Professores em destaque

Professores da FORP ganham capa no prestigiado periódico SYNAPSE.

A Figura anexa foi publicada na capa da revista Synapse por ocasião da publicação de nosso artigo de revisão: Del-Bel et al., (2016) L-DOPA-induced dyskinesia in Parkinson’s disease: are neuroinflammation and astrocytes key elements? 70(12): 479-500. doi: 10.1002/syn.21941. Esta figura representa a síntese do trabalho que nosso grupo desenvolve no departamento MFPB- Neurofisiologia Molecular da FORP-USP.
A doença de Parkinson apresenta importantes aspectos orofaciais, dentre eles a alteração da mastigação, rigidez da musculatura orofacial, modificações na articulação temporomandibular e a possibilidade de desgaste dentário. Outro aspecto importante é o fato de que a deficiência motora geral apresentada pelo paciente pode resultar em higiene oral deficiente e, consequentemente, no aumento de ocorrência de problemas dentários. Outra questão relevante é o fato de que pacientes com a doença de Parkinson sob tratamento crônico com o precursor da dopamina L-DOPA, com grande frequência, apresentam quadro de movimentos involuntários anormais orobucais  (língua, lábios, rosto) denominados discinesia orofacial.
Evidências descritas pelo nosso grupo indicam que a discinesia induzida por L-DOPA nos pacientes Parkinsonianos está relacionada a um ambiente pró-inflamatório nos núcleos da base (caudado-putamen), onde ocorre a depleção do neurotransmissor dopamina. De acordo com nosso estudo a neuro-inflamação é determinado pela combinação de eventos como, (i) a morte dos neurônios dopaminérgicos na substância negra, (ii) o desequilíbrio no conteúdo e neurotransmissores  liberado pelos neurônios corticais, especialmente glutamato, (iii) o aumento do neurotransmissor dopamina resultante do tratamento com a L-DOPA. Nossa hipótese apresentada nesta revisão é que, em conjunto, estes três fatores levariam à mobilização de células microgliais e astrócitos nos núcleos da base. Ocorreria também elevada produção de mediadores inflamatórios (como o óxido nítrico, a enzima cicloxigenase 2, interleucinas) que estariam relacionados com o surgimento e cronicidade da discinesia induzida por L-DOPA.
Importância para o cuidado Odontológico: As discinesias orofaciais são mais comuns em pacientes com doença de Parkinson  e esquizofrenia (tratamento com neurolépticos por longo prazo). Também podem ocorrer  no transtorno bipolar, após tratamento com fármacos  anticolinérgicos, abuso de substâncias e outros agentes. O estudo dos processos neuropatológicos na discinesia induzida por L-DOPA em animais parkinsonianos é uma das formas mais adequadas de se entender profundamente esta síndrome que ocorre nesta doença incurável cuja tendência é aumentar com o envelhecimento da população. O cuidado odontológico dos pacientes portadores de  doença de Parkinson, esquizofrenia ou de discinesia orofacial é difícil. Consiste em problema de saúde pública que tende a agravar-se com o aumento da sobrevida do ser humano. As estratégias multidisciplinares podem contribuir para a melhora da qualidade de vida desses pacientes.