerne à limpeza dos canais
radiculares, propôs-se o presente trabalho.
Uma fase importante do tratamento endodôntico, é a do preparo
do canal radicular, porque, por meio do corte com remoção
de dentina e emprego de substâncias químicas, tenta-se alcançar
a limpeza e a desinfeção do sistema de canais, juntamente
com sua modelagem, propiciando assim, condições favoráveis
à obtenção de sua obturação hermética.
HALL (1930) preconizou executar o preparo mecânico, por etapas, sendo
o terço coronário o primeiro a ser preparado, depois o terço
médio e finalmente o terço apical. O autor considera a limpeza
cirúrgica do canal radicular, em condições assépticas,
como a primeira e verdadeira etapa a nos conduzir ao sucesso, recomendando
esta técnica para os canais amplos e retilíneos.
BADAN (1949) apresentou uma técnica de instrumentação
do canal radicular, conhecida como manipulação racional do
endoductodôncio. Esse autor relata que, para os casos de polpa viva,
o canal deve ser instrumentado a partir da lima que determinar o diâmetro
anatômico, mais três instrumentos em ordem crescente de diâmetro,
e para canais sépticos, manipulados ou não, a quantidade
de instrumentos utilizados é também proposta, a partir daquele
que delimita o diâmetro inicial mais quatro instrumentos, na sua
ordem crescente de numeração.
KUTTLER (1955) analisou microscopicamente a região apical de 268
dentes extraídos de pessoas jovens e adultas, concluindo que o forame
apical em pessoas acima de 50 anos desvia-se do centro, em virtude do espessamento
do cemento nessa região, e também que o canal principal pode
apresentar canais laterais, secundários e acessórios, devendo
por isso a instrumentação e o selamento do canal radicular
serem realizados aquém da invaginação do cemento,
isto é, até 0,5 milímetro aquém do forame apical.
GROSSMAN (1956) propôs alguns princípios para a instrumentação
dos canais radiculares, e estabelece as seguintes observações:
Os instrumentos mais finos devem preceder os mais calibrosos; os canais
radiculares devem ser sempre dilatados ao máximo; a dilatação
mínima, para qualquer tipo de canal, deve corresponder ao instrumento
# 30. O autor dá preferencia ao uso de alargadores, quando estes
são suficientes para dilatação adequada. Em canais
atrésicos, recomenda o uso alternado de limas e alargadores, iniciando
sempre pelos alargadores. Para concluir suas observações
quanto à instrumentação de canais radiculares, o autor
enfatiza o seguinte: não importa a largura original do canal, a
instrumentação biomecânica é o método
mais eficaz de limpeza, retificação e alisamento das superfícies
dos canais radiculares.
RICHMAN (1957) introduziu o ultra-som na Endodontia, com o objetivo de
alcançar melhores resultados durante o preparo do canal radicular,
adaptando em uma unidade ultra-sônica (Cavitron-Dentsply), uma ponta
para Endodontia denominada PR 30, elaborada exclusivamente para esta finalidade.
CHAPMAN et al. (1968) aconselham que um canal radicular deve estar o mais
asséptico possível, antes de se iniciar a instrumentação,
pois verificaram que havia uma extrusão de material através
do forame apical, durante a instrumentação dos canais radiculares,
tanto com o uso de limas como de alargadores
CLEM (1969) introduziu o escalonamento na fase do preparo biomecânico
dos canais radiculares, indicando uma técnica denominada de Step-Preparation,
para o tratamento de canais radiculares em pacientes adolescentes. O autor
observou que os instrumentos de menor calibre, têm maior facilidade
em atingir a porção apical, vencendo facilmente as curvaturas,
sem incorrer em erros, mas deixando a desejar quanto às suas participações
efetivas na limpeza do terço cervical, sendo que instrumentos de
maior calibre não apresentam flexibilidade para transpor curvaturas
e, portanto, somente devem ser utilizados nas regiões média
e cervical do canal radicular.
WEINE et al. (1970) preconizaram uma técnica de instrumentação
que recebeu o nome de Incremental Instrumentation. Essa técnica
estabelece o corte de um milímetro da parte ativa dos instrumentos,
o que resulta em um incremento de diâmetro menor que o estabelecido
na padronização dos instrumentos, ou seja, um acréscimo
de 0,05 milímetros. Verificaram que a padronização
, proposta pela Segunda Conferência Internacional de Endodontia,
em 1958, não preenchia as necessidades para o preparo dos canais
curvos e atrésicos. A técnica é útil e pode
ser empregada em qualquer canal que apresente dificuldade em atingir o
seu comprimento real de trabalho com o instrumento imediatamente superior
ao ultimo utilizado.
SENIA et al. (1971) verificaram que um processo importante para retirar
"debris" do interior do canal radicular, era a profundidade em que se localizava
a agulha de irrigação, se tornando mais efetiva a medida
que se consegue aproximar esta da região do terço apical.
WEINE (1972) propôs duas técnicas de instrumentação
com emprego de escalonamento: Flare Preparation, para canais retos, e Step-Preparation,
para canais curvos. Em ambas as técnicas, o autor preconizou o recuo
progressivo de instrumentos de maior diâmetro, em direção
cervical. A técnica Flare Preparation tem o objetivo de criar condições
apicais para uma melhor adaptação do cone principal de guta-percha.
A técnica Step-Preparation tem como objetivo proporcionar uma dilatação
mais segura nos casos de canais curvos.
MARTIN (1974) contribuindo com o desenvolvimento da Endodontia, propôs
uma técnica de instrumentação que determinava uma
forma de telescópio aberto para o canal radicular preparado, recebendo
o nome de Telescope Preparation. Nesta técnica, prepara-se uma cavidade
circular ao nível apical do canal radicular, a qual irá gradualmente
se desenvolvendo em uma forma cônica até alcançar a
porção coronária. Após o término do
preparo apical, usam-se alargadores para dar ao preparo a forma ovalada
e criar espaço onde a obturação deve se assentar.
A seguir, diminuem-se 5 milímetros do comprimento de trabalho e
prepara-se o terço médio do canal. A porção
cervical é preparada com limas mais calibrosas, proporcionando dessa
forma um orifício amplo na entrada do canal radicular, que possibilite
ao profissional, o uso de espaçadores e condensadores durante a
sua obturação.
SCHILDER (1974) preconizou uma técnica de instrumentação
onde buscava-se uma forma cônica afunilada, denominada de Cleaning
and Shaping, que significa limpeza e forma, Com esta técnica poderia-se
alcançar maior facilidade de limpeza com o uso de soluções
irrigantes, conseguindo inclusive, durante a obturação do
canal, uma adaptação melhor do cone de guta-percha e uma
facilidade maior de se levar o cimento obturador em toda área do
canal. Entretanto, admitiu que a instrumentação na região
apical não deve ser tão pronunciada como aquela alcançada
na região mediana do canal. A região média do canal
era esculpida com limas e alargadores, e a região cervical era alargada
com brocas Gates-Glidden.
BAKER (1975) empregando a microscopia eletrônica de varredura, para
analisar a capacidade de limpeza de vários agentes irrigantes, concluiu
que o volume de irrigação, independente do tipo de solução
utilizada, desempenha importante papel na diminuição das
raspas de dentina, no ato do preparo químico-mecânico.
BRILLIANT & CHRISTIE (1975) descreveram uma técnica de instrumentação
denominada de Serialization, podendo ser executada em qualquer tipo de
canal radicular, e apresentava as seguintes etapas: a) determinava-se o
comprimento de trabalho; b) com uso de limas, preparava-se toda extensão
do canal radicular; c) a serialização tinha início
com o uso da broca Gates-Glidden número 2, trabalhando-se nas paredes
do canal radicular até a uma distância de 5 milímetros
aquém do comprimento de trabalho; d) uma lima de maior calibre antecederia
o uso de uma segunda broca de Gates-Glidden número 3 ou 4; e) após
o uso dessas brocas, passava-se ao uso de 3 limas, obedecendo em ordem
crescente a seqüência de limas de maior diâmetro, diminuindo
em um milímetro a cada nova lima usada durante a instrumentação,
até alcançar o limite do preparo conseguido pelas brocas.
MARTIN (1976) retomou os estudos da aplicação da energia
ultra-sônica, iniciados por RICHMAN (1957), representando um marco
importante na história da Endodontia. Em seu trabalho, investigou
o aumento da capacidade bactericida de soluções irrigantes
quando submetidas a passagem de ondas ultra-sônicas, chegando a conclusão
que estas podem potencializar a ação das substâncias
na desinfeção do sistema de canais radiculares.
INGLE & BEVERIDGE (1976) analisando instrumentações,
comentou que as limas usadas na raspagem do canal, têm geralmente
a desvantagem de ir acumulando raspas de dentina na frente do instrumento.
Restos necróticos são forçados para além do
forame apical, devido ao modelo de lâminas muito próximas
uma das outras.
WALTON (1976) estudando as diferentes técnicas de instrumentação,
demonstrou que nenhuma delas foi totalmente eficiente, em relação
a limpeza do conduto radicular, principalmente a nível do terço
apical, por ser esta região a de maior dificuldade.
Pappin (1978), apud DE DEUS (1986), propôs uma técnica de
instrumentação de canais radiculares denominada de Técnica
da Universidade de Oregon, que se apresentava em quatro fases: a) acesso
coronário, que consiste na limpeza da câmara pulpar; b) acesso
radicular, correspondente ao preparo dos terços cervical e médio
por meios de limas e brocas que, além da remoção de
restos orgânicos e/ou necróticos dessa região, proporcionam
acesso ao terço apical; c) preparo da matriz apical, efetuado a
partir de um comprimento de trabalho determinado pela radiografia de diagnóstico
menos três milímetros, comprimento esse que é obtido
partindo-se de uma lima de maior diâmetro; d) posicionamento da parada
apical, que corresponde àquela que atuará como o comprimento
real de trabalho, e consiste no preparo da região apical.
MULLANEY (1979) preconizou uma técnica de instrumentação
manual denominada de Step-Back Enlargement, dividindo esta em duas fases:
a) dilatação do canal radicular em toda a sua extensão,
sendo um passo importante dessa fase a utilização das limas
um número menor que a última lima usada, sob a justificativa
que somente a irrigação não é suficiente para
impedir a condensação de raspas de dentina no interior do
canal radicular; b) usam-se três instrumentos de diâmetros
sucessivamente maiores, com recuo progressivo de um milímetro cada.
Ainda podem ser utilizadas as brocas Gates-Glindden números 2 e
3, para uma maior divergência em direção coronária.
BOLANOS & JENSEN (1980) avaliaram por meio da microscopia eletrônica
as técnicas escalonada e seriada, associadas a solução
salina, hipoclorito de sódio e RC-Prep, no que diz respeito á
presença de detritos remanescentes, no interior dos canais radiculares.
Os autores determinaram que a técnica de instrumentação
seriada, proporcionou maior acumulo de detritos, bem como maior irregularidades
das paredes dentinárias, nos terços médio e cervical
em todos os casos de associações com as soluções
irrigantes.
TUREK & LANGELAND (1982) compararam as técnicas de instrumentação
manual (Telescópica) e automatizada (Giromatic), por meio da utilização
de um exame microscópico, quanto a capacidade de remoção
de restos pulpares, pré-dentina e quantidade de detritos remanescentes
em dentes humanos "in vitro" e de macacos "in vivo". Neste estudo a técnica
telescópica alcançou melhores resultados, porém nenhuma
das técnicas foram totalmente efetivas.
CUNNINGHAM et al. (1982) compararam a capacidade de limpeza dos canais
radiculares entre a instrumentação manual convencional e
a ultra-sônica, utilizando dentes humanos recém extraídos.
Através de cortes histológicos a níveis de 1, 2 e
3 milímetros do ápice, compararam o poder de limpeza das
duas técnicas, e chegaram a conclusão de que os canais instrumentados
pelo ultra-som apresentaram-se significantemente mais limpos em todos os
níveis investigados.
GOERIG et al. (1982) desenvolveram uma técnica de instrumentação
de canais radiculares que denominaram de Step-Down. Nessa técnica
são alargadas em primeiro lugar as porções coronária
e média do canal, e o preparo apical é realizado com a técnica
Step-Back. Eles determinaram as seguintes vantagens: a) elimina as interferências
dentinárias encontradas nos terços coronários do canal,
favorecendo a instrumentação do terço apical; b) permite
um acesso mais reto ao terço apical; c) restos de polpa, são
removidos antes de ser instrumentada a região apical e isso reduz
acentuadamente o número de agentes contaminantes que podem extruir
durante a instrumentação apical, causando inflamação
periapical; d) o alargamento durante o acesso radicular permite uma maior
penetração da solução irrigante; e) o comprimento
de trabalho tem menor possibilidade de mudar a instrumentação
do terço apical, porque a curvatura do canal foi reduzida antes
de se estabelecer o comprimento de trabalho.
WEINE (1982) preocupando-se com a limpeza do canal radicular, em toda sua
extensão, durante instrumentação, propôs uma
técnica utilizada em canais radiculares conhecida com o nome de
Reversal Flaring. Nesta técnica, é efetuado o escalonamento
bem antes de se chegar a porção apical do canal. Primeiramente,
dilata-se pouco a porção apical e em seguida, com o uso de
brocas Gates-Glidden, prepara-se as porções coronária
e média, voltando-se em seguida a instrumentar a região apical.
CAMERON (1983) relata uma experiência clínica com a instrumentação
de mais de trezentos dentes humanos, utilizando ultra-som, associado ao
hipoclorito de sódio a 3 por cento. O autor concluiu que a técnica
ultra-sônica foi capaz de remover mais quantidade de "smear layer"
do interior dos condutos radiculares, principalmente no primeiro minuto
de aplicação, e que a limpeza é completada após
três minutos de atuação.
COSTA et al. (1986), utilizando, sob microscópio óptico,
uma metodologia para morfometria, averiguaram a capacidade de limpeza dos
canais radiculares, determinando o percentual de detritos, em relação
à área do canal, presentes no interior do canal após
irrigação final convencional e ultra-sônica. Os autores
observaram que a irrigação com liquido de Dakin energizado
pelo ultra-som proporcionava maior limpeza nos terços, médio
e apical, em comparação à irrigação-aspiração
convencional.
COSTA et al. (1986), determinaram princípios gerais para a utilização
da técnica ultra-sônica na instrumentação de
canais radiculares; a) o fluxo irrigante deve ser contínuo, de 30
a 40 ml por minuto; b) a lima ultra-sônica deve percorrer todo o
comprimento de trabalho, não devendo ficar demasiadamente ajustada;
c) o movimento de instrumentação é realizado de modo
suave e lento, com discreto percurso do movimento de limagem; d) o tempo
de atuação de cada lima em condições normais
é de 60 a 90 segundos ; e) finaliza-se o preparo do canal radicular
pela irrigação ultra-sônica com a lima número
15, mantida no centro do canal por um período de 30 a 60 segundos,
tomando o cuidado de não tocar esta lima nas paredes do canal radicular.
GOLDMAN et al. (1988) compararam a eficiência de três métodos
de instrumentação: manual com limas Hedstrom e tipo K, manual
com limas Unifile e ultrasônica. Foram utilizados incisivos centrais
humanos recém-extraídos, e analisados em microscopia eletrônica
de varredura, no que tange a limpeza das paredes dentinárias. Os
autores concluíram que a técnica manual com uso de limas
Hedstrom e tipo K, apresentou melhores resultados comparada a ultra-sônica
e manual Unifile.
MANDEL et al. (1990) testaram três técnicas de instrumentação:
manual seriada, ultra-sônica e Canal Finder, empregadas em raízes
distais de molares inferiores humanos, quanto sua capacidade de limpeza.
Após avaliarem em microscopia eletrônica de varredura, observaram
que nenhuma das técnicas foram capazes de remover por completo os
detritos do interior dos canais radiculares, permanecendo áreas
recobertas por "smear layer" e sem instrumentação.
BROSCO et al. (1991) verificando a capacidade de limpeza promovida pela
técnica de instrumentação bioescalonada isolada ou
coadjuvada pelo ultra-som, utilizaram 20 incisivos preparados por ambas
as técnicas e observados em microscopia óptica em dois níveis:
ao nível do limite apical de instrumentação (3mm aquém
do ápice radicular) e o outro 1mm aquém do ápice radicular.
Os resultados desse estudo foram que, a instrumentação ultra-sônica
aumenta a capacidade de limpeza dos canais radiculares, além dos
limites de instrumentação removendo detritos que possam estar
retidos na luz do canal e em suas paredes durante a instrumentação.
GETTLEMAN (1991) demonstrou que a eliminação das microsujidades
produz paredes dentinárias mais lisas e túbulos dentinários
com contornos mais nítidos, circulares e de diâmetro ligeiramente
ampliados. Isso permitiu um melhor contato do material obturador, com as
paredes do canal, permitindo que este penetre no interior dos canaliculos
aumentando assim suas propriedades físico-químicas.
HOLLANDA PINTO et al. (1991) avaliaram por meio da microscopia eletrônica
de varredura, a eficiência de limpeza das técnicas de instrumentação
manual, ultra-sônica e combinação de ambas, trabalhando
em caninos humanos. Utilizaram na técnica manual, a técnica
escalonada cujo instrumento de memória era o de número 40
e o instrumento final o de número 60. Para a instrumentação
ultra-sônica, utilizaram-se limas 15, 20 e 25 do tipo K-Flex, energizadas
durante 1,5 minutos. Segundo a metodologia empregada e resultados obtidos,
puderam concluir que a eficiência de limpeza proporcionada pelas
duas técnicas de instrumentação tem a seguinte ordem
crescente: manual com ultra-som final, ultra-sônica e manual.
DE DEUS (1992) idealizou uma técnica de instrumentação
de canais radiculares, baseando-se nas técnicas Telescópica,
Crown-Down e Roane, estabelecendo uma nova visão a partir do entendimento
da "zona crítica apical", sendo esta técnica denominada de
Técnica de Movimentos Oscilatórios, e tem como objetivo a
mudança da cinemática empregada a lima do tipo K. O movimento
convencional dada a esta lima, com manobras continuas e vigorosas, torna
a operação de bombeamento agressiva, de conseqüências
desastrosas.
O início do preparo é executado por meio da exploração
ou cateterismo, sendo esta etapa a base onde se apoiará o preparo.
A técnica Step-Back será usada para preparar o corpo do canal,
com intenção de dar uma forma cônica a este. Os movimentos
empregados em todas as fases do preparo são oscilatórios.
LUMLEY et al. (1993) investigou a capacidade de remoção de
"debris" e "smear layer" do interior de canais de pré-molares inferiores,
comparando a técnica ultra-sônica, com a sônica. Através
da análise em microscopia eletrônica de varredura, observou
que ambas as técnicas não foram capazes de limpar complemente
as paredes dos canais instrumentados, não havendo diferença
significante entre as duas.
NISHIYAMA & GARCIA (1993) realizaram um estudo comparando as técnicas
de instrumentação escalonada regressiva, do canal finder
e canal master "U', quanto à limpeza dos canais radiculares. Foram
utilizados quarenta caninos superiores humanos, com imagens radiográficas
confirmando uma única raiz, com volumes constantes e com suas paredes
sendo preenchidas com corantes antes de instrumentados. Os dentes foram
divididos em grupos e preparados, sendo seccionados longitudinalmente em
duas partes, e avaliados macroscopicamente de três maneiras: global,
metade cervical e metade apical do canal. Os resultados obtidos, mostraram
que a técnica de instrumentação escalonada regressiva,
apresentou melhores resultados comparada as outras duas, em todas as avaliações
realizadas.
GOLDBERG & ARAUJO (1993) avaliaram a limpeza obtida com o uso da técnica
manual de instrumentação com limas tipo K, comparada a técnicas
de instrumentação sônica (MM1500, Excalibur e Contra-angulo
NSK). Nenhum dos métodos utilizados, foi capaz de proporcionar canais
totalmente limpos e não houve diferença estatisticamente
significante entre estes métodos.
COSTA et al. (1994) analisaram a capacidade de limpeza dos terços
médio e apical em canais radiculares, comparando dois métodos
diferentes de utilização do aparelho ultra-sônico,
onde se alternava a profundidade de instrumentação, 2mm aquém
ou no comprimento de trabalho. O terço apical teve melhor qualidade
de limpeza, empregando o ultra-som em todo comprimento de trabalho, já
no terço médio não houve diferença significante
entre os dois métodos avaliados, apresentando resultados melhores
que no terço apical.
GIARDINO et al. (1994) compararam a eficiência de limpeza, dos canais
radiculares, utilizando duas técnicas de instrumentação,
sendo uma mecânica escalonada e outra ultra-sônica, em vinte
e sete dentes de macacos recém extraídos. Através
do exame histológico, chegaram aos resultados de que nenhuma das
duas técnicas foram eficientes na remoção da camada
de pré-dentina e na limpeza da luz dos canais, e que não
houve diferença estatística entre as técnicas.
MANIGLIA & BIFFI (1995) comparando as técnicas manual e ultra-sônica,
nas raízes mésio-vestibular e palatina de molares superiores
humanos recém extraídos, auxiliado por um método qualitativo,
com análise computadorizada, chegaram a conclusão de que
os detritos deixados no interior dos canais radiculares, relacionava-se
com a complexidade anatômica e independeu da técnica utilizada.
MOSHONOV et al. (1995) estudaram a eficiência da irradiação
do laser de Argônio para remoção de "debris", do interior
de canais radiculares. Foram divididos dois grupos de seis dentes, sendo
o primeiro controle, não recebendo irradiação e o
segundo usando 300 micras de fibra óptica, no interior dos condutos
radiculares com uma potência de 2 Watts por um período de
5 segundos à um milímetro do ápice radicular. Analisando
os resultados por meio de microscopia eletrônica de varredura computadorizada,
chegaram a conclusão de que o laser de Argônio foi eficaz
na remoção de "debris" do interior de canais radiculares.
KATAIA et al. (1995) compararam duas técnicas de instrumentação
rotatória, uma usando o sistema Canal Finder e outra usando limas
de níquel-titanium, em raízes mésio-vestibulares de
molares superiores humanos recém extraídos, usando como solução
irrigante a associação de EDTA a 17% e hipoclorito de sódio
a 5,25% nos dois grupos. Após a instrumentação , estas
raízes foram secionadas longitudinalmente e analisadas em microscópio
eletrônico de varredura, com imagens computadorizadas, chegando a
conclusão de que a técnica de instrumentação,
usando limas de níquel-titanium, foi mais eficiente na remoção
de "smear layer" do interior dos canais radiculares.
PAZ de FERNÁNDEZ (1995) realizou um estudo em quarenta e sete pré-molares
superiores humanos, recém extraídos, divididos em dois grupos,
onde foram testados duas técnicas de instrumentação,
a convencional e a escalonada. Os resultados foram obtidos através
da análise histológica em cortes a 1mm, 3mm e 5mm, onde se
observou que a técnica de instrumentação escalonada
obteve os melhores resultados no que diz respeito a limpeza destes canais,
não oferecendo diferença estatística em nenhum dos
três níveis avaliados, sendo que nenhuma das duas técnicas
foram capaz de limpar totalmente estes condutos.
WU & WESSELINK (1995) analisaram três técnicas de instrumentação,
quanto a capacidade de limpeza da porção apical: Step-Back,
Crown-Down e Balanced-Force, irrigados com hipoclorito de sódio
a 2% em raízes mesio-vestibulares de molares, com curvaturas de
25 graus. Os resultados indicaram que a porção apical era
a que mais continha quantidade de "debris" e "smear layer" em comparação
a porção média e cervical, em todas as técnicas,
sendo que a balanced-force produziu melhores resultados.
DUARTE et al. (1996), os autores compararam duas técnicas de instrumentação
dos canais radiculares, manualmente e mecanicamente, quanto a sua capacidade
de remover corante aderido as paredes do canal radicular. Foram utilizados
quarenta caninos humanos, unirradiculares, corados com tinta Nankin, e
preparados de acordo com a técnica que pertencia ao seu grupo. Posteriormente
os dentes foram seccionados no sentido vestíbulo-lingual e as hemisecções
colocadas em ordem decrescente da remoção do corante, apresentando
assim resultados, onde a diferença estatística entre as duas
técnicas, não se apresentou significante.
FERRER LUQUE et al. (1996) compararam a técnica ultra-sônica
com a sônica na instrumentação de canais radiculares
quanto a capacidade de remoção do "smear layer" de seus interiores,
tendo como soluções irrigantes, ácido cítrico
nas concentrações de 10, 25 e 50%, na técnica sônica
e 1, 2,5 e 5,25% de hipoclorito de sódio mais peróxido de
hidrogênio a 10 volumes na técnica ultra-sônica. Os
resultados que obtiveram foi que, ambas as técnicas não foram
eficazes para remover totalmente o "smear layer" do interior dos condutos
radiculares.
VALLI et al. (1996) avaliaram a limpeza dos canais radiculares em incisivos
centrais superiores humanos recém extraídos , por meio de
microscopia eletrônica de varredura, analisadas através de
imagens computadorizadas, após serem divididos em dois grupos. Os
dentes foram instrumentados com a técnica de Canal Master e instrumentação
com limas tipo K, para avaliarem a capacidade destas duas técnicas
em limparem as paredes dos canais radiculares, chegando a conclusão
que nenhuma das duas técnicas foram capazes de remover completamente
o "smear layer" do interior dos canais radiculares , apesar da técnica
do Canal Master ter obtido melhores resultados.
HARASHIMA et al. (1997) analisaram o efeito do laser tipo Nd: YAG, na limpeza
e remoção do "smear layer" do interior de canais radiculares,
após sofrerem preparos químicos-mecânicos, testando
dois tipos de parâmetros de potência, 1W, 20 pps e 2W, 20 pps.
Analisando-os em microscópio eletrônico com imagens computadorizadas,
os autores chegaram a conclusão de que o laser de Nd: YAG, na potência
de 2W e 20 pps, foi eficaz na evaporação do "smear layer"
contido dentro dos canais radiculares examinados.
HEARD & WALTON (1997) verificaram, por meio da microscopia eletrônica
de varredura, as técnicas de preparo do canal radicular: Step-Back
com prévia dilaceração cervical, Step-Back sem previa
dilaceração cervical, Step-Back com dilaceração
prévia e irrigação final com ultra-som e por fim,
usando apenas o ultra-som. 80 canais de molares humanos foram divididos
em 4 grupos de 20 dentes cada. O trabalho verificou a remoção
de "debris" e "smear layer" nos níveis apical, médio e cervical.
Os resultados mostraram não haver diferença significativa
entre as técnicas, em qualquer um dos níveis avaliados, sendo
que todas as técnicas limparam melhor o nível médio
e nenhuma técnica testada removeu completamente o "smear layer"
do interior dos canais radiculares.
HULSMANN et al. (1997) avaliaram, 9 técnicas diferentes de instrumentações
automatizadas: Endoplaner, Excalibur, Giromatic, Intra-Endo 3-LDSY, Canal
Finder System, Canal Leader 2000, Endolift, Ultra-som Piezon Master 400
com H2O2 (5%) como agente irrigante e outro grupo com hipoclorito de sódio
(1%) e uma técnica manual utilizando limas Hedstroem, 150 incisivos
inferiores humanos recém extraídos, divididos em dez grupos
de 15 dentes cada. Após instrumentados os dentes foram cortados
longitudinalmente e examinados em microscopia eletrônica de varredura,
chegando a conclusão de que nenhuma das técnicas resultou
na remoção completa do "smear layer" do interior dos canais
radiculares, sendo que as técnicas com ultra-som foram as que conseguiram
melhores resultados.
SIQUEIRA et al. (1997) analisaram a eficácia de cinco métodos
de instrumentação do canal radicular, com relação
a limpeza do terço apical de raízes mesio-vestibulares de
molares superiores humanos recém extraídos, por meio de microscopia
óptica. As técnicas utilizadas foram: Step-Back com limas
de aço; Step-Back com limas de nickel-titanium; ultra-sônica;
balanced force e canal master U. Não houve diferença estatística
entre as técnicas, chegando também a conclusão de
que o "smear layer" deixado no interior dos canais avaliados era devido
também as variações de anatomia interna destes canais.
BLUM & ABADIE (1997) avaliaram quatro técnicas de instrumentação,
quanto a capacidade de limpeza dos canais radiculares. Foram utilizados
cinqüenta raízes palatinas de molares superiores, divididos
em cinco grupos: I. instrumentação manual ( serial preparation);
II. preparação com laser (Nd: YAG); III. instrumentação
manual, associada ao uso do laser; IV. instrumentação manual,
associada ao uso de instrumento sônico (MM 3000) e V. instrumentação
manual associada ao uso de instrumentos sônicos e laser. As paredes
dos canais foram avaliadas por meio da microscopia eletrônica de
varredura. A técnica V, que usou a associação das
três diferentes técnicas, foi a que apresentou melhores resultados,
com menor presença de "debris" e túbulos dentinários
mais abertos. A técnica II não apresentou dilatação
do canal , com muita presença de "debris". Não houve diferença
estatística entre as técnicas I, III e IV.
TUCKER et al. (1997) comparou o aplainamento e a limpeza de canais mesiais
de vinte dois molares inferiores humanos, instrumentados com limas de nickel-titanium
em peça de mão e limas convencionais manuais, divididos em
dois grupos. Com o auxilio de um software digitalizado, analisou o perímetro
preparado do canal radicular, em níveis de 1, 2,5 e 5 mm, obtendo
uma diferença não significante entre os dois grupos, em todos
os três níveis.
HARASHIMA et al. (1998) analisaram a eficiência do laser de argônio,
na remoção de "debris" e "smear layer" das paredes dos canais
radiculares, previamente instrumentados, de doze dentes molares superiores
humanos recém extraídos, divididos em dois grupos de seis
dentes cada. O primeiro grupo foi usado como controle, não sofrendo
irradiação pelo laser. O segundo grupo sofreu irradiação
de 1W, 5Hz e freqüência de pulso de 0,05 segundos. Logo após
os dentes foram secionados longitudinalmente e observados por meio de microscopia
eletrônica de varredura, onde perceberam que o grupo controle, apresentava-se
com seus canalículos dentinário obliterados por uma camada
de "smear layer" remanescente, e o grupo irradiado pelo laser, apresentava-se
livre de "smear layer" e com seus canalículos dentinários
abertos. Os autores concluíram que o uso do laser de argônio,
no interior de canais radiculares previamente instrumentados foi eficiente
na remoção do" smear layer" de suas paredes.
FRAJLICH (1998) afirma que a preparação química-mecânica
dos canais radiculares, é a etapa mais importante e difícil
da terapêutica endodôntica, sendo esta dificuldade relacionada
à complexidade anatômica destes condutos. O autor salienta
que entre as principais finalidades do preparo químico-mecânico,
a limpeza encontra-se em destaque, para se alcançar um perfeito
vedamento hermético destes canais radiculares.
TAKEDA et al. (1998) analisaram a efetiva remoção de "smear
layer" com o uso de três tipos de laser: Argon Laser (1W, 50 mJ e
5Hz), Nd: YAG (2W, 200 mJ e 20Hz) e Er: YAG (1W, 100 mJ e 10Hz), após
o preparo do canal radicular com a técnica manual Step-Back. Após
cortarem os dentes longitudinalmente e analisarem em microscopia eletrônica
de varredura, os autores concluíram que a irradiação
com laser de Er: YAG se mostrou mais efetivo na remoção de
"smear layer" das paredes do canal radicular do que os outros dois tipos.
TAKEDA et al. (1998) analisaram a eficiência do uso do laser de Er:
YAG, na remoção de "debris" e "smear layer" nas paredes de
canais radiculares após terem sido instrumentados. Trinta e seis
incisivos inferiores humanos foram divididos em três grupos de doze,
sendo um usado como controle, o segundo irradiado com o laser a uma potência
de 1W, 100 mJ, 10 Hz por 3 segundos, e o terceiro grupo com a mesma potência,
porem num período de 5 segundos. Os dentes foram analisados por
meio de microscopia eletrônica de varredura. Os autores concluíram
que o uso do laser Er:YAG no interior dos condutos radiculares já
instrumentados, é eficiente na remoção de "debris"
e "smear layer". Os autores observaram que no grupo controle, havia uma
grande quantidade de "smear layer" no interior dos condutos radiculares,
obstruindo os canalículos dentinários. Já nos dois
grupos irradiados com laser Er:YAG, os condutos radiculares se apresentavam
livres de "smear layer", pois estes foram vaporizados, abrindo os túbulos
dentinários, concluindo assim que o uso deste laser, se torna eficiente
na remoção de "smear layer" do interior do canal radicular.
LUSSI et al. (1999) compararam dois aparelhos automatizados de instrumentação
de canais radiculares, sendo estes um modelo mais antigo e outro recém
lançado no mercado. Foram utilizados para esta pesquisa canais de
molares humanos recém extraídos, chegando a conclusão
de que os dois aparelhos produziram resultados equivalentes, sendo que
o modelo mais recente produziu estes resultados utilizando menor quantidade
de solução irrigante (que no caso foi o hipoclorito de sódio).
Os autores ainda afirmam que os modelos automatizados de instrumentação,
gastam menos tempo de trabalho do profissional do que os métodos
convencionais.
TAKEDA et al. (1999) dividiram aleatoriamente sessenta pré-molares
humanos recém extraídos, em cinco grupos de doze dentes cada.
Todos os grupos foram instrumentados com a técnica manual Step-Back
e irrigados durante o preparo com hipoclorito de sódio a 5,25% e
peróxido de hidrogênio a 3% alternadamente. O grupo 1 foi
irrigado ao final com EDTA a 17%, o grupo 2 com ácido fosfórico
a 6%, o grupo 3 com ácido cítrico a 6%, o quarto grupo sofreu
irradiação com laser de CO2 e o quinto grupo irradiado com
laser Er:YAG. Todos os dentes foram seccionados longitudinalmente e examinados
em microscopia eletrônica de varredura. Os resultados mostraram que
apenas o quinto grupo, foi o único que apresentou túbulos
dentinários abertos, livres de "smear layer", nos terços
médio e apical.
BERTRAND et al. (1999) avaliaram o aparelho rotatório, Quantec Serie
2000, com limas de nickel-titânio, quanto a capacidade de produzir
paredes dos canais radiculares, livres de "smear layer", comparado a técnica
de instrumentação manual, Convencional e Step-Back. Todos
as técnicas testadas utilizaram como solução irrigante,
hipoclorito de sódio a 3%. Os canais foram observados em microscopia
eletrônica de varredura, nos terços cervical ,médio
e apical, classificados em uma escala de quantidade de "smear layer". Os
resultados mostraram que o grupo que utilizou o sistema de instrumentação
Quantec, produziu melhores resultados, comparado as outras técnicas,
apresentando resultados semelhantes no terço médio e apical.
A revista da literatura evidencia a busca dos pesquisadores em conseguir
uma técnica de instrumentação que possibilite uma
completa limpeza do canal radicular. Esse ideal ainda não foi atingido
com o uso das técnicas de instrumentação. Isto indica
a necessidade de constante verificação.
O objetivo do presente trabalho consiste em comparar as técnicas de instrumentação, CONVENCIONAL, STEP-BACK, CROWN-DOWN e ULTRA-SÔNICA, quanto a capacidade de promover a limpeza dos canais radiculares, com a remoção de detritos. A avaliação da limpeza dos canais radiculares serão realizados por meio de corte histológico, coloração H.E e analise morfométrica.
Foram utilizados no experimento 20 dentes humanos, incisivos centrais superiores,
de estoque, obtidos no laboratório de Endodontia da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,
e conservados em solução aquosa de timol a 0,1% a nove graus
centígrados até o momento do uso.
Esses dentes apresentaram comprimentos aproximadamente iguais, ou seja,
entre 21 a 22 milímetros, as raízes totalmente formadas,
e os forames apicais radiculares com diâmetros aproximados ao de
uma lima 20.
Os dentes foram reunidos aleatoriamente, de modo a formar 4 grupos de 5
dentes, sendo um grupo para cada técnica de instrumentação:
CONVENCIONAL, STEP-BACK, CROWN-DOWN e ULTRA-SÔNICA.
Para as técnicas manuais de instrumentação (CONVENCIONAL,
STEP-BACK e CROWN-DOWN), as limas utilizadas foram as do tipo K, da marca
Maillefer, fabricadas por Dentsplay-Maillefer S.A, de procedência
suíça (Figura 1).
Para a instrumentação ULTRA-SÔNICA dos canais radiculares,
foi utilizado um aparelho da marca ENAC, produzido pela Osada Eletric Co.
Ltda., de procedência japonesa (Figura 2).
Para a instrumentação Ultra-Sônica, utilizou-se as
limas do tipo K da marca MANI, fabricada pela Matsutani Seisakusho Co.
Ltda., de procedência japonesa (Figura 3).
A água destilada deionizada foi a substância auxiliar de escolha
para a instrumentação dos canais radiculares, em todas as
técnicas utilizadas.
Os dentes após terem sido removidos da solução aquosa
de timol a 0,1%, foram lavados em água corrente por uma hora, afim
de eliminar possíveis resíduos de timol.
Em seguida, esses dentes foram secos com gaze, e executou-se a cirurgia
de acesso à câmara pulpar, de acordo com os princípios
propostos por INGLE & BEVERIDGE (1979).
A entrada do canal radicular foi preparada com brocas de Batt, acionadas
por meio de um micromotor, de maneira a dar-lhe forma expulsiva em direção
incisal, abrangendo de 2 a 3 milímetros iniciais do terço
cervical do canal radicular. Durante este ato operatório, a câmara
pulpar foi mantida repleta de solução irrigante (água
destilada deionizada), afim de evitar que partículas de dentina
viessem obliterar a luz do canal radicular. Com auxílio de uma lima
K número 10 no comprimento pré determinado de 3 milímetros
menor do que o tamanho total do dente, fez-se o deslocamento do tecido
pulpar, e em seguida efetuou-se a remoção da mesma por meio
de um extirpa-polpa. O canal radicular foi então explorado em toda
a sua extensão com uma lima tipo K número 15, até
ela alcançar o forame apical e possa ali ser detectada. Deste comprimento
foi recuado 1 milímetro, obtendo o C.R.T. (Comprimento Real de Trabalho).
Este procedimento foi comum para todos os dentes utilizados no experimento.
As
técnicas de instrumentação utilizadas nos preparos
foram:
4.1.
Técnica
Convencional
Após a determinação do comprimento de trabalho, foi
irrigado a entrada do canal com água destilada deionizada, e procedeu-se
a determinação do diâmetro anatômico. A lima
que determinou esse diâmetro, a um milímetro da abertura foraminal,
foi a mesma utilizada no início da instrumentação.
O canal radicular foi instrumentado com mais quatro limas com diâmetros
sucessivamente superiores, obedecendo a seqüência normal de
numeração.
A cada troca de instrumento, irrigou-se o canal com 1,8 mililitro da solução
irrigante e finalizou-se a instrumentação com igual volume
da mesma solução.
Os movimentos foram de limagem (vai-vem) com um tempo de duração
de dois minutos para cada lima utilizada.
4.2.
Técnica
Step-Preparation
Foi efetuada a instrumentação dos canais radiculares em todo
comprimento de trabalho com a utilização de 4 instrumentos,
obedecendo-se a seqüência crescente de numeração.
Além do instrumento que determinou o diâmetro anatômico,
intercalou-se entre um instrumento e outro, irrigação com
1,8 mililitro da solução irrigante.
Os instrumentos de calibres, imediatamente superiores ao último
instrumento, que percorreu todo comprimento de trabalho, tiveram recuos
sucessivos de 1, 2 e 3 milímetros, respectivamente.
Para um maior controle da metodologia, foi fixado em 3 o número
de instrumentos de maior calibre que foram utilizados. Durante o recuo
do escalonamento, foi sempre recapitulado o canal com o último instrumento
que percorreu todo o comprimento de trabalho, para desobstrução
da luz do canal radicular e aplainamento das paredes, sendo este também
o último instrumento utilizado durante o preparo químico-mecânico.
O canal foi instrumentado durante dois minutos para cada lima utilizada
no comprimento de trabalho, um minuto para cada lima que fez o recuo e
30 segundos para o instrumento de memória.
A cinemática dada a cada instrumento foi de limagem (vai-vem), com
exceção do instrumento de memória, ao qual foi empregado
um movimento de um quarto de volta no sentido horário, durante a
recapitulação.
A irrigação final foi realizada com 1,8 ml de água
destilada deionizada, a cada troca de instrumento.
4.3.
Técnica
Ultra-Sônica
A lima para o sistema ultra-sônico foi selecionada após determinado
o diâmetro anatômico do canal radicular. Um cursor próprio
para o sistema foi posicionado limitando-se, assim, o comprimento que a
lima deveria percorrer durante a instrumentação. O aparelho
ultra-sônico foi regulado, de forma a possibilitar um fluxo de solução
irrigante de 30 a 40 mililitros por minuto.
A atuação de cada lima no interior do canal radicular foi
de um minuto, com movimentos de limagem, lentos e curtos. A instrumentação
foi efetuada até que se consiga um diâmetro cirúrgico
compatível com o quarto instrumento da seqüência padronizada,
a partir da lima que determinou o diâmetro anatômico.
Efetuou-se uma irrigação final com o próprio aparelho
ultra-sônico, usando-se uma lima 15, com o mesmo fluxo de 30 a 40
mililitros por minuto. Essa lima foi introduzida no canal radicular preparado,
tomando-se o cuidado de não deixá-la tocar nas paredes, e
acionou-se o aparelho durante um minuto (COSTA et al. 1986).
4.4.
Técnica
Crown-Down
Esta técnica pode ser dividida em quatro etapas: a) acesso coronário,
b) acesso radicular, c) preparo da matriz apical e d) posicionamento da
parada apical.
O acesso coronário foi realizado normalmente como nas outras técnicas.
O acesso radicular realizou-se com a preparação dos dois
terços coronários da raiz, da seguinte forma: foi selecionada
uma lima tipo K colocando-a no interior do canal radicular suavemente,
até encontrar resistência a sua penetração,
num comprimento de 13 a 15 milímetros. O diâmetro dessa lima
forneceu uma noção quanto à escolha da broca Gates-Glidden
que irá preparar os dois terços coronários da raiz.
Após o uso desta broca, efetuou-se uma irrigação com
1,8 mililitros da solução irrigante.
Para o preparo da matriz apical, a lima inicial foi colocada no interior
do canal radicular, percorrendo-se os dois terços coronários
da raiz (13 a 15) milímetros, até encontrar resistência,
fazendo-a girar em 720 graus (duas voltas) sem exercer pressão apical.
Feito isso retirou-se a lima do canal.
Outra lima de diâmetro imediatamente inferior foi introduzida no
canal radicular até encontrar resistência, empregando a mesma
cinemática utilizada para a lima anterior. Limas com diâmetros
cada vez menores, obedecendo-se a seqüência de numeração,
foram, então utilizadas, aplicando os mesmos movimentos, até
atingir o comprimento de trabalho, a um milímetro aquém da
abertura foraminal.
Para realizar o posicionamento da parada apical, utilizou-se uma lima de
diâmetro imediatamente superior àquela que iniciou o preparo
da matriz apical, e efetuou-se a instrumentação, obedecendo-se
a seqüência decrescente de diâmetro e empregando a mesma
cinemática utilizada no preparo das fases anteriores, até
chegar no comprimento de trabalho. Esse processo foi repetido tantas vezes
quanto necessário, iniciando com instrumentos seqüencialmente
de maior calibre nos dois terços, e se prosseguiu em direção
apical com instrumentos gradualmente menores, até se conseguir um
diâmetro cirúrgico no comprimento de trabalho equivalente
ao do quarto instrumento de numeração imediatamente superior
do que o primeiro instrumento utilizado nesta região.
Foi efetuada uma irrigação a cada troca de lima e no final
da instrumentação com 1,8 mililitros da solução
irrigante.
Após o término do preparo químico-mecânico dos
canais radiculares, os dentes foram imersos em recipientes individuais
devidamente identificados, contendo em seu interior uma solução
de formol a 10%, onde permaneceram por um período de 48 horas.
Findo esse tempo, os dentes foram lavados em água corrente e colocados
em frascos individuais, também identificados, contendo uma solução
de ácido nítrico a 5%, que foi renovada a cada 24 horas,
durante um período de uma semana, tempo suficiente para a descalcificação
dos dentes.
Concluída a fase de descalcificação, os dentes foram
lavados em água corrente por 48 horas, com a finalidade de remover
resíduos de ácido nítrico, agente da descalcificação.
Após isso, as coroas dos dentes foram seccionados no colo anatômico,
por meio de um bisturi. A raiz foi medida com um paquímetro e esse
comprimento foi dividido em três, com o objetivo de estabelecer os
terços cervical, médio e apical. O terço cervical
da raiz foi desprezado após secioná-lo também com
o bisturi. As partes correspondentes aos terços médio e apical
foram submetidas à desidratação em bateria ascendente
de álcoois, obedecendo à seguinte ordem: álcool 96
GL durante 12 horas, e depois 3 banhos de álcool absoluto com 4
horas de duração em cada banho.
Finda a desidratação, as partes correspondentes aos terços
médio e apical das raízes foram submetidas a clarificação
com benzol, em três banhos, com duração de uma hora
cada.
Terminada a fase de clarificação, as raízes foram
incluídas em parafina fundida, onde receberam três banhos,
com duração de uma hora e meia cada.
Após a solidificação da parafina, os blocos, com as
raízes montadas, foram colocadas no micrótomo, fazendo-se
cortes seriados com 6 micrometros de espessura.
Os cortes foram distendidos em lâminas de vidro, em suspensão
de albumina de ovo diluída e, a seguir, foram secos em platina aquecedora.
As lâminas foram colocadas em estufa a 37 graus centígrados,
até a secagem perfeita.
A remoção da parafina foi realizada em dois banhos de xilol,
com tempo de duração de cinco minutos cada, e em três
banhos de álcool absoluto.
A seguir, as lâminas com os cortes montados, foram lavadas em água
corrente durante cinco minutos, e depois em água destilada, com
dois banhos de uma hora cada.
4.5.
Coloração
em Hematoxilina e Eosina
As lâminas com os cortes montados foram imersos em hematoxilina por
45 segundos, e a seguir lavadas em água corrente, por cinco minutos,
para remoção do excesso do corante. Após isso, as
lâminas foram lavadas em água destilada por duas vezes, e
em seguida imersas em uma solução de carbonato de lítio,
para viragem. Continuando o processo as lâminas foram novamente lavadas
em água corrente por cinco minutos e depois em água destilada.
Após essa etapa, os cortes foram imersos em eosina por um minuto.
Removidos da eosina, foram imersos em álcool 96 GL, com o objetivo
de remover o excesso de corante. Após a remoção do
excesso de corante das lâminas, estas foram submetidas a novo banho
de álcool 96 GL, por quatro minutos, e depois em 3 banhos sucessivos
de álcool absoluto, por um tempo de 3 a 4 minutos cada.
Terminados os banhos de álcool, as lâminas receberam três
banhos de xilol, com duração de 4 minutos cada.
Encerrado o processo de coloração, desidratação
e diafanização, procedeu-se a montagem das lamínulas
com bálsamo. Uma vez colocadas as lamínulas, as lâminas
montadas foram levadas à estufa para secar.
Concluída a secagem das lâminas, foi efetuada a morfometria.
Para o estudo morfométrico, foram selecionados 10 cortes dos terços
médio e apical de cada dente. Com a finalidade de tornar a amostra
mais homogênea foi escolhido o primeiro corte do terço apical
e o primeiro do terço médio. em seguida foram descartados
50 cortes de cada terço, e o corte seguinte (corte 51) foi separado
para a morfometria. Desse modo, sucessivamente, selecionou-se 10 cortes
para cada um dos terços.
Por meio de um fotomicroscópio, substituindo uma das oculares por
outra de 6x dotada de uma grade de integração com 400 pontos,
com distância de 500 micrômetros entre dois pontos consecutivos,
e selecionando uma objetiva de ampliação 10x, proporcionando
um aumento final de 60x, permitiu um exame panorâmico de todas as
áreas dos cortes.
Foram contados os pontos que caíram dentro do canal radicular, em
áreas limpas e com resíduos com auxílio de dois contadores
digitais, de marca Line, de procedência japonesa.
Como área ocupada pelo canal radicular foi considerado o número
de pontos que caíram nos limites da luz do mesmo (área limpa
e com detritos), sem preocupação de se estabelecer seu valor
absoluto.
Após a contagem dos pontos que caíram na área limpa
e dos pontos das áreas não limpas do canal radicular, calculou-se
a porcentagem da área da secção transversal do canal
radicular com detritos.
Esses valores foram analisados estatisticamente com a finalidade de separar
qual das técnicas utilizadas teve como objetivo proporcionar uma
melhor limpeza do canal radicular.
O conjunto matemático do presente estudo é composto por dois fatores de variação independentes. O primeiro chamado de Técnicas de Instrumentação composto por quatro componentes (Convencional, Step-Back, Ultra-som e Crown-Down) e o segundo, denominado de Terços, apresentando dois componentes (cervical e médio). Cada uma das interações Técnica de Instrumentação versus Terços apresentam 5 repetições. O número total de dados é de 40 valores numéricos de porcentagem da área da secção transversal do canal radicular com detritos. Estes são advindos do produto fatorial de quatro técnicas de instrumentação, dois terços radiculares e cinco repetições (Tabela I).
Tabela
I. Porcentagem da área da secção transversal do canal
radicular com detritos. Valores originais.
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Os dados da Tabela I foram submetidos a testes estatísticos preliminares com o intuito de caracterizar a distribuição dos erros amostrais. Estes testes foram iniciados pelo cálculo dos parâmetro amostrais que estão expostos na Tabela II.
TABELA II. Cálculo dos parâmetros amostrais. Valores originais.
Parâmetro |
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Soma dos erros experimentais | 0.0000 |
Soma de Quadrados dos erros experimentais | 671.7136 |
Termo de correção | 0.0000 |
Variação total | 671.7136 |
Média geral dos erros amostrais | 0.0000 |
Variância da amostra | 17.2234 |
Desvio padrão da amostra | 4.1501 |
Erro padrão da média | 0.6562 |
Mediana (dados agrupados) | -0.1886 |
Número de dados abaixo da média | 10.0000 |
Número de dados iguais à média | 22.0000 |
Número de dados acima da média | 8.0000 |
O cálculo dos parâmetros amostrais evidenciou que grande parte
dos dados (22 dados) encontrava-se no intervalo de classe a que pertencia
a média e uma leve assimetria do restante dos valores numéricos
ao redor da média (8 dados acima e 10 dados abaixo da média),
o que sugere a não-normalidade da distribuição dos
erros amostrais.
Calculou-se, então, a distribuição de freqüências
por intervalos de classe e acumulada dos dados, exibida na Tabela III.
Tabela
III. Distribuição de freqüências por intervalos
de classe e acumuladas. Valores originais.
A. Freqüências por intervalos de classe | |||||||
Intervalos de classe |
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Freqüências absolutas |
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Em valores percentuais |
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B. Freqüências acumuladas | |||||||
Intervalos de classe |
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Freqüências absolutas |
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Em valores percentuais |
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A distribuição de freqüências por intervalo de
classe em valores porcentuais evidenciou uma leve assimetria da distribuição
dos dados ao redor da média (25% dos dados abaixo da média,
55% dos dados iguais a média e 20% dos dados acima da média)
o que é um indício de não-normalidade.
Por meio dos valores percentuais acumulados de freqüência, traçaram-se
as curvas normal matemática e curva experimental. Elas podem ser
vistas no gráfico da Figura 4.
O grau de aderência entre as curvas da Figura 4 é avaliado
pela maneira como ambas se ajustam. A moderada discrepância entre
elas, traduz a possibilidade da distribuição amostral ser
não-normal.
Traçou-se o histograma de freqüências da distribuição
dos erros amostrais e a curva normal os quais podem ser visto na Figura
5.
Tabela IV. Teste de aderência à curva normal. Valores originais.
A. Freqüências por intervalos de classe | |||||||
Intervalos de classe | M-3s | M-2s | M-1s | Med. | M+1s | M+2s | M+3s |
Curva normal | 0,44 | 5,40 | 24,20 | 39,89 | 24,20 | 5,40 | 0,44 |
Curva experimental | 0,00 | 7,50 | 17,50 | 55,00 | 15,00 | 0,00 | 5,00 |
B. Cálculo do Qui quadrado | |||||||
Graus de liberdade |
|
|
|||||
Valor do Qui quadrado |
|
não é normal |
|||||
Probabilidade de H0 |
|
O teste de aderência à curva normal evidenciou uma probabilidade
de nulidade ou igualdade (H0) igual a 0,1700% caracterizando, dessa forma,
a distribuição dos erros experimentais da amostra como sendo
não-normal.
Procedeu-se ao teste de homogeneidade Cochran para verificar se as variâncias
envolvidas no experimento eram homogêneas. A Tabela V exibe os resultados
deste teste.
Tabela V. Teste de homogeneidade de Cochran. Valores originais.
Número de variâncias testadas | 8 |
Número de graus de liberdade | 4 |
Variância maior | 71,2811 |
Soma das variâncias | 167,9284 |
Valor calculado pelo teste | 0,4245 |
Valor crítico para o nível de 1% de significância | 0,4627 |
Valor crítico para o nível de 5% de significância | 0,3910 |
Comparando-se o valor calculado pelo teste de Cochran (0,4245) com o valor
crítico tabelado (0,3910) para o nível de significância
de 5%, constatou-se que as variâncias envolvidas no experimento eram
heterogêneas ao nível de 5% de probabilidade.
A análise do conjunto dos resultados obtidos mediante o teste de
normalidade e o teste de homogeneidade de Cochran levou à conclusão
de que a distribuição dos erros amostrais apresentava-se
não-normal e as variâncias, heterogêneas. Tais achados
impossibilitavam a realização de testes estatísticos
paramétricos, facultando a aplicação de testes estatísticos
não-paramétricos, os quais foram aplicados por meio do software
estatístico GMC 7.6.
Para a análise do fator de variação Técnicas
de Instrumentação utilizou-se o teste estatístico
não-paramétrico de Kruskal-Wallis devido ao fato deste fator
de variação apresentar mais de dois componente independentes.
Os resultados deste teste estão expressos na
Tabela
VI.
Tabela
VI. Teste de Kruskal-Wallis.
Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado: | 31.7458 |
Valor do X² para 3 graus de liberdade: | 31.75 |
Probabilidade de Ho para esse valor: | 0.00 % |
|
O teste de Kruskal-Wallis mostrou diferença estatística significância
ao nível de 1,0% de probabilidade para a análise das diferentes
técnicas estudadas.
Com a finalidade de esclarecer quais dentre as comparações
duas a duas entre os componentes do fator de variação Técnicas
de Instrumentação seriam significantemente diferentes
entre si, efetuou-se a comparação entre médias dos
postos das amostras (Tabela VII).
Tabela VII. Comparação entre médias dos postos das amostras.
(comparação duas a duas) |
|
|
(a =0,001) |
||
Convencional |
|
Step-Back |
|
|
|
Convencional |
|
Ultra-som |
|
|
|
Convencional |
|
Crown-Down |
|
|
|
Step-Back |
|
Ultra-som |
|
|
|
Step-Back |
|
Crown-Down |
|
|
|
Ultrasom |
|
Crown-Down |
|
|
A comparação entre as médias dos postos das amostras evidenciou que todas a comparações duas a duas, apresentaram diferença estatisticamente significante ao nível de 1% de probabilidade. Dessa forma, pode-se ordenar as técnicas de instrumentação em ordem crescente quanto a porcentagem da área da secção transversal do canal radicular com detritos: Crown-Down, Step-Back, Ultra-sônica e Convencional. O gráfico da Figura 6 ilustra os valores das Médias aritméticas dos valores porcentuais da área do canal radicular com detritos o que corresponde com os achados estatísticos, ou seja, todas as técnicas são diferentes entre si.
Figura 6. Médias aritméticas dos valores porcentuais da área do canal radicular com detritos.
Para a análise do fator de variação Terços, utilizou-se o teste estatístico não-paramétrico de Mann-Whitney uma vez que este fator de variação apresenta somente dois componentes independentes. Os resultados deste teste estão expressos na Tabela VIII.
Tabela VIII. Teste U de Mann-Whitney.
Valor de U(1): |
|
Valor de U(2): |
|
Valor calculado de z: |
|
Probabilidade de igualdade: |
|
Não-significante, amostras iguais (a > 0.05). |
O teste U de Mann-Whitney mostrou diferença estatística não-significância
(a > 0,05) na comparação entre os componentes do fator de
variação Terços. Dessa forma, pode-se concluir que
os terços dos canais radiculares estudados apresentam quantidades
estatisticamente semelhantes de detritos.
As Figuras 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14 mostram fotomicrografias das superfícies
dos canais radiculares estudadas.
Figura 7. Fotomicrografia de um corte da região
apical (40X), mostrando uma parte do canal radicular onde o instrumento
não tocou (A) e a presença de detritos (B). A técnica
de instrumentação utilizada foi a Ultra-Sônica.
Figura 8. Fotomicrografia de um corte da região
média (40X), mostrando uma área da parede do canal radicular
onde o instrumento não removeu completamente a camada de pré-dentina
(A) e a presença de detritos aderidos a parede do canal (B). A técnica
de instrumentação utilizada foi a Step-Back.
Figura 9. Fotomicrografia (200X) do corte da
figura 6, evidenciando o detrito aderido a parede do canal radicular (A).
Figura 10. Fotomicrografia de um corte da região
apical (40X), evidenciando áreas onde o instrumento não atuou
(A) e contorno irregular de uma região da parede do canal radicular
(B). A técnica de instrumentação utilizada foi a Step-Back.
Figura 11. Fotomicrografia de um corte da região
média (40X) onde mostra uma região da parede do canal radicular
onde o instrumento removeu toda camada de pré-dentina (A) e região
onde o instrumento não atuou (B). A técnica de instrumentação
utilizada foi a Ultra-Sônica.
Figura 12. Fotomicrografia de um corte da região
média (40X), mostrando detritos na parede do canal radicular (A),
área onde o instrumento não atuou (B) e irregularidades na
parede do canal radicular (C). A técnica utilizada na instrumentação
foi a Convencional.
Figura 13. Fotomicrografia de um corte da região
média (40X), mostrando detritos na parede do canal radicular (A)
e área com pequena espessura de pré-dentina (B). A técnica
utilizada na instrumentação foi a Crow-Down.
Figura 14. Fotomicrografia de um corte da região
apical (40X), mostrando um canal radicular isento de detritos. A técnica
utilizada na instrumentação foi a técnica Crow-Down.
Por muitos anos acreditou-se que o principal fator envolvido no sucesso
do tratamento endodôntico, era a realização de uma
obturação hermética tridimensional do canal radicular,
mas parece licito supor que a maioria destes casos, possam ter fracassados
devido a um preparo químico-mecânico incompleto, deixando-se
fatores irritantes no interior do canal radicular (SIQUEIRA, 1997).
Os principais objetivos do preparo químico-mecânico dos canais
radiculares, vem a ser o ato de limpeza do canal e suas eventuais ramificações,
removendo o máximo possível de detritos, criando condições
ideais que possibilitam a recuperação, regeneração
tecidual, e a modelagem do canal, tentando-se obter um formato cônico
contínuo, que facilite a posterior obturação.
Embora o ideal seja a eliminação de detrito, fatores irritantes
e pré-dentina do interior dos canais radiculares, na grande maioria
das vezes, o que se consegue é apenas uma significativa redução.
Vários estudos e pesquisas tem demonstrado que nenhuma técnica
de instrumentação que existe na atualidade, é capaz
de promover uma total limpeza dos sistema de canais radiculares (WALTON,
1976; CUNNINGHAM et al., 1982; CAMERON, 1983; BROSCO et al. 1991; LUMLEY
et al., 1993; KATAIA et al. 1995; WU & WESSELINK, 1995; FERRER LUQUE
et al. 1996; VALLI et al. 1996; HEARD & WALTON, 1997; TAKEDA et al.
1998).
Uma outra razão que os autores dão para a ocorrência
desses insucessos, são as variações da anatomia interna
de cada canal radicular, interferindo no resultado final , pois remanescentes
teciduais, podem persistir em istmos, reentrâncias e ramificações,
dificultando a execução das técnicas de instrumentação
(MANIGLIA & BIFFI, 1995; SIQUEIRA, 1997; FRAJLICH, 1998).
Dentro do campo das técnicas de instrumentação, este
trabalho buscou subsídios que contribuíssem significantemente
para o aperfeiçoamento do preparo do canal radicular, procurando
da melhor forma possível, princípios técnicos e científicos,
tendo uma padronização de sistemas, com o intuito de se obter
resultados confiáveis que ficassem mais próximos da realidade
clínica.
A escolha, na metodologia, pelo uso de incisivos centrais superiores humanos,
se ateve ao fato de apresentarem uma uniformidade maior de raiz e canal
radicular, tentando-se evitar o máximo possível o problema
com a anatomia interna. O armazenamento, destes dentes, em timol a 0,1%
, teve como propósito, manter os dentes hidratados e estruturalmente
estabilizados. Desse modo, todos estes procedimentos prévios, contribuíram
para facilitar todo o ato operatório propriamente dito.
A escolha das quatro técnicas de instrumentação, se
ateve ao uso e a possibilidade de execução, sendo estas as
mais utilizadas atualmente.
Na técnica Ultra-Sônica, foi utilizado um aparelho piezoelétrico
(ENAC), produzido pela OSADA, devido ao fato de proporcionar, uma capacidade
vibratória maior e mais constante, podendo alcançar uma freqüência
de oscilação de 30 KHz, sendo citado freqüentemente
na literatura (VANSAN, 1993).
Foi utilizada a água destilada deionizada como solução
irrigante, pois ela não tem ação química sobre
a dentina e pré-dentina. Essa opção foi porque, se
utilizássemos hipoclorito de sódio, este poderia interferir
no que concerne a avaliação de detritos e pré-dentina,
pois ele possui ação solvente de tecidos , que poderiam interferir
nos resultados (SPANÓ, 1999).
A quantidade de 1,8 ml de solução irrigante utilizada a cada
troca de instrumento e ao final nas técnicas manuais e fluxo constante
durante a técnica de instrumentação Ultra-Sônica,
seria para auxiliar as técnicas de instrumentação,
na limpeza dos canais radiculares, permitindo um volume de fluxo e refluxo
adequado (BAKER, 1975).
Os métodos de instrumentação de canais radiculares
usando energização por ultra-som, trabalham através
da inserção de limas endodônticas, especialmente produzidas
para o aparelho, em um fluido, que no caso seria a solução
irrigante, induzindo nestas, oscilações que causam aumento
e decréscimo na pressão hidrostática. Estas oscilações
formam bolhas de cavitação, impludindo e produzindo aumento
de temperaturas e pressões, as quais resultarão em ondas
de impacto contra as paredes do canal, promovendo a remoção
de detritos. Este processo de remoção de detritos é
auxiliado também pelo fluxo continuo de solução irrigante,
presente durante todo o preparo intra-canal.
Com base nos resultados obtidos no presente trabalho, o teste de Kruskal-Wallis
(Tabela VI) esclareceu, relativo ao fator de variação técnica
de instrumentação, existir diferença estatística
entre as técnicas estudadas. Na comparação entre médias
dos postos das amostras, foi encontrado uma ordem decrescente de capacidade
de limpeza dos canais radiculares, sendo que a técnica de instrumentação
Crown-Down, apresentou melhores resultados, deixando menor quantidade de
detritos no interior dos canais, seguidas em ordem pelas técnicas,
Step-Back, Ultra-Sônica e Convencional. Esta ultima técnica
apresentou maiores quantidades de detritos no interior dos canais radiculares,
devido ao fato de não conseguir proporcionar a estes canais, uma
forma adequada, com paredes divergentes, valorizando o terço médio
e cervical do canal radicular, também diminuindo a ação
de limpeza da solução irrigante, em função
da maior dificuldade de aprofundamento da agulha irrigante ao terço
apical, prejudicando o fluxo da solução nesta região
(SENIA et al., 1971).
Os melhores resultados da técnica de instrumentação
Crown-Down, onde o canal é preparado da região cervical para
a apical, estão relacionados a alguns fatores: a) a técnica
não provoca pressão apical durante a instrumentação;
b) ajusta melhor o diâmetro do instrumento, nas diversas regiões
do canal radicular; c) devido o movimento giratório empregado na
técnica e aplicado as limas tipo K, proporcionar melhor captura
de detritos, pela zona de escape, o qual não se saturou, devido
a limitação do tempo de trabalho, dado a cada instrumento
(duas voltas).
A técnica de instrumentação Step-Back proporcionou
melhor resultado, comparada a técnica Convencional, devido ao fato
de utilizar de um instrumento de memória que percorre todo o comprimento
de trabalho, após cada instrumento de maior calibre utilizado no
recuo, durante o preparo do canal radicular, podendo favorecer sobremaneira
a limpeza dos canais radiculares. Além do que este procedimento
de recuo valoriza também o terço médio e cervical,
melhorando a forma final do preparo, que auxilia o refluxo do liquido irrigante,
proporcionando uma melhor limpeza. Comparando-a com a técnica Crown-Down,
os resultados foram inferiores devido ao movimento de limagem empregado
para a técnica Step-Back, apresentar uma maior dificuldade de retirada
de detritos do interior do canal radicular, pelos instrumentos endodônticos.
Enquanto a técnica Crown-Down utiliza de um número maior
de instrumentos, trabalhando com uma adaptação mais criteriosa,
em toda extensão do canal radicular, na técnica Step-Back,
utiliza-se apenas de três instrumentos, durante o recuo programado,
possuindo adaptação ao diâmetro do canal, apenas nos
quatro milímetros apicais.
Quanto a técnica de instrumentação Ultra-Sônica,
devemos salientar que a lima energizada pelo ultra-som, trabalha livre
no interior do canal radicular, sem pressão nas paredes (COSTA et
al., 1986). Portanto existe uma dificuldade do instrumento tocar, de forma
homogênea, toda extensão, em diâmetro, do canal radicular.
Os instrumentos energizados, atuam mais no sentido vibratório do
que no movimento de limagem, promovendo um alargamento do canal por micro-arrebentação
das partículas de dentina na parede do canal radicular.
Com relação ao fator de variação terços,
foi efetuado o teste estatístico U de Mann-Whitney, onde não
se constatou diferença estatística entre os dois terços
avaliados, demonstrando haver uma mesma dificuldade em se conseguir a limpeza
de todo o comprimento do canal radicular, não só devido as
dificuldades anatômicas, mas também aos limites das técnicas
de instrumentação.
Este resultado vem a concordar com outras pesquisas, que obtiveram resultados
semelhantes, determinando a igualdade de resultados, relacionados a limpeza
dos canais radiculares, entre os terços apical e médio (PAZ
DE FERNÁNDES, 1995; TUCKER et al., 1997; TAKEDA et al., 1999; BERTRAND
et al., 1999).
Nenhuma das técnicas de instrumentação estudadas,
no presente trabalho, foi capaz de eliminar todos os detritos presentes
no interior dos canais radiculares, uma vez que nenhuma delas possibilitou
canais radiculares perfeitamente isentos de detritos, vindo à concordar
com outros trabalhos que obtiveram os mesmos resultados (MANDEL et al.,
1990; LUMLEY et al., 1993; GOLDBERG & ARAUJO, 1993 GIARDINO et al.,
1994; PAZ de FERNÁNDEZ, 1995; DUARTE et al., 1996; FERRER LUQUE
et al., 1996; VALLI et al., 1996 e TUCKER et al., 1997; BLUM & ABADIE,
1997; HEARD & WALTON, 1997; HULSMANN et al., 1997).
Com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos, podemos concluir que:
2. As técnicas estudadas podem ser ordenadas em ordem crescente quanto a capacidade de remoção de detritos, ou seja, da que propicia pior limpeza para a melhor: Convencional, Ultra-Sônica, Step-Back e Crown-Down.
3. A quantidade de detrito nos terços médio e apical foram estatisticamente semelhante entre si.
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